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JORGE ALBERTO

MARCO AURELIO
PATRICIA FREITAS
RAFAELA MELO

ORGANIZAÇÃO: ANA PAULA V ERGARA

UM ENCONTRO DE
TRANSFORMAÇÃO
A CLÍNICA PSICANALÍTICA
PARA O PLANTÃO
PSICOLÓGICO
É permitida a reprodução
deste e-book, desde que sem
alterações e citada a fonte. 

1ª edição - 2020

Projeto
Jorge Alberto da Silva e Silva
Marco Aurelio Guedes De Souza
Patricia Freitas da Silva Alves
Rafaela Nunes de Melo

Projeto gráfico
Rafaela Nunes de Melo
Diagramação
Rafaela Nunes de Melo
Professora orientadora
Ana Paula Vergara (CRP 05/29424)

Contatos

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Apoio
UNISUAM - Centro
Universitário Augusto Motta
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 4

2. ASPECTOS HISTÓRICOS 5

3. O QUE É PLANTÃO PSICOLÓGICO? 6

4. TEORIA PSICANALÍTICA 8

5. A CLÍNICA DO PLANTÃO PSICOLÓGICO 10


5.1 COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO-VERBAL 12
5.2 ASSOCIAÇÃO LIVRE 16
5.3 ATENÇÃO FLUTUANTE 17
5.4 TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA 19

6. O SETTING DO PLANTÃO PSICOLÓGICO 21

7. ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS 26

8. REFLEXÕES FINAIS 29

9. REFERÊNCIAS 32
INTRODUÇÃO
As sociedades estão mudando constantemente ao longo dos anos.
Há algumas décadas vivemos em um mundo globalizado, e não é
difícil perceber as intensas transformações que ocorreram ao
longo do processo de globalização, que nunca se esgota. O
conceito de globalização é multidimensional e histórico, e vai
apontar “para tendências, para dimensões mundiais, para o
impacto, para conexões mundiais e fenômenos sociais”
(THERBORN, 2001, p. 122) que estão presentes ao redor do globo.
 
Vivemos a “liquidez” de uma sociedade que, cada vez mais, se
altera com mais rapidez e intensidade, não permanecendo a
mesma por muito tempo. Este é um fenômeno típico da
globalização que, segundo Anthony McGrew (1992), pode ser
definida como

processos atuantes numa escala global, que


atravessam fronteiras nacionais, integrando e
conectando comunidades e organizações em
novas combinações de espaço-tempo, tornando o
mundo em realidade e experiência, mais
interconectado. (HALL, 2005, p. 67).

Com isso, as identidades, que são construídas historicamente, isto


é, não nascemos com elas prontas e definidas para o resto de
nossas vidas, e sim as construímos nas relações estabelecidas com
o outro e com o mundo, estão sofrendo constantes mudanças
ocasionadas pela multiplicidade de referências que a globalização
proporciona. (HALL, 2005).
Vários autores já vinham falando sobre um período de maior crise e
instabilidade na família, no trabalho, nas relações interpessoais, na
escola, enfim, na sociedade contemporânea. O próprio Freud, em
1908, analisava possíveis causas dos aumentos das manifestações
neuróticas e já alertava para a relação entre transtornos e as
exigências provocadas pela vida moderna. (GOMES, 2012).
Lugares que se desenvolvem rápido demais estão operando pela
lógica da globalização, o que consequentemente muda a dinâmica
da constituição identitária. Desta forma, os processos de
globalização afetam a construção da identidade (GOMES, 2012) e a
saúde mental dos indivíduos.
Essa aceleração no modo de vida das pessoas, que as levam cada
vez mais a terem diversos sofrimentos psíquicos, requer que
estejamos cada vez mais preparados para essa demanda crescente
que, inevitavelmente, necessitará de apoio psicológico.
ASPECTOS HISTÓRICOS
No Brasil, o serviço de plantão psicológico foi implementado na
década de 1960 por Rachel Rosemberg, que pautava seu trabalho
em um referencial humanista, através da Abordagem Centrada na
Pessoa. A prática teve origem no trabalho desenvolvido em um
serviço-escola de Psicologia, na Universidade de São Paulo, e
atualmente foi ampliada, podendo ser encontrada em diversos
outros espaços. (DAHER, 2017).
A psicologia clínica é um dos campos de atuação que mais emprega
psicólogos desde a regulamentação da profissão em 1962, e o
modelo de clínica, realizado prioritariamente em consultórios
privados, era dominante nas primeiras décadas de
profissionalização. Tal modelo perdura até hoje, entretanto, a
clínica vem passando por transformações, deixando de ser
ofertada quase que exclusivamente para pessoas que podiam
pagar pelo serviço particular, e se instalando em outros contextos,
como a saúde pública. (CARNEIRO, 2019).
Uma das alternativas à modalidade tradicional de clínica é
o plantão psicológico. O caráter flexível desse tipo de
serviço possibilita implicações positivas para o sujeito que
o procura em um momento que precisa ser escutado e se
escutar. (CARNEIRO, 2019).
O objetivo desta prática, que neste início se
dava na USP, visto que foi a pioneira na
oferta do plantão, era oferecer um
atendimento diferenciado às pessoas que
procuravam atendimento psicológico e
tinham que enfrentar longas filas de
espera, já que a demanda era maior que a
oferta. Sendo assim, o plantão psicológico
se constituiu como uma alternativa à
psicoterapia tradicional, serviço cujo acesso
era mais demorado. (REBOUÇAS; DUTRA,
2010).
De acordo com revisão da literatura feita por
Carneiro (2019), o plantão psicológico
ultrapassou os muros do Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo e
adentrou os universos de outras instituições,
como escolas, hospitais, departamentos
jurídicos e a Polícia Militar. Também pode ser
encontrado em empresas, varas de famílias,
delegacias e consultórios particulares.
(REBOUÇAS; DUTRA, 2010).
O QUE É PLANTÃO PSICOLÓGICO?
O plantão psicológico pode ser entendido como um atendimento
emergencial de indivíduos ou grupos que apresentam alguma
queixa de sofrimento psíquico ou emocional. Nele, há o
acolhimento do sujeito em sua necessidade, no intuito de auxiliá-lo
a manejar seus recursos e limites. (BUBLITZ; SHUCK, 2019). Sendo
assim, é um serviço de atenção psicológica imediato, pois não há
necessidade de agendamento prévio, e breve, pois não se
configura como um processo psicoterapêutico de vários encontros.
(DAHER, 2017).
A prática de plantão é baseada em uma intervenção pontual que
visa aproximar-se à necessidade do indivíduo. É tida como uma
prática complexa, visto que o profissional se deparará com o
inesperado e deve estar preparado para acolher a demanda que
chegar, seja ela qual for, dando um retorno imediato ao sujeito que
se encontra diante dele. Assim, com o acolhimento e a escuta do
terapeuta (ou plantonista), será possível elaborar o material
trazido e fazer um esclarecimento e, se necessário, um
encaminhamento para outros serviços. (DAHER, 2017).
Mahfoud (2004) já explica que o plantão psicológico tem por
objetivo proporcionar o acolhimento psicológico no exato
momento em que a pessoa está precisando dessa ajuda, e, assim,
atender a dor psíquica intensa. Mesmo que no momento não
resolvamos por completo o problema, através da nossa experiência
daremos, de alguma forma, o suporte psicológico que o paciente
demanda naquele momento. (GOMES, 2012).
É um serviço que também vem se popularizando devido ao fato de
que nem todos que procuram atendimento psicológico querem ou
necessitam de um tratamento mais prolongado, característico da
psicoterapia. Muitos precisam “apenas” de um encontro genuíno,
respeitoso e acolhedor em um momento específico da vida, onde
se sintam escutados e
confortáveis para falar sobre
as causas de seus
sofrimentos. Assim, o sujeito
pode ampliar seus horizontes
e se perceber em suas falas,
dores e possibilidades, o que
por si só já é terapêutico.
(REBOUÇAS; DUTRA, 2010).
Fonte: UBEC, 2019. Disponível em
<https://www.ubec.edu.br/noticia/plantao-psicologico-disponivel-
para-comunidade-vale-aco/#.X1eaHVVKjIU> Acesso em: 08 set. 2020
O QUE É PLANTÃO PSICOLÓGICO?
O plantão tem por finalidade a brevidade de seus atendimento,
sendo esta uma modalidade inovadora dos serviços. Como destaca
Mahfoud (2004), o atendimento é baseado no aconselhamento
psicológico com base analítica, e o desafio em que o plantonista
esbarra é o de ouvir, acolher e acompanhar o sujeito. (GOMES,
2008).
A grande descoberta deste século para as Ciências
Humanas é a descoberta terapêutica da escuta.
Não há melhor entendimento que alguém possa
nos prestar do que servir-nos de ouvido para as
falas baixas e quase imperceptíveis de nossa
existência. (BONDER apud ROSENTHAL, 2004, p.
26).

Mahfoud (2004) corrobora esse pensamento ao dizer que

A escuta, enquanto postura básica, é saber ouvir o


outro, estar preparado e disponível para receber a
vivência que estiver trazendo, tomando-a em sua
complexidade original, em seus múltiplos
horizontes, de maneira tal a facilitar que a pessoa
examine com cuidado as diversas facetas de sua
experiência. (MAHFOUD, 2004, p. 75).

Assim, outro desafio ao plantonista, amparado pela crença na


tendência ao desenvolvimento dos potenciais humanos, é o de
estimular uma tendência potencializadora, ajudando o indivíduo a
encontrar outros caminhos para seu sofrimento, dentro de suas
possibilidades. (GOMES, 2008).

Segundo Gomes (2008), são características do plantão psicológico:

o trabalho com o não planejado e o inusitado


o atendimento da demanda com intervenção imediata a partir
da análise da situação de crise
o encaminhamento para outro serviço, quando necessário
o auxílio na tolerância para esperar um atendimento
psicológico convencional e outros encaminhamentos
TEORIA PSICANALÍTICA

A psicanálise produz efeitos terapêuticos e também pode, assim


como qualquer outra linha teórica, fazer parte deste cenário
contemporâneo, visto que possui um conjunto de métodos para a
análise do inconsciente que pode ultrapassar as paredes das clínicas
tradicionais e os tecidos dos divãs. Até mesmo Freud (1996, p. 181
apud DAHER, 2017) já apontava:    

em “Linhas de progresso na teoria psicanalítica”, a


possibilidade de, em algum momento, o método
psicanalítico necessitar ser readaptado, quando
defende que “mais cedo ou mais tarde [...]
defrontar-nos-emos, então, com a tarefa de
adaptar a nossa técnica às novas condições.”
(FREUD, 1996 apud DAHER, 2017, p. 150).
Fonte: Folha Online, 2018. Disponível em
<https://folhaonline.wordpress.com/2018/03/28/faca-
seu-curso-de-psicanalise-de-onde-estiver-2/> Acesso
em: 08 set. 2020

Entretanto, quando falamos em plantão psicológico, faz-se


necessário a adaptação das técnicas, pois o plantonista deverá estar
atento ao que é mais urgente para o indivíduo, focando nisto para
auxiliá-lo. Isto porque as demandas não poderão ser desenvolvidas e
aprofundadas ao longo de um processo psicanalítico, dado o caráter
breve e, muitas vezes, único desse serviço. (DAHER, 2017).
Estimula-se a associação livre por parte do sujeito, que consiste em
uma fala totalmente livre, sem deixar de revelar coisas que pareçam
insignificantes ou vergonhosas para o sujeito que fala, enquanto o
plantonista utiliza-se da atenção flutuante, onde este desprende-se
de suas influências conscientes. (CELES, 2005).
A escuta ativa também está presente neste processo: convida o
sujeito a estar em movimento, isto é, se expressar, perceber seu
discurso, as suas dúvidas sobre si mesmo e sobre o mundo. (BASTOS,
2009). É a partir dela que o indivíduo se dá conta do seu próprio eu, o
que muitas vezes é dificultado em uma sociedade tão veloz como a
nossa, que raramente nos convida a olhar para dentro e analisar os
nossos próximos passos e as consequências destes.
TEORIA PSICANALÍTICA

O estabelecimento da transferência, por sua vez, também será


possível neste breve encontro. Mabilde (2015) define como
transferência o efeito de transportar o afeto de vivências passadas
para o presente, que, neste caso, aconteceria na relação com o
plantonista. A partir disso, cria-se um vínculo de confiança com o
profissional, que possibilitará a emergência de conteúdos do
inconsciente.
Em outro polo, encontra-se a contratransferência, que se refere aos
sentimentos, tanto conscientes quanto inconscientes, que o
plantonista experiencia em resposta ao conteúdo trazido pelo
sujeito. Para ser utilizada de forma positiva no encontro, é
necessário que o profissional esteja em constante alerta para não
deixar seus afetos perturbarem o processo. (EIZIRIK; LIBERMANN;
COSTA, 2008).
Desta maneira, segundo Daher (2017), plantonista e indivíduo
construirão um saber em conjunto, pois Freud já supunha que o
paciente possui um saber, que nem mesmo ele sabe que tem, mas
que pode ser desperto a partir da escuta do analista, atrelado à
regra de associação livre. (BASTOS, 2009). Rosa (2004) corrobora
esse pensamento e diz que o plantonista “escuta o sofrimento e
descobre que não deve eliminá-lo, mas criar uma nova posição diante
do seu sentido”. (ROSA, 2004, p. 341).
Por meio da escuta psicanalítica, o plantonista escuta o inconsciente
do sujeito, escuta essa que é possibilitada pela transferência
estabelecida no encontro. Similar à Abordagem Centrada na Pessoa,
o plantão psicológico pautado na psicanálise também propõe que o
indivíduo se escute e se responsabilize perante seu sofrimento,
fazendo com que ele se torne consciente de seus processos e seja o
protagonista de sua própria história, conquistando uma autonomia.
(DAHER, 2017).
Este encontro pode ser potencializador, já que objetiva colocar em
movimento tais elaborações. Neste sentido, o foco na demanda
considerada mais urgente será primordial para acolher o sofrimento
relatado e sentido, sempre atentando-se para as manifestações
inconscientes que estarão permeando os conteúdos manifestos.
Além de amenizar o sofrimento através da escuta, o serviço também
possibilita um momento onde o sujeito pode ressignificar as suas
formas de ser e estar no mundo. (DAHER, 2017).
A CLÍNICA DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
O mundo contemporâneo e globalizado demanda uma clínica que
está em constante transformação, inovação e construção.
(REBOUÇAS; DUTRA, 2010). Assim, o plantão se configura como um
serviço que foi se constituindo com o passar dos anos, sendo
aprimorado e enriquecido com novas ferramentas, além de ter tido
sua atuação ampliada para diferentes contextos além dos das
clínicas-escolas de Psicologia.
Um dos compromissos da clínica da atualidade é com a dimensão
política e social, onde o plantonista deve sempre atuar de acordo
com a realidade e com o meio em que está inserido, isto é,
repensar suas práticas e adequá-las ao contexto onde o plantão
está sendo realizado, sem nunca descolar-se dessa realidade que
se faz presente. (REBOUÇAS; DUTRA, 2010).
Alguns aspectos são fundamentais para o exercício do plantão
psicológico como prática clínica da contemporaneidade, tais como
a sustentação da postura de acolhimento e de investigação quanto
às queixas relatadas, o olhar atento para os três atos que
constituem o plantão, isto é, a chegada do indivíduo, o modo como
ele permanece ao longo da sessão, e sua saída, e, como sempre, a
importância de construir uma relação de confiança.
(BRESCHIGLIARI; JAFELICE, 2015).
Desta forma, a ressignificação do sofrimento e a avaliação dos
recursos disponíveis para o atendimento da demanda psíquica ou
emocional, tanto em relação aos serviços quanto em relação à
estrutura subjetiva do indivíduo, fazem parte do plantão
psicológico. Ele pode ser pensado como um atendimento singular e
único, não somente em seu caráter de duração indefinida, visto
que muitas vezes o profissional só terá um encontro com o sujeito,
mas também no sentido de proporcionar uma abertura a
sentimentos, pensamentos, experiências e situações deste.
(BRESCHIGLIARI; JAFELICE, 2015).
Neste sentido, a saúde mental dos sujeitos está recebendo
cuidados através de um encontro potente. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS, 2019), a saúde mental é fundamental,
portanto, o número de projetos que se baseiam na prática clínica
do plantão psicológico tem aumentado nos últimos anos. Como
exemplo, temos um serviço implementado em 2019, na
cidade de Osório, no Rio Grande do Sul, que possui uma
alta taxa de suicídio e demandas relativas a abuso sexual.
(BITTENCOURT; SANTOS; COSTA, 2019).
A CLÍNICA DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
Os atendimentos na clínica-escola SEPLIN - Serviço de
Atendimento Psicológico da Unicnec de Osório, eram voltados para
a escuta da queixa pontual do paciente, característica desta clínica.
Tal projeto evidenciou a necessidade de implementar novas formas
de atendimento, objetivando atingir, também, pessoas que não
possuem condições de investir em uma psicoterapia particular,
proporcionando bem-estar e amenização de angústias.
(BITTENCOURT; SANTOS; COSTA, 2019).
Assim, a clínica do plantão psicológico tem o intuito de ser um
“pitstop mental”, onde aquele sujeito que chega desorganizado,
angustiado e em sofrimento, tem um momento para pensar e se
organizar, tanto por meio da escuta e de breves intervenções do
plantonista, quanto por meio da escuta do seu próprio discurso.
(BITTENCOURT; SANTOS; COSTA, 2019).
Neste sentido, é importante que o plantonista proporcione um
ambiente “continente”, onde o sujeito se sinta acolhido e seguro
para enfrentar a dor psíquica que lhe aflige, para que, assim,
consiga encontrar meios saudáveis e responsáveis de lidar com
sentimentos, situações, pessoas e memórias que estão sendo
dolorosas naquele momento específico. (MONDRZAK, 2015).
A função continente é um processo ativo que pode ser definido
como a capacidade do profissional de conter as necessidades, as
angústias e a demanda daquele que se põe diante dele, acolhendo-
o e aceitando-o sem julgamentos. É recebê-lo como ele vier,
percebê-lo em sua frente, escutá-lo em seu sofrimento e fazê-lo
refletir sobre suas queixas manifestas e latentes. (ZIMERMAN,
2005).
Desta forma, é primordial que haja uma responsabilidade ética por
parte dos profissionais, sempre levando em consideração esse
encontro com o outro, com sua subjetividade, seus desejos, seus
medos, dúvidas e anseios. Para isso, é necessário que o plantonista
esteja verdadeiramente aberto ao encontro com o inesperado,
para que, assim, o indivíduo se sinta, de fato, acolhido em sua
demanda. (REBOUÇAS; DUTRA, 2010).
A clínica psicanalítica do plantão psicológico possui peculiaridades
e ferramentas que se farão presente durante os atendimentos.
Podemos citar as comunicações verbal e não-verbal, a associação
livre, a atenção flutuante, a transferência e a contratansferência,
que serão explicitadas a partir de agora.
A CLÍNICA DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO-VERBAL

Como abordado por Zimerman em seu livro "Fundamentos


Psicanalíticos" (1999), em um capítulo dedicado à comunicação
não-verbal na situação psicanalítica, não há como contestar que
aquilo que o ser humano tem de mais primitivo e imperioso é a sua
necessidade de comunicação. Na situação analítica, porém, a
comunicação vai “além das palavras”, portanto, existirão
momentos no processo analítico onde as palavras não darão conta
do que está acontecendo.
Na condição de recém-nascido é estabelecida uma comunicação
recíproca entre a mãe e o bebê, e ninguém mais duvida disto, seja
pela sensorialidade (visão, audição, olfato, tato, paladar), pela
motricidade ou por sensações afetivo-emocionais que um desperta
no outro, especialmente no momento simbiótico e sublime da
amamentação. Uma mãe com uma boa capacidade de comunicação
com o bebê saberá discriminar os diferentes sinais enviados por
ele, como exemplificado pelo autor no ato de chorar (ZIMERMAN,
1999):
Os gritos que o bebê emite são fonemas, ou seja,
sons que servem para descarregar a tensão, porém
ainda não há discriminação entre o grito e o fator
que o excitou (somente as “palavras” designariam
discriminadamente o que estaria-se passando de
doloroso no bebê, o que dará-se bem mais tarde, a
partir da aquisição da capacidade de
“representação-palavra”, no pré-consciente da
criança). (ZIMERMAN, 1999, p. 361).

Assim, a comunicação implica na conjugação de três fatores: a


transmissão, a recepção e, entre ambas, os canais de comunicação,
o que vai determinar as formas distintas de linguagens. Grande
parte dos linguistas acha a divisão “verbal” e “não-verbal”
desnecessária, e até contraproducente, “porquanto todas elas
convergem para um fim maior que é a comunicação.” (ZIMERMAN,
1999, p. 361).
Porém é possível pensar e distinguir as formas de linguagem em
dois grandes grupos: a que se expressa por meio do discurso
verbal, onde a sintaxe das palavras e frases compõem a “fala”; e
outra onde “nem sempre as palavras têm um sentido simbólico e
nem sempre o discurso tem a função de comunicar algo”
(ZIMERMAN, 1999, p. 361), que se manifesta por outras formas,
não-verbais.
A CLÍNICA DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
Zimerman (1999, p. 362) vai elaborar uma subdivisão da linguagem
não-verbal em formas mais específicas de como ela pode
expressar-se, englobando: paraverbal, gestural, corporal,
conductual, metaverbal, oniróide, transverbal e por meio de
efeitos contratransferenciais.
Cada uma dessas formas requer uma escuta especial por parte do
plantonista, e essa escuta vai se estender à escuta da linguagem
“para-verbal”, termo que alude às mensagens que estão ao lado
(“para”) do verbo, onde o emprego da voz tanto pelo indivíduo
quanto pelo plantonista constitui-se como um poderoso indicador
de algo que está sendo transmitido e que vai muito aquém e muito
além das palavras que estão sendo verbalizadas. (ZIMERMAN,
1999).

A ESCUTA DO CORPO
O corpo fala! Basta a observação de como o bebê
comunica-se com a sua mãe para comprovar essa
afirmativa. As descobertas de Freud (1923, p. 238)
quando diz que “o ego, antes de tudo, é corporal” foram
importantes para atentarmo-nos a leitura das mensagens
emitidas pelo corpo.
Pode-se considerar, no mínimo, cinco canais de
comunicação advindos do corpo:

A imagem corporal (exemplos: o sujeito tem sintomas de


despersonalização?, Julga-se gordo mesmo sendo magro ou vice-
versa?)
Cuidados corporais (vestimentas, penteados, saúde física e etc.)
Conversões
Hipocondria (manifestações de sintomas físicos, erráticos, sem
respaldo em uma real afecção orgânica)
Somatizações (termo que alude a uma conflitiva psíquica que
determina uma afecção orgânica)
(ZIMERMAN, 1999, p. 364)
A CLÍNICA DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO

A ESCUTA DA LINGUAGEM METAVERBAL


Por linguagem metaverbal entende-se aquela
comunicação que opera de forma simultânea em dois
níveis diferentes, os quais podem ser contraditórios entre
si. Um exemplo banal disso pode ser o de uma pessoa que
comunica algo com o verbo, ao mesmo tempo em que
com uma pisadela furtiva e anuladora ele comunica a um
terceiro que nada do que ele está dizendo tem validade e
que a sua mensagem é outra, oposta.

(ZIMERMAN, 1999, p. 365)

A ESCUTA DA LINGUAGEM ONIRÓIDE


Neste caso, a linguagem se processa por meio de imagens
visuais, às vezes podendo ser verbalizadas e outras vezes,
não, podendo até mesmo adquirir uma dimensão mística.
As manifestações mais correntes deste tipo de linguagem
na prática analítica consistem no surgimento de
devaneios, fenômenos alucinatórios e sonhos.

(ZIMERMAN, 1999, p. 365)

A ESCUTA DA CONDUTA
Sem levar em conta os aspectos da rotineira
conduta do indivíduo na sua família, trabalho ou
sociedade, e tampouco as particularidades de sua
assiduidade, pontualidade e o modo de conduzir-se
em relação ao seu atendimento, o que mais importa
levar em conta em relação à linguagem conductual é
aquela que está expressa no fenômeno dos actings.

(ZIMERMAN, 1999, p. 365)


A CLÍNICA DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO

A ESCUTA DOS EFEITOS


CONTRATRANSFERENCIAIS
Descontando os evidentes exageros que alguns analistas
cometem de virtualmente reduzir tudo o que eles
sentem, sendo oriundos das projeções transferenciais do
sujeito (e com isso eludem a possibilidade de perceber
que os sentimentos despertados podem provir
unicamente do próprio analista), a verdade é que o
sentimento contratransferencial é um importante veículo
de uma comunicação primitiva, que o paciente não
consegue expressar pela linguagem verbal.

(ZIMERMAN, 1999, p. 366)

A ESCUTA INTUITIVA
Na transição entre os níveis pré-verbais e o verbal-lógico
situam-se as linguagens metafóricas, como da poesia,
música, devaneios imaginativos, mitos, sentimentos
inefáveis e etc. Então Freud (1916) vai dizer, por meio da
sua recomendação técnica, que o psicanalista deveria
“cegar-se artificialmente para poder ver melhor”, e
trabalhar em um estado de “atenção flutuante”.

(ZIMERMAN, 1999, p. 366)

Todas as subdivisões acima são extratos da produção teórica do


autor, Zimerman (1999), que melhor explana esses conceitos de
escutas e outras informações sobre a comunicação não-verbal no
capítulo específico do livro. Todos estes conteúdos agregam em
muito na pratica analítica como ferramenta fundante do fazer
analítico, e, no contexto de plantão, caberá aos profissionais da
atualidade fazer as adaptações necessárias.
A CLÍNICA DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
ASSOCIAÇÃO LIVRE
A associação livre, ou “livre associação de ideias” é intitulada por
Freud como a regra fundamental da psicanálise, e nela temos a
solicitação e estimulação por parte do plantonista para que o
indivíduo fale o que vier à sua mente, sem censuras, sem classificar
algo como irrelevante ou desnecessário. Essa técnica deve ser
entendida não como uma obrigação, mas como um direito à
liberdade que o sujeito tem para verbalizar, ou não, tudo o que lhe
ocorrer à mente. (MABILDE, 2015; ZIMERMAN, 2004).
Vale mencionar que, desde a gênese da psicanálise no século XIX
com Sigmund Freud, diversas mudanças ocorreram no mundo,
incluindo a globalização citada anteriormente, o que contribuiu
para as transformações no perfil do indivíduo que busca
atendimento psicológico, do profissional que se coloca na posição
de escuta e acolhimento, e também do próprio processo analítico.
(ZIMERMAN, 2005).
Assim como o plantão psicológico é uma modalidade
contemporânea, outros elementos mudaram com o passar do
tempo e, com isso, novos fundamentos foram sendo acrescidos à
clínica psicanalítica. Mesmo que a associação livre continue sendo
essencial para o desenvolvimento da análise, há uma maior
flexibilidade de comunicação entre a dupla, possibilitando o
surgimento de investigações não só da linguagem verbal, que se
limita às palavras, mas também de uma linguagem não verbal, o
que amplia as possibilidades de atuação. (ZIMERMAN, 2005).
A característica que melhor define a
associação livre é a espontaneidade de
pensamentos, relatando-os
independentemente de possíveis
inibições que possam surgir por parte
do indivíduo. É tida como fundamental,
pois é impossível estabelecer um
encontro analítico sem contínuas
verbalizações que possibilitem o acesso
a conteúdos inconscientes (ZIMERMAN,
2005), isto porque as associações levam
aos materiais reprimidos, retirados da
consciência por serem dolorosos,
sendo, portanto, uma das vias de acesso
ao inconsciente. (MABILDE, 2015).
A CLÍNICA DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
Caso o sujeito apresente dificuldade em associar livremente, cabe
ao profissional se empenhar para assegurar que o discurso
continue em movimento, isto é, que os acontecimentos e seus
detalhes continuem sendo contados através da fala. Se houver a
tentativa de contornar alguns assuntos considerados
desagradáveis, é importante que se reitere a importância da fala e
do setting como um local seguro e livre de julgamentos. (FINK,
2015).
De fato, o indivíduo continua livre para verbalizar o que quiser,
visto que não é obrigado a revelar nada que ainda não esteja
pronto para lidar. Portanto, não é atributo do plantonista forçar a
associação livre, pelo contrário, isto é algo que deve se originar de
dentro para fora da pessoa, cabendo ao profissional agir de forma
a encorajá-la a falar sobre as questões que considera dolorosas ou
difíceis, para que não sejam evitadas por tempo indeterminado.
(FINK, 2015).

ATENÇÃO FLUTUANTE
Fink (2015) inicia seu tópico sobre a atenção flutuante com
uma passagem de Freud (1912/1958, p. 112):

Tão logo alguém deliberadamente concentre sua


atenção até certo ponto, ele começa a selecionar o
material diante dele; um ponto ficará em sua
mente com uma clareza particular, e outros
desconsiderados, e ao fazer esta seleção, ele
estará seguindo suas expectativas ou inclinações.
Entretanto, isso é rigorosamente o que não deve
ser feito. Ao selecionar, se ele segue suas
expectativas, corre o risco de nunca encontrar
nada além daquilo que já conhece. (FREUD,
1912/1958, p. 112).

Qual deve ser a escuta do psicólogo para que o atendimento no


plantão psicológico seja um encontro analítico? Como salientou
Freud, é imprescindível ouvir aquilo que surpreenderá pelo
ineditismo, algo do inconsciente que emergirá revelando o sujeito
barrado, que pertencerá só àquela sessão, e que só poderá ser
ouvido se houver, por parte do psicólogo, uma atenção flutuante,
uma atenção totalmente suspensa, para pescar o que só aparecerá
nas associações livres do paciente.
A CLÍNICA DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
A atenção flutuante é o que nos possibilita ouvir o que é novo e
diferente naquilo que o paciente diz, ao contrário de simplesmente
ouvir o que queremos ouvir, ou o que de antemão esperamos ouvir
ou racionalizamos da sua fala. Ou seja, será vital desenvolver a
prática dessa atenção flutuante, que não é nada fácil de se
sustentar, na tentativa de reconhecer a alteridade, as diferenças
do outro com as nossas. (FINK, 2015).
Mas, o que é exatamente a atenção flutuante? Não é aquele tipo
de atenção que ficará presa a uma certa afirmação do paciente,
para daí ligá-la a outras afirmações, analisá-la ou tirar conclusões.

É uma atenção que compreende no mínimo um


nível de significado e consegue ouvir todas as
palavras e a maneira como são pronunciadas,
incluindo velocidade, volume, entonação, emoção,
deslize, hesitação, e assim por diante. (FINK, 2015,
p. 20).

Ela é capaz de perceber o significado oculto, que quando indicado


deixa o eu do paciente descadeirado, diante dessa fala por detrás
de todo blábláblá desinteressante, revelando o saber que o
paciente sabe sem saber que sabe.
É ouvir sem querer entender, pois a psicanálise não se aterá ao
discurso de sempre, o discurso manifesto, explicado, cadenciado,
justificante da vida. A ideia é que um de seus ouvidos torne-se
surdo, enquanto o outro fique atento, para ouvir os lapsos, os
paralelismos, os esquecimentos, os contrapés da fala, o que
desconserta o paciente, levando-o de imediato a corrigir, o
discurso latente que virá à tona como lava de um vulcão em
erupção. (FINK, 2015).
Nessa hora o atendimento evoluirá para um encontro analítico que
levará o paciente o ver o que se foge uma vida inteira, e perceber
que há algo camuflado que sobredetermina sua escolhas, seu
modo de reagir às circunstâncias, seu caráter, como um descortinar
de um novo de possibilidades para a vida. Um pontapé inicial
dentro de um processo analítico a ser buscado, um desejo que o
empurrará nessa busca de si mesmo e tratamento do seu sintoma.
A CLÍNICA DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA
A transferência se dá pela junção da disposição inata do indivíduo
com as influências sofridas no decorrer dos primeiros anos de vida
do mesmo, que ele carrega, muitas vezes, para a vida adulta,
fazendo uma reprodução de características aprendidas por ele
durante esse percurso. (FINK, 2015).
O profissional, em alguns momentos do
atendimento, remete o sujeito ao
passado, o fazendo lembrar de
características, como cheiro, traços,
como parte do tratamento. A
transferência está presente na vida de
todos nós. (FINK, 2015).
Dentre os tipos de transferência,
podemos citar:

TRANSFERÊNCIA POSITIVA

É quando o paciente se sente ligado ao analista por algum tipo de


admiração que não atrapalhe a terapia.

TRANSFERÊNCIA NEGATIVA

É quando há sentimentos hostis por parte do paciente para com o


analista.

(ZIMERMAN, 1999, p. 366)


A CLÍNICA DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
TRANSFERÊNCIA EXCESSIVAMENTE POSITIVA

É quando o paciente admira, podendo ser início de uma a


transferência de amor.

Com relação a tratativa do plantonista para


com o paciente deve-se ter em mente que
estamos entrando no inconsciente (FREUD,
1912), como se fosse uma história
imaginária que para aquele indivíduo é real,
e a maneira como conduziremos essa
relação é o que de fato fará a diferença
nesse tratamento, devemos estar atentos
para qual o nível de transferência esse
paciente está trazendo para o consultório e
a partir daí conduzirmos da melhor maneira
possível.
A partir do momento em que vamos desenvolvendo um trabalho
contra a resistência, com a condução da transferência de forma
positiva, vamos contribuindo para o desenvolvimento do paciente,
já que a transferência causa a resistência, porém quando esta é
vencida a superação das outras partes do complexo se dá de
maneira um pouco mais tranquila. (FREUD, 1912).
O amor transferencial já vem com o paciente e a partir daí se
desenvolve a relação de confiança entre psicanalista e paciente, e
conforme vai evoluindo a terapia vamos passando por diversas
fases que faz parte do processo de transferência. (FREUD, 1912).
Uma delas refere-se à contratransferência, que são os
sentimentos advindos do plantonista para com o
indivíduo atendido. Eles podem ser conscientes ou
inconscientes e são "respostas" ao material trazido
para o atendimento. Para que a contratransferência
seja bem utilizada, proporcionando avanços no
tratamento, o profissional precisa estar atento e não
deixar que seus afetos pessoais atrapalhem o
processo. (EIZIRIK; LIBERMANN; COSTA, 2008).
O SETTING DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
Dado o seu caráter breve e pontual, o setting do plantão
psicológico não é o habitual que encontramos em um contexto
psicoterapêutico ou analítico. O setting, ou enquadre, pode ser
definido como os procedimentos que organizam e normatizam
o encontro analítico, ou seja, as regras, as atitudes e as
combinações contidas no contrato. (ZIMERMAN, 1999).
No contexto de plantão psicológico, a norma principal é a de
ser um atendimento feito em um único ou poucos encontros.
No Serviço de Psicologia da UNISUAM, o atendimento nesta
modalidade pode ser estendido até no máximo 5 encontros de
40 minutos, uma vez por semana.
Diferentemente de uma psicoterapia ou análise, cada uma a
sua maneira e com ferramentas diferenciadas, cuja proposta é
um tratamento mais longo e onde os detalhes são examinados
de forma profunda, a proposta do plantão não tem o intuito de
resolver completamente as questões trazidas, mas
proporcionar um momento de escuta e compreensão do
sofrimento relatado. (REBOUÇAS; DUTRA, 2010).
Assim, segundo Januario e Tafuri (2011), Winnicott irá falar
sobre a importância do papel do profissional para além da
clássica interpretação. O autor também se atenta ao setting e
o considera essencial na clínica psicanalítica, onde, para ele, é
necessário proporcionar um “ambiente suficientemente bom”,
com o intuito de cooperar no processo estabelecido entre a
dupla, processo este em que o sujeito possui seu próprio ritmo
e caminha conforme deseja.
Neste sentido, Winnicott elabora três variedades de clínica,
baseando-se nos tipos de sofrimento decorrentes de
momentos distintos de falhas no processo maturacional, que
vão demandar trabalhos clínicos diferenciados e singulares
para cada caso. (JANUARIO; TAFURI, 2011).
O SETTING DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
A primeira variedade trata de indivíduos “que funcionam como
pessoas inteiras e às dificuldades que se localizam no âmbito
dos relacionamentos interpessoais” (JANUARIO; TAFURI, 2011,
p. 262). Neste tipo de clínica, a técnica é a desenvolvida por
Freud, onde se tem o setting clássico, cuja ferramenta básica
será a interpretação da transferência objetivando trazer à
consciência o material inconsciente recalcado. (JANUARIO;
TAFURI, 2011).
A segunda não diferencia-se na técnica da primeira, porém
novos problemas irão surgir com relação ao manejo. Esta
refere-se ao trabalho com sujeitos:

que começaram a se integrar, mas que ainda não


conquistaram a estabilidade no seu sentido de
unidade. A análise, nesse caso, tem a ver não só
com a aquisição desta unidade, como também à
junção do amor e do ódio e ao reconhecimento da
dependência. O elemento mais importante aqui é
a sobrevivência do analista na condição do fator
dinâmico. (JANUARIO; TAFURI, 2011, p. 262).

Já a terceira clínica:

relaciona-se a estágios iniciais do desenvolvimento


emocional e a períodos anteriores ao
estabelecimento da personalidade como uma
entidade. A estrutura pessoal ainda não está
integrada e é anterior à aquisição da unidade
pessoal em termos de espaço e tempo.
(JANUARIO; TAFURI, 2011, p. 262).

Esta demandará o manejo clínico e o estabelecimento do


setting, e tem como característica uma complexa organização
de holding que permite a regressão à dependência, mesmo que
não recorra, necessariamente, à interpretação. (JANUARIO;
TAFURI, 2011).
O SETTING DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
Para o setting analítico, assim como para o setting do plantão
psicológico, a noção de holding da teoria winnicottiana será de
extrema importância para o manejo clínico. O holding pode ser
entendido como a sustentação de determinadas experiências
trazidas pelo sujeito, ou seja, é a oferta de um ambiente que
permite o processo de integração necessário ao indivíduo.
(JANUARIO; TAFURI, 2011).
Os sentimentos agonizantes que são relatados e
experienciados, na presença do holding, poderão
ser transformados em experiências positivas, o que
faz que seja uma ferramenta que possibilita “ao
indivíduo a confiança na realidade e nos contatos
humanos.” (JANUARIO; TAFURI, 2011, p. 263).
O holding pode ser relacionado com a compreensão profunda
do sofrimento relatado e também a expressão de que está
havendo esta compreensão, por meio, por exemplo, de uma
interpretação correta, fazendo, assim, com que o sujeito se
sinta sustentado pelo plantonista. (JANUARIO; TAFURI, 2011).
O setting, neste caso, a atenção do profissional e o trabalho
interpretativo, cria o ambiente de holding que acolhe as
necessidades físicas e psicológicas daquele que nos procura. A
criação deste ambiente suscitará “estabilidade, confiança e
esperança para que o paciente possa vir a se constituir como
sujeito.” (JANUARIO; TAFURI, 2011, p. 264).
Uma vez que o holding foi estabelecido e o sujeito já confia no
profissional, a regressão à dependência pode acorrer dentro
do contexto dessa relação transferencial. Ela pode ser
entendida como uma parte do processo onde o sujeito regride
a um momento de sua vida onde existiu uma falha ambiental,
que poderá ser revivida no setting, já que este possibilita uma
adaptação adequada no intuito de corrigir a inadequada.
(JANUARIO; TAFURI, 2011).
O SETTING DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
O ambiente objetiva atender à necessidade do indivíduo de
retornar à situação inicial, que seriam os estágios mais
precoces da infância, onde houve um fracasso ambiental,
intencionando possibilitar a experiência de provisão ambiental
adequada. Assim, Winnicott acredita que em um tratamento
bem-sucedido, o sujeito precisará “pôr em cena o trauma ou
esse fracasso ambiental.” (JANUARIO; TAFURI, 2011, p. 266).
A regressão à dependência proporciona o alcance de pontos do
desenvolvimento emocional da pessoa, onde estão
cristalizadas experiências dolorosas que irão ser reveladas,
presenciadas e testemunhadas na relação de transferência que
se instalou com o profissional. Assim, a análise reativa um
momento de dependência onde o analista estará no papel de
“fracasso”, transformando-se nos pais/ambiente falhos.
(JANUARIO; TAFURI, 2011).
Desta forma, a falha do profissional será essencial para o
processo, pois possibilitará que o indivíduo experiencie os
afetos envoltos na situação em questão. Não obstante, é um
trabalho que exige muito do analista, pois o mesmo deve ser
sensível às necessidades do sujeito e fornecer um ambiente
que dê conta de tais necessidades, possibilitando que haja o
surgimento, por parte do paciente, de raiva das falhas
ambientais que foram prejudiciais para o seu desenvolvimento.
(JANUARIO; TAFURI, 2011).
Por fim, outra função do profissional é ser como um objeto a
ser usado, já que o indivíduo também o usa criativamente, não
permanecendo apenas na esfera transferencial:

Na ausência de um “ambiente suficientemente


bom”, o bebê pode não adquirir a capacidade de
usar objetos. Quando isso ocorre, o papel do
analista é, então, o de fornecer um ambiente
holding que possibilite à criança/paciente o
desenvolvimento da capacidade de usar o analista,
passando, assim, da relação ao uso do analista.
(JANUARIO; TAFURI, 2011, p. 269).
O SETTING DO PLANTÃO
PSICOLÓGICO
Quando essa capacidade de usar objetos é desenvolvida no
setting, o analista deve funcionar como “mãe suficientemente
boa”, permitindo que o sujeito canalize sua agressividade
sendo o alvo desta e sobrevivendo a tal dinâmica. Essa
sobrevivência, que é expressa principalmente na manutenção
do setting analítico, vai permitir ao paciente o
desenvolvimento de sua capacidade de usar objetos.
(JANUARIO; TAFURI, 2011).

Em última análise, é importante salientar que o plantão


psicológico não tem o intuito de ser um processo analítico, isto
é, sem tempo delimitado, de longa duração e onde as questões
do sujeito são trabalhadas de forma mais extensa e
aprofundada.
O plantão não substitui psicoterapia ou análise, ele é um
serviço emergencial para lidar com queixas pontuais trazidas
pelo indivíduo. Assim, o plantonista fará os devidos
encaminhamentos caso seja necessário uma maior investigação
e um tratamento mais singular.
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS

Pensando a sua prática, o plantão não se exime das regras e


punições do Conselho Federal de Psicologia, que traz orientações
sobre a elaboração de documentos escritos produzidos pela(o)
psicóloga(o) no exercício profissional, com o intuito de garantir
maior uniformidade e qualidade na produção documental. (CFP,
2019).
Considerando a complexidade presente em nosso exercício
profissional, a Resolução do CFP n.º 06/2019 foi pensada com o
objetivo de ampliar o leque de documentos psicológicos
decorrentes do exercício profissional nos mais variados campos de
atuação, o que abarca o serviço de plantão psicológico, fornecendo
subsídios éticos e técnicos necessários para uma elaboração
qualificada de documentos escritos. (CFP, 2019).
A Resolução é de grande
importância para a categoria
profissional, pois orienta e destaca
a responsabilidade da(o)
psicóloga(o) ao produzir
documentos psicológicos, tais como
Declaração, Atestado Psicológico,
Relatório (Psicológico e
Multiprofissional), Laudo
Psicológico e Parecer Psicológico.

Art. 9.º: Documento escrito que tem por finalidade


registrar, de forma objetiva e sucinta, informações sobre a
DECLARAÇÃO

prestação de serviço realizado ou em realização,


abrangendo as seguinte informações:
Comparecimento da pessoa atendida e seu(sua)
acompanhante
Acompanhamento psicológico realizado ou em
realização
Informações sobre tempo de acompanhamento, dias e
horários
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS
PSICOLÓGICO

Art. 10: Documento que certifica,


ATESTADO

com fundamento em um diagnóstico


psicológico, uma determinada
situação, estado ou funcionamento
psicológico, com a finalidade de
afirmar as condições psicológicas de
quem, por requerimento, o solicita.

Art. 11: Documento que, por meio de uma exposição


escrita, descritiva e circunstanciada, considera os
PSICOLÓGICO

condicionantes históricos e sociais da pessoa, grupo ou


RELATÓRIO

instituição atendida, podendo também ter caráter


informativo.
Visa a comunicar a atuação profissional da(o) psicóloga(o)
em diferentes processos de trabalho já desenvolvidos ou
em desenvolvimento, podendo gerar orientações,
recomendações, encaminhamentos e intervenções
pertinentes à situação descrita no documento, não tendo
como finalidade produzir diagnóstico psicológico.

Art. 12: Documento resultante da atuação da(o)


MULTIPROFISSIONAL

psicóloga(o) em contexto multiprofissional, podendo ser


produzido em conjunto com profissionais de outras áreas,
preservando-se a autonomia e a ética profissional dos
RELATÓRIO

envolvidos
É composto de cinco itens:
Identificação
Descrição da demanda
Procedimento
Análise
Conclusão
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS

Art. 13: Documento que resulta de um processo de


avaliação psicológica, com finalidade de subsidiar decisões
relacionadas ao contexto em que surgiu a demanda.
Apresenta informações técnicas e científicas dos
PSICOLÓGICO

fenômenos psicológicos, considerando os condicionantes


históricos e sociais da pessoa, grupo ou instituição
LAUDO

atendida
É composto de seis itens:
Identificação
Descrição da demanda
Procedimento
Análise
Conclusão
Referências

Art. 14: Documento que é um pronunciamento por escrito,


tendo como finalidade apresentar uma análise técnica,
PSICOLÓGICO

respondendo a uma questão-problema do campo


PARECER

psicológico ou a documentos psicológicos questionados.


É composto de cinco itens:
Identificação
Descrição da demanda
Análise
Conclusão
Referências

Foram feitos recortes da Resolução do CFP n.º 06/2019 (CFP,


2019), e para ter acesso à essas informações e orientações em
detalhes, é recomendada a leitura da Resolução nas plataformas
do CFP, onde pode-se baixar o conteúdo na íntegra.
Este e-book tem como finalidade fomentar o assunto e mostrar a
importância de estarmos atentos aos manuais, às resoluções e,
neste caso, às estruturas dos documentos. Tudo isso norteia nossa
profissão, em qualquer contexto e modalidade de atuação, o que
também inclui a prática clínica do plantão psicológico.
REFLEXÕES FINAIS
A questão é: como a clínica psicanalítica pode se adequar no
modelo de um plantão psicológico e ser efetivamente terapêutica?
Com certeza, a psicoterapia com seu autoengano das hipóteses
diagnósticas descritas numa simplória ficha de triagem, um apelo à
sua vocação de guru adivinhão, bem como com sua necessidade
compulsiva de diagnosticar, de descrever o psiquismo do paciente
e aplicar-lhe seu saber pseudo-erudito travestido de fórmulas e
soluções mágicas, será bem-vinda e até crerá em milagres.
A clínica da psicanálise, entretanto, com todas as suas exigências
de teoria e prática analíticas, precisará adequar-se, sem fugir de
sua excepcionalidade única. Se, por um lado, o plantão psicológico
se configura como uma intervenção que parte de um referencial
humanista, abordagem teórica ainda predominante na literatura
sobre o tema, a suposição de um plantão psicanalítico não poderá
abrir mão da associação livre, da escuta analítica, da atenção
flutuante e do amor de transferência, mesmo que fugaz e à
primeira vista.
Eis o desafio da clínica psicanalítica no plantão psicológico:
ser um atendimento pontual com o intuito de acolher e
também fornecer certo esclarecimento acerca da demanda
do sujeito, e, assim, abrir uma janela pra que adentre a brisa
que refresca num dia de sol efervescente.
Nesta perspectiva, o plantonista se deparará com:

a escuta do inesperado, do inconsciente que


insiste para que seja ouvido. Espera-se, assim, que,
ao mesmo tempo em que é escutado, o próprio
sujeito que fala se ouça e que esta escuta possa,
de alguma forma, contribuir para que ele se
. reposicione ou ressignifique o motivo que o fez
procurar o atendimento (DAHER, 2017, p. 147)

sem focar no sintoma em si, mas nas múltiplas


potencialidades como sujeito.
REFLEXÕES FINAIS
A consciência e o rigor, faltantes ao apressado psicólogo, ávido por
oferecer uma resposta, um caminho, mesmo que mequetrefe, será
o norte da clínica psicanalítica, que sabe do risco de despir o sujeito
do seu sintoma, como quem arranca o paletó sujo de um bêbado
para lhe fazer aparentemente melhor. Melhor, para quem? Há de
se ter o cuidado e a sensibilidade de um jardineiro de orquídeas,
que pesa cada corte com maestria e técnica apuradas.
Não que a psicanálise possa se furtar à especialidade de um
plantão psicológico, não que uma escuta assertiva seja impossível,
mesmo que única, mas articular o arcabouço teórico-clínico com
essa nova modalidade atual de atendimento será imprescindível,
sob pena de perder-se de si mesmo, de corromper visceralmente
sua natureza de não saber e de se ver transformado num mero
operador da psicologia que, mesmo com riso de nojo, diz valer-se
do ferramental psicanalítico, seja lá o que isso for.
O plantão psicológico de uma escuta analítica, ou plantão
psicanalítico, será a busca da pessoa por uma resposta para
sua angústia, e o desejo de saber o que acredita que o
psicanalista sabe e poderá elucidar, não das suas incontáveis
dúvidas, mas da sua dor, como quem desata o cadarço
apertado de um sapato molhado que agonia.
Tudo isso será a base do amor transferencial relâmpago,
como um apaixonar-se instantâneo e visceral, uma noite de
verão. Porém, não somente isso, mas sustentar um
encantamento, um brilho no olhar do analista, uma voz
sensível à dor, uma posição de objeto do desejo de, neste
caso, um paciente de uma consulta só.
Por isso, a ética da psicanálise, mesmo no plantão
psicanalítico, será a ética do desejo, que não visa o
bem-estar do sujeito, como um fim em si, reconhece o
falante como marcado, desde sua origem, pelo
desamparo e pela incompletude, e que, na escuta
analítica daquele encontro único, poderá tocar o seu
enigma de desejo, num labor essencialmente
atravessado pela singularidade daquele momento.
REFLEXÕES FINAIS

E a escuta do significante, da pérola de grande valor, é a chave para


descortinar o oculto diante dos olhos pasmos de quando se ouve o
sujeito, de quando se ouve o saber que se sabe sem saber que se
sabe, e fazer, pelo advento de escutar a si mesmo, diante de sua
demanda, e no apontar do analista de plantão, a vida andar. Sem
receitas performáticas que só obsessivam as pessoas, sem mais
uma sugestãozinha que durará só até a próxima esquina, mas sim
aquilo que será o primeiro degrau para a possibilidade de uma
mudança real a ser desejada.
O plantão psicológico é uma prática clínica da contemporaneidade
necessária, um novo espaço de escuta a alguém que, na correria do
modo de vida capitalista da pós-modernidade, apresenta sua
demanda psíquica, um pedido de socorro, que desvela um
momento ímpar para o sujeito, talvez pela primeira vez em sua
vida, ressignificar seus sintomas, seus modos de ser e estar no
mundo, sua angústia e sua dor.
Sim, o plantão psicológico pode ser um encontro analítico.
Talvez seja essa a forma ideal de se ver o plantão psicológico
na clínica psicanalítica: a capacidade de um encontro
analítico e seu consequente descortinar de possibilidades.
Tudo muito rápido, muito fugaz, mas, nem por isso, menos
impactante.
Falar sobre o sofrimento é essencial e, no contexto de
plantão, mesmo que seja um encontro pontual, ele pode ser
amenizado através da escuta ativa do plantonista e
ressignificado a partir das elaborações feitas. Ou não é
verdade que basta uma palavra, a palavra, para todo o livro
se abrir?
REFERÊNCIAS

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profissional em plantão psicológico
a partir da escuta psicanalítica

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