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PSICOLOGIA – GRADUAÇÃO
Contagem
2022
Bárbara Fernandes Pontel
Bruna de Paula Santos Maia
Contagem – MG
2022
A CLÍNICA COGNITIVA E COMPORTAMENTAL COM CRIANÇAS
COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA.
RESUMO
INTRODUÇÃO
O diagnóstico da pessoa com TEA é essencial para ter mais qualidade de vida,
ajudando a buscar e oferecer soluções para situações problemas do dia a dia. É
importante ressaltar que não existe exames laboratoriais, características físicas que
permitem suspeitar o diagnóstico do autismo, pois o mesmo é feito pela comparação
do desenvolvimento humano com os comportamentos específicos do TEA
estabelecidos no DSM (APA, 2003).
Nesse contexto, faz-se necessário um suporte profissional de um fonoaudiólogo,
médico, terapeuta ocupacional, um acompanhamento especial na escola e a atuação
de um psicólogo, que serão pessoas qualificadas, para contribuir e auxiliar no
desenvolvimento neurocoginitivo e comportamental dessas crianças com autismo. Em
relação ao acompanhamento psicológico, a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC)
tem apresentado bons resultados junto aos pacientes com o diagnóstico de TEA. A
abordagem da TCC, desenvolvida por Aaron Beck, no início da década de 1960, é
considerada uma psicoterapia estruturada, voltada para o presente, de curta duração,
direcionada para a solução de problemas atuais e modificação de pensamento e
comportamento disfuncionais (inadequados e/ou inúteis) (Beck 1964). Outra técnica
muito utilizada para trabalhar o TEA, é a Análise do Comportamento Aplicada ou ABA,
sigla em inglês para Applied Behavior Analysis, que pode ser definida como um
sistema teórico para a explicação e modificação do comportamento humano baseado
em evidência empírica (HEFLIN; ALAIMO, 2007).
MÉTODO
Trata-se de uma revisão bibliográfica, que teve como objetivo caracterizar o TEA e
identificar na literatura como as técnicas Cognitivas e Comportamentais podem
contribuir para o tratamento de crianças diagnosticadas com TEA. A revisão
bibliográfica tem o intuito de substanciar os resultados obtidos através da pesquisa,
com objetivo de trazer informações e esclarecer o tema apontado. Esse método
permite emparelhar os resultados alcançados aliados a prática da abordagem TCC a
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DISCUSSÃO
HISTÓRIA DO AUTISMO
Os estudos sobre o TEA, se iniciam em 1943 com Leo Kanner nos E.U.A, o qual
descreveu em seu artigo, comportamentos atípicos de 11 crianças, caracterizando-os
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O TEA apresenta em sua origem a palavra autismo derivada do grego “autos”, que
significa “voltar para si mesmo”. Isto é, os indivíduos que têm autismo passam por um
estágio em que se fecham em si mesmos, perdendo o interesse pelo mundo exterior
e por tudo o que a ele é inerente, já a palavra “espectro” é usada devido existir três
níveis deste transtorno, sendo o severo, moderado e leve. (MORAIS, 2012),
Apresentam-se como características os respectivos níveis:
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Nível 3
Requer suporte: intenso
Comunicação Social: Graves déficits em comunicação verbal e não verbal
ocasionando graves prejuízos no funcionamento social; interações sociais muito
limitadas e mínima resposta social ao contato com outras pessoas
Comportamentos repetitivos e interesses restritos: Preocupações, rituais imutáveis e
comportamentos repetitivos que interferem muito com o funcionamento em todas as
esferas. Intenso desconforto quando rituais ou rotinas são interrompidas, com grande
dificuldade no redirecionamento dos interesses ou de se dirigir para outros
rapidamente.
Nível 2
Requer suporte: grande
Comunicação Social: Graves déficits em comunicação social verbal e não verbal que
aparecem sempre, mesmo com suportes, em locais limitados. Observam-se respostas
reduzidas ou anormais ao contato social com outras pessoas.
Comportamentos repetitivos e interesses restritos: Preocupações ou interesses fixos
frequentes, óbvios a um observador casual, e que interferem em vários contextos.
Desconforto e frustração visíveis quando rotinas são interrompidas, o que dificulta o
redirecionamento dos interesses restritos.
Nível 1
Requer suporte: Sem suporte local
Comunicação Social: o déficit social ocasiona prejuízos. Dificuldades em iniciar
relações sociais e claros exemplos de respostas atípicas e sem sucesso no
relacionamento social. Observa-se interesse diminuído pelas relações sociais.
Comportamentos repetitivos e interesses restritos: Rituais e comportamentos
repetitivos interferem, significativamente, no funcionamento em vários contextos.
Resiste às tentativas de interrupção dos rituais e ao redirecionamento de seus
interesses fixos.
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COMORBIDADES ASSOCIADAS:
(Bailey, Philips, & Rutter, 1996; Barbaresi, Katusic, Colligan, Weaver, & Jacobsen,
2005).
INCIDENCIA / PREVALÊNCIA:
IMPACTOS NA VIDA:
Em se tratando dos impactos causados pelo TEA, na vida das crianças, as alterações
nas interações sociais, na linguagem e a presença de comportamentos
estereotipados, podem ter a participação na vida social e cultural prejudicada,
acentuando suas dificuldades. Para Vigotski, a linguagem é considerada o centro do
humano, onde todas as suas formas de manifestações se tornam alavancas para o
desenvolvimento dos sujeitos, pois o sujeito, ao fazer uso da linguagem para
comunicação, passa a se inserir cada vez mais na rede de relações sociais e, assim,
mantendo-se no movimento dialético da constituição humana (VIGOTSKI, 2000;
PINO, 2005). Observa-se, que os sujeitos autistas podem vivenciar experiências
sociais restritas e pouco intensas, relacionando-se apenas com o núcleo familiar
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CRITÉRIOS DIAGNOSTICOS
A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), foi fundada no início dos anos 60 por
Aaron Beck, Neurologista e Psiquiatra norte-americano. De acordo com esta
abordagem os indivíduos atribuem diferentes significados a acontecimentos, pessoas,
sentimentos e demais aspectos de sua vida, com base nisso comportam-se de
determinada maneira e constroem diferentes hipóteses sobre o futuro e sobre sua
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ABA
algum apoio, sendo retirado, assim que possível, para não tornar a criança
dependente. A resposta apropriada da criança tem como resultado a ocorrência de
algo prazeroso para ela, ou seja, na prática é uma recompensa. Assim, quando essa
é usada constantemente, a criança passa a repetir aquela resposta, até o
comportamento se tornar parte do seu repertório. O importante é fazer do aprendizado
algo agradável para a criança e ensiná-la a identificar diferentes estímulos.
(CARAMICOLI, 2013).
Por exemplo, crianças que fazem uso de gritos e comportamentos agressivos para
chamar atenção e assim conseguem (sendo ela positiva ou negativa) tendem a repetir
tal comportamento, sendo assim o objetivo do método modificar esses
comportamentos disfuncionais por meio de comportamentos mais adaptativos
(ALVARENGA, 2017).
Deste modo, os efeitos produzidos pelas técnicas comportamentais devem ser
grandes o suficiente para produzir contribuições e mudanças importantes para a
qualidade de vida do indivíduo. A característica final da ABA descrita por Baer, Wolf,
Risley (1968) é a generalidade. Intervenções comportamentais devem, não somente
produzir mudanças socialmente importantes no comportamento, mas estas mudanças
devem persistir através do tempo, dos ambientes e pessoas diferentes daquelas
inicialmente envolvidas na intervenção. Uma intervenção que melhora a comunicação
de uma criança com autismo na clínica, por exemplo, demonstra generalidade se a
criança também consegue se comunicar com os pais, professores ou outras pessoas,
em casa, na escola ou na comunidade, durante e após o término da intervenção.
Entretanto, os autores enfatizam que a generalidade dos progressos
comportamentais, não ocorrem automaticamente, sobretudo, em crianças com
autismo que possuem dificuldades de transferir habilidades aprendidas para outros
contextos. Portanto, a ocorrência de generalidade “deve ser programada e não
esperada” (BAER, WOLF, RISLEY, 1968, p. 97).
O campo das Habilidades Sociais (HS) tem sido estudado frequentemente do ponto
de vista do treino de comportamentos socialmente relevantes, remetendo ao campo
teórico-prático do treinamento de Habilidades Sociais (THS). As habilidades sociais
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quanto no doméstico (LI, 2002; YANG et al, 2003; CAMARGO; BOSA, 2009; KOEGEL
et al, 2013). A aquisição dessas habilidades é um fator importante à prevenção de
problemas comportamentais (CAMARGO; BOSA, 2012; SANINI; SIFUENTES; BOSA,
2013; CASALI-ROBALINHO et al, 2015). Dessemodo, as intervenções
comportamentais são relevantes para a melhora da qualidade de vida de pessoas com
autismo. Murta (2005) realizou uma revisão bibliográfica de publicações de artigos
científicos que abordaram THS. De acordo com a autora, as pesquisas indicaram que
os treinamentos realizados promoveram melhoras no desempenho social dos
participantes, além isso, houve um predomínio do THS no formato grupal, tanto no
contexto clínico como escolar. Spain e Blainey (2015) realizaram uma revisão
sistemática para investigar a eficácia das intervenções de habilidades sociais para
adultos com TEA. De acordo com os autores, as intervenções em grupo, voltadas às
HS podem ser eficazes para melhorar a compreensão social, o a qualidade das
interações sociais social. Gavasso, Fernandes e Andrade, (2016) realizaram uma
revisão sistemática afim de mapear os artigos publicados entre 2009 e 2013 no Brasil.
As autoras observaram que a maioria das pesquisas priorizam estudos sobre
habilidades sociais em contexto escolar e doméstico.
PSICOEDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através das informações apresentadas neste artigo, espera-se ter contribuído para o
esclarecimento sobre o tema: características gerais sobre o TEA e algumas
possibilidades de tratamento pela clínica cognitiva comportamental.
No decorrer deste estudo, foi apresentado as características da TCC, como ela
intervém na clínica ou em casa com as crianças autistas, foi apresentado, também o
modelo ABA, que é considerado uma estratégia de intervenção; e discutido como a
psicoeducação é de grande relevância para a evolução do tratamento. Sobre a
etiologia do autismo, ainda não se tem estudo que comprovem os fatores e processos
específicos que estejam definitivamente envolvidos no real motivo de sua origem, mas
acreditamos que muito se sabe sobre o autismo e seus critérios para diagnostico.
Também é importante citar a evolução na qualificação dos profissionais que lidam com
autismo, o que possibilita intervenções efetivas que buscam assegurar mais qualidade
de vida a criança autista. Certamente é de grande relevância o diálogo sobre este
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REFERÊNCIAS:
KLIN,Ami. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Ver. Bras. psiquiatr.
2006;28(supl i):s3-11.
CUNHA, Patrick Rodrigues da. et al. Transtorno do espectro autista: principais formas
de tratamento. Trabalho de Curso apresentado à Faculdade UNA de Catalão –
UNACAT, como requisito parcial para a integralização do curso de PSICOLOGIA, sob
orientação da professora Camilla Carneiro Silva Queija.