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COMPORTAMENTO ESCOLAR
Rita de Cássia Spréa Uhle
Gustavo Thayllon França Silva
Pós-graduação em Educação
Diretores
Diretoria Executiva Luiz Borges da Silveira Filho
Diretoria Operacional Marcelo Antonio Aguilar
Diretoria Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Editora
Coordenação Editorial Angela Krainski Dallabona
Projeto Gráfico Evelyn Caroline Betim Araujo
Arte-Final Evelyn Caroline Betim Araujo
Capa Vitor Bernardo Backes Lopes
Edição 2021
A Psicologia do Comportamento Escolar
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo expor os comportamentos influentes em sala de aula, apresentando
suas causas, contextos e as consequências ocasionadas pelas ações e decisões dos alunos, que muitas vezes
impedem o desenvolvimento próprio e de seus colegas. Visa explanar a respeito do comportamento escolar
por intermédio das teorias de aprendizagem, a fim de compreendê-lo; por meio desse reconhecimento, aplicar
estratégias, assim como teorias que a psicologia proporciona para um tratamento e acompanhamento efetivo
na busca de bons relacionamentos sociais, melhorando as condições em sala de aula e aperfeiçoando o apren-
dizado. Destaca transtornos e atitudes que influenciam o ambiente estudantil. Utiliza como fonte diversas
bibliografias para compreender e basear informações a respeito do assunto. Discute questões relacionadas ao
papel do educador no processo de aprendizagem e no manejo com problemas característicos no comporta-
mento escolar, com opções de estratégias e práticas.
Palavras-chave: Comportamento escolar. Psicologia. Transtornos.
1 INTRODUÇÃO
O comportamento escolar é reflexo do contexto e dos relacionamentos de cada aluno. As situações marcan-
tes, problemáticas ou não, influenciam diretamente as ações das crianças em seu ambiente, no caso a escola, em
que precisam lidar com suas questões, colegas e professores e também se encontrar no processo de aprendizagem.
Quando existem falhas, esse processo é interrompido ou distorcido, gerando prejuízos para a própria criança e
para o ambiente escolar.
Problemas como desatenção, transtornos emocionais ou psicológicos, traumas e até mesmo violência são
entendidos como fatores determinantes no comportamento individual, que influenciam e ocasionam crises nas
salas de aula.
O objetivo deste trabalho é compreender esses comportamentos e indicar as possibilidades oferecidas pela
psicologia no intuito de colaborar para um aprendizado dentro dos limites aceitos e, também, relacionamentos
aceitáveis tanto na escola quanto em casa.
Essa abordagem da psicologia comportamental escolar é necessária, uma vez que alunos reconhecidos como
preguiçosos ou desatentos na verdade podem sofrer algum distúrbio e, com a intervenção correta, podem se
adequar ao padrão escolar e aprender dentro de seus limites.
A relevância se dá pela necessidade de os professores reconhecerem cada tipo de transtorno, para assim
lidarem da maneira mais adequada com toda a turma, identificando os conflitos, aprendendo a lidar com eles e
encontrando soluções para o convívio dentro da escola.
2 TEORIAS DA APRENDIZAGEM 2 behaviorismo – foco nos aspectos mais obje-
tivos do comportamento, como estímulo,
O que é aprendizagem?
resposta e recompensa.
Todas as mudanças relativamente
permanentes no potencial de 2 cognitivismo – concentração nos conceitos
comportamento, que resultam da biológicos, na atividade mental humana.
experiência, mas não são causadas
por cansaço, maturação, drogas,
Os psicólogos behavioristas examinam o compor-
lesões ou doenças (LEFRANÇOIS, tamento real e as condições que levam a tal atitude,
2008, p. 6). lidam com estímulos, respostas ao comportamento. Já
os psicólogos cognitivistas, sem contradizer o behavio-
A aprendizagem pode ser considerada um resul-
rismo, acreditam que o comportamento humano se
tado da experiência vivida e vai além da definição de
baseia em atividades como pensar, desejar, raciocinar,
obtenção de informações, uma vez que as informa-
o que envolve o processo intelectual, a formação de
ções obtidas nem sempre se fazem óbvias no processo
conceitos, a memória e a percepção.
de aprendizagem.
As mudanças de comportamento são evidências
da ação da aprendizagem, mas isso não significa que
todas as mudanças de comportamento a procedam,
3 TERAPIA COGNITIVA
pois alterações resultantes de cansaço e drogas são COMPORTAMENTAL – TCC
temporárias, e não se caracterizam como prova de que A terapia cognitiva comportamental surgiu nos
houve aprendizagem. Ela implica em mudanças na anos 60 do século XX, e foi implementada pelo psi-
capacidade de fazer algo e na disposição em realizá-lo. quiatra Aaron Beck. Baseia-se em teorias desenvolvi-
A generalização e a discriminação são importan- das na formulação de planos de tratamento e orien-
tes na aprendizagem. A generalização diz respeito ao tação das ações do terapeuta. Possui dois princípios
envolvimento com os comportamentos aprendidos centrais (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 15):
anteriormente, na solução de novas situações. Nem 2 as cognições têm uma influência controla-
todas as situações podem ser apresentadas em sala de dora sobre as emoções e os comportamentos
aula, por isso a importância da generalização, uma vez dos indivíduos.
que se ensina para generalizar (LEFRANÇOIS, 2008,
2 o modo como as pessoas agem ou se compor-
p. 127). Já a discriminação complementa a generaliza-
tam pode afetar profundamente seus padrões
ção e implica na distinção entre situações semelhantes
de pensamentos e suas emoções.
que precisem de respostas diferenciadas, agregando
valor ao aprendizado social, o que é certo fazer ou não. Existem três proposições fundamentais que definem
as características presentes na terapia cognitivo-compor-
tamental (DOBSON apud KNAPP, 2004, p. 19):
2.1 Teoria científica
2 a atividade cognitiva influencia o compor-
Teoria científica é o conjunto de afirmações con- tamento.
gruentes que objetiva explicar determinadas observa-
ções. A teoria tem o propósito de avaliar, resumir e orga- 2 a atividade cognitiva pode ser monitorada
nizar fatos, assim como ser compreensível e simples, e alterada.
para melhor compreensão. E para entender as mudan- 2 o comportamento desejado pode ser influen-
ças comportamentais, existe a teoria da aprendizagem. ciado mediante a mudança cognitiva.
Essa teoria, também conhecida como teoria com- Essa terapia tem como objetivo a correção das
portamental, tem como objetivo organizar as hipóte- distorções do pensamento (KNAPP, 2004, p. 20) e se
ses, as observações feitas a respeito do comportamento baseia na relação existente entre cognição, emoção e
humano (LEFRANÇOIS, 2008, p. 22). pensamento, responsável pelo funcionamento normal
As teorias da aprendizagem tiveram suas origens do ser humano.
na explicação do comportamento baseado em instin- Knapp (2004) afirma que a TCC se apoia no pres-
tos e emoções (LEFRANÇOIS, 2008, p. 22). Existem suposto teórico de que as experiências de cada indiví-
duas classificações para essas teorias: duo são determinantes na interpretação das situações
em seu contexto. O que ele pensa a respeito dos acon- estilo de relação terapêutica cola-
tecimentos gera determinadas emoções e comporta- borativa, simples e voltada para a
ação. Embora a relação entre tera-
mentos. Esses pensamentos que influenciam, muitas peuta e paciente não seja conside-
vezes, podem ser distorcidos, fato que é conhecido rada o mecanismo principal para a
como distorções cognitivas. mudança como em algumas outras
formas de psicoterapia, uma boa
De acordo com Knapp, aliança de trabalho é uma parte
Se a situação é avaliada errone- essencialmente importante do tra-
amente, essas distorções podem tamento (BECK apud WRIGHT;
amplificar o impacto das percep- BASCO; THASE, 2008, p. 33)..
ções falhas. As distorções cogni- Esses fatores específicos que Beck coloca como
tivas podem levar o indivíduo a
conclusões equivocadas mesmo
fundamentais no vínculo terapêutico são habilidades
quando sua percepção da situação necessárias para o educador no ambiente escolar. A rela-
está acurada. O objetivo da terapia ção entre aluno e professor/educador define o curso do
cognitiva é corrigir as distorções do comportamento no ambiente escolar. Para os autores,
pensamento (2004, p. 20). há a necessidade de o profissional se envolver, demons-
As técnicas utilizadas na TCC auxiliam na identi- trar compreensão e flexibilidade ao reagir às caracte-
ficação, na avaliação e na modificação de pensamentos rísticas singulares de sintomas, crenças e influências
e crenças disfuncionais, pois sabe-se que a alteração em cada pessoa. A colaboração entre ambos auxilia na
desses pensamentos tem impactos significativos na identificação dos problemas e na busca por soluções.
vida do paciente. As crenças, conceitos incondicio- Essas teorias são utilizadas pelos profissionais em
nais estabelecidos, formam-se com as experiências e se diversas situações, como no relacionamento e no com-
consolidam durante a vida. Knapp (2004, p. 21) diz portamento em sala de aula.
ainda que “as crenças disfuncionais são absolutistas, Aprendizagem social pode signifi-
generalizadas e cristalizadas; [...] sendo ativadas nos car toda a aprendizagem que ocorre
transtornos emocionais”. como resultado da interação social
(uma definição de processo) ou o
tipo de aprendizagem que está envol-
3.1 Relacionamento professoraluno vido na descoberta de quais com-
portamentos são esperados e aceitá-
sob a influência da TCC veis nas diferentes situações sociais
(LEFRANÇOIS, 2008, p. 391).
Em pesquisas realizadas a respeito da psicoterapia,
Michael Lambert constatou que “o impacto do tera- A teoria de aprendizagem social dá dois significa-
peuta pode ter caráter tanto positivo, quanto negativo, dos ao termo, uma aprendizagem ocorrida da intera-
por isso a importância dos aspectos pessoais do pro- ção social, como uma consequência, e o processo pelo
fissional, bem como da sua formação e treinamento” qual todos aprendem. Essa aprendizagem é o conheci-
(LAMBERT apud PICCOLOTO; WAINER; PIC- mento a respeito do que é aceitável socialmente.
COLOTO, 2008, p. 14). Para Guy Lefrançois, uma das mais importan-
Pode-se traçar um paralelo entre essa pesquisa tes tarefas de acompanhar o crescimento infantil é o
com o relacionamento vincular entre professor e aluno ensinamento sobre os comportamentos adequados no
na sala de aula. O vínculo positivo que o professor aspecto social (2008, p. 373). Isso é a socialização. As
estabelece com seu aluno influencia o seu desempenho instituições são consideradas as maiores influências
durante todo o ano letivo. nesse processo. E essas instituições são: família, igreja,
meios de comunicação, escola. As crianças recebem
Beck sempre considerou a necessidade de alguns delas valores e crenças que definem a cultura em que
fatores específicos no tratamento terapêutico, tais estão inseridas.
como: calor humano, empatia, genuinidade e con-
Mas como uma criança aprende o que é social-
fiança. A base da TCC é a utilização do questiona-
mente aceitável?
mento como instrumento de abordagem.
Uma das características atraentes Albert Bandura, psicólogo, dá a resposta com o
da terapia cognitivo-comporta- termo “aprendizagem” por observação, que vem da
mental (TCC) é o emprego de um imitação.
cionamento – maneira de lidar com os objetivos pro- crianças e ajudam a definir a personalidade e as ações
postos com os alunos – pode interferir no comporta- de cada uma. Quando passam por situações embara-
mento da sala em geral. çosas, constrangedoras ou até mesmo problemáticas,
É preciso levar em consideração algumas as crianças tendem a revelar suas frustrações por meio
questões: quantos são os alunos perturbadores, quão de comportamentos, assim como ocorre em momen-
frequentes são suas ações e quem são os líderes desse tos de alegria. Esses comportamentos influenciam seu
comportamento. Assim que reconhecidas, o professor aprendizado e os relacionamentos sociais.
pode fazer reuniões com sua turma, a fim de responder Com dinamismo, trabalhos criativos e motiva-
à seguinte pergunta: o que podemos fazer para mudar ção, um professor pode proporcionar uma mudança
nossa sala de aula e como? em sala de aula, incentivando a responsabilidade e o
O professor pode destacar os direitos e as respon- anseio por aprender.
sabilidades dos alunos, provando que o comporta- O profissional que cuida de uma criança com
mento pode afetar a segurança da turma e mostrando dificuldade de aprendizagem, para garantir a normali-
quais as consequências de não agir conforme as regras zação das aquisições de conhecimento, precisa conhe-
estabelecidas. Segundo Bill Rogers (2008), os alu- cer a maneira como se dá o aprendizado, os fatores
nos devem estar cientes dos resultados da reunião e influentes, as características pessoais e de desenvolvi-
o professor deve publicá-los sempre que possível, de mento. Somente assim terá as condições necessárias
maneira positiva e estimulante. O autor oferece um para determinar a melhor opção terapêutica.
roteiro de ações para lidar com o mau comportamento
A aprendizagem, como um fenômeno psicoló-
em sala de aula, com o apoio de colegas:
gico, precisa ser compreendida em diversos fatores,
2 análise do problema – por meio de um con- tanto biológicos quanto psicossociais, já que a inte-
tato planejado, estruturado. ligência interage com a emoção, agregando valor ao
2 estabelecimento de objetivos – conquistar a processo cognitivo.
atenção dos alunos ou habilidades particula-
res na linguagem da disciplina, por exemplo.
7.3 Emoção na sala de aula
2 feedback – apresentar os resultados dos obje-
As emoções são sinais entre animais da mesma
tivos conquistados.
espécie, que comunicam duas mentes entre si (HOB-
2 desengajamento – o professor recebe o apoio SON apud AGÜERA, 2008, p. 78). Essas emoções
mais distante, dando-lhe a oportunidade de podem ser positivas ou negativas, mas sempre são
se ajustar às habilidades encontradas. traduzidas pelo comportamento social. Em uma sala
Silvia Parrat-Dayan acredita que o professor não de aula, os alunos estão sempre apresentando suas
pode apenas transmitir seu conhecimento, e sim guiar emoções com variados comportamentos, ansiosos por
e acompanhar o seu aluno nas atividades, investiga- atenção, mesmo que para isso desafiem, instiguem,
ções e tentativas (2008, p. 116). questionem ou, até mesmo, ofendam. Esses alunos são
conhecidos como desafiadores.
Além do mais, o educador é o per-
sonagemchave no que se refere ao Esses estudantes fazem parte de um grupo que
desenvolvimento de interações representa 5% do geral, com comportamentos carac-
positivas; portanto, ele desenha,
em colaboração com toda a equipe
terísticos, inconvenientes e perturbadores. Existe tam-
educativa, uma estratégia que mos- bém o grupo de alunos que participa e se dedica, o qual,
tre aos alunos a necessidade de segundo que segundo as estatísticas, é a maioria, 80%.
escutar, de dialogar, de ter tolerân-
cia, de enfrentar os conflitos, de O comportamento, para Rudolf Dreikurs (apud
reconhecer os erros e de conseguir ROGERS, 2008, p. 171), dirige-se a objetivos especí-
progressivamente a independência ficos e particulares, tendo como base a busca por acei-
de critério (PARRAT-DAYAN, tação social. Há crianças que procuram se adaptar por
2008, p. 116-117).
meio de comportamentos atentivos. O autor desafia os
Sentimentos, transtornos, família e acontecimen- educadores a encontrarem o objetivo comportamental
tos são peças expressivas na construção do caráter das de seus alunos.
Mais que conhecer o histórico familiar e cultural Segundo Ajurianguerra e Hécaen (apud ROTTA;
da criança, é preciso observar sua leitura e escrita: se OHLWEILER; RIESGO, 2006, p. 212), “a dispraxia
há confusão de letras, troca de sílabas e dificuldade de é um transtorno de atividade gestual aparecido em
compreensão do texto lido. O tratamento adequado um indivíduo cujos órgãos de execução da ação estão
para esse distúrbio consiste na reestruturação da lin- intactos e que tenha pleno conhecimento do ato a
guagem educacional e envolve uma avaliação especí- cumprir”. Segundo esses autores, existem alguns tipos
fica, pois a dislexia tem causas e sintomas que variam de dispraxia, entre elas:
de pessoa para pessoa. 2 alterações dos desempenhos motores – difi-
culdades motoras;
10.2 Discalculia 2 dispraxia construtiva – mais comum em
De acordo com a Academia Ame- crianças;
ricana de Psiquiatria, a discalculia é
a dificuldade em aprender matemá-
2 discinesia espacial – falta de organização dos
tica, com falhas para adquirir pro- movimentos;
ficiência adequada neste domínio
2 dispraxias especializadas – verbal, facial, ocu-
cognitivo, a despeito de inteligên-
cia normal, oportunidade escolar, lar, etc.
estabilidade emocional e motivação A dispraxia é uma das causas para a dificuldade
necessária (ROTTA; OHLWEILER;
RIESGO, 2006, p. 202).
de aprendizagem escolar, já que, nessa fase, a criança
se isola mais por causa de seus erros e falhas, sendo
Crianças com esse tipo de problema tendem a ser discriminada por seus colegas de classe por causa de
vistas como preguiçosas e desinteressadas, mas uma suas limitações motoras.
estimativa revela que cerca de 3 a 6% das crianças, em
geral, possui discalculia do desenvolvimento. Isso contribui para uma baixa autoestima, o que
prejudica todo o processo de desenvolvimento cog-
Os sintomas mais comuns são: erros na formula- nitivo. Como tratamento, a alternativa é a educação
ção dos números, incapacidade de realizar operações psicomotora que dá uma noção de espaço e de como
simples, dificuldades de ler corretamente e realizar lidar com ele, por meio de exercícios ritmados, relaxa-
operações como multiplicação e divisão. É necessário mentos e o domínio sobre o corpo.
haver um acompanhamento dos alunos que apresen-
tam dificuldades em matemática, pois eles precisam
ser estimulados com atividades para que seu desenvol- 10.4 Disgrafia
vimento cognitivo e as relações dentro da sala de aula A disgrafia se configura como um transtorno espe-
não sejam comprometidos. cífico de aprendizagem na área da linguagem escrita,
Duas estratégias importantes no manejo desse que acaba ocasionando prejuizos também no processo
transtorno são: o trabalho dos conceitos numéricos, de oralidade da leitura.
em que a criança faz associações dos símbolos à quan- Uma perturbação de tipo funcio-
tidade por meio de atividades; e as operações aritmé- nal que afeta a qualidade da escrita
ticas trabalhadas de maneira a incentivar a criança na do sujeito, no que se refere ao seu
traçado ou à grafia.” (Torres & Fer-
percepção da soma como acréscimo, subtração pela nández, 2001, p. 127); prende-se
diminuição e assim por diante. com a “codificação escrita (…),
com problemas de execução gráfica
e de escrita das palavras (CRUZ,
10.3 Dispraxia 2009, p. 180).
Para entender o conceito de dispraxia, primei- Se configura comumente como uma letra feia,
ramente deve-se conhecer sobre praxia, que pode ser contudo, apresenta também algumas características
definida como “a capacidade que o indivíduo tem de que precisam ser observaveis, como a rigidez no tra-
realizar um ato mais ou menos complexo, anterior- çado, a lentidão, o esforço excessivo, a dificuldade para
mente aprendido, de forma voluntária, ou seja, sob ler o que escreveu, letras desproporcionais quanto ao
ordem” (ROTTA, 2006, p. 208). tamanho e formas.
Embora sejam muito utilizadas para o tratamento de plementam no incentivo ao aprendizado, “mantendo
diversos transtornos, existem algumas técnicas bas- o tratamento bemorganizado, eficiente e focado”
tante comuns para os comportamentos em sala de aula (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 59).
ou no ambiente escolar. A fim de utilizar o meio mais acertado, é preciso
Para a utilização da terapia, existem técnicas cog- haver um minucioso diagnóstico, pois a criança não
nitivas que auxiliam o terapeuta no alcance de seus consegue, por mais que compreenda as circunstâncias
objetivos. Segundo Beck (apud KNAPP): dos problemas que enfrenta, estabelecer uma narrativa
[...] A terapia cognitiva não é defi- organizada para que seu terapeuta possa elaborar um
nida pelas técnicas que são empre- diagnóstico de seu transtorno. Após esse diagnóstico,
gadas, mas pela ênfase que o tera- baseado em critérios e dados, o terapeuta usa a lingua-
peuta dá ao papel dos pensamentos gem mais acessível e compreensível à criança, desde a
na causa e manutenção dos trans-
gráfica até a teatral.
tornos (2004, p. 133).
Os problemas podem ter várias raízes: ser asso-
Entre as técnicas comportamentais, podem ser
ciados a fatores genéticos, em que cromossomopa-
destacadas:
tias podem alterar o comportamento do aluno; pro-
2 monitoramento – o aluno, com a ajuda do blemas familiares, em que abusos e traumas podem
professor, controla comportamentos especí- fazer a diferença. Qual seja a fonte do problema, ele
ficos. Por exemplo: com o uso do baralho precisa ser identificado, compreendido, diagnosti-
das emoções. cado e tratado, para que o educando não tenha pre-
2 programação de atividades – o professor juízos na fase adulta, em relacionamentos pessoais,
prescreve atividades diárias que podem trazer sociais e de trabalho.
recompensas ao aluno.
2 prescrição de tarefas graduais – como auxí- 11 CONSIDERAÇÕES
lio ao aluno para que não se sinta deprimido;
Tendo como base a relação existente entre o
sugestão de atividades benéficas que ele
mesmo se propõe a realizar. comportamento escolar e a psicologia, compreende-
-se que há a necessidade de um cuidado e acompa-
2 resolução de problemas – o professor dis- nhamento maior em sala de aula, a fim de reconhecer
ponibiliza uma variedade de respostas como e definir problemas a serem trabalhados com o auxí-
alternativas a situações problemáticas. Iden- lio de professores, profissionais da área – terapeutas,
tificar o problema, avaliar as consequências psicólogos, psicopedagogos etc. – e a interação de
de cada solução, escolher e colocar em prá- alunos e pais.
tica a solução preferencial.
Todas as ações em sala de aula refletem situações
2 controle de contingências – os professores,
vividas pelas crianças e podem ocasionar consequên-
orientados pelo terapeuta, identificam o
cias influentes no desenvolvimento individual e social.
comportamento do aluno, cumprido por
Por essa razão, a criança precisa aprender a se relacio-
interesse, e estabelecem uma recompensa.
nar sem que os problemas sejam fatores determinantes
2 avaliação e modificação de crenças – as no processo de aprendizagem.
crenças precisam ser modificadas; para isso,
A psicologia possui as ferramentas necessárias
utiliza-se o exame de vantagens e desvanta-
para identificar distúrbios que possam interromper a
gens, experimento comportamental,etc.
aprendizagem, mecanismos para lidar com as proble-
2 experimento comportamental – usado com máticas como violência e desrespeito, que se refiram
o propósito de avaliar os pensamentos e cren- ao ambiente escolar ou familiar. Assim, é possível ame-
ças do aluno, examina os resultados de seu nizar marcas características, ocasionadas por diversas
experimento e considera a modificação de causas e contextos que tendem a influenciar e, até
suas crenças. mesmo, danificar o ambiente em sala de aula por meio
A estruturação e a educação caminham unidas no de comportamentos inaceitáveis, agressivos e que pre-
processo de tratamento da TCC, pois ambas se com- judicam as relações sociais.
VÍDEOS
Os vídeos selecionados retratam de forma audiovisual os conceitos abordados nesta disciplina.
Para acessar os sites a seguir basta posicionar a seta sobre o link em azul e clicar.
1. Psicanálise e educação
Nesta sequência de vídeos, apresenta-se toda a história da psicanálise, desde os primórdios de seu fundador até
chegar nas questões contemporâneas, do ID, EGO, SUPEREGO, inconsciente, pré-consciente, consciente,
ansiedade, complexo de Édipo, dentre outros. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XxDP90so-
ZJk. Acesso em: 3 mar. 2021.
2.Inteligência emocional
A inteligência emocional é conhecida como a inteligência do coração, pois está diretamente ligada às emoções
humanas. Ela é a expressão do domínio das emoções para lidar com situações diárias. O psicólogo interpessoal
Lacordaire Faiad afirma, nesse vídeo, que a criança necessita do adulto para socializá-la em seu contexto cultu-
ral, o que interfere nas relações futuras. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=PSxY43eGHXg.
Acesso em: 2 fev. 2021.
5. Transtornos de aprendizagem
Este vídeo apresenta caracteristicas muito interessantes para nossas discussões, comentando acerca da diferen-
ciação das dificuldades de aprendizagem e dos transtornos específicos de aprendizagem enquanto um campo
do conhecimento interdisciplinar. Além disso, o vídeo apresenta as diferenças que existem entre os dois termos.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sOcrCJ1RTGg. Acesso em: 2 fev. 2021.
6. Discalculia
Neste vídeo, a Dr. Nádia Bossa conversa acerca do transtorno específico da aprendizagem que traz prejuizos
na matemática, bem como formas de avaliação pelo profissional da psicologia, psicopedagogia e pedagogia, A
Dr. Nádia mostra exemplos claros de produções de seus pacientes. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=mfHXkM1ctD0&t=69s. Acesso em: 2 fev. 2021.
7. Dislexia
Neste vídeo, apresenta-se uma entrevista em que o foco é a dislexia enquanto transtorno específico de apren-
dizagem, que interfere sobretudo nas linguagens orais e escrita e em todo o seu processamento, bem como nas
dificuldades voltadas para a consciência fonológica. O vídeo apresenta um dialógo acerca das causas, sintomas e
tratamentos deste transtorno. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Uo418gQTPnY. Acesso em:
2 fev. 2021.
8. Disgrafia
Neste vídeo, a Dr. Nádia Bossa comenta acerca do transtorno da escrita, denominado disgrafia. Este trans-
torno caracteriza-se em uma dificuldade acentuada do sujeito escrever letras e números, comumente conhecido
como “letra feia”. Ela endossa as questões relacionadas ao diagnóstico, avaliação e interrvenção. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=7tndJj-RapY. Acesso em: 2 fev. 2021.