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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE FORTALEZA – UNIGRANDE

CURSO DE DIREITO

O PSICOPATA PERANTE O CÓDIGO PENAL BRASILEIRO

FABIANO BEZERRA MARTINS

FORTALEZA

2019
FABIANO BEZERRA MARTINS

O PSICOPATA PERANTE O CÓDIGO PENAL BRASILEIRO

Artigo Científico apresentado ao Curso de


Direito do Centro Universitário da Grande
Fortaleza – UNIGRANDE, como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Direito.

Orientador (a): Prof. Dr. Roberto Ney Fonseca


de Almeida.

FORTALEZA

2019
FABIANO BEZERRA MARTINS

O PSICOPATA PERANTE O CÓDIGO PENAL BRASILEIRO

Este artigo foi julgado adequado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em
Direito e aprovado em sua forma final pelo curso de Direito do Centro Universitário da
Grande Fortaleza – UNIGRANDE.

Fortaleza, ____, ______________, _________

BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof. Dr. Roberto Ney Fonseca de Almeida
Presidente

_____________________________________________
Prof.(a) Ms. Adriana Azevedo Lima
Examinadora

_____________________________________________
Nome e Titulação.............................(Examinador)
Dedico este trabalho a Deus, o nosso Pai, aos
meus Pais Antônio Vidal e Raimunda Martins,
a meu irmão Flaviano Martins, que sempre me
ajudaram, à minha amada esposa Lydia
Tavares, por ser meu alicerce, por ser minha
maior incentivadora, aos meus filho(a)s, Fabyo
Martins, Isaac Martins e Maria Eduarda
Tavares (Duda), por me ajudarem a
concretizar meus sonhos, e a minha grande
professora de Geografia do ensino
fundamental, Prof. Socorrinha, por ter me
ensinado a sonhar e sempre buscar a realizar
os meus sonhos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me proporcionado o dom da vida e por


guiar meus passos por este mundo. Toda Honra e Glória ao nosso Deus e seu filho Jesus
Cristo.
À Dra. Célia Maria Ferreira de Moura, advogada, que me amparou no início da
faculdade e me ensinou a vida prática de um operador do direito.
Ao meu grande amigo, Dr. Isídio Nascimento Mascarenhas, grande advogado, ao
qual tenho como exemplo de determinação, força, coragem, lealdade e principalmente
amizade.
Aos meus sogros, Cel. Francisco de Assis Cardoso Chagas e a Dra. Clécia Maria
Campelo Tavares Chagas, por me tratarem como filho e estarem sempre ao meu lado.
Ao meu irmão Flaviano Bezerra Martins, meus cunhados (a)s, Dra. Acácia Maria
Tavares de Castro e Silva Bezerra, Cícero Bezerra, Lencastro Tavares e Soraya, e a meus
sobrinhos, Camilo Tavares, Danilo Tavares, Rebeca Tavares, Flavia Martins, Flavio Martins,
Maria Clara Tavares e ao caçula Henrique Tavares.
E, de maneira mais que especial, à minha amada esposa, Dra. Lydia Maria
Tavares de Castro e Silva Bezerra, que é a peça fundamental em minha vida, meu amor
eterno. Aos meus filhos, meus maiores tesouros, Fabyo Amaral Martins, Emanuel Isaac
Moura Martins e Maria Eduarda Tavares Barreto.
A todos os professores da Unigrande, pelo esforço despendido em minha
formação acadêmica, em especial, aos Professores João Celso, Clara Tele e Alexandre
Carneiro, pelo zelo e dedicação que sempre demonstraram em suas aulas.
E, por fim, ao caríssimo mestre e orientador, Prof. Roberto Ney Fonseca de
Almeida, por toda dedicação, atenção e paciência, dignas de um grande mestre e verdadeiro
amigo.
“O valor das coisas não está no tempo em que
elas duram, mas na intensidade com que
acontecem. Por isso existem momentos
inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas
incomparáveis.”
(Fernando Pessoa)
10

RESUMO

O Psicopata é o agente caracterizado por comportamentos delituosos, portador de transtornos


antissociais e dissocias. Os delitos praticados por psicopata em geral são executados com
requintes de crueldade, tendo em vista que este não tem afeição por outro ser humano. A
psicopatia causa dissenso até mesmo entre os pesquisadores da Ciência Médica. No
ordenamento jurídico brasileiro não há nenhum diploma legal que trate do assunto de forma
específica, assim esses criminosos são tratados como presos comuns. Destarte, nota-se a
existência de um limbo jurídico que dificulta aplicação do direito penal nos casos de agentes
psicopatas. Nesse sentido, apresenta-se a problemática para julgar e aplicar a pena adequada
para esses agentes psicopatas. Sem outra saída, a doutrina e a jurisprudência adotam as
possibilidades a seguir: julgam como imputáveis, e aplica-se a pena privativa de liberdade,
ou são reconhecidos como semi-imputáveis, e julgados com abatimento na pena, ou serão
considerados inimputáveis e sofrerão uma medida de segurança. Neste artigo serão
abordados os aspectos relativos à conceituação de quem é o psicopata, como ele se apresenta
como perigo à sociedade, como o Direito Penal se comporta perante o psicopata, tentando
abordar as perspectivas de solução para a correta aplicação e comprimento da pena, assim
como para a elaboração de políticas públicas para a prevenção e tratamentos de portadores
desse transtorno.

Palavras-chave: Psicopata; Direito Penal; Imputabilidade.


11

ABSTRACT

The psychopathis the agentcharacterizedby criminal


behaviorwithantisocialanddissociativedisorders. The crimes practicedbypsychopaths in
general are executedwithrefinements of cruelties, since it has no affection for
anotherhumanbeing. Psychopathy causes dissent even among Medical Science researchers. In
the Brazilian legal system thereis no legal diploma thatdealswith the subject in a specificway,
sothesecriminals are treated as ordinaryprisoners. Thus, it isnoted the existence of a legal
limbo thathinders the application of criminal law in cases of psychopathicagents. In thissense,
the problemispresented to judgeandapply the appropriatepenalty for thesepsychopathicagents.
With no otherway, doctrineandjurisprudenceadopt the followingpossibilities: Theyjudge as
imputable, andimprisonment, or are recognized as semi-attributable, andjudgedwith a penalty
in the penalty, orwillbeconsideredunimpeachableandwillsuffer a securitymeasure. In
thisarticlewillbeapproached the real aspects of the conception of who the psychopathis,
howhepresentshimself as a danger to society, as the Criminal Law behaves in front of the
psychopath, tries to approach the prospects of solution for the correctapplicationandlength of
the sentence, as welland for the elaboration of public policies for the preventionandtreatment
of patientswiththisdisorder.

Keywords:Psycho; Criminal Law; Imputability.


12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................13

2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................14

2.1 A PSICOPATIA SOB A PERSPECTIVA DA MEDICINA...........................14

2.2 O PSICOPATA................................................................................................15

2.3 TIPOS DE PSICOPATIA................................................................................17

2.4 TEORIAS SOBRE A PSICOPATIA...............................................................18

2.5 MÉTODOS DE TRATAMENTOS.................................................................19

2.6 A PSICOPATIA EM FACE DO SISTEMA PENAL......................................20

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................23

3.1 TIPO DE PESQUISA......................................................................................23

3.1.1. Quanto aos objetivos....................................................................................23

3.1.2. Quanto ao tipo de pesquisa..........................................................................23

3.1.3 Classificação quanto à natureza da pesquisa.................................................24

3.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos:.............................................................24

3.1.5 Classificação quanto à escolha do objeto de estudo:....................................24

3.1.6 Classificação quanto à técnica de coleta de dados........................................24

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS.......................................................24

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................28

6 REFERÊNCIAS................................................................................................29
13

1 INTRODUÇÃO

A pesquisa visa estudar o agente portador de psicopatia, bem como os crimes por
eles cometidos, fazendo uma análise da aplicação do Direito Penal Brasileiro nos casos que
envolvem esses agentes, observando a ação dos psicopatas sob o prisma das teorias do Direito
Penal, com observância à culpabilidade e à imputabilidade. Posteriormente, examinar pelo
prisma da ciência médica e psicológica as particularidades da psicopatia e suas características,
para assim determinar quem é o psicopata. E, por fim, estudar a psicopatia com foco no
Direito Penal e na jurisprudência no que se refere ao tratamento aplicado aos casos de crimes
praticados por psicopatas.
O objetivo principal deste trabalho é detectar os possíveis impactos jurídicos das
penas aplicadas aos portadores de psicopatia e analisar se a legislação penal pátria está
preparada para aplicação das penas adequadas para esse tipo diferenciado de criminoso.
A presente pesquisa demonstra-se oportuna, visto que a psicopatia é um tema de
ampla relevância para as ciências humanas e consequentemente jurídicas, pelo prisma de que
os crimes cometidos por agentes com transtorno de personalidade antissocial são crimes
bárbaros e que causam grande comoção social e repercussão midiática. Nesse diapasão, o
Direito vem se debruçando sobre o tema, visando encontrar meios para sanar os
questionamentos a respeito da psicopatia perante o Direito Penal.
Diante da problematizarão do tema, vários questionamentos são suscitados, como
a falta de segurança no diagnóstico, a ineficácia dos tratamentos existentes, índices elevados
de reincidências, crimes violentos e em série, assim como os arranjos usados para obtenção de
benefícios dentro dos sistemas prisionais brasileiros. Com todos esses fatores, agregados a
tantos outros que envolvem o tema, questiona-se de que forma a ciência penal brasileira está
enfrentando o fenômeno da psicopatia? Quais os parâmetros adotados para estabelecer a
existência ou não da imputabilidade do portador de psicopatia? Qual seria a alocação do
agente psicopata no sistema penal?
Com base nesses questionamentos, o presente trabalho aborda o tema do psicopata
perante o código penal brasileiro, com foco nos efeitos jurídicos em face dos crimes
cometidos por agentes psicopatas, limitando-se na análise da aplicação do sistema penal
brasileiro nos casos envolvendo esses agentes.
O sistema penal brasileiro vem demonstrando fragilidade das normas penais nos
casos de crimes cometidos por portador de psicopatia. Parte dos doutrinadores brasileiros
consideram o agente psicopata um inimputável, sob alegação de ser este um doente de ordem
14

psíquica, considerando ser está doença transtorno de personalidade antissocial. O


entendimento dessa parte da doutrina pátria é antagonista ao crescente consenso de que o
portador de psicopatia tem plenas condições mentais lógicas e cognitivas de diferenciar o
certo do errado, além das consequências dos atos ilícitos que praticam. A doutrina médica
psiquiatra aponta o agente portador de psicopatia como um criminoso contumaz que deseja
praticar atos ilícitos, não por doença mental, mas pelo prazer em transgredir as leis, pela
incapacidade de ter empatia e pela total falta de respeito pelo sentimento de outros, além de
sempre achar que sairá sempre impune, daí a razão pela qual sempre agem de forma
sistemática, habitual e reiterada. Dessa forma, observa-se que não se trata o agente psicopata
de um inimputável.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A PSICOPATIA SOB A PERSPECTIVA DA MEDICINA

A psicopatia é um fenômeno que intriga a ciência médica, tendo em vista que as


pesquisas científicas sobre o tema ainda são inconclusivos sob diversos aspectos. O tema
ainda não encontrou uniformidade dentro da ciência médica sobre a definição do que é ser
psicopata e suas causas, os métodos utilizados nos diagnósticos e possíveis tratamentos.
Segundo Ana Maria Beatriz Barbosa (2014, p.37), por falta de um consenso médico
definitivo, são diversas as nomenclaturas que se aplicam ao fenômeno, tais como: sociopatas,
personalidades antissociais, personalidades psicopáticas, personalidades dissociais, entre
outras. O termo psicopatia encontra divergência inclusive entre as instituições de pesquisas,
como a Associação de Pesquisa Americana (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION)
(DSM-V, p.645), que trata o tema como Transtorno de Personalidade Antissocial, por outro
lado, há a Organização Mundial da Saúde (CID-10), que descreve como Transtorno de
Personalidade Dissocial. Contudo, independentemente da nomenclatura apresentada, o
portador desse fenômeno é real, e suas ações trazem prejuízo para a segurança e ordem
pública, necessitando de estudos urgentes e conclusivos para o tratamento do tema.
Dessa forma, manifesta-se para a ciência jurídica a necessidade concreta de se chegar a uma
nomenclatura clara e objetiva, que expresse as reais características e definições adequadas do
portador de psicopatia, para que haja uma melhor aplicação dos conceitos jurídicos,
especificamente do Direito Penal.
15

2.2 O PSICOPATA
O termo psicopata em sua literalidade dá uma conotação de doença mental, de
uma patologia psíquica, devido à etimologia da palavra (do grego, psyche = mente; e pathos =
doença) (SILVA, A., 2014, p. 37). Entretanto, até a atualidade, os estudos realizados no
âmbito da ciência médica e psicológica não enquadram a psicopatia como uma doença
mental, atribuindo a ela uma das espécies de transtorno de personalidade. Segundo Maria
Ferreira Achá (2011), por mais que suas características sejam semelhantes ao (TPAS)
Transtorno de Personalidade Antissocial, no entanto, seria apenas um diagnóstico da
medicina, enquanto a palavra psicopata traz para ciência jurídica o meio de classificar esses
agentes que apresentam comportamentos de insensibilidade afetiva e condutas antissociais em
práticas criminais. O primeiro estudo sobre o tema psicopatia foi publicado pelo renomado
psiquiatra Hervey Cleckley, no livro The Mask of Sanity (A Máscara da Santidade), em
que o autor afirma que a psicopatia era um tipo de problema muito conhecido e, por outro
lado, era ignorado pela sociedade (Hare, 2013 p. 74).
No início do século XIX, o psiquiatra francês Philippe Pinel (1745-1826) foi um
dos primeiros médicos sobre o tema. Segundo ele, o psicopata sofria de “Mania de Delírio”,
atribuindo ao agente psicopata um comportamento de total e absoluta falta de remorso e
inteira falta de contenção, sendo o padrão distinto do mal comumente cometido por homens
comuns (Hare, 2013 p. 41).
Segundo Ana Beatriz Barbosa Silva (SILVIA, 2014, p.38), esses indivíduos não
são considerados loucos, não apresentam nenhum tipo de desorientação, tampouco
apresentam delírios ou alucinações. Continua a autora afirmando que os atos desses agentes
não advêm de uma mente adoecida, mas de um raciocínio lógico, frio e calculista, ainda
acrescidos da completa incapacidade de tratar outras pessoas como seres pensantes e com
sentimentos.
Segundo a Psicóloga, especialista em psicopatia, Dra. Mariana de Araújo Guedes
(Segredos da Mente, 2016, p. 5), diferentemente do que comumente se acredita, esse
transtorno de personalidade não gera perda do juízo da realidade. Assim, o psicopata não é um
“louco”, não sofre de alucinações e delírios como ocorre nos casos de esquizofrenia. Ainda
complementa a especialista que, ao contrário do esquizofrênico, o psicopata domina a
realidade em seu favor, nem tampouco há alternância de períodos com e sem sintomas, como
acontece nos casos de ansiedade e depressão.
Ocorre uma organização patológica da personalidade, decorrentes de falhas na
estruturação do caráter. Esse transtorno envolve tanto características
16

comportamentais desviantes quanto aspectos afetivos e nas relações. (SAEGREDOS


DA MENTE, 2016, p. 5).
Segundo Robert D. Hare (HARE, 2013, p. 41), a psicopatia é um conjunto de
elementos de traços da personalidade e de comportamento do indivíduo, enquanto o
transtorno de personalidade antissocial é o comportamento criminoso antissocial. Dessa
forma, haveria diferença entre ambos os conceitos, tendo em vista que a psicopatia não se
trata apenas de um comportamento antissocial, mas sim de uma conduta criminosa, com
extremo controle emocional, caracterizado pela completa ausência de remorso ou culpa.
A psicopatia é caracterizada pela completa ausência de empatia por outro ser humano. A
psicopatia pode ser classificada como “daltonismo moral”, conforme ensina o Professor da
Universidade de Direito Penal Autônoma de Madrid, Manuel Cancio Meliá:
... la psicopatía consiste en uma completa ausencia de empatía, lo que conduce al
psicópata a una disposición anormal que puede calificarse de “daltonismo moral”:
los psisicópatas presentan una completa ausencia de frenos inhibitorios respecto
dela realización de comportamientos socialmente desvalorados. (MELIÁ, 2013, p.
533).
De acordo com o pesquisador sobre psicopatia, Robert Hare,a definição de
psicopata é:
Os psicopatas são predadores sociais que conquistam, manipulam e abrem caminho
na vida cruelmente, deixando um longo rastro de corações partidos, expectativas
frustradas e carteiras vazias. Sem nenhuma consciência ou sentimento, tomam tudo
o que querem do modo mais egoísta, fazem o que têm vontade, violam as normas e
expectativas sociais sem a menor culpa ou arrependimento. (Hare, 2013, p. 10).
Assim, como um indivíduo portador de daltonismo tem o poder cognitivo de
aprender a distinguir as cores de um semáforo sem as enxergar de fato e assim respeitar a
sinalização de trânsito, o psicopata tem pleno domínio de suas emoções, dessa forma, aprende
a dialogar, a reproduzir expressões e gestos, manifestar sentimentos, sem que experimente
realmente tais sentimentos.
De acordo com Ana Beatriz Barbosa Silva, eles são indivíduos frios, calculistas,
inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio benefício.
Segundo a autora, os psicopatas podem ser encontrados em todos os lugares do mundo, são de
ambos os sexos, pertencem a todas as etnias, cultura, credo, em todos os níveis de classes
sociais e financeiras, sendo esses os principais responsáveis por crimes cruéis e violentos.
A psicopata enxerga o ser humano de forma desfigurada, como uma ferramenta
para beneficiá-lo ou proporciona-lhe prazer, de forma a ser usada e descartada sem qualquer
encargo de consciência. Essa seria a essência do psicopata, o não reconhecimento da
dignidade humana no outro ou até mesmo o não reconhecimento da natureza humana. (Costa,
2014, p. 14).
17

2.3 TIPOS DE PSICOPATIA
A melhor definição da psicopatia é a evidente ação voluntária de violação das
regras sociais e a prática de ações delituosas para satisfação própria, com a total ausência de
arrependimento ou sentimento de culpa. Assim, criou-se o mito urbano de que psicopata é
todo o indivíduo que mata com requintes de crueldades. Segundo Ana Beatriz Barbosa Silva
(Silva, 2014, p.43), os psicopatas podem ser: golpistas, estelionatários, traficantes,
empresários, políticos corruptos, assassinos cruéis, chamados de serial killer, com ações
sistemáticas e repetitivas.
Mas, a verdade é que nem todo agente psicopata mata. Como também, nem todo
aquele que mata é psicopata. Estudos psiquiátricos apontam a psicopatia em duas espécies
diferentes. Sendo essa classificação ordenada pelo grau de potencialidade criminosa de cada
espécie.
A primeira espécie são os psicopatas primários, são seres que não temem
castigos, repreensão ou desaprovação. Demonstram terem uma hábil capacidade de
dissimularem e controlarem seus instintos antissociais de forma a direcionarem suas condutas
ou de outrem para a concretização de sua vontade finalística.
A segunda espécie são os psicopatas secundários, são os indivíduos que possuem
um grau de psicopatia inferior à classe primária, pois são mais propensos a sentirem culpa.
Essa classe é a mais comum, tendo em vista que a possibilidade de matar é mais remota. Essas
pessoas conseguem responder aos seus freios morais, mas, não o suficiente para obstar a
prática de ações cruéis, maus-tratos ou delitos diversos, pois não conseguem resistir à
tentação.
Nesse sentido, os estudos da psicopatia apontam que esses indivíduos não se
submetem às leis ou não as enxergam como obstáculos para a concretização de seus desejos.
Por esse prisma, eles encaram a lei como uma simples barreira a ser ultrapassada.
São pessoas de comportamentos perigosos, não importando se são psicopatas
primários ou secundários, sempre irão apresentar comportamentos danosos ao convívio social,
o que pode mudar em relação ao grau de psicopatia apresentada são os modos operantes para
exercer as atividades criminosas.
Um exemplo claro são os crimes de roubo, desvio de recursos públicos, estupros,
extorsão, sequestro, tráfico de drogas, assassinatos, dentre outras formas de ações criminosas.
Assim, se pode observar que, em sua maioria, os psicopatas não comentem um só tipo de
atividade delituosa específica, mas, transitam pelas diversas modalidades de crimes, o que é
denominado por Robert D. Hare como versatilidade criminosa. (SILVA, 2014, p. 102-103)
18

Segundo Ana Beatriz Barbosa Silva (SILVA, 2014, p.104), os psicopatas não
saem para trabalhar, saem para caçar. Ela afirma que a grande maioria dos agentes psicopatas
utilizam suas atividades profissionais para conquistarem poder e controle sobre suas “presas”.
Complementa ainda a pesquisadora que essas ocupações os auxiliam em sua camuflagem
social. Essa camuflagem faz com que passem despercebidos no convívio social por parecerem
pessoas responsáveis em suas várias profissões. Nesse diapasão, pode-se usar como exemplos:
policiais que dirigem grupos criminosos, juízes que comentem os mesmos crimes que julgam;
banqueiros que disseminam boatos no mundo financeiro; líderes religiosos que abusam dos
fiéis financeiramente e, por vezes, sexualmente; políticos e chefes de Estado que utilizam o
poder a seu proveito, tendo em vista que a política propicia um poder de massa que serve
como ferramenta para que o psicopata faça a maior quantidade de vítimas possíveis.
Assim, o psicopata com o seu comportamento danoso à sociedade, pode cometer
delitos de pequena importância como contravenções penais ao crime mais perverso que é o
crime de corrupção, que resulta nas mortes de milhares de pessoas em virtude da falta das
verbas desviadas em proveito próprio.

2.4 TEORIAS SOBRE A PSICOPATIA


Segundo Manuel Cancio Meliá, a psicopatia não pertence ao núcleo duro de
doenças ou anomalias mentais que têm sido exaustivamente investigadas pelas pesquisas
médicas sobre esse fenômeno. Isso é claramente observado tendo-se em vista que a psicopatia
ainda não conseguiu entrar no cânon médico do DSM-V.
Segundo o pesquisador Robert D. Hare, existem pelo menos duas teorias que
buscam explicar o gênesis da psicopatia. A primeira teoria, chamada de Teoria Biológica,
preconiza que os fatores genéticos contribuem para que as bases do funcionamento biológico
do cérebro formem um padrão estrutural diferente da personalidade básica do ser humano,
assim, influenciando a forma de como esse indivíduo responde às experiências da vida social
e sentimental, modificando o seu modo de interação social e da tratativa igualitária com
outros seres humanos.
Para Hare (2013, p. 175), a Teoria Biológica afirma que, por fatores
desconhecidos, as estruturas do cérebro do psicopata amadurecem em ritmo diferente de um
ser humano normal. Essa característica específica do cérebro do psicopata sugere que a
psicopatia é basicamente um reflexo de um atraso no desenvolvimento cerebral desse
indivíduo.
19

Segundo a Dra. Cristiane Martin, neurologista e psiquiatra (SEGREDOS DA


MENTE, 2016, p. 13 e 14), o transtorno de personalidade psicótico pode ter origens em
anomalias da formação cerebral. De acordo com a especialista, as atividades cerebrais de
agentes que apresentam distúrbios psicopatas são reduzidas nas áreas responsáveis pelas
emoções, como é o caso do córtex pré-frontal, que é a estrutura cerebral que regula os
sentimentos de culpa e empatia, que são ausentes nos psicopatas. Já em relação à capacidade
cognitiva existe um aumento na região cerebral chamada de amígdala cerebral, também
conhecida como “coração cerebral”, que proporciona ao agente psicopata uma alta
capacidade de raciocínio. Destarte, os psicopatas tendem a serem mais racionais do que
emocionais.
A segunda teoria é a Teoria Ambiental e Social, essa teoria fundamenta-se no
fato de que a manifestação do fenômeno psicopático advém de resultado de traumas
psicológicos sofridos pelo agente. Esses abusos poderiam causar graves danos psicológicos
às pessoas que teriam maiores predisposição a agir de modo violento, mesmo ainda na
juventude.

2.5 MÉTODOS DE TRATAMENTOS


Os estúdios do fenômeno da psicopatia, Robert D. Hare, Hervey e Milton
Cleckley, criaram um questionário chamado de (Escala de Hare) para diagnosticar e
classificar os portadores desse transtorno de personalidade. A escala de Hare é um método
usado com base em um cheklist chamado (PCL-R) Pshychopathy Checklist Revised, que ainda
hoje é considerada a melhor ferramenta para o “diagnóstico” do transtorno psicopático. Em
diversos países, esse método é utilizado como meio de combate à violência, para medir a
periculosidade dos indivíduos.
O PCL-R é composto por 20 itens que buscam classificar o grau de “psicopatia”
do agente estudado em uma proporção de pontos com escala de 0 a 40. Essa ferramenta é
utilizada principalmente por psiquiatras e psicólogos forenses.
A graduação da escala tem 2 fatores de pontuação: 1º – é caracterizado pela
capacidade de utilização de métodos cruéis e grau de frieza nos crimes praticados pelo agente
estudado; 2º – caracterizado pela falta do autocontrole, ausência dos freios morais e prática de
atividade antissocial.
Os fatores de graduação são parâmetros para a distinção dos agentes portadores
de psicopatia. Os indivíduos que se enquadrem no fator primário são considerados psicopatas
instintivos, com predisposição natural a cometerem crimes cruéis. Já os de fatores secundários
20

são considerados com atitudes de menor frieza e que em “tese” reflete um pouco mais sobre
as consequências dos atos ilícitos praticados.
A pesquisadora Ana Beatriz Barbosa Silva ensina que os psicopatas são
indivíduos que não demonstram freios morais ou capacidade de demonstrar sofrimento
emocional, dessa forma, não seria possível tratamento de um sofrimento que não existe.
Assim, todas as técnicas de tratamentos com psicoterapias são ineficazes.
Segundo Hare, os tratamentos não demonstram eficácia:
Infelizmente, nada se agrega sobre o tratamento dessa condição, posto que até o
momento não foi demonstrada a eficácia de quaisquer das aventuras terapêuticas
empreendidas.(Hare, 2013, p. 9)
A psicopatia apresenta graus e formas diversas de manifestação. A manifestação
como transtorno de personalidade e não de simples alteração comportamental de forma
momentânea não tem cura. Entretanto, a convivência seria intransponível apenas nos casos
mais graves de psicopatia, chamados de psicopatas primários. (SILVA, A., 2014, p. 173)

2.6 A PSICOPATIA EM FACE DO SISTEMA PENAL


É importante destacar a importância do Direito Penal, enquanto Ciência, tendo
como objetivo a punição, prevenção e primordialmente a ressocialização de agentes
criminosos. Segundo Cleber Masson (Masson, 2014, p. 22), o Direito Penal Brasileiro é o
conjunto de princípios e leis destinados a combater o crime e a contravenção penal, mediante
a imposição de sanção penal. (WELZEL, 2009, p. 64). O pesquisador Hans Welzel declara
que o Direito Penal é fração do Direito que aplica os atributos do verbo da conduta criminosa,
convergindo às punições e à norma.
Segundo Miguel Reale (2002, p. 30-31), o Direito é uma Ciência Cultural, para
ele, o indivíduo no decorrer de sua vida adquire educação e conhecimentos, com o fim de
dominar e transformar o meio em que vive, interagindo com frenética dialética social. Dessa
forma, também é a Ciência Jurídica. O Direito, além de suas teorias e vestes dogmáticas, é
uma realidade cultural e histórica e em constante transformação, integrada pela dinâmica de
seus elementos, fato, valor e norma. (REALE, 2002, p. 336-337).
Dessa forma, a Ciência Jurídica embalada por suas teorias e com foco em seus
objetivos, integrada nas questões da dialética social, não poderia deixar de apreciar o
fenômeno da psicopatia, tema esse controverso na ciência médica, mas, que está intimamente
ligado à ciência jurídica, mais especificamente no âmbito penal.
Em 1941, estudos realizados por Harvey Milton Cleckley, estudioso do
fenômeno da psicopatia, tanto na Ciência Médica quanto na Ciência Jurídica, concluiu que
21

não havia diferenciação de tratamentos aplicados aos portadores de psicopatia para os demais
portadores de patologia mental. Desse modo, os agentes portadores de instabilidade moral e
características antissociais eram considerados como loucos. Assim, ora eram tratados como
inimputáveis por seus atos, ora eram caracterizados como criminosos. (Silva, 2014, p. 68).
A Ciência Médica ainda não conseguiu definir o conceito de psicopatia. Essa
definição é de extrema importância para o universo jurídico-penal, especialmente no que diz
respeito à classificação natural dos criminosos, assim como para o conceito de culpabilidade.
Segundo Fernando Capez (Capez, 2011, p. 325), a culpabilidade é a possibilidade
de considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Costuma ser definida
como juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou um fato
típico e ilícito.
É nesse sentido que surge a necessidade de desassociar a figura do psicopata de
um portador de doença mental. O portador de patologia mental enquadra-se na qualidade de
inimputável, pois sua patologia encontra-se elencada no Manual de Diagnóstico e
Estatística das Perturbações Mentais (DSM-V).
Um dos principais elementos da culpabilidade é a imputabilidade, esse requesito
é capaz de isentar a culpa, assim, se não há culpa, não haverá crime.
Os inimputáveis são aqueles indivíduos que são incapazes de compreender o
caráter ilícito dos seus atos, seja esse entendimento absoluto ou relativo. Assim, no momento
do cometimento do crime, esses não têm discernimento da gravidade ou potencialidade do
ato, por esse motivo não são penalizados pelos seus atos e ficam sujeitos somente a medidas
de segurança.
O artigo 26 do Código Penal Brasileiro prescreve:
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984)
Segundo Fernado Capez:
O direito penal não pode castigar um fato cometido por quem não reúna capacidade
mental suficiente para compreender o que faz ou de se determinar de acordo com
esse entendimento. Não pune os inimputáveis (Capez, 2011, p.44).
Assim, a inimputabilidade tem em sua estrutura três elementos causais: doença
mental, desenvolvimento mental incompleto e retardado; e ainda por elementos
consequenciais como: incapacidade de discernir o caráter ilícito dos atos cometidos ou de
determinar-se com esse entendimento.
Segundo o pesquisador Marco Antonio R. Nahum:
22

É pacífico entendimento criminológico que a prática de um crime resulta da soma da


situação global de um indivíduo, com suas tendências criminais, em contraposição
às resistências mentais e emocionais que possui. Vencidas estas resistências por
fatores desencadeantes, haverá a prática do delito.(Nahum, 2010)
Segundo o entendimento de Marco Antonio R. Nahum, o crime é o resultado de
fatores externos aplicados a fatores psicológicos da construção da personalidade. Assim, o
indivíduo que possui o fator psicológico e social sadio manifesta um freio de contenção, de
forma a não praticar o crime. Ao contrário, se os meios contensores forem fracos ou nulos, o
indivíduo terá grande probabilidade de cometê-lo.
Assim, observa-se que a imputabilidade se enquadra a indivíduos que não
possuem meios psicológicos de contensão. Por esse prisma, tal característica não se aplica a
indivíduos psicopatas.Segundo o entendimento de Ana Beatriz Barbosa Silva, esses
indivíduos são incapazes de estabelecer vínculo de culpa ou remorso e, por vezes, revelam-se
agressivos e violentos. Robert D. Hare os classificam como “predadores sociais”. E Cancio
Meliá os identificam como “daltônicos morais”.
Dessa forma, o conceito de psicopata alude que se tratam de indivíduos que
possuem completo discernimento de seus atos ilícitos e plena capacidade de controlar seus
impulsos e emoções.
Diante de todos esses elementos, apresenta-se ao sistema jurídico e penal a
condição de elementos de culpabilidade para crimes cometidos por esses indivíduos.
Entretanto, surge a indagação: se frente ao agente psicopata, as normas penais e o sistema
penal brasileiro estão preparados para propiciar a pena e o condicionamento adequado a esse
agente?
O sistema prisional brasileiro, na atualidade, vem inserindo o agente psicopata no
mesmo sistema carcerário dos presos comuns, tal procedimento causa grande danos ao
sistema, tendo em vista que esses agentes são extremamente danosos aos outros indivíduos.
Segundo Robert D. Hare (2013, p. 65), os presos psicopatas são mestres na
dissimulação e aprendem a enganar as instituições penais em proveito próprio, criam de si
mesmo uma imagem positiva, apresentado-se para outros detentos e para a direção dessas
instituições como presos exemplares. Manuel de Juan Espinosa (2013, p. 580) explica que
por esses motivos ele tem 2,5 vezes maior probabilidade em relação aos demais detentos de
serem postos em liberdade.
No Brasil, o adjetivo psicopata vem sendo usado como meio de justificar uma
doença mental e assim aplicar a substituição de pena a criminosos violentos por medida de
segurança, sob a justificativa da imputabilidade do psicopata (Milhomem, 2011).
23

De acordo com Manuel Cancio Meliá (2013, p. 533), o fenômeno psicopata é uma
questão antropológica, pois pode ser detectado em todas as épocas em uma proporção da
população masculina na média de 0,5% a 1,5%. Esse fenômeno é constatado quase que
predominantemente no sexo masculino.
Esses dados são complementados pela Psiquiatra Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva
(2014, p. 54), que segundo a classificação da DSM-IV-TR, o Transtorno da Personalidade
Antissocial é de cerca de 3% em homens e 1% em mulheres.
Segundo Manuel Cancio Meliá (2013, p. 533), no meio do sistema prisional, a
proporção é de que 15% a 25% da população carcerária sejam composta de agentes
psicopatas.
Dessa forma, é inegável a existência do problema assim como a sua
complexidade. Há a necessidade de um olhar mais aprofundado do problema pela Ciência
Penal, assim como políticas criminais adequadas ao enfrentamento do tema, como a alocação
desses agentes em locais com estruturas adequadas, com cuidados diferenciados e favoráveis
para a punição desses criminosos.
Segundo o marquês de Beccaria, Cesare Bonesana:
É melhor prevenir os crimes do que ter de puni-los; e todo legislador sábio deve
procurar antes impedir o mal do que repará-lo, pois uma boa legislação não é senão
a arte de proporcionar aos homens o maior bem-estar possível e preservá-los de
todos os sofrimentos que se lhes possam causar, segundo o cálculo dos bens e dos
males desta vida. (Cesare Beccaria, 1999, p. 125)
Diante do exposto, dentre outros fatores, observa-se que o modo como o sistema
penal brasileiro tem tratado esses agentes psicopatas não se mostra o mais adequado. Assim,
faz-se necessária uma definição jurídica quanto ao fenômeno da psicopatia.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 TIPO DE PESQUISA

3.1.1. Quanto aos objetivos


De acordo com Gil (2002, p. 41), a pesquisa pode ser classificada como uma
pesquisa exploratória, pois esta terá como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito na forma de pesquisa bibliográfica.

3.1.2. Quanto ao tipo de pesquisa


Segundo Gil (2002, p. 43), a pesquisa, quanto aos seus procedimentos técnicos,
pode ser classificada como bibliográfica, visto que será desenvolvida com base em material já
24

elaborado, ou seja, dados secundários, constituídos, principalmente, de livros e


jurisprudências.

3.1.3 Classificação quanto à natureza da pesquisa


Qualitativa, pois a interpretação dos fenômenos é uma análise de atribuição de
significados.

3.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos:


Pesquisa Bibliográfica: desenvolvida com base em material já elaborado.

3.1.5 Classificação quanto à escolha do objeto de estudo:


Para Garcia (1998, p.44), o método representa um procedimento racional e
ordenado (forma de pensar), constituído por instrumentos básicos, que implica utilizar a
reflexão para proceder ao longo do caminho (significado etimológico de método) e alcançar
os objetivos preestabelecidos no planejamento da pesquisa (projeto). Conforme Lakatos e
Marconi (1995, p. 106), os métodos podem ser subdivididos em métodos de abordagem e
métodos de procedimentos.

3.1.6 Classificação quanto à técnica de coleta de dados


A pesquisa bibliográfica tem como fonte coleta dados secundários.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS


De maneira geral, pode-se concluir que existem diversas definições de transtorno
antissocial, que são denominadas neste estudo de psicopatia, levando em conta o dissenso da
Ciência médica em encontrar a correta definição para esse agente delituoso.
Os métodos utilizados por psicopatas são os mais diversos possíveis, desde o
crime mais simples ao mais complexo e com maior número possíveis de vítimas. Assim,
pode-se aferir que os métodos por eles utilizados para a prática de crimes fazem frente às
ferramentas disponíveis. Tudo isso, por meio da ação consciente, eles criam estratégia para o
cometimento dos crimes de forma articulada e prática, e para isso utilizam as ferramentas que
estão ao seu alcance, como a sedução, oratória, força, poder, entre outros meios ardilosos.
Dessemodo, cometem crimes que variam de pequenos golpes, passando por estupros e
assassinatos em série, chegando à forma mais danosa que é a morte de milhares pelo uso da
política.
Do prisma teórico, levando em consideração as referências bibliográficas descritas
ao longo deste artigo, podem-se aferir três problemáticas fundamentais nas pesquisas
25

demandadas sobre o psicopata: a primeira faz referência à ausência formal do conceito


médico-jurídico de quem é psicopata; a segunda trata sobre os dois tipos de psicopatia
existentes – primários e secundários; e a terceira sobre a classificação de culpabilidade do
crime cometido pelo psicopata no sistema criminal brasileiro.
No que tange ao conceito de psicopatia, não há consenso entre os estudiosos da
Ciência Médica para a conceituação formal do transtorno, tendo em vista que a abordagem da
classificação que deveria ser centrada em um gama de critérios que definem a psicopatia
como doença ou transtorno não está elencado no rol do DSM-V e do CID-10, que deveriam
atribuir os requisitos clínicos para os psicopatas, tratando assim o comportamento típico de
agente psicopata com transtorno antissocial e dissocial.
Segundo o DSM-V a definição de transtorno antissocial é:
A característica essencial do transtorno da personalidade antissocial é um
padrão difuso de indiferença e violação dos direitos dos outros, o qual surge
na infância ou no início da adolescência e continua na vida adulta. Esse
padrão também já foi referido como psicopatia, sociopatia ou transtorno da
personalidade dissocial. Visto que falsidade e manipulação são aspectos
centrais do transtorno da personalidade antissocial, pode ser especialmente
útil integrar informações adquiridas por meio de avaliações clínicas
sistemáticas e informações coletadas de outras fontes colaterais.(DSM-V,
p.645)
Já o CID – 10 descreve o transtorno dissocial como:
Transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações
sociais, falta de empatia para com os outros. Há um desvio considerável
entre o comportamento e as normas sociais estabelecidas. O comportamento
não é facilmente modificado pelas experiências adversas, inclusive pelas
punições. Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo limiar de
descarga da agressividade, inclusive da violência. Existe uma tendência a
culpar os outros ou a fornecer racionalizações plausíveis para explicar um
comportamento que leva o sujeito a entrar em conflito com a sociedade.
Personalidade (transtorno da): amoral, antissocial, associal, psicopática,
sociopática.
Essa definição é de extrema importância para o universo jurídico-penal,
especialmente no que diz respeito à classificação natural dos criminosos, assim como para o
conceito de culpabilidade.
A análise dos estudos da psicopatia nas últimas décadas vem trazendo grandes
avanços científicos, causando impactos relevantes no que concerne às investigações da
psicopatia; capitaneada por Robert D. Hare (1991), que analisou o fenômeno da psicopatia em
diferentes contextos forenses e clínicos, abrangendo realidades diferentes.
Essa pluralidade de pesquisas trouxe a lume os indicadores que melhor definem o
transtorno de personalidade, assim, possibilitando relacionar os indicadores de personalidade
26

antissocial e dissocial com a figura do psicopata, em seus aspectos conceituais e empíricos.


Isso torna possível traçar pelo menos em “teste” um perfil psicopático para referenciar
possíveis crimes cometidos por esses agentes. Robert D. Hare Hervey e Milton CLeckley
criaram um questionário chamado de (Escala de Hare) para diagnosticar e classificar os
portadores desse transtorno de personalidade.
Tal classificação atribui duas categorias de psicopatia – primário e secundário.
Sendo o primeiro o mais danoso, pois não possui freios morais. Assim, são capazes de
cometerem crimes cruéis sem que tenham o menor sentimento de culpa ou arrependimento.
Segundo Manuel Cancio Meliá, os psicopatas são “daltônicos morais” por não terem empatia
ou qualquer sentimento pelo ser humano, mas com pleno domínio de suas emoções, dessa
forma, aprende a dialogar, a reproduzir expressões e gestos, manifestar sentimentos, sem que
experimente realmente tais sentimentos.
A segunda categoria é considerada pela Psiquiatra Ana Beatriz Barboza Silva,
como sendo a menos danosa, que compreende os agentes que possuem o mínimo de freio
moral e são responsáveis por pequenos delitos, mas de forma sistemática e repetitiva.
Entretanto, mesmo sendo em grau inferior podem se tornar tão perigosos como a primeira
classe.
Para Hare (Hare, 2013, p. 9), a psicopatia não é uma doença, e por essa condição,
evidentemente, não existe cura, para ele, as tentativas terapêuticas para encontrar um melhor
método de tratamento foram ineficazes.
Para a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, os psicopatas são indivíduos que não
demonstram freios morais ou capacidade de demonstrar sofrimento emocional, dessa forma
não seria possível tratamento de um sofrimento que não existe.
Assim, afere-se que a ausência de tratamento dá-se devido à falta absoluta de
patologia, assim, não se pode afirmar que o psicopata é um doente mental. Tal análise é
fundamental na seara criminal, tendo em vista a classificação de culpabilidade e
imputabilidade do agente psicopata.
Para Fernado Capez (Capez, 2011, p.44), o direito penal não se aplica aos
portadores de doença mental, tendo em vista que esses não podem determinar o caráter ilícito
dos seus atos.
O artigo 26 Código Penal Brasileiro isenta de pena o agente que apresentar doença
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, por não entender o caráter ilícito
dos atos praticados.
27

Desse modo, o conceito de psicopata alude que se trata de indivíduos que


possuem completo discernimento de seus atos ilícitos e com plena capacidade de controlar
seus impulsos e emoções, assim sendo, no momento da prática dos atos ilícitos, como
contravenções penais e crimes, ele possui plena consciência dos seus atos.
Assim, vale relembrar o conceito de crime no aspecto analítico ensinado por
Fenando Capez (CAPEZ, 2014, p. 134): é aquele que busca, sob um prisma jurídico,
estabelecer os elementos estruturais do crime. Quais sejam: fato tipo, ilícito e culpável. Por
essa ótica, só será possível determinar um crime se ele for composto pelos três requisitos
deste. Fernado Capez conceitua o fato típico como fato material que se amolda perfeitamente
aos elementos constantes do modelo previsto na lei penal, que são: conduta, resultado, nexo
causal e tipicidade.
A conduta no entendimento de Fernando Capez é:
a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigidaa uma
finalidade. Os seres humanos são entes dotados de razão e vontade. A mente
processa uma série de captações sensoriais, transformadas em desejos.
(CAPEZ, 2014, p. 136 e 137)
Destarte, se a conduta é uma ação ou omissão humana, consciente e voluntária, a
ação praticada por pessoa doente mental é considerada inconsciente e involuntária, não se
adequando a essa definição, assim o doente mental seria considerado inimputável na sua
conduta.
Sendo desse modo, fica a pergunta que precisa ser respondida pela ciência médica
e aplicada na ciência jurídica: o psicopata por não se encaixar no rol de doenças mentais do
DSM-V e do CID – 10, e por ter pleno gozo de suas funções cognitivas é considerado
imputável?
De acordo com Manuel Cancio Meliá (2013, p. 533), o fenômeno psicopata é
uma questão antropológica, pois pode ser detectada em todas as épocas em uma proporção da
população masculina na média de 0,5% a 1,5%. Esse fenômeno é constatado quase que
predominantemente no sexo masculino.
Esses dados são complementados pela Psiquiatra Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva
(2014, p. 54), que segundo a classificação da DSM-IV-TR, o transtorno da personalidade
antissocial é de cerca de 3% em homens e 1% em mulheres, sendo esses dados de amostras
retiradas do convívio comunitário. Essas taxas têm maiores prevalências associadas aos
contextos forenses e penitenciários. Desse percentual, a minoria é composta pelos psicopatas
classificados como primários, o tipo mais grave do transtorno, ou seja, aqueles capazes de
28

crimes cruéis e violentos, cujo índice de reincidência delituoso é elevado. (SILVA, 2014,p.
56)
O índice pode parecer pequeno, a princípio 4% da população. À primeira vista
parece ser ínfimo, mas em uma cidade como Fortaleza (Ceará), que segundo dados do IBGE,
em 2018, tinha uma população estimada em 2.643.247milhões de habitantes, assim a cada
cem pessoas, quatro delas estão praticando atos reprováveis ou criminosos, em graus
variáveis de periculosidade. E por média estimativa, existiria em Fortaleza cerca de 105.730
pessoas com transtorno antissocial, ou seja, psicopatas.
Nesse sentido, é de extrema importância o aprofundamento dos estudos sobre o
fenômeno da psicopatia, sobre como conhecer suas características, meios de intervenção e
aplicação penal. Assim, talvez possibilite a diminuição das reincidências criminais, pois esses
agentes por serem criminosos sistemáticos e contumazes, reincidem mais do que os
criminosos comuns.
É importante conhecer as características da psicopatia para intervir nesse tipo de
população, encontrada, em maior número, nas instituições prisionais. Dessa forma, talvez seja
possível diminuir as reincidências criminais, pois já está comprovado que indivíduos
diagnosticados como psicopatas têm maiores chances de reincidir em crimes, em relação aos
que não possuem o diagnóstico desse transtorno de personalidade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A psicopatia vem sendo um mistério a ser desvendado pela ciência médica quanto
à causa e ao tratamento. As inúmeras pesquisas sobre o assunto vêm aumentando o
conhecimento da ciência sobre o tema, mesmo assim, tais informações ainda são insuficientes
para pelos menos caracterizá-la com doença mental.
A Ciência Médica entra em divergência sobre a conceituação provisória da
psicopatia como doença mental. Esse antagonismo é atribuído à dificuldade de atestar o limite
patológico ou normal do portador de psicopatia.
Na Ciência Jurídica, existem diferentes entendimentos sobre o tema controvertido,
alguns entendem que o psicopata é um doente mental, portanto, inimputável, sendo passível
apenas de mandado de segurança. Tal tese é constantemente suscitada por advogados de
defesa. Outros atribuem que são transtornos de ordem patológica mental temporária, como um
surto psicótico, assim sendo, aplicável a semi-imputabilidade; e, por derradeiro, há aqueles
que entendem que a psicopatia não é uma doença mental, mas um traço falho de
29

personalidade, descartando a possibilidade de uma enfermidade e atribuindo a esse agente a


imputabilidade.
O Código Penal Brasileiro não faz referência ao psicopata, mas a doutrina pátria
atribui à psicopatia causa de semi-imputabilidade, atribuindo a ela o status de transtorno de
ordem psíquica ou mental.
Nesse sentido, os delitos cometidos por agentes psicopatas são considerados
crimes imputáveis, dessa forma, são tratados como presos comuns, não tendo diferenciação
para os outros criminosos. Entretanto, o índice de reincidência dos portadores de psicopatia é
superior aos demais, tendo em vista o caráter sistemático e contumaz que esses comentem
seus crimes, que são característicos do transtorno antissocial. Nesse diapasão, observa-se a
necessidade da adequação das normas penais e do sistema penitenciário brasileiro na tratativa
desses agentes.
Desse modo, mostra-se necessário a realização de exames forenses criminológicos
no processo penal, quando o criminoso for suspeito do transtorno de personalidade antissocial
– psicopata. Pode-se, assim, ser aplicado o teste desenvolvido por Hare, o PCL-R, por
profissionais qualificados, psicólogos e psiquiatras forenses.
Com a média de 4% da população com transtorno de psicopatia, o sistema penal
brasileiro não se mostra adequado para apenar esses agentes de forma definitiva, em virtude
de vedação constitucional, tendo em vista que esses sempre reincidem.
Nesse sentido, não se visualiza um fim para essa discussão. Não se tem uma
definição da ação correta a se tomar nos casos de crimes cometidos por psicopatas, ficando a
cargo dos magistrados, que por sua vez se vêm perdidos sem saber como proceder, por não ter
referências médicas sobre o assunto, que assim influenciam na ordem jurídica.
Por fim, o tema necessita de mais estudos para melhor conhecer suas formas de
manifestações, causas e possíveis tratamentos; com o intuito de uma melhor aplicação da
pena, como para o desenvolvimento de políticas públicas para minimizar a incidência do
transtorno de personalidade antissocial – psicopata.

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