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Universidade Nove de Julho

Curso de Psicologia
Projeto Integrador: Profissão e Carreira em Psicologia

Kethelen Langeli Alves Silva


Luciana Kelly Viana Ribeiro
Maria Eduarda Araujo Luqui
Mathias Mario Maccioni
Priscila Garcia da Costa Cruz
Sonia Gomes de Souza Santos
Valeria Vieira
2B MM

PSICOLOGIA SOCIAL

SÃO PAULO
2021
Kethelen Langeli Alves Silva - RA 921115871

Luciana Kelly Viana Ribeiro - RA 921107059

Maria Eduarda Araujo Luqui - RA 921101235

Mathias Mario Maccioni - RA 921111604

Priscila Garcia da Costa Cruz - RA 921201704

Sonia Gomes de Souza Santos - RA 921112606

Valeria Vieira - RA 921115082

2B MM

PSICOLOGIA SOCIAL

Trabalho apresentado para obtenção de


nota na disciplina de Projeto Integrador -
Profissão e Carreira em Psicologia, sob a
orientação da Profa. Dra. Maria Elizabet
Lautert de Souza

SÃO PAULO
2021
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3

PSICOLOGIA SOCIAL NO BRASIL 6

A PSICOLOGIA SOCIAL COMO CAMPO PROFISSIONAL 8

QUAIS ATIVIDADES EXECUTA O PSICÓLOGO SOCIAL? 10

DETALHAMENTO DAS ATRIBUIÇÕES 10

ÁREAS DE ATUAÇÃO 11

ENTREVISTA 12

DISCUSSÃO 15

CONSIDERAÇÕES FINAIS 17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 18

ANEXOS Erro! Indicador não definido.


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INTRODUÇÃO

Este é um relatório de pesquisa referente ao Projeto Integrador - Profissão e Carreira


em Psicologia. Trata-se de um projeto pedagógico de aprendizagem para realizar pesquisa.
Tem por objetivos os alunos conhecerem as possibilidades de atuação profissional em
Psicologia, refletirem sobre a carreira do psicólogo e as exigências do mercado de trabalho
contemporâneo, bem como a integração do aluno ao curso de Psicologia; o desenvolvimento
do espírito de trabalho em equipe, agregando conhecimento que servirá de base em toda a sua
formação.
Este grupo está composto por integrantes que procuraram a psicologia como área de
estudo e atuação por diversas motivações, entre elas pode-se citar: autoconhecimento,
aprender a lidar com as próprias emoções, estudo e conhecimento do comportamento humano,
vivenciar experiências com pessoas próximas, perdas de pessoas queridas, pacientes com
diversos tipos de transtornos, foi um gatilho para escolher psicologia. Agrega a nós estudantes
características como empatia, paciência, compreensão, mediação, aprender a ouvir, entre
outras. Buscamos nos tornar profissionais capazes de ajudar as pessoas a encontrar equilíbrio
emocional, lidar com transtornos mentais ou transtornos de personalidade, para auxiliar os
alunos com dificuldades de aprendizagem, crianças com transtornos e seus pais a entender e a
saber como lidar com a “novidade” de ter um filho deficiente, desenvolver as fases de
transição de criança, adolescente e adulto tornando uma pessoa mais equilibrada
psicologicamente.
A Psicologia social é a área da Psicologia que procura estudar a interação social, é o
estudo das manifestações comportamentais suscitadas pela interação de uma pessoa
com outras pessoas, ou pela mera expectativa de tal interação.
(AROLDO RODRIGUES, 1972, p. 3 apud BOCK, FURTADO e TEIXEIRA 2001)

Psicologia social é uma ciência situada entre a psicologia e a sociologia. É o estudo


científico de como as pessoas pensam, influenciam e se relacionam umas com as outras. É
uma ciência jovem, que ganhou importância a partir da Segunda Guerra Mundial.
Considerado um dos pais da psicologia moderna, Wilhelm Wundt (1832-1920) era
médico e psicólogo experimental e não só inaugurou a utilização e os limites da análise
experimental, como também abriu espaço para o estudo do comportamento dos indivíduos e
seu reflexo no mundo. Wundt escreveu sobre Psicologia popular ou cultural que seria uma
ciência psicológica criada para estudar fenômenos como magia, cultura, linguagem e gestos,
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processos que, no entendimento de Wundt, não poderiam ser compreendidos isoladamente.


(LOPES et al, 2018, p. 16).
A Psicologia, desde sua origem e devido a importantes demandas históricas, enfatizou
o estudo de aspectos mais emergentes no ser humano, como a depressão, a ansiedade e os
transtornos mentais.
Com o tempo a psicologia foi se desenvolvendo e abrindo espaços para outras
abordagens, ampliando seu campo de atuação. Dessa forma, a Psicologia Social surge
buscando nas relações dos indivíduos com o mundo priorizar as questões sociais e coletivas.
Frente a este contexto, a presente pesquisa tem como objetivo analisar o contexto
histórico do surgimento da Psicologia Social até os dias atuais e o papel do psicólogo social e
suas contribuições e intervenções no contexto da sociedade contemporânea. Hoje a psicologia
social tem seu foco voltado para o cotidiano, mostrando ao indivíduo que ele é capaz de
combater e superar preconceitos, desigualdade, estereótipos, e que é necessário lutar pelos
seus direitos, para a formação e solidificação da cidadania.
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INÍCIO DA PSICOLOGIA SOCIAL

A psicologia social teve seu início na Europa, e se enraizou nos Estados Unidos
devido ao contexto histórico do surgimento de pensar sobre a influência dos aspectos sociais
nos indivíduos. Ela surgiu em um momento de transição do séc. XIX para o sec. XX usada
para abordar como uma área de aplicação, para estabelecer uma ponte entre as ciências sociais
e a antropologia, sua formação acompanhou movimentos ideológicos e conflitos, como
guerras e sobretudo o capitalismo e o socialismo. O enfoque da Psicologia Social é estudar o
comportamento de indivíduos no que ele é influenciado socialmente.

Foi Wilhelm Wundt (1832-1920) quem deu o primeiro passo para estudar o
comportamento humano e seu reflexo no mundo, ele escreveu sobre a psicologia popular ou
cultural. Também paralelo ao estudo de Wundt, Émile Durkheim (1858- 1917) antropólogo e
sociólogo propõe uma análise das representações coletivas, onde ele concordava com Wundt
referindo ser um campo de estudo, da psicologia social os estudos da subjetividade e da
cultura. Tanto para um como para outro o conhecimento produzido estava relacionado
diretamente a uma forma sociológica de psicologia social. (LOPES et al, 2018, p. 16).

Tiveram vários outros: com o cientista francês Gustave Le Bon, o psicólogo inglês
William McDougall, o sociólogo Edward Ross, e outros, onde todos falam do comportamento
do indivíduo e no meio em que está inserido. Assim a psicologia social se deu entre a
psicologia e a sociologia, servindo para a estruturação de identidades tanto individuais,
pessoais e coletivas. (LOPES et al,2018, p. 17).
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PSICOLOGIA SOCIAL NO BRASIL

No Brasil a psicologia social teve seu início na década de 30, a prática predominante
era a higiene mental usada em manicômios e sanatórios. Nas décadas decorrentes ela passa
por varias transformações como o racismo e relações sociais entre negros e brancos.
(ANTUNES, 2014, pg 42 a 44).

Muito antes disso, com os estudos feitos em sala de aula e leituras sobre o tema nos
mostram muitos assuntos sobre o início da psicologia na época do “Brasil Colônia", segundo
Massimi (1990. p.5) para realizar uma reconstrução da história da psicologia no Brasil é
preciso buscar as origens remotas do interesse pelo estudo da subjetividade e comportamento
no âmbito da cultura brasileira mais antiga. A época colonial apresenta-se como um período
fecundo e diferenciado e nela se encontram os traços das culturas indígenas e podemos obter
informações sobre as práticas psicológicas dos indígenas através dos escritos de viajantes e
missionários.

Os conhecimentos psicológicos elaborados ou transmitidos no Brasil na época


colonial, de acordo com Massimi (1990, p.5) referem-se às profundas influências do europeu
mescladas a aspectos da cultura indigena.

De acordo com nossos estudos, no período antes da colonização, os indígenas já


tinham sua “Psicologia Social” pois, viviam em sociedade ensinando desde as crianças as suas
práticas e atividades como pesca, dança, música, arte, artesanato, etc; o casal era presente na
vida da criança desde o nascimento; a mulher também tinha um importante papel na
comunidade indigena; os parceiros respeitavam suas mulheres; etc.

Nossa pesquisa mostra que a vivência e a cultura dos índios brasileiros, com sua
cultura, gestos, hábitos e práticas são muito diferentes das do homem europeu.

A presença do catolicismo na cultura brasileira na época do Brasil colonial é muito


evidente. Destaca-se, entre outras, a contribuição das congregações religiosas, em
particular os jesuítas, beneditinos e franciscanos. O interesse pelos assuntos
psicológicos é muito vivo nas obras de jesuítas do século XVII e XVIII dedicadas a
pedagogia, a catequese e a teologia moral. (MASSIMI, MARINA, 1990, p. 13).
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Ocorreram várias críticas à aplicação do conhecimento dessa área da psicologia já que


alguns pesquisadores não levaram em conta os padrões e meios de vida assim como as
próprias características de outros países. O Brasil por exemplo era um desses países onde nos
comparamos com o meio de vida dos estadunidenses, alguns de nossos pesquisadores,
educadores e filósofos verificaram que não estava fluindo pois não se encaixava com nossos
padrões culturais e sócio - econômico. Conduzindo assim a ciência que é hoje, levando em
consideração e observando não somente o indivíduo mas todo o contexto social, histórico,
político e cultural na qual nos envolvemos.

A preocupação com os fenômenos psicológicos faz-se presente no Brasil desde os


tempos da colônia, aparecendo em obras escritas nas diferentes áreas do saber e,
mais tarde, durante o século XIX, em produções advindas de instituições como
faculdades de medicina, hospícios, escolas e seminários. (ANTUNES, 2014, P. 12)

Ainda nos dias de hoje a psicologia é muito confundida com o senso comum o que é
baseado em observações subjetivas e vivências individuais. Diferente da psicologia social que
é uma ciência que emprega métodos científicos com experimentos e pesquisas qualitativas e
quantitativas, andando em direção de uma sociedade justa e igualitária, uma psicologia com
compromisso social. Mas na década de 1970, com toda evolução científica foi ficando de lado
a herança adquirida e abrindo novos caminhos para uma psicologia social de extração
gestáltica em diálogo com a fenomenologia, e em 1980, a psicologia social se caracteriza por
não se restringir inteiramente ao lado do indivíduo, ou da sociedade, mas sim em se mostrar
em uma área intermediária, passando a pensar no sujeito e sua subjetividade considerando sua
inserção no mundo social e cultural. Onde podemos dizer que a psicologia social é política e
histórica, ela é parte da evolução da sociedade.(LOZATO, 2020).
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A PSICOLOGIA SOCIAL COMO CAMPO PROFISSIONAL

Diante de profissões, tais como a de clérigos, de médicos e de especialistas em direito,


a profissão de psicólogos é recente. Enquanto estes antecedem a sociedade capitalista, a de
psicólogos surgiu no bojo do processo da divisão de trabalho que marca sociedades modernas
(DURKHEIM, 1984).
Há de ressaltar que a exigência de novas competências e habilidades no trabalho ou a
fragmentação cada vez maior do processo de produção não é condição suficiente para a
emergência de novas profissões. Em contraste com as ocupações, para as profissões o
domínio de conhecimentos complexos, organizados e sistematizados e de difícil acesso para
não-profissionais funciona como base técnica da autoridade profissional. Profissões se
caracterizam por uma assimetria de competências: o cliente tem que confiar no saber do
profissional e o profissional, por sua vez, tem que respeitar o cliente. Esta relação é garantida
por formas institucionais: formação padronizada, conselhos profissionais, credenciamentos,
códigos de ética, etc.
Neste processo, as relações entre as profissões e dentro delas modificam pelo
surgimento de novos conhecimentos, pela aplicação em novos problemas e pela crescente
complexidade das tarefas. Emergem novas jurisdições que se materializam em especialidades,
novas profissões ou em fusões e divisões de profissões existentes. Profissões tais como
psicólogo ou sociólogo carecem ainda de consolidação. Não há vínculos fortes entre a
profissão e determinadas tarefas, pois tanto a Psicologia como a Sociologia são marcadas por
uma diversidade de abordagens teóricas e padecem de um sistema de conhecimentos
sistematizados e universalizados. Entretanto, a Psicologia procura avançar no processo de
profissionalização, organizando treinamentos específicos para áreas de aplicação,
regulamentando especialidades e produzindo conhecimentos mais exclusivos para
determinadas tarefas.
Para a Psicologia Social, o estabelecimento de um vínculo entre profissão e tarefas,
baseado no domínio de um sistema de conhecimentos específicos, tem sido difícil por ela
representar uma interseção entre a sociologia e a psicologia. Nesta situação, prevalece a
tendência de o psicólogo social se manter incluído na categoria profissional relativamente
mais forte: a da psicologia.
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A situação modificou-se com o surgimento de novas tarefas, principalmente em


programas sociais e educacionais, nos quais tanto psicólogos (sociais) como outros
profissionais (assistentes sociais, sociólogos, pedagogos, etc) têm-se inserido. Estas tarefas
compartilhadas com outras profissões tendem a promover uma perda de trocabilidade de
psicólogos profissionais entre si e uma pressão pela especialização, ao lado da competição
com os outros profissionais. A pressão por especialização não tem levado a um afastamento
de psicólogos sociais dos profissionais da psicologia. Esta separação implicaria a união com
os outros profissionais que atuam nos programas sociais e educacionais, realizando as mesmas
tarefas.
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QUAIS ATIVIDADES EXECUTA O PSICÓLOGO SOCIAL?

Exerce atividades no campo da psicologia aplicada ao trabalho social, orientando os


indivíduos no que concerne a problemas de caráter social com o objetivo de levá-los a achar e
utilizar os recursos e meios necessários para superar suas dificuldades e conseguir atingir
metas determinadas.
Atua junto a organizações comunitárias e em equipes multiprofissionais,
diagnosticando, planejando e executando os programas no âmbito da saúde, lazer, educação,
trabalho e segurança para ajudar os indivíduos e suas famílias a resolver seus problemas e
superar suas dificuldades.
Dedica-se à luta contra a delinquência, organizando e supervisionando atividades
educativas, sociais e recreativas em centros comunitários, para recuperar e integrar os
indivíduos à sociedade.

DETALHAMENTO DAS ATRIBUIÇÕES

● Promove estudos sobre características psicossociais de grupos étnicos, religiosos,


classes e segmentos sociais nacionais, culturais, intra e interculturais.
● Atua junto a organizações comunitárias, em equipe multiprofissional no diagnóstico,
planejamento, execução e avaliação de programas comunitários, no âmbito da saúde,
lazer, educação, trabalho e segurança.
● Assessora órgãos públicos e particulares, organizações de objetivos políticos ou
comunitários, na elaboração e implementação de programas de mudança de caráter
social e técnico, em situações planejadas ou não.
● Atua junto aos meios de comunicação, assessorando quanto aos aspectos psicológicos
nas técnicas de comunicação e propaganda.
● Pesquisa, analisa e estuda variáveis psicológicas que influenciam o comportamento do
consumidor.
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ÁREAS DE ATUAÇÃO

Para Góis (1989, p. 100), a Psicologia comunitária é o ramo da Psicologia social que
estuda formações, processos e propriedades psicológicas decorrentes da vida comunitária, seu
sistema de relações, identidade, atitudes, expectativas, hábitos, sentimentos e valores, na
perspectiva do desenvolvimento da consciência dos membros como sujeitos históricos e
comunitários. Seu campo de atuação é a comunidade, espaço social e econômico, básico e
significativo da vida em sociedade.
A Psicologia comunitária segundo o mesmo autor, não é uma extensão da clínica, nem
uma Psicologia na comunidade, e não é uma tecnologia social. Seu objeto central seria “o
reflexo psíquico da vida comunitária (...) no psiquismo de seus membros e a potencialização
da consciência a partir das condições de vida da comunidade” (Góis, 1990, p. 100). A questão
central da Psicologia comunitária é “o desenvolvimento do indivíduo enquanto sujeito
histórico, social e comunitário (...)”, (Góis, 1990, p. 100), e não a relação entre saúde e doença
ou prevenção e tratamento.
A expressão psicologia da comunidade foi ser usada nos anos 90, ampliando os
trabalhos dos profissionais de Psicologia a diversos setores da população adotando diferentes
práticas e referenciais teóricos e traduziu uma inserção da Psicologia em algumas instituições,
com o objetivo de democratizar e de aumentar a oferta de serviços para a população em geral.
A Psicologia comunitária tem atuado junto a sujeitos sociais nas áreas de saúde, saneamento e
urbanização de comunidades carentes. As intervenções têm sido realizadas com associação de
moradores, grupo de jovens, grupo de idosos, grupos de mulheres, centros de cultura, lazer,
escolas, etc, caracterizando se, portanto, como um trabalho realizado junto aos movimentos
sociais com vistas ao cooperativismo e à autonomia das comunidades. Nesse trabalho, o
psicólogo comunitário deve estar preparado para lidar com os problemas que afligem as
comunidades, como poluição, ausência de infraestrutura de saneamento, ausência de áreas de
lazer, precariedade de atendimentos na área da saúde, dos meios de transporte. É nesse
contexto que surgiu o entendimento de que “o trabalho do psicólogo comunitário é um
trabalho psicossocial dirigido à melhoria da qualidade de vida” (BOMFIM, 1989, p. 123).
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ENTREVISTA

Conforme solicitado para o presente trabalho, fizemos uma entrevista com um


profissional da área estudada, convidamos um amigo de um dos componentes do grupo que
prontamente se pôs à nossa disposição para a entrevista.
Dr. R. é profissional graduado em Psicologia, com especialização em Psicologia
Psicossomática, graduado em Filosofia, com docência em Ensino Superior e pós-graduado em
Pedagogia, é Psicólogo Clínico, Hospitalar, Professor, Orientador Educacional,
Neuropsicólogo, Neuropsicopedagogo, é membro do Conta Comigo do SUS atuando contra
Covid-19 e outras epidemias e endemias, saúde mental e prevenção de automutilação e
suicídio, fundador da Psycoholding consultórios psicológicos, com mais de 19 anos de
experiência.
Nos forneceu a entrevista de forma online, devido a atual situação de pandemia.
Realizou de seu consultório, um ambiente que mostrou ser aconchegante e tranquilo. A seguir
temos a transcrição da entrevista:

1. Conte-nos um pouco de sua experiência como psicólogo(a), por que você escolheu
essa área de atuação? Quais eram as suas expectativas?

Bom, iniciei os meus primeiros trabalhos ainda na faculdade de psicologia, quando fui
contemplado com estágio remunerado para trabalhar com deficientes, e também me envolvi
em um projeto pela faculdade na comunidade da favela da funerária na zona norte de São
Paulo, auxiliando os moradores a se preparar e orientar-se para o mercado de trabalho. Atuo
também como psicólogo clínico e psicólogo hospitalar desde 2002. Escolhi essa área por
gostar muito de assuntos relacionados à relação indivíduo e sociedade.

2. Há quanto tempo você atua nessa área?


Aproximadamente 19 anos, somando o estágio que eu mencionei.

3. Como se deu a sua inserção no mercado de trabalho? Quais foram as barreiras para o seu
ingresso?
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Aconteceu comigo via curso que foi ofertado pela universidade, durante o curso consegui me
destacar e ser convidado para realizar o estágio na área de inclusão numa escola localizada na
região da Pompéia. Não havia muitas barreiras, mas sempre tive que correr atrás de me
envolver com projetos, fazer bons trabalhos e conseguir boas oportunidades.

4. Conte-nos sobre o seu trabalho. Como é sua rotina?


Atualmente trabalho como psicólogo escolar auxiliando no trabalho de inclusão e
propostas para melhorias no dia a dia dos alunos durante o período escolar. Também sou
orientador educacional, graduado em filosofia e auxiliar em atendimentos individuais e
coletivos, ajudando a entender situações problemas da sua existência ou das exigências da
sociedade e por último atuo como psicólogo clínico, na clínica onde sou fundador, atua em
atendimentos sociais a preço simbólico atuando nas comunidades de baixa renda,
promovendo assistência 24 horas durante a pandemia de covid19 onde a maioria dos
atendimentos foram gratuitos. Então com todas essas atividades soma entre 12 a 14 horas de
trabalho diário.

5. Quais desafios e limitações você encontra para executar o seu trabalho?

O grande desafio desde a formação até hoje é quebrar alguns dogmas relacionados ao
sofrimento psíquico, encontrar tempo para conseguir atender os pacientes e atuar na escola e
ainda dar suporte a instituição que atendemos online, tempo pra fazer terapia, e ainda ter um
momento de lazer com a família. Acredito que quando trabalhamos com o que amamos, não
há limitações, mas é preciso muita força de vontade, pois é uma profissão que exige muita
dedicação, é preciso estar sempre atualizado e por dentro das mudanças.

6. Qual a sua opinião quanto à relação do psicólogo com os recursos tecnológicos

atuais?
Assim como todas as profissões mudaram seu paradigma de trabalho, a psicologia não
poderia ser diferente disso. As ferramentas e os recursos tecnológicos principalmente na área
de comunicação auxiliaram muito na proximidade e acolhimento dos pacientes, um bom
exemplo é essa fase de pandemia que estamos vivendo onde podemos usar recursos e fazer os
atendimentos online sem deixar que os pacientes fiquem sem atendimento o que poderia
acarretar numa regressão de todo um trabalho já em andamento. Consigo fazer orientação
online em grupo para a comunidade do Jardim Peri, por exemplo, onde a nossa instituição tem
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uma casa de auxílio, dinamizando muito mais o trabalho. E ainda é possível fazer cursos de
atualização online facilitando a rotina, então, a tecnologia só veio ajudar.

7. Como você percebe o papel do compromisso social da Psicologia? Por exemplo,

posicionamento do psicólogo diante das diversidades, tragédias, minorias, etc.


Promover melhores entendimentos na formação e no desenvolvimento do indivíduo
auxiliando a compreender suas limitações, as pessoas precisam resolver suas questões internas
para conseguir viver bem em sociedade, saber lidar com as diversidades que surgem a cada
dia ou passar por alguma tragédia, são situações em que algumas pessoas podem estar
despreparadas psicologicamente enquanto outras apenas passam, portanto a importância da
Psicologia na vida do indivíduo, fazendo acompanhamento adequado e superando a cada
sessão suas dificuldades e medos fazendo com que este indivíduo tenha condições de ter o
convívio social e intrapessoal.

8. Quais as contribuições para a sociedade que seu trabalho tem oferecido?


Muito complexa essa pergunta, mas vamos lá, todo trabalho que promove algum tipo
de entendimento da relação do indivíduo com a sociedade mesmo que em longo prazo vem a
trazer algum tipo de benefício ao indivíduo, auxiliar no entendimento da sua identidade e as
exigências da sociedade, em alguns entendimentos como seus direitos e seus deveres para a
mesma favorecem um indicativo de civilização mais favorável.

9. Você já pensou em desistir de sua carreira? Por quê? E o que te estimula a continuar?
Como qualquer outra pessoa, tenho os altos e baixos, mas nunca pensei em desistir da
minha profissão, toda vez que esse pensamento surgia, eu tentava me preparar mais e
desenvolver minhas habilidades e competências, é claro que a terapia ajuda muito a gente
entender refletir, buscar melhorias, com uma rotina puxada é preciso se manter em equilíbrio
e estar sempre focado.

10. Você teria algo a nos dizer, como estudantes de Psicologia?


Façam terapia, procure sempre estar se aprimorando em suas leituras, estudem muito,
bebam água e cuidem da alimentação, é importante para ter um bom desenvolvimento durante
o curso, vocês terão muitos desafios pela frente, busquem um bom profissional para realizar
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supervisões de suas atividades, estudem com afinco a jornada é longa, mas a recompensa em
ver seus pacientes bem mentalmente vale todo o esforço.

DISCUSSÃO

A entrevista destaca para com relação ao desenvolvimento conforme descrito no


decorrer da pesquisa, dois aspectos que se demonstram importantes para o desenvolvimento
de um profissional que aspira atuar na área de psicologia. As necessidades técnicas laborais e
sociais que se apresentam durante o exercer da profissão, tais quais as necessidades de
inclusão e networking na atual comunidade psicológica, como descrito na entrevista:
“consegui me destacar e ser convidado para realizar o estágio na área de inclusão [...] mas
sempre tive que correr atrás de me envolver com projetos, fazer bons trabalhos e conseguir
boas oportunidades”; também é demonstrado pelo entrevistado, por experiência própria, as
dificuldades enfrentadas diariamente pelo profissional e quais são as expectativas e prospectos
da profissão.

Nos mostra que o caminhar da profissão é extenso, teremos muitos desafios, muito
estudo durante o trajeto. cada um de nós vai seguir por um caminho diferente mas lá na frente
após a conclusão da graduação e com dedicação e mais um pouco de estudos tudo vai valer a
pena. A jornada é longa mas a recompensa é certa.

Para BONFIM (1989, p. 123), é nesse contexto que surgiu o entendimento de que “o
trabalho do psicólogo comunitário é um trabalho psicossocial dirigido à melhoria da
qualidade de vida”

Vale a pena ressaltar a variedade de ofícios exercidos pelo entrevistado,


demonstrando pelo menos anedoticamente possibilidades futuras ao estudante de psicologia.
Sobre combate a desinformação e pré-conceitos com o bem estar e sua profissão, como
demonstrado em: “O grande desafio desde a formação, até hoje, é quebrar alguns dogmas
relacionados ao sofrimento psíquico, encontrar tempo para conseguir atender os pacientes e
atuar na escola”.

A Psicologia comunitária é o ramo da Psicologia social que estuda formações,


processos e propriedades psicológicas decorrentes da vida comunitária, seu sistema
de relações, identidade, atitudes, expectativas, hábitos, sentimentos e valores, na
perspectiva do desenvolvimento da consciência dos membros como sujeitos
históricos e comunitários. Seu campo de atuação é a comunidade, espaço social e
econômico, básico e significativo da vida em sociedade (GOIS, 1989, p. 100).
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Outro tema que se prova de suma importância e que foi abordado pelo entrevistado,é
o da própria saúde mental do profissional e a necessidade de estar sempre de bom grado,
vontade e psique, tal qual a necessidade de estar atualizado com os conceitos, cultura e
zeitgeist atual para a efetiva e saudável performance profissional e tratamento de seus
pacientes, melhor exemplificado na resposta: “Façam terapia, procure sempre estar se
aprimorando em suas leituras, estudem muito, bebam água e cuidem da alimentação”, sobre o
avanço cultural e tecnológico disse: “Assim como todas as profissões mudaram seu
paradigma de trabalho, a psicologia não poderia ser diferente disso.”

Temos que acompanhar as mudanças e atualizações, nos aprimorar sempre que


possível, não esquecendo de tratar de nós mesmos, a importância de fazer terapia desde o
início da graduação e continuar até estarmos formados e atendendo, não deixando de auxiliar
a quem precisa pois nos tempos de hoje terapia se tornou essencial.

Percebemos que é preciso muita dedicação, força de vontade, estudo e às vezes até
abrir mão de algumas coisas, mas, se escolhemos a profissão por amor a ela, realizaremos
bons trabalhos. E acima de tudo temos de ter respeito por nós mesmos como pessoa, como
profissional, respeitar nossos limites para estar em condições de oferecer um atendimento de
qualidade e auxiliar os pacientes da melhor forma possível e isso é amor pela profissão que
escolhemos, os sacrifícios valerão a pena no final da jornada.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que a Psicologia Social é uma vertente da Psicologia tradicional, que por
sua vez aborda as relações entre membros de um grupo, portanto ela se encontra em um
espaço entre a psicologia e a sociologia.
Está focada em compreender como o homem se comporta nas suas interações sociais,
sabendo que a psicologia destaca o aspecto individual e se faz revelar os graus de conexão
entre o ser e a sociedade a qual pertence descobrindo que as pessoas por mais diferentes que
sejam umas das outras apresentam socialmente um comportamento distinto do que
expressariam se estivessem isoladas. Isso nos faz pensar que nós seres humanos somos
sociais, vivemos em grupos, sociedades e culturas e organizamos nossas vidas em relação
com outros seres e somos influenciados pela história, pelas instituições e pelas atividades. Em
suma, é o estudo das pessoas enquanto seres sociais.
De extrema importância para a sociedade como um todo, por sua vasta participação
em diversas questões sociais, culturais, heterogêneas, auxiliando nas diversas situações do
cotidiano e sem mensurar credo, raça, classe social, situação financeira e etc. O trabalho da
área de Psicologia Social apesar de pouco conhecido por essa nomenclatura, vem sendo cada
dia mais necessário, principalmente em regiões de comunidade mais pobre onde as condições
de saúde e educação são precárias porém, não descartando as regiões economicamente
desenvolvidas pois em se tratando de sociedade sempre haverá conflitos, discordâncias,
injustiças, e principalmente indivíduos que necessitam de algum auxílio psicológico para
seguir com a vida se relacionando bem consigo mesmo e com o meio em que está inserido.
A reflexão dos artigos apresentados , livros e entrevista nos clareou a importância da
atuação e a intervenção através de pesquisa do psicólogo no contexto que contribui para o
desenvolvimento social e na construção íntegra do indivíduo para lidar com as diferenças na
sociedade.

Pesquisa que vamos levar para a vida e por experiências futuras, durante e após a
graduação, assim como outras que farão parte do conteúdo a ser estudado, referente ao
conteúdo absorvido o que podemos levar é gratidão por todo o aprendizado.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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