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RESUMO
Para muitos pais e professores, falar sobre sexualidade com crianças e adolescentes
não é tarefa fácil. Uma das maiores dificuldades de pais e professores é responder a
perguntas do tipo “Como eu nasci? ”, “De onde veem os bebês? ” “O que é camisinha?”
“O que é transar?”. Para responder a perguntas como estas, alguns buscam
informações em livros, nas mídias impressas ou eletrônicas ou até mesmo com
profissionais como psicólogos, sexólogos ou hebiatras, outros ainda se orientam pela
própria experiência de vida. E quando os pequenos chegam na adolescência, as
dificuldades em lidar com o tema sexualidade continua. Aquela conversa sobre a
primeira transa, uso de preservativos e/ou anticonceptivos é outra barreira a ser
enfrentada por muitos adultos. Muitos pais acreditam ser assunto que deve ser tratado
na escola e muitos professores esperam que a família é quem deve dialogar sobre tais
questões. É fato que a adolescência é um período em que o tema da sexualidade
emerge tanto na família quanto na escola, e as práticas sexuais entre os jovens mais
dia, menos dia acontecerão. Discutiremos com naturalidade e sem rodeios sobre estas
e outras questões sobre o desenvolvimento da sexualidade da criança e do adolescente.
Esperamos contribuir com os diálogos entre adultos e crianças/adolescentes e assim
promover um desenvolvimento sexual e afetivo mais saudável nas famílias e nas
escolas.
Introdução
Sexualidade, tema que para algumas pessoas traz questões simples, para
outros é um assunto complexo e difícil de abordar. Falar sobre sexualidade com
adolescentes e jovens ainda é tabu para muitos adultos. E quando falam, o discurso
geralmente se remete à doenças e gravidez precoce. É certo que tal preocupação é
verídica tanto para as famílias quanto para professores, mas do ponto de vista do
adolescente, há grande distância entre doenças ou gravidez e sua sexualidade.
A compreensão de como jovens percebem e conduzem a sua vida sexual é um
fator importante para o desenvolvimento de trabalhos preventivos, pois esta falta de
conhecimento tem levado a estratégias de prevenção que ou trazem uma linguagem
metafórica, o que dificulta a compreensão delas, ou, outras vezes, vulgariza e instiga
preconceitos de inúmeras ordens (LIMA e CARDOSO, 1999).
A melhor maneira de tratar sobre o tema é conhecer como se dá o
desenvolvimento psicossexual do ser humano e estabelecer um discurso tanto com
crianças, quanto com adolescentes sobre o desenvolvimento sexual, visando a saúde,
os afetos e o prazer.
A teoria que muito contribui para o entendimento da sexualidade humana é a
Psicanálise. O médico austríaco, Sigmund Freud (1856-1939), percebeu em seus
pacientes que as energias psíquicas responsáveis pelo desenvolvimento da
personalidade são de origem sexual, isto significa que sexualidade é sinônimo de
afetividade. Ao apresentar a teoria do desenvolvimento sexual, no início do século XX,
Freud sofreu críticas e resistências por parte de seus colegas da área médica.
O professor não constrói a personalidade do aluno, mas ele pode agir de modo
a não agravar certas tendências do caráter do aluno. Quando o professor entra em cena
traços fundamentais do ego do aluno já estão sedimentados. Entretanto, o professor
ocupa o lugar de modelo e possibilitador de diálogo. Portanto, boa parte do equilíbrio da
personalidade do aluno depende da integridade psicológica do professor.
Aprender é aprender com alguém. O ato de aprender sempre pressupõe uma
relação com outra pessoa, a que ensina. O professor pode ser ouvido quando está
investido por seu aluno de uma importância especial o que dá um poder de influência
sobre o aluno, há transferência e identificação nesse processo.
Transferência e Identificação são importantes conceitos psicanalíticos que
podem ser aliados do professor em sua prática. Também destaco além destes dois a
Sublimação.
A transferência é fundamental para o professor compreender por que alguns
alunos o incomodam tanto ou lhes despertam tanto interesse. O conceito de
transferência colabora para tal compreensão, pois na relação professor e aluno,
inevitavelmente há o estabelecimento de vínculos afetivos. Estes vínculos podem ser
positivos ou negativos e se originaram na infância tanto do aluno quanto do professor.
Não é função do professor ser terapeuta, mas cabe a ele compreender que os vínculos
de amor e ódio fazem parte do processo de ensino e de aprendizagem, pois este
processo não se resume apenas a aspectos técnicos e metodológicos.
A transferência se produz quando o desejo de saber se aferra a um elemento
particular, que é a pessoa do professor. O educador herda o lugar dos pais e os
sentimentos que a criança dirigia a eles na ocasião da resolução do Édipo. Ocupar o
lugar designado ao professor pela transferência é uma tarefa incômoda, já que seu
sentido enquanto pessoa é esvaziado para dar lugar a um outro que ele desconhece.
Quando alguém “deposita” algo em alguém está em jogo o investimento sobre o outro,
o que torna possível a identificação.
O mecanismo de identificação é desenvolvido para superar o Complexo de Édipo
com as figuras parentais, mas na relação com o professor, este passa a ocupar o lugar
de ego ideal. Isto significa que o aluno pode enxergar no professor um “eu” que é
possível de ser alcançado, o professor é um “eu” que “eu posso ser”.
E a sublimação é o mecanismo responsável por canalizar as energias libidinais
reprimidas para atividades socialmente aceitas, como o aprendizado.
Conclusões
O adolescente vivencia afetos e relações que não lhe remetem prejuízos à sua
saúde ou à sua condição de adolescente. O desejo de experimentar os beijos, as
carícias e o prazer sexual é tão fascinante que uma palestra sobre gonorreia e sífilis,
por exemplo, não faz sentido para o adolescente. O sentimento de onipotência
característico da adolescência lhe faz acreditar que jamais será afetado por algum mal.
O professor, independente da área que atua, tem oportunidades de contribuir
para a orientação e desmistificação referente ao tema sexualidade.
Referências