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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO DO URUGUAI E DAS


MISSÕES
PRÓ-REITORIA DE ENSINO, PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CÂMPUS DE SANTIAGO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE DIREITO

ANA CAROLINA DOS SANTOS PINTO

A VULNERABILIDADE DA MULHER TRANSEXUAL NO BRASIL:


APLICABILIDADE DA LEI MARIA DA PENHA APÓS O REsp 1.977.124

SANTIAGO – RS
2022
2

ANA CAROLINA DOS SANTOS PINTO

A VULNERABILIDADE DA MULHER TRANSEXUAL NO BRASIL:


APLICABILIDADE DA LEI MARIA DA PENHA APÓS O REsp 1.977.124

Projeto Integrador do Direito da URI


Campus Santiago apresentado como
requisito para aprovação na Disciplina de
Projeto Integrador I.

Professora Orientadora: Ma. Fabiana


Barcelos da Silva Cardoso

SANTIAGO – RS
2022
3

ANA CAROLINA DOS SANTOS PINTO

A VULNERABILIDADE DA MULHER TRANSEXUAL NO BRASIL:


APLICABILIDADE DA LEI MARIA DA PENHA APÓS O REsp 1.977.124

Projeto Integrador do Direito da URI


Campus Santiago apresentado como
requisito para a aprovação na Disciplina de
Projeto Integrador I.

Santiago, __ de ____ de ______ 2022.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________
Prof. Ma. Fabiana Barcelos da Silva Cardoso
URI – Campus Santiago – RS

____________________________________
Prof. Nome do professor avaliador
Instituição a que pertence

_____________________________________
Prof. Nome do professor avaliador
Instituição a que pertence
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SUMÁRIO

1 TEMA ................................................................................................................. 05
2 DELIMITAÇÃO DO TEMA............................................................................ 05
3 PROBLEMA...................................................................................................... 05
4 JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 06
5 OBJETIVOS...................................................................................................... 06
5.1 Objetivo geral.................................................................................................. 06
5.2 Objetivos específicos....................................................................................... 07
6 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................. 07
7 METODOLOGIA.............................................................................................. 11
7.1 Método de abordagem.................................................................................... 11
7.2 Método de procedimento................................................................................ 12
7.3 Técnica de pesquisa......................................................................................... 12
8 ANÁLISE INTEGRATIVA.............................................................................. 12
9 SUMÁRIO PRÉVIO.......................................................................................... 12
10 CRONOGRAMA............................................................................................. 13
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 14
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1 TEMA

A vulnerabilidade da mulher transexual no Brasil

2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

A vulnerabilidade da mulher transexual no Brasil: Aplicabilidade da lei Maria da Penha


após o REsp 1.977.124

3 PROBLEMA

O Brasil conta com a quinta maior taxa de feminicídio no mundo, e há 13 anos continua
no topo da lista sendo o país que mais mata travestis e transexuais. A dignidade da pessoa
humana, fundamento básico garantido pela Constituição Federal de 1988, entra em
questionamento, pois seu conceito engloba a honra de todo ser humano independendo de sua
raça, gênero, orientação sexual, religião etc. É evidente, atualmente, que apesar de anos lutando
por seus direitos e por sua segurança, a mulher transexual se encontra em situação de desamparo
social, e principalmente jurídico, ficando a margem do termo mulher.
De acordo com os dados levantados pela ong Transgender Europe (TGEU), em 2021,
70% de todos os assassinatos registrados aconteceram na América do Sul e Central, sendo 33%
no Brasil. As maiores vítimas destes homicídios são mulheres, conforme dados da ong citada
acima, 96% das pessoas assassinadas no mundo são mulheres transexuais, e ainda há de se
considerar os casos que não são reportados e mortes não registradas com motivação transfóbica,
que no País é considerado alarmante.
Ademais, travestis, transexuais e transgêneros, ainda que não sejam biologicamente
mulheres, são inseridos no gênero feminino, pois assim se definem e, de acordo com parte da
doutrina e jurisprudência, isto faz com que sejam vítimas de violência no âmbito doméstico e
familiar, logo se faz necessária a aplicação da Lei nº 11.340/2006, popularmente conhecida
como Lei Maria da Penha, por analogia.
Justifica-se esta disposição com princípios gerais do Direito, principalmente os previstos
na Constituição Federal, na Declaração de Direitos Humanos, e bem como o que dispõem os
artigos 1º e 5º da Lei Maria da Penha.
A fim de evidenciar posicionamento favorável da aplicabilidade desta Lei após a decisão
da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, com o Recurso Especial 1.977.124, sendo o
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Brasil o país que mais mata travestis e transexuais, a tutela da Lei será aplicada, ou,
continuaremos com a obscuridade do preconceito?

4 JUSTIFICATIVA

Embora a Lei Maria da Penha vise implementar a isonomia, de forma a conferir maior
proteção às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, ainda é comum assistir, ler ou
presenciar casos de violência doméstica em todo o território brasileiro, tornando-se mais difícil
o controle nos casos que não são reportados. É de suma importância destacar que mulheres
transexuais, travestis e transgêneros também são vítimas dessa violência. Pois, vivem uma
situação de vulnerabilidade social, e ainda são marginalizadas pela sociedade.
No cenário atual brasileiro, transexuais e transgêneros, embora não biologicamente
mulheres, inserem-se no gênero feminino, pois se definem assim psicologicamente. E, de
acordo com parcela doutrinária, isto faz com que a Lei deva ser aplicada por analogia. A
dignidade da pessoa humana, fundamento básico garantido pela Constituição, entra em
questionamento pois seu conceito engloba a honra de todo ser humano independendo de sua
condição.
Contudo, a obscuridade presente no Poder Judiciário ainda é notável, uma vez que,
alguns magistrados recusam-se a equiparar o transexual feminino com mulher ou somente
consideram como tal, aquelas que mudam seu registro civil, e assim configurar como vítimas
de violência. É fato consumado que, atualmente, não se deve falar em “aceitação” destas
pessoas na sociedade, e sim em respeito e igualdade.
Assim, no decorrer da presente pesquisa, serão analisados fundamentos jurídicos, bem
como as questões biológicas, para que se justifique a aplicabilidade da Lei nº 11.340/06 em
favor de mulheres transexuais. Bem como, a análise doutrinária e jurisprudencial.

5 OBJETIVOS

5.1 Objetivo geral

Estudar como o Superior Tribunal de Justiça tem se posicionado acerca da


aplicabilidade da Lei Maria da Penha após o Resp. 1.977.124 ser aplicável à violência
doméstica contra mulheres transexuais.
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5.2 Objetivos específicos

a. Pesquisar sobre identidade de gênero.


b. Analisar a evolução dos direitos das pessoas trans sob ótica dos tribunais.
c. Citar entendimentos acerca da aplicabilidade da legislação.

6 REFERENCIAL TEÓRICO

O sexo é definido seguindo um critério biológico, como sendo um conjunto de


características biológicas contidas nos órgãos masculino ou feminino, e com isso não se pode
definir o que é identidade de gênero, tampouco a orientação sexual de um indivíduo. A
identidade sexual é ligada a aceitação da pessoa com suas características anatômicas.
O gênero é vinculado a uma questão social da pessoa, e não apenas pela questão
biológica. No tocante à orientação sexual, a definição estabelece a partir da observação de como
uma pessoa vai exercer sua sexualidade, podendo ser heterossexual, homossexual, bissexual, e
outras presentes atualmente.
O transgênero não se identifica com o gênero decorrente do seu sexo biológico, de modo
que surgem outras subespécies como o travesti e o transexual. Assim, o transexual se enquadra
no gênero oposto ao seu sexo biológico, e busca meios para “corrigir” esta diferença, como, por
exemplo: mudança de nome, uso de roupas compatíveis, tratamento hormonal e a cirurgia de
redesignação sexual. (CAMARA; MELO, 2018).

No alcance da medicina, nenhum ser é totalmente homem ou mulher, em cada um há


um quantum do sexo oposto que é geralmente encoberto pela maior quantidade de
hormônios do próprio sexo. Contudo, algumas vezes ocorrem anomalias que se
caracterizam pelo fato de o outro sexo se manifestar na estrutura física, no
comportamento ou em ambos. (MALUF, 2015, p. 310-311)

Diante do exposto acima, é possível entender que dentro do masculino e feminino,


existem diversas possibilidades para a identidade de gênero, e a transexualidade é apenas uma
delas. Existe um enorme contexto histórico da luta de pessoas transexuais para alcançar o
patamar de igualdade, e apesar de muito ter evoluído, essas pessoas ainda são vistas como
inferiores, e pior ficam à margem do termo mulher. Na obra O Segundo Sexo, Simone de
Beauvoir, escreve a famosa frase “ninguém nasce mulher: torna-se mulher”, pois, para ela o
sexo é apenas um fator biológico do ser humano, diferindo do gênero, que é construído em
sociedade. (BEAUVOIR, 1970).
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É necessário salientar que a orientação sexual, não pode ser confundida com a identidade
de gênero, pois a orientação diz respeito a atração afetiva, enquanto a identidade de gênero fala
sobre como a pessoa se identifica com suas características biológicas. (BRANDÃO, 2018).
A transexualidade, todavia, pela ótica médica, já fora vista como uma patologia passível
de ‘cura’, sendo esta cura a redesignação sexual.

Como se sabe, o transexualismo sempre foi reconhecido por entidades médicas como
uma patologia ou doença, pois a pessoa teria um “desvio psicológico permanente de
identidade sexual, com rejeição de fenótipo e tendência à automutilação e ao
autoextermínio” (Resolução 1955/2010 do CFM, ora revogada). Na linha dessa
resolução do CFM, o transexual seria uma forma de “wanna be”, pois a pessoa quer
ser de outro sexo, geralmente do masculino para o feminino, autorizando a realização
da cirurgia em nosso país. (TARTUCE, 2021, p.191)

Não obstante, a American Psychiatric Association lançou em 2013, a 5ª edição do


Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), por meio do qual a APA
reconheceu as controvérsias existentes em relação à sexualidade, e criaram a denominação
disforia de gênero.
Indivíduos com disforia de gênero apresentam incongruências acentuadas entre o
gênero que lhes foi designado (em geral ao nascimento, conhecido como gênero do
nascimento) e o gênero experimentado/expresso. [...], A disforia de gênero manifesta-
se de formas diferentes em grupos etários distintos. Meninas pré-puberais com
disforia de gênero podem expressar o desejo de serem meninos, afirmar que são
meninos, ou declarar que são homens quando crescerem. [...] (DSM-5, 2013, p. 493)

A definição do termo disforia de gênero consiste em um desconforto ou sofrimento


ocasionado pela disparidade entre o gênero atribuído ao indivíduo, no momento de seu
nascimento, e o gênero experimentado por este ao longo da vida. O DSM-5 reconhece que
identidade de gênero possui um conceito flexível, no qual estão agrupados sentimentos
relacionados ao corpo, ao papel social, bem como à identificação de gênero e à sexualidade.
Em conclusão, é válido salientar que, em decorrência da Ação Civil Pública nº
2001.71.00.026279-9/RS, o Ministério da Saúde, através da Portaria 2.802 de 2013, determina
que o SUS passa a ser responsável pelo tratamento hormonal, cirurgia de retirada de mamas,
do útero e dos ovários, contemplando com isso o grupo de pessoas transexuais, o qual ganhou
direito à implantação de silicone das mamas custeada pelo SUS.
Como citado anteriormente, o Brasil é o país que mais mata transexuais e travestis, de
acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais, foram mapeados pelo menos
175 assassinatos de pessoas trans, todas travestis e mulheres transexuais. Apesar de a transfobia
ser crime desde 2019, ainda pode ser considerada uma ‘lei para inglês ver’, visto que muitos
casos envolvendo a violência doméstica e familiar às mulheres trans não é reportado.
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Para entender a aplicação da Lei Maria da Penha aos transexuais, é necessário ver além
da letra fria da lei, mas sim sobre todo o ordenamento jurídico atual, e principalmente a análise
jurisprudencial, já que ampara a cultura do país.
No tocante jurisprudencial, o ano de 2017, é considerado um marco acerca do tema. O
Superior Tribunal de Justiça admitiu a alteração do sexo no registro civil, sem a necessidade da
realização de cirurgia prévia, conforme decisão da Quarta Turma, no REsp 1.626.739/RS. O
relator Ministro Luis Felipe Salomão, argumentou pela existência de um direito ao gênero, com
base no sexo psicológico da pessoa humana. (TARTUCE, 2021). A seguir reproduzido in
verbis:

9. Sob essa ótica, devem ser resguardados os direitos fundamentais das pessoas
transexuais não operadas à identidade (tratamento social de acordo com sua identidade
de gênero) , à liberdade de desenvolvimento e de expressão da personalidade
humana (sem indevida intromissão estatal), ao reconhecimento perante a
lei (independentemente da realização de procedimentos médicos), à intimidade e
à privacidade (proteção das escolhas de vida), à igualdade e à não
discriminação (eliminação de desigualdades fáticas que venham a colocá-los em
situação de inferioridade), à saúde (garantia do bem-estar biopsicofísico) e
à felicidade (bem-estar geral).

De acordo com o Ministro “no que diz respeito a identidade de gênero de uma pessoa
independente de seus órgãos sexuais, e não obstante, a não realização da cirurgia não
impossibilita a proteção da dignidade da pessoa humana, inserida no art. 1º, inciso III, da
Constituição Federal de 1988”, conforme no Recurso Especial, citado acima.
Nesta linha de raciocínio, é possível extrair a ideia de que um transexual, que não tenha
realizado a cirurgia, pode figurar como sujeito passivo de crime de violência, sendo a este
destinado os meios protetivos da Lei Maria da Penha.
Em contraposição disto, como dito anteriormente, existem controvérsias entre
julgadores, como foi o caso de Luana Emanuelle que tramitava no Tribunal de Justiça de São
Paulo. A jovem transexual denunciou o pai por agressão e tentativa de estupro em 2020, e após
exames e flagrante dos policiais, ela não conseguiu medida protetiva prevista na Lei, por se
identificar como mulher trans. O TJ-SP indeferiu o recurso interposto pelo Ministério Público,
alegando que havia “impossibilidade jurídica de fazer equiparação ‘transexual feminino =
mulher’”.
Consoante com o citado acima, o TJ-SP também possui entendimento favorável, que foi
exposto no julgado do mandado de segurança nº 20973616120158260000 SP 209736 pela
desembargadora Ely Amioka, que ao analisar o pedido de deferimento de medida protetiva da
Lei 11.340/2006 em favor de uma transexual, defendeu o seguinte posicionamento: “a lei em
comento deve ser interpretada de forma extensiva, sob pena de ofensa ao princípio da dignidade
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da pessoa humana”, bem como que a Lei “não visa apenas proteção à mulher, mas sim à mulher
que sofre violência de gênero, e é como gênero feminino que a impetrante se apresenta social e
psicologicamente” (TJSP, 2015).
A relatora, sustentou, ainda, em sua decisão, que:
Tem-se que a expressão “mulher”, contida na lei em apreço, refere-se tanto ao sexo
feminino quanto ao gênero feminino. O primeiro diz respeito às características
biológicas do ser humano, dentre as quais GABRIELA não se enquadra, enquanto o
segundo se refere à construção social de cada indivíduo, e aqui GABRIELA pode ser
considerada mulher. (TJSP, 2015).

Ao final do julgamento, fora reconhecido que a vítima se encontrava em situação de


vulnerabilidade em relação ao seu ex-namorado, conforme trecho abaixo:
É, portanto, na condição de mulher, ex-namorada de RAFAEL, que a IMPETRANTE
vem sendo ameaçada por este, inconformado com o término da relação. GABRIELA
sofreu violência doméstica e familiar, cometida pelo então namorado, de modo que a
aplicação das normas da Lei Maria da Penha se faz necessárias no caso em tela,
porquanto comprovada sua condição de vulnerabilidade no relacionamento amoroso.
(TJSP, 2015).

Baseada na fundamentação da desembargadora, o Tribunal de Justiça de São Paulo


proferiu o acórdão com a seguinte decisão:
“Concede-se a segurança para aplicar em favor de GABRIELA DA SILVA PINTO
as medidas protetivas de urgência previstas no artigo 22, III, alíneas “a”, “b”, “c”, da
Lei 11.340/06” (TJSP, 2015).

Portanto, observa-se que a mudança de pressupostos sobre a aplicação da Lei Maria da


Penha é crucial, pois pessoas transexuais também são vítimas de estigma de gênero, o que as
expõe a ataques de parceiros e familiares, o que por si só levanta a questão da tutela da Lei
Maria da Penha.
À vista do exposto, é notório a existência de múltiplos argumentos e posicionamentos
favoráveis a aplicabilidade da Lei Maria da Penha aos transexuais que sejam vítimas de
violência doméstica e familiar. Tanto a doutrina como a jurisprudência, em sua maioria, adotam
o entendimento de que para um transexual ser considerado do gênero feminino, não se faz
necessária a cirurgia, visto que a dignidade da pessoa humana se sobrepõe ao órgão genital.
Por fim, o caso de Luana Emanuelle, citado anteriormente. Após este fato, o Ministério
Público subiu este recurso ao STJ, e o Ministro Rogério Schietti, relator do caso, deixou claro
que a posição adotada pelo Tribunal de Justiça foi transfóbica por trás da discussão, e ainda
citou ser vergonhoso o trato com pessoas transexuais no país, e o “julgamento versa sobre a
vulnerabilidade de uma categoria de seres humanos, que não pode ser resumida à objetividade
de uma ciência exata”. Visto que, o TJ-SP adotou uma posição de que seria impossível uma
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mulher transexual ser equiparada a mulher, argumento que já foi revogado atualmente, já que
a própria ciência trata estas pessoas como mulheres.
À vista do exposto, observa-se que a mudança de pressupostos sobre a aplicabilidade da
Lei Maria da Penha é crucial, pois pessoas transexuais também são vítimas do estigma de
gênero, o que as expõe a ataques de parceiros e seus familiares, o que por si, invoca a tutela da
Lei nº 11.340/2006. Ressaltar-se-á a decisão da Sexta Turma do STJ, no REsp 1.977.124,
estabelecendo que a Lei também se aplica aos casos de violência doméstica contra mulheres
transexuais.
A Constituição Federal é um grande marco no que diz respeito aos direitos civis e
sociais, e principalmente em relação à dignidade da pessoa humana, assim como as legislações
atuais no país, como o Código Civil e os direitos de personalidade. Logo, é de suma importância
que após esta decisão do Superior Tribunal de Justiça, a sociedade e o Estado passem a atuar
para proteger o bem-estar de todos, principalmente da parcela da população que ainda é
marginalizada.
Contudo, é necessário expor que apenas elaboração ou alteração de leis, sendo estas
internacionais ou nacionais, não serão capazes de transformar a realidade de mulheres
transexuais, pois a sociedade ainda carrega com si o preconceito velado. Direitos adquiridos
são uma espécie de instrumento jurídico, e para terem eficácia precisam ser acompanhados de
práticas sociais que favoreçam a aplicação destes. Assim, políticas públicas que incentivam a
equiparação da mulher transexual com mulher biológica devem ser reforçadas e exigidas cada
vez mais.
Os direitos conquistados pelas mulheres transexuais são uma realidade no Brasil, pois,
atualmente não é mais tolerado que uma pessoa humana seja vítima de discriminação ou
violência apenas por se identificar de forma diferente à normativa dentro de uma sociedade. E
é importante que isto seja reforçado para que o preconceito deixe de ser algo enraizado no país.

7 METODOLOGIA

7.1 Método de abordagem

O trabalho será realizado utilizando-se, para efeitos de abordagem do tema, o método


dedutivo, ou seja, partindo-se de uma análise geral das doutrinas e jurisprudências, para uma
análise específica de decisões dos Tribunais de Justiça e Tribunais Superiores, como o STJ.
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7.2 Método de procedimento

Com relação ao procedimento, utilizar-se-á o método comparativo dos crimes de


violência doméstica e posicionamento de julgadores acerca do tema.

7.3 Técnicas de pesquisa

E, por fim, a técnica de pesquisa será a de documentação indireta, pois a pesquisa tem
como fonte livros, artigos científicos, legislação pertinente e julgamentos.

8 ANÁLISE INTEGRATIVA

O primeiro semestre do curso de Direito, na modalidade Graduação Ativa, possui as


seguintes disciplinas: Direito Civil I, Direito Constitucional I, Direitos Humanos.
A presente pesquisa através dos ensinamentos de Direito Constitucional conseguiu
relacionar com Dignidade da Pessoa Humana.
O segundo semestre do curso de Direito, possui as seguintes disciplinas: Direito Penal
I, Direito Constitucional II, Direito Civil II.
Quanto ao Direito Penal I, o trabalho verificou que o contexto da Lei Maria da Penha
foi importante para levantar o questionamento da pesquisa.
Evidentemente, Direitos Humanos e Direito Constitucional permitiram a compreensão
dos fundamentos da temática principal, explicando como estas adentram o ordenamento
jurídico como no caso da violência doméstica, que possui suas construções na violação e
desconsideração do outro.
E o Direito Civil traz a capacidade de analisar os Direitos da Personalidade e como estes
também são essenciais para compreender cada pessoa.

9 SUMÁRIO PRÉVIO

1 INTRODUÇÃO
2 O CONCEITO DE SEXO BIOLÓGICO E GÊNERO
2.1 Aspectos da identidade de gênero e transexualidade
2.2 Análise dos institutos: Transtorno mental e Disforia de gênero
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3 APLICABILIDADE DA LEI MARIA DA PENHA: ENTENDIMENTO


JURISPRUDENCIAL
3.1 O tratamento conferido aos transexuais que buscam justiça
3.2 Entendimento do STJ em relação aos crimes de violência doméstica e familiar a
transexuais.
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS

10 CRONOGRAMA

CRONOGRAMA DO PROJETO INTEGRADOR


PASSOS MAR ABR MAI JUN JUL

Escolha do tema 20.03

Pesquisa bibliográfica 06.04


preliminar

Elaboração do projeto 06.05

Orientações 06.05

Correção 06.05

Leituras e Fichamentos 17.05

Análise dos dados e 10.06


reconhecimento
Revisão ortográfica 24.06

Entrega final 01.07

Data da defesa do Projeto 08.07


para avaliação externa
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REFERÊNCIAS

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Transtornos Mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. ISBN 978-85-8271-089-0.
Disponível em: < Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 - 5ª Edição
(neuroconecta.com.br)>. Acesso em: 23 jun. 2022.

BRANDÃO, Rodrigo in Ministro Luis Roberto Barroso: 5 anos de Supremo Tribunal


Federal: homenagem de seus assessores. Belo Horizonte: Fórum, 2018, p. 151.

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Disponível em: <Constituição (planalto.gov.br)>. Acesso em: 30 abr. 2022.

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CAJADO, Sanmella de Sousa. Proteção ao Transexual Feminino. 22 out. 2020. Disponível


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ZEMUNER, Adiloar Franco. Cidadania da Mulher - Um Direito em Construção. In: Maria


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