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Terapia Cognitivo Comportamental

com Crianças

Rita Amorim
Psicóloga 8363-3210
Neuropsicóloga ra_amorim@yahoo.com.br
Rita Amorim
Psicóloga e Neuropsicóloga
9 8363-3210
ra_amorim@yahoo.com.br
MÓDULO 1

1. O modelo Cognitivo-Comportamental
1.1. Primeiras influências
1.2. Modelos cognitivos clássicos - ELLIS E BECK
1.3. Princípios da TCC
2. Níveis de processamento cognitivo
2.1. Pensamentos automáticos
2.2. Crenças, Esquemas e pressupostos
2.3. Erros Cognitivos
2.4. Afeto, comportamento, pensamento
3. TCC na Infância
3.1. Princípios e Questões Norteadoras
3.2. Semelhanças e diferenças – TCC Adulto x criança
3.3. Aliança terapêutica
3.4. Fases de intervenção
A Terapia Cognitivo-Comportamental focada na criança

É uma psicoterapia amplamente utilizada nos dias de hoje


para uma variedade de problemas de saúde mental
apresentados por crianças.

Envolve uma adaptação dos procedimentos psicoterapêuticos


utilizados com adultos, a qual leva em consideração o nível de
desenvolvimento da criança (Stallard, 2007).
1. Modelo cognitivo Comportamental
1.1 Primeiras influências na base teórica da TCC: Modelos:
SKINNER (1974):
BANDURA (1977) –
Condicionamento operante 
Reconhecimento do ambiente:
relacionamento entre os antecedentes
(condições desencadeadoras) as conse- Destacou o efeito mediador das
quências (reforço) e o comportamento cognições que intervêm no
estímulo e na resposta
As consequências que aumentam a
probabilidade de um comportamento são
reforçadoras;

Comportamento é A aprendizagem poderia


afetado por influências ocorrer pela observação de
ambientais: outra pessoa e propunha
modelo de:
Alterar os antecedentes e
as consequências podem Autocontrole com base na
resultar em mudanças auto-observação, na auto-
comportamentais. avaliação e no auto-reforço.
Aaron Beck

Papel das cognições


desadaptativas ou
distorcidas no
desenvolvimento e na
manutenção da
depressão
Albert Ellis (1955) Lazarus (1966) –

Terapia Racional Desenvolveu a Terapia

Emotiva delineou a Multimodal.

ligação entre emoções Propunha que a


e cognições. cognição

Emoção e desempenhava um

comportamento papel primário na

surgem da maneira mudança emocional e

como os eventos são comportamental.

construídos
1.2 Modelos cognitivos clássicos - ELLIS E BECK

a. TERAPIA RACIONAL EMOTIVA (ALBERT ELLIS 1956)

TREC

 Tem como pressuposto de que o modo como o pensamento

opera, determina o que sentimos.

P  S

MODELO ABC 

Propõe que qualquer determinada experiência, evento ou perturbações


emocionais (A) ativa crenças individuais (B), que, por sua vez, geram
consequências (C) emocionais, comportamentais e fisiológicas
Modelo ABC

 Dif. Principal em crianças enfoque mais preventivo

 Se orienta a redução dos pensamentos disfuncionais (auto-

sabotadores)

 Objetivo principal  gerar bem estar – melhor aceitação - alterar o


auto-conceito – melhorar relacionamento com outros

 Sistema de crenças  pensamentos demandantes (irracionais)

“eu quero, eu devo.......”  “eu gostaria......”

 Separar a pessoa da conduta – O que está errado é o jeito se


comportar
Importante à TREC  Vocabulário emocional:
 ensinar à criança que existe muito mais emoções do que ela conhece
  Mudar a forma de pensar
Benefícios: ajuda a criança a desenvolver melhores habilidades , maior
desenvolvimento acadêmico, diminuir ansiedade frente a provas.

Ex: A festa não aconteceu

“O que você poderia ter pensado para não ter se sentido tão deprimido?”
Pressupostos de Ellis:

Ellis postulou que 12 crenças irracionais básicas, que tomam a


forma de expectativas irrealistas ou absolutistas, são a base do
transtorno emocional.

O objetivo da terapia é identificar crenças irracionais e, através


de questionamento, desafio, disputa e debate lógico-empírico,
modificá-las.

No tratamento pela Trec, as crenças irracionais ou disfuncionais


serão desafiadas e o diálogo interno reforçado por métodos
comportamentais como treinamento de habilidades, resolução
de e tarefas de casa.
CRENÇAS DISFUNCIONAIS - ELLIS

1. É fundamental para um adulto ser amado por todos e em relação a tudo o que faz.
2. Há certos atos terríveis e as pessoas que os cometem, deveriam ser severamente punidas.
3. É terrível se as coisas não são como nós queremos.
4. A nossa felicidade é imposta a nós por fatores exteriores: pessoas e acontecimentos.
5. Se alguma coisa ou algo é perigoso e assustador devemos nos preocupar muito.
6. É mais fácil evitar do que enfrentar as dificuldades da vida e responsabilidades pessoais.
7. A pessoa precisa confiar em algo forte e superior a si própria.
8. A pessoa tem que ser absolutamente competente, inteligente e bem-sucedido em todos os
aspetos da vida.
9. Se um acontecimento passado nos afetou, tem de continuar a afetar-nos.
10. A pessoa tem que ter um controle absoluto sobre todas as circunstâncias e
acontecimentos.
11. A felicidade humana pode ser alcançada através da inércia e da inação (falta de ação).
12. A pessoa não tem controle sobre as suas emoções e, portanto, não pode evitar sentir-se
de determinada maneira.
A B C D E F

Consequênci Uma nova Novos


Situação Pensamentos
as Questionamen filosofia Sentimentos
ativadora / ou crenças
emocionais to das crenças efetiva após
aconteciment (racionais e
ou irracionais (saudável) / modificação
o mobilizador irracionais)
comportamen novo efeito das crenças
tais

Minha mãe
Sensações de Evitação e
não estará na
dor de barriga ansiedade
hora da saída
b. Modelo Cognitivo de Beck:
“O que perturba os homens não são as situações, mas sim a avaliação que cada um faz das situações“

Epiceto

Este conceito é o elemento central da terapia cognitiva, segundo a qual a emoção


e o comportamento são frutos da forma como o indivíduo interpreta o mundo.

É uma abordagem terapêutica estruturada, diretiva, com metas


claras e definidas, focalizada no presente e utilizada no tratamento
dos mais diferentes transtornos psicológicos.

Seu objetivo é o de produzir mudanças nos pensamentos e


nos sistemas de significados (crenças) dos clientes, evocando
uma transformação emocional e comportamental duradoura, e
não apenas no decréscimo momentâneo dos sintomas.
Na concepção cognitivista, a psicopatologia será sempre
considerada o:

resultado das crenças excessivamente disfuncionais ou de


pensamentos demasiadamente distorcidos que, em atividade,
teriam a capacidade de influenciar o humor e o
comportamento do indivíduo - enviesando sua percepção da
realidade. (Beck e Freeman, 1993)

Redução dos sintomas significa  identificar crenças e


pensamentos, e posteriormente modificá-los.
Do princípio de que a cognição, função da consciência relacionada às
deduções feitas acerca das experiências de vida, é considerada o
principal elemento envolvido na manutenção dos transtornos
psicológicos pela teoria cognitiva de psicopatologia e psicoterapia,
pode-se ressaltar que:

clientes com distúrbios psicológicos apresentam pensamentos


disfuncionais ou distorcidos.

O foco do terapeuta cognitivo-comportamental será obter


mudanças cognitivas através de uma avaliação realista da situação
e da modificação do pensamento, produzindo, consequentemente,
uma melhora no humor e no comportamento dos clientes.
A TCC considera a mediação cognitiva responsável pelo

gerenciamento do comportamento humano.

Este modelo é utilizado para:

 Ajudar os terapeutas a conceitualizarem problemas clínicos e


implementarem métodos da TCC específicos;

 Como modelo de trabalho, para direcionar a atenção do


terapeuta e paciente para as relações entre pensamentos,
emoções e comportamentos

 Orientar as intervenções de tratamento.


J. Beck (1997)  a modificação de crenças disfuncionais refletira
em mudanças emocionais e comportamentais duradouras.

Modelo Cognitivo de Aron Beck  Propõe a Tríade cognitiva:

(pensamentos desadaptativos sobre o self, o mundo e o futuro)

que resultam em distorções cognitivas que criam afeto negativo –


pressupostos ou esquemas básicos (crenças) que ativam
pensamentos automáticos 

distorções ou erros lógicos, com mais cognições negativas sendo


associadas a um humor depressivo.
1.3 - Princípios da Terapia Cognitiva:

1. Se baseia em uma formulação em contínuo desenvolvimento do


paciente e de seus problemas em termos cognitivos;
2. Requer uma aliança terapêutica segura;
3. Enfatiza colaboração e participação ativa;
4. É orientada em meta e focalizada em problemas;
5. Inicialmente enfatiza o presente;
6. É educativa, visa a ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e
enfatiza a prevenção de recaída;
7. Visa a ter um tempo limitado;
8. As sessões da TCC são estruturadas;
9. Ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus
pensamentos e crenças disfuncionais;
10. Utiliza uma variedade de técnicas para mudar pensamento, humor e
comportamento
Teoricamente as abordagens de TCC partilham da premissa básica
de que existe um processo interno e oculto de cognição, e
também de que a mudança de comportamento pode ser
mediada por eventos cognitivos.

A mudança cognitiva envolve a hipótese mediacional.


Ela pode não apenas ser o foco da intervenção, mas também servir como
indicador indireto de mudança cognitiva.

Dois principais indicadores de mudanças comportamentais são:


cognição e comportamento,
embora terapeuticamente, em algumas situações, tenha outros
indicadores como:
mudanças emocionais e fisiológicas.
MODELO COGNITIVO COMPORTAMENTAL
AVALIAÇÃO
COGNITIVA
(“não vou saber o
EVENTO que dizer....
Vou parecer um
Preparando-se para ir desajustado
a uma festa Vou travar e
querer ir embora
imediatamente”)

COMPORTA-
MENTO EMOÇÃO
Deu uma (ansiedade,
desculpa e tensão)
evitou a festa Quais
Tipos de pensamentos?
Distorções cognitivas e pressupostos?
Tipos de crenças?
Comportamentos?
Na prática a TCC é:

É uma abordagem do campo das psicoterapias;

É um tipo de terapia “breve” que se completa (+-) entre 12 a 24


sessões, conforme estudos, a depender das necessidades do
paciente;

O foco central está baseado nos processos cognitivos (percepção,


representação, atenção, raciocínio e atribuição de
significados);
É aplicada a uma gama de transtornos de humor e de ansiedade
(depressão, transtornos ansiosos como: pânico, fobias
específicas, ansiedade social, TAG transtornos de alimentação,
dependência química e terapia com familiares, conjugais e
transtornos de personalidades e psicoses)

e também com crianças e adolescentes individualmente e em


grupo.
Os princípios básicos essencialmente construtivistas é de que
indivíduos não processam o real objetivamente, mas
subjetivamente atribuem a eventos, um significado muito
próprio.

Isto explica o por que diferentes pessoas representam o mesmo


evento de diferentes formas .

O real é processado através de estruturas cognitivas, ou seja,


esquemas (que se desenvolvem ao longo da vida das pessoas
com base em momentos relevantes de vida), resultante em algo
como se fosse seu “software”, que é único e pessoal.
O resultado do
é a
processamento
esquemático que representação do

ocorre no nível real pela pessoa

memória implícita
ou inconsciente

Determina a
Essa representação
qualidade e
emerge ao pré-
intensidade das
consciente em
respostas
forma de
emocionais e
pensamentos
comportamentais
automáticos
Exemplo:
Se nos encontrarmos casualmente com um amigo que não nos
cumprimenta. Se pensarmos “ele não quer mais ser meu amigo”,
nossa emoção será tristeza e nosso comportamento será
possivelmente afastarmo-nos do amigo.

Mas, se pensarmos “oh, será que ele está aborrecido comigo?”,


nossa emoção será apreensão e nosso comportamento será
procurar o amigo e perguntar o que está havendo.
Ou ainda, se pensarmos “quem ele pensa que é para não me
cumprimentar? Ele que me aguarde!”, nossa emoção poderia
ser raiva e o comportamento, confrontaríamos o amigo.

Porém, diante da mesma situação, podemos ainda pensar “não me


cumprimentou... acho que não me viu”; e, nesse caso, nossas
emoções e comportamentos seguiriam inalterados.
Este exemplo ilustra:

Nossas interpretações, representações, ou atribuições de significado


atuam como variável mediacional entre o real e as nossas respostas
emocionais e comportamentais.

Para modificar emoções e comportamentos, intervimos sobre a forma


do indivíduo processa informações, ou seja,
interpretar, representar ou atribuir significado a eventos, em uma
tentativa de promover mudanças em seu sistema de esquemas e
crenças.

Essas intervenções objetivam uma reestruturação cognitiva do


paciente, o que o levará a processar informação no futuro de novas
formas.
FASES NA INTERVENÇÃO CLÍNICA – Papel do terapeuta:

1º.  Enfatiza-se a definição da estratégia de intervenção:


a conceituação cognitiva do paciente e de seus problemas, a definição
de metas terapêuticas e do planejamento do processo de intervenção.

2º. O terapeuta objetiva a normalização das emoções do paciente, a


fim de promover a motivação do paciente para o trabalho terapêutico e
sua vinculação ao processo.

O terapeuta concentra-se no desafio de cognições disfuncionais,


iniciando os primeiros esforços com o paciente em resolução de
problemas e encorajando-o ao desenvolvimento de habilidades próprias
para novas habilidades sociais.
3º. o terapeuta enfatiza a intervenção em nível estrutural,
promover a reestruturação cognitiva do
paciente, desafiando as crenças e esquemas
disfuncionais.

4º. Fase de terminação capacitando o paciente, através


de estratégias cognitivas e comportamentais, à
promoção e preservação continuadas de uma estrutura
cognitiva funcional (prevenção de recaídas).
A intervenção cognitiva tem sido mais ampla no sentido em que
o terapeuta visa não apenas ajudar o paciente com suas
dificuldades históricas ou presente, mas visa,

transmiti-lo habilidades cognitivas para capacitá-lo a


gerenciar sua vida sem os prejuízos emocionais e
comportamentais que o paciente vinha experenciando.
Na prática, o terapeuta busca entender como interagem, na

vida do cliente em particular, 3 fatores:

 O comportamento (o que a pessoa faz e como ela o faz)

 As cognições (o que a pessoa pensa e sente, e como ela pensa


e sente)

 As condições ambientais (como se estrutura e organiza o


ambiente no qual a pessoa vive).
À medida que o terapeuta compreende esta interação, ele elabora
um plano de intervenção para modificar ou corrigir a
distorção ou disfuncionalidade que produz o sofrimento.

A TCC é um procedimento que

exige alta flexibilidade e criatividade por parte do terapeuta,


que deve adaptar e ajustar seu plano de trabalho às
condições específicas de cada cliente, como se fosse um
alfaiate, que corta a roupa para ajustá-la às medidas do cliente.
MODELO DA TCC - TRANSTORNO

Crenças Disfuncionais
Ambiente/Evento/
Situação
(preparando-se para ir a uma Pensamentos/Avaliação
festa) cognitiva
“Não vou saber o que dizer......”
“Vou ficar perdido”, “Vou travar
e querer ir embora
Comportamentos imediatamente”
Deu uma desculpa e evitou a
festa

Emoções/
Reações corporais Sentimentos
Taquicardia, sudorese, boca Ansiedade / Tensão/medo
seca

E também as interações complexas entre processos biológicos (genética, funcionamento de


neurotransmissores, estrutura cerebral e sistema neuroendócrinos), influências ambientais e
interpessoais.
No processo psicoterápico identificam-se três níveis de
processamento cognitivo:

 O pensamento automático

 As crenças intermediárias (que seriam regras, atitudes e pré-


suposições desenvolvidas ao longo da vida do paciente); e

 As crenças centrais (auto-imagem desenvolvida a partir de


crenças compostas por idéias rígidas, absolutistas e globais que
a pessoa tem sobre si mesma).
2. Níveis de processamento cognitivo
2.1. Pensamentos automáticos
2.2. Crenças, Esquemas e pressupostos
2.3. Erros Cognitivos
2.4. Afeto, comportamento e pensamento
Cognição: se refere a um sistema de alta complexidade que envolve eventos,
processos, produtos (atribuições) e estruturas cognitivas. Estas podem ser
entendidas como memórias e a maneira como a informação é representada pela
memória. É como percebemos e interpretamos as experiências.

Atenção consciente permite:


Atenção  Monitorar e avaliar as interações com o meio ambiente;
 Ligar memórias passadas às experiências presentes;
 Controlar e planejar ações futuras.

Pensamentos Automáticos Crenças:


cognições que passam rapidamente por (idéias mais centrais da pessoa a
nossa mente estando em meio a
respeito do self)
situações, ou relembrando
Começam na infância e
acontecimentos
representam a idéia sobre si
(não estão sujeitos a análise
racional cuidadosa) mesmo, sobre outras pessoas e seu
mundo.
Situação PA Emoções

2.1
Minha mãe telefona e Fiz besteira de novo
Pensa
men pergunta por que eu Não tem jeito, nunca Tristeza
tos esqueci do aniversário vou conseguir e
da minha irmã agradá-la Raiva
Auto-
máti- Não consigo fazer
cos nada direito.
O que adianta?

PENSAMENTO AUTOMÁTICO = é uma cognição alicerçada em auto-avaliações e auto-


direcionamentos, fora do alcance consciente, que operam automaticamente, de forma
particular e produzidos pelos esquemas.
Pensamentos automáticos (PA)

 Caracterizam-se por fluxo de consciência, julgamentos,


apreciações e/ou imagens sob qualquer perspectiva
temporal (passado, presente, futuro; Padesky, 1988)

 São específicos às situações, provados por motivações e


ligados à experiências emocionais.

 Pa(s) são em geral, diretamente acessíveis e facilmente


associados a sintomas e problemas infantis:
Pensamentos automáticos (PA)

 Depressão Infantil  caracterizada pela tríade cognitiva negativa


(A.T.Beck). Jovens deprimidos explicam suas experiência por meio de
uma visão negativa de si mesmos, dos outros, de suas
experiências e do futuro.

 Crianças ansiosas  superestimam a probabilidade e a dimensão


de perigo, negligenciam fatores de resgate e ignoram suas
habilidades de coping ou estratégias cognitivas comportamentais
conscientes e intencionais (Kendall).
Temem avaliações negativas, muitas vezes atribuem sintomas
corporais a algo estando catastroficamente errado com eles,
acreditando em morrer.
 Adolescentes com pânico  interpretam de modo equivocado as
mudanças corporais normais.
2.2. CRENÇAS CENTRAIS ou Nucleares (J.Beck)

São desenvolvidas na infância através das interações do


indivíduo com outras pessoas significativas (pais, irmãos e
outros modelos socializadores) e da vivência de muitas
situações que fortaleçam essa ideia.

Podem ser relacionadas ao próprio indivíduo, às outras


pessoas ou ao mundo. Geralmente, essas crenças são globais,
excessivamente generalizáveis e absolutistas.
Representam os mecanismos desenvolvidos pelas
pessoas para lidar com as situações cotidianas, ou seja,
a maneira como os indivíduos
percebem a si mesmos, aos outros e ao mundo, e ao
futuro, sendo esta percepção chamada de tríade
cognitiva. A. Beck et al. (1997)
 São entendimentos que são tão fundamentais e profundos que
as pessoas frequentemente não os articulam, sequer para si
mesmas.

 Essas ideias são consideradas pelas pessoas como verdades


absolutas, exatamente o modo com as pessoas “são”

 Por representarem o nível mais profundo das crenças da pessoa,


com frequência não são identificadas pelos paciente;

 Caracterizam-se por serem pensamentos globais, rígidos e


supergeneralizados;

 São ideias, não necessariamente verdades (verdadeiras)


 Sendo as crenças conteúdos construídos e aprendidos, é possível
revê-las desconstruir o que não é funcional e aprender
conteúdos mais adaptados e realistas
As crenças centrais, podem ser divididas em 4 crenças básicas
disfuncionais:

 Crenças de incapacidade: crenças sobre ser incapaz,


incompetente, ineficiente, falho, enganador, fracassado.

 Crenças de inadequação: crenças sobre ser inadequado,


defeituoso, imperfeito, diferente.

 Crenças de desamor: crenças sobre ser indesejável incapaz de


ser gostado, amado ou querido, sem atrativos, rejeitado,
abandonado, sozinho.

 Crenças de desamparo/inferioridade: crenças sobre ser


desamparado, necessitado, frágil, vulnerável, carente, fraco, não ser
bom o suficiente (ou seja, não chego à altura dos outros).
CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS

Crenças que o indivíduo tem relacionadas a diversos aspectos da vida que


aparecem como pressupostos, regras e atitudes.
Elas não são tão rígidas e hipergeneralizáveis como as crenças
centrais.
Ex. de Pressuposto...
Se alguém tem uma Crença Central que diz:
"Não sou digno de ser amado“;
pode ter uma Crença Intermediária que oriente:
"Se fizer tudo que os outros querem, posso ser amado (Positiva). Se não
fizer, vou ser desprezado (Negativa)

Um exemplo de Regras:
"Deveria me sacrificar sempre" e, de atitude, "Vou me sacrificar".
Esquemas

“Os esquemas, definidos como estruturas cognitivas que organizam e


processam as informações que chegam ao indivíduo.

São propostos como representações dos padrões de pensamento


adquiridos no início do desenvolvimento do indivíduo” (Beck,
1964, 1991).  (Representação das crenças)

Quando estão latentes os esquemas não estão participando do


processamento da informação e quando ativados canalizam o
processamento cognitivo do estágio inicial ao final.
O esquema funciona como uma espécie de filtro, que seleciona
as informações, assimilando, priorizando e organizando aqueles
estímulos que sejam consistentes com a estrutura do esquema, e
evitando todo o estímulo que não seja consistente com essa
estruturação.

“Esquemas iniciais desadaptativos: se referem a temas


extremamente estáveis e duradouros que se desenvolvem durante a
infância, são elaborados ao longo da vida e são disfuncionais em um
grau significativo” Young (2003) .
 São incondicionais, autoperpetuadores, resistentes à mudança;
 São disfuncionais de maneira significativa e recorrente;
 São ativados por acontecimentos ambientais relevantes para o
esquema específico;
 Estão ligados a altos níveis de afeto;
 Parecem resultar da interação entre o temperamento (inato) e as
experiências disfuncionais nas relações familiares e sociais nos
primeiros anos de vida.
Crenças / Esquemas Disfuncionais (desadaptativos)

Sou burro;
Sou uma farsa;
Nunca me sinto confortável com os outros;
Tenho de ser perfeito para ser aceito
Não importa o que eu faça, não vou ter sucesso;
O mundo é assustador demais para mim
Se eu decidir fazer alguma coisa, tenho de ter sucesso;
Sem uma mulher, não sou ninguém;
2.3 - ERROS COGNITIVOS:
É o processamento defeituoso da informação.

São padrões de respostas que perpetuam os pensamentos automáticos e


as crenças que os geraram. Todos cometemos alguns erros cognitivos em menor
ou maior grau.

1 – Generalizações: Frases do tipo “ Ninguém vai gostar de mim se...” ..”Todos na


festa me criticaram...” .” Aquilo sempre me acontece”...
Expressões do tipo, nunca, sempre, todos, ninguém, generalizam um
acontecimento.
De uma pequena parte, o indivíduo parte para o todo para justificar sua
crença.

2 – Pensamento dicotômico: Sem meio termo. “Nunca vou conseguir”.


Ou 8 ou 80.
Entre o preto e o branco há várias tonalidades, mas esta distorção só permite o “ ou
isto ou aquilo”.
3 – Leitura de pensamento: quando o indivíduo interpreta o que os outros
estão pensando baseado em poucas evidências reais.
Por exemplo: “Fulano não prestou atenção no que eu dizia porque minha conversa
estava aborrecida”... quando na verdade a pessoa em questão pode estar muito
preocupada com outra coisa.

4 – Ditadura dos deveria: “Eu tenho que...se não..” Os outros deveriam...”.


Criação de regras rígidas para si ou para os outros.

5 – Maximização do negativo: aumenta o que de ruim pode acontecer, sem ver


o todo. Foca no que se quer evitar. Catastrofização.

6 – Minimização do positivo: Reduz a importância das próprias


realizações. Geralmente o item 5 e 6 estão juntos.

7 – Abstração seletiva: Focaliza um detalhe e desconsidera os outros.


Exemplo: “Todos dormiram na minha apresentação”...quando de 50, somente 2
ouvintes dormiram
8 – Ruminação: Repete ideias perturbadoras mentalmente. Rumina diálogos,
eventos negativos sentindo-se impotente e sem quebrar o padrão
negativo.

9 – Personalização: O indivíduo se vê como o único responsável pelo que


acontece, sem levar em conta inúmeras variáveis. Uma certa
onipotência. “Ela terminou comigo porque não sou bom o suficiente”,
desconsidera os motivos alheios.
PENSAMENTO ADIANTADO: Tirar PRISIONEIRO DO SENTIMENTO:
conclusões a partir de pouca OGRO Usar seus sentimentos como a
informação. Não esperar para obter CAOLHO: Ver principal referência para suas ações
todos os resultados ou as informações coisas apenas e para seus pensamentos
de que você precisa. sob um ângulo
e ignorar todos
os outros
aspectos.
PROFETA DESASTROSO: Acreditar
PENSAMENTO ESPELHO DE falsamente coisas horríveis vão
CIRCO: Quando você olha para si acontecer com você com muito pouco
mesmo, para outras pessoas ou para para sustentar suas ideias
o que lhe acontece, diminui o (+) ou
aumenta o (-)

PENSAMENTO TUDO-EU: Acreditar


falsamente que todas as coisas ruins
que acontecem com você ou com outras
PRETO OU BRANCO: Ver as coisas pessoas são todas sua culpa
apenas de duas maneiras, como se você
fosse perfeito ou um perdedor

RÓTULO BESTA: Usar um rótulo


para si (“Eu sou ruim”) ou para os
outros (“Ela é uma bruxa. É tudo
PENSAMENTO PEIXE GRANDE: culpa dela.”)
Acreditar em algo apesar de não haver
muito em que embasar tal ideia.

REGRA DE MULA: Insistir


teimosamente que suas ideias
sobre como você, as outras
PENSAMENTO MÁGICO TRÁGICO: PENSAMENTO pessoas e o mundo deveriam agir
Acreditar equivocadamente que vc sabe EXCLUDENTE: são as únicas coisas que estão
com exatidão o que está acontecendo Convencer-se de que certas.
na cabeça de outra pessoa, sem qualidades, sucessos e
verificar ou perguntar a ela. boas experiências não
contam
Terapia comportamental cognitiva ou
Terapia cognitivo comportamental ?
3.4 Faixa de Intervenção conforme Idades
Idade Motivos Capacidade Neuropsicológica Intervenção Clínica

0a Baixa Agressividade; hipersexualização (fatores Restrita, baixa capacidade de Base comportamental, treinamento de
3a geralmente ligados a situações de negligência integração entre as funções pais
e abusos infantis); distúrbios do sono e executivas.
distúrbios alimentares Incapacidade metacognitiva

3a Média Item anterior + TDAH + comorbidades de Um pouco menos restrita do que 3 a 6 a – mais centradas nos pais e
8a agressividade, e desafiador opositivo; a faixa entre 3 a 6 a. maior uso de técnicas
problemas de adaptação à escola e De 6 a 8 a grande avanço das comportamentais.
problemas de aprendizagem e interação funções executivas De 6 a 8 a, técnicas cognitivas
social comportamentais

8a Alta A soma de todas as queixas anteriores com Maior nível de sofisticação Interv. cognitivo-comportamentais
12 a frequência de transtornos de eixo I (DSM IV) neuropsicológica, expressa por adaptadas c/ jogos, desenhos,
principalmente envolvendo humor e maior capacidade de fantoches; forte aliança terapêutica
ansiedade representação simbólica e com pais e, se possível, com a escola
funções metacognitivas

A Alta Mesma recorrência das situações anteriores, Grande nível maturacional Técnicas cognitivas com menor
partir mas com características mais próximas das do neuropsicológico apesar de inserção de situações mediadas pelos
dos adulto (adolescente) do que da criança “instabilidades” típicas de faixa pais.
12 a de transição.
ra_amorim@yahoo.com.br

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