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Valle, L. E. L. R.

Distúrbios e tratamentos das alterações do sono:


interferências na aprendizagem. In: Roberte Metring e Simaia
Sampaio (org.) Neuropsicologia e Aprendizagem. Rio de Janeiro:
WAK Editora, 2016, p.151-160. (ISBN 978-85-7854-371-6)

Capítulo 11 - Distúrbios e tratamentos das alterações do sono:


interferências na aprendizagem.

Luiza Elena L. Ribeiro do Valle

RESUMO

O sono é fundamental para a aprendizagem. Durante o sono ocorre a


consolidação da memória e se equilibram as funções do organismo em
desenvolvimento e, assim, o sono inadequado se reflete na aprendizagem e na
saúde, afetando os processos cognitivos, as habilidades motoras e o
relacionamento social. Este trabalho, através de revisão bibliográfica, tem como
objetivo apresentar os distúrbios do sono, destacando princípios preventivos
em Higiene do Sono e os impactos desses transtornos na aprendizagem. Os
distúrbios do sono devem ser prevenidos e orientados ou tratados
precocemente, reconhecendo o papel essencial do sono na qualidade de vida.

1 INTRODUÇÃO

O sono interfere nos processos de aprendizagem. As alterações no


padrão do sono influenciam as habilidades cognitivas que se destacam no
processo de leitura, como a atenção, a memória de trabalho verbal, a eficiência
na associação dos conceitos, a compreensão de leitura, além dos aspectos
ligados ao humor, ao comportamento.

Tempo é um fator difícil de conciliar com o sono na vida diária. As


atividades anteriores ao período do sono devem favorecer o relaxamento
necessário ao sono, mas os hábitos de crianças e adolescentes apresentam
mudanças nos dias atuais. A rotina de trabalho das famílias se tornou mais
apertada devido a um mercado mais competitivo, globalizado, em que a mulher
também somou outras responsabilidades ao tempo que poderia dedicar às
atividades de casa. O desenvolvimento tecnológico promoveu atividades
sedentárias de televisão ou “games” que ocupam parte do dia dos jovens, além
do horário da noite, quando essa estimulação não combina com a vontade de ir
para a cama e a luz artificial afeta diretamente a produção de melatonina,
provocando o acesso tardio do sono. Aos pais sobram as incertezas sobre
atitudes educacionais e a respeito de fixar horários para o sono. Muitas vezes,
o desempenho escolar no dia seguinte não parece ameaçado frente às
necessidades de aproveitar o tempo que parece ser desperdiçado no momento
de dormir.

Outro problema encontra-se nas agendas sobrecarregadas de


compromissos que impedem a criança de ter um tempo satisfatório para os
períodos de brincar e/ou dormir, mas que não pode ser menosprezado, sob
risco de causar tensão e prejuízo na aprendizagem. Os mistérios do sono e
seus alcances são temas ligados à vida diária e as conquistas nessa área se
fizeram ao longo do tempo.

1.1 Breve Histórico da Neuropsicologia e da Medicina do Sono

A Neuropsicologia, definida como o estudo baseado no funcionamento


do cérebro, visa a prevenção, tratamento e reabilitação do comportamento e
surgiu da convergência entre várias ciências, dentre elas, a filosofia, a
medicina, a fisiologia, a biologia e a psicologia; a Neuropsicologia se mescla
com a Medicina do sono. Um breve resgate histórico destas ciências pode ser
interessante para a compreensão do surgimento das pesquisas do sono e da
Neuropsicologia.

A curiosidade a respeito da natureza do sono é tão antiga quanto nossos


registros históricos da civilização humana. Vários povos da Antiguidade
acreditavam que o sonho era mensagem divina ou sobrenatural, possibilitando
prever o futuro e indicar a cura para doenças. As primeiras referências escritas
sobre sono vêm da Grécia antiga, através dos filósofos Sócrates e Platão.
Aristóteles (que era pupilo de Platão) fez a primeira abordagem mais
sistemática, no seu livro “Sobre o Sono” (De Somno). Hipócrates, o pai da
medicina (460-355 a.C.), escreveu um tratado sobre o diagnóstico através da
atividade onírica.

Franz Joseph Gall (1758-1828), considerado um importante precursor da


Neuropsicologia, correlacionou as faculdades mentais com o desenvolvimento
de áreas específicas cerebrais (MORAES, COELHO, INOCENTE e REIMÃO,
2007).

A partir do século XIX e início do XX, com a publicação da "Interpretação


dos Sonhos" (1899), do neurologista austríaco Freud (1856 - 1939), inicia-se a
Psicanálise e o pensamento sobre sonhos e sua natureza, postulando que
decifrar os significados das imagens dos sonhos seria a chave para se
conhecer o estado mental do indivíduo, as origens de doenças e sofrimentos
psicológicos. Como desdobramento dos estudos, Jung (1875 -1961), psiquiatra
suíço, concluiu que os sonhos trazem à tona a natureza ancestral profunda do
homem, na forma de símbolos universais (os arquétipos), como mensagens
que podem ser decifradas e integradas à consciência. (DATTA, 2006).

O desenvolvimento crescente da Psicologia propiciou o surgimento de


diversas correntes de pensamento: funcionalista (William James),
associacionista (Ebbinghaus, Thorndike), comportamentalista (J. Watson, B.
Skinner) e a corrente cognitivista (Karl S. Lashley, entre outros), presentes na
Neuropsicologia da atualidade. A escola russa, também propulsora da
Neuropsicologia, trouxe seus expoentes: Pavlov (1849-1936), Vygotsky (1896-
1934) e, especialmente, um de seus discípulos, Luria (1902-1977).

Luria apontou a existência de três unidades funcionais no cérebro: uma


unidade para regular o tono ou a vigília, uma unidade para obter, processar e
armazenar as informações que chegam do mundo exterior e uma unidade para
programar, regular e verificar a atividade mental. Ele verificou que os
processos mentais e a atividade consciente sempre ocorrem com a
participação das três unidades, cada uma desempenhando seu papel sobre a
regulação dos estados de consciência: atenção, vigília e sono (LURIA, 1981).
A descoberta de eletroencefalograma humano (EEG) foi um evento
importante que marcou o início da pesquisa do sono. Ficam demonstradas as
mudanças no padrão das ondas de atividade cerebral de cobaias, conforme
relaxavam, fechavam os olhos ou cochilavam. Muitos outros estudos surgiram.

No Brasil, em 1977, o neurologista Rubens Reimão, com o apoio de,


Antonio Lefèvre, organizou o primeiro grupo de pesquisa voltado
exclusivamente para a Medicina do Sono e prossegue até hoje seu trabalho de
pesquisa e orientação sobre distúrbios do sono. Pesquisadores do sono se
reuniram e formaram a Associação Brasileira do Sono (ABSono), para
contribuir com avanços sobre esses conhecimentos.

2. Arquitetura do Sono

Os sonhos são o resultado da ativação da atividade cerebral durante o


sono. Quando Michael Jouvet e Francois Michel, em Lyon, na França,
começaram a investigar as atividades subcorticais durante o sono em gatos
(JOUVET e MICHEL, 1959), eles verificaram resultados curiosos, que foram
considerados fenômenos paradoxais porque, naquela época, a atividade
cortical rápida ainda era considerada como o sinal eletrofisiológico da vigília e
atonia muscular era um sinal invariável do sono. A descoberta do sono REM e
sua correlação com ativações corticais e subcorticais baseados em EEG, em
conjunto com o vívido sonho alucinatório, foram a evidência científica que
suporta a noção de que durante esta parte do sono, o cérebro é altamente
ativo. Este ritmo é orientado por um ou mais relógios biológicos internos,
estímulos ambientais e uma ampla gama de processos que promovem ou
inibem o despertar. O suposto alheamento promovido pelo sono revigora e
favorece o retorno à vigília.

O sono não é um estado homogêneo: são dois estados distintos.


Ocorrem movimentos rápidos dos olhos (Rapid Eye Movement – REM) durante
uma parte do sono, que por isso é chamada de sono REM. Ela ocupa apenas
20% do tempo total de sono (TTS) de um adulto e o restante é chamado de
sono NREM, ou seja, Não REM. O estagiamento do sono é realizado pelo
registro de três tipos de variáveis fisiológicas: pelas atividades cerebrais
através do eletroencefalograma (EEG), pelo movimento ocular no
eletroculograma (EOG) e pela atividade muscular no eletromiograma (EMG).
São essas variáveis que possibilitam estagiar o sono REM e NREM. O sono
NREM é composto por 4 etapas, em grau crescente de profundidade como se
pode ver no quadro a seguir:

Figura 1 – Estágios do Sono

É durante o sono que as proteínas são sintetizadas com o objetivo de


manter ou expandir as redes neuronais ligadas à memória e ao aprendizado. É
do cérebro o comando na produção e liberação de hormônios, que interferem
no bem estar físico e no bem-estar psicológico. A importância do sono se faz
desde o início da vida, quando ocorre uma complexa construção psíquica e
física, num constante processo de modelagem e adaptação.

O tempo normal de sono de uma criança varia. Aos 12 meses, deve


ocorrer a consolidação do sono noturno. Aos três anos, a criança dorme mais
ou menos dez horas por noite, com pequenas sestas no dia. O tempo total de
sono de um adulto é de mais ou menos oito horas.

Durante o sono há o encontro e a consolidação das experiências vividas,


que favorecem a reformulação da significação de símbolos assimilados na
memória, dando-lhes sentido e entendimento (VALLE et al. 2008). O sono
insuficiente ou de má qualidade pode impactar negativamente a aprendizagem.
Quando a criança dorme menos que o satisfatório, não consegue manter o
equilíbrio entre sono e vigília, é preciso investigar a presença de distúrbios do
sono.

3. Transtornos do Sono

Transtornos ou Distúrbios do Sono (DS) são alterações que prejudicam


o processo de dormir e interferem na aprendizagem, no desenvolvimento
infantil e em sua adaptação social. Em pesquisa em escolas de Poços de
Caldas, investigou-se o sono de 258 crianças em idade de seis a nove anos,
através do Questionário de Sono Reimão Lefèvre (QRL), respondido pelos pais
das crianças (VALLE et al. 2009). Os principais sintomas de DS relatados pelos
pais ao descrever o sono das crianças foram: agitação durante o sono noturno
(53%), insônia (48,4%), pesadelos (47,6%), sonilóquio (39,9%), bruxismo
(36,4%), sonambulismo (22%) e ronco (24,8%). Enurese noturna foi relatada
por 6,5%; sintomas de ansiedade, como roer unhas em 21,3%. Grande número
de alunos (57,3%) não acordava espontaneamente e 37,9% dormiria até mais
tarde todos os dias, se pudesse. Os pais não sabiam como lidar com o sono
insatisfatório que descreviam. As escolas também não investigam sobre o
sono das crianças ou mesmo, dos professores, de forma que os transtornos do
sono não são verificados e, muitas vezes, são atribuídos a outros distúrbios
consequentes, confundindo os sintomas, que seguem sem atendimento
adequado. Em avaliação do sono de professores, verificou-se o problema
também ocorre com eles, com severas consequências que não parecem ter
solução, sem que recebam o diagnóstico ou o atendimento necessário. Em
pesquisa com uma população de conveniência de 165 professores de Poços
de Caldas, 59% apresentavam estresse e 46,7% eram maus dormidores,
evidenciando associação entre os sintomas de estresse e o sono. (VALLE et al.
2011)

De acordo com a nova classificação do Manual de Diagnóstico e


Estatística dos Transtornos Mentais 5.ª edição, DSM-V (2014), são
Transtornos do Sono e do Despertar:
a) Transtorno de Insônia - A insônia consiste na dificuldade de iniciar ou
manter o sono, despertares prematuros ou frequentes, sensação de sono
não restaurador, sendo tais distúrbios frequentes, mesmo na população
infantil. A insônia pode resultar de doenças orgânicas ou associadas a
problemas comportamentais e emocionais, como estresse agudo,
mudanças no ambiente, falhas nos cuidados adequados.

b) Transtornos de Hipersonolência - Hipersonolência se refere a sintomas


de quantidade excessiva do sono, seja com prolongamento do sono
noturno, seja por dificuldade de despertar ou de se manter acordado. A
Hipersonolência ocorre em cerca de 5% a 10% dos indivíduos com
distúrbios do sono, com frequência igual em homens e mulheres. A
Narcolepsia se distingue por episódios incontroláveis de sono durante o
dia, com cataplexia (perda do tônus muscular), paralisia do sono
(incapacidade de mover-se) e alucinações hipnagógicas (sonhos com
impressão de real). A causa da Narcolepsia é o déficit de orexina
(hipocretina) em células do hipotálamo lateral e resulta em indisposição
para as atividades.

c) Síndrome de Sono Obstruído – Apneia, Hipopneia - é caracterizada por


episódios repetidos de obstrução superior (faringe). Apnéia refere-se à
ausência total de fluxo de ar e hipopnéia se refere a uma redução no fluxo
de ar. Cada apneia ou hipopneia representa uma redução em respirar. Os
sintomas da apnéia obstrutiva do sono são o ronco e a hipopnéia resulta em
sonolência durante o dia associada ao prejuízo da atenção e concentração
(DSM V, 2014). Resultam em sintomas depressivos e ansiosos,
irritabilidade, falta de energia, fadiga, dores. Estudos mostram que a SAOS
promove o ganho de peso, a obesidade, o diabetes tipo II.

d) Transtorno do Ritmo Circadiano do Sono e do Despertar - Esse


transtorno do sono é baseado principalmente em uma história de um atraso,
geralmente mais de 2 horas, em relação ao desejado tempo de sono e
despertar, resultando em sintomas de insônia e sonolência excessiva e
dificuldade em despertar e confusão pela manhã. Pode resultar do esforço
em adiar o sono para realizar tarefas, mantendo-se em estado de alerta
forçado por tempo prolongado. A prevalência desse transtorno na
população geral é de 0,17%, mas parece ser maior em adolescentes, com
história familiar com o distúrbio.

e) Parassonias - consiste de um grupo de distúrbios do sono caracterizado


pela ocorrência de eventos motores ou comportamentais indesejados,
durante o sono. A prevalência da Parassônia na população é subestimada
pelo fato de inúmeros casos não procurarem atendimento médico
especializado. Conforme a classificação Internacional de doenças do sono,
as Parassonias compreendem: sonambulismo, terror noturno, despertar
confusional, distúrbios de movimentos repetitivos, sonilóquios e câimbras
noturnas nas pernas ou pernas inquietas, pesadelos, paralisia do sono,
bruxismo (ranger de dentes), enurese (descontrole vesical noturno). Ainda
nos principais diagnósticos diferenciais nas Parassônias, estão os DS
associados a doenças neurológicas, como nas crises epilépticas, que
podem se manifestar com convulsões noturnas (a criança se debate).

4. Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico etiológico é realizado através da análise conjunta da


história clínica, exame físico e da polissonografia, que é o exame realizado
durante o sono.

Os familiares podem demorar a suspeitar do problema atribuindo as


manifestações das crises a outras causas. Diante de dúvidas, o profissional
especializado deve ser procurado e o médico deve ser consultado para avaliar
a necessidade de tratamento farmacológico. As medidas de higiene do sono
são importantes, já que podem evitar o uso de medicações, antecedendo-as.

A correta Higiene do Sono, orientada em consideração com a situação


experimentada pela família pode prevenir o surgimento ou agravamento de
Distúrbios do Sono.

4.1 Higiene do Sono – Recomendações para um bom sono:

Algumas práticas têm como objetivo favorecer o início do sono e


prevenir o excesso de despertares durante a noite, o que pode levar a um sono
fragmentado e pouco reparador. Com relação ao quarto em que a criança
dorme, alguns detalhes devem ser considerados para facilitar o processo do
sono, que não separa a criança do ambiente que a cerca:

a) Luminosidade: claridade excessiva deve ser evitada, pois qualquer


estimulação luminosa favorece a liberação de hormônios que induzem o alerta
e diminuem o sono.

b) Temperatura: deve-se buscar uma temperatura agradável. O calor ou o frio


intenso são desconfortáveis, e, nesse último, principalmente com relação às
extremidades (pés e mãos) que apresentam pouca circulação sanguínea.

c) Barulho: deve ser evitado porque interfere no sono.

A higiene do sono compreende ações simples e de fácil aplicação,


relativas ao ambiente em que se dorme.

 Horário: criar o hábito de dormir no mesmo horário; o organismo se


acostuma com um ritmo que permita descansar bem.

 Alimentação: deve ser leve, duas horas antes de dormir. Café, refrigerantes
e estimulantes ou bebidas, em geral, devem ser evitados antes de dormir.

 Atividade física: faz o corpo ficar alerta; é ótima ao longo do dia, mas deve
ser evitada antes do horário de dormir.

 TV e computador podem servir de estímulo para ficar acordada, mas a


leitura pode até favorecer o início do sono, se for tranquila e agradável;

5. Conclusão: Sono e Aprendizagem

Os acontecimentos diurnos afetam o sono. As dificuldades de


aprendizagem, por isso, estão frequentemente associadas a distúrbios do
sono, embora não sejam valorizadas essas ligações porque faltam informações
até mesmo para grande parte dos profissionais que presta atendimentos.

Através de revisão de artigos publicados entre os anos 2008 e 2015,


indexados nas bases de dados MEDLINE (PubMed) e Lilacs procurou-se
investigar as questões de sono e aprendizagem para verificar a frequência
dessas queixas, com os descritores “criança”, “distúrbios do sono” e seus
correspondentes na língua inglesa: children, sleep disorders. Foram
encontrados 57 artigos sobre os distúrbios do sono focando o impacto em
qualidade de vida. Alguns estudos se dirigem ao Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH), um quadro observado com frequência de 5%
das crianças das culturas de todo o mundo e que se relaciona a transtornos de
sono (DSM V, 2014). A avaliação da função cognitiva da aprendizagem em
crianças com distúrbios obstrutivos do sono aparece em destaque,
demonstrando uma preocupação com a presença desse quadro. Em revisão da
literatura sobre dificuldades de aprendizagem (ARAÚJO et al. 2013),
verificaram que 15% a 20% das crianças apresentam dificuldade de
aprendizado no primeiro ano de escolaridade, chegando até 30% a 50% nos
primeiros seis anos, com prevalência do sexo masculino. Na avaliação
multiprofissional foi considerada a tríade formada pela criança, sua família e a
escola, além de patologias orgânicas e psicológicas. Os transtornos
encontrados com mais frequência foram de dislexia (transtorno da leitura e
escrita), discalculia e a disgrafia. Recomendaram que o tratamento inclua
técnicas diferenciadas de ensino, acompanhamento psicológico e
fonoaudiológico e, em algumas situações, tratamentos específicos de
comorbidades que pioram o desempenho da criança, como os distúrbios do
sono. Ainda, um trabalho de revisão da literatura sobre sono, desenvolvimento
e aprendizagem na pré-escola, aponta a importância de conscientização sobre
os fatores de risco na primeira infância e as consequências para as idades
posteriores (OJEDA, 2012).

Um trabalho sobre sono, memória e aprendizagem, na Finlândia,


(SALLINEN, 2014), explica que os distúrbios do sono, como insônia, apnéia
obstrutiva do sono e sono insuficiente em crianças e adolescentes são
acompanhados por deficiências de memória e aprendizagem, bem como no
desempenho escolar. A pesquisa explica que existem tratamentos para esses
distúrbios cognitivos, tais como a terapia comportamental e psicologia positiva,
que podem apoiar a memória e a aprendizagem.
Pode-se concluir que os distúrbios do sono devem ser diagnosticados,
tratados ou, preferivelmente, orientados precocemente, para não se reverterem
em prejuízo no aprendizado e no desenvolvimento infantil e na sua participação
na sociedade.

REFERÊNCIAS

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JOUVET, M., MICHEL, F. Correlations electromyographiques dusommeil chez


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do Sono: Um resgate Histórico. In: REIMÃO, R. (ORG.) Sono. Medicina do
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SALLINEN M. Sleep, memory, and learning. Duodecim; 129 (21):2253-9,


Finlândia: 2013. Portal.revistas.bvs.br. Acesso em 16/08/2008.

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professores: saúde mental no trabalho. 2011. Tese (Doutorado em
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<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-22072011104245/>.
Acesso em: 2015-07-25.

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