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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO NEUROCIÊNCIA COGNITIVA E


COMPORTAMENTO

Resumo capítulo 2- Um segundo antes (Córtex frontal)

João Pessoa

2022
O córtex frontal, é uma das áreas cerebrais mais instigantes como objeto de estudo por
comandar comportamentos importantes como: planejamento a longo prazo, adiamento de
recompensas imediatas, regulação de emoções entre tantos outros comportamentos que são
cruciais para a nossa sobrevivência e organização enquanto seres humanos. Por ser uma
estrutura recente, do ponto de vista evolutivo, o córtex frontal é uma das últimas estruturas a
amadurecer por completo sendo que este pleno funcionamento só passa a ser desfrutado pelo
ser humano a partir dos seus “vinte e poucos anos”. Por ser tão complexo e completo, a ponto
de diferenciar notavelmente os seres humanos dos demais animais, o córtex frontal é
indispensável para funções executivas, que auxiliam na análise de fragmentos de
informações, procurando padrões, para assim delinear uma estratégia comportamental.

É nesta estrutura que são realizadas as tomadas de decisão e após serem tomadas no
córtex pré-frontal, estas respostas percorrem por toda área do córtex frontal, até chegar no
que pode-se chamar de “córtex pré-motor” conduzindo a mensagem até o “córtex motor” que
envia impulsos aos músculos tornando o comportamento visível a olho nu. Por sua função, o
córtex frontal é uma das estruturas que mais necessitam de energia, tendo em vista que é nele
que são processadas as regras sociais ensinadas desde a nossa infância. Apesar de ser tão
solicitado a todo momento, o córtex também apresenta vulnerabilidades, podendo estas serem
percebidas quando uma alta carga cognitiva é aplicada, e neste cenário, comportamentos pró-
sociais que também são mediados por essa mesma região tendem a diminuir.

Sabendo que é esta região que auxilia os seres humanos a terem comportamentos
condizentes socialmente, é possível que se faça a pergunta: mas e se ocorrer algum tipo de
lesão nessa área? E esta pergunta pode ser respondida por meio do exemplo de Phineas Cage.
Cage era um homem que trabalhou na construção de ferrovias em Vermont, na década de
1848. Ele era conhecido por ser um homem amável, trabalhador e cidadão exemplar de sua
região. No entanto, Cage sofreu um acidente de trabalho fazendo com que seu crânio fosse
perfurado, na região do córtex frontal, por um pedaço de metal. Após o ocorrido, Cage
começou a apresentar comportamentos inversos às normas de convivência social se tornando
um homem grosseiro, bruto e intolerante com todos a sua volta. Anos depois, Cage começou
a apresentar comportamentos de amabilidade novamente retornando para seu repertório
comportamental anterior ao acidente. O caso de Cage foi amplamente estudado durante sua
vida, mas principalmente após sua morte que possibilitou a análise de seu cérebro onde foi
conjecturado que o retorno ao repertório comportamental de Cage só foi possível pela
reestruturação que seu cérebro havia feito da região afetada pelo acidente.
Dentre as subdivisões existentes no córtex, duas subdivisões do córtex pré-frontal
merecem destaque sendo o córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL) e córtex pré-frontal
ventromedial (CPFVM). Enquanto o CPFDL é entendido como a parte mais racional,
cognitiva e sem sentimentos do cérebro e, evolutivamente, é a parte mais recente e uma das
últimas a atingir maturidade (acredito que isso explicaria muitos comportamentos humanos).
Já o CPFVM lida de forma mais direta com o impacto que as emoções tem sobre as tomadas
de decisões. Desta forma, é possível fazer a inferência de que estas duas subdivisões vivem
em uma constante “queda de braços” entre a razão e emoção, no entanto, é importante
evidenciar que tanto a razão quanto a emoção são interconectadas e precisam assim ser para o
funcionamento normal e sadio.

Um outro fato que é extremamente necessário comentar é que o córtex frontal, quando
posto sob alta carga de estresse, distração ou carga cognitiva pesada, a possibilidade de uma
má tomada de decisão passa a se tornar muito mais provável devido à sobrecarga de
processamento na região. Isso explica por que pessoas em situações de muito estresse,
geralmente, tomam decisões ruins. Um outro aspecto que necessita ser mencionado é que,
quando se fala em córtex frontal, é preciso lembrar que o mesmo direciona o indivíduo a
fazer a coisa mais difícil quando ela é a mais correta, e a palavra correta neste caso, não está
ligada a moral, mas ao sentido neurobiológico.

Total de palavras: 691

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