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Criminal
Sumário
UNIDADE 1 – Criminalística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
UNIDADE 2 – Metodologia de redação de laudos periciais . . . . . . . . . . . 33
UNIDADE 3 – Investigação policial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
UNIDADE 4 – Técnicas de Investigação Criminal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
UNIDADE 5 – Limites da Investigação Criminal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
1
UNIDADE 1
Criminalística
Objetivos de aprendizagem
Compreender a Criminalística como um conjunto de
conhecimentos científicos utilizados para a elaboração
da prova pericial.
Seções de estudo
Seção 1 Criminalística: conceituação
Seção 2 Perícias
18
Neste contexto, o trabalho pericial é de suma importância, para
demonstrar materialidade e autoria do crime. Via de regra,
a perícia é realizada na fase policial, até porque muitas delas
necessitam serem feitas imediatamente ou logo após a prática do
crime.
Unidade 1 19
(...) Conjunto de conhecimentos que, reunindo as
contribuições das várias ciências, indica os meios
para descobrir crimes, identificar os seus autores e
encontrá-los, utilizando-se de subsídios da química,
da antropologia, da psicologia, da medicina legal, da
psiquiatria, da datiloscopia, etc., que são consideradas
ciências auxiliares do Direito penal. (ENCICLOPÉDIA
SARAIVA DE DIREITO, v. 21, 1997:486).
20
Em Santa Catarina, o trabalho pericial é realizado pelo Instituto
Geral de Perícias, que apresenta o organograma abaixo:
Unidade 1 21
Você que reside em outro Estado, faça uma pesquisa sobre
o assunto. Como funciona o Instituto Nacional de Perícias?
Socialize a investigação no Espaço Virtual de Aprendizagem.
Use o espaço abaixo para registrar sua pesquisa.
22
SEÇÃO 2 - Perícias
A investigação policial tem como foco a obtenção de provas
criminais que podem ser testemunhais e técnicas.
Unidade 1 23
Dispõe o artigo 167 do Código de Processo Penal Brasileiro:
“Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe
a falta”.
24
Isolamento e preservação das provas e vestígios essenciais à
investigação
O isolamento do local de crime é a primeira providência a ser
tomada e é responsabilidade dos policiais e peritos, que devem
sempre ter em mente a importância da proteção do local do
crime, para a preservação dos vestígios, e, conseqüentemente,
para a investigação criminal.
Unidade 1 25
O Código Brasileiro de Trânsito, no artigo 312, também
tipificou como crime a alteração de local de acidente de trânsito:
26
SEÇÃO 4 - Levantamento pericial: procedimentos
empregados no exame do local
O levantamento pericial é o trabalho pericial realizado nos locais
de crime. Após concluído, o levantamento pericial dá origem ao
laudo de exame de levantamento de local.
Unidade 1 27
entrevista com o primeiro policial a chegar no local
do fato visando à tomada de informações relativas ao
histórico;
visualização geral da cena do crime e verificação da
adequação do isolamento;
escolha do tipo de padrão a ser utilizado na busca
de vestígios (em linha, em grade, em espiral, em
quadrantes, etc.);
formulação dos objetivos do exame;
busca de vestígios, que deve prever especial atenção às
evidências facilmente destrutíveis, tais como: marcas
de solado, impressões em poeira, dentre outras.
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dimensões de portas, móveis, janelas, caso necessário;
distâncias de objetos até pontos específicos, como vias
de acesso (entrada e saída);
distâncias entre objetos;
medidas que forneçam a exata posição das evidências
encontradas na cena do crime;
coordenadas geográficas em locais abertos (obtidas por
mapas ou GPS).
Unidade 1 29
O que fazer na identificação?
30
Síntese
Unidade 1 31
Atividades de auto-avaliação
Saiba mais
32
2
UNIDADE 2
Metodologia de redação de
laudos periciais
Objetivos de aprendizagem
Conhecer a forma como são elaborados os laudos
periciais.
Conhecer alguns modelos de laudo pericial.
Seções de estudo
Seção 1 O Laudo pericial: caracterização
34
1- Preâmbulo ou histórico.
2- Preliminares.
3- Objetivo da perícia ou quesitos.
4- Dos exames periciais.
5- Considerações técnicas ou discussão.
6- Conclusão e/ou respostas aos quesitos.
7- Fecho ou encerramento.
8- Anexos.
Preâmbulo ou Histórico
Discriminar a data, a hora e o local em que for elaborado o
laudo pericial, o nome do instituto e órgãos superiores aos
quais está subordinado, tipo de laudo, a data da requisição
e/ou solicitação, nome da autoridade que requisitou
e/ou solicitou a perícia, nome do diretor e dos peritos
signatários do laudo, bem como o objetivo geral dos
exames periciais.
Preliminares
Neste tópico, o relator vai consignar as informações referentes
à preservação e isolamento do local e quaisquer outras
alterações que forem relevantes ao caso, ou que prejudicaram
o andamento dos trabalhos periciais. Nos casos de exames
em peças, este tópico destina-se à consignação de qualquer
fato conflitante entre a requisição e o objeto de exame, tais
como número de peças distinto do constante na requisição,
peças que não estão discriminadas, objetivos do exame
incompatíveis com o tipo de peça a ser examinada.
Unidade 2 35
Objetivo da Perícia ou quesitos
Descrever, conforme consta na requisição, quais os objetivos a
serem buscados na perícia, os quais deverão estar contidos na
requisição da perícia ou nos quesitos formulados. Não sendo
especificado na requisição os objetivos da perícia, é de bom
alvitre que os peritos descrevam com certa precisão quais são os
objetivos periciais pertinentes àqueles exames.
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Considerações Técnicas ou Discussão
Do histórico e das descrições (local e vestígios) defluem as
conclusões. Porém, em certos casos há necessidade de
cotejar fatos, de analisá-los, dissipar dúvidas ou ajustar
obscuridades. Através da discussão asseguram-se
conclusões lógicas, afastando-se as hipóteses capazes de
gerar confusão, evidenciando-se aquelas que, depois de
cotejadas, conduzirão e subsidiarão a conclusão.
Unidade 2 37
Impressão digital individualmente é um vestígio
determinante, mas, se for encontrado um desses
vestígios no local do crime, não quer dizer que foi
identificado o autor do crime e por conseqüência
trata-se de um homicídio.
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Mesmo que não seja possível uma conclusão
categórica em uma determinada perícia, deve-se
constar no laudo o tópico correspondente e, nele
informada a impossibilidade de conclusão face aos
motivos que devem ser mencionados (exigüidade de
vestígios, falta de preservação, etc.) , de forma clara e
explicativa, porém, poderá ser levantada uma causa
mais provável.
Unidade 2 39
Fecho ou Encerramento
Analise um modelo de laudo e verifique os elementos que ele
contém.
Anexos
É necessário incluir, ao final, todos os anexos que foram
produzidos e que sejam necessários para acompanhar o laudo,
visando a melhor compreensão do mesmo, tais como, resultado
de exames complementares, fotografias, gráficos, relatórios de
outros peritos/profissionais, etc.
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a) LAUDO DE EXAME DE DOCUMENTOS
Aos... dias do mês de .... do ano de ....., nesta Capital, no Departamento de
Criminalística, pelo Diretor LL foram designados PP e PQ para proceder ao
exame pericial de documento, a fim de ser atendida requisição do Bel. AA,
Delegado Titular do 1ª DP, conforme Ofício nº ....
Peças Motivantes
Trata-se de manuscritos apostos em um pedaço de papel sem pauta
medindo aproximadamente 14,7 cm e 6,7 cm.
O documento encontra-se colado em uma folha de papel sem pauta
apresentando no canto superior direito “24-Z”.
Trata-se de envelope que apresenta manuscritos feitos com caneta dita
esferográfica, tinta preta. Encontra-se ele endereçado a SS e está colado a
uma folha em branco, apresentando no canto superior direito o n. “25-z”.
1. Peças Paradigmáticas
Como espécimes de confronto, contamos com padrões autênticos de JJ e
JL, contidos em Auto de Colheita de Material Gráfico Autêntico, coletados
pela Polícia Civil de São Paulo – DEGRAN – através do Dr. AB.
3 – Dos Exames
As peças motivantes e paradigmáticas foram examinadas a olho nu e por
meios óticos adequados em busca e de hábitos gráficos característicos
que, uma vez determinados, foram confrontados entre si para uma
possível origem comum ou não. Fotomacrografias foram tomadas, e
os assinalamentos necessários foram permitindo assim um controle da
conclusão pericial.
4 – Quesitos e Respostas
1º - O autor do Auto de Colheita de Material Gráfico Autêntico, JJ, é
também autor das escritas gravadas no bilhete de fls. 24, doc 05 e
envelope, doc06, fls. 25?
Resposta: sim
Para que dois grafismos sejam aceitos como do mesmo punho, é
necessário que em ambos os seguintes valores sejam convergentes:
A) habilidade gráfica;
B) hábitos gráficos;
C) que não haja divergências estruturais entre os dois grafismos.
(...)
Unidade 2 41
na carta de confronto em anexo, 01 a 07, os assinalamentos mais
preponderantes estão em quantidade e qualidade suficientes para
afirmarmos que as peças motivantes foram produzidas por JJ.
(...)
É o nosso relatório.
PP PQ
1º Perito 2º Perito
42
j) OBS: Foi utilizado um cartucho em disparo experimental
2 – Funcionamento da arma
O estado geral da arma é bom, não apresentando suas peças quaisquer
anomalias que impeçam seu funcionamento. Está apta à realização de
disparos
3 – Quesitos e Respostas
a) Quais as características da arma periciada?
Resposta_ ver item 1.
b) No estado em que se encontra, está em perfeitas condições de uso?
Resposta: Sim, ver item 2.
c) A munição que a acompanha é do mesmo calibre da arma, e qual o seu
estado?
Resposta: Sim, estado em condições de uso. Seu calibre corresponde ao da
arma, ou seja, 7,65mm.
d) Há evidências de disparo recente?
Resposta: Ver laudo químico.
e) O pedaço de chumbo pertence ao mesmo calibre da arma?
Resposta: O pedaço de chumbo a que se refere o quesito é um projétil
de arma de fogo calibre nominal 7.65mm, que, inclusive foi expelido pela
arma de fogo aqui periciada. Portanto, a resposta não só é afirmativa,
como também identifica a arma que o expeliu. Ver fotos 1 e 2.
É o relatório.
OBS: O material examinado é devolvido com o presente.
Goiânia,... de.... de ....
PP PQ
1º Perito 2º Perito
Unidade 2 43
c) LAUDO DE EXAME CADAVÉRICO
Aos... dias do mês de ... de ...., no Necrotério do Instituto Médico-Legal,
nós, médico-legistas que abaixo assinamos, atendendo à requisição da
Delegacia do 1º DP, procedemos ao exame CADAVÉRICO no cadáver que
nos foi apresentado como sendo de SS (qualificação completa), no qual
observamos:
Descrições das lesões: 1 – ferida pérfuro-contusa, medindo 0,8 cm
de diâmetro, com área de chamuscamento, localizada na região
bucinadora (cochecha) direita, com trajeto transfixando a língua e ramo
mandibular esquerdo, com saída na região bucinadora contra-lateral;
2 – ferida pérfuro-contusa, medindo 0,8 com de diâmetro, com área de
chamuscamento e câmara de mina, localizada na região parietal esquerda,
logo acima do pavilhão auricular (orelha), transfixante, com grande
destruição de massa encefálica, com saída na região carotideana direita,
logo abaixo do pavilhão auricular; 3 – sem outras lesões. Nada mais tendo
sido constatado, passamos a responder aos quesitos.
1º - Houve morte? Resposta: Sim, houve morte.
2º - Qual a causa da morte? Resposta: Hemorragia intracraniana
3º - Qual o instrumento ou meio que a produziu?
Resposta: Pérfuro-contundente
4º - Foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel?
Resposta: Prejudicado
5º - Qual a data do óbito? (especificar hora, dia, mês e ano); Resposta:
Óbito dia .../.../..., às 17 h.
Dado e passado no Instituto Médico-Legal, em Goiânia, Capital de Goiás,
aos ... dias do mês de .... de ....
PP PQ
1º Médico-Legista 2º Médico-Legsita
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d) LAUDO DE EXAME DE LESÕES CORPORAIS
Aos... dias do mês de ...., no Gabinete do Instituto Médico-Legal, nós,
médico-legistas que abaixo assinamos, atendendo à requisição da
Delegacia do 1º DP, procedemos ao exame de corpo de delito - LESÕES
CORPORAIS - a pessoa que nos foi apresentada como sendo SS
(qualificação completa), na qual observamos:
DESCRIÇÃO DAS LESÕES: 1 - cicatriz de ferida pérfuro-cortante, medindo
3 cm de extensão, localizada no hipocôndrio esquerdo, próximo ao
rebordo costal; 2- cicatriz de incisão cirúrgica, mediana, medindo 25 cm
de extensão, localizada na linha média do abdome; 3 – cicatriz de incisão
cirúrgica, medindo 2 cm de extensão, localizada no flanco esquerdo
(dreno); 4 – relatório de lesões, cujo teor é o seguinte: “Aos .../.../..,
examinei SS e constatei o seguinte: estado geral comprometido. Lesões
apresentadas: 1 – ferida penetrante no abdome, no hipocôndrio esquerdo;
2 – choque hipovolêmico, Instrumento: arma branca. Tratamento:
cirúrgico, ressecção de estômago devido à laceração extensa; reposição
sangüínea; antibióticos, soroterapia. Seqüelas que futuramente poderão
se apresentar: distúrbio digestivo. Afastamento de suas ocupações por
40 dias. Hospital BDF. Dr. OS, CRM – GO 007”. Nada mais tendo sido
constatado, passamos a responder os seguintes quesitos:
1º - Houve ofensa à integridade corporal ou à saúde do paciente?
Resposta: Sim.
2º - Qual o instrumento ou meio que a produziu? Resposta: Pérfuro-
cortante.
3º - Foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel?. Resposta: Prejudicado.
4º - Resultou incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta
dias? Resposta – Sim
5º - Resultou perigo de vida? Sim, devido à lesão penetrante no abdome
com a laceração do estômago e devido ao estado geral comprometido
produzido por choque hipovolêmico que necessitou de cirurgia e de
reposição sangüínea.
6º - Resultou debilidade permanente ou perda ou inutilização de membro,
sentido ou função? Resposta: Sim, debilidade permanente da função
digestiva.
7º - Resultou incapacidade permanente para o trabalho, enfermidade
incurável ou deformidade permanente? Resposta: Não
8º - Resultou aceleração de parto ou aborto? Resposta: Não
Unidade 2 45
Dado e passado no Instituto Médico-Legal, em Goiânia, Capital de Goiás,
aos ... dias do mês de .... de ....
PP PQ
1º Médico-legista 2º Médico-Legista
Síntese
1. Preâmbulo ou histórico.
2.Preliminares.
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4.Dos exames periciais.
7.Fecho ou encerramento.
8.Anexos.
Atividades de auto-avaliação
Unidade 2 47
2. Que tipo de prova é o laudo pericial?
Saiba mais
48
3
UNIDADE 3
Investigação Criminal
Objetivos de aprendizagem
Compreender o conceito e o histórico da Polícia.
Seções de estudo
Seção 1 Conceito e histórico da polícia
50
Segundo Tourinho Filho (2001),
Unidade 3 51
O que cabe à Polícia Civil?
A Polícia Civil, também chamada de Polícia Judiciária, tem
competência residual, tendo a função de apurar as infrações
penais e respectivas autorias, ressalvadas as atribuições da Polícia
Federal e as infrações da alçada militar, de acordo com o artigo
144, § 4º, da Carta Magna.
52
Importante a diferenciação que Marcineiro e Pacheco,
na obra Polícia Comunitária. Evoluindo para a Polícia
do Século XXI, p.33, fazem entre segurança nacional e
segurança pública: a primeira com sendo a defesa do
Estado e a segunda como tendo o foco na segurança
da sociedade.
Unidade 3 53
A investigação policial, ou investigação criminal, é atividade
policial direcionada à apuração das infrações penais e de sua
autoria. É o trabalho realizado por policiais, especialmente
delegados e seus agentes, procurando esclarecer a autoria e
materialidade de delitos, bem como as circunstâncias em que
ocorreram. Estas circunstâncias são detalhes de fatos criminosos
com a preocupação de melhor identificar as pessoas com
eles relacionados e o próprio objeto do crime, visando reunir
elementos probatórios para o indiciamento ou não e posterior
encaminhamento à apreciação judicial.
54
Todas as afirmações de fato feitas pelo autor, bem como as
afirmações feitas pelo réu, que normalmente se contrapõem
àquelas, podem ou não corresponder à verdade. De acordo com
Cintra,
CINTRA, Antônio Carlos
as dúvidas sobre a veracidade das afirmações de fato de Araújo; GRINOVER, Ada
feitas pelo autor ou por ambas as partes no processo, a Pelegrinni; DINAMARCO;
propósito de dada pretensão em juízo, constituem as Cândido Rangel.Teoria
questões de fato que devem ser resolvidas pelo juiz, à Geral do Processo, 2003,
vista da prova dos fatos pretéritos relevante. p.348.
Unidade 3 55
Na Antigüidade, a religião era a força propulsora das
organizações rudimentares e, posteriormente, das
cidades, estando acima de tudo e de todos. Leis e
religião se misturavam. Coulange (1996) menciona
que o respeito dos antigos às leis advinha da crença
de que estas eram ditadas pelos deuses, tinham
origem sagrada. (COULANGE, 1996:152).
56
Montesquieu (1996), menciona que a prova pela água fervente
podia ser substituída, a critério do acusador, por certa quantia e
pelo juramento de algumas testemunhas que declarassem que o
acusado não havia cometido o crime. (MONTESQUIEU, 1996:
553).
Unidade 3 57
Considerando a dificuldade de se obter outros meios de prova,
a confissão do acusado representava o objetivo primordial do
procedimento inquisitório. Enfocando a tortura, Gomes Filho
(1997), menciona: somente ela podia fornecer a certeza moral a
respeito dos fatos investigados, e a pesquisa cedia vez à confirmação de
uma verdade já estabelecida.(GOMES FILHO, 1997:22).
58
Valiente (2002), sintetiza algumas das idéias defendidas por
Beccaria, na obra citada: a mudança do processo inquisitivo para
o acusatório, público, com meios de prova claros e racionais; a
igualdade entre nobres, burgueses e plebeus; a proporcionalidade
entre os delitos e as penas; a nítida separação entre a religião e
o Estado e seus Poderes, desvinculando os conceitos de pecado
e delito; a supressão total da tortura e da pena de morte; e a
preferência dos métodos preventivos aos repressivos; idéias estas
que continuam a influenciar os sistemas penais e processuais
penais atuais. (VALIENTE, 2002:161,162)
Unidade 3 59
Em matéria de processo penal, o princípio da inocência do
acusado era desconhecido, as provas não eram reunidas para
apurar uma possível responsabilidade penal do réu, sendo que
esta era constituída por cada um dos elementos que permitiam
reconhecer um culpado.
60
da existência de direitos subjetivos preexistentes ao Estado, não
criados, mas reconhecidos por este”.
Unidade 3 61
sistema da livre (e não íntima) convicção, da verdade real ou do
livre convencimento.
62
de Processo Penal e demais legislações vigentes. Tal motivação
não se faz necessária apenas nas decisões do júri, considerando a
soberania dos vereditos e o sigilo das votações, preceituados no
artigo 5º, XXXVIII, da Carta Magna.
Unidade 3 63
O inquérito policial é de atribuição exclusiva das
Polícias Federal e Civil.
64
Todos estes atos são formalizados no inquérito policial, não
existindo um rito pré-estabelecido para a atividade investigativa.
Estas têm uma seqüência determinada pela autoridade policial
que estiver presidindo o inquérito policial, em face da necessidade
da realização desta ou daquela diligência, de acordo com as
peculiaridades da infração penal praticada.
Unidade 3 65
- Leia, a seguir, a síntese da unidade, realize as atividades de Auto-
avaliação e consulte o saiba mais para ampliar seus conhecimentos
acerca do assunto estudado.
Síntese
66
Após a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do
Cidadão, de 1789, que conferiu diversos direitos e garantias
ao homem até então não existentes, surgiu o sistema da livre
apreciação de provas, em que o juiz tinha total liberdade na
valoração das provas e nas suas decisões processuais, decisão
absolutória ou condenatória, ficando isento de motivar as suas
sentenças absolutórias ou condenatórias.
Atividades de auto-avaliação
Unidade 3 67
2. Responda a seguinte questão:
Saiba mais
http://www.direitonet.com.br/textos/x/15/73/1573
www.http://www.damasio.com.br/?page_name=art_05_
2005&category_id=31
68
4
UNIDADE 4
Investigação Criminal
Objetivos de aprendizagem
Estudar técnicas de investigação policial.
Seções de estudo
Seção 1 Interrogatório
Seção 3 Informante
Seção 4 Vigilância
Para início de estudo
Para iniciar os estudos desta unidade considero oportuno
que você conheça termos-chave para a compreensão do que
se pretende abordar. Assim, ficará mais fácil o entendimento
do conteúdo desenvolvido nas seções que seguem. Vamos lá?
Comecemos com a palavra “técnica.”
O que é técnica?
70
Procedimento é o conjunto dos atos pelos quais se ordenam e se
exercitam, sob determinados preceitos legais, os meios necessários
para instruir a causa e assegurar ou restabelecer uma relação jurídica
controvertida.
SEÇÃO 1 - Interrogatório
Interrogatório é o termo utilizado pelo Código de
Processo Penal para conceituar a inquirição do
acusado no processo penal. O procedimento do
interrogatório encontra-se disposto nos artigos
185 a 196 do Código de Processo Penal, que
foram todos alterados pela Lei n. 10792, de
1.12.2003.
Unidade 4 71
No âmbito policial, denomina-se interrogatório o ato em que
o suspeito ou indiciado pela prática da infração penal presta
depoimento formalmente nos autos, perante a autoridade policial.
Usualmente conceitua-se declaração como sendo a inquirição da
vítima e depoimento a inquirição da testemunha. Evidentemente
que as técnicas ora mencionadas também podem ser aplicadas
durante a tomada de declarações da vítima ou a tomada de
depoimento de testemunha.
72
Assim, levando-se em conta a seqüência como um interrogado
pode narrar os fatos que estão sendo investigados, o interrogador
pode se valer de cinco técnicas, a saber: da seqüência memorial;
da seqüência dos fatos; da seqüência embaralhada; da seqüência Estas técnicas foram
protaitiva, e da seqüência retroativa: mencionadas em aulas
expositivas no Curso de
A experiência tem demonstrado que a prática de um Formação para Delegado
delito, via de regra, quebra a rotina de quem o pratica, de Polícia – Ministradas
na Academia da Polícia
tanto por força das atividades necessárias à perpetração
Civil de Santa Catarina.
do delito, como em razão dos cuidados que se toma Ano 1998.
para ocultar os fatos. Isto não pode deixar de ser
levado em conta por quem investiga.
Por essa razão, é importante buscar apurar onde e com
quem o suspeito ou indiciado esteve durante todo o dia
do crime, manteve contatos ou encontros com pessoas
estranhas, ausentou-se de casa ou do trabalho sob
qualquer pretexto, se saiu mais cedo ou chegou mais
tarde, etc.
Dessa forma, a seqüência como os fatos serão
abordados deve obedecer a critérios técnicos que sejam
de pleno conhecimento e domínio do interrogador.
Unidade 4 73
Muitas vezes o interrogando inicia a sua fala pelo ato executório e
depois desordenadamente vai narrando as demais circunstâncias,
por parte, na medida em que estas vão lhe surgindo na memória.
74
A experiência tem demonstrado que para esconder atividades e
encontros relacionados com a preparação e execução do crime,
o suspeito ou indiciado acaba inventando situações que são
facilmente desmentidas posteriormente.
Técnicas de Comportamento
São técnicas que tratam da postura, da forma como o
interrogador deve se comportar frente ao interrogando. Estas técnicas foram
mencionadas em aulas
expositivas no Curso de
Técnica da Espontaneidade Formação para Delegado
de Polícia – Ministradas
É a técnica que deve ser utilizada para o início de um
na Academia da Polícia
interrogatório. Civil de Santa Catarina.
Ano 1998.
Consiste em permitir que o interrogando, espontaneamente, sem
qualquer interferência do interrogador, narre livremente o fato
criminoso. Por esta técnica, o interrogando faz uma narrativa dos
fatos por ele praticados; da forma mais livre possível.
Unidade 4 75
Todavia, é interessante que perceba que nem todo autor de crime
confessa o fato espontaneamente e aí se faz necessário o emprego
de outras técnicas para se chegar à verdade.
Técnica da Indução
Caracteriza-se pela formulação de perguntas ao interrogando
que o induzam, pela própria maneira como são formuladas, a dar
uma resposta certa e objetiva.
76
Técnica da Persuasão
Esta técnica tem por objetivo persuadir, convencer o investigando
a primar pela verdade dos fatos. Assim o policial deve
argumentar com os benefícios da lei, mostrando ao interrogando
que somente tem a ganhar se disser a verdade. Evidentemente, o
interrogador jamais deve inventar benefícios legais inexistentes.
Unidade 4 77
O primeiro argumento é de que, uma vez esclarecido o fato
criminoso cessa a perseguição da polícia, que sempre causa
transtornos à vida pessoal, social e profissional de alguém.
Técnica do Desmentido
Esta técnica consiste em relacionar e mostrar ao suspeito que está
faltando com a verdade, mostrando a ele todas as controvérsias
que seu interrogatório apresenta, oferecendo a ele, após, a
oportunidade de dizer a verdade. Com paciência, o interrogador
deve aguardar a reação do suspeito, agindo sempre com calma e
segurança.
Técnica do Questionamento
Consiste em questionar o que foi dito pelo indiciado e que não
estiver de acordo com o que se apurou. Deve-se indagar acerca do
que foi alegado pelo indiciado que esteja mal esclarecido.
Técnica da Alternância
Consiste na aplicação das técnicas mencionadas acima, com o
diferencial de que, a aplicação de cada técnica deve ser feita
por policial diferente, alterando-se, portanto as técnicas e seus
aplicadores.
78
Esta técnica tem proporcionado bons resultados práticos, pois
é muito comum o investigando, no decorrer da aplicação das
técnicas, escolher um dos policiais para revelar a verdade, por ter
maior afinidade com ele do que com os demais.
Unidade 4 79
SEÇÃO 2 - Infiltração policial
A infiltração policial trata-se de técnica operacional eficaz, que
permite a obtenção de conhecimentos profundos da organização
criminosa, obtidos pelo policial infiltrado.
80
SEÇÃO 3 - Informante
A técnica do informante permite estabelecer procedimentos
uniformes, a serem utilizados no manejo de fontes vivas
(informantes), que se encontram inseridos na comunidade, e,
portanto, possuem informação de grande valia.
SEÇÃO 4 - Vigilância
A vigilância é a observação encoberta, contínua ou periódica
de pessoas, veículos, lugares e objetos com a finalidade de obter
informações sobre as atividades e a identidade de pessoas. Muito
freqüentemente, a vigilância é a única técnica de investigação a
que se pode recorrer para averiguar a identidade dos fornecedores,
transportadores e compradores de drogas ilícitas.
Unidade 4 81
a) Vigilância móvel: em que o investigador segue um
indivíduo a pé ou em um veículo.
b) Vigilância fixa: que consiste em vigiar continuamente,
a partir de um ponto fixo, um local, objeto ou pessoa.
c) Vigilância eletrônica: na qual se utilizam aparatos
eletrônicos, mecânicos ou de outra índole para
interceptar o conteúdo de comunicações orais ou
telefônicas.
82
Uma das primeiras medidas que antecedem qualquer operação
de vigilância é a designação do policial coordenador. Nas
operações em que participam vários policiais, deve ser preparado
um plano tático que preveja as eventualidades e especifique a
função de cada um dos policiais, a dura ção da vigilância, as
substituições. Além disso, deve-se estabelecer um sistema seguro
de comunicação com os superiores e uma coordenação central.
Também devem ser combinados sinais para a comunicação entre
os policiais da vigilância.
a) Vigilância eletrônica
A vigilância eletrônica compreende muitas e diversas tecnologias,
algumas das quais exigem um equipamento complexo e caro. Em
muitos países, a vigilância eletrônica está estritamente limitada
pelo temor de violar o direito à intimidade das pessoas. É
extremamente importante que se levem em conta essas limitações
potenciais à estratégia de investigação, e se atue de acordo ao
planejar as operações de vigilância eletrônica.
Unidade 4 83
b) Captação de conversações ambientais
No que concerne à captação de conversações ambientais, a Lei
Federal n. 10217/2001 instituiu no sistema jurídico brasileiro
esta modalidade de vigilância eletrônica. A Lei Federal n.
10217/2001 acrescentou o inciso IV, ao artigo 2º da Lei Federal
n. 9034/1995, disciplinando expressamente acerca da captação
e interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou
acústicos, bem como o seu registro e análise.
84
Em 1996, entrou em vigor a Lei Federal n. 9296/96
que regulamentou o inciso XII, parte final, do artigo 5º,
da Constituição Federal e tratou das interceptações
telefônicas. O parágrafo único do artigo 1º da Lei
n.9296/96, Lei n. 9296/96, artigo 1º, § único: “O
disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do
fluxo de comunicações em sistemas de informática
e telemática” estendeu a sua abrangência à
interceptação do fluxo de comunicações em sistemas
de informática e telemática. A discussão doutrinária
acerca da legalidade deste dispositivo será comentada
oportunamente.
Unidade 4 85
Com o advento da Constituição Federal de 1988, que inseriu
diversos direitos e garantias individuais muitas vezes limitadoras
da busca da prova criminal, e também em razão dos crescentes
índices da criminalidade, os agentes estatais que realizam
investigação viram-se obrigados a se aperfeiçoar no exercício
profissional e a se pautar em técnicas eficazes à atividade
investigativa.
Síntese
- Interrogatório
86
As técnicas de interrogatório são as seguintes:
- Infiltração
– Informante
- Vigilância
Unidade 4 87
São modalidades de vigilância eletrônica, a captação de
conversações ambientais e a interceptação de comunicações
telefônicas.
Atividades de auto-avaliação
88
2. Responda à seguinte questão:
Saiba mais
http://direitonetcombr/artigos/x/24/32/2432
Unidade 4 89
5
UNIDADE 5
Limites da Investigação
Criminal
Objetivos de aprendizagem
Conhecer a prova criminal, seu conceito e sua evolução
histórica.
Relacionar a prova às manifestações e aos princípios
constitucionais de garantia dos direitos fundamentais.
Seções de estudo
Seção 1 Sobre as provas: história e garantias
constitucionais
Para início de estudo
Para a manutenção de um Estado Democrático de Direito é
necessário que a atividade estatal seja limitada por direitos e
garantias individuais.
92
SEÇÃO 1 - Sobre as provas: história e garantias
constitucionais
Num Estado Democrático de Direito a busca pela prova
na investigação policial não é absoluta, encontrando limites
expressos constitucional e infraconstitucionalmente.
Você sabia?
Que durante a Antigüidade e parte da Idade
Média, quando a religião era o valor supremo
das organizações e desconheciam-se os direitos
fundamentais, instituiriam-se as ordálias e os
juramentos, meios de prova que outorgavam a Deus a
capacidade de condenar ou absolver os indivíduos?
Que no final da Idade Média e grande período da
Idade Moderna, com a criação dos Tribunais da
Inquisição, a tortura era oficialmente aceita como
meio de Prova necessário para a obtenção da
confissão?
Utilizava-se o sistema das provas legais, em que a
confissão era mais valorada do que as demais provas.
Unidade 5 93
liberdade aos juízes na apreciação da Prova, dispensando-os de
motivar suas decisões.
94
Quando a prova viola normas de direito material,
tais como os princípios constitucionais, é tida como
ilícita. Quando a prova ofende preceitos de ordem
processual é chamada ilegítima. Ambas, provas ilícitas
e ilegítimas, são ilegais.
Unidade 5 95
A utilização das provas e os direitos fundamentais
A Constituição da República explicita as garantias concernentes
à vida, liberdade, igualdade, segurança, propriedade, integridade
física e moral, intimidade, vida privada, honra e imagem das
No contexto desta discussão, a
pessoas; bem como às inviolabilidades da manifestação do
autora adotou como sinônimas as pensamento, da liberdade espiritual, da expressão intelectual,
expressões ‘Direito à intimidade” e “ artística e científica, do domicílio, do sigilo da correspondência
Direito à Privacidade”. e das comunicações telegráficas, de dados e telefônicas. Assegura
ainda, as seguintes garantias, dentre outras: da inadmissibilidade
das provas obtidas por meios ilícitos, da publicidade dos atos
processuais, do interrogado reservar-se no direito de permanecer
calado.
96
LXIII – o preso será informado de seus Direitos, entre os quais
o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
família e de advogado”.
Unidade 5 97
Como já visto, a Constituição da República garantiu, ainda, a
inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que
a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal.
Constituição da República, art. 5º, XII – “é inviolável o sigilo da
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma em que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal.
98
Código de Processo Penal, art. 233: “As cartas
particulares, interceptadas ou obtidas por meios
criminosos, não serão admitidas em juízo”. § único:
“As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo
respectivo destinatário, para a defesa de seu Direito,
ainda que não haja consentimento do signatário.
Unidade 5 99
Art. 4o da Lei Complementar 105/2001:
100
Neste sentido faz-se importante realizar uma breve análise sobre
as interceptações telefônicas.
Interceptação telefônica
Como já foi mencionado, há diferenciação entre esta e gravação
telefônica. Quando feita por um dos interlocutores, a captação
é chamada gravação de conversa telefônica. O entendimento
doutrinário e jurisprudencial majoritário é no sentido de dar à
gravação, telefônica ou ambiental, tratamento diferenciado da
interceptação, aceitando-se a gravação, por um dos interlocutores,
como prova lícita. Este é o entendimento pacífico do Supremo
Tribunal Federal:
Unidade 5 101
De outro lado, Greco Filho (1996), concebe que esta questão está
centrada na interpretação que se dá à expressão “último caso”,
prevista no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal. Este
autor entendendo que tal expressão limita-se às comunicações
telefônicas, excluindo as comunicações telegráficas e de dados, e
vislumbra os sistemas de informática e telemática como variantes
das comunicações de dados, considera inconstitucional o
dispositivo sob comento.
102
MANDADO DE SEGURANÇA – DECISÃO MONOCRÁTICA – QUEBRA DE SIGILO
DE CORREIOS ELETRÔNICOS (E-MAIL) – ART. 5º, XII, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL – CORRESPONDÊNCIA – SISTEMA DE INFORMÁTICA E TELEMÁTICA –
INCLUSÃO NO CONCEITO – Há controvérsia se as comunicações em sistema de
informática/telemática, via correio eletrônico (e-mail), estão compreendidas
no sigilo de correspondência, de dados ou de comunicações telefônicas
preconizado pelo art. 5º, XII, da Constituição Federal. A Lei nº 9.296/1996, no
parágrafo único do seu art. 1º, equiparou-as às comunicações telefônicas,
em relação às quais é pacífico que cabe a quebra do sigilo por determinação
judicial. A matéria é objeto da ADIN nº 1.499-9, na qual foi indeferida a
medida liminar, não por ausência do fumus boni iuris, mas do periculum in
mora, estando pendente de julgamento. Na espécie, todavia, para a análise
do caso não há a necessidade de se perquirir sobre a constitucionalidade da
equiparação. É que a interceptação do fluxo de tais comunicações (informática
e telemática), ainda que constitucional, porque representa exceção à garantia
constitucional prevista no preceito referido, há de ser deflagrada com cautela,
devendo o magistrado verificar se estão presentes os pressupostos legais para
o deferimento da medida e, em caso positivo, seguir o procedimento fixado
na Lei nº 9.296, de 1996, disso dependendo a licitude ou ilicitude da medida.
No caso, sendo as infrações investigadas punidas, no máximo, com a pena
de detenção, descabe a quebra do sigilo, ante a regra inserta no inciso III do
art. 2º da Lei nº 9.256/1996. Segurança concedida.(TJSC – MS. 251 – (17096)
– Blumenau – Rel. Des. Otávio Roberto Pamplona – p. DJSC em 26.10.2001 – p.
119).
Limitações probatórias
Além dos preceitos limitativos de ordem material, existem
limitações probatórias previstas no Código de Processo Penal.
Podemos citar: a obrigatoriedade da prova pericial para a
constatação da materialidade da infração penal, quando esta
deixar vestígios, com possibilidade de suprimento pela prova
testemunhal, no caso de desaparecimento destes vestígios; a
impossibilidade de condenação embasada exclusivamente na
confissão do acusado; necessidade, em regra, dos laudos periciais
serem lavrados por dois peritos oficiais; restrições de prova
relacionadas ao estado civil das pessoas; proibição de depor como
testemunhas as pessoas que, em razão de função, ministério,
ofício, ou profissão, devam guardar segredo.
Unidade 5 103
Código de Processo Penal, art. 158 – “Quando
a infração deixar vestígios, será indispensável o
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não
podendo supri-lo a confissão do acusado”; art. 167
– “Não sendo possível o exame de corpo de delito,
por haverem desaparecido os vestígios, a Prova
testemunhal poderá suprir-lhe a falta”; art. 159, caput
–“Os exames de corpo de delito e as outras perícias
serão feitos por dois peritos oficiais”; art. 155 – “No
juízo penal, somente quando ao estado das pessoas,
serão observadas as restrições à Prova estabelecidas
na lei civil”; art. 62 – “No caso de morte do acusado,
o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois
de ouvido o Ministério Público, declarará extinta e
punibilidade”; art. 207 – “São proibidas de depor as
pessoas que, em razão de função, ministério, ofício
ou profissão, devam guardar segredo, salvo se,
desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o
seu testemunho”.
104
Síntese
Unidade 5 105
pelo qual a motivação das decisões judiciais tornou-se verdadeira
garantia individual.
106
Atividades de auto-avaliação
Unidade 5 107
110
Referências
113
SZNICK, Valdir. Tortura. São Paulo: Universitaria de Direito.
1998. 293 p.
114
116
Respostas e comentários das
atividades de auto-avaliação
Unidade 1
1) Assinale V ou F
Unidade 3
1) Assinale verdadeiro ou falso:
118
Unidade 4
1) Assinale verdadeiro ou falso:
119
Unidade 5
1) Assinale verdadeiro ou falso:
120