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21 SEGREDOS

PARA

COMPREENDER O

PÂNICO E CUIDAR DA

SUA SAÚDE MENTAL

DR. RAFAEL Q. D. GOMES

Médico Psiquiatra
CRM/SP 169787 - RQE 71.591

2a edição
Dr. Rafael Quintes Ducasble Gomes
CRM/SP 169-787 ; RQE 71.591

21 SEGREDOS PARA COMPREENDER O PÂNICO E CUIDAR DA


SUA SAÚDE MENTAL

2019

Todos os Direitos Reservados


2a  EDIÇÃO

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 01
Por que e para quem é este l ivro ......................................................... 02
Como usar este livro ............................................................................... 05
Sobre o autor ........................................................................................... 07

ENTENDENDO O TRANSTORNO DE PÂNICO (TP) 10


1. Como expl icar o TP para um familiar ou amigo?........................... 11
2. O que causa o TP?................................................................................ 15
3. Existe um exame específico para diagnosticar o TP?................. 17

DENTRO E FORA DO ATAQUE DE PÂNICO 18

4. Sensação de irreal idade é possível de existir em um ataque de


Pânico, como se a pessoa estivesse sonhando?........................... 19

5. Mal estar, cansaço físico e fal ta de apetite podem ocorrer n o


TP?.............................................................................................................. 20

TRANSTORNO DE PÂNICO E SEU CORAÇÃO 21


6. Morrer do coração ou sufocado é possível em um ataque de
Pânico? ...................................................................................................... 22
7. Há maior risco de doenças cardíacas em pessoas com TP? ..... 23
8. Qual o valor ideal da pressão arterial para uma pessoas com
TP? Devo medir a pressão todos os dias? .......................................... 24
9. Existe maior risco de infarto ou derrame durante um ataque
de Pânico, já que a pressão arterial e a vel ocidade do coração
aumentam?............................................................................................. 27
2a  EDIÇÃO

ÍNDICE
TRATAMENTOS 29
10. O TP tem cura? Só é tratável com remédio?................................ 30
11.  Existem alimentos que ajudam no controle das crises?.......... 33
12. Qual o profissional mais especializado para atender alguém
com TP, psiquiatra, psicólogo, psicanalista ou neurologista? ....... 36
13. TP, Depressão e Ansiedade Generalizada, alguém pode ter
mais de um distúrbio ao mesmo tempo?........................................... 38
14. O TP deixa sequelas?........................................................................ 40

ENTENDENDO AS MEDICAÇÕES 42

15. Qual o melhor remédio para o TP? ................................................ 43

16. Se eu parar de repente de tomar os remédios, o que pode


acontecer? ................................................................................................ 45

17. Mudar de medicação ou dose, quando sei que preciso ?.......... 46

18. Por que o tratamento é feito com antidepressivos? Não


deveria ser com ansiolíticos?............................................................... 47

19. Se fico relaxado quando bebo álcool, esse hábito atrapalha


o tratamento? E se eu não estiver usando nenhuma medicação?  49

NA CRISE 51
20.  O que fazer se eu tiver um ataque de pânico?.......................... 52
21. Como ajudar alguém que está tendo um ataque de Pânico? .. 54

ATÉ LOGO 56
Este livro é só o começo......................................................................... 57
Referências Bibliográficas .................................................................... 61
INTRODUÇÃO

1
POR QUE E PARA QUEM É ESTE
LIVRO

Se você está lendo este livro é provável que você se enquadre em uma das
duas situações a seguir:

1. Você já tem o diagnóstico do Transtorno de Pânico e quer


aprender mais sobre ele.

2. Você não tem um diagnóstico de Transtorno de Pânico,


mas vem passando por momentos difíceis com muito
sintomas físicos desagradáveis e quer entender melhor o
que pode estar acontecendo.

Se você se identificou com o primeiro grupo, bem vinda(o), este livro foi
feito especialmente para você!

Caso esteja no segundo grupo, bem vinda(o) também! Você se beneficiará


das informações contidas aqui.

No entanto, recomendo fortemente que, em paralelo à leitura, você


busque um médico psiquiatra para avaliá-la(o) o quanto antes! 

ESTE LIVRO NÃO SUBSTITUI UM ACOMPANHAMENTO MÉDICO


PSIQUIÁTRICO

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  2


Como médico psiquiatra, grande parte do meu trabalho ao ajudar um
paciente com Transtorno de Pânico consiste em explicar e informá-lo tudo
sobre esse distúrbio.

Muito além de exercer o papel de um diagnosticador e prescritor, o


médico deve transmitir e fazer-se entender sobre o que há de mais novo 
acerca da doença de seu paciente, lembrando muito a figura de um
professor.

Só assim, com um conhecimento amplo sobre o que lhe aflige, o paciente


poderá de fato ter autonomia e participar efetivamente do seu
tratamento.

Por mais que na minha prática clínica eu me aprofunde nas explicações


desse tema durante os 60, às vezes 90 minutos das consultas,
é inviável abordar tantas questões e dúvidas em tão pouco tempo.

Não bastasse isso, em uma consulta só consigo passar a informação para


uma pessoa de cada vez.

Por isso criei este material, no intuito de exponencializar o


alcance das minhas explicações, podendo impactar muito mais pessoas
do que o espaço físico do consultório permite.

Independente da fase do tratamento que os pacientes com Transtorno de


Pânico se encontram, remitidos ou não das crises, questionamentos
brotam o tempo todo em suas mentes.

Considero que existem inúmeros fatores que contribuem para fortalecer a


relação entre médicos e pacientes, sendo um dos principais o acesso à
informação de qualidade.

Na internet, existe um mar de informações sobre temas ligados à saúde.


Há quem navegue tranquilamente por eles, porém, há quem viva
tempestades.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  3


Como muito bem dito por Zygmunt Bauman: “estamos nos afogando em
informações e estamos famintos por sabedoria”, de forma que essa
abundância de conteúdo nem sempre confiável pode ser desastrosa.

O conhecimento nunca foi tão disponível e abundante, porém, é a


curadoria e absorção deste material que vai efetivamente transformar a
qualidade de vida de cada indivíduo.

Obrigado por permitir-me ser seu curador.

 DR. RAFAEL Q. D. GOMES  4


COMO USAR ESTE LIVRO

A melhora do seu quadro clínico do Transtorno de Pânico depende de uma


séria de fatores, muitos deles independem da sua força de vontade ou
interesse.

No entanto, existe um elemento que está ao seu alcance, a um clique: a


INFORMAÇÃO  !

A famosa frase de Francis Bacon “Saber é poder” nunca esteve tão na


moda.

Pacientes melhores informados sempre têm mais a dizer sobre seu


tratamento, são mais participativos e obtêm melhores resultados.

Este livro vai ser esclarecer uma série questionamentos que você
provavelmente já teve ou terá sobre o Transtorno de Pânico, mas não teve
tempo e coragem de perguntar para seu médico, ou falta de confiança no
Dr. Google.

Por isso, eu gostaria de compartilhar com você algumas dicas para facilitar
sua leitura e ir além.

1. Leia e releia no seu ritmo

A ordem de leitura não interfere no entendimento do conteúdo. No


entanto texto foi elaborado em uma sequência que facilite sua
compreensão.

Se ao passar o olho pelo índice já identificar uma dúvida sua, pode pular
direto para o item em questão, e depois retornar.

 DR. RAFAEL Q. D. GOMES  5


(CLIQUE NO ÍCONE PARA ABRIR EM SEU NAVEGADOR)

2. Assine meu canal no YouTube

https://www.youtube.com/Dr. Rafael Gomes

Lá você encontrará vídeos mais completos e


aprofundados sobre o Transtorno de Pânico
e saúde mental.

3. Curta minha página no Facebook

https://www.facebook.com/gomespsiquiatria/

Conteúdo de qualidade direto na sua timeline.

4. Siga meu perfil no Instagram

https://www.instagram.com/dr.rafael.gomes.psiquiatra

Dicas rápidas e novidades sobre saúde mental e bastidores do dia a dia da


minha prática clínica.

5. Participe de grupos online

É de grande valia a troca de experiências com outros pacientes que


também convivem com o Transtorno de Pânico.

Indique este livro para outras pessoas que possam se beneficiar desse
conteúdo.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 6


Sobre o autor

Meu nome é Rafael Quintes Ducasble Gomes.

Sou um curioso e aprendedor profissional, sendo minha especialidade


ajudar adultos com sofrimento mental, em especial aqueles
com transtornos ansiosos, como a Síndrome do Pânico, e auxiliá-las a
recuperar sua qualidade de vida.

Faço isso através de atendimento médico psiquiátrico com abordagem


integrativa e através da divulgação de material online sobre temas em
saúde mental.

Sou natural do Rio de Janeiro, mas tão logo nasci já deixei a cidade
maravilhosa, passando por Macau (RN), Jundiaí (SP) e vim parar em
Campinas (SP), onde passei a maior parte da minha vida e moro
atualmente.

Em 2001 iniciei minha formação acadêmica no curso de Física Médica na


USP (Universidade de São Paulo) em Ribeirão Preto. 

Trata-se de um curso de física, com todas as disciplinas de cálculos, físicas


e afins, mas com um enfoque no área da saúde, como radioterapia,
radiodiagnóstico, medicina nuclear...

Atraído pelas matemáticas e laboratórios mergulhei nesse universo


cartesiano, até aí ainda sem contato com pacientes, só números e
máquinas.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  7


Com o diploma na mão fui para São Paulo me especializar em
Radioproteção em Medicina Nuclear, no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP, que é um tipo de segurança do trabalho
em locais que usam materiais radioativos para realização de exames
médicos.

Nessa fase comecei a ter mais contato com os pacientes, e fui me


encantando.

Aos poucos a chave foi virando e a satisfação em auxiliar os pacientes,


ainda como físico, superou o desafio de cuidar das máquinas e
radioisótopos.

Tão logo acabei a especialização, já retomei os estudos para enfrentar


novamente a saga do vestibular, desta vez a Medicina.

Voltei à vida acadêmica em Campinas e me formei médico (CRM/SP


169.787) pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e logo em
seguida fiz minha residência médica em Psiquiatra (RQE 71.591) pela
mesma instituição.

Apesar de parecer ilógico, o salto da física para a saúde mental foi natural;
saiba que os físicos são muito menos cartesianos e quadrados do que você
imagina.

O universo das probabilidades, estrutura da matéria e física quântica abre


a mente de qualquer um. Abriu a minha. 

O viés desde cedo para meu entendimento e olhar do processo saúde-


doença e do indivíduo como um todo foi uma consequência natural.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 8


Durante a faculdade de medicina me aventurei em racionalidades médicas
com propostas integrativas, participando e coordenando ligas acadêmicas
de homeopatia, medicina chinesa e medicina integrativa.

Além do consultório psiquiátrico também já atuei em serviços de pronto-


socorro como médico clínico geral, onde pude ter contato com a
gigantesca e sofrida procura dos pacientes com ataques de Pânico, muitos
deles em seu primeiro episódio.

 Após concluir minha residência médica em Psiquiatria realizei minha


Especialização em Psicoterapia Psicanalítica Breve no Serviço de
Atendimento Psicológico e Psiquiátrico dos Estudantes (SAPPE) da
UNICAMP.

Essa experiência com certeza contribuiu muito para ampliar meu olhar
sobre a vida psíquica dos pacientes  e ampliar meu leque de ferramentas
como psiquiatra. 

Nas próximas versões desta obra espero que este espaço continue
crescendo.

Se quiser ver meu currículo completo clique aqui

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 9


ENTENDENDO O
TRANSTORNO DE PÂNICO

 10
1. COMO EXPLICAR
 O TRANSTORNO DE PÂNICO PARA UM FAMILIAR
OU AMIGO?

Eis uma sugestão objetiva e esclarecedora quando você for questionado:

“O Pânico é um tipo de distúrbio de ansiedade, com picos


inesperados de mal estar e medo, acompanhados de várias
sensações corporais desagradáveis.

Não têm a ver com minha força de vontade e assim como


outras doenças (diabetes, pressão alta), precisa de um
tratamento”.

O Transtorno de Pânico (TP) é um tipo de transtorno de ansiedade, como a


fobia social e o transtorno de ansiedade generalizada, por exemplo.

A ansiedade pode ser entendida tanto como um sentimento como um


transtorno, dependendo da situação.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  11


A ansiedade pode ser um sentimento
normal que as pessoas têm em
determinadas situações.

Tais como uma entrevista de


emprego, uma prova, ao conversar
com pessoas desconhecidas, ao levar
um susto, enfim, basicamente em
situações e ambientes novos.

Essa é a ansiedade boa, normal, que


nos prepara para uma situação que
não estamos acostumados, nos
deixando mais alerta.

Nos tempos dos homens das


cavernas, ela era muito útil para que
nossos antepassados não fossem
devorados pelos predadores,
permitindo uma ação de luta e fuga
rápida, mesmo antes que
conseguissem elaborar um plano. 

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  12


Quando essa ansiedade se torna tão intensa a ponto de
trazer sofrimento, é desproporcional ao estímulo estressor
ou causa prejuízo na vida do indivíduo, diz-se que existe aí
um problema de saúde mental, um transtorno de
ansiedade. 

No TP, especificamente, o indivíduo tem crises intensas e súbitas de medo


e mal estar, chamadas de ataque de Pânico (AP) acompanhadas de
diferentes sintomas físicos.

Veja a seguir:

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 13


# SINTOMAS DE UM ATAQUE DE
PÂNICO

Palpitação, taquicardia
Sudorese
Tremores

Dificuldade para respirar


Sufocação
Dor ou pressão no tórax

Náusea
Tontura
Dormência, formigamento
Calafrios ou calor

Desrealização
(perda de conexão com o ambiente)
Despersonalização
(perda de conexão com o próprio corpo)

14
2. O QUE CAUSA 
 O TRANSTORNO DE PÂNICO?

Percebeu que até agora falamos em Transtorno de Pânico, ao invés de


Doença de Pânico?

Isso porque quando falamos em "doença", sabemos mais claramente a


origem do problema.

Por exemplo, uma pessoa com a doença Pneumonia tem uma bactéria no
pulmão que provoca os sintomas de falta de ar, dor torácica, febre e tosse.

Sabendo o nome e sobrenome da bactéria, o paciente usa um antibiótico


que mata esse micro-organismo e por consequência resolve a Pneumonia.

Já no Transtorno de Pânico não existe uma bactéria ou micro-organismo


que provoque esse quadro.

A “causa” não é bem conhecida, daí o uso do termo “Transtorno”,


“Distúrbio” ou “Síndrome”.

Sabe-se que o TP é MULTICAUSAL, isto é, diferentes e variados fatores


podem facilitar o aparecimento das crises.

Eis alguns exemplos:

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  15


 ESTRESSE DIÁRIO MEDICAÇÕES PARA
 SEDENTARISMO EMAGRECER
MÁ QUALIDADE DE FALTA DE LAZER
SONO PERSONALIDADES
CAFEÍNA MUITO RÍGIDAS E AUTO
ENERGÉTICOS  EXIGENTES
INFLUÊNCIA GENÉTICA.

Causa ou consequência do TP, pessoas com o distúrbio apresentam um


desequilíbrio de alguns neurotransmissores cerebrais, como a serotonina
e a dopamina. 

De qualquer forma ainda não se sabe direito quem veio primeiro, o


ovo (alteração dos neurotransmissores) ou a galinha (sinais e sintomas
do Pânico).

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 16


3. EXISTE UM EXAME  
 ESPECÍFICO PARA DIAGNOSTICAR O
TRANSTORNO DE PÂNICO?

Não.

O diagnóstico é clínico, isto é, realizado a partir da avaliação médica e da


história dos sinais e sintomas contados pelo paciente.

No entanto, como algumas doenças “do corpo” podem causar ou piorar os


sintomas do TP, é necessário que seja feita uma investigação com exames
laboratoriais para descartar essas outras doenças.

Exemplos de doenças que podem se apresentar como ataques de


ansiedade são:

Hipertiroidismo
Hiperparatiroidismo
Arritmias cardíacas
Disfunção do aparelho
vestibular
Transtornos convulsivos
Toxicidade de medicações
Feocromocitoma

Deixei um vídeo meu explicando um pouco melhor sobre esse assunto


caso você queira se aprofundar rum pouco mais (pule para o tempo 10:45
do vídeo) 

Clique aqui para ver o vídeo 

 DR. RAFAEL Q. D. GOMES  17


DENTRO E FORA DO
ATAQUE DE PÂNICO

 18
4. SENSAÇÃO DE IRREALIDADE, 
É POSSÍVEL DE EXISTIR DURANTE UM ATAQUE
DE PÂNICO, COMO SE A PESSOA ESTIVESSE EM
UM SONHO?

Sim.

Muitas pessoas com o distúrbio relatam uma sensação de estranhamento


tanto em relação ao próprio corpo quanto às pessoas e ao ambiente à sua
volta, como se aquilo não fosse real.

Têm a sensação de estar literalmente vivendo um pesadelo na vida real.

Isso é chamado DESREALIZAÇÃO.

Em uma crise de pânico o medo é tão intenso que pode invadir a própria
capacidade de pensamento da pessoa, deixando-a com essa sensação de
que aquilo não é real, de que a realidade está se "descolando", como se
estivesse em um filme ou um sonho.

Não é à toa que a pessoa que está inundada por essas reações comece a
ter medo de perder o controle ou medo de enlouquecer.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  19


5. MAL ESTAR, CANSAÇO FÍSICO
E FALTA DE APETITE 
PODEM OCORRER NO TRANSTORNO DE PÂNICO?

Sim.

Apesar do pico intenso e rápido de medo e sintomas físicos


nas crises, quem tem o TP pode apresentar grande sofrimento
e preocupação ENTRE as crises, pois não faz a menor idéia
quando elas vão surgir novamente.

Dali a 10 minutos? 10 dias? 10 anos?!

É comum que, com o passar do tempo, as crises vão se


repetindo de maneira aleatória.

Essa ansiedade antecipatória impede que a pessoa fique


despreocupada, causando mal estar, cansaço e falta de
apetite diários, mesmo FORA das crises.

O indivíduo fica tenso com o fato de que os sintomas possam


aparecer numa situação para a qual não encontre saída ou
ajuda, como em meio a uma multidão, elevadores, carros e
espaços abertos.

É comum que ele passe a evitar locais onde já teve um


ataque, desenvolvendo um outro distúrbio chamado de
agorafobia.

Este, é um quadro de medo provocado pelo TP não tratado,


que se caracteriza por fugir de situações que possam
representar perigo ou causar embaraço.
É o medo de ter medo. 

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  20


TRANSTORNO DE PÂNICO E SEU
CORAÇÃO

21
6. MORRER DO CORAÇÃO OU
SUFOCADO 
 É POSSÍVEL EM UM ATAQUE DE PÂNICO?

Não.

Uma crise de Pânico é extremamente desagradável,


sendo inclusive muitas vezes pior do que o próprio infarto
(que pode se apresentar como um desconforto abdominal
leve, quase como gases).

A pessoa pode sentir dor e palpitações no peito, falta de ar,


tremores, calafrios, tonturas e náusea. 

Esses sintomas são tão REAIS quanto a dor no peito de um


infarto, NÃO é “coisa da cabeça” da pessoa.

É bastante comum que, frente a tamanho desconforto, a


pessoa sinta que vá morrer.

No entanto, um ataque de Pânico, por si só, NÃO TRAZ RISCO


DE VIDA.

Nunca alguém morreu de Pânico.

Caso o indivíduo possua algum problema cardíaco pré-


existente, este pode ser agravado pelo mecanismo da crise,
assim como se estivesse fazendo um exercício físico intenso.
Mas isso é a exceção. 

Se quiser saber mais sobre dor no peito e risco de infarto em


um ataque de Pânico, clique no botão abaixo para assistir o
vídeo onde eu explico melhor o que acontece:

Clique e pule para 10:37s

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 22


7. HÁ MAIOR RISCO DE
DOENÇAS CARDÍACAS
EM PESSOAS COM TRANSTORNO DE PÂNICO? 

Sim.

Apesar de serem problemas “distintos”,


indivíduos com TP têm maior chance de
apresentarem doenças das artérias
coronárias, em especial aqueles que tiveram
uma crise de Pânico antes dos 50 anos.

Isso acontece porque quem convive com o TP apresenta uma maior


frequência cardíaca ao repouso, isto é, os batimentos cardíacos são
elevados normalmente, mesmo fora da crise.

Além disso, o ritmo do coração apresenta uma variabilidade diminuída,


quer dizer, permanece quase sempre o mesmo, não aumentando quando
deveria aumentar ou diminuindo quando deveria diminuir.

Esses fatores contribuem para um trabalho "a mais" do coração em


pessoas que têm o TP.

Por isso além de serem acompanhados por um psiquiatra, pacientes com


TP também devem ser submetidos a avaliações cardiológicas mais
precocemente.

Assim, além de descartar a existência de uma doença cardíaca em um


paciente com crises de Pânico, o cardiologista deve encaminhá-lo  para
um acompanhamento especializado com o psiquiatra, de quem receberá
o tratamento adequado.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 23


8. QUAL O VALOR IDEAL DA
PRESSÃO ARTERIAL
PARA UMA PESSOA COM TRANSTORNO DE
PÂNICO? DEVO MEDIR A PRESSÃO TODOS OS
DIAS? 

A pressão arterial deve variar ao longo do dia, dentro de certos limites. 

Essa variação é saudável e ocorre a partir das diferentes demandas do


nosso organismo ao longo do dia.

Por exemplo, quando acordamos, nossa pressão tende a estar mais


elevada, já que somos inundados pela manhã pelo hormônio do estresse
chamado cortisol. 

Ao longo do dia, se caminhamos, fazemos alguma atividade física ou até


se nos estressamos, o sistema cardiovascular "acompanha" esse
movimento e também eleva a pressão.

Já quando dormimos, gastamos menos energia, temos uma queda


importante dos valores da pressão. E tudo bem, isso é saudável!

A pressão arterial não deve ser estática ou permanecer sempre a


mesma.

Atualmente, a Sociedade Brasileira de Cardiologia classifica que uma


pessoa possua hipertensão arterial quando apresenta medidas maior ou
igual a 140 x90 mmHg.

MAS ATENÇÃO!

Existe uma maneira correta de se fazer essa medida, pois vários fatores
podem alterar o resultado da medida da pressão arterial.

Veja a seguir:

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 24


# COMO AFERIR A PRESSÃO
ARTERIAL DE MANEIRA CORRETA
Para ser válida, a medida da pressão deve ser
feita dentro de algumas condições:

Ambiente calmo (com a pessoa relaxada inclusive!)


 
Bexiga deve estar VAZIA
 
Não deve ter feito atividade física, fumado ou tomado
café antes.

A pessoa deve estar sentada, com as pernas


descruzadas e os pés apoiados no chão, com o
braço apoiado na altura do coração com a palma da
mão voltada para cima

25
Muitas regras para uma simples medida?

Sim!

Isso porque todos esses fatores podem mascarar a medida da pressão,


normalmente apresentando um valor maior que o real.

É como se você fosse se pesar em uma balança digital.  Mas enquanto está


concentrado olhando o leitor alguém atrás de você pisa na balança sem você
ver.

A balança indicará um peso maior do que realmente você tem! E


provavelmente você vai ficar chateado à toa...

Por isso quem tem TP não deve ficar medindo a pressão diariamente em


casa, ou  mesmo em farmácias (a não ser que seja uma
recomendação  específica do seu médico), pois a chance de ser
uma medida errada (para mais) é muito grande, preocupando a pessoa
desnecessariamente.

Aí a medida alta da pressão gera preocupação e estresse, que por sua


vez aumenta a pressão, que deixa o sujeito mais nervoso ... e temos o
feito da bola de neve!

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  26


9. EXISTE MAIOR RISCO DE
INFARTO OU DERRAME
DURANTE UM ATAQUE DE PÂNICO, JÁ QUE A
PRESSÃO ARTERIAL E A VELOCIDADE DO
CORAÇÃO AUMENTAM?

Não.

Durante um ataque de Pânico os sinais vitais do paciente (frequência


cardíaca e respiratória, pressão arterial, saturação de oxigênio) podem
ficar "bagunçados".

Isso é uma resposta normal do organismo a situações em que o corpo


deixa de estar em uma condição de “conforto”, como ao realizar uma
atividade física intensa.

A variação desses parâmetros é saudável e necessária para nossa


sobrevivência, pois caso contrário nosso corpo não suportaria qualquer
variação das condições ambientais em que se encontra, como
temperatura, aumento da demanda energética etc.

Assim, na crise de Pânico, a pressão arterial sobe, o coração bate mais


rápido e a respiração fica ofegante. 

Pessoas que tem o TP são de certa forma mais sensíveis a essas


variações internas do organismo, pois seu SISTEMA NERVOSO
AUTÔNOMO, que é responsável por regular esses parâmetros, fica mais
ativado do que em pessoas que não têm o TP.
.
Essa sensibilidade aumentada acaba provocando grande
ANSIEDADE nos pacientes quando ocorre uma alteração da pressão,
frequência cardíaca etc, pois não conseguem distinguir essas
alterações "normais" de alterações ameaçadoras.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  27


Relação entre ataque de Pânico e alteração dos sinais
vitais

Essas alterações são percebidas pela pessoa de maneira


catastrófica, reforçando o medo.

Na grande maioria das vezes, as alterações dos sinais vitais


isso ocorre dentro de limites não maléficos ao organismo,
sem haver lesão de qualquer órgão (principalmente o
cérebro, coração ou rins, mais sensíveis a aumentos
pressóricos).

.
Terminada a crise, os sinais vitais se normalizam.

Caso a pessoa já tenha um problema cardíaco prévio, o


que é raro na população jovem entre 18 e 35 anos (faixa
etária que comumente convive com o TP) tal doença pode
de fato ser exacerbada.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  28


TRATAMENTOS

 29
10. O TRANSTORNO DE PÂNICO
TÊM CURA? 
SÓ É TRATÁVEL COM REMÉDIO?

Tem controle. 

Quando falamos em cura, pensamos em uma resolução definitiva para


um certo problema.

Por exemplo, falamos sim que existe uma cura para a Pneumonia (veja
item 2.2): a pessoa toma um antibiótico que vai matar a bactéria
causadora da doença, não sendo necessário manter o uso da
medicação após a resolução do quadro.

Até podemos administrar uma medicação antitérmica para baixar a


febre e outra analgésica para reduzir a dor, mas se o paciente não fizer
uso de um antibiótico, que vai atacar a causa da Pneumonia, o
desconforto pode até melhorar temporariamente, mas muito
provavelmente voltará quando o efeito das medicações sintomáticas
passar.

No TP não existe um alvo específico, equivalente à bactéria no quadro


de Pneumonia. Dessa forma, não existe um “antibiótico”, ou seja, um
remédio certeiro que atue direto na causa do problema.

 DR. RAFAEL Q. D. GOMES  30


Não existe um alvo exato para as medicações usadas no TP
resolverem o problema, elas tratam somente os sintomas.

O tratamento, principalmente em relação às medicações, busca um


CONTROLE DOS SINTOMAS, que por sinal é muito eficaz.

É como se no TP os pacientes usassem as medicações para combater a


febre e a dor da Pneumonia (sintomas!), mas a causa continua lá.

No TP, muitas pessoas conseguem viver bem, sem crises, mesmo sem o
uso de medicação.

Uma outra analogia interessante é em relação à alguém com pressão


alta.

Não existe um remédio que cure a pressão alta. As medicações anti-


hipertensivas promovem um controle dos níveis pressóricos, mas não
atacam a causa. .

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 31


Se a pessoa começar a ter uma alimentação mais saudável, fizer
atividades físicas, reduzir o estresse, é provável que sua pressão irá
diminuir, sendo possível inclusive parar com os anti-hipertensivos.
 
A doença da "pressão alta", continua lá, mas está controlada, e sem
remédios.

Com o TP pode ocorrer a mesma coisa.

A pessoa até pode usar uma medicação ansiolítica na fase inicial do


tratamento, mas se incluir alguns hábitos de vida mais saudáveis, pode
manter-se bem, sem crises e sem medicação.

Assim, falamos em controle do Transtorno de Pânico, com ou sem


medicações, mas não em cura.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  32


11. EXISTEM ALIMENTOS QUE 
AJUDAM NO CONTROLE DAS CRISES?

Sim.

A serotonina é um dos principais  neurotransmissores envolvidos nos


quadros de Pânico, tanto que as medicações psicotrópicas visam
regular o nível dessa substância.

Ela é um neurotransmissor e  tem como precursor um aminoácido


chamado triptofano: se a serotonina fosse uma casa o triptofano seria
o tijolo dessa casa.

Assim é importante que pessoas com transtornos de ansiedade, como


o Pânico, tenham uma alimentação rica dessa substância:

Peixes, ovos, castanhas, leguminosas (feijão azuki, lentilha), arroz


integral, chocolate amargo (70% ou mais)  são alimentos ricos em
triptofano.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  33


Sementes de gergilim, girassol e abóbora são ideais nesse sentido,
pois tem uma alta proporção de triptofano .

Mas somente ingerir quantidades adequadas de triptofano não garante


que ele chege no cérebro e auxilie na regulação do humor.

É necessária uma alimentação com uma quantidade adequada de


carboidratos, que facilita o transporte desse triptofano para o cérebro.

Caso contrário, de nada adiante ter triptofano de sobra no organismo.

MAS ATENÇÃO!

Nada de fontes de carboidratos “ruins”, como  massas, pães, salgados...

Esses alimento possuem alto índice glicêmico, quer dizer, aumentam


rapidamente o nível de glicose no sangue após serem ingeridos.

Essa rápida variação da quantidade de glicose no sangue provoca por


sua vez uma alterações no estado de humor, podendo intensificar
quadros ansiosos.
.
Dê preferência a frutas, alimentos integrais
 e vegetais.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  34


Outra dica saindo do forno é caprichar na ingestão de alimentos ricos
em ômega-3, um tipo de gordura boa, presente em peixes de águas
profundas, como salmão, sardinha e truta.

Um estudo de revisão sistemática, isto é, um trabalho que avaliou


vários outros estudos que investigaram os benefícios dessa substância,
chegou a esta conclusão que seu existe uma redução dos níveis de
ansiedade em pessoas que fizeram uma suplementação com ômega-3
tinham algum distúrbio de ansiedade, tal como o Transtorno de
Pânico, Fobia Social, Transtorno de Ansiedade Generalizada,
Transtorno Obsessivo Compulsivo, entre outros.

O trabalho envolvendo mais de duas mil pessoas, mostrou que doses


diárias acima de 2 gramas do ácido graxo ômega-3 (o equivalente a 4
colheres de sopa de óleo de linhaça), são eficazes em reduzir
sintomas ansiosos em pessoas com diagnósticos de transtornos
ansiosos.

.
Relembrando, é bom evitar alimentos como  farinhas brancas e açúcar.
Eles podem até aliviar momentaneamente a ansiedade, mas depois de
terminada a sensação de “relaxamento", o nervosismo volta e com mais
intensidade, como um "efeito rebote".

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 35


12. QUAL O PROFISSIONAL MAIS
ESPECIALIZADO
 PARA ATENDER ALGUÉM COM TRANSTORNO DE PÂNICO,
PSIQUIATRA, PSICÓLOGO,  PSICANALISTA,
NEUROLOGISTA?

Diferentes profissionais da área da saúde podem auxiliar um paciente com


Transtorno de Pânico.

O diagnóstico clínico deve ser feito por um médico, preferencialmente por


um médico Psiquiatra, que é o médico especialista nos distúrbios
emocionais.

Como já mencionado, tão importante quanto dar um diagnóstico de


Transtorno de Pânico para o paciente, é essencial que sejam descartadas
outras doenças orgânicas que possam "imitar" um ataque de Pânico.

E o profissional que saberá conduzir essa avaliação e investigação,


solicitando os exames necessários, é o Psiquiatra.

É comum que pacientes com crises de pânico procurem primeiro outros


especialistas devido aos sintomas apresentados, tais como médico
emergencista em pronto socorro, cardiologista (dor torácica), neurologista
(medo de ter um derrame), pneumologista (falta de ar),
otorrinolaringologista (tontura) e gastroenterologista (náusea).

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  36


Quando procurados por pacientes com
ataques de Pânico, é importante que sejam
descartadas doenças relacionadas às
respectivas especialidades, para que então
o paciente ser encaminhado ao
médico Psiquiatra.

Feito o diagnóstico e descartadas outras


doenças orgânicas, é comum que o
tratamento proposto envolva tanto o uso
de medicações alopáticas como
antidepressivos e benzodiazepínicos, que,
se necessárias, são prescritas pelo
Psiquiatra, como o acompanhamento em
psicoterapia.

Existem diversos tipos de psicoterapia,


que normalmente é realizada pelo
psicólogo, mas pode ser realizada por um
médico psiquiatra que tenha formação em
psicoterapia.

Dentre as modalidades existentes destaca-se a Terapia Cognitivo


Comportamental (TCC) e a terapia de base psicanalítica, esta última
feita por um Psicólogo ou Psiquiatra com formação em Psicanálise.

Enquanto a TCC tem a proposta de focar na redução dos sintomas e


acaba sendo mais "objetiva", com número e temas das sessões
programadas, a terapia de base psicanalítica procura entender as
razões mais profundas e identificar padrões de comportamento do
paciente, deixando em segundo plano a redução de sintomas.

Qual é a melhor? 

Depende dos objetivos e disponibilidade do paciente.

Para pessoas que buscam uma resolução mais rápida e objetiva dos
sintomas, talvez a TCC seja uma melhor pedida.

Para aqueles que desejam se aprofundar no autoconhecimento e


explorar os próprios pontos cegos, suportando algum nível de
sintomas, a terapia de base psicanalítica tenha mais valor.

Muitas vezes o paciente é acompanhado tanto pelo Psiquiatra como


pelo Psicólogo ao longo de seu tratamento.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  37


13. PÂNICO, DEPRESSÃO E
ANSIEDADE GENERALIZADA
 ALGUÉM PODE TER MAIS DE UM DISTÚRBIO AO
MESMO TEMPO?

Sim, isso se chama COMORBIDADE.

Parece muito azar alguém ter logo mais de um distúrbio psíquico?

Será que um raio cai duas vezes nos mesmo lugar?

É muito comum que alguém com o diagnóstico de Transtorno de Pânico


conviva com algum outro transtorno psiquiátrico.

A isso dá-se o nome de comorbidade (“co”- que acompanha; “morbidade”-


doença).

Com que frequência isso ocorre?

A comorbidade psiquiátrica é regra no Transtorno de Pânico, e não


exceção.

Cerca de 83% dos pacientes apresentam ao menos algum outro distúrbio


psiquiátrico.

 DR. RAFAEL Q. D. GOMES  38


Apesar de ser possível alguém receber mais de um diagnóstico, é válido
lembrar que o uso de nomes e rótulos que os médicos Psiquiatras dão aos
seus pacientes para explicar seus quadros são construções artificiais.

Além disso, é provável que exista uma origem psíquica comum nos
transtornos de uma mesma pessoa: um trauma, um conflito não resolvido,
relações problemáticas...

Isto é, os diagnósticos são criados a partir de um agrupamento de sinais e


sintomas.

Inclusive de tempos em tempos esses critérios (sinais e sintomas) e rótulos


(nomes dos distúrbios) são revisados e alterados pelos especialistas da
área.

O que era doença ontem não é mais hoje.

A lista atual dos sintomas de um quadro de Transtorno de Ansiedade


Generalizada, por exemplo, pode ser diferente daqui alguns anos.

Apesar disso poder passar uma sensação de “fragilidade” dos diagnósticos


psíquicos, não sendo algo fechado e definido, os nomes dos distúrbios são
muito importante na prática clínica, funcionando como uma bússola que
orienta o tratamento e permite que profissionais de saúde conversem
entre si.

Ao invés de pensar nas comorbidades como dois raios caindo no mesmo


lugar, talvez faça mais sentido pensar que seja o mesmo raio, mas com
ramificações distintas.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 39


14. O TRANSTORNO DE PÂNICO
DEIXA SEQUELAS?

Não.

O termo sequela costuma ser usado para uma alteração permanente


(anatômica ou funcional) no corpo do indivíduo, que permanece depois de
alguma doença ou acidente traumático.

Por exemplo, falamos em sequela de um derrame (ou Acidente Vascular


Cerebral) quando após o evento a pessoa não consegue mais falar, ou
mover um membro.

Outro caso: uma criança que desenvolva uma paralisia cerebral (sequela)
após um quadro de meningite bacteriana.

No TP, não ocorre uma alteração permanente nesse sentido. A anatomia e


o funcionamento do cérebro permanecem intactos.

O que pode ocorrer, e que talvez gere confusão, é o medo de se expor a


alguma situação que possa deflagrar um ataque de pânico.

A partir daí a pessoa passa a evitar sistematicamente alguns locais, com


receio de ter novas crises. 

No entanto o organismo da pessoa permanece intacto.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 40


É como se fosse uma “sequela emocional”, ou seja, uma alteração
duradoura na mente da pessoa a lembrando de não ir a certos lugares e
evitar determinadas situações, pois existe o risco de ocorrer novas crises.

De fato, sem o devido tratamento, essa evitação pode persistir


indefinidamente.

Mas de qualquer forma não é considerada uma sequela propriamente dita.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  41


ENTENDENDO AS MEDICAÇÕES

 42
15. QUAL O MELHOR REMÉDIO 
 PARA O TRANSTORNO DE PÂNICO?

O que te ajudar e você conseguir tomar.

Não existe “O” melhor remédio


 do mundo quando se fala em
 TP, independente de preço,
 de ser importado ou nacional,
 antigo ou novo.

As medicações utilizadas, normalmente da classe dos antidepressivos e


ansiolíticos, tem eficácias muito semelhante, isto é, todos são bons
igualmente.

Inclusive, de todos os transtornos psiquiátricos (depressão, fobia,


esquizofrenia etc), o sintomas do TP são os que mais respondem ao
tratamento medicamentoso, com altíssima taxa de remissão do quadro.

O que costuma ser diferente entre eles são os efeitos colaterais


provocados, sendo que cada um tem suas peculiaridades.

Esse perfil de efeitos colaterais inclusive é levado em conta pelo médico


Psiquiatra na hora sugerir o uso desse ou daquele remédio.

Por exemplo, alguns remédios, como a Sertralina, Fluoxetina e Paroxetina


(da classe dos antidepressivos inibidores da receptação da serotonina)
podem atrapalhar a atividade sexual, provocando redução da libido,
dificuldade em ter orgasmo e retardar a ejaculação.

 DR. RAFAEL Q. D. GOMES  43


Para uma pessoa jovem com vida sexual ativa, esse efeito colateral é muito
incômodo, mesmo que melhore das crises de Pânico.

Já para um idoso sem vida sexual ativa, talvez isso não seja tão
problemático.

Outro exemplo, a Venlafaxina (um antidepressivo inibidor da recaptação


da serotonina e noradrenalina) pode causar um aumento da pressão
arterial.

Alguém que tenha o TP e a pressão um pouco mais baixa pode até se


beneficiar desse efeito.

Já um paciente sabidamente hipertenso de difícil controle e que


desenvolva o TP pode ter um descontrole das medidas pressóricas se usar
a Venlafaxina.

Enfim, há que se colocar os prós e contras na balança.

O melhor remédio é aquele que seu organismo aceita, na menor dose


possível e que te ajude!

 DR. RAFAEL Q. D. GOMES 44


16. SE EU PARAR DE REPENTE O
USO DOS REMÉDIOS,
O QUE PODE ACONTECER?

Mal estar e desconforto.

Isso depende do remédio usado, da dose e do organismo de cada um,


mas normalmente não é nada agradável...

Normalmente as medicações utilizadas no


tratamento do TP duram cerca de 24h no
organismo, sendo então excretadas pela
urina.

Por isso é comum que elas sejam ingeridas uma vez ao dia, para manter o
nível no sangue constante.

Uma exceção é a Fluoxetina, que dura cerca de 7 dias no nosso corpo.

Dependendo da dose, essa queda abrupta do nível do remédio no sangue


pode causar dor de cabeça, náusea, vômitos, mal estar, tremores e
palpitações.

Quanto maior a dose usada, pior os sintomas na retirada do remédio.

Por isso a suspensão dessas medicações deve ser feita de forma gradual
e sempre acompanhada por um profissional de saúde.

 DR. RAFAEL Q. D. GOMES  45


17. MUDAR DE MEDICAÇÃO OU A
DOSE,
QUANDO SEI QUE PRECISO?

Quando algo não vai bem.

A meta do tratamento medicamentoso é a remissão completa dos


sintomas, sem crises ou sintomas remanescentes entre elas.

Nesse sentido, sempre que a melhora do quadro ainda não tiver chegado
a 100%, é possível conversar com seu médico Psiquiatra sobre pequenos
ajustes ou até uma mudança na estratégia medicamentosa.
  
Como especialista em saúde mental, ele deve conhecer o leque de
possibilidades disponíveis e te ajudar a encontrar uma opção que faça
sentido.

É importante lembrar que a decisão pelo uso de uma medicação para o


tratamento do Transtorno de Pânico deve envolver tanto o paciente como
seu médico.

O grande problema em mudar de remédio ou alterar a dose por conta


própria, é que essa mudança tanto pode provocar uma piora do quadro de
Pânico em si, como é possível que apareçam efeitos colaterais de retirada 
dessas medicações somados aos efeitos indesejáveis da nova medicação
que está sendo iniciada/aumentada.

Lembrando que é comum, para a maioria dos antidepressivos, que nos


primeiros 3 a 7 dias de uso ocorram alguns efeitos colaterais, tais como
alteração do hábito intestinal, dor de cabeça, mal esta e piora da
ansiedade.

Esses sintomas costuma ser suportáveis e passageiros.

 DR. RAFAEL Q. D. GOMES  46


18.  POR QUE O TRATAMENTO É
FEITO COM ANTIDEPRESSIVOS? 
NÃO DEVERIA SER COM ANSIOLÍTICOS?

Os nomes das medicações psicotrópicas (usadas na Psiquiatria) são um


tanto quanto infelizes.

Isso porque um mesmo remédio pode ter funções diferentes dependendo


do motivo pelo qual é prescrito.

Por exemplo, é comum que pessoas que tenham problemas com


impulsividade se beneficiem do uso de antidepressivos, mesmo não tendo
depressão.

Isso acontece porque não temos em nosso cérebro um receptor específico


para impulsividade, outro para depressão, outro para ansiedade e por aí
vai.

Para entender isso, é importante lembrar que as células do cérebro, os


neurônios, não se encostam para se comunicar.

Os neurônios se falam através de substâncias mensageiras, que saem de


um neurônio e vão para outro: 

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  47


Essas substâncias são chamadas de NEUROTRANSMISSORES.

Existem vários tipos deles, sendo as mais famosas a SEROTONINA,


DOPAMINA, NORADRENALINA.

Cada neurônio produz essas moléculas e também tem um receptor para


“pegar” um neurotransmissor produzido por outro neurônio.

Os estados de humor são regulados por mais de um neurotransmissor,


assim como um mesmo neurotransmissor pode influenciar mais de uma
sensação.

Por exemplo, sabe-se que sintomas depressivos, ansiosos e impulsivos são


influenciados pelo do neurotransmissor serotonina.

Dessa forma, em uma pessoa com depressão, o remédio antidepressivo, ao


mudar a quantidade de serotonina no organismo, melhora os sintomas
depressivos. 

Já em alguém com TP, o mesmo antidepressivo vai melhorar os sintomas


ansiosos e em um paciente com grande impulsividade vai reduzir
sintomas impulsivos, tudo pela regulação da serotonina no corpo.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  48


19. SE FICO RELAXADO QUANDO
BEBO ÁLCOOL, ESSE HÁBITO
ATRAPALHA O TRATAMENTO?
E SE EU NÃO ESTIVER USANDO NENHUMA
MEDICAÇÃO?

Sim.

O uso de bebida alcoólica pode prejudicar o tratamento de quem tem TP,


mesmo para aqueles que não usem medicação.

O álcool é uma substância que atua em receptores cerebrais (chamados


de gabaérgicos), provocando de fato uma sensação de relaxamento e
despreocupação no momento do uso.

Até aí o indivíduo realmente fica mais tranquilo.

No entanto esse bem-estar ocorre nos minutos e horas


imediatamente após o uso.

Passado esse período o corpo pode sentir falta desse estímulo, passando
para um estado de ansiedade e preocupação.

E é aí aumenta o risco de novas crises.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 49


Soma-se a esses efeitos, em pacientes que façam uso de medicações,
outro ponto importante.

A maioria dos remédios usados no tratamento do TP é metabolizada, isto


é, quebrados em elementos menores que terão  ação no organismo, no
fígado.

Na verdade o fígado é o órgão responsável pelo metabolismo de quase


tudo que ingerirmos, inclusive o álcool.

Dessa forma, se ele é exigido ao mesmo tempo a metabolizar medicações,


álcool, alimentos etc, pode não dar conta de executar todas as tarefas
bem feitas.

É como pedir para você, enquanto lê este texto, assistir um documentário


na televisão e falar ao telefone, tudo ao mesmo tempo.

Se fosse realizar uma tarefa de cada vez, não teria grandes problemas, mas
tudo ao mesmo tempo, cada tarefa sai mal feita.

E já que o remédio precisa ser metabolizado para funcionar


adequadamente, se o fígado está ocupado, o efeito esperado pode não
ocorrer e as crises voltam.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  50


NA CRISE

51
20. O QUE FAZER SE EU TIVER
UM ATAQUE DE PÂNICO?
Um ataque de Pânico normalmente dura pouco tempo, de segundos a
minutos.

Por vezes pode haver uma ansiedade e desconforto residual, com duração
de horas, de menor intensidade após o pico da crise.

Nesse intervalo, que apesar de breve é extremamente angustiante, a


pessoa pode se sentir fora de si e com muito medo.

É comum que alguém que esteja passando pelos primeiros ataque de


Pânico seja levado a um serviço de emergência, pois não sabe ainda do
que se trata.

Indivíduos que já tenham o diagnóstico podem tentar manejar o episódio


sem recorrer à um serviço médico.

Durante a crise, a pessoa deve tentar manter-se calma, com RESPIRAÇÕES


PROFUNDAS, e procurar um local onde possa se sentar e aguardar o
ataque de pânico passar.

Tenta usar a RESPIRAÇÃO ABDOMINAL, que usa a musculatura do


diafragma e envia uma mensagem para o cérebro falando para ele relaxar
e desacelerar. Isso melhora a ansiedade, baixa a frequência cardíaca, reduz
a velocidade da respiração e diminui a pressão arterial

Pacientes relatam que é de grande ajuda lembrar da explicação de seu


médico de que NÃO ESTÃO TENDO UM ATAQUE DO CORAÇÃO, apesar do
grande desconforto. 

Deixei um vídeo especial te contando como fazer essa respiração e seus


benefícios (clique no botão e vá para o tempo 16:50 do vídeo)

Clique aqui para ver o vídeo sobre


Respiração abdominal

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  52


O “simples” fato de você recordar que não vão morrer e que o ataque vai
passar em minutos já diminui a intensidade da crise.

Isso ocorre porque grande parte da angústia de quem sofre com o TP vem
da sensação de IMPREVISIBILIDADE do que pode acontecer.

Esse "mantra" ajuda na sensação de controle e de conhecimento sobre o


que está acontecendo.
 

Tire uma foto mental da imagem abaixo, afinal uma imagem vale mais
que mil palavras.

"É uma crise de


Pânico que vai
passar, eu não vou
morrer"

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 53


21. COMO AJUDAR ALGUÉM QUE
ESTÁ TENDO UM ATAQUE DE
PÂNICO?

Essa informação é muito importante, tanto para orientar seus amigos e


familiares para te auxiliarem em uma eventual crise, como para você
mesmo poder ajudar alguém na rua tendo um ataque.

Afinal de contas, nada impede que você presencie um desconhecido com


uma crise de Pânico na rua e, mais do que ninguém, você sabe da
importância em ser ajudado nesses momentos.

Veja a seguir.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 54


# COMO AJUDAR ALGUÉM
DURANTE UMA CRISE DE
PÂNICO

Fale com a pessoa em um tom calmo e seguro

 Pergunte o que está incomodando

 Afaste-a de estímulos que a perturbam e vá


para um local mais calmo e ventilado

Faça respirações lentas e profundas e peça para a


pessoa respirar no mesmo ritmo que você, te
imitando

Não desvalorize os medos e receios

Fale com ela durante o processo, lembrando que


ela está tendo uma crise de Pânico que vai passar,
que ela não vai morrer do coração

55
ATÉ LOGO

 56
ESTE LIVRO É SÓ O COMEÇO

Parabéns por ter chegado até aqui!

Sua iniciativa em buscar conhecimento sobre o TP é parte essencial da


sua melhora.

Saber e entender o que acontece com você é tão importante quanto o


uso de medicações ou fazer psicoterapia.

O conteúdo sobre o TP não se esgota aqui. Pelo contrário!

Esse ebook apenas é o ponto de partida para você iniciar sua jornada
rumo ao controle desse transtorno.

Frente a imensidade de conhecimento gerado a cada dia sobre o TP,


seria extremamente trabalhoso você ficar a par de todas as novidades
publicadas no meio científico sobre esse assunto.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES 57


A dica é que você escolha e acompanhe profissionais de saúde que
façam essa seleção e filtro para você, otimizando seu tempo e
garantindo informação de qualidade e atualizada.

Espero que as informações aqui disponibilizadas lhe sejam úteis.

Caso tenha gostado do conteúdo e tenha amigos ou familiares que


poderiam se beneficiar dele, fique à vontade em indicar meu site para
que eles também possam ter acesso a esse material.

Por fim gostaria de agradecer pelo seu tempo e disponibilidade


durante a leitura.

Gostaria  muito de saber sua opinião sobre este livro.

Para deixar suas críticas clique no botão vermelho: 

Com tantas opções de vídeos, posts e mensagens na internet, o seu


interesse neste material me ajuda a realizar um sonho pessoal e
profissional, que é levar informação de qualidade sobre saúde mental
para além das paredes do consultório, contribuindo para o alívio do
sofrimento de milhares de pessoas.

Espero de coração que você tenha cada vez mais saúde, não como um
fim em si, mas como um meio para atingir os mais nobres fins da sua
existência, sejam elas as que você desejar.

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  58


Forte abraço

Dr. Rafael Quintes Ducasble Gomes

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  59


AVISO LEGAL DOS DIREITOS
AUTORAIS:

É proibída e reprodução e a distribuição, parcial ou


total deste livro, sem a autorização do autor da obra.

Se você recebeu este conteúdo por outra via que não


seja o site oficial gomespsiquiatria.com ou se tiver
alguma dúvida, por favor entre em contato através
do email: contato@gomespsiquiatria.com

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  60


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SALUM GA , BLAYA C , MANFRO GG. TRANSTORNO DE PÂNICO. REV


PSIQUIATR RS. 2009; 31(2):86-94
SADOCK B. COMPÊNDIO DE PSIQUIATRIA. ARTMED, 2017.

MARTINS HS. MEDICINA DE EMERGÊNCIAS: ABORDAGEM PRÁTICA. 11ª ED.


VER. E ATUAL. BARUERI, SP. MANOLE, 2016. 

SINGH, P.N.; ARTHUR, K.N.; ORLICH, M.J. ET AL. “GLOBAL EPIDEMIOLOGY OF


OBESITY, VEGETARIAN DIETARY PATTERNS AND NONCOMMUNICABLE
DISEASE IN ASIAN INDIANS.” THE AMERICAN JOURNAL OF CLINICAL
NUTRITION. BETHESDA: 2014; 100 (SUPL. 1): 359S-64S.

JOURNAL OF THE AMERICAN MEDICAL ASSOCIATION. MATSUOKA YJ ET


AL. ASSOCIATION OF USE OF OMEGA-3 POLYUNSATURATED FATTY ACIDS
WITH CHANGES IN SEVERITY OF ANXIETY SYMPTOMS A SYSTEMATIC
REVIEW AND META-ANALYSIS, 2018.

SALUM, GIOVANNI ABRAHÃO; BLAYA, CAROLINA; MANFRO, GISELE GUS.


TRANSTORNO DO PÂNICO. REV. PSIQUIATR. RIO GD. SUL, PORTO ALEGRE,
V. 31, N. 2, 2009 . DISPONÍVEL EM . ACESSO EM 28 SET. 2011.

MALACHIAS MVB, SOUZA WKSB, PLAVNIK FL, RODRIGUES CIS, BRANDÃO


AA, NEVES MFT, ET AL. 7ª DIRETRIZ BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO
ARTERIAL. ARQ BRAS CARDIOL 2016; 107(3SUPL.3):1-83

DR. RAFAEL Q. D. GOMES  61


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