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SANTIAGO – RS
2022
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SANTIAGO – RS
2022
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BANCA EXAMINADORA
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Prof. Ma. Fabiana Barcelos da Silva Cardoso
URI – Campus Santiago – RS
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Prof. Nome do professor avaliador
Instituição a que pertence
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Prof. Nome do professor avaliador
Instituição a que pertence
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SUMÁRIO
1 TEMA ................................................................................................................. 05
2 DELIMITAÇÃO DO TEMA............................................................................ 05
3 PROBLEMA...................................................................................................... 05
4 JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 06
5 OBJETIVOS...................................................................................................... 06
5.1 Objetivo geral.................................................................................................. 06
5.2 Objetivos específicos....................................................................................... 07
6 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................. 07
7 METODOLOGIA.............................................................................................. 11
7.1 Método de abordagem.................................................................................... 11
7.2 Método de procedimento................................................................................ 12
7.3 Técnica de pesquisa......................................................................................... 12
8 ANÁLISE INTEGRATIVA.............................................................................. 12
9 SUMÁRIO PRÉVIO.......................................................................................... 12
10 CRONOGRAMA............................................................................................. 13
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 14
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1 TEMA
2 DELIMITAÇÃO DO TEMA
3 PROBLEMA
O Brasil conta com a quinta maior taxa de feminicídio no mundo, e há 13 anos continua
no topo da lista sendo o país que mais mata travestis e transexuais. A dignidade da pessoa
humana, fundamento básico garantido pela Constituição Federal de 1988, entra em
questionamento, pois seu conceito engloba a honra de todo ser humano independendo de sua
raça, gênero, orientação sexual, religião etc. É evidente, atualmente, que apesar de anos lutando
por seus direitos e por sua segurança, a mulher transexual se encontra em situação de desamparo
social, e principalmente jurídico, ficando a margem do termo mulher.
De acordo com os dados levantados pela ong Transgender Europe (TGEU), em 2021,
70% de todos os assassinatos registrados aconteceram na América do Sul e Central, sendo 33%
no Brasil. As maiores vítimas destes homicídios são mulheres, conforme dados da ong citada
acima, 96% das pessoas assassinadas no mundo são mulheres transexuais, e ainda há de se
considerar os casos que não são reportados e mortes não registradas com motivação transfóbica,
que no País é considerado alarmante.
Ademais, travestis, transexuais e transgêneros, ainda que não sejam biologicamente
mulheres, são inseridos no gênero feminino, pois assim se definem e, de acordo com parte da
doutrina e jurisprudência, isto faz com que sejam vítimas de violência no âmbito doméstico e
familiar, logo se faz necessária a aplicação da Lei nº 11.340/2006, popularmente conhecida
como Lei Maria da Penha, por analogia.
Justifica-se esta disposição com princípios gerais do Direito, principalmente os previstos
na Constituição Federal, na Declaração de Direitos Humanos, e bem como o que dispõem os
artigos 1º e 5º da Lei Maria da Penha.
A fim de evidenciar posicionamento favorável da aplicabilidade desta Lei após a decisão
da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, com o Recurso Especial 1.977.124, sendo o
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Brasil o país que mais mata travestis e transexuais, a tutela da Lei será aplicada, ou,
continuaremos com a obscuridade do preconceito?
4 JUSTIFICATIVA
Embora a Lei Maria da Penha vise implementar a isonomia, de forma a conferir maior
proteção às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, ainda é comum assistir, ler ou
presenciar casos de violência doméstica em todo o território brasileiro, tornando-se mais difícil
o controle nos casos que não são reportados. É de suma importância destacar que mulheres
transexuais, travestis e transgêneros também são vítimas dessa violência. Pois, vivem uma
situação de vulnerabilidade social, e ainda são marginalizadas pela sociedade.
No cenário atual brasileiro, transexuais e transgêneros, embora não biologicamente
mulheres, inserem-se no gênero feminino, pois se definem assim psicologicamente. E, de
acordo com parcela doutrinária, isto faz com que a Lei deva ser aplicada por analogia. A
dignidade da pessoa humana, fundamento básico garantido pela Constituição, entra em
questionamento pois seu conceito engloba a honra de todo ser humano independendo de sua
condição.
Contudo, a obscuridade presente no Poder Judiciário ainda é notável, uma vez que,
alguns magistrados recusam-se a equiparar o transexual feminino com mulher ou somente
consideram como tal, aquelas que mudam seu registro civil, e assim configurar como vítimas
de violência. É fato consumado que, atualmente, não se deve falar em “aceitação” destas
pessoas na sociedade, e sim em respeito e igualdade.
Assim, no decorrer da presente pesquisa, serão analisados fundamentos jurídicos, bem
como as questões biológicas, para que se justifique a aplicabilidade da Lei nº 11.340/06 em
favor de mulheres transexuais. Bem como, a análise doutrinária e jurisprudencial.
5 OBJETIVOS
6 REFERENCIAL TEÓRICO
É necessário salientar que a orientação sexual, não pode ser confundida com a identidade
de gênero, pois a orientação diz respeito a atração afetiva, enquanto a identidade de gênero fala
sobre como a pessoa se identifica com suas características biológicas. (BRANDÃO, 2018).
A transexualidade, todavia, pela ótica médica, já fora vista como uma patologia passível
de ‘cura’, sendo esta cura a redesignação sexual.
Como se sabe, o transexualismo sempre foi reconhecido por entidades médicas como
uma patologia ou doença, pois a pessoa teria um “desvio psicológico permanente de
identidade sexual, com rejeição de fenótipo e tendência à automutilação e ao
autoextermínio” (Resolução 1955/2010 do CFM, ora revogada). Na linha dessa
resolução do CFM, o transexual seria uma forma de “wanna be”, pois a pessoa quer
ser de outro sexo, geralmente do masculino para o feminino, autorizando a realização
da cirurgia em nosso país. (TARTUCE, 2021, p.191)
Para entender a aplicação da Lei Maria da Penha aos transexuais, é necessário ver além
da letra fria da lei, mas sim sobre todo o ordenamento jurídico atual, e principalmente a análise
jurisprudencial, já que ampara a cultura do país.
No tocante jurisprudencial, o ano de 2017, é considerado um marco acerca do tema. O
Superior Tribunal de Justiça admitiu a alteração do sexo no registro civil, sem a necessidade da
realização de cirurgia prévia, conforme decisão da Quarta Turma, no REsp 1.626.739/RS. O
relator Ministro Luis Felipe Salomão, argumentou pela existência de um direito ao gênero, com
base no sexo psicológico da pessoa humana. (TARTUCE, 2021). A seguir reproduzido in
verbis:
9. Sob essa ótica, devem ser resguardados os direitos fundamentais das pessoas
transexuais não operadas à identidade (tratamento social de acordo com sua identidade
de gênero) , à liberdade de desenvolvimento e de expressão da personalidade
humana (sem indevida intromissão estatal), ao reconhecimento perante a
lei (independentemente da realização de procedimentos médicos), à intimidade e
à privacidade (proteção das escolhas de vida), à igualdade e à não
discriminação (eliminação de desigualdades fáticas que venham a colocá-los em
situação de inferioridade), à saúde (garantia do bem-estar biopsicofísico) e
à felicidade (bem-estar geral).
De acordo com o Ministro “no que diz respeito a identidade de gênero de uma pessoa
independente de seus órgãos sexuais, e não obstante, a não realização da cirurgia não
impossibilita a proteção da dignidade da pessoa humana, inserida no art. 1º, inciso III, da
Constituição Federal de 1988”, conforme no Recurso Especial, citado acima.
Nesta linha de raciocínio, é possível extrair a ideia de que um transexual, que não tenha
realizado a cirurgia, pode figurar como sujeito passivo de crime de violência, sendo a este
destinado os meios protetivos da Lei Maria da Penha.
Em contraposição disto, como dito anteriormente, existem controvérsias entre
julgadores, como foi o caso de Luana Emanuelle que tramitava no Tribunal de Justiça de São
Paulo. A jovem transexual denunciou o pai por agressão e tentativa de estupro em 2020, e após
exames e flagrante dos policiais, ela não conseguiu medida protetiva prevista na Lei, por se
identificar como mulher trans. O TJ-SP indeferiu o recurso interposto pelo Ministério Público,
alegando que havia “impossibilidade jurídica de fazer equiparação ‘transexual feminino =
mulher’”.
Consoante com o citado acima, o TJ-SP também possui entendimento favorável, que foi
exposto no julgado do mandado de segurança nº 20973616120158260000 SP 209736 pela
desembargadora Ely Amioka, que ao analisar o pedido de deferimento de medida protetiva da
Lei 11.340/2006 em favor de uma transexual, defendeu o seguinte posicionamento: “a lei em
comento deve ser interpretada de forma extensiva, sob pena de ofensa ao princípio da dignidade
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da pessoa humana”, bem como que a Lei “não visa apenas proteção à mulher, mas sim à mulher
que sofre violência de gênero, e é como gênero feminino que a impetrante se apresenta social e
psicologicamente” (TJSP, 2015).
A relatora, sustentou, ainda, em sua decisão, que:
Tem-se que a expressão “mulher”, contida na lei em apreço, refere-se tanto ao sexo
feminino quanto ao gênero feminino. O primeiro diz respeito às características
biológicas do ser humano, dentre as quais GABRIELA não se enquadra, enquanto o
segundo se refere à construção social de cada indivíduo, e aqui GABRIELA pode ser
considerada mulher. (TJSP, 2015).
mulher transexual ser equiparada a mulher, argumento que já foi revogado atualmente, já que
a própria ciência trata estas pessoas como mulheres.
À vista do exposto, observa-se que a mudança de pressupostos sobre a aplicabilidade da
Lei Maria da Penha é crucial, pois pessoas transexuais também são vítimas do estigma de
gênero, o que as expõe a ataques de parceiros e seus familiares, o que por si, invoca a tutela da
Lei nº 11.340/2006. Ressaltar-se-á a decisão da Sexta Turma do STJ, no REsp 1.977.124,
estabelecendo que a Lei também se aplica aos casos de violência doméstica contra mulheres
transexuais.
A Constituição Federal é um grande marco no que diz respeito aos direitos civis e
sociais, e principalmente em relação à dignidade da pessoa humana, assim como as legislações
atuais no país, como o Código Civil e os direitos de personalidade. Logo, é de suma importância
que após esta decisão do Superior Tribunal de Justiça, a sociedade e o Estado passem a atuar
para proteger o bem-estar de todos, principalmente da parcela da população que ainda é
marginalizada.
Contudo, é necessário expor que apenas elaboração ou alteração de leis, sendo estas
internacionais ou nacionais, não serão capazes de transformar a realidade de mulheres
transexuais, pois a sociedade ainda carrega com si o preconceito velado. Direitos adquiridos
são uma espécie de instrumento jurídico, e para terem eficácia precisam ser acompanhados de
práticas sociais que favoreçam a aplicação destes. Assim, políticas públicas que incentivam a
equiparação da mulher transexual com mulher biológica devem ser reforçadas e exigidas cada
vez mais.
Os direitos conquistados pelas mulheres transexuais são uma realidade no Brasil, pois,
atualmente não é mais tolerado que uma pessoa humana seja vítima de discriminação ou
violência apenas por se identificar de forma diferente à normativa dentro de uma sociedade. E
é importante que isto seja reforçado para que o preconceito deixe de ser algo enraizado no país.
7 METODOLOGIA
E, por fim, a técnica de pesquisa será a de documentação indireta, pois a pesquisa tem
como fonte livros, artigos científicos, legislação pertinente e julgamentos.
8 ANÁLISE INTEGRATIVA
9 SUMÁRIO PRÉVIO
1 INTRODUÇÃO
2 O CONCEITO DE SEXO BIOLÓGICO E GÊNERO
2.1 Aspectos da identidade de gênero e transexualidade
2.2 Análise dos institutos: Transtorno mental e Disforia de gênero
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10 CRONOGRAMA
Orientações 06.05
Correção 06.05
REFERÊNCIAS
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