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ESCOLA DE DIREITO
SÃO PAULO
2018
GABRIELA ZOPPE FREITAS
SÃO PAULO
2018
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FOLHA DE APROVAÇÃO
Data de aprovação:
____ / ____ / ____
Banca examinadora:
__________________________________
Professor Adalberto Camargo Aranha Filho
Universidade Presbiteriana Mackenzie
__________________________________
__________________________________
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Sumário
1. Introdução.......................................................................................................................
1.1 Sobre o Transtorno.........................................................................................
1.2 A Identificação da Psicopatia.................................................................................
2. Culpabilidade e Imputabilidade
2.1 A culpabilidade e seus elementos..................................................................
2.2 Teoria psicológica da culpabilidade................................................................
2.3 Teoria psicológico-normativa da culpabilidade...............................................
2.4 Teoria normativa pura da culpabilidade..........................................................
3. A Imputabilidade Penal..................................................................................................
3.1 A inimputabilidade em razão da doença mental..................................
3.2 A semi-imputabilidade ...................................................................................
3.3 A Responsabilidade Penal do Psicopata.............................................
4. Prática Forense Brasileira.............................................................................................
5. Condutas Criminosas dos Psicopatas.........................................................................
5.1 Medida de Segurança.....................................................................................
5.2 Aplicação da Medida aos Psicopatas ............................................................
5.3 Problemática...................................................................................................
6. Conclusão...........................................................................................................
7. Referências.........................................................................................................
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INTRODUÇÃO
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1. SOBRE O TRANSTORNO
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prazerosos, sendo importante ressaltar que não consideram se a forma de obtenção é
moralmente ou legalmente correta, ou ainda, se afetaria os direitos de outras pessoas.
A desconsideração que tem pela violação de regras sociais e até dos direitos de
outros indivíduos, é o que os leva a demonstrar, ainda na infância ou mesmo no começo
da adolescência, sua conduta fora da regularidade, o que persiste na idade adulta. O
desrespeito que tem pelos costumes sociais, assim como pelas leis e normas, é o que
origina os comportamentos agressivos ou criminosos. Essas condutas podem ser
observadas em diversas situações como a destruição de bens, roubos, homicídios ou
outros. Quando há o abuso de substâncias tóxicas como drogas ou álcool, acentua-se
ainda mais esse comportamento prejudicial.
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negativas que normalmente seriam impeditivos, como punições, raramente motivam tais
pessoas a mudarem o seu comportamento ou mesmo a melhorarem seu julgamento e
visão do futuro. Ao contrário, essas consequências podem aumentar a sua visão cruel e
não sentimental do mundo.
"Ao contrário disso, seus atos criminosos não provem de mentes adoecidas, mas sim de um
raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres
humanos pensantes e com sentimentos." Genival Veloso França (1998, p.358) (DE., 1998, p.358)
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apresentam alterações na sua personalidade, como o seu temperamento, seu caráter e
ideais, e a sua afetividade por pessoas ou causas sociais no geral. Os seus distúrbios
são comportamentais, sendo refletidos nas condutas que tomam diariamente – há uma
divisão turva entre a doença mental e a normalidade.
A psiquiatria forense brasileira, por sua vez, também não considera os transtornos
de personalidade como uma doença mental, mas como uma perturbação da saúde
mental do indivíduo. O psicopata demonstra uma conduta com ausência das inibições
adequadas de um indivíduo comum, o que o carrega a desordens comportamentais e a
outras ações antissociais.
"A expressão (psicopata) é reservada basicamente para indivíduos que estão sem socializar, e
cujos padrões de conduta lhes levam a contínuos conflitos com a sociedade. São incapazes de uma
lealdade relevante com indivíduos, grupos e valores sociais. São extremamente egoístas, insensíveis,
irresponsáveis, impulsivos e incapazes de se sentirem culpados e de aprender algo com a experiência do
castigo. Seu nível de tolerância de frustrações é baixo. Inclinam-se a culpabilizar os outros ou a justificar
de modo plausível sua própria conduta".
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Há um desvio funcional da volição, que modifica o que habitualmente o indivíduo
inserido na sociedade estaria propenso a fazer ou deixar de fazer. É atribuído a estes
indivíduos a ausência de sentimentos, sendo estes éticos e altruístas, que em conjunto
com à falta do que é aceito como moralidade, são impulsionados a cometer atos malvistos
socialmente ou criminosos, pois a sua capacidade crítica não existente leva o agente a
não pensar nas consequências da sua conduta.
“Chamamos personalidades psicopáticas a certos indivíduos que, embora apresentem um certo padrão
intelectual, algumas vezes até elevados, exibem através de sua vida distúrbios da conduta, de natureza
antissocial ou que colidem com as normas éticas, e que não são influenciáveis pelas medidas medicas e
educacionais ou insignificantemente modificáveis pelos meios curativos e corretivos.” (GARCIA, J. Alves.
Psicopatologia Forense – 2º ed. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti Editores, 1958.)
Seguindo este raciocínio, a psicopatia, por sua vez, não afetaria diretamente a
percepção da realidade dessa pessoa, mas diminuiria sua capacidade de autocontrole, o
que levaria os indivíduos a agir de forma fora do comum. A maioria das pessoas com
este distúrbio não são criminosas e são capazes de se controlar dentro do que é
estipulado como limitação da tolerabilidade social. Assim, são considerados socialmente
perniciosos ou com personalidades odiosas.
Entretanto, ainda deve-se lembrar que o psicopata, por não ser capaz de aprender
com as punições a ele aplicadas, sente que a pena tem um caráter neutralizador, isto é,
o retém temporariamente, não podendo agir como gostaria, porém, assim que esta
terminar, poderá voltar com as suas atividades “normalmente”.
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prevenir, punir e ressocializar, seria colocado em prática? Se a forma comum de tratar
com os delitos não é efetiva, a reincidência da prática seria exorbitante, uma vez que o
indivíduo não entende estar fazendo algo de errado.
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em relação às ações que tomam e que também podem praticar boas condutas,
entretanto, isso não sendo verdade. O Hare apontou que como as pessoas com
transtorno antissocial (TPA) não são capazes de efetivamente arrependerem-se de suas
ações ou mesmo aprenderem com elas, as sessões apenas não seriam eficazes
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2. Culpabilidade: Imputabilidade, Semi-Imputabilidade e Inimputabilidade
2.1 A Culpabilidade
Doutrinadores penalistas, como Luiz Flávio Gomes, por exemplo, apontam que a
culpabilidade do agente gira em torno da conduta reprovável que ocorreu, ou seja, houve
a prática de um fato típico e ilícito determinado pelo Código Penal, quando as normas
exigiam que se fosse praticado o oposto, sendo tanto um ato omissivo quanto um ato
comissivo. Os atos estipulados em lei apontam as condutas como reprováveis e/ou
censuráveis que o agente optou por ter e que deveriam acontecer de forma diversa ao
ato delituoso.
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possível distinguir a ação entre dolo ou culpa e a causalidade do agente infrator com o
ato ilegal.
Lizst, por sua vez, explicava que “a relação entre o agente e o fato ocorrido teria
que ser psicológica, vez que a ação perpetuada, seja culposa ou dolosa, é do indivíduo
imputável que a causou.”
Lizst afirmava em suas doutrinas, que a falta de culpa neste juízo em que se
avalia a culpabilidade é o que demonstra aqueles que devem ser considerados como
inimputáveis. Sendo assim, partia-se do pressuposto que o estado psíquico do agente
criminoso era o que assegurava uma sociabilidade dentro dos limites da lei, ou seja, a
possibilidade que o indivíduo deveria ter de permanecer dentro das condutas
socialmente aceitas. Binding concordava com este pensamento, ainda afirmou que
todos os que fossem declarados incapazes de cometer certa ação, também seriam
incapazes de ser culpabilizados.
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A teoria psicológica também apresenta a tese que existem duas fases diferentes
da ação que devem ser analisadas, a fase interna e a fase externa. A fase externa seria
a ação cometida pelo agente em contradição aos termos da lei, enquanto a fase interna
trata de um juízo de valor do agente ao cometer o fato, podendo ser subjetiva ou
espiritualmente. A culpabilidade neste cenário seria uma relação psíquica de
causalidade, que retrata o resultado (a ação) como fruto da mente do autor. Assim, a
separação do conteúdo interno, a vontade, com o conteúdo externo era o que poderia
ditar a ilegalidade e culpabilidade deste indivíduo. Outros doutrinadores, como Welzel
(1997, p. 47), tinham um ponto de vista diferente, apontavam que a divisão externa de
todo este processo causal era o que deveria pautar a culpabilidade/antijuridicidade.
A falha principal nesta teoria, conforme o autor Guilherme de Sousa Nucci é "na
inviabilidade de se demonstrar a inexigibilidade de conduta diversa, uma vez que não
se faz nenhum juízo de valor sobre a conduta típica e antijurídica", sendo assim "o dolo
e a culpa [...] não caracterizam a culpabilidade se a conduta não for considerada
reprovável para a lei penal". NUCCI, (Manual de Direito Penal: parte geral, parte
especial. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 271.)
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2.3 A Teoria Psicológico-Normativa da Culpabilidade
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além do dolo e da culpa, o autor veio a chamar esses outros aspectos de
“circunstâncias concomitantes”.
Ainda, segundo Frank, o que deveria distinguir em quais níveis de dolo ou culpa
o agente tinha em sua conduta era a reprovabilidade. Por exemplo, se duas pessoas
que trabalhavam em uma mesma empresa estivessem cometendo um mesmo delito, de
furto, entretanto por motivos de extrema divergência, em que um velava pela sua saúde
física e o outro apenas visava benefícios financeiros, as situações deveriam ser
culpáveis em diferentes níveis. Este foi o momento em que o doutrinador apontou pela
primeira vez a reprovabilidade como um dos pressupostos da culpabilidade, agregando
este fator aos outros elementos já enumerados.
Freudenthal (2003, p. 75), por sua vez, pensava que a culpabilidade não deveria
ponderar pela força motivadora das ações ou pela normalidade das circunstâncias
concomitantes objetivas, mas que no dolo e na culpa, deveria se exigir fosse
apresentada um tipo de reprovação ao autor pela sua conduta. Entretanto, se o autor se
visse em uma situação extraordinária, em que provavelmente qualquer outro indivíduo
teria tido a mesma conduta, não haveria o pressuposto comum que existe na culpa ou
no dolo, extinguindo a culpabilidade.
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autor dos fatos, entender as suas motivações para o que havia acontecido e, só após,
poderiam julgar se este deveria ou não sofrer uma sanção punitiva do Estado.
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O dolo, a culpa, os elementos subjetivos e psicológicos, pararam de constituir o
que se definia como culpabilidade. De acordo com a teoria finalista, toda ação humana
tinha uma finalidade e esta finalidade era uma motivação do agente, uma vez que todos
os homens agem de acordo com as decisões que tomam. Esta finalidade deveria ser
analisada de duas formas distintas, se o indivíduo tinha a intenção de produzir o
resultado, o que seria tratado como o dolo, ou se o indivíduo não tinha como evitar o
resultado, que seria a culpa.
Neste momento, o dolo, por não ser mais um elemento da culpabilidade, passou
a ser um elemento do tipo penal, fazendo com que a culpabilidade se tornasse o juízo
de valor da reprovabilidade perante o fato típico e antijurídico. Fato este que seria
praticado por um autor com consciência das suas ações e de sua ilicitude.
“O julgador tem condições de analisar, pelas provas dos autos, se o agente tinha possibilidade
de atuar conforme o Direito. E, com certeza, não fará juízo de censura se verificar, dentro dos
critérios de razoabilidade, que o autor do injusto optou por interesses e valores mais importantes,
no caso concreto, que não poderiam ser desprezados. [...] A culpabilidade, pois, deve ser um
juízo de censura voltado ao imputável que tem consciência potencial da ilicitude e, dentro do seu
livre-arbítrio (critério da realidade), perfeitamente verificável, opte pelo caminho do injusto sem
qualquer razão plausível para tanto” Manual de Direito Penal: parte geral, parte especial. 2. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais 2006, p. 273.
Usando estes parâmetros como base, a teoria pura entendia que a culpabilidade
deveria ser um juízo de censura voltado para a análise do comportamento do indivíduo
imputável, que, por sua vez, tem a capacidade de entender o potencial resultado da
ilicitude e que ainda assim, dentro da sua liberdade de escolha, aja delituosamente sem
um motivo justificável.
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causaria o resultado da ação ilícita - esta valoração judicial pode ser chamada de juízo
de culpabilidade.
Sendo assim, para haver um crime é imperiosa a culpabilidade, por vez que sem
poder analisar essa vontade dos agentes, motivadoras da ação, o crime não existiria.
Esta, inclusive, é a teste admitida pelos legisladores brasileiros; a responsabilidade penal
é subjetiva, portanto, é necessário que haja vontade na prática do crime.
Embora essa teoria tenha tirado o dolo e a culpa como elementos da culpabilidade,
trouxe a consciência da ilicitude do fato. Para se agir de acordo com a legislação, o
indivíduo deve ter plena capacidade de entendimento da licitude e ilicitude, pois é em
cima disso que se incide o juízo de valoração, de forma que o dolo e a culpa passem para
a conduta, viabilizando a sua avaliação.
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3. A Imputabilidade Penal
Deve ser apontado que, um doente mental, durante intervalos de lucidez, pode e
será tratado como imputável perante o ordenamento, uma vez que se encontrava em
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uma situação de querer e entender o resultado e, portanto, não caberia dentro do artigo
26 do Código.
Quanto ao artigo que trata da embriaguez involuntária, cumpre apontar que a lei
somente admite os casos em que, o agente está completamente alterado devido à caso
fortuito ou por força maior, isto é, de forma acidental ou involuntária, indesejada pelo
agente. O indivíduo inimputável é o que estava inteiramente incapaz durante o momento
dos fatos e que não poderia entender a ilicitude da sua conduta. Quanto a embriaguez
voluntária, aqueles que cometem delitos culposamente, apenas terão uma diminuição da
pena, entretanto, apenas se estiverem embriagados de maneira incompleta, conforme o
§ 2º, art. 28 do Código Penal.
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3.1 A inimputabilidade por doença mental
A doença mental, conforme tratada no artigo 26 do Código Penal, deve ser vista
de forma ampla, isto é, abrange todas as debilidades mentais que possam comprometer
a capacidade de entendimento do indivíduo, o que deverá ser analisado através de
perícia médica para que se prove se efetivamente houve um nexo causal entre a doença
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ou retardo em relação ao crime cometido. Ou seja, cabe aos especialistas da área de
saúde psiquiátrica determinar qual o juízo crítico do agente dos fatos durante a sua
conduta ilícita.
3.2 A Semi-imputabilidade
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Essa diminuição da capacidade do agente deve ser obrigatoriamente advinda de
uma perturbação da sua saúde mental, o que torna indispensável ao direito penal, os
estudos do campo da psiquiatria, principalmente levando em consideração, que cada
caso deve ser analisado isoladamente.
Dentro da psiquiatria, existem duas correntes diversas, uma que prega que o
psicopata não tem potencial de entendimento do resultado de suas ações, isto porque,
todas as ações humanas são motivadas pela razão e emoção, e, sendo o psicopata,
desprovido de sentir e ter emoções, não conseguiria ter real noção do impacto de suas
ações e, portanto, não conseguiria sopesar efetivamente a gravidade destas. A outra
corrente, por sua vez, dita que, pela perspectiva jurídica, o psicopata tem entendimento
do que a sociedade estipula como conduta delituosa e decide-se por agir mesmo assim.
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imputável, como no caso dos psicopatas. Este se torna temporariamente incapaz, visto
que embora tenha certa capacidade de entender a ilicitude dos fatos, a sua capacidade
de agir de acordo com a legislação, é amplamente reduzida.
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4. Prática Forense Brasileira
O juiz, por sua vez, deve contar com o auxílio de especialistas de outras áreas quando
o seu conhecimento técnico e científico for limitado, como engenheiros, médicos,
biólogos, etc., para que possa ocorrer um julgamento justo. Estas pessoas são chamadas
de peritos forenses e colaboram com o Poder Judiciário ao oferecer o suporte técnico
necessário ao longo do processo em relação aos elementos fáticos do caso.
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O médico, Júlio César Fontana Rosa afirma que:
“A psiquiatria forense ocupa-se dos agentes que, em virtude de sua mórbida condição
mental, têm modificada a juridicidade dos seus atos e de suas relações sociais. Ela
reúne e sistematiza os fatos concernentes ao estudo do psiquismo. Na avaliação das
funções mentais, o perito psiquiatra, com frequência, solicita o concurso de outros
profissionais como neurologistas, psicólogos etc., cabendo-lhe, portanto, a tarefa de
organizar os elementos trazidos à luz durante as diligências realizadas (1996, p. 171).
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indivíduo que está sendo investigado, isto sendo feito através de laudos periciais de
exames de sanidade.
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Pode-se observar também que os peritos são fundamentais ao longo da
punição do indivíduo, uma vez que o magistrado irá necessitar de mais laudos
diagnosticando acerca de sua periculosidade, o que podemos observar na seguinte
jurisprudência:
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sua vez, deverá sentenciar o agente, o indicando ao instituto mais adequado de
repreensão.
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5. Condutas Criminosas dos Psicopatas
Os psicopatas que praticam crimes agem por impulsos irresistíveis. Nesses indivíduos
são comuns os atos incendiários, homicídios, perversão sexual, cinismo, etc. Quando
estão praticando as condutas criminosas não demonstram sentir qualquer tipo de
emoção, não angústia, remorso ou mesmo algum nível de conflito interno.
Os crimes que são cometidos por criminosos psicopatas tendem a ser mais violentos
que os crimes praticados por pessoas sem o transtorno, isto porque apresentam
multiplicidade de golpes, ausência de motivos, ferocidade de violência na execução e,
muitas vezes, ausência de uma premeditação. É consenso entre os pesquisadores que
o psicopata pode, por muitas vezes, perder parte da consciência e, nesse estado, praticar
delitos ainda mais cruéis, às vezes até bem ordenados, e, excepcionalmente, quando
estes crimes são premeditados, há uma premeditação mórbida e doentia.
Ainda, é importante ressaltar que estes casos causam polêmica jurídica, uma vez que
ao invés da explosão momentânea, há uma premeditação. Usualmente a premeditação
do crime, leva o psicopata a estar ainda mais dissimulado e manipulador perante as
autoridades e, para mais, sua conduta principal pode vir acompanhada de outras, como
a ocultação do cadáver e também a fuga do local do crime. Essas ocasiões podem levar
a uma confusão quanto a sua estabilidade mental, uma vez que parecerem ainda mais
pessoas comuns e mentalmente ordinárias.
Uma clara demonstração disso são os assassinos em série que tem o hábito de
premeditar os seus crimes, matam inúmeros inocentes e conseguem despistar as
autoridades. Inclusive, os seriais killers são de extrema periculosidade e quase
completamente incorrigíveis.
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As penas previstas no ordenamento jurídico são diretamente proporcionais à
gravidade da infração praticada pelo indivíduo, bem como, a proporcionalidade das
medidas de segurança, também é estabelecida de acordo com o nível de periculosidade
que este apresentar.
A medida de segurança foi elaborada com o propósito de ser uma opção alternativa
à pena privativa de liberdade, tendo como principal objetivo a prevenção e o caráter
curativo do indivíduo, sendo uma ferramenta que visa tratar os inimputáveis ou semi-
imputáveis, portadores transtornos, doenças ou retardos e que dispõem de
periculosidade, para evitar que condutas criminosas voltem a ocorrer.
Essa pena é separada por duas formas distintas, sendo a privativa de liberdade e a
restritiva de direito, ou seja, trata de punir o agente pelo crime cometido e, também,
previne que este possa voltar a cometer outros ilícitos penais. O respectivo Tribunal de
Justiça poderá impor esta sanção através de uma ação penal, quando restar provado que
o indivíduo foi o autor da ação e os peritos forenses comprovarem o transtorno antissocial
do agente.
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Quanto a natureza jurídica da medida de segurança, há certa divergência entre os
doutrinadores da área, isto porque alguns consideram que esta seja apenas um recurso
administrativo, uma vez é um dispositivo que tem poder de polícia, entretanto,
majoritariamente entende-se que trata de uma sanção jurídica, porque ao analisar o
aspecto jurisdicional da medida de segurança, pode se ver que sua aplicação só pode
ocorrer mediante a decisão da autoridade judiciária competente, conforme a previsão no
Código Penal – Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. A Medida de
Segurança traz uma forma distinta da pena aplicada habitualmente no âmbito do
processo penal, entretanto, não deixa de ser sancionatória.
O ordenamento jurídico brasileiro dita que este instrumento tem caráter de sanção
penal e sua principal funcionalidade é a de curar o indivíduo que dispõem da
periculosidade. A diferença básica entre a medida de segurança e a pena, é que a
primeira não obedece a um período limitado, deverá ter um prazo mínimo, entretanto,
não há distinção quanto ao seu prazo máximo, de forma que, o indivíduo estará sujeito
ao tratamento enquanto este for necessário.
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segundo o Código Penal, deve haver a unificação das penas para que estas não passem
deste limite.
“(....) a situação não é tão simples assim. Casos existem em que o inimputável,
mesmo após longos anos de tratamento, não demonstra qualquer aptidão ao retorno ao
convívio em sociedade, podendo-se afirmar, até, que a presença dele no seio da
sociedade trará riscos para sua própria vida. Por essa razão é que o Código Penal
determina, nos §§ 1º e 2º do art. 97, que a internação, ou tratamento ambulatorial, será
por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia
médica, a cessação de periculosidade, cujo prazo mínimo para internação ou
tratamento ambulatorial deverá ser de um a três anos” (GRECO, 2010, p. 643-644).
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Todavia, o preceito majoritário continua sendo o da inconstitucionalidade do prazo
indeterminado, por ser uma afronta a proibição da pena perpétua. Ainda, poderia se
considerar um descumprimento aos princípios da não perpetuação da pena, da
proporcionalidade e igualdade. Portanto, cabe ao juiz responsável pelo caso, estabelecer
um período máximo adequado para o uso da sanção penal, estabelecendo em acordo
com o prazo máximo do crime praticado, para que a pena seja apenas substituída pela
medida de segurança.
Decorrido o prazo mínimo de três anos, o condenado deverá passar por nova
avaliação psicológica forense, para se determinar acerca de sua periculosidade,
conforme os artigos 97 e 98 do Código Penal. Este exame criminológico deverá ser
encaminhado ao juízo das execuções penais para que o magistrado possa sentenciar
acerca de manter ou revogar a medida de segurança. Caso seja decidido que o
sentenciado deverá permanecer internado, caberá a autoridade administrativa efetuar
exames anualmente, ou a pedido judicial, para verificar a aptidão do agente para voltar a
conviver em sociedade. Caso o magistrado sentencie em favor da recuperação do
condenado, a medida de segurança deverá ser suspensa para haver a desinternação.
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Em conclusão, essa sanção penal que cabe ao caso dos semi-imputáveis, não é
obrigatória, trata-se de uma medida excepcional, que, para ser aplicada, deverá contar
com propósito terapêutico e apenas será estipulada nos casos em que efetivamente for
diagnosticado o transtorno mental do criminoso.
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não tem cura. Esses distúrbios de natureza afetiva e sensitiva da personalidade
antissocial (PTA), embora tratados em ambiente hospitalar indicado, podem continuar
comandando as ações dos agentes criminosos, mesmo que a desinternação
obrigatoriamente só possa ser facultada após o prazo mínimo de três anos.
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A prisão não seria ideal nesta situação, pois seu objetivo principal é de punir os
criminosos para que estes não ajam futuramente em desacordo com as normas, porém,
a medida de segurança também não seria totalmente eficaz, uma vez que o distúrbio não
tem cura médica.
Essa situação contém uma delicadeza própria, por vez que dificulta completamente a
decisão judicial, assim os estudos à respeito da matéria estão em constante evolução,
buscando trazer novas alternativas mais eficientes para que o criminoso deixe de ser um
risco a si próprio e a sociedade.
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6. Problemática
Está limitação que será imposta ao agente tem como objetivo único resguardar os
outros cidadãos da sociedade. Ainda, podendo obrigar o psicopata a frequentar uma nova
clínica psiquiátrica, caso permaneça sem capacidade de um convívio saudável social.
Essa interdição civil foi inclusive apontada pelo Superior Tribunal Federal como uma
importante ferramenta nesses casos específicos:
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MEDIDA DE SEGURANÇA – PROJEÇÃO NO TEMPO – LIMITE. A interpretação
sistemática e teleológica dos artigos 75, 97 e 183, os dois primeiros do Código Penal e o
último da Lei de Execuções Penais, deve fazer-se considerada a garantia
constitucional abolidora das prisões perpétuas. A medida de segurança fica jungida
ao período máximo de trinta anos. Após os votos dos Ministros Marco Aurélio, Relator,
Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau deferindo o pedido de habeas corpus, pediu vista
dos autos o Ministro Sepúlveda Pertence, Presidente. Falou pelo paciente o Dr. Waldir
Francisco Honorato Junior, Procurador Estadual.1ª Turma, 09.11.2004. Decisão:
Renovado o pedido de vista do Ministro Sepúlveda Pertence, de acordo com o art. 1º, §
1º, in fine, da Resolução n. 278/2003. 1ª Turma, 14.12.2004. Decisão: Adiado o
julgamento por indicação do Ministro Sepúlveda Pertence. 1ª Turma, 15.02.2005.
Decisão: Prosseguindo o julgamento, após a retificação de voto dos Ministros Marco
Aurélio, Relator, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau, a Turma deferiu, em parte, o
pedido de habeas corpus para que, cessada a aplicação da medida de segurança, se
proceda na forma do art. 682, § 2º. do Código de Processo Penal ao processo de
interdição civil do paciente no juízo competente, na conformidade dos arts. 1.769 e
seg. do Código Civil, nos termos do voto do Ministro Sepúlveda Pertence, Presidente.
Unânime. 1ª. Turma, 16.08.2005 (STF – HC: 84219 SP, Relator: Ministro MARCO
AURÉLIO, Data de Julgamento: 16/08/2005, 1ª Turma, Data da Publicação: DJ 23-09-
2005).
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ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 02/08/2012, 6ª Turma, Data da Publicação: DJ 15-
08-2012).
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7. Conclusão
Em suma, foi possível observar que os psicopatas são agentes que, embora
conheçam a ilicitude das condutas criminosas, não conseguem se impedir de agirem
motivados em seu benefício próprio. Isto é, apresentam, ao decorrer de suas vidas, pouco
senso moral e ético ou sentimentos como sensibilidade e remorso, de tal forma que, não
conseguem respeitar medidas educacionais e continuam agindo em acordo com seu
comportamento impulsivo.
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assassinatos em série, até mesmo premeditados, e por isso representam um problema
sério para o Sistema Penal, bem como para toda a sociedade. Idealmente, nestes casos,
deveria se utilizar indeterminadamente o cumprimento da medida de segurança, devido
à dificuldade da sua reinserção do delinquente na sociedade e a impossibilidade de cura
do transtorno, ainda, às avaliações médicas poderiam monitorar de perto o seu
comportamento
Em suma, é possível concluir que ainda há certa vulnerabilidade por parte do Estado
ao lidar com este obstáculo psiquiátrico, e, por tal motivo, conta-se inteiramente com o
auxílio de profissionais da área de saúde e com doutrinadores legisladores, para
aprofundarem sempre os seus estudos buscando soluções mais eficazes. Há uma
necessidade urgente de uma legislação própria para o assunto, que tenha como objetivo
final conseguir neutralizar as condutas desses criminosos, trazendo sempre mais
segurança à sociedade.
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