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CRIMINOLOGIA
Organizado por CP Iuris
ISBN 978-85-5805-010-4
CRIMINOLOGIA
1
Professor: Rodolfo Laterza
1
Delegado da Polícia Civil do ES. Mestre em Segurança Pública pela UVV. Coordenador do Curso Avançado de
Combate às Organizações Criminosas e à Corrupção, ministrado em 11 Estados. Especialista em Direito Penal,
Processo Penal e em Políticas e Gestão em Segurança Pública. Docente em Ensino Policial pelo Instituto de
Segurança Pública. Foi Professor de cursos de Graduação e Pós-Graduação e da Academia da Polícia Civil do ES.
Presidente da Fed. Nac. dos Delegados de Polícia Civil – FENDEPOL, do Sind. dos Delegados de Polícia do Espírito
Santo - SINDEPES e da ADEPOL-ES. Coautor e revisor do livro “Manual do Delegado: Teoria e Prática" - Editora
Forense. Coautor do livro “Temas Atuais de Polícia Judiciária". Instagram: rodolfolaterza
Sumário
CRIMINOLOGIA ............................................................................................................................6
Conceito .......................................................................................................................................6
Teorias Biológicas .........................................................................................................................9
Teorias Psicológicas ....................................................................................................................10
Teorias sociológicas ...................................................................................................................11
Criminologia Ambiental: quando o ambiente influencia o crime ...............................................12
Foco no Meio Ambiente .............................................................................................................12
Mapeamento de Crimes .............................................................................................................13
Identificação de Padrões ............................................................................................................13
Questão Aplicada _____________________________ .........................................................14
Teoria Da Tensão: A Pressão Da Sociedade Para Vencer E A Tensão Decorrente Do Fracasso ..15
Questão Aplicada _____________________________ .........................................................17
O Terrorismo à luz do pensamento criminológico contemporâneo ...........................................17
Questão Aplicada _____________________________ ........................................................20
Teoria da Atividade Rotineira: as oportunidades criadas para o crime a partir de situações
específicas ..................................................................................................................................21
Questão Aplicada _____________________________ ............................................................24
Teoria da Associação Diferencial: Edwin Sutherland e o Poder das influências sociais e do
processo de aprendizagem ........................................................................................................25
Questão Aplicada _____________________________ ........................................................26
Controle Social Formal: regras e mecanismos de orientação do comportamento em uma
sociedade ...................................................................................................................................26
Questão Aplicada ........................................................................Erro! Indicador não definido.
Teoria da Escolha Racional: quando o criminoso é visto como alguém que age pensando em si
e em prol de atingir seus objetivos plenos .................................................................................28
A abordagem da criminologia para o crime estatal ....................................................................32
Questão Aplicada ...................................................................................................................33
A síntese da prevenção criminal para a criminologia .................................................................34
Questão Aplicada ...................................................................................................................35
O tipo ideal genético do positivismo criminológico ...................................................................35
Questão Aplicada ...................................................................................................................36
A correlação entre fatores biológicos e ambientais com o crime: a criminologia biossocial ......37
Introdução ..................................................................................................................................37
Ambiente....................................................................................................................................37
Genética .....................................................................................................................................38
Neurofisiologia ...........................................................................................................................38
Psicologia evolutiva ....................................................................................................................38
Aplicações concretas e críticas ...................................................................................................39
Questão Aplicada ...................................................................................................................40
Marxismo e Criminologia: o crime como expressão da luta de classes ......................................41
Questão Aplicada ...................................................................................................................44
O fenômeno da “cifra negra” .....................................................................................................45
Questão Aplicada ...................................................................................................................46
A expressão “cifra negra” ou oculta, refere-se: ...................................................................46
A Escola de Chigago (parte 1): ecologia social e o ambiente como relevâncias conceituais ......47
Histórico .....................................................................................................................................47
Características principais ............................................................................................................47
Críticas e Legado ........................................................................................................................50
Questão Aplicada ...................................................................................................................51
Escola de Chicago (parte 2): principais abordagens teóricas ......................................................52
Questão Aplicada ...................................................................................................................55
A Teoria da não-subordinação como reação à violência de gênero ...........................................56
Questão Aplicada ...................................................................................................................59
Skinheads, Satanistas, Hoolingans: as subculturas de delinquência ..........................................59
Principais estudos teóricos das subculturas ...............................................................................60
Questão Aplicada ...................................................................................................................62
O polêmico movimento ‘law and order” ....................................................................................62
Questão Aplicada ...................................................................................................................65
O crime como desobediência a uma decisão política da elite: a teoria do conflito....................66
Tipos de Teoria do Conflito ........................................................................................................66
Significado ..................................................................................................................................67
História .......................................................................................................................................67
Função ........................................................................................................................................67
Efeitos ........................................................................................................................................68
Questão Aplicada ...................................................................................................................68
Lombroso e sua tipologia de criminosos ....................................................................................69
Tipologia de criminosos na definição de Lomboso .....................................................................70
Questão Aplicada ...................................................................................................................70
Garofalo e seus conceitos de “mala in se” e “mala prohibita” ...................................................71
Questão Aplicada ...................................................................................................................72
A TEORIA DA FACILITAÇÃO DA VÍTIMA COMO EXPRESSÃO DA VITIMOLOGIA ...........................73
Questão Aplicada ...................................................................................................................74
O crime político na visão da criminologia...................................................................................75
Questão Aplicada ...................................................................................................................77
A prevenção criminal na visão da criminologia ..........................................................................77
Questão Aplicada ...................................................................................................................78
Questão Aplicada ...................................................................................................................80
CRIMINOLOGIA
Vale frisar que a criminologia é uma ciência social mais vinculada à Sociologia,
não sendo caracterizada como uma ciência social independente. Em relação ao seu objeto
— a criminalidade — a criminologia é ciência geral porque cuida dela de um modo geral.
No seio da Sociologia e sob sua égide, trata, particularmente, da criminalidade e do
criminoso.
Conceito
6
favorecem a comissão "diferencial" de crimes de acordo com a classe social a que
pertencem.
A criminologia moderna não pode ser definida, portanto, como uma ciência em
sentido estrito, mas como um conjunto de disciplinas definidas por seu objeto comum, o
agressor e / ou o crime. Na realidade, está esgotado nas disciplinas que, por diversas
razões, lidam com cada objeto de acordo com próprio ponto de vista, tais como
a sociologia , a psicologia, a psiquiatria , a biologia , a genética , a Neurociências em geral
(embora sua contribuição para a criminologia tenha sido amplamente superestimada),
além de o direito penal das ciências normativas e o direito penitenciário .
7
dinâmicas familiares , estudo da delinquência através dos principais
reagentes psicodiagnósticos).
Muitas teorias foram propostas para explicar fenômenos criminais. Eles podem
ser divididos em:
• teorias psicológicas;
• teorias sociológicas.
8
Teorias Biológicas
Uma vez que a freqüência estatística da anomalia XYY apareceu bastante elevada
entre os sujeitos internados e caracterizada por comportamento violento, pensou-se que
essa anomalia poderia estar na base da conduta criminal. De fato, do ponto de
vista metodológico , houve um grande problema nesses estudos: não houve comparação
com um grupo controle de não internados. Quando este estudo foi realizado, verificou-se
que a freqüência dos indivíduos XYY entre os delinquentes não era maior do que a da
população geral. Mais tarde, argumentou que os sujeitos que apresentavam essa anomalia
estavam presentes em maior número nas instalações da prisão, porque seu maior
desenvolvimento em altura e massa muscular os tornou mais visíveis para a polícia que
estava operando as prisões.
9
Teorias Psicológicas
Por outro lado, uma série adicional de contribuições destinadas a trazer de volta
à psiquiatria os problemas relacionados às ações anti-sociais, que os manuais
diagnósticos-estatísticos descrevem de forma exageradamente comportamental e não
descritiva das características psíquicas dos criminosos. Deste ponto de vista, destacam-
se os nomes de Robert D. Hare , revivendo o conceito de psicopatia , cunhado pelo
10
psiquiatra alemão Kurt Schneider e Otto Kernberg , que por seu treinamento cosmopolita
(alemão, chileno, americano ) foi capaz de introduzir o pensamento kleiniano na
psicanálise americana e unido entre si, no conceito de "organização
de personalidade limítrofe ",as contribuições
daprópria psicanálise , psicologia e psiquiatria da era do desenvolvimento .
Teorias sociológicas
11
Criminologia Ambiental: quando o ambiente influencia o crime
✓ Lei: Primeiro, deve haver uma lei a ser quebrada. Se a atividade não
é ilegal, então, obviamente, não pode ser criminoso.
✓ Ofensor: Em segundo lugar, alguém deve ter violado a lei. Se não há
nenhum ofensor, não há crime.
✓ Vítima ou Alvo: Terceiro, para que um ato seja criminoso, deve
haver uma vítima. Nos supostos crimes "sem vítimas", diz-se que o estado ou
comunidade como um todo é vítima por causa dos problemas que se acredita
serem resultado do comportamento.
✓ Lugar: Em quarto lugar, a atividade ou comportamento deve ter
ocorrido em um lugar. Não pode haver crime no vácuo
12
apresentam no local, como as condições de iluminação, o estado de reparação ou de
degradação que os edifícios podem expor, bem como outras condições de vizinhança.
Mapeamento de Crimes
Esses pinos ou marcas indicam áreas onde ocorreram crimes e são um exemplo
muito básico do que os criminologistas chamam de "mapeamento do crime". Os
criminologistas ambientais levam em extrema consideração este mapeamento,
debruçando-se sobre os dados para procurar padrões.
Identificação de Padrões
O objetivo final é usar todos os padrões que localizados para ajudar a identificar
as causas originárias dos crimes e ajudar a desenvolver soluções viáveis para o problema.
Por exemplo, se um grande número de roubos está ocorrendo em um local específico em
um momento específico, criminologistas ambientais vão querer olhar para esse local
naquele momento para determinar quais os fatores contribuintes podem ser os mais
notórios.
13
Para os criminologistas ambientais, vige o pensamento de que as pessoas agem
de acordo com o que elas percebem como as normas sociais de seu ambiente.
Questão Aplicada
RESPOSTA:
No caso da questão acima, a alternativa “c” está errada ao inferir que a localização
geográfica é um aspecto determinante a ser considerado na Criminologia Ambiental, pois é
justamente a conjunção de elementos presentes no local de crime como as características
da vizinhança, a iluminação pública, o nível de reparação dos edifícios que influenciam os
fatores causais do crime mais que a localização em si da área. Todas as demais alternativas
correspondem ao que aborda esta vertente da Criminologia.
14
GABARITO: letra “c”.
✓ Estrutural: refere-se aos processos a nível societário que filtram e afetam o modo
como o indivíduo percebe as suas necessidades, isto é, se certas estruturas sociais
são inerentemente inadequadas ou se há regulação inadequada, isso pode alterar
as percepções do indivíduo quanto aos meios e oportunidades;
✓ Individual: refere-se às fricções e dores experimentadas por um indivíduo à
medida que procura formas de satisfazer as suas necessidades, ou seja, se os
objetivos de uma sociedade se tornam significativos para um indivíduo,
efetivamente consegui-los pode ser mais importante do que os meios adotados
para atingir tai fins, o que leva a transgressões diversas.
Robert King Merton argumentou que a sociedade pode incentivar o desvio em grande
medida. Merton acreditava que os objetivos socialmente aceitos pressionavam as pessoas
a se conformarem. As pessoas são forçadas a trabalhar dentro do sistema ou tornar-se
membros de uma subcultura desviante para alcançar a meta desejada. Merton continuou a
dizer quando os indivíduos são confrontados com uma lacuna entre seus objetivos
15
(geralmente finanças / dinheiro relacionado) e seu status atual, a tensão ocorre. Quando
confrontados com a tensão, as pessoas têm cinco maneiras de se adaptar:
Crítica
Uma dificuldade com a teoria da tensão é que ela não explora por que as crianças de
famílias de baixa renda teriam escolaridade pobre em primeiro lugar. Mais importante
ainda é o fato de que muitos crimes juvenis não têm uma motivação econômica. A teoria da
tensão não, portanto, explica o crime violento, o tipo de crime juvenil que causa mais
ansiedade para o público.
16
Questão Aplicada
RESPOSTA:
A única alternativa correta é a letra “d”, pois esta teoria justamente não explica o
surgimento de crimes violentos em segmentos sociais não necessariamente pobres ou de
baixa escolaridade. As demais alternativas se apresentam como características desta
teoria.
17
elucidações criminológicas do terrorismo são menos desenvolvidas do que os
esclarecimentos oferecidos em outras disciplinas de ciências sociais, como a ciência
política e a história Tipicamente, os criminologistas se baseiam em algumas teorias gerais
da violência para gerar hipóteses sobre o terrorismo. Geralmente, as hipóteses são
extraídas da privação relativa ou de teorias subculturais da violência (papel das idéias em
causar comportamentos terroristas / ilícitos).
A privação relativa tem sido usada na literatura para expressar situações em que
os cidadãos através de medidas de padrões econômicos, políticos ou sociais mantiveram
sentimentos de privação quando equilibrados com outros cidadãos em seus postos
comparáveis na sociedade . De fato, a frustração gerada por sentimentos de privação
relativa tem sido representada como um antecedente provável de violência política, como
terrorismo, desrespeitos políticos e movimentos sociais. Deve-se enfatizar que os
criminologistas estão fazendo contribuições importantes para a literatura do terrorismo,
recorrendo a outras teorias, mesmo as de outras disciplinas no estudo do crime e do
terrorismo. Por exemplo, Laqueur (1999)2 aludiu a este ponto quando observa que o
estudo do terrorismo, bem como o foco criminológico no crime, tem sido amplamente
interdisciplinar. Laqueur (1999) insiste ainda que este foco interdisciplinar estimulou a
pesquisa e empurrou o estudo do terrorismo e do crime para além dos limites de uma
única disciplina. Na sua explicação sobre o terrorismo, a criminologia ainda não abraçou
questões históricas como o colonialismo, o imperialismo e o neocolonialismo como
sistemas de dominância econômica, política, social e cultural. Essas questões são
fundamentais na busca da criminologia para fornecer explicações sobre o terrorismo e
articular contramedidas importantes contra ele. Na verdade, como resultado do
reconhecimento de que as pessoas econômicas, políticas, sociais e culturalmente
colonizadas (dominadas e controladas) têm a capacidade de adotar o uso da força ou de
encetar lutas armadas em suas tentativas de alcançar ou alcançar a libertação, o
terrorismo internacional pode surgir como força de subversão. Por outro lado, os Estados
podem usar o terrorismo oficial para manter seus interesses econômicos, políticos, sociais
e culturais vitais sobre as sociedades dominadas ou oprimidas para manter o poder e a
influência. O terrorismo, portanto, tem duas faces. Uma representa indivíduos e grupos
dentro de uma nação que estão tentando manter seus recursos econômicos e manter a
independência; a outra reflete o interesse dos Estados, que querem dominar e controlar as
2
Walter Laqueur, The New Terrorism: FanaticismandtheArmsof Mass Destruction, Oxford University
Press, US, 1999
18
vidas dos subjugados. Cada esfera adota o terrorismo para alcançar a libertação através da
ação política. Durante a Guerra Fria, para combater a opressão colonial, os movimentos de
resistência praticavam por vezes ações terroristas como meio de alcançar visibilidade
internacional na tentativa de serem ouvidos. Alguns também adotam táticas e estratégias
terroristas para alcançar seu lugar político e econômico na distribuição econômica
mundial. Em contrapartida, os poderes que detêm a chave para a economia mundial
podem combater o terrorismo, resultando nos dois rostos do terrorismo. É também
através da violência que as massas podem ser suprimidas. As teorias prévias do crime e da
violência não se concentraram nas estruturas do colonialismo, imperialismo e
neocolonialismo. No entanto, algumas das perspectivas existentes sobre criminalidade e
justiça estão inseridas em implicações não desenvolvidas para o terrorismo.
3
Hubbard, R. S., & Power, B. M. (1993). Finding and framing a research question. In L. Patterson, C. M.
Santa, K. G. Short, & K. Smith (Eds.), Teachers are researchers: Reflection and action (pp. 19-25).
Newark, DE: International Reading Association.
19
organizada. A visão de que existe um preconceito na definição criminológica do crime , que
favorece apenas os ricos e castiga os pobres também foi expressado por Chambliss
(1999)4. Ele afirma que o foco da criminologia tradicional em crimes predatórios é o
favoritismo da classe média da disciplina. Assim, junto com agências de aplicação da lei e
políticos, os criminologistas de tendência de classe média refletem o viés da classe média
em seus próprios contextos sociais. Apesar de uma preponderância de evidência da
frequência e seriedade dos crimes de colarinho branco, corporativo e estadual, os
criminologistas da classe média continuam acreditando que os "problemas reais do crime"
são os crimes que são desproporcionalmente (embora não exclusivamente) cometidos por
membros do menor escalão da sociedade, tais como roubo, roubo, assassinato, estupro e
roubo. Além disso, a teoria da privação relativa não é principalmente uma teoria do crime,
mas pode ser usada para explicar o comportamento terrorista em um ambiente urbano
(Shelley, 1985). A privação relativa ocorre em sociedades industrializadas, onde homens
jovens de classe baixa ou minorias étnicas se sentem economicamente discriminados.
Também pode existir nas sociedades em desenvolvimento, onde novos residentes
metropolitanos procuram adquirir bens materiais que nunca foram disponibilizados para
eles devido a políticas externas e internas que negaram seu orgulho humano Portanto, a
privação relativa combina a desigualdade econômica com os sentimentos de
ressentimento e injustiça entre os grupos que têm menos em tais sociedades. Isso foi
demonstrado com os terroristas suicidas palestinos, onde tais sentimentos de
ressentimento caracterizados pela pobreza e desigualdade podem levar a atos terroristas
de violência. A criminologia precisa de novas ideias e perspectivas que incentivem a
diversidade no estudo da criminalidade e do terrorismo. Como revela esta breve revisão
da história e das teorias do terrorismo, a criminologia oferece uma visão monolítica que
tipicamente obstrui seu objeto de estudo a partir do contexto em que está enredado. A
criminologia deve fornecer um contexto apropriado no qual o terrorismo pode ser situado
e compreendido.
Questão Aplicada
4
Power, Politics, and Crime. Contributors: William J. Chambliss - Author. Publisher: Westview Press.
Place of publication: Boulder, CO. Publication year: 1999.
20
uma sociedade. Assinale a alternativa incorreta quanto aos fatores causais do
comportamento terrorista estudados pela criminologia moderna:
RESPOSTA:
No caso da questão acima, a alternativa “c” está errada ao inferir os Estado não utilizam o
terrorismo como método de projeção de poder ou de alcance de objetivos políticos, na
medida em que o que se verifica é justamente o contrário em tempos modernos, os quais
estratégias de guerra híbrida combinam ações ilegais de subversão e de terrorismo
patrocinados por instituições estatais, independentemente de limites de ordem
constitucional ou legal. As demais alternativas são abordagens adotadas pela Criminologia
moderna.
21
ordem econômica e social puramente. Dada a profundidade do tema, faremos a explicação
de modo único, para fins puramente didáticos.
Os infratores motivados são indivíduos que não são apenas capazes de cometer
atividades criminosas, mas estão dispostos a fazê-lo. Alvos adequados podem ser uma
pessoa ou objeto que os infratores consideram vulneráveis ou particularmente atraentes.
Os fatores que tornam atraente um determinado alvo são específicos da situação e
do crime.
O foco analítico das atividades de rotina tem uma visão em nível macro e enfatiza
as mudanças em grande escala nos padrões de comportamento da vítima e do agressor.
Ele se concentra em eventos específicos de criminalidade e comportamentos / decisões
dos infratores. A teoria da atividade de rotina baseia-se no pressuposto de que o
crime pode ser cometido por qualquer pessoa que tenha a oportunidade. A teoria
também afirma que as vítimas recebem escolhas sobre se devem ser vítimas
principalmente por não se colocarem em situações em que um crime pode ser
cometido contra elas.
22
resultados de vitimização. Os seus estudos demonstraram que os indivíduos com baixo
autocontrole perceberam um risco aumentado, mas demonstraram uma diminuição nas
estratégias projetadas para proteger e / ou evitar a vitimização na Internet. Os teóricos
Marcus Felson e Lawrence E. Cohen [7] estabelecem que aqueles que vivem sozinhos são
mais propensos a estar sozinhos e a ter pouca ajuda para proteger seus bens, eles
provavelmente enfrentam taxas mais altas de vitimização para crimes pessoais e de
propriedade. O aumento de 30,6% nas taxas de participação das mulheres empregadas e
casadas não só sujeita essas mulheres a um maior risco de ataque de e para o trabalho,
mas também deixa suas casas e o carro menos protegidos da entrada ilegal. O aumento de
118% na proporção da população, composta por estudantes universitários, coloca mais
mulheres em risco de ataque ao realizar atividades diárias como estudantes, uma vez que
podem ser menos efetivamente protegidas por familiares ou amigos.
23
Críticas
Questão Aplicada
A respeito da teoria da atividade rotineira e suas implicações para o estudo das causas do
comportamento criminoso, assinale a alternativa correta que configura uma de suas
premissas de estudo:
24
A única alternativa correta é a letra “c”, pois para esta teoria o crime pode ser praticado
por uma questão de oportunidade em convergência com fatores situacionais propícios de
vitimação, conforme acima explicado, sem considerações de elementos sócio-econômicos
como fatores primordiais, como pobreza, miséria ou desigualdade de renda.
25
Assim, não é a ausência de uma organização social que caracteriza comunidades (ricas ou
pobres) em situação de intensa criminalidade, mas uma organização social diferenciada - um
conjunto de práticas e definições culturais que estão em desacordo com a lei e que emergem
favoravelmente aos receptores dos conceitos comportamentais criminosos. Um exemplo
interessante se verifica quando em uma região onde a taxa de delinqüência é alta, é muito
provável que um garoto sociável, ativo e atlético entre em contato com outros meninos do bairro
e aprenda o comportamento delinqüente deles e se torne um integrante de uma gangue. Tais
condições propícias ao processo de aprendizagem dos valores criminosos podem ser contidos
quando instituições de prevenção primária, como família, igreja e escola determinam um
conjunto de práticas comportamentais conformistas.
Questão Aplicada
A Teoria da Associação Diferencial enfatiza o poder das influências dos fatores sociais e o
aprendizado de experiências desviantes em um contexto de criminalidade consolidado. Assinale
a alternativa que não configura uma abordagem dogmática desta teoria:
No caso da questão acima, a alternativa “d” está errada ao inferir que os fatores étnicos são
determinantes para a associação diferencial do comportamento criminoso, pois é justamente o
contrário: analisa-se o processo de construção de um comportamento criminoso no indivíduo
sem considerar a raça, etnia ou a classe social a qual ele está inserido.
26
adequação social de indivíduos e grupos sociais perante um conjunto de regras e
convenções.
a) As Forças Armadas não são consideradas uma instância de controle social formal.
b) Um agrupamento humano situado em uma região não controlada por instituições
de um Estado mas sujeito a regras de uma organização paraestatal subversiva não
se sujeita a nenhum sistema de controle social formal.
27
c) Apenas comandos normativos genéricos definem a eficácia de um sistema de
controle social formal.
d) Organizações sociais como escolas e associações estabelecem mecanismos de
controle social formal.
e) O controle social formal não tem relevância para grupos com comportamento social
desviante.
A única alternativa correta é a letra “d”, pois as associações, como os sindicatos, a igreja e
as escolas exercem controle social formal ao ditarem regras de conduta aos participantes e
destinatários.
Teoria da Escolha Racional: quando o criminoso é visto como alguém que age
pensando em si e em prol de atingir seus objetivos plenos
5
Gul, S. (2009). An evaluation of rational choice theory in criminology. Sociology and applied science,
4(8), 36-44.
28
f) A escolha pode ser controlada através da percepção e compreensão da potencial
dor ou punição que advirá a partir de uma sanção aplicável a um ato julgado por
violar o bem social e o contrato social.
6
Simpson, S. (2000). Of crime and criminality: The use of theory in everyday life. Thousand Oaks, CA:
Pine Forge Press.
29
vigilância e a ausência de uma figura de autoridade aumentou a probabilidade de atividade
criminosa. A teoria evita a especulação sobre a fonte da motivação dos infratores, que a
distingue imediatamente da maioria das outras teorias criminológicas.
30
assalto. Como resultado, a punição só é eficaz para dissuadir o crime instrumental, em vez
de crime expressivo.
- Assume que todos os indivíduos têm a capacidade de tomar decisões racionais, o que não
é o caso. Falha portanto em explicar a complexidade da inimputabilidade penal e fracassa
em dar uma solução para casos de ausência de entendimento e determinação psíquica do
criminoso. Choca-se com os fundamentos da teoria biopsicológica da culpabilidade.
Questão Aplicada
a) O ser humano não é um ser racional, mas movido por fatores emocionais e
passionais.
b) As pessoas escolhem livremente seus comportamentos, por cálculos inclusive não
racionais no cometimento de ações desviantes.
c) A escolha não é maximizada para a satisfação individual, mas para a formação de
uma pretensão interindividual.
d) A escolha pode ser controlada através da percepção e compreensão da potencial
dor ou punição que se seguirá a um ato ilícito que venha violar o bem social.
e) A gravidade do castigo não é um elemento fundamental na aplicação da lei como
instrumento de controle do comportamento humano.
Resposta:
7
O'Grady, William (2011). Crime in Canadian Context (2nd edition). Don Mills: Oxford University Press.
pp. 127–130. ISBN 978-0-19-543378-4.
31
Correta somente a letra “d”, pois conforme a teoria da escolha racional, a escolha de um
comportamento transgressor pode ser sim neutralizada ou contida a partir de uma
avaliação da dor e sofrimento causado pela aplicação de uma sanção ao comportamento
desviante. As demais alternativas são claramente erradas, por contradizerem os
fundamentos da teoria.
32
territoriais, alguns crimes são o resultado de situações em que o Estado não é o ator
criminoso direto, por exemplo, decorrentes de catástrofes naturais ou através da de
órgãos como a polícia e a Justiça, mas geralmente o Estado está diretamente envolvido no
segredo excessivo e práticas de encobrimentos, desinformação e falta de
responsabilização que muitas vezes refletem interesses da classe alta e não-pluralista e
violam os direitos humanos. Muitas vezes, os crimes do Estado são revelados por uma
agência de notícias de investigação que resulta em escândalos, mas, mesmo entre os
estados democráticos do primeiro mundo é difícil manter um controle genuinamente
independente sobre os mecanismos de execução criminal. Quando os cidadãos dos países
menos desenvolvidos, que são muitas vezes de natureza mais autoritária, buscam
responsabilizar seus líderes, os problemas se tornam mais agudos. A opinião pública, a
atenção da mídia e os protestos públicos, violentos ou não violentos, podem ser
criminalizados como crimes políticos e suprimidos, enquanto os comentários
internacionais críticos são de pouco valor real.
8
Green, Penny & Ward, Tony. (2004) State Crime: Governments, Violence and Corruption. London:
Pluto Press.
33
b) Uma de suas dificuldades de aplicação decorre da soberania do próprio Estado na
definição do que é criminoso no âmbito de sua jurisdição.
c) São exemplos comuns de crimes estatais o terrorismo, genocídio e crimes de
guerra.
d) Ações da polícia e do aparato judiciário não se relacionam intrinsecamente com
crimes praticados pelo Estado.
e) A supressão de funções democráticas pelo Estado pode desencadear cenários de
crimes estatais.
A única alternativa incorreta é a letra “d”, pois certamente que para a criminologia na
definição dos crimes de Estado as aços do aparato policial e judiciário se relacionam sim
com crimes perpetrados pelo próprio Estado. Fácil questão.
34
crime. Assim, sua atuação em programas sobre a população carcerária ganha alta
relevância. Seu escopo é agir sobre criminosos conhecidos e identificados, impedindo-os
de cometer novos crimes. Exemplos de operação do sistema de prevenção terciária
incluem programas focados na juventude em situação de risco e mecanismos de contenção
individual sobre o delinqüente através de sanções integradas com a comunidade e
intervenções para tratamentos pontuais e específicos sobre delinqüentes delimitados.
tão Aplicada
Incorreta a letra “e”, pois a ordenação urbana não é foco de atuação da prevenção
terciária,embora a população carcerária o seja, conforme já analisado.
35
são o produto da livre escolha e do cálculo racional, o positivista vê as causas do crime em
fatores fora do controle do agressor. Estes fatores devem ser identificados utilizando
métodos empíricos, em particular a análise de estatísticas.
A primeira forma de positivismo, que surgiu no final do século XIX, envolveu uma
tentativa de correlacionar o comportamento criminoso com certas características
fisiológicas. Isso levou à identificação de um "tipo criminal" genético - uma idéia que
agora está totalmente desacreditada, assim como a eugenia, que buscava aplicar a biologia
e o conhecimento humano na configuração de seres humanos superores em perfis raciais.
Questão Aplicada
36
e) Sua abordagem psicológica relaciona traços de personalidade com tipos específicos
de crimes.
A única alternativa incorreta é a letra “d”, pois o livre-arbítrio e a escolha racional são
atributos considerados na escola tradicional de criminologia.
Introdução
Ambiente
37
Genética
Neurofisiologia
Psicologia evolutiva
9
Kevin M. Beaver and Anthony Walsh. 2011. Biosocial Criminology. Chapter 1 in The Ashgate Research
Companion to Biosocial Theories of Crime. 2011. Ashgate.
10
Ob.cit.
11
Liddle, J. R.; Shackelford, T. K.; Weekes–Shackelford, V. A. (2012). "Why can't we all just get along?
Evolutionary perspectives on violence, homicide, and war". Review of General Psychology. 16: 24
38
aumentar o status e o sucesso reprodutivo ao invés de se tornarem geneticamente
extintos. Isso pode explicar por que os homens têm taxas de criminalidade mais elevadas
do que as mulheres e por que o status baixo e não casado está associado à criminalidade.
Também poderia explicar por que o grau de desigualdade de renda de uma sociedade é um
melhor indicador do que o nível de renda absoluta da sociedade para homicídios
masculinos e masculinos; a desigualdade de renda cria disparidade social, enquanto que os
níveis de renda média diferentes podem não fazê-lo. Além disso, a concorrência sobre as
mulheres é argumentada ter sido particularmente intensiva no final da adolescência e na
idade adulta jovem, o que é teorizado para explicar por que as taxas de criminalidade são
particularmente altas durante este período12.
12
Buss, D. M. (2009). "How Can Evolutionary Psychology Successfully Explain Personality and
Individual Differences?". Perspectives on Psychological Science. 4 (4): 359–366.
39
socialmente parasitária dependente da freqüência de sua ocorrência. Isso pode beneficiar
o psicopata, desde que haja alguns outros psicopatas na comunidade, já que mais
psicopatas significa aumentar o risco de encontrar outro psicopata, relativizando seu livre
arbítrio e deficiência de caráter por questões ético-morais.
Questão Aplicada
Como vertente contemporânea cada vez mais relevante, a criminologia biossocial vem
criando forte impacto na explicação das causas do comportamento criminoso,
ultrapassando a os conceitos tradicionalmente definidos pelas teorias sociológicas.
Assinale a alternativa incorreta quanto aos preceitos adotados pela teoria biossocial:
A alternativa incorreta é a letra “e”, pois não há condição científica segura para se
correlacionar elevados níveis de testosterona com altos índices de delinquência juvenil. As
demais alternativas estão corretas, pois estão enquadradas em nossa explicação.
40
Marxismo e Criminologia: o crime como expressão da luta de classes
Karl Marx argumentou que a lei é o mecanismo pelo qual uma classe social,
geralmente referida como a "classe dominante", mantém todas as outras classes em uma
posição desfavorecida. Assim, esta escola usa uma lente marxista através do qual
considera o processo de criminalização, por meio do qual explicam por que alguns atos são
definidos como desviantes enquanto outros não são. Por isso, interessa-se pelo crime
político e o crime estatal. O marxismo fornece uma base teórica sistemática sobre a qual
podemos interrogar quais são os arranjos estruturais sociais, e a hipótese de que o poder
econômico se traduz em poder político responde substancialmente ao
“desempoderamento” geral da maioria que vive no Estado Moderno e as limitações do
discurso político. Assim, direta ou indiretamente, informa muito sobre os fenômenos
sociais, não só na criminologia, mas também na semiótica e nas demais disciplinas que
exploram as relações estruturais de poder, conhecimento, significado e interesses
posicionais dentro da sociedade.
41
ou uma simples oportunidade em que, à medida que o tamanho da população cresça, a
delegação de poderes de decisão a um grupo representativo da maioria leva a mais
eficiência. Os marxistas criticam as ideias, os valores e as normas da ideologia capitalista e
caracterizam o Estado Moderno como estando sob o controle do grupo que possui os
meios de produção. Por exemplo, Chambliss (1973) examinou a forma como as leis de
“vagabundagem” foram alteradas para refletir os interesses da elite dominante. Ele
também analisou como a lei colonial britânica foi aplicada na África Oriental, de modo que
a "classe dominante" capitalista poderia lucrar com as plantações de café, e a lei na
Inglaterra medieval beneficiou os proprietários feudais. Similarmente, Pearce (2003)
analisa a evidência de que o crime corporativo (como corrupção e os crimes de colarinho-
branco) é generalizado, mas raramente é processado.
42
CRÍTICAS
Em sua pesquisa, o marxismo tende a se concentrar nas forças sociais, em vez dos
motivos dos indivíduos e sua capacidade dualista tanto para o certo como para o errado,
moral e imoral. Isso pode levar a uma explicação menos abrangente de por que as pessoas
exercem sua autonomia optando por agir de maneiras particulares. Em comparação, na
sociologia do desvio, Robert K. Merton toma emprestado o conceito de anomia de
Durkheim para formar a Teoria da Depressão. Merton argumenta que o verdadeiro
problema da alienação não é criado por uma súbita mudança social, como proposto por
Durkheim, mas sim por uma estrutura social que mantém os mesmos objetivos para todos
os seus membros sem lhes dar meios iguais para alcançá-los. É essa falta de integração
entre o que a cultura exige e o que a estrutura permite que provoca comportamentos
desviantes. O desvio é então um sintoma da estrutura social.
Na verdade, poucas leis dos Estados Modernos são elaboradas para proteger os
interesses da propriedade tomando por referência aclasse social.Portanto a aceitação e a
aplicação das leis geralmente dependem de um consenso dentro da comunidade de que
essas leis atendem às necessidades locais. Nessa comparação, a comparação das taxas
de criminalidade entre Estados mostra pouca correlação por referência à
orientação política. As correlações que existem tendem a refletir disparidades entre ricos
43
e pobres e características que descrevem o desenvolvimento do ambiente social e
econômico. Assim, as taxas de crimes são comparáveis nos Estados onde há maiores
disparidades de distribuição de riqueza, independentemente de serem primeiro, segundo
ou terceiro mundo.
Questão Aplicada
A única alternativa correta é a letra “d”, pois para a criminologia marxista a definição do
crime é uma prerrogativa do Estado que reflete uma distribuição desigual de poder, o que
influencia na rotulação do que vem a ser definido ou não como crime. As demais
alternativas estão evidentemente erradas, pois se contrapõem aos fundamentos acima
explicados desta abordagem teórica.
44
O fenômeno da “cifra negra”
Com isto, o risco de ser etiquetado, ou seja, “aparecer no claro das estatísticas”,
não depende da conduta, mas da situação do indivíduo na pirâmide social. Por isso o
sistema penal é considerado por vertentes da Criminologia como sendo seletivo, pois
funciona segundo os estereótipos do criminoso, os quais são confirmados pelo próprio
sistema.
A ideia das “cifras negras” surgiu com o belga Adolphe Jacques Quetelet, (1796-
1874) considerado um dos precursores da sociologia moderna, da criminologia de bases
sociológicas, pertencente à denominada escola cartográfica. Quetelet era um matemático e
estatístico e trabalhava em pesquisas censitárias. Em seu trabalho, formulou a idéia de
“homem médio” (depois apropriado pelos estudos de Direito Penal) entendendo ser um
tipo ideal e abstrato de sujeito, visto como um padrão para diversas análises sociológicas.
Assim, como peculiar em sua época, conseguia estabelecer certa regularidade aos
fenômenos sociais, relacionando a criminologia clássica com a positivista.
45
(MAÍLLO, Afonso Serrano. Introdução à criminologia. Tradução de Luiz Regis Prado. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 69)
O Prof. Juarez Cirino do Santos, bem define este fenômeno como “a diferença
entre aparência (conhecimento oficial) e a realidade (volume total) da criminalidade
convencional, constituída por fatos criminosos não identificados, não denunciados ou não
investigados (por desinteresse da polícia, nos crimes sem vítima, ou por interesse da
polícia, sobre pressão do poder econômico e político), além de limitações técnicas e
materiais dos órgãos de controle social”. (SANTOS, Juarez Cirino. A Criminologia radical.
Curitiba: IPCP: Lumen Juris, 2006. p. 13)
Questão Aplicada
46
A alternativa correta é a letra “d”, que tem relação exata com o sentido do termo “cifra
negra”.
As demais alternativas são misturam conceitos de outras teorias com temos adotados nos
estudos da cifra negra, justamente para confundir o candidato. Dessa forma, nas
alternativas “a”, “b”, “c”, embora haja relação pelo senso comum entre a falta de
estatísticas adequadas sobre a população carcerária e os indicadores de reincidência e
evasão do sistema penitenciário, não se relaciona com a cifra negra em si, atrelada à
desconsideração estatística de fatos criminosos em si devido a deficiências so aparato
repressivo estatal e sua seletividade intrínseca. Quanto à alternativa “e”, trata-se de
explicação própria dos conceitos da criminologia contemporânea, que estuda a exclusão
inerente aos processos de globalização e a marginalização de segmentos da sociedade.
Histórico
Características principais
47
A contribuição mais significativa da Escola de Chicago é a idéia de ecologia
social. Por este conceito, considera que o crime é uma resposta ao ambiente instável e
condições anormais de vida. Esta não é mais uma idéia particularmente radical, que é um
indicador da proeminência continuada da Escola de Chicago. Durante séculos, o crime foi
visto como um fracasso moral na tradição judaico-cristã. Os criminosos eram pecadores. O
que a Escola de Chicago reconhecia era que a vida urbana era distinta da vida rural e sua
natureza agitada e anônima influenciava o comportamento das pessoas.
48
marginalizadas o relato de suas próprias vidas. Posteriormente, a pesquisa tende a
gravitar em torno de métodos pioneiros da Escola de Chicago, como entrevistas diretas
com sujeitos. Porém, isso também foi interpretado como uma fraqueza da escola, , com os
críticos argumentando que a natureza qualitativa de seus estudos pode resultar na
influência indevida do viés pessoal do pesquisador. Embora isso tenha inspirado outros
sociólogos a dedicar mais atenção às técnicas de pesquisa, o método escolar subjetivista de
Chicago ainda é amplamente utilizado na criminologia.
49
que a "cultura da pobreza" leva à apatia, ao cinismo, uma análise sociológica de uma
situação econômica. Dessa forma, os extensos estudos da Escola de Chicago envolvendo
classes marginalizadas, como prostitutas e gangues, ofereceram dados ricos e padrões
estabelecidos para estudo posterior.
Críticas e Legado
50
vive em Londres pode ser isolado de seu próprio grupo cultural - o que a Escola de Chicago
argumentaria que é um risco para o aumento do comportamento criminoso -, mas eles
podem ir a um cyber café e trocar idéias em um vídeo-chat com amigos no país de origem.
Assim, de uma maneira importante eles estão mantendo um vínculo com a comunidade, e
eles não são interrompidos da mesma forma que um imigrante dos anos 1930 teria sido.
Onde a influência da Escola de Chicago ainda pode ser sentida é que ela continua a definir
termos de estudo, como "ambiente", mesmo se a natureza do que está sendo estudado
mudou. Outra área onde a Escola de Chicago é menos útil é em termos de elaboração de
planos para a prevenção do crime. Baseado na crença de que o crime é um comportamento
aprendido, causado pelo ambiente, argumentou-se que ele pode ser, em grande parte,
impedido por programas sociais, porém observam que a Escola de Chicago observou que
um dos fatores da desorganização social e, portanto, do crime, era a falta de respeito pela
autoridade e pouca fé nas organizações sociais. Todavia, é óbvio que as organizações
sociais (igreja, associações, escolas, clubes) não podem efetivamente combater o crime
cometido por pessoas com algum grau de convivência com eles. A Escola de Chicago não
oferece nenhuma solução firme para este problema. Sem dúvida que organizações sociais
informais, como igrejas, associações entre pais e professores e programas esportivos,
sugerem uma maneira de chegar às comunidades, e esses grupos desempenham um papel
importante na redução do comportamento criminoso, entretanto, o controle social formal
sob a forma de policiamento também é essencial para prevenir o crime com eficácia mais
imediata, por vezes. Em conclusão, Chicago foi uma potência de estudo social e intelectual
ao longo do século XX e influenciou muito a formulação de políticas nos Estados Unidos e
em muitas outras partes do mundo, porém, como toda teoria, sofre influência das
mudanças sociais.
Questão Aplicada
51
c) O ambiente urbano é um fator que impulsiona a criminalidade dependendo de certas
condições econômicas e geográficas.
d) Um de seus enfoques principais relaciona-se ao perfil delinqüente de certas categorias
de indivíduos em certos grupos sociais.
e) A Escola de Chicago considera a migração e a instabilidade familiar como um dos
fatores causais do crime.
A única alternativa incorreta é a letra “d”, pois a Escola de Chicago teve como premissa
maior justamente ser um contraponto às explicações que culpavam os indivíduos por sua
criminalidade, focada na influência do ambiente
52
A Escola de Chicago é mais conhecida pela sua sociologia urbana e pelo
desenvolvimento da abordagem interacionista simbólica, nomeadamente através do
trabalho de Herbert Blumer. Concentrou-se no comportamento humano como moldado
por estruturas sociais e fatores ambientais físicos, ao invés de características genéticas e
pessoais. Biólogos e antropólogos aceitaram a teoria da evolução demonstrando que os
animais se adaptam aos seus ambientes e ecossistemas. Aplicado aos seres humanos que
são considerados responsáveis por seus próprios destinos, os membros da Escola de
Chicago acreditavam que o ambiente natural, que a comunidade habita, é um fator
importante na formação do comportamento humano e que a cidade funciona como um
microcosmo.
Para esta vertente de estudo, nas grandes cidades, onde todas as paixões, todas as
energias da humanidade são liberadas, estamos em condições de investigar o processo da
civilização, por assim dizer, como um microscópio.
13
Bulmer, Martin. (1984). The Chicago School of Sociology: Institutionalization, Diversity, and the Rise
of Sociological Research. Chicago: University of Chicago Press.
53
Os estudos ecológicos consistiram em fazer mapas “spot” de Chicago para o local
de ocorrência de comportamentos específicos, incluindo alcoolismo, homicídios, suicídios,
psicoses e pobreza e, em seguida, taxas de computação com base em dados do censo. Uma
comparação visual dos mapas pode identificar a concentração de certos tipos de
comportamento em algumas áreas.
14
Cavan, Ruth Shonle (January 1983). "The Chicago School of Sociology, 1918-1933". Urban Life.
15
McKenzie, R. D. "The Ecological Approach to the Study of the Human Community". American Journal
of Sociology 30 (1924)
54
A Escola é talvez mais conhecida pelas Teorias de Subcultura de Thrasher,
Frazier e Sutherland, e pela aplicação dos princípios da ecologia para desenvolver a Teoria
da Desordem Social que se refere às causas do crime como um fracasso de:
O Chicago Area Project (CAP) foi uma tentativa prática de sociólogos de aplicar
suas teorias em um laboratório da cidade. Pesquisas subsequentes mostraram que as ligas
de atletismo juvenil, os programas de recreação e o acampamento de verão funcionaram
melhor juntamente com o planejamento urbano e como alternativas ao encarceramento e
como política de controle de crime. Tais programas são não empresariais e não são auto-
sustentáveis, de modo que eles falham quando o governo local ou central não faz um
compromisso financeiro sustentável. Embora em retrospectiva crítica possa se afirmar
que as tentativas da escola de mapear o crime podem ter produzido algumas distorções, o
trabalho foi valioso na medida em que se afastou de um estudo padrão e deu lugar para
um estudo mais sistemático em dados e escalas.
Questão Aplicada
55
A Considera que o comportamento humano é determinado por estruturas sociais e fatores
ambientais físicos.
Incorreta a letra “d”, pois de acordo com a Escola de Chicago é justamente o contrário:
quanto maior a mobilidade social, maior as taxas de crime em determinada cidade. As
demais alternativas são conceitos e abordagens adotadas pelas Escola de Chicago.
GABARITO: “D”.
56
a violência contra as mulheres em geral.Catharine MacKinnon argumenta que a teoria
da não-subordinação aborda melhor essas questões particulares porque elas afetam
mulheres "quase exclusivamente"16. MacKinnon defende a teoria da não-subordinação em
relação a outras teorias, como a igualdade formal, a igualdade substantiva e a teoria das
diferenças, porque a violência sexual e outras formas de violência contra as mulheres não
são uma questão de "semelhança e diferença", mas sim são melhor vistas como
desigualdades estruturais para as mulheres. Embora a teoria da não-subordinação tenha
sido discutida amplamente na avaliação de várias formas de violência sexual contra as
mulheres, ela também serve como base para a compreensão da violência doméstica e por
que ela ocorre. A teoria da não-subordinação aborda a questão da violência doméstica
como um subconjunto de um problema mais amplo da violência contra as mulheres
porque as vítimas da violência doméstica são esmagadoramente femininas.17
16
Bartlett et al., citing Mahoney, Martha R. (1991). "Legal Images of Battered Women: Redefining the
Issue of Separation". Michigan Law Review. 90: 1. JSTOR 1289533
17
Karmen, Andrew (2010), "Victims of rapes and other sexual assaults", in Karmen, Andrew, Crime
victims: an introduction to victimology (7th ed.), Belmont, California: Cengage Learning
57
A professora Martha Mahoney, da Faculdade de Direito da Universidade de
Miami, também aponta para a noção de "assalto à separação"18 - um fenômeno em que um
agressor violenta ainda mais uma vítima que está tentando ou tentou deixar uma relação
abusiva - como evidência adicional de que a violência doméstica é usada para subordinar
vítimas aos seus agressores. A falta de vontade de um agressor para permitir que a vítima
abandone a relação sustenta a idéia de que a violência é usada para forçar a vítima a
continuar cumprindo os desejos do agressor de que ela lhe obedece e lhe pertence. Os
teóricos da não-subordinação argumentam que todas essas ações - a variedade de
comportamentos abusivos em várias configurações, a exploração dos filhos da vítima e o
ataque contra a separação - sugerem um problema maior do que apenas uma incapacidade
de gerenciar adequadamente a raiva, embora a raiva possa ser um subproduto desses
comportamentos. O objetivo dessas ações é manter a vítima, e às vezes toda a família,
subordinada ao agressor, de acordo com a teoria da não-subordinação19.
18
Bartlett et al, ob.cit.
19
Sanders, Cynthia K.; Schnabel, Meg (June 2006). "Organizing for economic empowerment of battered
women: women's savings accounts". Journal of Community Practice.
58
vítimas de violência doméstica e que, se um agressor sabe que ele será preso, deterá a
futura conduta de violência doméstica.
Questão Aplicada
Assinale a alternativa correta que indica uma causa da violência doméstica de gênero para
a teoria da não subordinação :
59
crime apenas as manifestações em condutas legitimadas por determinado grupo através
da exteriorização dos princípios e valores que carregam em comum, mas que sofrem
rejeição da maioria da sociedade.
Muitos destes crimes praticados por grupos que carregam subculturas são
multitudinários (praticados em multidões) e apresentam valores específicos que unem
seus integrantes, que buscam projetar externamente através do culto à força física.
Critica-se esta escola por ser muito reducionista, já que não justifica os crimes
provocados fora das subculturas e não considera que nem sempre há coesão de valores
dentro do mesmo grupo, ou seja, é possível que membros do grupo não comunguem com
todos os princípios lá desenvolvidos. Por exemplo, nem todos os lutadores de jiu-jitsu se
tornarão um “pitboy” ou nem todos os fãs de hardcore punk com cabeças raspadas serão
adeptos da subcultura “skinhead” ou nem todo fã de black metal satânico atacará igrejas
ou grupos rivais.
60
✓ Status é obtido dentro da subcultura, quebrando regras mainstream.
✓ Viu a classe trabalhadora inferior como uma subcultura com seu próprio
conjunto de valores únicos
✓ A cultura da classe trabalhadora enfatizou seis preocupações focais (ou
valores fundamentais) que encorajavam o comportamento criminoso entre os jovens da
classe trabalhadora.
✓ Três exemplos dessas preocupações focais onde a dureza (proeza física), a
excitação (assunção de riscos) e a inteligência (ser inteligente na rua)
20
NEET, jovens (15-24 ou 15-29) sem emprego e que não estão a frequentar qualquer ação de educação
ou formação, englobam uma gama variada de situações pelo que deve ser decomposto em várias
categorias/ subgrupos. São os “nem-nem” do Brasil, ou seja, não trabalham nem estudam. No Brasil, de
61
✓ A subclasse é 20 vezes mais criminosa do que o resto da sociedade.
Questão Aplicada
B São exemplos que a identificam a atuação das torcidas organizadas de futebol, grupos
de skinheads e o hooliganismo.
D Em uma subcultura grupal, seus integrantes procuram impor seus valores a outros
membros da sociedade através da força e da coerção.
Resposta: A alternativa incorreta é a letra “d”, pois a subculturas grupais não procuram
modificar a opinião de uma sociedade a partir da projeção de seus valores; ao contrário,
afirmam seus valores contrariamente à maioria e normalmente pela coerção pura.
GABARITO: “D”.
O movimento “LAW AND ORDER” (não confundir com a famosa série televisiva
ambientada em Nova York) é um dos temas mais abordados na Criminologia
acordo com índice do IBGE de 2016, atinge a proporção assustadora de 22,5% da população jovem (e
viva o funk ostentação, sertanejo universitário, balada da pegação...)
62
contemporânea, sendo uma vertente de política criminal muito criticada pela doutrina
penal no Brasil. Assim pode vir a ser abordado esse tema em concursos públicos. Vamos à
explicação em bloco único para facilitar sua compreensão.
21
"The Politics of Law and Order" by Platt, Anthony M. - Social Justice, Vol. 21, Issue 3, Fall 1994 |
Online Research Library: Questia Reader".
63
Lyndon Johnson recompensou em vez de punir os perpetradores da violência, os
conservadores exigiram que o governo nacional promovesse o respeito pela lei e a ordem
e o desprezo por aqueles que a violaram, independentemente da causa.22
A demanda política por "lei e ordem" foi feita por John Adams e Thomas Jefferson
nos anos 1780 e 1790. Era um slogan político no Kentucky em torno de 1900 após o
assassinato do governador William Goebel. O termo foi usado por Barry Goldwater em sua
corrida para presidente dos EUA em 1964.
22
Michael W. Flamm, Law and Order: Street Crime, Civil Unrest, and the Crisis of Liberalism in the 1960s (2005).
64
Giuliani a ganhar dois mandatos como prefeito de Nova York na década de 1990, e
também foi amplamente citada como impulsionando Gavin Newsom para a vitória sobre
um adversário mais liberal na eleição de prefeito de São Francisco de 2003. Richard
Riordan também se tornou o novo prefeito de Los Angeles em 1993 pela primeira vez em
20 anos depois que Tom Bradley se aposentou.
Questão Aplicada
D Emergiu nos Estados Unidos da América como uma reação política conservadora ao
crescimento vertiginoso da criminalidade a partir do final da década de 60 do século XX.
Resposta: A alternativa incorreta é a letra “c”, pois este movimento não foca
prioritariamente nos crimes “corporativos”, relacionados com o poder econômico e
político, focando-se realmente nos crimes violentos, patrimoniais e no confronto às
drogas.
GABARITO: “C”.
65
O crime como desobediência a uma decisão política da elite: a teoria do conflito
66
Significado
História
Função
67
sistêmicas contra condenações impróprias para descrever se a pena de morte funciona
para impedir o crime. Uma análise da teoria de conflitos raciais examinaria a composição
racial de réus, vítimas, jurados e juízes para determinar se a pena de morte funciona como
um meio para os caucasianos oprimir os negros americanos.
Efeitos
Questão Aplicada
68
e) A representatividade popular na elaboração das leis por um órgão legislativo é um
mecanismo de resolução do conflito entre classes nas sociedades.
Resposta: A única alternativa incorreta é a letra “e”, pois para a Teoria do Conflito as leis
elaboradas por um órgãos legislativo do Estado, ainda que com representantes eleitos,
nada mais que refletem os interesses de uma classe superior no exercício do poder, em um
contexto permanente de conflito com outras categorias sociais oprimidas e
desfavorecidas.
Lombroso acreditava que o atavismo poderia ser identificado por uma série de
estigmas físicos mensuráveis, que incluíam mandíbulas salientes, olhos caídos, orelhas
grandes, nariz torcido, braços longos em relação aos membros inferiores, ombros
inclinados e um cóccix semelhante a uma cauda. O conceito de atavismo se relevou
incrivelmente errado, mas, como tantos outros de seu tempo, Lombroso procurou
compreender fenômenos comportamentais com referência aos princípios da
evolução como eram entendidos na época. Se a humanidade estava apenas em uma
extremidade da evolução contínua da vida animal fazia sentido para muitas pessoas que
69
os criminosos - que agiam "bestialmente" e que careciam de consciência racional – seriam
seres biologicamente inferiores.
Questão Aplicada
A O criminoso era identificado como uma subespécie humana com regressão atávica.
D Exames do crânio por critérios biológicos e físicos indicariam criminosos por natureza.
70
Resposta : A alternativa incorreta é a letra “e”, pois esta abordagem teórica claramente se
utilizava de critérios raciais e de estigmas físicos específicos como identificação de um
indivíduo com propensão criminosa.
GABARITO: “E”.
71
Aqui Garofalo partiu de Lombroso e Ferri, os dois que estavam contra a pena de morte,
embora Lombroso gradualmente a aceitasse para criminosos natos e por aqueles que
cometiam crimes particularmente hediondos. Criminosos impulsivos, uma categoria que
incluiu alcoólatras e os insanos, deveriam ser presos. Os criminosos profissionais eram
indivíduos psicologicamente normais que utilizam o cálculo hedonístico antes de cometer
seus crimes e, portanto, exigem "eliminação", seja por prisão perpétua ou mediante
transporte para uma colônia penal no exterior. "Crime endêmico" foi o conceito pelo qual
Garofalo caracterizou os crimes peculiares a um determinado local ou região (mala
prohibita), podendo ser melhor controlados por mudanças na lei e não impondo severas
punições aos infratores.
Questão Aplicada
Resposta: A única alternativa correta é a letra “d”, pois para Garofalo a sanção penal
deveria justamente considerar o perigo causado pelo criminoso de acordo com suas
particularidades examinadas. As demais alternativas se opõem totalmente aos seus
conceitos, pois em relação à alternativa “a”, seus estudos contrariam justamente a
definição jurídico-formal do que é um crime; quanto à alternativa “b”, Garofalo estendeu o
conceito de crime muito além de ser um comportamento violador de alguma legislação;
em relação à alternativa “c”, o castigo deveria cingir-se ao criminoso e não ao crime;
quanto à alternativa “e”, é justamente o contrário: Garofalo como positivista repudiava a
noção do livre-arbítrio como elemento definidor da responsabilidade penal.
72
A TEORIA DA FACILITAÇÃO DA VÍTIMA COMO EXPRESSÃO DA VITIMOLOGIA
23
Schneider, H. J. (2001). "Victimological developments in the world during the past three decades (I): A Study of comparative
victimology". International journal of offender therapy and comparative criminology. 45: 449–468.
24
Hickey, Eric W. (2006). The Male serial murderer. In Serial murderers and their victims (4th ed., pp. 152–159). Belmont, CA:
Wadsworth Group
73
Um dos propósitos fundamentais desse tipo de conhecimento é informar o público e
aumentar a consciência para que menos pessoas se tornem vítimas. Outro objetivo do
estudo da facilitação da vítima é auxiliar nas investigações. Isso (o auxílio às investigações)
pode ser ligado à facilitação da vítima porque as redes sociais da vítima são os locais em
que a vítima é mais vulnerável a certas tipologias de crimes e a determinados criminosos
contumazes. Usando este processo, os investigadores podem criar um perfil de lugares
onde, por exemplo, o assassino em série e vítima se situam com freqüência.
Questão Aplicada
Resposta: A alternativa incorreta é a letra “b”, pois esta abordagem teórica não relaciona a
vítima à responsabilidade, ainda que parcial, pelo surgimento do ato criminoso contra si,
mas focaliza os fators externos que a tornam mais propensa a sofrer ofensas.
GABARITO: “B”.
74
O crime político na visão da criminologia
Assim, enquanto a maioria dos que apóiam o atual regime pode considerar a
criminalização de um comportamento politicamente motivado como uma resposta
aceitável quando o agressor é conduzido por crenças mais extremas de matizes políticas,
ideológicas, religiosas ou outras, pode haver um questionamento de moralidade de uma lei
que criminaliza simplesmente a dissidência política ordinária.
75
particular é incentivada e mantida através dos discursos sociais primários, que podem
incluir preocupações religiosas, econômicas, sociais ou outras menos formais. Qualquer
interferência com os meios de comunicação ou os conjuntos de sentidos embutidos nas
próprias comunicações pode ser percebida como uma ameaça à autoridade política do
Estado. Portanto, seja em cópia impressa ou eletronicamente, se os indivíduos
distribuírem material contendo informações não censuradas que minam a credibilidade
dos meios de comunicação controlados pelo Estado, isso pode ser considerado ameaçador.
Além disso, até mesmo uma ofensa contra instituições, pessoas ou práticas não-
governamentais pode ser considerada política. Violência ou até mesmo discriminação
contra um grupo étnico ou racial, bem como greves sindicais ou piquetes contra
empregadores privados, pode ser percebida como um crime político quando aqueles no
poder vêem tal conduta como minando a estabilidade política (e econômica) do Estado.
Neste contexto, note que o Código de Conduta dos Encarregado de Aplicação da Lei
aprovado pela Associação Internacional de Chefes de Polícia diz em parte: "Os deveres
fundamentais de um policial incluem servir a comunidade, salvaguardar vidas e
propriedade, proteger os inocentes, manter a paz, garantindo os direitos de todos à
liberdade, igualdade e justiça ". Este código exige que a polícia se comporte de maneira
cortês e justa, que trate todos os cidadãos de forma respeitável e decente, e que eles nunca
usem força desnecessária. Quando o fazem, argumenta-se que isso constitui um crime (por
exemplo, como um assalto) e que se for institucionalizado, com o passar do tempo, o uso
de força desnecessária, vem a se tornar um crime de Estado.
76
capitalista". Os marxistas modernos apontam a educação e os meios de comunicação
como agências socializadoras, que iludem ou "mistificam" a classe operária para se
conformarem a uma ordem social prevalente.
Questão Aplicada
Resposta: A única alternativa correta é a letra “d”, pois o crime político pode categorizar
condutas não violentas de oposição a um sistema estatal de Governo ou aos poderes
constituídos vigentes. Em relação à alternativa “a”, o terrorismo é uma das principais
construções dogmáticas do gênero crime político; quanto à alternativa “b”, também
ofensas contra pessoas e instituições não governamentais podem ser esquematizadas
como crimes políticos; em relação à alternativa “c”, ainda que focalizado em grupo
específico e limitado de pessoas, crimes praticados com direcionamento étnico ou
religioso podem ser enquadrados como crimes políticos; quanto à alternativa “e”, a
espionagem não se destina a derrubar regimes de governo ou mudar formas de Estado
necessariamente; portanto, nem sempre é um crime político em sua essência,
normalmente se situa em crimes contra a segurança nacional, como no caso da Lei
7170/83.
77
A prevenção criminal pode ser escalonada em três estágios ou fases: prevenção
primária, secundária ou terciária.
Questão Aplicada
78
e) Vizinhança de alto risco é um dos fatores determinantes para a prevenção
secundária.
Resposta: Incorreta a letra “c”, pois trata-se de uma característica própria da prevenção
primária.
A primeira forma de positivismo, que surgiu no final do século XIX, envolveu uma
tentativa de correlacionar o comportamento criminoso com certas características
fisiológicas. Isso levou à identificação de um "tipo criminal" genético - uma idéia que
agora está totalmente desacreditada.
79
Questão Aplicada
80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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