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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

ESCOLA DE DIREITO

TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL E SUAS


CONSEQUÊNCIAS PARA A CAPACIDADE DE IMPUTAÇÃO DE SEUS
PORTADORES

GABRIELA ZOPPE FREITAS

ORIENTADOR: ADALBERTO CAMARGO ARANHA FILHO

SÃO PAULO
2018
GABRIELA ZOPPE FREITAS

TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL E SUAS


CONSEQUÊNCIAS PARA A CAPACIDADE DE IMPUTAÇÃO DE SEUS
PORTADORES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Graduação em Direito da
Universidade Presbiteriana Mackenzie como
requisito para obtenção do título de Bacharel em
Direito.

Orientador: Professor Adalberto Camargo


Aranha Filho

SÃO PAULO
2018

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FOLHA DE APROVAÇÃO

GABRIELA ZOPPE FREITAS

TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTISSOCIAL E SUAS


CONSEQUÊNCIAS PARA A CAPACIDADE DE IMPUTAÇÃO DE SEUS
PORTADORES

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado à Escola de Direito de


São Paulo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para a obtenção do
título de Bacharel em Direito.

Campos de conhecimento: Direito Penal, Direito Processual Penal e Psicologia


Jurídica.

Data de aprovação:
____ / ____ / ____

Banca examinadora:

__________________________________
Professor Adalberto Camargo Aranha Filho
Universidade Presbiteriana Mackenzie

__________________________________

__________________________________

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Sumário

1. Introdução.......................................................................................................................
1.1 Sobre o Transtorno.........................................................................................
1.2 A Identificação da Psicopatia.................................................................................
2. Culpabilidade e Imputabilidade
2.1 A culpabilidade e seus elementos..................................................................
2.2 Teoria psicológica da culpabilidade................................................................
2.3 Teoria psicológico-normativa da culpabilidade...............................................
2.4 Teoria normativa pura da culpabilidade..........................................................
3. A Imputabilidade Penal..................................................................................................
3.1 A inimputabilidade em razão da doença mental..................................
3.2 A semi-imputabilidade ...................................................................................
3.3 A Responsabilidade Penal do Psicopata.............................................
4. Prática Forense Brasileira.............................................................................................
5. Condutas Criminosas dos Psicopatas.........................................................................
5.1 Medida de Segurança.....................................................................................
5.2 Aplicação da Medida aos Psicopatas ............................................................
5.3 Problemática...................................................................................................
6. Conclusão...........................................................................................................
7. Referências.........................................................................................................

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INTRODUÇÃO

Neste trabalho, iremos abordar a discussão acerca dos portadores de


personalidades antissociais, também conhecidas como psicopáticas, que têm condutas
criminosas. Ademais, como estes crimes devem ser entendidos e tratados, de acordo
com o ordenamento brasileiro, principalmente, acerca de encaminhamento punitivo mais
apropriado às respectivas situações.

Procura-se mostrar tanto às implicações na área psiquiátrica quanto o entendimento


jurídico do transtorno e as suas implicações na área do direito, tendo como finalidade
averiguar as medidas a serem aplicadas e/ou quais as sanções que melhor se adaptam
a estes indivíduos dentro da sociedade atual.

O foco principal do trabalho trata da capacidade de reintegração dos portadores do


transtorno e, para tanto, qual tratamento seria considerado mais adequado perante as
condutas criminosas para que se verificasse a sua eficácia e efetividade.

O estudo baseou-se em doutrinas, jurisprudências, artigos científicos e a legislação


brasileira.

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1. SOBRE O TRANSTORNO

Ao tratar do transtorno da personalidade antissocial, é preciso definir o seu


conceito amplamente, pois pouco se sabe sobre o que realmente significa. Antes de um
estudo aprofundado sobre o assunto, apenas entende-se por uma condição médica de
foro psiquiátrico ou alguma designação clínica pouco familiar. Entretanto, ao apontar
termos como psicopatia ou sociopatia, mais conhecidos socialmente – mesmo que de
forma não clínica, há um entendimento maior sobre o assunto, visto a utilização ampla
destas palavras pela sociedade, levando em consideração ainda haver utilização bem
explorada à nível cinematográfico ou literário, porém, dificilmente há um real
entendimento sobre essa condição.

Essa personalidade é caracterizada por um padrão comportamental antissocial,


conforme indicado pelo próprio nome. Isto é, as pessoas afetadas pelo distúrbio agem
com desrespeito e desconsideração pelas regras comumente impostas pela sociedade,
o que se é aceito como certo e errado na concepção dos determinados grupos sociais
em que está inserido, bem como há desrespeito pelos direitos dos outros. De forma
simplificada, o pensamento é voltado à transgressão de imposições pré-concebidas, por
não associar nenhum sentimento a estas.

Neste momento, há de se concluir que o estudo trata de pessoas com capacidades


de discernimento prejudicadas, porém, verifica-se que as capacidades mentais restam
perfeitas, trata-se de um indivíduo capaz de aprendizado, porém devido a sua percepção
alterada, tem as suas motivações voltadas para a satisfação pessoal e não adequadas
ao coletivo. Reflete um distúrbio psíquico, apenas, em que o indivíduo tem
comportamentos antissociais ou mesmo ilegais.

Este distúrbio é o que motiva os portadores dessa condição a fazerem uso de


diferentes estratégias de manipulação, que tem como fim benefícios próprios e

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prazerosos, sendo importante ressaltar que não consideram se a forma de obtenção é
moralmente ou legalmente correta, ou ainda, se afetaria os direitos de outras pessoas.

As pessoas afetadas pelo transtorno têm grande dificuldade no estabelecimento


de relações afetivas e sociais, uma vez que, mesmo que tentem ou desejem manter
ligações estáveis, são incapazes do mesmo, por haver uma falta de vínculo com o que
as pessoas a sua volta sentem ou pensam. Tendem a ser pessoas muito centradas e
egocêntricas, sendo praticamente incapazes de atender aos sentimentos ou vontades
dos outros, ou muito menos entendê-los, há uma relação desta conduta com a ausência
de sentir culpa. Em conjunto com a grande necessidade de satisfação pessoal já
mencionada, usualmente os leva a agir de forma impulsiva e espontânea, muitas vezes
impensada, o que também pode levá-los a tornarem-se violentos em ocasiões que
ocorrem difusas a suas vontades. Devido ao fato de não compreenderem completamente
as possíveis consequências de seus atos, podem colocar a sua vida e a de outros em
risco.

A desconsideração que tem pela violação de regras sociais e até dos direitos de
outros indivíduos, é o que os leva a demonstrar, ainda na infância ou mesmo no começo
da adolescência, sua conduta fora da regularidade, o que persiste na idade adulta. O
desrespeito que tem pelos costumes sociais, assim como pelas leis e normas, é o que
origina os comportamentos agressivos ou criminosos. Essas condutas podem ser
observadas em diversas situações como a destruição de bens, roubos, homicídios ou
outros. Quando há o abuso de substâncias tóxicas como drogas ou álcool, acentua-se
ainda mais esse comportamento prejudicial.

Como agem sem levar em consideração as consequências negativas de seus


comportamentos, quaisquer problemas ou danos que podem ser causados aos outros,
não os levam a sentir remorso ou culpa após os episódios. Essas pessoas costumam
racionalizar o seu comportamento ou ainda a colocar a culpa nos outros. Consequências

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negativas que normalmente seriam impeditivos, como punições, raramente motivam tais
pessoas a mudarem o seu comportamento ou mesmo a melhorarem seu julgamento e
visão do futuro. Ao contrário, essas consequências podem aumentar a sua visão cruel e
não sentimental do mundo.

Em regra, é fácil para o psicopata se utilizar de argumentos eficientes,


manipuláveis e terem um raciocínio rápido de convencimento, o que tende a contagiar o
ambiente e fazer com que outras pessoas o admirem. Os indivíduos não demonstram
para àqueles a sua volta terem algum tipo de dificuldade emocional ou que possam ter
atitudes dissimuladas, o que torna raro diagnosticar a psicopatia. Por se enquadrarem
nesse grupo de pessoas a parte, com comportamentos realmente anormais, é de suma
importância haver muita atenção em julgar os delitos cometidos, principalmente para se
decidir acerca da sua imputabilidade.

Segundo o médico e bacharel em direito, Genival Veloso França, as


personalidades que são de caráter psicopático não têm faculdades mentais doentes,
teoricamente são personalidades não normais ou ainda, anormais, que não são capazes
de deter qualquer sentimento afetivo e embora, ajam com temperamento alterado,
tendem a manter sua inteligência inalterada. Isto é:

"Ao contrário disso, seus atos criminosos não provem de mentes adoecidas, mas sim de um
raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres
humanos pensantes e com sentimentos." Genival Veloso França (1998, p.358) (DE., 1998, p.358)

Tendo origem em uma anormalidade no cérebro, pode se verificar que o transtorno


antissocial não é uma doença mental, uma vez que estas são constituídas por alterações
do funcionamento mental que levam o indivíduo a ter um desenvolvimento prejudicado
em relação a vida familiar ou social. O psicopata, por sua vez, não apresenta sinais de
degenerações de elementos da psique ou mesmo de deteriorações cerebrais, mas

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apresentam alterações na sua personalidade, como o seu temperamento, seu caráter e
ideais, e a sua afetividade por pessoas ou causas sociais no geral. Os seus distúrbios
são comportamentais, sendo refletidos nas condutas que tomam diariamente – há uma
divisão turva entre a doença mental e a normalidade.

A psiquiatria forense brasileira, por sua vez, também não considera os transtornos
de personalidade como uma doença mental, mas como uma perturbação da saúde
mental do indivíduo. O psicopata demonstra uma conduta com ausência das inibições
adequadas de um indivíduo comum, o que o carrega a desordens comportamentais e a
outras ações antissociais.

A primeira definição do psicopata foi trazida pela Associação Americana de


Psiquiatria no DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorder) em que se
entendia:

"A expressão (psicopata) é reservada basicamente para indivíduos que estão sem socializar, e
cujos padrões de conduta lhes levam a contínuos conflitos com a sociedade. São incapazes de uma
lealdade relevante com indivíduos, grupos e valores sociais. São extremamente egoístas, insensíveis,
irresponsáveis, impulsivos e incapazes de se sentirem culpados e de aprender algo com a experiência do
castigo. Seu nível de tolerância de frustrações é baixo. Inclinam-se a culpabilizar os outros ou a justificar
de modo plausível sua própria conduta".

A psicopatia, sociopatia ou transtorno da personalidade antissocial, então, nada


mais é que um comportamento que se caracteriza pelo padrão que é invasivo e
desrespeitoso e, por muitas vezes, termina na violação dos direitos de outros. Conforme
já estabelecido, estes indivíduos diagnosticados com o transtorno da personalidade
antissocial têm como principais características, a manipulação e o uso de outras
ferramentas que os beneficie

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Há um desvio funcional da volição, que modifica o que habitualmente o indivíduo
inserido na sociedade estaria propenso a fazer ou deixar de fazer. É atribuído a estes
indivíduos a ausência de sentimentos, sendo estes éticos e altruístas, que em conjunto
com à falta do que é aceito como moralidade, são impulsionados a cometer atos malvistos
socialmente ou criminosos, pois a sua capacidade crítica não existente leva o agente a
não pensar nas consequências da sua conduta.

Segundo explicações de J. Alves Garcia:

“Chamamos personalidades psicopáticas a certos indivíduos que, embora apresentem um certo padrão
intelectual, algumas vezes até elevados, exibem através de sua vida distúrbios da conduta, de natureza
antissocial ou que colidem com as normas éticas, e que não são influenciáveis pelas medidas medicas e
educacionais ou insignificantemente modificáveis pelos meios curativos e corretivos.” (GARCIA, J. Alves.
Psicopatologia Forense – 2º ed. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti Editores, 1958.)

Seguindo este raciocínio, a psicopatia, por sua vez, não afetaria diretamente a
percepção da realidade dessa pessoa, mas diminuiria sua capacidade de autocontrole, o
que levaria os indivíduos a agir de forma fora do comum. A maioria das pessoas com
este distúrbio não são criminosas e são capazes de se controlar dentro do que é
estipulado como limitação da tolerabilidade social. Assim, são considerados socialmente
perniciosos ou com personalidades odiosas.

Entretanto, ainda deve-se lembrar que o psicopata, por não ser capaz de aprender
com as punições a ele aplicadas, sente que a pena tem um caráter neutralizador, isto é,
o retém temporariamente, não podendo agir como gostaria, porém, assim que esta
terminar, poderá voltar com as suas atividades “normalmente”.

Se o psicopata não entende a punição geralmente aplicada como uma correção


de seus erros, como o funcionamento do ordenamento jurídico, que tem como objetivo

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prevenir, punir e ressocializar, seria colocado em prática? Se a forma comum de tratar
com os delitos não é efetiva, a reincidência da prática seria exorbitante, uma vez que o
indivíduo não entende estar fazendo algo de errado.

1.2 A identificação da psicopatia

O psicólogo canadense Robert D. Hare criou um questionário que foi nomeado


como “escala Hare” em que trazia uma nova forma de avaliar os indivíduos para o
diagnóstico da psicopatia. Utilizando como base de seu trabalho, os estudos feitos
anteriormente por Hervey Milton Cleckley, um psiquiatra estado-unidense pioneiro no
campo da psicopatia, que forneceu a descrição clínica mais aceitada sobre a psicopatia
(Séc. XX), Hare criou o “Psychopathy Checklist Revised (PCL-R)”, um método que em
20 itens consegue analisar a psicopatia do indivíduo.

Este questionário, utilizado em perícias forenses, é colocado em uma proporção


de zero a quarenta pontos que é pautada por dois fatores distintos, um deles
caracterizado pelos traços antissociais como falsidade, frieza, falta de remorso e métodos
cruéis, e o outro em que se caracteriza pela relutância do autocontrole, prática de
atividades antissociais e os métodos utilizados durante as condutas criminosas. Os
fatores têm como objetivo distinguir os psicopatas entre os que tem origem psicopática e
a sua disposição para tal é instintiva e aqueles que são menos frios ou podem expressar
alguma sensação de arrependimento.

Segundo os estudos de outros especialistas da área, a ajuda psicoterápica, se


oferecida aos psicopatas, poderia agravar a situação, vez que utilizariam de recursos
observados nas sessões para improvar a manipulação em inocentes ou mesmo para
garantirem um laudo favorável. No tratamento, tentam demonstrar que tem sentimentos

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em relação às ações que tomam e que também podem praticar boas condutas,
entretanto, isso não sendo verdade. O Hare apontou que como as pessoas com
transtorno antissocial (TPA) não são capazes de efetivamente arrependerem-se de suas
ações ou mesmo aprenderem com elas, as sessões apenas não seriam eficazes

Entretanto, o psicólogo também traz informações que as práticas delituosas


costumam diminuir ao decorrer do tempo, principalmente após o indivíduo completar
quarenta anos, isto por diversos motivos diferentes, entre eles por não quererem
continuar em batalhas judiciais ou por amadurecimento de suas vontades, o que não
muda o fato de continuarem tendo a mesma perturbação.

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2. Culpabilidade: Imputabilidade, Semi-Imputabilidade e Inimputabilidade

2.1 A Culpabilidade

De acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, a culpa é a responsabilidade por


uma ação ou omissão criminosa, ou seja, a violação de uma regra de conduta, que resulte
no dano ao direito alheio. Assim, o “culpado” nada mais é que o responsável por essa
lesão causada e, portanto, deverá reparar a sua ação, sendo penalizado pelo Estado por
sua conduta delituosa.

Doutrinadores penalistas, como Luiz Flávio Gomes, por exemplo, apontam que a
culpabilidade do agente gira em torno da conduta reprovável que ocorreu, ou seja, houve
a prática de um fato típico e ilícito determinado pelo Código Penal, quando as normas
exigiam que se fosse praticado o oposto, sendo tanto um ato omissivo quanto um ato
comissivo. Os atos estipulados em lei apontam as condutas como reprováveis e/ou
censuráveis que o agente optou por ter e que deveriam acontecer de forma diversa ao
ato delituoso.

2.2 Teoria Psicológica da Culpabilidade

A teoria psicológica da culpabilidade, que tem como principais doutrinadores Ernst


von Beling e Franz von Lizst, aponta que a culpabilidade retrata o aspecto psicológico
intencionado pelo agente. Sendo assim, a culpabilidade é a relação subjetiva entre a
ação cometida, o fato típico e antijurídico, e o autor desta, devendo ainda ser pautada
através do dolo e da culpa. Beling aponta que tudo resta do agente em sua vontade de
mover o corpo ou manter-se parado, pois essa será a ação cometida, sendo assim, no
momento do fato, deve-se avaliar a presença da vontade e da previsibilidade para
verificar que o agente tenha consciência do resultado da ação praticada e assim será

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possível distinguir a ação entre dolo ou culpa e a causalidade do agente infrator com o
ato ilegal.

Lizst, por sua vez, explicava que “a relação entre o agente e o fato ocorrido teria
que ser psicológica, vez que a ação perpetuada, seja culposa ou dolosa, é do indivíduo
imputável que a causou.”

A partir dessas análises, o dolo e a culpa eram o que constituía a culpabilidade e,


portanto, deveriam ser reconhecidos como duas espécies diversas da culpabilidade,
uma vez que se pautava unicamente a relação entre o autor e o resultado típico. Ainda,
explica o autor Bettiol (2000, p. 125):

“Em todo caso, dolo e negligência, únicas espécies do gênero culpabilidade,


estavam ligados entre si por um superior nexo psicológico, que aprisionavam as suas
características individuais num daqueles procurados conceitos da ordem, que
pretendem constituir a ossatura do direito penal como ciência sistemática.”

Neste cenário, Beling (2002, p. 65) conceituou que a imputabilidade é a análise


que deve ser feita previamente do agente em todas as circunstâncias em que houver
sido cometido um delito, para que seja possível estabelecer uma relação de culpa ou
não. De forma que, os inimputáveis ao passarem por esta avaliação, não poderiam ser
considerados culpados.

Lizst afirmava em suas doutrinas, que a falta de culpa neste juízo em que se
avalia a culpabilidade é o que demonstra aqueles que devem ser considerados como
inimputáveis. Sendo assim, partia-se do pressuposto que o estado psíquico do agente
criminoso era o que assegurava uma sociabilidade dentro dos limites da lei, ou seja, a
possibilidade que o indivíduo deveria ter de permanecer dentro das condutas
socialmente aceitas. Binding concordava com este pensamento, ainda afirmou que
todos os que fossem declarados incapazes de cometer certa ação, também seriam
incapazes de ser culpabilizados.

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A teoria psicológica também apresenta a tese que existem duas fases diferentes
da ação que devem ser analisadas, a fase interna e a fase externa. A fase externa seria
a ação cometida pelo agente em contradição aos termos da lei, enquanto a fase interna
trata de um juízo de valor do agente ao cometer o fato, podendo ser subjetiva ou
espiritualmente. A culpabilidade neste cenário seria uma relação psíquica de
causalidade, que retrata o resultado (a ação) como fruto da mente do autor. Assim, a
separação do conteúdo interno, a vontade, com o conteúdo externo era o que poderia
ditar a ilegalidade e culpabilidade deste indivíduo. Outros doutrinadores, como Welzel
(1997, p. 47), tinham um ponto de vista diferente, apontavam que a divisão externa de
todo este processo causal era o que deveria pautar a culpabilidade/antijuridicidade.

Ainda, Welzel dizia que a diferença das ações se enquadrarem na


antijuridicidade ou na culpabilidade não estava nos contrapontos do externo e do
interno, mas que deveriam ser observadas como uma única unidade de ambos.

O instituto da teoria psicológica da culpabilidade não trouxe formas de explicar


qual seria a diferença entre um indivíduo que possuía a capacidade de visualizar a
consequência do ato, o que se trata de uma culpa consciente por sua parte, daqueles
que, por sua vez, sofreram de alguma coação moral irresistível, os levando a praticar a
ação ou omissão, que não excluem totalmente o dolo, na culpa inconsciente não há
como se demonstrar uma conexão de cunho psíquico entre a lesão causada e o autor.

A falha principal nesta teoria, conforme o autor Guilherme de Sousa Nucci é "na
inviabilidade de se demonstrar a inexigibilidade de conduta diversa, uma vez que não
se faz nenhum juízo de valor sobre a conduta típica e antijurídica", sendo assim "o dolo
e a culpa [...] não caracterizam a culpabilidade se a conduta não for considerada
reprovável para a lei penal". NUCCI, (Manual de Direito Penal: parte geral, parte
especial. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 271.)

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2.3 A Teoria Psicológico-Normativa da Culpabilidade

Após muita análise sobre a teoria psicológica da culpabilidade, estudiosos da


área como Reinhard Frank, Berthold Freudenthal e James Goldschmidt, foram
desenvolvendo outros pensamentos que pudessem dar sentido a aplicação do juízo da
culpabilidade, vez que apenas a análise de cunho psicológico (culpa e dolo) não era
satisfatória para temas normativos da culpabilidade. No início destes estudos
subjetivos, trouxeram a possibilidade analisar o juízo de censura da conduta do agente
ou da reprovabilidade da mesma e, pioneiramente, incluíram na análise da
culpabilidade elementos normativos.

Freudenthal em sua monografia (publicada em 1922), foi quem conseguiu


aprofundar os pensamentos desta teoria, em que apontava que o foco deveria ser o
dolo do agente ao cometer a ação, uma vez que aquilo que é o correto e o justo perante
aos ordenamentos jurídicos deveria ser tratado como o ápice da culpabilidade. Este
momento foi extremamente importante para a análise da culpabilidade aplicada nos
dias de hoje, vez que trouxe alguns um dos parâmetros mais aceitos pela doutrina
atual.

Em suma, a conduta delituosa realizada pelo agente, dentro da situação


concernente, exigia um comportamento diferente do apresentado sendo que deveria
estar em conformidade com as normas pré-estabelecidas pelo ordenamento.
Constatando que a culpabilidade não poderia ser apenas um vínculo psíquico que
restava entre o fato ou resultado e o agente, mas que deveria fazer uma ponderação
valorativa acerca do fato doloso, este entrando na parte do psicológico, e o fato
culposo, que seria meramente normativo. Por estes motivos expostos, a culpabilidade
não deveria ter a culpa e o dolo como espécies, estes deveriam ser avaliadas como
elementos.

A teoria da culpabilidade psicológico-normativa concluía que a exigibilidade era o


fator normativo e que o dolo seria o elemento psicológico. Frank dizia ainda que, para
se julgar a culpabilidade do agente, deveriam ser abertos para análise outros fatores

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além do dolo e da culpa, o autor veio a chamar esses outros aspectos de
“circunstâncias concomitantes”.

Dessa forma, a culpabilidade se pautava por novos liames, os elementos a


serem levados em consideração eram vários: o dolo e a culpa, que seriam os
elementos que delineavam a vontade do autor no momento da conduta; a
imputabilidade, que deveria avaliar a capacidade do indivíduo de conseguir distinguir a
ilicitude do fato, devido às suas faculdades mentais; e a exigibilidade de conduta
diversa a do momento do fato, isto é, se neste momento o ordenamento pedia por uma
ação diferente da praticada pelo agente.

Ainda, segundo Frank, o que deveria distinguir em quais níveis de dolo ou culpa
o agente tinha em sua conduta era a reprovabilidade. Por exemplo, se duas pessoas
que trabalhavam em uma mesma empresa estivessem cometendo um mesmo delito, de
furto, entretanto por motivos de extrema divergência, em que um velava pela sua saúde
física e o outro apenas visava benefícios financeiros, as situações deveriam ser
culpáveis em diferentes níveis. Este foi o momento em que o doutrinador apontou pela
primeira vez a reprovabilidade como um dos pressupostos da culpabilidade, agregando
este fator aos outros elementos já enumerados.

Freudenthal (2003, p. 75), por sua vez, pensava que a culpabilidade não deveria
ponderar pela força motivadora das ações ou pela normalidade das circunstâncias
concomitantes objetivas, mas que no dolo e na culpa, deveria se exigir fosse
apresentada um tipo de reprovação ao autor pela sua conduta. Entretanto, se o autor se
visse em uma situação extraordinária, em que provavelmente qualquer outro indivíduo
teria tido a mesma conduta, não haveria o pressuposto comum que existe na culpa ou
no dolo, extinguindo a culpabilidade.

A teoria psicológico-normativa da culpabilidade, conforme já demonstrado,


passou a considerar elementos além do dolo e da culpa, como os juízos normativos de
reprovabilidade da conduta do agente. Estes faziam com que houvesse uma análise
jurídica ampla da culpabilidade nos casos concretos; os juízes tinham que estudar o

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autor dos fatos, entender as suas motivações para o que havia acontecido e, só após,
poderiam julgar se este deveria ou não sofrer uma sanção punitiva do Estado.

A teoria psicológico-normativa da culpabilidade gerou uma revolução no Direito


Penal, porém continuou falha, pois o dolo e a culpa ainda estavam inseridos na
culpabilidade, quando na verdade deveriam ser submetidos ao juízo de reprovabilidade.
Não poderiam fazer parte dos elementos da culpabilidade, por estarem contidos na
formação psicológica do agente, isto é, não se poderia separá-los da ação.

O dolo, como um dos elementos da culpabilidade, faria com que o juízo da


reprovabilidade não pudesse ser colocado em prática, pois haveria o risco de dividir o
fato por não poder separar o dolo e a culpa da ação para que pudesse se valorizar a
conduta.

2.4 A Teoria Normativa Pura da Culpabilidade

A teoria normativa pura da culpabilidade foi o próximo passo dado pelos


doutrinadores e esta teoria ainda é utilizada por muitos ordenamentos jurídicos ao redor
do mundo. O jurista e filósofo alemão Hans Welzel criou o conceito da ação final que
tinha como princípio fundamental que o estudo das condutas criminosas deveria ser a
própria atividade humana, devendo-se estudar qual era a finalidade objetivada do autor,
para que pudesse ser imputado ou não daquela conduta. Para esta teoria, o autor ser
omissivo ou comissivo, de acordo com o dolo ou com a culpa, seria o elemento principal
para compor a conduta.

Welzel determinava que o homem, por ter a capacidade de determinação, de


escolha, de análise dos fins e de selecionar os meios para prática de suas ações, não
poderia ser apenas um objeto causal-biológico. Com a introdução do pensamento
finalistas apresentado pelo autor, houveram mudanças na base conceitual da análise
do delito.

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O dolo, a culpa, os elementos subjetivos e psicológicos, pararam de constituir o
que se definia como culpabilidade. De acordo com a teoria finalista, toda ação humana
tinha uma finalidade e esta finalidade era uma motivação do agente, uma vez que todos
os homens agem de acordo com as decisões que tomam. Esta finalidade deveria ser
analisada de duas formas distintas, se o indivíduo tinha a intenção de produzir o
resultado, o que seria tratado como o dolo, ou se o indivíduo não tinha como evitar o
resultado, que seria a culpa.

Neste momento, o dolo, por não ser mais um elemento da culpabilidade, passou
a ser um elemento do tipo penal, fazendo com que a culpabilidade se tornasse o juízo
de valor da reprovabilidade perante o fato típico e antijurídico. Fato este que seria
praticado por um autor com consciência das suas ações e de sua ilicitude.

Segundo o doutrinador Guilherme de Souza Nucci:

“O julgador tem condições de analisar, pelas provas dos autos, se o agente tinha possibilidade
de atuar conforme o Direito. E, com certeza, não fará juízo de censura se verificar, dentro dos
critérios de razoabilidade, que o autor do injusto optou por interesses e valores mais importantes,
no caso concreto, que não poderiam ser desprezados. [...] A culpabilidade, pois, deve ser um
juízo de censura voltado ao imputável que tem consciência potencial da ilicitude e, dentro do seu
livre-arbítrio (critério da realidade), perfeitamente verificável, opte pelo caminho do injusto sem
qualquer razão plausível para tanto” Manual de Direito Penal: parte geral, parte especial. 2. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais 2006, p. 273.

Usando estes parâmetros como base, a teoria pura entendia que a culpabilidade
deveria ser um juízo de censura voltado para a análise do comportamento do indivíduo
imputável, que, por sua vez, tem a capacidade de entender o potencial resultado da
ilicitude e que ainda assim, dentro da sua liberdade de escolha, aja delituosamente sem
um motivo justificável.

A culpabilidade passou a ser intrínseca ao próprio fato antijurídico, no entanto,


pendendo de um juízo valorizador que deveria ser realizado pelos representantes do
ordenamento jurídico, os juízes. A decisão feita para se aplicar a sanção cabível,
dependeria da conduta do agente (imputável), realizada pelo dolo ou pela culpa, que

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causaria o resultado da ação ilícita - esta valoração judicial pode ser chamada de juízo
de culpabilidade.

Sendo assim, para haver um crime é imperiosa a culpabilidade, por vez que sem
poder analisar essa vontade dos agentes, motivadoras da ação, o crime não existiria.
Esta, inclusive, é a teste admitida pelos legisladores brasileiros; a responsabilidade penal
é subjetiva, portanto, é necessário que haja vontade na prática do crime.

Embora essa teoria tenha tirado o dolo e a culpa como elementos da culpabilidade,
trouxe a consciência da ilicitude do fato. Para se agir de acordo com a legislação, o
indivíduo deve ter plena capacidade de entendimento da licitude e ilicitude, pois é em
cima disso que se incide o juízo de valoração, de forma que o dolo e a culpa passem para
a conduta, viabilizando a sua avaliação.

Por fim, os elementos da culpabilidade se tornaram: a imputabilidade, que trata


das faculdades de entendimento do indivíduo acerca do fato ilícito e a capacidade de
determinação de acordo com este entendimento; a potencial consciência da ilicitude do
fato, que consistiria em o indivíduo ter a possibilidade de conhecimento do caráter ilícito
da ação, no momento em que a praticou; bem como a exigibilidade, que trataria sobre a
possibilidade da conduta diversa, uma vez que só podem ser punidas as ações que
poderiam ser evitadas.

Conforme Fernando Capez (2013, p. 324) quanto a culpabilidade “Verifica-se, em


primeiro lugar, se o fato é típico ou não; em seguida, em caso afirmativo, a sua ilicitude;
só a partir de então, constatada a prática de um delito (fato típico e ilícito), é que se passa
ao exame da possibilidade de responsabilização do autor”.

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3. A Imputabilidade Penal

Conforme já desenvolvido ao longo deste estudo, a imputabilidade é a faculdade que


o agente tem de ser responsabilizado pelos seus atos criminalmente. Quanto à relevância
disso para o ordenamento é de poder julgar se, no momento do crime, o indivíduo estava
em plena capacidade de compreender a ilicitude de seus atos, para que seja ou não
submetido ao juízo de valoração da culpabilidade. Caso reste decidido que o indivíduo
não estava em suas condições perfeitas, não haverá capacidade deste de ser imputado
por suas ações, o que o tornará inimputável.

Segundo o Código Penal Brasileiro, as causas que são previstas para a


inimputabilidade são os indivíduos que não tem capacidade psíquica para entender a
ilicitude da sua conduta, como portadores de doença mental ou de desenvolvimento
mental incompleto ou retardo (conforme art. 26), os menores de 18 anos de idade (art.
27) ou os que estiverem submetidos a embriaguez completa e involuntária (§ 1º, art. 28).

Inicialmente, como forma de averiguação da inimputabilidade, havia o critério


biológico, em que apenas era necessário se comprovar por meio de uma perícia médico-
legal existir desenvolvimento mental incompleto, doença mental ou retardo, que haveria
a exclusão da imputabilidade dos agentes. Entretanto, não havia uma investigação a
fundo para saber se a anomalia física interferiria no nexo causal do crime.

Após, passaram a analisar o critério psicológico, obstante este método também


era falho, pois bastava que o indivíduo demonstrasse não ter capacidade de querer ou
entender, apenas pela esfera psicológica, que seria isento de culpabilidade. Desta forma,
foi adotado o sistema biopsicológico, que seria uma junção das duas metodologias
distintas, conforme exposto no artigo 26 do Código Penal, que dita que para o autor ser
inimputável, no momento do crime, deve ter afastada as suas capacidades de
entendimento e tomada de decisões.

Deve ser apontado que, um doente mental, durante intervalos de lucidez, pode e
será tratado como imputável perante o ordenamento, uma vez que se encontrava em

21
uma situação de querer e entender o resultado e, portanto, não caberia dentro do artigo
26 do Código.

Para a análise ampla da inimputabilidade, é necessário observar se, no momento


do crime, a doença ou o transtorno efetivamente teriam uma ligação ao agente
compreender a ilicitude dos seus atos, o que se excetua para o critério dos menores de
18 anos. A estes, a inimputabilidade é compulsória, tendo em vista que o ordenamento
jurídico brasileiro adotou como princípio à presunção absoluta, mediante ao critério
biológico previamente citado, em que, por não terem todas as suas faculdades mentais
completas, moral e psicologicamente, não poderiam ser imputados de culpabilidade. Isto
se deve ao fato de que, não é possível se estabelecer especificamente em qual momento,
o jovem passa a ter desenvolvido completamente o seu amadurecimento moral e
psicológico e, inclusive, suas noções quanto ao lícito e ilícito.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº8.069/1990) prevê no artigo 2º


que para os jovens entre as idades de 12 a 18 anos que cometem delitos, existem
medidas socioeducativas disciplinares para a sua reintegração completa a sociedade.

Quanto ao artigo que trata da embriaguez involuntária, cumpre apontar que a lei
somente admite os casos em que, o agente está completamente alterado devido à caso
fortuito ou por força maior, isto é, de forma acidental ou involuntária, indesejada pelo
agente. O indivíduo inimputável é o que estava inteiramente incapaz durante o momento
dos fatos e que não poderia entender a ilicitude da sua conduta. Quanto a embriaguez
voluntária, aqueles que cometem delitos culposamente, apenas terão uma diminuição da
pena, entretanto, apenas se estiverem embriagados de maneira incompleta, conforme o
§ 2º, art. 28 do Código Penal.

22
3.1 A inimputabilidade por doença mental

Conforme observado, o imputável é o sujeito com capacidade de responder


penalmente pelos seus atos, entretanto, há a imputabilidade, em situações que se exclui
a culpabilidade do agente. Trazendo à tona, novamente, o artigo 26 do Código Penal,
que trata da imputabilidade para os agentes que, no momento do delito, devido a
transtornos, doenças e retardos, não tiverem capacidade de entendimento dos seus atos,
podemos observar o encontro da esfera penal com o assunto principal deste trabalho: a
culpabilidade para agentes portadores do transtorno da personalidade antissocial (TPA)
ou sociopatia.

O ordenamento jurídico brasileiro que adotou o caráter biopsicológico para se


fazer a análise da culpabilidade, dita que deverá haver a exclusão desta em decorrência
de desenvolvimento retardado ou doença mental, quando três requisitos distintos forem
cumpridos: causal, cronológico e consequencial. Dessa forma, é necessário que se
comprove a disfunção mental durante o período em que ocorreu a ação ou omissão e,
principalmente, que esses fatores impeçam efetivamente a capacidade do indivíduo de
entender sobre a ilicitude do fato. É importante apontar ao fato de que apenas a doença
mental ou o retardo por si só, não resultam na inimputabilidade do agente, mas sim o não
entendimento da ilicitude no momento em que houve o delito.

O diagnóstico psiquiátrico, tanto do retardo, quanto da doença mental, pode ser


apresentado em níveis diferentes em seus portadores, e também, devido aos tratamentos
médicos avançados dos transtornos mentais, é impossível os indivíduos serem
classificados igualmente perante a lei penal, torna-se necessário avaliar caso a caso para
imputar a inimputabilidade do agente.

A doença mental, conforme tratada no artigo 26 do Código Penal, deve ser vista
de forma ampla, isto é, abrange todas as debilidades mentais que possam comprometer
a capacidade de entendimento do indivíduo, o que deverá ser analisado através de
perícia médica para que se prove se efetivamente houve um nexo causal entre a doença

23
ou retardo em relação ao crime cometido. Ou seja, cabe aos especialistas da área de
saúde psiquiátrica determinar qual o juízo crítico do agente dos fatos durante a sua
conduta ilícita.

O fato será investigado durante o inquérito policial e ao final das investigações


será encaminhado ao Ministério Público Estadual ou Federal. A perícia médica deverá
ser realizada durante o procedimento judicial, que é o momento em que se determina
sobre a culpabilidade do agente. Este diagnóstico deve apresentar se a vontade do
indivíduo restava comprometida ou não no momento do fato analisado.

3.2 A Semi-imputabilidade

Para se finalizar o tema sobre a imputação penal da culpabilidade, chegamos no


último instituto que deve ser mencionado: a semi-imputabilidade. De acordo com o
parágrafo único do art. 26 do Código Penal, “há a hipótese da redução da pena de um a
dois terços para aqueles que tem a sua capacidade de entendimento e determinação
parcialmente diminuída em virtude de perturbação da saúde mental, desenvolvimento
mental incompleto ou retardo.”

A semi-imputabilidade traz semelhanças a inimputabilidade, pois também requer


uma pré-existência de perturbação psíquica e que o agente tenha sua capacidade de
autodeterminação afetada. Entretanto, tem diferenças fundamentais, pois na
inimputabilidade o indivíduo omissivo ou comissivo tem sua capacidade totalmente
comprometida, enquanto na semi-imputabilidade o indivíduo tem apenas parte da sua
capacidade afetada. Portanto, na inimputabilidade, o agente é totalmente absolvido dos
fatos e apenas deve ser submetido à aplicação de medidas de segurança, enquanto na
semi-imputabilidade há uma sentença condenatória, mas a pena aplicada será reduzida
e, caso necessário, se imputará tratamento especial médico, havendo também a
possibilidade da aplicação da medida de segurança, que será tratada mais a frente.

24
Essa diminuição da capacidade do agente deve ser obrigatoriamente advinda de
uma perturbação da sua saúde mental, o que torna indispensável ao direito penal, os
estudos do campo da psiquiatria, principalmente levando em consideração, que cada
caso deve ser analisado isoladamente.

3.3 A Responsabilidade Penal do Psicopata

Dentro da psiquiatria, existem duas correntes diversas, uma que prega que o
psicopata não tem potencial de entendimento do resultado de suas ações, isto porque,
todas as ações humanas são motivadas pela razão e emoção, e, sendo o psicopata,
desprovido de sentir e ter emoções, não conseguiria ter real noção do impacto de suas
ações e, portanto, não conseguiria sopesar efetivamente a gravidade destas. A outra
corrente, por sua vez, dita que, pela perspectiva jurídica, o psicopata tem entendimento
do que a sociedade estipula como conduta delituosa e decide-se por agir mesmo assim.

Nos moldes do direito penal e da teoria normativa-pura da culpabilidade, para a


responsabilização penal do indivíduo, basta que este tenha plena consciência da
ilicitude de seus atos e, por escolha-própria, pratique a conduta delituosa, conforme já
exposto previamente, como o psicopata.

De acordo com a doutrina e jurisprudência brasileira, o psicopata tem sido


enquadrado como semi-imputável, pois, embora tenha consciência no momento do
crime, a sua autodeterminação resta comprometida, vez que anteriormente ao delito, já
existia a sua condição do transtorno antissocial. Os psicopatas estão enquadrados
dentro de uma zona entre a doença mental e a normalidade psíquica, pois embora
tenham entendimento dos seus atos e de que estes estariam em desacordo com a
legislação, não contam com capacidade de autodeterminação ou de inibir os seus
desejos.

O psiquiatra forense brasileiro, Guido Palomba, explicou que a aptidão parcial


do agente, no momento dos fatos, ocorre quando este não compreende inteiramente o
caráter criminoso da sua ação ou omissão, e, portanto, é considerado um semi-

25
imputável, como no caso dos psicopatas. Este se torna temporariamente incapaz, visto
que embora tenha certa capacidade de entender a ilicitude dos fatos, a sua capacidade
de agir de acordo com a legislação, é amplamente reduzida.

26
4. Prática Forense Brasileira

O sistema penal brasileiro trabalha com o princípio do livre convencimento judicial


durante o processo penal, assim, o juiz tem ampla liberdade para formar a sua convicção
pessoal acerca do caso tratado, embasando-se nos fatos apresentados pelas as partes
e no conteúdo existente nos autos; pode decidir baseado “na prova, mas também sem
prova, ou até mesmo contra a prova” conforme apresentado no livro Teoria Geral do
Processo, de Cintra, Grinover e Dinamarco. (2008, p 73).

O juiz, por sua vez, deve contar com o auxílio de especialistas de outras áreas quando
o seu conhecimento técnico e científico for limitado, como engenheiros, médicos,
biólogos, etc., para que possa ocorrer um julgamento justo. Estas pessoas são chamadas
de peritos forenses e colaboram com o Poder Judiciário ao oferecer o suporte técnico
necessário ao longo do processo em relação aos elementos fáticos do caso.

Quanto aos psicopatas delinquentes, é necessário que um especialista da área


de saúde – um psiquiatra ou psicólogo, forneça um laudo médico que traga conclusões
acerca da capacidade do indivíduo de ponderação no momento dos fatos. Este
diagnóstico deve ser levado em consideração tanto para avaliar a culpabilidade do
indivíduo quanto para a determinação do tratamento psicológico que deverá ser
facultado.

A capacidade no indivíduo deverá ser demonstrada através de um exame


médico-legal pericial que será solicitado pelo juiz, este, por sua vez, não poderá
desconsiderar a perícia, isto por não contar com o conhecimento médico necessário,
entretanto, caso desconfie do conteúdo desta, poderá solicitar nova avaliação.

Essas perícias tornaram-se fundamentais para o julgamento da semi-


imputabilidade, para reduzir a pena ou mesmo verificar sobre qual o modo mais eficiente
de ser aplicada. Os peritos médicos têm como finalidade observar o comportamento do
indivíduo, formular um laudo para encaminhar ao juiz e o indivíduo poderá ser conduzido
ao instituto adequado de punição.

27
O médico, Júlio César Fontana Rosa afirma que:

“A psiquiatria forense ocupa-se dos agentes que, em virtude de sua mórbida condição
mental, têm modificada a juridicidade dos seus atos e de suas relações sociais. Ela
reúne e sistematiza os fatos concernentes ao estudo do psiquismo. Na avaliação das
funções mentais, o perito psiquiatra, com frequência, solicita o concurso de outros
profissionais como neurologistas, psicólogos etc., cabendo-lhe, portanto, a tarefa de
organizar os elementos trazidos à luz durante as diligências realizadas (1996, p. 171).

O perito responsável por analisar o indivíduo, deverá aplicar um exame de


sanidade mental para determinar se este tinha ou não a capacidade de entender os
seus atos. Esse exame levará em consideração aspectos culturais, sociais, biológicos,
etc., para que seja possível avaliar as faculdades mentais do agente. Após, o perito
deverá fazer uma análise quanto a responsabilidade penal, que, conforme explicado
previamente, seria acerca do entendimento que o indivíduo tinha da ilicitude durante o
momento do crime.

A periculosidade do agente, seu potencial de agir danosamente, é um dos fatores


essenciais a ser analisado, tanto no momento inicial do cumprimento da aplicação da
medida de segurança, quanto ao final. Isto porque, o perito deve avaliar a faculdade de
risco do agente de reincidir criminalmente devido a sua capacidade mental perturbada.

Ainda, segundo o psiquiatra Guido Palomba:

“Na verificação de cessação da periculosidade, outros fatores precisam ser


sopesados, porque o examinado não é apenas um criminoso, mas também um alienado
mental. E não há dizer que somente a observação da alienação mental, do quadro clínico
pouco mais ou menos igual ao que se lhe dava à época do crime, já é
elemento seguro para chantar a periculosidade do agente” (PALOMBA, 2002, p. 213)

Pode-se verificar, após a análise de todos estes elementos, a relevância da


perícia forense para elucidar aos tribunais quanto ao estado da saúde mental daquele

28
indivíduo que está sendo investigado, isto sendo feito através de laudos periciais de
exames de sanidade.

Vale apontar ainda que, um simples requerimento, apresentado pela defesa do


acusado, solicitando aplicação de tratamento médico psiquiátrico ao invés da aplicação
da pena de prisão, não é suficiente para convencimento judicial. É necessário o laudo
médico pericial, porque deve haver prova técnico-científica, conforme exposto acima,
em que se reste demonstrado no diagnóstico médico, a existência da psicopatia do
agente, ou de outro distúrbio mental.

Há de se verificar também que, caso o perito avalie que a medida de segurança


não será efetiva, o agente deverá cumprir a pena privativa de liberdade. Podemos
observar isso na seguinte amostra judicial:

PENAL E PROCESSO PENAL - ESTUPRO - PRELIMINAR DE NULIDADE - ILEGITIMIDADE


DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA PROPOSITURA DA AÇÃO - REJEIÇÃO - ARTIGO 225,
PARÁGRAFO ÚNICO, CP - RÉU SEMI-IMPUTÁVEL - LAUDO PERICIAL - INTERNAÇÃO
PSIQUIÁTRICA - AUSÊNCIA DE MELHORA NO QUADRO CLÍNICO - SUBSTITUIÇÃO DA
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR MEDIDA DE SEGURANÇA - IMPOSSIBILIDADE -
SENTENÇA CONFIRMADA. 1. COM O ACRÉSCIMO DO PARÁGRAFO ÚNICO AO ARTIGO
225 DO CÓDIGO PENAL PELA LEI Nº 12.015 DE 07/08/2009, PROCEDE-SE "(...) MEDIANTE
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA SE A VÍTIMA É MENOR DE 18 (DEZOITO) ANOS
OU PESSOA VULNERÁVEL", SENDO O MINISTÉRIO PÚBLICO PARTE LEGÍTIMA PARA
PROPOSITURA DA AÇÃO PENAL EM CASO DE CRIME DE ESTUPRO CONTRA
ADOLESCENTE DE 17 (DEZESSETE) ANOS. PRELIMINAR REJEITADA. 2. SE O LAUDO
PERICIAL ATESTA QUE PARA O PERICIANDO SEMI-IMPUTÁVEL A INTERNAÇÃO EM
INSTITUIÇÃO PSIQUIÁTRICA NÃO CONTRIBUIRÁ PARA A MELHORA DE SEU QUADRO
CLÍNICO, BEM COMO QUE, EM LIBERDADE, OFERECERÁ RISCO À SOCIEDADE, NÃO
HÁ COMO PROSPERAR O PLEITO DA DEFESA DE SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA
DE LIBERDADE POR MEDIDA DE SEGURANÇA. 3. RECURSO CONHECIDO, PRELIMINAR
REJEITADA E, NO MÉRITO, NÃO PROVIDO. (TJ-DF - APR: 140994820108070003 DF
0014099-48.2010.807.0003, Relator: HUMBERTO ADJUTO ULHÔA, Data de Julgamento:
26/03/2012, 3ª Turma Criminal, Data de Publicação: 30/03/2012, DJ-e Pág. 211)

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Pode-se observar também que os peritos são fundamentais ao longo da
punição do indivíduo, uma vez que o magistrado irá necessitar de mais laudos
diagnosticando acerca de sua periculosidade, o que podemos observar na seguinte
jurisprudência:

AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. CONDIÇÕES PESSOAIS.


CONTRAINDICAÇÃO. INDEFERIMENTO. "1. Progressão de regime à luz da Lei 10.792/2003.
A teor da interpretação literal do conteúdo do novo preceito legal do art. 112 da LEP, com a
nova redação conferida pela Lei 10.792/2003, para efeito de progressão do regime de
cumprimento da pena ou de concessão de livramento condicional, indulto e comutação de
penas, basta, além do requisito temporal, o atestado de bom comportamento carcerário,
comprovado pelo diretor do estabelecimento, e que a decisão seja precedida de manifestação
do Ministério Público e do defensor do sentenciado. Contudo, não se passando a atribuir
caráter absoluto ao documento expedido pela Administração Prisional, é possível que o
magistrado, no exercício do seu livre convencimento motivado, à vista das circunstâncias
concretas, se valha de todos os meios necessários, a fim de fundamentar sua decisão. Pode
e deve considerar os laudos, pareceres e demais elementos já existentes nos autos para a
concessão dos benefícios." (Agravo em Execução nº 70014736821, julgado em 18.05.2006).
2. CONDIÇÕES SUBJETIVAS. Hipótese na qual o apenado não ostenta condições subjetivas
favoráveis. Em que pese os pontos positivos destacados pelo laudo social, a avaliação
psicológica evidenciou a presença de vulnerabilidades importantes, atinentes à
conduta delitiva, o que, aliado ao discurso superficial apresentado, geram sérias
dúvidas quanto às reais condições desse indivíduo de ingressar em regime mais
brando, sem riscos. Progressão de regime que depende de mérito do preso. Princípio do in
dubio pro societate a fundamentar a manutenção da negativa da progressão requerida.
AGRAVO EM EXECUÇÃO IMPROVIDO. (Agravo Nº 70054346010, Oitava Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Fabianne Breton Baisch, Julgado em 28/05/2013)

Em suma, a psicopatia deve ser constatada por peritos médicos (psiquiatras ou


psicólogos) que contam com entendimento técnico sobre o assunto, que deverão
explorar analiticamente o comportamento do indivíduo criminoso, conforme explicado
previamente, para apresentarem um laudo diagnóstico para o magistrado, que, por

30
sua vez, deverá sentenciar o agente, o indicando ao instituto mais adequado de
repreensão.

31
5. Condutas Criminosas dos Psicopatas

Os psicopatas que praticam crimes agem por impulsos irresistíveis. Nesses indivíduos
são comuns os atos incendiários, homicídios, perversão sexual, cinismo, etc. Quando
estão praticando as condutas criminosas não demonstram sentir qualquer tipo de
emoção, não angústia, remorso ou mesmo algum nível de conflito interno.

Os crimes que são cometidos por criminosos psicopatas tendem a ser mais violentos
que os crimes praticados por pessoas sem o transtorno, isto porque apresentam
multiplicidade de golpes, ausência de motivos, ferocidade de violência na execução e,
muitas vezes, ausência de uma premeditação. É consenso entre os pesquisadores que
o psicopata pode, por muitas vezes, perder parte da consciência e, nesse estado, praticar
delitos ainda mais cruéis, às vezes até bem ordenados, e, excepcionalmente, quando
estes crimes são premeditados, há uma premeditação mórbida e doentia.

Ainda, é importante ressaltar que estes casos causam polêmica jurídica, uma vez que
ao invés da explosão momentânea, há uma premeditação. Usualmente a premeditação
do crime, leva o psicopata a estar ainda mais dissimulado e manipulador perante as
autoridades e, para mais, sua conduta principal pode vir acompanhada de outras, como
a ocultação do cadáver e também a fuga do local do crime. Essas ocasiões podem levar
a uma confusão quanto a sua estabilidade mental, uma vez que parecerem ainda mais
pessoas comuns e mentalmente ordinárias.

Uma clara demonstração disso são os assassinos em série que tem o hábito de
premeditar os seus crimes, matam inúmeros inocentes e conseguem despistar as
autoridades. Inclusive, os seriais killers são de extrema periculosidade e quase
completamente incorrigíveis.

32
As penas previstas no ordenamento jurídico são diretamente proporcionais à
gravidade da infração praticada pelo indivíduo, bem como, a proporcionalidade das
medidas de segurança, também é estabelecida de acordo com o nível de periculosidade
que este apresentar.

A medida de segurança foi elaborada com o propósito de ser uma opção alternativa
à pena privativa de liberdade, tendo como principal objetivo a prevenção e o caráter
curativo do indivíduo, sendo uma ferramenta que visa tratar os inimputáveis ou semi-
imputáveis, portadores transtornos, doenças ou retardos e que dispõem de
periculosidade, para evitar que condutas criminosas voltem a ocorrer.

5.1 Da Medida de Segurança

Segundo Eduardo Reale Ferrari, a medida de segurança se trata de “uma providência


do poder político que impede que determinada pessoa, ao cometer um ilícito-típico e se
revelar perigosa, venha a reiterar na infração, necessitando de tratamento adequado para
sua reintegração social” (FERRARI, 2001, p. 15).

Pode-se observar, então, que as medidas de segurança são meramente o resultado


jurídico do delito cometido pelo indivíduo infrator, tendo, essencialmente, como objetivo
final prevenir que novos crimes venham a acontecer. Essa sanção é indicada aos
indivíduos que são portadores de alto grau de periculosidade e sua finalidade, nada mais
é, que, tratar o infrator.

Essa pena é separada por duas formas distintas, sendo a privativa de liberdade e a
restritiva de direito, ou seja, trata de punir o agente pelo crime cometido e, também,
previne que este possa voltar a cometer outros ilícitos penais. O respectivo Tribunal de
Justiça poderá impor esta sanção através de uma ação penal, quando restar provado que
o indivíduo foi o autor da ação e os peritos forenses comprovarem o transtorno antissocial
do agente.

33
Quanto a natureza jurídica da medida de segurança, há certa divergência entre os
doutrinadores da área, isto porque alguns consideram que esta seja apenas um recurso
administrativo, uma vez é um dispositivo que tem poder de polícia, entretanto,
majoritariamente entende-se que trata de uma sanção jurídica, porque ao analisar o
aspecto jurisdicional da medida de segurança, pode se ver que sua aplicação só pode
ocorrer mediante a decisão da autoridade judiciária competente, conforme a previsão no
Código Penal – Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. A Medida de
Segurança traz uma forma distinta da pena aplicada habitualmente no âmbito do
processo penal, entretanto, não deixa de ser sancionatória.

O ordenamento jurídico brasileiro dita que este instrumento tem caráter de sanção
penal e sua principal funcionalidade é a de curar o indivíduo que dispõem da
periculosidade. A diferença básica entre a medida de segurança e a pena, é que a
primeira não obedece a um período limitado, deverá ter um prazo mínimo, entretanto,
não há distinção quanto ao seu prazo máximo, de forma que, o indivíduo estará sujeito
ao tratamento enquanto este for necessário.

Quanto a aplicação da medida de segurança, o artigo 97 do Código Penal dita:

“CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940


Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se,
todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo
a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado,
perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de
periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”

No entanto, ainda há de se levar em consideração que, conforme imposto pela


Constituição Brasileira, a penalidade máxima para punição de um indivíduo é de até trinta
anos, vedando-se completamente o caráter perpétuo da pena, o que leva alguns
doutrinadores a entenderem que o disposto neste artigo seria inconstitucional. Também,

34
segundo o Código Penal, deve haver a unificação das penas para que estas não passem
deste limite.

Apesar dessa corrente doutrinária que veda pela inconstitucionalidade do prazo


indeterminado, há outra vertente que insiste nesta forma de aplicação da sanção, visto
que não se trata apenas de uma pena, mas de uma medida judicial curativa, para que o
indivíduo, após permanecer no ambiente hospitalar, esteja amplamente apto a voltar a
conviver na sociedade sem demonstrar grau de periculosidade. Os juristas que tratam do
assunto, afirmam que, enquanto não houver sinais de melhora do paciente criminoso,
este deverá permanecer sob a custódia do Estado, pois ao demonstrar ainda não ter
aptidão para agir adequadamente, poderá colocar a sua vida em risco, bem como ser um
risco para a segurança do coletivo.

O jurista e Procurador de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais


expôs que:

“(....) a situação não é tão simples assim. Casos existem em que o inimputável,
mesmo após longos anos de tratamento, não demonstra qualquer aptidão ao retorno ao
convívio em sociedade, podendo-se afirmar, até, que a presença dele no seio da
sociedade trará riscos para sua própria vida. Por essa razão é que o Código Penal
determina, nos §§ 1º e 2º do art. 97, que a internação, ou tratamento ambulatorial, será
por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia
médica, a cessação de periculosidade, cujo prazo mínimo para internação ou
tratamento ambulatorial deverá ser de um a três anos” (GRECO, 2010, p. 643-644).

Outros grandes nomes da área concordam com esta vertente da doutrina,


ademais, foi trazida a ideia de que, a medida de segurança não poderia ser
inconstitucional, devido a este instituto não ser uma pena, mas sim uma sanção penal
que objetiva a cura terapêutica psicológica e, portanto, não faria sentido terminar
enquanto o paciente não estive totalmente tratado.

35
Todavia, o preceito majoritário continua sendo o da inconstitucionalidade do prazo
indeterminado, por ser uma afronta a proibição da pena perpétua. Ainda, poderia se
considerar um descumprimento aos princípios da não perpetuação da pena, da
proporcionalidade e igualdade. Portanto, cabe ao juiz responsável pelo caso, estabelecer
um período máximo adequado para o uso da sanção penal, estabelecendo em acordo
com o prazo máximo do crime praticado, para que a pena seja apenas substituída pela
medida de segurança.

Para que seja possível o uso do instituto da medida de segurança, então, é


necessário que sejam preenchidos três pressupostos distintos: a consumação do delito,
o risco que o agente pode provocar e a carência de sua imputabilidade plena. Nos casos
dos semi-imputáveis, o magistrado poderá diminuir a pena de 1/3 a 2/3 ou substitui-la
pela sanção penal aqui tratada.

A medida de segurança poderá ser colocada em prática a partir do trânsito em


julgado da ação penal vigente, quando deverá ser expedida uma guia, pela autoridade
judiciária competente, à autoridade administrativa responsável pela execução, solicitando
a internação do agente, bem como dispondo de outras informações necessárias
estipuladas na lei, conforme disposto nos artigos 171, 172 e 173 da Lei de Execução
Penal.

Decorrido o prazo mínimo de três anos, o condenado deverá passar por nova
avaliação psicológica forense, para se determinar acerca de sua periculosidade,
conforme os artigos 97 e 98 do Código Penal. Este exame criminológico deverá ser
encaminhado ao juízo das execuções penais para que o magistrado possa sentenciar
acerca de manter ou revogar a medida de segurança. Caso seja decidido que o
sentenciado deverá permanecer internado, caberá a autoridade administrativa efetuar
exames anualmente, ou a pedido judicial, para verificar a aptidão do agente para voltar a
conviver em sociedade. Caso o magistrado sentencie em favor da recuperação do
condenado, a medida de segurança deverá ser suspensa para haver a desinternação.

36
Em conclusão, essa sanção penal que cabe ao caso dos semi-imputáveis, não é
obrigatória, trata-se de uma medida excepcional, que, para ser aplicada, deverá contar
com propósito terapêutico e apenas será estipulada nos casos em que efetivamente for
diagnosticado o transtorno mental do criminoso.

5.2 Aplicação de Medida de Segurança ao Psicopata

Conforme já debatido, os psicopatas são determinados como pessoas semi-


imputáveis, podendo ser submetidos a medida de segurança como tratamento para
reinserção na sociedade. Como este instituto tem o objetivo de readaptar o indivíduo,
bem como de prevenir futuras condutas criminosas, pode-se chegar à conclusão de que
é um recipiente de sanção penal aplicável a criminosos de alta periculosidade.

O propósito de ser uma possibilidade de sanção para os psicopatas, se deve ao fato


de que concede aos analistas da área de saúde, a oportunidade de analisar quais as
chances de o criminoso reincidir em condutas ilícitas, e tentar reabilitá-lo.

Anteriormente, as legislações que tratavam sobre os indivíduos com transtornos


mentais tinham como objetivo principal afastar os “alienados” do âmbito social, para que
fosse possível manter a ordem. Com a formulação da Lei da Reforma Psiquiátrica, em
2001, o enfoque mudou para o auxílio dos portadores dos distúrbios, de jeito que não
regiam mais, apenas, a assistência a esses indivíduos, mas sim a proteção, e ao direito
ao atendimento médico e assistencial. Essas pessoas passaram a efetivamente serem
vistas como cidadãos regulares, que mereciam ter seu relacionamento com o direito e a
Sociedade estabelecido, para que pudessem voltar a conviver normalmente após terem
as sanções penais aplicadas. A principal obrigatoriedade para essa reinserção na
sociedade sendo curar a enfermidade do agente, ou que este aprenda a controlar a sua
patologia para não continuar sendo um risco a si mesmo e ao coletivo.

Quanto aos psicopatas, especificamente, pode-se verificar alguns impedimentos no


emprego deste instrumento. Isso porque, como já explicado previamente, a psicopatia se
trata de um transtorno de personalidade, não de uma doença mental, e que, portanto,

37
não tem cura. Esses distúrbios de natureza afetiva e sensitiva da personalidade
antissocial (PTA), embora tratados em ambiente hospitalar indicado, podem continuar
comandando as ações dos agentes criminosos, mesmo que a desinternação
obrigatoriamente só possa ser facultada após o prazo mínimo de três anos.

A aptidão destes indivíduos de iludir as pessoas a sua volta é extremamente alta,


principalmente, por serem pessoas muito envolventes e talentosas, que não temem usar
de meios obscuros para obter benefícios próprios. Torna-se simples trapacear e burlar
os exames psicológicos, de avaliação sobre sua periculosidade, por terem uma
capacidade elevada de confundir os profissionais médicos que estiverem encarregados
de seu tratamento. Por não terem sentimentos de remorso quanto aos crimes cometidos,
apenas agem como tivessem e como se estivessem prontos para voltar a liberdade.

Partindo de todos esses pressupostos, acadêmicos da área chegaram à conclusão


que as chances de os psicopatas reincidirem sobre seus crimes é totalmente presumível.
Ao tratar desses pacientes que manifestaram sinais de violência elevados, o tratamento
quase sempre resta infrutífero, e muitos acreditam que esses deveriam ser confinados.
Alguns doutrinadores da área afirmam fielmente que seria preciso criar um sistema único
totalmente voltado para abordar esse transtorno, com a finalidade de suprimir os efeitos
causados por seus portadores.

Como os portadores de TPA desempenham uma atribuição nociva para a sociedade,


agindo em desacordo com o ordenamento jurídico, não levando em consideração fatores
imprescindíveis para o convívio regular, como boa-fé, compaixão, empatia, honestidade,
surge a necessidade de haver um estudo aprofundado do transtorno, para que se torne
possível lidar com seus portadores.

Outro impedimento é de um ponto já introduzido, o fato de que a medida de segurança


deverá obedecer um tempo limite de uso, que esteja em acordo com a Constituição
Brasileira.

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A prisão não seria ideal nesta situação, pois seu objetivo principal é de punir os
criminosos para que estes não ajam futuramente em desacordo com as normas, porém,
a medida de segurança também não seria totalmente eficaz, uma vez que o distúrbio não
tem cura médica.

Essa situação contém uma delicadeza própria, por vez que dificulta completamente a
decisão judicial, assim os estudos à respeito da matéria estão em constante evolução,
buscando trazer novas alternativas mais eficientes para que o criminoso deixe de ser um
risco a si próprio e a sociedade.

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6. Problemática

Como foi possível observar, os psicopatas, apresentam uma dificuldade extrema


quanto a efetividade da aplicação de uma pena ou sanção de prevenção e
ressocialização. A resposta quanto a qual caminho deveria ser utilizado, pode parecer
simples, visto que são semi-imputáveis, e deveriam ser presos ou internados, assim como
os outros indivíduos desta categoria.

Entretanto, se inseridos no sistema carcerário brasileiro, extremamente precário,


permaneceriam em presídios superlotados com muitos outros criminosos com níveis
distintos de periculosidade, o que poderia incentivar o seu comportamento ilícito.
Principalmente, tendo em vista que a individualização da pena não é um elemento é
viável.

Caso inseridos em sistemas hospitalares e condenados a medida de segurança,


poderiam ficar por anos e anos internados sem que o seu grau de periculosidade fosse
modificado, uma vez que o transtorno não tem cura, por seus portadores serem
incapazes de apresentar cura ou melhora. Dessa forma, o Estado adota como solução
mais eficaz, a aplicação da medida pelo tempo máximo de cumprimento da pena (trinta
anos), sendo respeitada a necessidade das avaliações psicológicas periódicas.

Se for comprovado que o criminoso não apresentou melhoras após o período


limite, este deverá ser retirado do ambiente hospitalar para ser feita sua reinserção na
sociedade, e, o magistrado poderá decretar a sua interdição, isto é, declarar o sujeito
incapaz para todo e qualquer ato da vida civil, devendo ter, obrigatoriamente, um curador
para auxiliá-lo, conforme estipulado no inciso I do artigo 1767 do Código Civil.

Está limitação que será imposta ao agente tem como objetivo único resguardar os
outros cidadãos da sociedade. Ainda, podendo obrigar o psicopata a frequentar uma nova
clínica psiquiátrica, caso permaneça sem capacidade de um convívio saudável social.
Essa interdição civil foi inclusive apontada pelo Superior Tribunal Federal como uma
importante ferramenta nesses casos específicos:

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MEDIDA DE SEGURANÇA – PROJEÇÃO NO TEMPO – LIMITE. A interpretação
sistemática e teleológica dos artigos 75, 97 e 183, os dois primeiros do Código Penal e o
último da Lei de Execuções Penais, deve fazer-se considerada a garantia
constitucional abolidora das prisões perpétuas. A medida de segurança fica jungida
ao período máximo de trinta anos. Após os votos dos Ministros Marco Aurélio, Relator,
Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau deferindo o pedido de habeas corpus, pediu vista
dos autos o Ministro Sepúlveda Pertence, Presidente. Falou pelo paciente o Dr. Waldir
Francisco Honorato Junior, Procurador Estadual.1ª Turma, 09.11.2004. Decisão:
Renovado o pedido de vista do Ministro Sepúlveda Pertence, de acordo com o art. 1º, §
1º, in fine, da Resolução n. 278/2003. 1ª Turma, 14.12.2004. Decisão: Adiado o
julgamento por indicação do Ministro Sepúlveda Pertence. 1ª Turma, 15.02.2005.
Decisão: Prosseguindo o julgamento, após a retificação de voto dos Ministros Marco
Aurélio, Relator, Cezar Peluso, Carlos Britto e Eros Grau, a Turma deferiu, em parte, o
pedido de habeas corpus para que, cessada a aplicação da medida de segurança, se
proceda na forma do art. 682, § 2º. do Código de Processo Penal ao processo de
interdição civil do paciente no juízo competente, na conformidade dos arts. 1.769 e
seg. do Código Civil, nos termos do voto do Ministro Sepúlveda Pertence, Presidente.
Unânime. 1ª. Turma, 16.08.2005 (STF – HC: 84219 SP, Relator: Ministro MARCO
AURÉLIO, Data de Julgamento: 16/08/2005, 1ª Turma, Data da Publicação: DJ 23-09-
2005).

Neste mesmo entendimento, o Superior Tribunal de Justiça analisou outros casos


da seguinte forma:

Não é possível que a medida de segurança, aplicada em razão da superveniência de


doença mental no decorrer da execução penal, tenha duração superior à pena privativa
de liberdade estabelecida na sentença, pois caberá ao Ministério Público, se entender
necessário, em razão da não cessação da periculosidade do agente, desde que
estritamente necessário à proteção dele ou da sociedade, buscar a sua interdição
perante o juízo cível (STJ – HC: 130162 SP, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE

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ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 02/08/2012, 6ª Turma, Data da Publicação: DJ 15-
08-2012).

A possibilidade de interdição de sociopatas que já cometeram crimes violentos deve ser


analisada sob o mesmo enfoque que a legislação dá à possibilidade de interdição – ainda
que parcial – dos deficientes mentais, ébrios habituais e os viciados em tóxicos (art.
1.767, III, do CC/2002). Em todas essas situações o indivíduo tem sua capacidade
civil crispada, de maneira súbita e incontrolável, com riscos para si, que extrapolam
o universo da patrimonialidade, e que podem atingir até a sua própria integridade
física, sendo também ratio não expressa, desse excerto legal, a segurança do
grupo social, mormente na hipótese de reconhecida violência daqueles acometidos
por uma das hipóteses anteriormente descritas, tanto assim que, não raras vezes,
sucede à interdição, pedido de internação compulsória. Com igual motivação, a
medida da capacidade civil, em hipóteses excepcionais, não pode ser ditada apenas pela
mediana capacidade de realizar os atos da vida civil, mas, antes disso, deve ela ser
aferida pelos riscos existentes nos estados crepusculares de qualquer natureza, do
interditando, onde é possível se avaliar, com precisão, o potencial de auto lesividade ou
de agressão aos valores sociais que o indivíduo pode manifestar, para daí se extrair sua
capacidade de gerir a própria vida, isto porque a mente psicopática não pendula entre
sanidade e demência, mas há perenidade etiológica nas ações do sociopata (STJ,
REsp 1.306.687, 3.ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 18.03.2014).

Sendo assim, a solução mais efetiva, ao término da aplicação da medida de


segurança, seria a interdição civil dos agentes, seguindo as normas impostas pela Lei da
Reforma Psiquiátrica, até que, seja possível, uma evolução dos estudos psiquiátricos
quanto as especificidades deste distúrbio, para que possam ser formuladas medidas mais
eficazes e que seja possível uma regulação melhor de leis sobre a problemática exposta.

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7. Conclusão

O trabalho em tela, analisou o transtorno antissocial da personalidade, a forma como


ele se manifesta em seus portadores, as repercussões ilícitas que costuma causar, e,
principalmente, quais às implicações jurídicas que poderiam ser impostas. Para tanto, foi
traçado o perfil do psicopata, o tratamento penal cabível aos indivíduos da sociedade e
como os psicopatas se encaixam perante a todos esses outros indivíduos, quais as
medidas cabíveis de punição desses criminosos e, por fim, a possibilidade da aplicação
da medida de segurança.

Em suma, foi possível observar que os psicopatas são agentes que, embora
conheçam a ilicitude das condutas criminosas, não conseguem se impedir de agirem
motivados em seu benefício próprio. Isto é, apresentam, ao decorrer de suas vidas, pouco
senso moral e ético ou sentimentos como sensibilidade e remorso, de tal forma que, não
conseguem respeitar medidas educacionais e continuam agindo em acordo com seu
comportamento impulsivo.

A personalidade psicopática é constituída pelo transtorno de personalidade


antissocial, que tem como consequência um desregramento da conduta regular do
indivíduo, que é determinada pela perda de emoções e sentimentos éticos. Dado essa
situação, a legislação brasileira optou por ditar que a capacidade de imputação destes
indivíduos em relação a condutas criminosas é de semi-responsabilidade, uma vez que,
embora efetuem o crime, não possuem total responsabilidade quanto a seus atos, por
serem conduzido por impulsos decorrentes de sua personalidade. Dessa forma, o semi-
imputável pode receber a sua pena reduzida de um a dois terços ou mesmo no caso de
tratamento ambulatorial, pode-se substituir pela medida de segurança. Caso a medida
de segurança seja estendida ao limite máximo de trinta anos, o magistrado poderá
recomendar a interdição civil do indivíduo, para tentar diminuir o seu potencial ofensivo
ao coletivo.

É necessário se levar em consideração que a reincidência criminosa entre essas


pessoas é, de todo, extremamente elevada, podendo ser responsáveis por cometer

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assassinatos em série, até mesmo premeditados, e por isso representam um problema
sério para o Sistema Penal, bem como para toda a sociedade. Idealmente, nestes casos,
deveria se utilizar indeterminadamente o cumprimento da medida de segurança, devido
à dificuldade da sua reinserção do delinquente na sociedade e a impossibilidade de cura
do transtorno, ainda, às avaliações médicas poderiam monitorar de perto o seu
comportamento

Em suma, é possível concluir que ainda há certa vulnerabilidade por parte do Estado
ao lidar com este obstáculo psiquiátrico, e, por tal motivo, conta-se inteiramente com o
auxílio de profissionais da área de saúde e com doutrinadores legisladores, para
aprofundarem sempre os seus estudos buscando soluções mais eficazes. Há uma
necessidade urgente de uma legislação própria para o assunto, que tenha como objetivo
final conseguir neutralizar as condutas desses criminosos, trazendo sempre mais
segurança à sociedade.

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