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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA - UNIVERSO


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
COORDENAÇAÕ ADJUNTA DE TRABALHO DE CURSO
ARTIGO CIENTÍFICO

ADOÇÃO ESTATUTÁRIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

ORIENTANDA: MIRIAM CASSIA DOS SANTOS LOPES


ORIENTADORA: Profª. Ms. Sílvia Maria Gonçalves Santos de Lacerda Santana
Curvo

GOIÂNIA
2016
2

MIRIAM CASSIA DOS SANTOS LOPES

ADOÇÃO ESTATUTÁRIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Artigo científico apresentado à Disciplina


Orientação Metodológica para Trabalho de
Conclusão de Curso, requisito imprescindível à
obtenção do grau de Bacharel em Direito pela
Universidade Salgado de Oliveira.

Orientadora: Profª. Ms. Sílvia Maria


Gonçalves Santos de Lacerda Santana
Curvo

GOIÂNIA
2016
3

Miriam Cássia dos Santos Lopes

ADOÇÃO ESTATUTÁRIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Artigo Científico apresentado ao Curso de Direito da Universidade


Salgado de Oliveira como parte dos requisitos para conclusão do curso.

Aprovada em ___ de ________ de 2016.

Banca Examinadora:

___________________________________________________________________

Ms. Sílvia Maria Gonçalves Santos de Lacerda Santana Curvo


Professor Orientador

___________________________________________________________________

Examinador – UNIVERSO

___________________________________________________________________
Examinador – UNIVERSO
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SUMÁRIO

RESUMO

INTRODUÇÃO

1 ADOÇÃO NO BRASIL............................................................................................. 2
1.1 Visão História.......................................................................................................2
1.2 Conceito e Regulamentação...............................................................................6
1.3 Natureza Jurídica.................................................................................................8

2 LEI 12.010/09........................................................................................................... 9
2.1 Efeitos Jurídicos da Adoção.............................................................................10
2.1.1 Efeitos pessoais................................................................................................12
2.2.2 Efeitos jurídicos patrimoniais............................................................................14
2.2 Processo de Adoção..........................................................................................16
2.2.1 Cadastro de Adoção......................................................................................... 19
2.2.2 Registro Civil.....................................................................................................20

3 ADOÇÃO HOMOAFETIVO....................................................................................21
3.1 Olhar Jurisprudencial........................................................................................22
3.2 Inovações e Debates da Norma........................................................................22

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS
1

ADOÇÃO ESTATUTÁRIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Miriam Cássia dos Santos Lopes1
Profª. Ms. Sílvia Maria Gonçalves Santos de Lacerda S. Curvo 2

RESUMO
Adoção é a ação jurídica que cria, entre duas pessoas, uma relação unímoda, que
resulta da paternidade e filiação legalizada, é um ato jurídico solene pelo qual
alguém recebe em sua família, na qualidade de filho, pessoa a ela estranha, mas
mais do que uma ação jurídica, é um ato de sentimento. A adoção busca oferecer
uma família ao menor desprotegido ou abandonado, proporcionando-lhe uma vida
digna. Trata-se de um mecanismo importante, pois, ao mesmo tempo permite que
pessoas venham ter um filho, quando impossibilitadas por meios naturais, possibilita
principalmente que o menor encontre uma família que o ampare e tendo meios
dignos para sua educação. A realidade social nos revela uma triste situação, pois
muitas pessoas as vezes são leigas a respeito do assunto e as vezes por achar
dificuldades nos processo não se interessam muito pelo assunto. O artigo que segue
procura investigar o instituto da adoção através do método bibliográfico partindo das
teorias e leis, para predizer a ocorrência dos fenômenos particulares que envolvam o
tema proposto.

Palavras-chave: Adoção. ECA. Lei n. 12.010/09. Menor.

INTRODUÇÃO

O abandono de uma criança reveste-se de diversas formas podendo ser


de cunho material, intelectual e até jurídico. A falta de afetividade representa uma
falta irreparável que faz com que o ser em desenvolvimento cresça e mostre uma
personalidade marcada pela falta de esperança e sentimento fraternos.
A adoção é meio de impedir que nossas crianças sejam abandonadas,
em instituições, mostrando a possibilidade delas terem um ambiente familiar
adequado para seu desenvolvimento social,emocional e familiar, sendo afastadas da
marginalidade e de seus efeitos marcantes.
É um modo de filiação pela qual aceita-se como filho, de forma legal e
voluntária em família. Imitando-se a filiação natural, por onde há o vinculo
sanguíneo, genético ou biológico,sendo conhecida como filiação civil. Muito se
1
Acadêmica do Curso de Direito pela Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO.
2
Doutoranda pela Universidade de Salamanca/ES; Mestre em Direito Agrário pela UFG-Universidade
Federal de Goiás (2002); Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (1993);
Graduada em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (1983). Professora assistente
da Pontifícia Universidade e Universidade Salgado de Oliveira.
2

discute em relação à criança ou ao adolescente carente ou abandonado.


O Estatuto da Criança e do Adolescente veio para disciplinar norma de
proteção às crianças e adolescentes, garantido a eles respeito e Dignidade. Após 19
anos, o Estatuto da Criança e do Adolescente sofreu a sua primeira grande reforma,
por intermédio da Lei n° 12.010 de 03 de agosto de 2009, a chamada Lei Nacional
de Adoção, que promove inúmeras inovações legislativas. O Estatuto da Criança e
do Adolescente possui um princípio fundamental a proteção integral da criança e do
adolescente reconhecendo direitos essenciais e específicos a todas elas.
Seja nacional ou internacional, a adoção não é a solução para os
problemas que afligem a infância e juventude de um número incalculável de
indivíduos, entretanto, é, sem sombras de dúvida, em determinadas situações é a
única medida que pode assegurar, de forma efetiva, os direitos constitucionais
prioritários dessas crianças e adolescentes.
Nesse contexto, o objetivo geral do presente estudo é analisar a
sistemática de tudo o que envolve o instituto da adoção, bem como as suas
complicações jurídicas e sociais, ressaltando a importância de uma convivência
familiar saudável para a criança e o adolescente.

1 ADOÇÃO NO BRASIL

Ao nascer, o ser humano já possui personalidade jurídica, dando início a


uma gama de direitos e deveres para ele e seus pais biológicos. Ocorre que há
casos em que a relação de parentesco não foi gerada por laços de consanguinidade,
biológicos ou genéticos, mas sim por uma relação de parentesco civil, onde a forma
constitutiva de vínculo é estabelecida por um ato jurídico caracterizado pela vontade
entre pessoas estranhas e baseada nas relações de simples afeto, denominada
adoção.

1.1 Visão Histórica

De acordo com Venosa (2012, p. 277), a visão histórica da adoção define-


se como:
A adoção, como forma constitutiva do vínculo de filiação teve evolução
histórica bastante peculiar. O instituto era utilizado na antiguidade como
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forma de perpetuar o culto doméstico. Atualmente, a filiação adotiva é uma


filiação puramente jurídica, baseando-se na presunção de uma realidade
não biológica, mas afetiva.

Historicamente, a adoção era uma forma de obter descendentes devido


ao fato de o casal não poder reproduzir, dando continuidade patriarcal às sucessões
familiares, isto é, dar prosseguimento ao nome e ao patrimônio familiar.
E ainda, Venosa (2012, p. 277) aduz que:

A Bíblia nos dá notícia de adoções pelos Hebreus e na Grécia este ato era
reconhecido como forma de manutenção do culto familiar pela linha
masculina. Foi em Roma, porém, que a adoção difundiu-se e ganhou
contornos precisos.

No decorrer da história, tem-se notícia de que a adoção acontecia mais


por fator religioso, para dar continuidade aos cultos da família. Tendo como gratidão
do patriarca, lhes era garantido à herança ao adotado, pois os cultos eram
considerados sagrados, e eram dirigidos somente por homens. Assim, caso um filho
homem morresse e não tivesse outro consanguíneo, buscava-se um adotivo para
continuar os cultos. Observa-se, ainda, que a família que não concebesse filho, o
patriarca adotava um ser humano do sexo masculino para continuar os cultos e dar
nome à família.
No olhar de Gonçalves (2008, p. 339), os antecedentes históricos são
bem esboçados a exemplo de:

Há notícia dos códigos Hamurábi e de Manu, da utilização da adoção entre


os povos orientais. Na Grécia, ela chegou a desempenhar relevante função
social e política. Todavia, foi no direito romano que encontrou disciplina,
ordenamento sistemático e se expandiu de maneira notória. Na Idade Media
caiu em desuso sendo ignorado pelo direito canônico, tendo em vista que a
família cristã repousa no sacramento do matrimônio. Foi retirada do
esquecimento pelo Código de Napoleão de 1804, tendo-se irradiado para
quase todas as legislações modernas.

Nos antigos códigos, a utilização da adoção teve uma importante


relevância política e social, principalmente na Grécia onde a família tinha um grande
desempenho social. Era então necessário ter herdeiros masculinos, já que
predominava o pátrio poder, no qual exclusivamente os herdeiros masculinos davam
o seguimento patriarcal.O papel das mulheres era somente o de procriação e não
serviam para cuidar dos negócios da família. Já na Idade Média, no campo do direito
canônico, a adoção ficou no esquecimento e só voltou para o código em meados do
século XVIII pelo código de Napoleão. A partir daí, quase todas as legislações
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modernas começaram a se atentarem para a questão da adoção sendo que, no


Brasil, começou com o Código Civil de 1916, que tratava da adoção de maiores ou
menores de idade e só era permitida por pais ou pessoas que não pudessem ter
filhos, ou seja, pais estéreis ou com problemas de saúde grave que
impossibilitassem a fecundação da criança (FILHO, 2011).
A partir da lei 4.655 de 1965 foi criada a legitimação adotiva, a qual
somente por decisão judicial era declarada irrevogável e dava término ao vínculo
familiar do adotado com seus genitores. Desse modo, a sua família natural não mais
teria nenhum contato com os filhos naturais.
A lei 6.697 de 1970 que versava sobre o código de menores veio para
substituir a legitimação adotiva pela adoção plena, trazendo o vínculo jurídico de
parentesco à família dos adotantes para com os adotados. Logo, os adotados
passaram a adquirir o nome dos ascendentes em seu registro civil de nascimento o
que proporcionou uma melhora da autoestima para os adotados. Isso porque,
anteriormente, eram marcantes os transtornos psicológicos entre os adotados e
filhos naturais dos adotantes, fazendo com que os filhos adotivos não se sentissem
filhos naturais dos pais adotivos.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 227 § 6º expõe que “Os
filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
filiação”. Deu direito aos filhos adotados e filhos naturais qualificações idênticas
ficando proibidas quaisquer desigualdades discriminatórias relativas à filiação,
visando assim o princípio constitucional da igualdade.
E, ainda, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) veio para
proteger e regulamentar interesses das crianças e adolescentes, regulamentando a
adoção dos menores de dezoito anos, trazendo consigo todos os direitos
sucessórios dos mesmos, restando ao Código Civil de 1916 tão somente a adoção
dos maiores de idade que possuíam diferenciação dos direitos sucessórios em face
dos filhos naturais ou menores adotados que geravam diferenciações entre filhos
naturais e adotados, como relata Gonçalves (2008, p. 339):

O Código Civil de 1916 disciplinou a adoção com base nos princípios


romanos, como instituição destinada a proporcionar a continuidade da
família, dando aos casais estéreis os filhos que a natureza lhes negara. Por
esta razão, a adoção só era permitida aos maiores de 50 anos sem prole
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legítima ou legitimada, pressupondo-se que, nesta idade, era grande a


probabilidade de não virem a tê-la.

O Código Civil de 2002 trouxe previsões legais acerca da adoção, criando


o sistema de adoção plena que, seguido dos ditames estabelecidos pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente, mencionou que a adoção de adultos, de crianças e de
adolescentes tem as mesmas características, sendo exclusivamente obtidas por
meio de processo judicial.
A lei 8.560/92 trouxe para o ordenamento jurídico brasileiro várias
alterações, o que desencadeou mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Tais alterações foram bastante significantes como a redução do tempo de
permanência da criança e do adolescente em abrigos, que não pode exceder dois
anos. Há ainda que se destacar a inovação com a substituição da expressão “pátrio
poder” pela expressão “poder familiar”, o que contribui para a introdução de técnicas
condizentes com a realidade, sendo esta, inclusive, excluída de vez do ordenamento
jurídico. Portanto, a chamada autoridade parental foi criada a partir da promulgação
da Constituição Federal de 1988 com o intuito de manter a relação entre pais e filhos
de uma forma responsável, mas não autoritária. Logo, observa-se que a tendência é
a de que o vínculo entre pais e filhos deixe de consistir em subordinação ou domínio
e posse como outrora e passe a predominar o amor, o respeito, o afeto, a
solidariedade e a fraternidade.
Portanto, foram inseridos na nova lei alguns princípios que requerem a
obtenção da intervenção do Estado nas questões das aplicações de medidas de
proteção as crianças e aos adolescentes como também de suas famílias, tendo
como exemplo a colocação em família substituta, amparada por uma assistência e
auxílio, tal como o acompanhamento psicológico, entre outros.
A nova lei prevê cuidados adicionais com relação à destituição do poder
de família, além da colocação em famílias substitutas crianças e adolescentes. O
Estatuto da Criança e do Adolescente possui um princípio fundamental de proteção
da criança e do adolescente em seu artigo 3º que diz:

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentai inerentes


à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei,
assegurando-lhes, por lei ou por outros meios todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social em condições de liberdade e de dignidade. (ECA, art.3º).

A adoção é o meio pelo qual um adulto ou um casal passam a ser pais.


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Adotar é então tornar filho, pela lei e pelo afeto, uma criança que perdeu a
sua família genitora, ou nunca teve a proteção daqueles que os geraram sendo que
isto é um ato jurídico. Segundo Diniz (1993, p. 280):

A adoção vem a ser ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos
legais, alguém estabelece independentemente de qualquer relação de
parentesco consanguíneo ou afim, um vinculo fictício de filiação trazendo
para sua família, na condição de filho, pessoa que geralmente lhe e
estranha.

Observa-se que os conceitos e leis supracitados revestem-se, de


conotação jurídica, fundamentados em alguns princípios vigentes no Código Civil,
que encerram um olhar legalista e parcial do instituto da nova lei da adoção. O que
se observa na verdade é que a adoção deve considerada em um sentido mais amplo
visto que, além de seguir motivos legais de seus efeitos, busca também atingir o
equilíbrio social humanitário pela inserção do adotado e do adotante em um
ambiente familiar. Diniz (1991, p. 67) assinala que:

Podemos definir a adoção como inserção no ambiente familiar de forma


definitiva e com aquisição de vínculo jurídico própria da filiação, segundo as
normas em vigor, de uma criança cujos pais morreram ou são
desconhecidos, ou, não sendo esse o caso, não podem ou não querem
assumir o desempenho das suas funções parentais, ou são pela autoridade
competente, considerados indignos para tal.

A inserção da criança e do adolescente no ambiente familiar, de uma


forma definitiva e com garantias jurídicas da própria filiação é primordial, pois
proporciona a eles um amparo familiar, no qual encontrarão apoio e moral para que
possam ser adultos com caráter moldado pelo ambiente familiar.

1.2 Conceito e Regulamentação

O vocábulo adotar, para a língua portuguesa, segundo Ferreira (2004, p.


249) remete a: “Um verbo transitivo direto, uma palavra genérica que, de acordo
com a situação, pode obter vários significados, tais como optar, escolher, assumir,
aceitar, acolher, admitir, reconhecer, entre outros”.
A adoção é a modalidade artificial de filiação que busca imitar a filiação
natural, este ato civil nada mais é do que aceitar um estranho na qualidade de filho.
A adoção é um ato jurídico que constitui uma ligação entre uma família e uma
criança.
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Para Diniz (2006, p. 499):

A adoção vem a ser o ato jurídico solene pelo qual, observamos os


requisitos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer
relação de parentesco consangüíneo ou afim, um vinculo fictício de
filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que,
geralmente, lhe é estranha.

A adoção para a terminologia jurídica indica um ato jurídico através do


qual, de conformidade com a lei, uma pessoa toma ou aceita como filho o outro. Já a
origem da palavra adoção, segundo Liberati (2003, p. 17) “Deriva do latim adoptio,
que significa dar seu próprio nome, a, por um nome em; tendo, em linguagem mais
popular, o sentido de acolher alguém”.
A adoção é conceituada por Venosa (2012, p. 275) como:

A adoção é a modalidade artificial de filiação que busca imitar a filiação


natural. Daí ser também conhecida como filiação civil, pois, não resulta de
uma relação biológica, mais de manifestação de vontade, conforme o
sistema do código civil de 1916, ou sentença judicial, no atual sistema.

Dessa forma, a adoção no Brasil é o meio de expressar a vontade das


partes para o convívio em família, ou seja, o adotado vem de outros genitores e,
com o passar do tempo aliado à convivência familiar, floresce o sentimento daquele
que foi tornado filho civil de verdadeiramente pertencer àquela família. Esta
modalidade é exclusivamente jurídica e sua pressuposição é sustentada por uma
relação afetiva que está relacionada com a convivência familiar. A nova lei ampliou o
conceito de família, preferencialmente ao menor na família de origem e, em caso de
impossibilidade com parentes mais próximos o estudo analisará as mudanças das
inovações da nova lei da adoção.
Dentre os vários autores que esboçam sobre o tema da adoção, destaca-
se Barbosa (2004, p. 71) que considera que “a adoção constitui uma das formas de
colocação da criança ou do adolescente em uma família substituta. Para tanto,
devem ser atendidos os requisitos genéricos e específicos”.
A adoção é um meio jurídico pelo qual um adulto ou casal possam ser
pais de uma criança ou adolescente gerado por outra família. O conceito jurídico de
adotar é tornar filho por lei e por afeto uma criança ou adolescente que perdeu sua
família natural ou nunca teve a proteção de quem os deveria proteger, ou seja, os
pais que os geraram.
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Apresenta uma modalidade artificial de filiação que sempre busca imitar a


filiação natural, o que também será conhecida como filiação civil, tornando-se um ato
solene, e devem sempre ser observados os requisitos legais para adoção. É
importante que, independente de parentesco consanguíneo, passará a ser um
vinculo fictício de filiação, já que traz uma pessoa que, na maioria das vezes, é
estranha ao convívio familiar.
Seu principal objetivo da adoção é cumprir plenamente às reais
necessidades da criança, proporcionando-lhe uma família, onde ela se sinta acolhida,
protegida, segura e amada.

1.3 Natureza Jurídica

A natureza jurídica nunca foi passiva ao se tratar da adoção. Alguns


juristas como Liberati (2003), Albergaria (1991) e Marmitt (1993), tratam da adoção
como uma forma de um contrato, outros, no entanto, tratam como um ato solene. É
tida como ato unilateral, uma filiação criada por lei e como instrumento de ordem
pública, e somente é exigida uma categoria de intuição com a vigência da lei nº
8.069/90, a qual é abordada, conforme Liberati (2003, p. 22):

Com a vigência da lei 8.069/90, a adoção passa a ser considerada de


maneira diferente. É erigida à categoria de instituição, tendo como natureza
jurídica a constituição de um vínculo irrevogável de paternidade e filiação,
através de sentença judicial (art. 47). É através da decisão judicial que o
vínculo parental com a família de origem desaparece, surgindo nova filiação
(ou novo vínculo), agora de caráter adotivo, acompanhada de todos os
direitos pertinentes a filiação de sangue.

A perspectiva sobre a adoção é modificada com a validade da Lei em


questão, onde a decisão judicial faz desaparecer o vínculo com a família de origem.
No mesmo olhar, Albergaria (1991, p. 100) tem o entendimento que:

A adoção é uma instituição jurídica de ordem pública com a intervenção do


órgão jurisdicional, para criar entre duas pessoas, ainda que estranhas entre
elas, relações de paternidade e filiação semelhantes à que sucedem na
filiação legítima.

Desse modo, se faz uma integração total do adotado com sua nova
família. A família, como instituição social, é uma entidade do Estado, dessa forma,
conforme Marmitt (1993, p. 10):
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Na adoção sobressai a marcante presença do estado, estendendo suas


asas protetoras ao menor de dezoito anos, chancelando ou não o ato que
tem status de adoção de estado, e que é instituto de ordem pública. Perfaz-
se uma integração total do adotado na família do adotante, arredando
definitiva e irrevogavelmente a família de sangue.

Neste contexto, a adoção, seja ela feita por estrangeiros ou nacionais,


sempre deverá haver a presença do estado como chancelador do ato. Sendo assim,
não há como discordar dos autores, ao se ter o olhar para a adoção como um
instituto de ordem pública cujo interesse juridicamente tutelado prevalecerá sobre a
vontade e manifestação dos interessados, uma vez que a nova lei da adoção impõe
condições de validades para o ato como a sentença judicial. Todavia, para se ter
sempre um bom entendimento, é preciso retomar o histórico da adoção juntamente
com a legislação.
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 47 caput “o vínculo
da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil
mediante mandado no qual não se fornecerá certidão”. A adoção do Código Civil de
1916 tinha uma natureza de negócio, que era um contrato de direito de família, ou
seja, uma escritura pública que a lei exigia. Já com a prevalência do artigo 47 da lei
nº 8.069/90, o que passa a valer é a motivação de vontade das partes, ou seja, a
manifestação ocorre de forma bilateral, desde que haja uma sentença judicial.
Venosa (2012, p. 280) esboça que:

Por outro lado, na adoção no Estatuto da Criança e do Adolescente não se


pode considerar somente a existência de simples bilateralidade na
manifestação de vontade, porque o estatuto participa necessária e
ativamente do ato exigindo-se uma sentença judicial, tal como faz também o
Código Civil de 2002. Sem esta, não haverá adoção. A adoção moderna, da
qual nossa legislação não foge a regra, é direcionada primordialmente para
os menores de 18 anos, não estando mais circunscrita ao mero ajuste de
vontades, mas subordinadas à intervenção do Estado. Desse modo, na
adoção estatutária há ato jurídico com marcante interesse público que
afasta a noção contratual. Ademais, há ação de adoção e ação de Estado
de caráter constitutivo, conferindo a posição de filho ao adotado.

O Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código Civil não tolera uma


simples manifestação de vontade das partes, o Estado tem sua participação ativa do
ato e sempre será exigida uma sentença judicial para que o ato seja legal.

2 LEI 12.010/09
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Ao considerar a lei em questão, o processo de adoção passa a ser


desmembrado em cadastro de adoção, registro civil, fator psicológico, preconceito e
adoção internacional criada pela nova norma o ordenamento jurídico brasileiro.
Aliado a isso, aborda os pontos positivos e negativos desta Lei.

2.1 Efeitos Jurídicos da Adoção

O principal efeito da sentença que confere a adoção é o desligamento do


vínculo de parentesco do adotando com a sua família biológica, e ao mesmo tempo,
a constituição de novo vínculo de filiação com os pais adotivos e de parentesco com
a sua família. É o que estabelece o art. 41 do ECA: “A adoção atribui a condição de
filho, inclusive sucessórios desligando-o de qualquer vínculo com os pais e parentes,
salvo os impedimentos matrimoniais”.
O art. 49 do Estatuto assinala que nem mesmo a morte dos adotantes
permite o restabelecimento do poder familiar dos pais biológicos, nem retorna o
vinculo do parentesco anterior.
O dispositivo constitucional do §6º do artigo 227, repetido pelo artigo 20
do Estatuto, que equiparou a filiação decorrente da adoção, à natural, mas
estabelecendo impedimentos somente em relação ao matrimônio.
Estes impedimentos são aqueles, chamados de absolutamente dirimentes
do artigo 1.521, incisos I, III, IV e V, do Código Civil, que tornam o casamento nulo.
Não pode se casar, portanto, o filho adotivo com os seus ascendentes de sangue,
nem com os afins em linha reta, seja o vinculo legitimo ou ilegítimo e os irmãos
legítimos ou ilegítimo, germanos ou não e os colaterais, legítimos ou ilegítimos, até
terceiro grau.
A sentença judicial proferida dará ao adotado condição de filho, trazendo
consequências jurídicas de ordem pessoal e patrimonial. Lembrando que tudo se
faz, portanto, para que a integração do adotado na nova família seja a mais
completa possível.
Os efeitos pessoais da adoção são marcados por um novo vínculo de
filiação com os pais adotivos, no qual a adoção atribui a condição de filho ao
adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, sendo
observado o total desligamento de todos os vínculos com a família anterior.
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Sobre os efeitos pessoais, Diniz (2012) esboça sobre o rompimento da


ligação existente com a família de origem, portanto, o caráter irrevogável da adoção
impede o restabelecimento do poder familiar com seus genitores, sendo que não
mais poderão exigir os genitores notícias da criança ou do adolescente, nem mesmo
quando este se tornar maior de idade. Todos os vínculos de filiação e parentescos
anteriores à adoção cessam com a inscrição da adoção no registro civil. Nem
mesmo, com a morte do adotante se restabelecerá o poder familiar dos pais
naturais, as relações sucessórias e as obrigações alimentícias decorrentes do
parentesco natural também não mais subsistirão logo, para se tornar perfeita a
adoção, cortam-se os laços do adotado com a família de origem.
Também como efeito pessoal, sendo o adotado menor, todos os direitos e
deveres são a eles assegurados, tais como respeito, obediência, educação, criação,
guarda, companhia, o consentimento para casamento, nomeação de tutor,
administração e usufruto dos bens. E caso ocorra o falecimento ou ausência do
adotante, não é possível restaurar o vínculo em favor dos pais naturais e o adotado
menor ficará sob tutela.
Sobre a formação do nome patronímico do adotado, o art. 47, § 5ª
assinala que o prenome pode ser pedido por qualquer uma das partes tanto
adotante como adotado por meio de sentença judicial, e, portanto, o prenome
poderá se mudado se isso contribuir para o desenvolvimento do adotado. Vale
ressaltar que se a mudança do prenome do adotado for da vontade do adotante,
deverá ser obrigatória a oitiva do adotado, já o sobrenome será o mesmo do
adotante, o qual será repassado para os descendentes do adotado.
Ao considerar o domicílio do adotado menor idade, o Código Civil nos art.
276 e 569 dá garantia do domicílio ao adotado e quando este for maior e
emancipado poderá ter residência própria, independente de viver em local diferente
do adotante.
Entre os efeitos pessoais, ainda são apresentados a possibilidade de
investigar a paternidade, a colocação de irmãos na mesma família e o respeito a
cultura do adotado.
O filho adotivo tem o direito da investigação de paternidade, tanto para
descobrir sua filiação, como para cuidar de sua saúde física, pois o conhecimento de
sua identidade biológica ou genética é de suma importância, verificando-se a
necessidade de prevenir moléstia física ou mental, e até mesmo para evitar um
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impedimento matrimonial. A ação de investigação de paternidade ou maternidade


biológica servirá para conhecer a ascendência genética, e, por ser ação do Estado,
tem o mesmo seguimento da investigação de paternidade. E se o suposto genitor
recusar o exame de DNA também há de gerar o princípio da presunção, pois o
adotado tem o direito de conhecer sua origem biológica bem como ter acesso
irrestrito do processo de seu eventual incidente, após completar 18 anos. Entretanto,
o adotado que descobrir sua filiação biológica, não terá qualquer direito sucessório e
alimentar, uma vez que o vínculo jurídico e sócio afetivo que une o adotante ao
adotado não se rompe com o conhecimento da origem genética.
Comprovada a existência e eminência de abuso ou outra situação por
parte dos pais, dá-se a oportunidade de manter unidos os irmãos para que seja
evitado o rompimento dos vínculos definitivos fraternais tendo com base o art. 285
§4º da lei 8.069/90.
O tratamento relacionado a cultura é destinado à crianças e adolescentes
indígenas ou de comunidades de quilombos, devendo-se priorizar, obrigatoriamente,
que a colocação seja feita nas próprias comunidades ou junto a membros da mesma
etnia. Nesse caso, é obrigatória a intervenção e oitiva de representantes do órgão
federal responsável pela política indigenista.
Venosa (2012, p. 301) assevera que o menor pode ser adotado
novamente obedecendo aos requisitos legais, e sendo observados todos os
parâmetros da adoção e convivência em sua nova família.

Não esqueçamos que o menor pode ser adotado novamente, obedecendo-


se os requisitos legais. Essa é a solução que divisa na hipótese de a
primeira adoção bem-sucedida, perante a impossibilidade de sua
revogação.

Na primeira adoção, caso não haja integração do adotado com a nova


família, ele poderá novamente ser colocado para adoção, ou seja, sempre será
permitida uma nova adoção. Isto porque o mais importante é o bem estar do
adotado, pois o convívio em um lar harmonioso auxilia o adotado na edificação de
um bom desempenho social e psicológico.

2.1.1 Efeitos jurídicos patrimoniais


13

Os efeitos materiais são garantidos por lei tendo o adotado direito e


deveres para com seus pais afetivos e sendo recíproco também para os adotados.
De acordo com Venosa (2012, p. 302):

Quanto aos efeitos materiais, considera-se que o adotado passa a ser


herdeiro do adotante, sem qualquer discriminação, e o direito a alimentos
também se coloca entre ambos de forma recíproca. Nesses aspectos,
desvincula-se totalmente o adotado da família biológica.

Os direitos e deveres jurídicos materiais ficam, entre adotante e adotado.


Deve-se enfatizar que a adoção, como qualquer outro ato ou negócio
jurídico, fica sujeito à anulabilidade ou a nulidades dentro das regras gerais. O prazo
prescricional para ação decorrente de nulidade é de 10 anos, enquanto o negócio
nulo não prescreve.
O Código Civil Brasileiro nos seus art. 1.689, 1.691, 1.693 concede o
direito do adotante de administrar e usufruir os bens do adotado menor, isso para
arcar com as despesas, com sua educação e manutenção do sustento. O Código
Civil no art. 634 obriga o adotante a sustentar o adotado enquanto perdurar o poder
familiar. Os art. 1.694, 1.696 e 1.697 do Código Civil elencam que o dever do
adotante de fornecer alimentos ao adotado nos casos em que o pai tem que prestar
assistência ao filho maior sendo que, da mesma forma, o filho adotivo tem a
obrigação de fornecer alimentos ao adotante, por seu adotante, tendo também o
dever de prestá-los aos parentes dos adotantes, pois, os parentes dos adotantes
também são parentes do adotado, ficando assim, o direito ao fornecimento de
alimentos entre pais e filhos pelo fato do adotado estar ligado à família do adotante.
Já os efeitos sucessórios são recíprocos, pois se o adotado falecer e
deixar descendente, e o adotante for vivo, a ele caberá por inteiro a herança e
faltando cônjuge ou convivente do de cujus. (C.C, art. 1.829, II, 790, III). Igualmente,
há direito de sucessão entre o adotado e os parentes do adotante e vice versa C.C.
art. 1.820.
Para Diniz (2012, p. 581) os efeitos pessoais e patrimoniais da adoção,
nunca retroagem.

Os efeitos pessoais e patrimoniais da adoção operam ex nunc, pois tem


início com o trânsito em julgado da sentença, salvo se o adotante vier a
falecer no curso do procedimento, caso em que terá força retroativa a data
do óbito, produzindo efeito ex tunc (ECA art. 42, §§ 6º e 7º) e,
consequentemente, o adotado, na qualidade de filho, será considerado
herdeiro. Com isso, permitida está a adoção post mortem ou póstuma,
desde que na época do falecimento, requerido por ele, ao manifestar sua
14

vontade. Será necessário para que tal adoção não seja concedida, prova
cabal de que o adotante, já falecido, não mais pretendia adotar.

Os efeitos patrimoniais e pessoais não retroagem tendo uma exceção em


caso de morte do adotante, os efeitos retroagem se o adotando falecer durante o
processo de adoção e o adotante, na qualidade de filho, será herdeiro. Se o
adotante já havia requerido a adoção ou manifestado a vontade pelo adotante, este
será adiado. E para que não seja concedida a adoção, tem que haver prova cabal de
que o falecido tinha desistido da adoção e caso não haja prova, a adoção estará
legal (DINIZ, 2012).
Assim, deve-se sempre ser observado pelo Estado os motivos que
levaram os adotantes a requererem a adoção, senão para trazerem benefícios de
cunho patrimonial. Segundo Coelho (2012, p. 183-184):

Também os motivos que levaram os adotantes a requerer a adoção devem


ser investigados pelo poder judiciário. É legitimo casais sem filhos
procurarem os serviços de adoção para preencher essa grave lacuna em
suas vidas. Mas não há legitimidade, por exemplo, se o objetivo é
simplesmente contar com alguém que ajude nas tarefas domesticas e venha
a contribuir com parte dos ganhos de seu trabalho para a manutenção dos
adotantes. Ajudas e contribuições materiais podem existir quando
espontâneas durante a menoridade do adotado, mas nunca podem ser o
objetivo da adoção. Havendo dúvidas quanto a sinceridade e absoluto
interesse material do pleito dos adotantes, a adoção não pode ser
concedida.

Por esses e outros motivos, o Estado deve sempre ficar atento quanto ao
processo de adoção, para que não haja benefícios somente financeiros e
patrimoniais para os adotantes. Logo, evita-se que os filhos adotivos sejam escravos
do trabalho doméstico e de fins lucrativos dos adotantes, observando que ajudas
podem existir desde que sejam espontâneas durante a menoridade.

2.2 Processo de adoção

Somente depois de demonstrada a inviabilidade da colocação da criança


ou adolescente na família extensa, é que poderá ser definida a sua adoção por
família substituta. Deve haver, portanto, vantagens para o adotado e legitimação
para o adotante e as vantagens para o adotante e legitimidade dos motivos do
adotante diz o ECA no art. 43. De acordo com Coelho (2012, p. 183) “A criança ou
adolescente deve experimentar com a adoção uma mudança substancial de vida
15

para melhor. Se o menor continuar desamparado ou piorar a condição material, a


adoção não poderá ser concedida”.
Neste sentido, a criança ou adolescente tem sempre que buscar
melhorias, tanto socioafetivas, quanto morais para que tenha uma vida diferente da
qual vivia antes de ser adotado, ou seja, procura-se sempre trazer benefícios para o
adotado, com mudanças sempre para melhor, e nunca para pior.
Outro requisito importante trata do consentimento dos pais naturais.
Assinala Coelho (2012, p. 184):

Na adoção de criança ou adolescente, o consentimento manifestado no


processo judicial é irrevogável. Os prejuízos emocionais para o menor
seriam enormes se os pais ou representantes legais dessem o
consentimento e depois, antes da sentença concessiva da adoção, o
retirasse, por isso, o ECA não confere nenhuma eficácia à retratação dos
pais ou representante legal.

Portanto, o consentimento é irrevogável para que não haja prejuízos


psicológicos e sociais para o adotado. Caso ocorra arrependimento por parte dos
pais ou tutores, desde que esse consentimento seja manifestado no processo
judicial, terá validade.
O processo judicial também se dá com o início do estágio de convivência,
para que seja preenchido o requisito fundamental da adoção e trazer vantagens para
o adotado, além de ter fundamentos legítimos do adotante. A Constituição Federal
de 1988 determina que a adoção seja assistida pelo poder público (Art. 227, §5º).
Este preceito institucional foi interpretado de modo tão sério pela lei que atribuiu a
competência para cuidar do assunto ao poder judiciário, ao invés de deixá-lo como
poderia, a cargo de repartições do poder executivo.
No entanto, quem quer ou pretende adotar uma criança ou adolescente,
deverá propor a ação judicial requerendo a adoção. Coelho (2012, p. 185) assevera
que:

Feito o requerimento, o juiz, fixa, em função das peculiaridades ente as


partes. O objetivo dessa importante fase do processo de adoção é
proporcionar uma amostra de como será a vida em família depois da
adoção, de modo a verificar se há a compatibilidade ente as pessoas
envolvidas que mostrem a convivência da medida. O estágio de convivência
pode ser dispensado pelo juiz apenas se o adotado já estiver sob tutela ou
guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que avalie a
convivência da adoção, ECA art. 42,§6º.
16

Após o interessado propor a ação judicial de interesse pela adoção, o juiz


então fixará prazo para o estágio de convivência familiar entre as partes, e será
acompanhado de perto pelo poder judiciário, o processo de adequação do adotado
na família do adotante, e havendo a compatibilidade familiar, o juiz dará a sentença
judicial para que ocorra a adoção.
Esse estágio é o período em que se consolida a vontade de adotar e de
ser adotado e, a partir daí, o juiz e seus auxiliares terão condições de avaliar a
conveniência da Constituição Federal de 1988 do vínculo, a fim de que a criança e o
adolescente tenham uma maior facilidade de adaptação à nova família.
A lei de adoção é clara sobre à idade para o adotante fazer a adoção.
Portanto, o adotante tem que ser maior, ou seja, ter no mínimo 18 anos. Coelho
(2012, p. 186) assevera que:

Capacidade e legitimidade do adotante. A criança ou o adolescente só pode


ser adotado por pessoa maior, desde que não seja seu ascendente ou
irmão e tenha pelo menos 16 anos a mais que o adotado. (ECA, art, 42, §§
1º e 3º). Exige-se o interregno para evitar o uso do instituto por quem
evidentemente não reúne as condições naturais para se responsabilizar
como pai e mãe.

Essa observação feita com relação à idade é fundamental para o adotado


visto que seria constrangedor ter um pai ou uma mãe com idade menor que a do
adotado. Além disso, é imprescindível que o adotante seja mais velho para que
possa desempenhar com êxito o exercício do poder familiar e, caso o adotante seja
casado, bastará que um dos cônjuges ou conviventes seja 16 anos mais velho que o
adotado.
A guarda compete sempre aos pais, quando os filhos forem menores.
Estes deverão sempre estar em sua companhia, para uma boa formação das
crianças e adolescentes já que o caráter humano é construído, em média, até os 12
anos. O autor Venosa (2012, p. 286) assevera que:

A guarda dos filhos menores é atributo do poder familiar. Segundo o art.


1.634, II do Código, compete aos pais ter os filhos menores em sua
companhia e guarda. O pátrio poder, hoje denominado poder familiar, gera
um complexo de direito e deveres, sendo a guarda um de seus elementos.

Para Venosa (2012) a guarda é um instituto de proteção dos menores de


idade, porque no atual sistema a maioridade é atingida aos 18 anos.
17

2.2.1 Cadastro de Adoção

Conforme apresenta o art. 50, parágrafo 5º do Estatuto da Criança e do


Adolescente, o cadastro de pretendentes à adoção trata de um registro de
brasileiros, ou estrangeiros, residentes no Brasil, que se interessem na adoção de
crianças e adolescentes a ser mantido por cada juiz da infância e juventude de cada
estado brasileiro.
Para Venosa (2012, p. 302-303):

No sistema do Código de menores, muitos juízes preocupam-se em


cadastrar os adotandos potencias sem que a lei o exija. Essa atividade
serviu de base para que o Estatuto da Criança e do Adolescente passassem
a exigir que cada comarca ou fórum regional mantivesse um registro de
crianças e adolescente e outro de pessoas interessadas na adoção (art. 50).
As justiças estaduais passarão a regulamentar o dispositivo. E é
fundamental que o sistema de triagem seja suficientemente criterioso, sério
e veraz visto que a colocação de menores em família substituta é um ato da
mais alta responsabilidade. O fato de um pretendente à adoção não estar
cadastrado não e, no entanto, óbice para o pedido, embora existam opiniões
contrárias.

Dessa forma, fica condicionada somente adoção por crivo judicial, para
serem observados vários fatores, tanto para o adotante quanto para o adotado.
Portanto, uma pessoa que possui interesse em adotar precisa passar pelo crivo do
judiciário da sua comarca e os documentos necessários incluem exames de saúde
física, mental e psicológico. Diniz (2012, p. 567) aduz que:

Sempre que possível é recomendável tal preparação que incluirá o contato


com crianças e adolescentes em acolhimentos familiares ou institucionais
em condição de serem adotados, a ser realizado sob a orientação,
supervisão e avaliação da equipe técnica da justiça da infância e da
juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de
acolhimento e pela execução da política municipal de garantia do direito à
convivência familiar.

Para proceder ao cadastro, este deverá ser analisado e deferido pelo


Doutor Magistrado atuante do juízo competente. Vale lembrar que qualquer pessoa
que preencher os requisitos legais previstos na lei para os fins de adoção, poderá se
cadastrar, sendo maior de 18 anos de idade, independente do estado civil. Afirma
Diniz (2012, p. 567):

Pelo art. 50, §§1º a 14º, a autoridade judiciária manterá, em cada comarca
ou fórum regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de
serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. O deferimento
da inscrição dar-se-á após previa consulta aos órgãos técnicos do juizado,
18

ouvido o Ministério Público. Não será deferida a inscrição se o interessado


não satisfizer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses
previstas no art. 29.

A adoção internacional será deferida se, após haver consulta ao cadastro


de pessoas ou casais habilitados à adoção, mantido pela justiça da infância e
juventude da comarca, sendo observado o cadastro de cada estado, e em âmbito
nacional, referido no parágrafo 5º do art. 50 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Coelho (2012, p. 188) assinala que:

Os estrangeiros domiciliados ou residentes no exterior não são pais


melhores ou piores para os brasileirinhos necessitados de adoção. São
preconceituosas tanto as atitudes radicalmente contrárias as adoções
internacionais, a pretexto de uma vaga noção de nacionalismo, quanto as
que apóiam incondicionalmente, manifestando a arraigada falta de auto
estima de muitos de nossos compatriotas. A avaliação das vantagens para o
adotado e da legitimidade dos motivos do adotante deve ser tão rigorosa
quanto à procedida nos processos adotivos promovidos por pessoas
residentes e domiciliadas no Brasil.

Caso não seja encontrado interessado no Brasil com residência


permanente, será então aberto o processo de adoção internacional. Venosa (2012,
p. 298) afirma que:

Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal


postulante e residente ou domiciliado fora do Brasil (art.51, com redação
fornecida pela lei da adoção). O que define, portanto, como internacional a
adoção não é a nacionalidade dos adotantes, mas sua residência ou
domicílio fora do país. O juiz pátrio deve definir com maior cuidado a
oportunidade e conveniência dessa adoção, obedecendo ao que determina
o art. 51, depois de esgotadas todas as possibilidades de colocação da
criança ou adolescente em família substituta brasileira ( art. 51,§1º, II). Os
brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros nessa
adoção internacional (§2º). Os requisitos para esta modalidade estão
descritos nos art. 165 a 170 do ECA, com as especificações do art. 52, com
redação da lei da adoção.

De acordo com o art. 51 do Estatuto da Criança e do Adolescente com a


nova redação dada pela lei nº 12.010/2009, deve-se observar:

Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal


postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no
Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, relativa à proteção
das Crianças e à cooperação em matéria de adoção internacional, aprovada
pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo
Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999 (...) (ECA, art.51).

Conforme modificação salienta-se que a adoção internacional de crianças


e adolescentes brasileiros ou domiciliados no Brasil somente terá lugar quando
19

estiver devidamente comprovado que a colocação em família substituta é a solução


adequada ao caso concreto e for comprovado que todas as possibilidades foram
esgotadas. Sendo assim, após a consulta aos cadastros mencionados no artigo 50
da lei; e se tratando de adoção de adolescente, deverá ser observado o estágio
adequado de desenvolvimento, no qual se encontra preparado para a medida de
adoção, mediante parecer das equipes profissionais para adoção, observando o
disposto no parágrafo 2º do artigo 28 da lei 10.012/09 e incisos do parágrafo 1º do
artigo 51 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Diante do estudo realizado para este primeiro capítulo, pode–se concluir
que a nova lei da adoção teve mudanças significativas, principalmente com relação
à convivência familiar, ao focar no bem estar fraterno e psicológico do adotante e
adotado. Um aspecto importante e fundamental, neste caso é a reintegração familiar
da criança e adolescente em família substituta. É importante lembrar também que a
adoção é uma medida fundamental para satisfazer a criança e o adolescente no
interesse de se ter uma família, dando-lhes condições dignas para o
desenvolvimento dele e que sejam adultos bem estruturados psicologicamente,
moralmente e familiarmente.

2.2.2 Registro Civil

De acordo com o art. 47 do ECA, a adoção é constituída por meio de


sentença judicial e o registro civil será inscrito mediante mandado judicial sendo que
sem o mandado, o cartório não emitira a certidão. Segundo Venosa (2012, p. 299):

Após trânsito em julgado, será inscrita no cartório de registro civil, mediante


mandado, sem o qual não será fornecida certidão e desencadeará o
cancelamento do registro original do adotado, não mais se fazendo menção
quanto à modificação, Ressaltemos, porém, que os dados permanecerão
disponíveis para eventual requisição por autoridade judiciária. O cartório do
registro que indevidamente revelar os dados ficará sujeito, além das
reprimendas administrativas e criminais, a responder por perdas e danos,
mormente de ordem moral. A sentença conferirá ao adotado o nome do
adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a alteração do
prenome (art. 47§5). Cuida-se, aqui de uma exceção ao princípio da
imutabilidade do prenome.

No registro civil constará o nome dos pais adotantes e também o nome de


seus ascendentes, ficando o registro civil original cancelado, o novo registro civil
poderá ser lavrado no cartório do registro civil mais próximo de sua residência.
20

Deve ainda ser observado que em nenhuma hipótese poderá mencionar a


origem do ato nas certidões do registro civil por meio da sentença conferida ao
adotado o nome do adotante, sendo que o pedido de qualquer um deles poderá
determinar a modificação do prenome. O mandado judicial ficará arquivado em
cartório, mas dele não se dará certidão, somente por determinação do juiz para
preservar os direitos do adotante e adotado, evitando-se assim qualquer
preconceito.
O processo da adoção, assim como outros a ele relacionados, é mantido
em arquivos, sendo admitido seu armazenamento em microfilmes ou por outros
meios, garantida a sua conservação para que seja consultado a qualquer tempo, por
ambas as partes, ou seja, o adotante e o adotado, ao atingir a maioridade.

3 ADOÇÃO HOMOAFETIVA

Existem diversas dúvidas com relação ao assunto da adoção por pessoas


do mesmo sexo. A nova lei nada fala sobre o assunto, deixando esta lacuna para os
doutrinadores opinarem e vários deles já opinaram a favor deste modelo de adoção.
De acordo com Gonçalves (2008, p. 344):

Adoção por homossexual, individualmente, tem sido admitida, mediante


cuidadoso estudo psicossocial por equipe interdisciplinar que possa
identificar na relação de melhor interesse do adotado. Decidiu a propósito o
tribunal de justiça do Rio de Janeiro: “a afirmação de homossexualidade do
adotante, preferência individual constitucionalmente garantida, não pode
servir de empecilho a adoção de menor, senão demonstrada ou provada
qualquer manifestação ofensiva ao decoro e capaz de formar o caráter do
adotado, por mestre a cuja atuação e também entregue a formação moral e
cultural de muitos outros jovens.

Adoção por homossexuais só e permitida por meio de uma só pessoa,


não podendo pessoas de convívio incomum do mesmo sexo adotar juntas uma
criança ou adolescente, pois, há estudos psicológicos dos adotado por
homossexuais para serem analisados a conduta moral e cultural dos adotados. O
Código Civil Brasileiro não prevê adoção por casais homossexuais, porque a união
estável só é permitida entre homem e mulher (CC, art. 1723: Constituição Federal
1988 art. 226, §3, V). Afirma Gonçalves (2008, p. 344-345):

Não obstante, eminentes doutrinadores têm colocado em evidência, com


absoluta correção, como reconhece o ministro Celso de Melo em voto
21

proferido no Supremo Tribunal Federal, a necessidade de atribuir verdadeiro


estatuto de cidadania às uniões estáveis homoafetivas. Na jurisprudência, o
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e o Tribunal Regional Federal da
4ª região têm conhecido a união entre homossexuais como possível de ser
abarcada dentro do conceito de entidade familiar, sob forma de união
estável homoafetiva, para fins previdenciários e de partilhamento de bens.

Muito pouco se tem estudado o assunto na sociedade para de fato se ter


um ideal lógico, preciso e um aprofundamento do assunto. Isto porque várias
lacunas são deixadas, uma vez que o mais importante é o afeto e o carinho pela
criança ou adolescente. Assim, o bem estar social e moral da criança precisam ter
um valor maior do que os preconceitos e atitudes hipócritas e desprovidas de base
científica. E devem ser assegurados os direitos constitucionais das crianças e dos
adolescentes, em conformidade com o que versa o art. 227 da CF/88. O caso em
que o laudo especializado comprova o saudável vínculo existente entre as crianças
e os adotantes e que seja reconhecida como entidade familiar e merecedora de
proteção estatal, as jurisprudências têm entendimentos que possam sim, adotar uma
criança ou adolescente visando o bem estar de ambos, adotado e adotante.
Segundo Coelho (2012, p. 187):

Argumenta-se que a lei deveria proibir a adoção por casal de homossexuais


porque o crescimento em ambiente irrigado por posturas e padrões de
ambos os sexos è essencial à adequada formação da identidade de
qualquer pessoa. O que é verdade, mas não basta a divergência dos sexos
sob o ponto de vista jurídico para garantir-se o entendimento a esse
importante requisito de saúde psicológica das crianças e adolescentes visto
que há maridos poucos masculinos e esposas não femininas que podem
adotar e adotam, então a lei não está realmente preocupada com o aspecto
da formação da identidade dos adotados.

Na verdade, as mesmas medidas estendidas para adoção conjunta por


pessoas de sexo diferentes, devem ser dadas a pessoas do mesmo sexo, pois se
uma pessoa homossexual pode adotar individualmente e levar o adotado para morar
na mesma casa que o seu parceiro, ficam os dois exercendo o poder familiar. O que
fica notório até o presente momento é o exacerbado preconceito, o que impede a
legitimação da adoção por duas pessoas do mesmo sexo.

3.1 Olhar Jurisprudencial

Existem entendimentos jurisprudenciais acerca do assunto, e nesse


sentido, segue-se a seguinte jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça STJ:
22

RECURSO ESPECIAL Nº 1.183.378 - RS (2010/0036663-8)


EMENTA
DIREITO DE FAMÍLIA. CASAMENTO CIVIL ENTRE PESSOAS DO
MESMO SEXO (HOMOAFETIVO). INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 1.514,
1.521, 1.523, 1.535 e 1.565 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002.
INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO EXPRESSA A QUE SE HABILITEM PARA
O CASAMENTO DE PESSOAS DO MESMO SEXO. VEDAÇÃO IMPLÍCITA
CONSTITUCIONALMENTE INACEITÁVEL.
ORIENTAÇÃO PRINCIPIOLÓGICA CONFERIDA PELO STF NO
JULGAMENTO DA ADPF N. 132/RJ E DA ADI N. 4.277/DF.

No atual momento, essas famílias recebam efetivamente a proteção do


estado, independente da orientação sexual dos participes, uma vez que a famílias
constituídas por pares homoafetivos possuem os mesmo núcleos axiológicos
daquelas constituídas por heteroafetivos, além disso, o direito a igualdade só se
realiza com plenitude se é garantido o direito a diferença, uma vez que o princípio do
planejamento familiar é livre.
O STF tem o entendimento que a união homoafetiva quando tem o
caráter familiar, apresenta os mesmos diretos da união heteroafetiva com relação à
adoção da criança e adolescente. Uma vez que o STF entende que o Estado deve
dar respaldo para a união homoafetiva, dando lhes o direito dos heteroafetivos, por
exemplo, as sucessões e direitos previdenciários, a orientação sexual não tem
influência para as sucessões, a constituição deixa técnica de interpretação para
essa modalidade de adoção, contudo, o que se observa é uma resistência patriarcal
dos costumes brasileiros. Segundo o acórdão, a Constituição não interdita a
formação de família do mesmo sexo sendo assim, ela não alcançou as mudanças
que são precisas para ambos os casos. Ao deixar que o preconceito da sociedade
fale mais alto, quem mais perde é a sociedade, a criança, o adolescente e a família,
ou seja, todos. Contudo, ao ser considerado ambiente familiar, caberá ao juiz
autorizar a adoção, sendo observados todos os requisitos de família que apara o
casal do mesmo sexo.

3.2 Inovações e debates da norma

Em face do princípio constitucional da proteção integral da criança e do


adolescente, inicia-se uma emancipação social e cultural de nosso tempo, que
favorece as efetivações que respondem positivamente à materialização dos direitos
23

fundamentais garantidos na Constituição Federal de 1988, alcançando a esses


indivíduos a definitiva condição de cidadãos.
A nova Lei de Adoção trouxe ao ordenamento jurídico brasileiro diversas
alterações modificando substancialmente o Estatuto da Criança e do Adolescente, a
Lei 8.560/92, o Código Civil e a Consolidação das Leis do Trabalho. Apesar de a lei
ser um microssistema jurídico com autonomia própria, o que mais preocupou o
legislador foi criar uma lei especial exclusivamente dedicada, no que se refere tanto
à crianças e adolescentes quanto à de maiores. Uma dessas inovações é a criação
do Cadastro Nacional de Adoção, o qual agrupa os dados das pessoas que querem
adotar e os dados das crianças e adolescentes aptos para a adoção. Os bancos de
dados serão franqueados às autoridades estaduais e federais, e as pessoas ou
entidades das quais delas concederem delegação. A falta de observância à ordem
do cadastro de pessoas habilitadas à adoção acaba incentivando e contribuindo
para a colocação em família substituta, de forma irregular, trazendo prejuízo a todos
os direitos e garantias legais de proteção integral à infância.
Os autores Coelho (2012), Diniz (2012) e Venosa (2012) abordam sobre a
adoção, e também sobre seu novo instituto os quais são os mais diversos, cada um
com seus posicionamentos e ideias sobre o assunto aqui determinado, por ser um
assunto atual e polêmico. A pesquisa que fora realizada pelos autores Diniz (2012) e
Venosa (2012) que disciplinam sobre o assunto, de forma detalhada traz os pilares
para que os questionamentos e as controvérsias jurídicas sejam passíveis de
soluções.
Venosa (2012, p. 295), em sua obra, leciona sobre a nova lei da adoção,
trazendo as modificações advindas do novo instituto, de forma a esclarecer a
importância do bem estar do adotado, de forma a lhe garantir uma boa qualidade de
vida, assim disciplina:

A adoção moderna é, portanto, um ato ou negócio jurídico que cria relações


de paternidade e filiação entre duas pessoas. O ato da adoção faz com que
uma pessoa passe a gozar do estado de filho de outra pessoa,
independentemente do vínculo biológico. O enfoque da adoção moderna
terá em vista, contudo, a pessoa e o bem-estar do adotado, antes do
interesse dos adotantes. A adoção é a modalidade artificial de filiação que
busca a filiação natural. Daí, ser também conhecida como filiação civil, pois
não resulta de uma relação biológica, mas de manifestação de vontade,
conforme o sistema do Código Civil, ou de sentença judicial, no atual
sistema do Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como no novo
Código. A adoção plena, tal qual admitida pelo ECA, insere o menor em
tudo na família do adotante, conferindo-lhe a mesma posição da relação
24

biológica.

A finalidade da adoção é atender as reais necessidades da criança e do


adolescente, assegurando-lhes o direito específico e constitucional da convivência
familiar; onde o melhor interesse desses deve ser respeitado e cumprido por todos.
Já Queiroz (2005, p. 71), assim preleciona:

Pode-se dizer que adoção é a forma definitiva de colocação em família


substituta, e que deve ser em regra, precedida de estágio de convivência do
adotando com os adotantes. Não poderá ser deferida a irmãos e nem a
ascendentes do adotando de qualquer grau ou linha. A adoção é uma
instituição jurídica de ordem pública que se dá por sentença judicial de
natureza constitutiva, porque cria uma nova situação jurídica, a qual deve
ser inscrita no registro civil, pela qual o adotante passa a ser pai ou mãe e o
adotado, sujeitando-se a todas as obrigações e direitos inerentes a condição
de pai, mãe ou filho, sem qualquer distinção para com os filhos ou pais
biológicos.

O Estatuto da Criança e do Adolescente veio para disciplinar norma de


proteção às crianças e adolescentes, garantido a eles respeito e dignidade. Após 19
anos, o ECA sofreu a sua primeira grande reforma, por intermédio da Lei n° 12.010
de 03 de agosto de 2009, a chamada Lei Nacional de Adoção, o que promoveu
inúmeras inovações legislativas. Este Estatuto possui um princípio fundamental de
proteção integral da criança e do adolescente reconhecendo direitos essenciais e
específicos a todos eles. Preleciona assim, o artigo 3° do referido instituto:

A criança e o adolescente gozam de todo os direitos fundamentais inerentes


à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

O instituto, no seu artigo 42, afirmava uma antiga maioridade para o


adotante, qual sejam 21 anos. Agora prevê tal capacidade aos maiores de 18 anos,
podendo os mesmos adotarem individualmente uma criança ou adolescente,
independentemente do seu estado civil. Ou seja, basta que seja 16 anos diferença
de idade entre o adotante e o adotado.
A investigação de paternidade é um meio para garantir os antecedentes
biológicos familiares para investigação sobre doenças ou moléstias na sua família
biológica que o antecedeu. E para garantir que não haja matrimônio ou enlaces
entre família, não interferindo em nenhuma garantia ou retrocesso aos bens
patrimoniais dos parentes consanguíneos.
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CONCLUSÃO

A adoção, hoje é uma realidade, juntamente como enorme, número de


crianças que buscam uma família e o enorme número de pessoas que por algum
motivo desejam adotar. Deve ser encarada como uma chance para que crianças
sejam incluídas em famílias que desejam verdadeiramente dar a elas um lar
saudável e feliz. Esse deve ser o espírito da adoção, algo generosamente grandioso
cujas precauções devem ser tomadas, mas não se esquecendo de dar a chance a
quem dela necessita. O processo para a adoção deve ser transparente, claro,
tratando todos com igualdade, sem preconceitos ou dificuldades que só venham a
prejudicar as próprias crianças envolvidas.
A família é um grupo fundamental para a sociedade e ambiente natural
para o crescimento e bem-estar de todos os seus membros, e em especial das
crianças, que em respeito deve receber a proteção e assistência necessárias a
fim de poder assumir suas responsabilidades como pessoa, reconhecendo que a
criança, para o pleno e harmonioso desenvolvimento de sua personalidade, deve
crescer no seio da família, em um ambiente de felicidade, amor e compreensão. O
valor da convivência familiar percorre não só na lei, mas da vontade do indivíduo de
estar e permanecer a pessoas que lhe garantem carinho, educação, proteção e
respeito. Portanto, assegurar a criança e ao adolescente o direito de estar em
família e garantir a sociedade um futuro calçado na cidadania e na dignidade da
pessoa humana.
Por fim, verifica-se a urgência por normas que estabeleçam aquilo que de
forma concreta é a melhor solução para a convivência da criança ou do adolescente
com o adotante. Faz-se necessário uma visão pluralista da família, abrigando os
mais diversos arranjos familiares, devendo-se buscar a identificação do elemento
que permita enlaçar no conceito de entidade familiar todos os relacionamentos que
tem origem em um elo de afetividade, independente de sua conformação. O desafio
dos dias de hoje é achar o toque identificador das estruturas interpessoais que
permita nominá-las como família, e este referencial só pode ser identificado na
afetividade.
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REFERÊNCIAS

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Cruz, 2010.

______. Lei 10.406/2002. Institui o Código Civil.

______. Lei n. 8.069/90. Estatuto da Criança e do Adolescente.

______. Lei n. 12.010/2009. Lei da Adoção.

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Paulo: Saraiva, 1991.

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Adoção: Contribuições para uma Cultura da Adoção. 2006.

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