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CURSO DE DIREITO
OURINHOS – SP
2018
TAINÁ RAMOS DOS SANTOS
OURINHOS – SP
2018
Dedico esse trabalho a minha família, que
me apoiou ao longo desse percurso, e a
Deus, que sempre iluminou meu caminho.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Silvana e Norberto, que não mediram esforços para que eu
chegasse até aqui, sempre me apoiando em minhas decisões.
(Schopenhauer)
A PSICOPATIA NO DIREITO PENAL BRASILEIRO
RESUMO
This paper aims the analisys of an issue that causes a lot of conflict in the legal
field, being psicopathy a topic that remains unsolved in Criminal Law. Starting with the
theory of the crime, a study was hold with each one of its elements, with special
attention regarding culpability. There of, the psicopathy profile was analysed according
to legal order, noting that, there are a lot of controversies about its responsability.
Subsequently, the psicopath’s characteristics was approached, showing how they
behave in society. Finally, a study concerning penalties and security measures was
hold, and will show how they apply to those individuals. However, this paper’s
proposition is to demonstrate the importance of the creation of rules which normalize
this subject, aiming to decrease of recidivism of psicopaths.
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................8
2. TEORIA DO CRIME.......................................................................................9
3. O PSICOPATA.............................................................................................15
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................25
REFERÊNCIAS...............................................................................................27
8
1. INTRODUÇÃO
Assim sendo, o presente artigo tem como objetivo analisar a punição dada pelo
Direito Penal aos criminosos portadores de psicopatia, e, desta maneira, demonstrar
que as medidas atualmente aplicadas são ineficazes.
2. TEORIA DO CRIME
2
COELHO, Walter. Teoria Geral do Crime, Volume 1. 2ª edição. Porto Alegre. Revista, 1998, p. 21.
10
Ou seja, para que o sujeito possa ser considerado culpado, deve-se analisar se
no momento do crime, ele tinha possibilidade de saber que era uma conduta ilícita.
O erro de proibição é diferente do erro de tipo, pois no erro de tipo o sujeito tem
uma visão alterada da realidade, fazendo uma interpretação errada da realidade, e
não da norma. O erro de tipo está previsto no Código Penal em seu artigo 20: “O erro
sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
por crime culposo, se previsto em lei.”
3
PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal brasileiro: parte geral arts. 1° ao 120. 10. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2008, p. 379.
11
Por sua vez, o erro de proibição está previsto no artigo 21 do Código Penal. “O
desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável,
isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.”
4 Ibid., p. 391
12
Art. 28. § 1°. É isento de pena o agente que, por embriaguez completa,
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Art. 26. § Ún. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em
virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
5
SÃO PAULO, Tribunal de Justiça, apud ALVES, Jhessica Emanuelle Rocha. A ineficácia da polícia
criminal frente aos crimes cometidos por psicopatas: aporias e perspectivas na atual polícia criminal. p.
36 Disponível em: http://www.ri.unir.br/jspui/bitstream/123456789/736/1/Editado%207%20-
%20Revis%C3%A3o%20p%C3%B3s%20banca.pdf
6
Ibid.
14
Com esse projeto, pode-se observar a necessidade de uma lei que reja sobre
o réu portador de psicopatia, visto que no ordenamento jurídico atual não existe
nenhuma norma que trate especificamente sobre o assunto.
3. O PSICOPATA
7
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. O psicopata mora ao lado. 1ª edição, Saraiva, 2014, p. 32
16
Em 1991, Robert Hare criou um teste que possui a função de medir o grau de
psicopatia através de uma pontuação. Essa pontuação é feita por 2 fatores: O primeiro
é caracterizado pela frieza, falsidade, métodos cruéis, falta de remorso; e o segundo
por atividades antissociais, relutância no autocontrole, nos métodos utilizados nos
crimes. Esse teste ficou conhecido como “Escala Hare”, ou “PCL-R (Psychopathy
Checklist Revised)”, sendo traduzido no Brasil em 2000, mas não é utilizado.
Ainda não foi encontrada uma cura para a psicopatia, não existem remédios
que possam trazer sentimentos ao ser humano. Sendo assim, o único método utilizado
é terapia, a qual não cura o indivíduo, mas ajuda a controlar seus impulsos.
8 DSM-IV-TR, apud, BATISTA, Talita. Psicopatia no sistema prisional brasileiro. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/59236/psicopatia-no-sistema-prisional-brasileiro
17
Existem vários níveis de psicopatia, que vão do mais leve ao mais grave.
Segundo Robert Hare:
Sendo assim, ao contrário de que muitas pessoas pensam, nem todo psicopata
é homicida, mas grande parte dos homicidas são psicopatas. Isso acontece devido a
diversos fatores, entre os mais relevantes estão a falta de empatia e uma infância
conturbada. Para Schechter (2013, pg 255)
9
HARE, Robert. Psicopatas no divã. 2106 ed. Veja. São Paulo. 01 abr. 2009, p. 20.
18
Para parecer uma pessoa normal e misturar-se aos outros seres humanos, o
serial killer desenvolve uma personalidade para contato, ou seja, um fino
verniz de personalidade completamente dissociado do seu comportamento
violento e criminoso.10
Não há nenhum dispositivo legal que trate sobre psicopatas homicidas, nem
psicopatas homicidas em série, todavia, Casoy, os classificou em quatro:
10
CASOY, Ilana. SERIAL KILLER – Louco ou cruel?. Madras Editora. 2004. p. 20
11
Ibid., p. 13
19
Seguindo esse pensamento, Ana Beatriz Barbosa Silva (2008, pg. 128) relata:
Isso ocorre pois o psicopata é incapaz de enxergar a pena como punição, uma
vez que ele não sente culpa e remorso. Outro fator que colabora com a reincidência
desses indivíduos é que raramente ocorre a aplicação de algum teste para identificar
a psicopatia.
Como os psicopatas homicidas são assassinos frios e cruéis, são os que mais
causam repercussão, entre eles podemos citar Francisco de Assis Pereira (maníaco
do parque), Suzane Von Richthofen e Pedro Rodrigues Filho (Pedrinho matador).
20
Retomando o que foi citado por Schechter, que grande parte dos psicopatas
sofreu algum tipo de abuso na infância, pode-se usar Francisco como exemplo. Ele
citou que foi molestado sexualmente na infância, mais precisamente quando tinha 7
anos, por uma tia, irmã de sua mãe, e que devido a isso passou a ter uma fixação em
seios. Comentou que posteriormente teve relações forçadas com um ex patrão, e
assim passou a ter interesse por relações homossexuais. Ainda falou de uma relação
com uma gótica, que quase arrancou seu pênis com uma mordida.
12
Preso há 20 anos em SP, Maníaco do Parque deve ser solto em 2028. Disponível em:
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2018/08/26/preso-ha-20-anos-em-sp-maniaco-do-parque-
deve-ser-solto-em-2028.ghtml
21
Suzane Louise Von Richthofen ficou nacionalmente conhecida em 2002 por ter
assassinado seus pais, com o auxílio de seu namorado e irmão. Trata-se de um
popular caso de psicopata homicida que não é em série.
Foi um caso chocante para o país, pois Suzane liderou e planejou o assassinato
dos próprios pais durante meses. Trata-se também de um clássico exemplo de
psicopata, ela cometeu o crime friamente e não apresentou nenhum remorso. No dia
seguinte ao crime, foi encontrada pelos investigadores na piscina, sem apresentar
nenhuma tristeza ou sentimento em relação ao assassinato dos pais.
Com esse caso, percebe-se que nem sempre o psicopata passa por abusos na
infância, e nem todo psicopata homicida é um serial killer. Suzane é uma garota rica,
e nunca existiram relatos de que ela teve uma infância conturbada. Isso mostra que a
psicopatia pode afetar qualquer sexo, classe econômica e raça.
13
VEJA. 25 de abril de 2018. Ed. nº 2579. Disponível em: https://veja.abril.com.br/revista-veja/a-um-
passo-da-liberdade/
22
Foi relatado que seu pai agrediu sua mãe a chutes quando ela ainda estava
grávida, o que causou ferimentos no crânio de Pedrinho. Sendo assim, é notável que
sua infância foi repleta de violência. Com o assassinato de sua mãe, pelo próprio pai,
Pedrinho assassinou o mesmo de maneira cruel, com apenas 15 anos. Juntando
esses dois fatores, formou-se um dos maiores psicopatas do país.
Pena é uma sanção aplicada pelo Estado como forma de punição ou prevenção
para o agente que comete um ato ilícito. No Direito Penal, existe um princípio,
chamado Princípio da Proporcionalidade, em suma, significa que o Estado não pode
punir o agente de maneira excessiva. Ou seja, a sanção deve ser sempre proporcional
à gravidade da conduta do agente.
Para analisar a função e finalidade das penas, a doutrina recorre a três teorias:
absoluta, relativa e unificadora (ou mista).
23
Por sua vez, a teoria relativa, ou preventiva, tem como objetivo a prevenção de
novos delitos, serve para o que a gente não volte a delinquir.
I - prestação pecuniária;
O sistema adotado pelo Código de 1940 era o Sistema Binário, que consistia
no conjunto da medida de segurança com a pena privativa de liberdade. Desta
24
Desta maneira, mais uma vez ressalta-se a necessidade de uma norma que
trate sobre o assunto, pois é psicopatia é um distúrbio muito sério e complexo, e esses
indivíduos, quando criminosos, são um risco para a sociedade e precisam de cuidados
que o atual ordenamento jurídico não dispõe.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificou-se pelo presente trabalho que existe uma lacuna no direito penal no
que diz respeito aos criminosos psicopatas, visto que a legislação brasileira nada fala
sobre esses indivíduos, mostrando que o sistema penal brasileiro é falho no que tange
a recuperação dos portadores de psicopatia.
REFERÊNCIAS
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Geral. v. 1. 14ª ed. São Paulo.
Saraiva. 2010.
CASOY, Ilana. Serial Killer – Louco ou Cruel?. 6ª ed. São Paulo. Madras. 2004
COELHO, Walter. Teoria Geral do Crime. v. 1. 2ª ed. Porto Alegre. Revista. 1998.
G1. Preso há 20 anos em SP, Maníaco do Parque deve ser solto em 2028.
Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2018/08/26/preso-ha-20-
28
anos-em-sp-maniaco-do-parque-deve-ser-solto-em-2028.ghtml> Acesso em
25/09/2018
HARE, Robert. Psicopatas no divã. 2106 ed. Veja. São Paulo. 01 abr. 2009.
PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal brasileiro: parte geral arts. 1° ao 120.
10ª ed. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2008.