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FACULDADE ANHANGUERA DE MACAPÁ - FAMA

THAYS EVANGELISTA DA SILVA CARDOSO

CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO ABANDONO AFETIVO

MACAPÁ
2023
THAYS EVANGELISTA DA SILVA CARDOSO

CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO ABANDONO AFETIVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


FACULDADE ANHANGUERA DE MACAPÁ – FAMA
como requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Direito.

Orientador: Diana Alexandria

MACAPÁ
2023
THAYS EVANGELISTA DA SILVA CARDOSO

CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO ABANDONO AFETIVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à FACULDADE ANHANGUERA DE MACAPÁ –
FAMA como requisito parcial para a obtenção
do título de graduado em Direito.

BANCA EXAMINADORA

Prof. (a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof.(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof.(a). Titulação Nome do Professor(a)

Macapá, __de ________ de 2023.


Ao meu esposo pela oportunidade e
incentivo,

À minha mãe, meu exemplo diário de


determinação, minha maior incentivadora
e amiga, fonte de todo o meu amor, meu
paradigma feminino,

Ao meu pai, por ter sido o oposto dos pais


estudados neste trabalho, sempre
presente em minha vida através de seu
amor,

Aos meus quatro queridos filhos,


verdadeiros alicerces da minha vida,

Aos professores pela paciência e


conhecimento transmitido.
Amar é faculdade, cuidar é dever.
(Ministra Nancy Andrighi – STJ)
CARDOSO, Thays Evangelista da Silva. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO
ABANDONO AFETIVO. 2023. 33 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Direito) – Faculdade Anhanguera de Macapá – FAMA, Macapá,
2023.

RESUMO

O presente trabalho tem como problemática e objetivo, identificar as consequências


jurídicas oriundas do abandono afetivo. Nesse prisma, o estudo foi inicialmente
focado na evolução histórica da família, justamente no cenário onde muitas vezes
ocorre o ilícito. Ainda na parte inicial foram analisados os princípios norteadores da
família e o estatuto da criança e do adolescente, como fontes que asseguram os
diretos dos menores de idade. Em seguida, a pesquisa voltou-se para o abandono
afetivo em si, abordando primeiramente os pressupostos da Responsabilidade civil,
adentrando posteriormente na Responsabilidade civil frente ao abandono afetivo,
trazendo conceito e possíveis consequências dessa atitude ilícita causada às
crianças e / ou adolescentes. Por fim, a grande indagação que permeia o estudo é o
direito de indenização por parte daqueles que sofrem com o abandono afetivo dos
dois ou somente um dos genitores, ou seja, passou-se a explorar a possibilidade de
indenização por tal ato ilícito, como efeito jurídico advindo do abandono, trazendo
decisões jurisprudenciais que demonstram a possibilidade da reparação civil.

Palavras-chave: Direitos dos menores. Responsabilidade civil. Abandono afetivo.


Evolução familiar. Reparação civil.
CARDOSO, Thays Evangelista da Silva. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO
ABANDONO AFETIVO. 2023. 33 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Direito) – Faculdade Anhanguera de Macapá – FAMA, Macapá,
2023.

ABSTRACT

El presente trabajo tiene como objetivo identificar las consecuencias jurídicas


derivadas del abandono afectivo. Desde esta perspectiva, el estudio se centró
inicialmente en la evolución histórica de la familia, precisamente en el escenario en
el que suelen producirse actos ilícitos. También en la parte inicial se analizaron los
principios rectores de la familia y el estatuto del niño, niña y adolescente, como
fuentes que garantizan los derechos de los menores. Luego, la investigación se
centró en el abandono afectivo propiamente dicho, abordando primero los supuestos
de Responsabilidad Civil, posteriormente ingresando a la Responsabilidad Civil
frente al abandono afectivo, trayendo el concepto y las posibles consecuencias de
esta actitud ilícita provocada a niños, niñas y/o adolescentes. Finalmente, la gran
pregunta que permea el estudio es el derecho a la indemnización por parte de
quienes sufren el abandono emocional de ambos o solo de uno de los progenitores,
es decir, se exploró la posibilidad de indemnización por tal acto ilícito, como efecto
jurídico derivado del abandono, trayendo decisiones jurisprudenciales que
demuestran la posibilidad de reparación civil.
Palabras clave: Derechos de los menores de edad. Responsabilidad. Abandono
afectivo. Evolución familiar. Reparación civil.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................09
2. BREVE RELATO – EVOLUÇÃO DO PODER FAMILIAR.....................................11
2.1 Princípios constitucionais...............................................................................14
2.1.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana...........................................15
2.1.2 Princípio do melhor interesse da criança e do adolescente...................17
2.1.3 Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar..............18
2.1.4 Princípio da solidariedade familiar..........................................................18
2.1.5 Princípio da convivência
familiar.............................................................19
2.1.6 Princípio da boa-fé
objetiva.....................................................................21
2.1.7 Princípio da proteção integral a crianças, adolescentes e jovens..........22
2.2 Estatuto da criança e do
adolescente.............................................................23
3. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL...........................................26
3.1 Elementos caracterizadores da responsabilidade civil...................................27
3.1.1 Conduta humana (Ação ou omissão do
agente) .....................................27
3.1.2 Culpa ou dolo do
agente..........................................................................27
3.1.3 Nexo de causalidade...............................................................................28
3.1.4 Dano........................................................................................................29
3.2 Responsabilidade civil no abandono
afetivo...................................................30
4. INDENIZAÇÃO POR ABANDONO AFETIVO.......................................................33
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................38
REFERÊNCIAS..........................................................................................................39
1. INTRODUÇÃO

A priori, a título de conceito e de forma bem resumida, torna-se necessário


expor a definição do ABANDONO AFETIVO com ênfase em dois fatores comuns: a
faculdade de amar e o dever de cuidar, o que permite chegar à definição de que ele
é o afastamento voluntário e injustificado de um ou ambos os genitores.
A tratativa da temática sobre Abandono Afetivo está se tornando cada vez
mais comum nos Tribunais, pois, não é somente responsabilidade da Família, como
também é de suma importância que o poder Judiciário saiba lidar com tal situação
dentro da evolução Familiar tendo em vista que o Poder Familiar conquistou
significado além do específico de cada lar, incorporado por uma lei mais severa que
determina direitos e deveres pertinentes aos genitores e filhos.
A negligência emocional e psicológica de um genitor em relação ao filho é
chamada de abandono afetivo, e consequentemente pode causar problemas
psicológicos significativos no futuro da criança. Isso é uma questão legalmente séria
que encontra possibilidade de danos morais, caso seja comprovado o dano
emocional, psicológico e ou material. Assim, a evolução desse tema vem gerando
um remédio, a longo prazo, para a sociedade, pois, de fato, o judiciário não obriga
os pais a amarem seus filhos, mas determina o dever de cuidar que uma vez
descumprido pode gerar indenização como medida de coerção imposta ao causador
do dano.
É nítido que o afeto dos genitores influencia não apenas no temperamento e
a personalidade da criança, mas também revela grande impacto no crescimento
cognitivo. Diante disso, surgem as duas perguntas que norteiam este estudo: O que
ocorre quando o vínculo afetivo entre um ou ambos genitores e filhos é cortado
precocemente ou nunca foi estabelecido? Aos filhos desamparados afetivamente,
caberia a indenização por não ter tido a presença de um ou ambos os genitores
durante seu desenvolvimento enquanto seres humanos dotados de direitos?
Para tanto, a presente pesquisa está estruturada em três grandes capítulos,
a saber: o primeiro tratando especificamente de um breve relato sobre a evolução do
poder familiar, o cenário onde ocorre o abandono afetivo; o segundo dirigido aos
pressupostos da responsabilidade civil a fim de esclarecer os deveres pertinentes
aos genitores; e o terceiro, finalmente, dedicado à indenização por abandono afetivo,
juntamente com as jurisprudências que norteiam o tema, para integrar os resultados
das pesquisas realizadas separadamente nos itens anteriores, de modo a possibilitar
a resolução do problema a que a pesquisa se propõe.
Neste sentido, o presente trabalho utilizou como método científico a revisão
bibliográfica, um processo de levantamento, análise e descrição de publicações
científicas dentro da área de direito. Assim, o estudo teve como base livros, artigos
científicos, sites e decisões dos tribunais, a fim de esclarecer conceitos e confirmá-
los pela incidência de casos práticos, bem como alguns autores: Maria Berenice
Dias, Giorgia Matos, Flávio Tartuce, Giselda Hironaka, Charles Bicca entre outros
que foram necessários ao longo da produção dessa pesquisa.
2. BREVE RELATO – EVOLUÇÃO DO PODER FAMILIAR.

A família é a sociedade mais antiga que existe e ao longo dos anos vem
assumindo novos conceitos, à medida que recebe influência de cada época, povos,
religiões e políticas.
Nesse sentido, para a melhor compreensão, essa evolução está dividida em
três grandes momentos históricos: família pré-moderna, família moderna e família
contemporânea; todos com suas prioridades e característica, envolvendo
principalmente o papel da criança e do adolescente, bem como a influência dos
genitores em seus desenvolvimentos.
A família pré-moderna, compreendida entre o século XVI ao XVIII, era
extensa ramificada em várias gerações, muitas vezes todos morando na mesma
casa. Nessa época, havia uma pirâmide representativa de poder e respeito, onde a
igreja estava no topo, ou seja, religiosamente Deus era o centro de todo o poder;
socialmente era o rei o ser mais poderoso e na família a autoridade suprema era o
ascendente vivo mais velho, chamado de patria potestas.
Roudinesco afirma que neste modelo de família a célula familiar repousa em
uma ordem do mundo imutável e inteiramente submetida a uma autoridade patriarcal
(Roudinesco, 2003, p. 19). O pai era o líder da família, estando nele o poder e o
dever de controlá-la.
Como visto, a família era totalmente patriarcal, ou seja, o “pai de família”, em
latim pater famílias, exercia sua autoridade máxima sobre seus descendentes não
emancipados, inclusive sua esposa. Já a mulher, por sua vez, era submissa e
desqualificada, ficava confinada ao lar, era excluída dos papéis públicos e das
responsabilidades políticas, administrativas, municipais, corporativas entre outros. A
sua ocupação era limitada aos cuidados domésticos e sua vocação era ser mãe
(reprodutora) e esposa. Esse papel era influenciado pela igreja e pela sociedade
civil.
Nessa época a criança não era diferente dos adultos, pois sua educação era
baseada nos ensinamentos dos mais velhos, bem como sua convivência com
crianças era escassa ou mesmo inexistente. As escolas eram frequentadas apenas
pelos clérigos (sacerdote cristão), portanto, a educação das crianças realizava-se a
partir de atividades domésticas.
Diante disso, AUREA PIMENTEL PEREIRA, descreveu a estrutura da
família neste estágio:
Sob a auctoritas do pater familias, que, como anota Rui Barbosa, era o
sacerdote, o senhor e o magistrado, estavam, portanto, os membros da
primitiva família romana (esposa, filhos, escravos) sobre os quais o pater
exercia os poderes espiritual e temporal, à época unificados. No exercício
do poder temporal, o pater julgava os próprios membros da família, sobre os
quais tinha poder de vida e de morte (jus vitae et necis), agindo, em tais
ocasiões, como verdadeiro magistrado. Como sacerdote, submetia o pater
os membros da família à religião que elegia.

Nota-se nesse lapso temporal que o significado de família estava enraizado


no centro do poder, a igreja católica, que teve grande influência na maioria dos
povos. Aqui, ela pregava o significado “tradicional”, sendo apenas aceito como
família o casamento entre homem e mulher, havendo uma evidente divergência com
relações homoafetivas, sendo somente considerado família a que era firmada em
matrimônio (um vínculo perpétuo entre um homem e uma mulher).
Entretanto, esse cenário mudou após a revolução francesa que trouxe
preceitos de liberdade, igualdade e fraternidade, mudando muitos dos paradigmas
tidos com absolutos, permitindo assim a existência de novos modelos de família,
transformando o seu significado para uma resolução moderna.
Segundo Maria Berenice Dias (2016, p. 59),
Historicamente, a família sempre esteve ligada à ideia de instituição
sacralizada e indissolúvel. A ideologia patriarcal somente reconhecia a
família matrimonialista, hierarquizada, patrimonialista e heterossexual,
atendendo à moral conservadora de outra época, há muito superada pelo
tempo. [...] A ideologia patriarcal converteu-se na ideologia do Estado,
levando-o a invadir a liberdade individual, para impor condições que
constrangem as relações de afeto.
Com a Revolução Francesa a questão do patriarcado é questionada.
Roudinesco (2003) afirma que a imagem do pai dominador cedeu lugar à
representação de uma paternidade ética, sendo assim, o nascimento de uma nova
figura paterna passa a imperar.
Nesse cenário, o pai da sociedade não se assemelha mais a um Deus
soberano, ele foi acuado em um território privado, e questionado pela perda da
influência da Igreja em benefício do Estado. Assim, o pai começa a tornar-se
patriarca do empreendimento industrial, voltado para a economia. Nessa época,
ocorre a aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789,
ocasionando uma tentativa de igualdade de direitos aos cidadãos, isto é,
equiparação de direitos entre homens e mulheres.
Nesse momento a mulher começa a ganhar poder aos poucos, através de
revoluções em busca de direitos. Assim, é ela quem vai cuidar das crianças,
tornando responsável pelo investimento doméstico: família, escola e saúde. Aqui, a
mãe é uma espécie de gestão da qualidade dos filhos da família nuclear.
Diante desse marco histórico, a criança começa a ser uma figura importante
na família, ela deixa de ser vista como um pequeno adulto e passa a ser a
representação do futuro. É nesse momento que ela passa a ser uma pessoa com
qualidades e características como: suscetibilidade, vulnerabilidade, inocência, onde
exige um tempo de formação afetuosa, protegida e longa.
Vale ressaltar que a figura da mãe é complementar dessa nova forma de
economia política e de maneira que a criança passa a ter esse estatuto importante.
Esta nova concepção de infância colaborou para o surgimento de uma nova ideia de
família.
Cabe mencionar que além das mudanças em relação ao papel da mulher e
do homem, resultando em modificações no âmbito familiar, outro marco importante
para a história dessa época foi o direito de divórcio, que mesmo condenado pelos
conservadores, esse direito foi restabelecido pela República. Com isso, grande foi o
temor da aprovação dessa lei, pois, imaginavam que a família poderia ser abolida.
De fato, o divórcio abriu precedentes para que houvesse uma dissolução em
determinadas famílias que optassem por ele e o casamento perdeu efetivamente
sua força simbólica conforme aumentava o número das separações, porém, o
divórcio trouxe novos arranjos, pois, novas formas de relacionar-se em família
começam a eclodir na esteira da mudança das mentalidades da época na
contemporaneidade.
O modelo de família contemporâneo é uma organização subjetivada
fundamental para a construção individual da felicidade. Assim, força-se reconhecer
que além da família tradicional, fundada no casamento, outros arranjos familiares
cumprem a função que a sociedade contemporânea destinou a família, entidade de
transmissão da cultura e formação da pessoa humana digna. Aqui a família não é
apenas aquela constituída por homem e mulher e seus filhos, mas também família
monoparental, homossexual etc.
Diante disso, Nelson Nery, alude que:
A doutrina se encaminha para um conceito plural de família. A família
contemporânea pode ser conceituada como um conjunto, formado por um
ou mais indivíduos, ligados por laços biológicos ou sociopsicológicos, em
geral morando sob o mesmo teto, e mantendo ou não a mesma residência.
Pode ser formada por duas pessoas, casadas ou em união livre, de sexo
diverso ou não, com ou sem filho ou filhos; um dos pais com um ou mais
filhos; uma só pessoa morando só, solteira, viúva, separada ou divorciada
ou mesmo casada e com residência diversa daquela de seu cônjuge;
pessoas ligadas pela relação de parentesco ou afinidade.

Dessa forma, atualmente família consiste na organização social formada a


partir de laços sanguíneos, jurídicos ou afetivos, conceito fundado em preceitos
como a igualdade, solidariedade e respeito à dignidade da pessoa humana. Assim
sendo, não é possível existir uma diferenciação entre os cônjuges, uma vez que a
liberdade e garantias da mulher foram contempladas pelo caráter irrevogável das
cláusulas pétreas.
Nesse sentido os autores Maria Helena Diniz e Paulo Lobo, apontam o
conceito de família:
Família no sentido amplíssimo seria aquela em que indivíduos estão ligados
pelo vínculo da consanguinidade ou da afinidade. Já a acepção lato sensu
do vocábulo refere-se àquela formada além dos cônjuges ou companheiros,
e de seus filhos, abrange os parentes da linha reta ou colateral, bem como
os afins (os parentes do outro cônjuge ou companheiro). Por fim, o sentido
restrito restringe a família à comunidade formada pelos pais (matrimônio ou
união estável) e a da filiação. (DINIZ, 2008, p. 9).

Para Nelson Nery:


A família moderna elimina a hierarquia, emergindo uma restrita liberdade de
escolha; o casamento fica dissociado dos filhos. Começam a dominar as
relações de afeto, solidariedade e de cooperação. Proclama-se então a
concepção eudemonista de família: não é mais o indivíduo que existe para a
família e o casamento, mas a família e o casamento existem para o seu
desenvolvimento pessoal em busca de aspiração à felicidade.

Assim, concluímos que família contemporânea funda-se na afetividade que


surge em decorrência da convivência entre seus membros, juntamente com a
reciprocidade de sentimentos, pois a sustentabilidade da família se dá diante da
existência do afeto, amor, companheirismo, se fundamentando em valores e
princípios totalmente diversos daqueles que alicerçavam o modelo tradicional,
fundada apenas no casamento.
2.1 Princípios constitucionais

Inicialmente, a fim de nortear o tema acerca do abandono afetivo, torna-se


necessário apresentar os princípios da relação familiar, pois, eles são uma fonte que
constitui, juntamente com as regras, a base do ordenamento jurídico brasileiro.
Diante disso, Rodrigo da Cunha Pereira afirma que “regras e princípios
fazem parte da uma categoria normativa, pois ambos dizem o que deve ser”. Isto é,
tanto os princípios quanto as regras compõem a norma jurídica, que é a forma como
o direito se exterioriza em decorrência dos casos humanos.
Assim, os princípios são importantes para manter as regras na sociedade,
pois se baseiam na moralidade, eles são o suporte sistemático e axiológico sob o
qual se fixa todo o ordenamento.
Nesse sentido, é importante frisar a importância dos princípios a respeito do
abandono afetivo, visto que, eles significam a exteriorização de uma moralidade e
ética interna, são os valores jurídicos que devem ser respeitados, uma vez que são
a base para as regras existentes acerca do tema abordado. Dessa forma, são
importantes para manter a segurança jurídica dentro da família, que abrange desde
seus membros individualmente à entidade familiar, uma vez que esta agrega a
sociedade, portanto, é protegida pelo Estado.
Nisso, é importante abordar os princípios fundamentais voltados à
contextualização e entendimento sobre o tema abandono afetivo, partindo do macro
princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, por ser o princípio geral
que viabiliza o estudo dos outros princípios, sendo esse tido como o alicerce
fundamental de todo o ordenamento jurídico.

2.1.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana

A proteção ao patrimônio e aos interesses privados deu lugar à valorização


da pessoa e de sua dignidade, através da Carta Magna que colocou a pessoa
humana como centro do ordenamento jurídico, personalizando os institutos de direito
civil, inclusive os de direito de família.
O princípio da dignidade da pessoa humana demonstra sua expressividade
logo de início por se tratar de um princípio constitucional, pois está determinado pela
Constituição da República Federativa do Brasil, a qual dispôs no título I sobre os
princípios fundamentais do ordenamento jurídico brasileiro sob os quais o direito
deve se estruturar.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
[...]
III - a dignidade da pessoa humana10
(grifo nosso)

Nesse sentido Luís Roberto Barroso afirma que:


A dignidade humana é um valor fundamental. Valores, sejam políticos ou
morais, ingressam no mundo do Direito, assumindo, usualmente, a forma de
princípios. A dignidade, portanto, é um princípio jurídico de status
constitucional. Como valor e como princípio, a dignidade humana funciona
tanto como justificação moral quanto como fundamento normativo para os
direitos fundamentais
. (grifo nosso)

No tocante às relações familiares, a família tutelada pela Constituição deve


servir como espaço e instrumento de proteção e garantia desta dignidade, conforme
leciona Monteiro (2004, p.19):
Nas relações familiares acentua-se a necessidade de tutela dos diretos da
personalidade, por meio da proteção à dignidade da pessoa humana, tendo
em vista que a família deve ser havida como centro de preservação da
pessoa, da essência do ser humano, antes mesmo de ser tida como célula
básica da sociedade.

Para Tavares da Silva (2011, online), este princípio reúne todos os valores e
direitos que podem ser reconhecidos à pessoa humana: a afirmação de sua
integridade física, psíquica, moral e intelectual, além da garantia do livre
desenvolvimento de sua autonomia e personalidade, constituindo-se verdadeira
cláusula geral de proteção integral à pessoa humana.
Além disso, os próprios artigos da Constituição Federal exemplificam esta
garantia. Assim os art. 227 e 230, preveem, respectivamente:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,


ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda
Constitucional nº 65, de 2010).

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as


pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo
sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
A carta magna deixa também regulada a incidência do princípio da dignidade
da pessoa humana no direito de família no artigo 226, parágrafo 7º o qual diz: que o
planejamento familiar deve estar fundado no princípio da dignidade da pessoa
humana, logo adiante, conforme mencionado anteriormente, no artigo 227 determina
como dever do Estado, da família e da sociedade no sentido de assegurar certos
direitos à criança e ao adolescente e colocá-los a salvo de situações insatisfatórias.
Por fim, ao compreendermos os conceitos de reparação cível e abandono
afetivo, restará evidente que a condenação a indenizar por abandono afetivo na
verdade servirá para reparar uma afronta à efetivação da dignidade da pessoa
humana.

2.1.2 Princípio do melhor interesse da criança e do adolescente:

Segundo a Convenção Internacional dos Direitos da Criança e do


Adolescente, deve ter seus assuntos tratados como prioridade pelo Estado, pela
sociedade e pela família, tanto na elaboração quanto na aplicação dos seus direitos,
objetiva manter a proteção integral da criança e do adolescente, de quaisquer efeitos
maléficos à sua formação e desenvolvimento.
“O princípio não é uma recomendação ética, mas diretriz determinante nas
relações da criança e do adolescente com seus pais, com sua família, com
a sociedade e com o Estado. A aplicação da lei deve sempre realizar o
princípio, consagrado, segundo Luiz Edson Fachin como, “critério
significativo na decisão e na aplicação da lei”, tutelando-se os filhos como
seres prioritários.”

O princípio do melhor interesse da criança e do adolescente está ligado e


deve ser aplicado e analisado juntamente com os demais princípios basilares do
Direito de Família, mas, principalmente, da afetividade, da responsabilidade e da
dignidade da pessoa humana.
Rodrigo da Cunha Pereira segue a mesma linha de raciocínio quanto ao
teor do princípio do melhor interesse da criança e do adolescente:
“O entendimento sobre seu conteúdo pode sofrer variações culturais,
sociais e axiológicas. É por esta razão que a definição de mérito só pode
ser feita no caso concreto, ou seja, naquela situação real, com
determinados contornos predefinidos, o que é o melhor para o menor.(…)
Para a aplicação do princípio que atenda verdadeiramente ao interesse
dos menores, é necessário em cada caso fazer uma distinção entre moral
e ética.”
O Princípio do Melhor Interesse da Criança possui efetividade prática para
incidir em todas as intervenções estatais, devendo tal princípio jurídico atingir os
institutos jurídicos de forma geral, tais como ocorre na regulamentação de visitas, na
fixação de alimentos, na existência e apuração de danos morais e fixação de seu
valor, na ação constitutiva de adoção, na inserção em famílias substitutas ou para
fins de adoção, na guarda compartilhada, nos alimentos gravídicos, nas relações
estatutárias, na reparação de danos por abandono afetivo, na adoção de
determinadas políticas públicas, ainda que por injunção judicial, incidindo até mesmo
em questões orçamentárias, na elaboração de estudos técnicos e no cumprimento
de penas e sanções das genitoras, fazendo com que as crianças de sejam vistas
como objeto para atuarem como sujeito de direitos.
Com base nisso, os pais e responsáveis devem ter condutas comissivas, ou
seja, ações para promover a personalidade das crianças e adolescentes no
ambiente familiar, mas também omissivas, isto é, não devem desferir tratamento
desumano ou torturante, mas precisam respeitar e promover o desenvolvimento dos
menores ao tempo deles.

2.1.3 Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar:

Sua previsão se encontra no artigo 226, §7º, CF/8825, que dispõe que o
planejamento familiar é livre decisão do casal, fundado nos princípios da dignidade
da pessoa humana e da paternidade responsável, onde é responsabilidade dos
genitores priorizar o bem-estar físico e psíquico da vida que geraram. Dessa forma a
constituição federal traz relata em seu artigo 226, in7:
“A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
(...)
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do
casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma
coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.”

Esse princípio desdobra-se no dever dos pais de assistir, criar e educar os


filhos, nos termos do art. 229, da CRFB/88, assegurando-lhe o necessário para o
seu saudável desenvolvimento, logo, os pais deverão adotar todas as medidas, em
conjunto, a fim da satisfação do melhor interesse para seus filhos.
O princípio da paternidade responsável significa reponsabilidade e esta
começa na concepção e se estende até que seja necessário e justificável o
acompanhamento dos filhos pelos pais, respeitando-se assim, o mandamento
constitucional do art. 227, que nada mais é do que uma garantia fundamental.
Nessa esteira, esse princípio impõe também como dever aos genitores
convivência harmônica com seus filhos, cujo seu descumprimento é apto a ensejar
dano afetivo, indenizável por vias próprias.

2.1.4 Princípio da solidariedade familiar:

O Princípio da Solidariedade Familiar busca uma sociedade livre e solidária.


Esse princípio tem uma ligação direta com a afetividade, posto que para prestar
assistência àqueles que mais necessitam, é preciso ter uma ligação direta, sendo
denominado de “mútua assistência”. Os filhos podem pedir pensão para os pais,
assim como os pais também podem pedir pensão para os filhos, quando necessário.
Assim para o autor Rolf Madaleno:
A solidariedade é o princípio e oxigênio de todas as relações
familiares e afetivas, porque esses vínculos só podem se sustentar e
se desenvolver em ambiente recíproco de compreensão e
cooperação, ajudando-se mutuamente sempre que se fizer
necessário. (MADALENO, 2013, p. 93)

O princípio possui fundamento nos artigos 226, 227 e 230 da Constituição


Federal. Logo, à luz da Carta Maior, o direito a alimentos baseia-se no princípio da
solidariedade, pelo motivo de ensejar respeito e consideração entre os indivíduos e
suas famílias, conforme expõe Carlos Roberto Gonçalves e Valéria Silva Galdino
Cardin:
O dever de prestar alimentos funda-se na solidariedade humana e
econômica que deve existir entre os membros da família ou parentes. Há
um dever legal de mútuo auxílio familiar, transformando em norma, ou
mandamento jurídico.
Originariamente, não passava de um dever moral, ou uma obrigação ética,
que no direito romano se expressava na equidade, ou no officium pietatis,
ou na caritas. No entanto, as razões que obrigam a sustentar os parentes e
a dar assistência ao cônjuge transcendem as simples justificativas morais
ou sentimentais, encontrando sua origem no próprio direito natural.
(GONÇALVES, p.441, 2005)
Em qualquer entidade familiar deve prevalecer o princípio da dignidade da
pessoa humana e o dever de solidariedade tanto nas relações matrimoniais,
quanto nas relações paterno filiais. A partir do momento em que não forem
respeitados estes princípios e outros como os do melhor interesse da
criança, da afetividade, surge a necessidade de responsabilizar os entes
familiares que praticarem condutas incompatíveis com os princípios da
solidariedade, dentre outros. (CARDIN, 2017, p.12)

O princípio supracitado traz um caráter ético para o indivíduo que se submete


a cooperar, dar assistência, amparo, ajuda a quem precisa, no seu âmbito familiar.
Assim, “Deve-se entender por solidariedade o ato humanitário de responder pelo
outro, de preocupar-se e de cuidar de outra pessoa”.

2.1.5 Princípio da convivência familiar

É a relação afetiva que une o grupo familiar, em virtude de laços de


parentesco ou não, no ambiente comum, como ensina Lôbo.

A importância da convivência familiar se justifica na medida em que é no


seio da família que a pessoa nasce e se desenvolve, moldando sua
personalidade ao mesmo tempo em que se integra ao meio social; é
também na entidade familiar que geralmente se encontra amparo, conforto e
refúgio.

Ainda que os pais estejam separados, os filhos têm direito à convivência


familiar com ambos. Princípio da afetividade: “é o princípio que fundamenta o direito
de família na estabilidade das relações socio afetivas e na comunhão de vida, com
primazia sobre as considerações de caráter patrimonial ou biológico.” Em um
julgado, a 3ª turma onde foi relatora a ministra Nancy Andrighi, conclui que o afeto
tem valor jurídico, senão, vejamos:
BRASIL. STJ. (...) A quebra de paradigmas do Direito de Família tem como
traço forte a valorização do afeto e das relações surgidas da sua livre
manifestação, colocando à margem do sistema a antiga postura meramente
patrimonialista ou ainda aquela voltada apenas ao intuito de procriação da
entidade familiar. Hoje, muito mais visibilidade alcançam as relações
afetivas, sejam entre pessoas de mesmo sexo, sejam entre o homem e a
mulher, pela comunhão de vida e de interesses, pela reciprocidade zelosa
entre os seus integrantes. Deve o juiz, nessa evolução de mentalidade,
permanecer atento às manifestações de intolerância ou de repulsa que
possam porventura se revelar em face das minorias, cabendo-lhe exercitar
raciocínios de ponderação e apaziguamento de possíveis espíritos em
conflito. A defesa dos direitos em sua plenitude deve assentar em ideais de
fraternidade e solidariedade, não podendo o Poder Judiciário esquivar-se de
ver e de dizer o novo, assim como já o fez, em tempos idos, quando
emprestou normatividade aos relacionamentos entre pessoas não casadas,
fazendo surgir, por consequência, o instituto da união estável. A temática
ora em julgamento igualmente assenta sua premissa em vínculos lastreados
em comprometimento amoroso. Acórdão em Resp 1.026.981/RJ
(2008/0025171-7), Severino Galdino Belo e Caixa de Previdência dos
Funcionários do Banco do Brasil Previ. Relatora Ministra Nancy Andrighi, 3ª
Turma., j. 04.02.2010, Dje 23.02.2010.36.
O princípio jurídico da afetividade e o fato psicológico do afeto, na
concepção de Paulo Lôbo:
A afetividade como princípio jurídico, não se confunde como o afeto, como
fato psicológico ou anímico, porquanto pode ser presumida quando este
faltar na realidade das relações; assim a afetividade é um dever imposto aos
pais em relações aos filhos e destes em relação àqueles, ainda que haja
desamor ou desafeição entre eles.

Para Maria Berenice Dias, “o afeto não é somente um laço que envolve os
integrantes de uma família. Também tem um viés externo, entre as famílias, pondo
humanidade em cada família”.
Mesmo que a palavra afeto não esteja na Constituição, há sua proteção,
como exemplo o reconhecimento da união estável como entidade familiar,
merecendo a tutela jurídica, onde o que une as duas pessoas é o afeto entre elas.

2.1.6 Princípio da boa-fé objetiva:

Dispõe de duas vertentes que, ainda distintas, não se excluem. Com


fundamento na confiança, tanto a boa-fé subjetiva (confiança própria), quanto a
objetiva (confiança no outro), tem seu conceito ligado à noção de lealdade e respeito
alheio.
Possui plena aplicação no direito de família, conforme entendimento da
doutrina e jurisprudência. Nisso, extrai-se a decisão da 3ª turma onde foi relatora a
Ministra Nancy Andrighi:

PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. RECURSO ESPECIAL. REGISTRO CIVIL.


ANULAÇÃOPEDIDA POR PAI BIOLÓGICO. LEGITIMIDADE ATIVA.
PATERNIDADESOCIOAFETIVA. PREPONDERÂNCIA. 1. A paternidade
biológica não tem o condão de vincular, inexoravelmente, a filiação, apesar
de deter peso específico ponderável, ante o liame genético para definir
questões relativa à filiação. 2. Pressupõe, no entanto, para a sua
prevalência, da concorrência de elementos imateriais que efetivamente
demonstram a ação volitiva do genitor em tomar posse da condição de pai
ou mãe. 3. A filiação socio afetiva, por seu turno, ainda que despida de
ascendência genética, constitui uma relação de fato que deve ser
reconhecida e amparada juridicamente. Isso porque a parentalidade que
nasce de uma decisão espontânea, frise-se, arrimada em boa-fé, deve ter
guarida no Direito de Família. 4. Nas relações familiares, o princípio da boa-
fé objetiva deve ser observado e visto sob suas funções integrativas e
limitadoras, traduzidas pela figura do venire contra factum proprium
(proibição de comportamento contraditório), que exige coerência
comportamental daqueles que buscam a tutela jurisdicional para a solução
de conflitos no âmbito do Direito de Família. 5. Na hipótese, a evidente má
fé da genitora e a incúria do recorrido, que conscientemente deixou de agir
para tornar pública sua condição de pai biológico e, quiçá, buscar a
construção da necessária paternidade socio afetiva, toma-lhes o direito de
se insurgirem contra os fatos consolidados. 6. A omissão do recorrido, que
contribuiu decisivamente para a perpetuação do engodo urdido pela mãe,
atrai o entendimento de que a ninguém é dado alegrar a própria torpeza em
seu proveito (nemo auditur propriam turpitudinem allegans) e faz fenecer a
sua legitimidade para pleitear o direito de buscar a alteração no registro de
nascimento de sua filha biológica. 7. Recurso especial provido. (STJ, REsp.
1.087.163/RJ (2008/0189743/0), WRJ e LRMM, Relatora Ministra Nancy
Andrighi, 3 turma, Data de Julgamento: 18/08/2011)

Como se verifica do julgado acima, nas relações familiares, deve ser


observado o princípio da boa-fé objetiva visto suas funções limitadoras integrativas
que exigem coerência comportamental daqueles que buscam a tutela jurisdicional
para a solução de conflitos no direito de família.
As alterações introduzidas, visam atender às necessidades da família
moderna, preservando a coesão familiar e os valores culturais, de acordo com a
realidade social.
Esses princípios elencados constituem a base dos fundamentos necessários
para a compreensão sobre o tema trazido neste trabalho, onde assim, podemos
analisar a responsabilização civil dos pais pelo abandono afetivo dos filhos menores.

2.1.7 Princípio da proteção integral a crianças, adolescentes e jovens

O princípio da proteção integral a crianças, adolescentes e jovens, também


denominado de princípio do melhor interesse da criança é advindo dos artigos 227,
da Constituição Federal, e dos artigos 3, 4 e 5 do Estatuto da Criança e do
Adolescente - ECRIAD (Lei nº 8.069/90), juntamente com os direitos à dignidade, à
liberdade e ao respeito. Desse modo, dispõe o artigo 3º, 4º e 5º do referido instituto:
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata
esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do
poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de
prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância
pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com
a proteção à infância e à juventude.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão,
punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus
direitos fundamentais.

O princípio ora citado não surgiu apenas com o artigo 227 da Constituição
Federal, ele já era previsto na Declaração dos Direitos da Criança, adotada pela
Assembleia das Nações Unidas, ratificada pelo Brasil. O princípio preza pela
proteção integral da criança e do adolescente, proporcionando sempre uma proteção
especial. Assim, o artigo 19 da Convenção Americana sobre os Direitos Humanos
(Pacto de San José, 1969), determina que “Toda criança tem direito às medidas de
proteção que na sua condição de menor requer, por parte da família, da sociedade e
do estado.”
O ordenamento jurídico traz como constitucional e prioritária a proteção integral
das crianças, adolescentes e jovens, já que são vulneráveis e necessitam de
cuidados distintos. Assim, a constituição despreza qualquer tipo de diferenciação e
discriminação de filhos, porquanto todos são iguais perante a lei.
Isto posto, é de fundamental importância a proteção das crianças e
adolescentes, uma vez que são a base da sociedade, estando bem amparados,
protegidos e aconselhados, a sociedade, será bem mais desenvolvida.

2.2 Estatuto da criança e do adolescente

O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho


de 1990, que regulamenta o artigo 227 da Constituição Federal, define as crianças e
os adolescentes como sujeitos de direitos, em condição peculiar de
desenvolvimento, que demandam proteção integral e prioritária por parte da família,
sociedade e do Estado.
Este é o instrumento basilar que regulamenta a proteção integral à criança e
ao adolescente, que gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa
humana, assegurando-lhes todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
facultar seu bom desenvolvimento em condições de liberdade e dignidade, conforme
disposto em seu art.3º. O art. 4º lhes assegura uma série de direitos fundamentais e
o art. 5º , lhes assegura a proteção de qualquer forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão, por ação ou omissão, conforme
exposto abaixo:
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata
esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as


crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação
familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência,
condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição
econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição
que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do


poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;


b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância
pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com
a proteção à infância e à juventude.

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de


negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão,
punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus
direitos fundamentais.

Para Maria Berenice Dias, falta neste rol, a essência existencial do poder
familiar que é a afetividade o laço que liga pais e filhos, e ainda, o que deveria ser o
mais importante, o dever dos pais com relação aos filhos, dever de educar, dar
amor, atenção, sem se limitar a encargos materiais.
Diante disso, fica clarividente que o Estatuto garante a proteção integral à
criança e ao adolescente no contexto Familiar, a fim de que seja assegurada a
obrigação dos pais com filhos independentemente se os filhos são legítimos ou
ilegítimos. A respeito da competência dos pais quanto aos filhos menores, a redação
do artigo 1634, CC, dispõe:
Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
I - dirigir-lhes a criação e educação;
II - tê-los em sua companhia e guarda;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro
dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder
familiar;
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-
los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o
consentimento;
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de
sua idade e condição.

Esse dever de proteção deve ser exercido de forma paritária na família,


entendida como comunidade formada por indivíduos unidos por laços naturais, por
afinidade ou por vontade expressa de zelar por aqueles. Conforme o artigo 22 do
ECA:
Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores,
cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
determinações judiciais.
Assim, cabe aos pais o exercício do poder familiar, conforme estabelece o
artigo da Constituição Federal/88: O poder familiar será exercido, em igualdade de
condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil,
assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à
autoridade judiciária competente para a solução da divergência.
Entretanto, o poder familiar não é perpetuo, podendo ocorrer a perda,
conforme leciona o artigo 101 do ECA ao afirmar que somente pode haver
destituição do Poder Familiar após terem sido esgotadas todas as medidas de apoio
aos pais da criança/adolescente e ficar comprovada a impossibilidade de
reintegração familiar, com a família de origem ou extensa. Essa destituição retira a
responsabilidade dos pais sob o menor e a repassa para o Estado ou para outra
família, em casos de adoção.
Dessa forma o ECA estabelece em seus artigos, as hipóteses da perda do
poder familiar pela quebra ao dever de sustento, guarda e educação dos menores.
De acordo com o artigo 1.635, extingue-se o poder familiar nos seguintes termos,
vejamos abaixo o que então assevera o suscitado artigo:

Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:


I - pela morte dos pais ou do filho
II - pela emancipação, nos termo
III - pela maioridade
IV - pela adoção
V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.

Já para os casos em que qualquer dos pais passarem a abusar da


autoridade que lhe é conferida, caberá ao juiz competente (vara de família)
requerendo a algum parente um dos pais, por exemplo, ou Ministério Público para
que se adotem medidas que possa garantir a segurança do menor, podendo
inclusive a depender do caso concreto suspender o poder familiar. Nesse contexto o
Código Civil de 2002, passou a cuidar da respectiva situação em seu artigo 1.637,
vejamos a seguir:

Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos


deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz,
requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe
pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até
suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao
pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja
pena exceda a dois anos de prisão.

Assim, nota-se que os pais são a base dos filhos, porém compreende-se que
a proteção é o dever tanto do Estado quanto da família, com objetivo de preservar
todos os direitos inerentes à criança e ao adolescente, sendo que não cabe violar
estes direitos, ou seja, o Estado em conjunto com as famílias possui a
responsabilidade pelas garantias dos direitos inerente aos menores de idade,
protegendo-os de todos risco que possa afetar sua infância e ou sua adolescência.
3. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL.

A responsabilidade civil consiste no dever de indenizar o dano suportado por


outrem, porém para que ocorra essa caracterização é necessário que estejam
presentes todos os seus elementos: Conduta humana, Nexo causal, Dano e ou
Prejuízo, Culpa (subjetiva) ou Risco (objetiva).
Ensina Rui Stoco que “toda vez que alguém sofrer um detrimento qualquer,
que for ofendido física e moralmente, que for desrespeitado em seus direitos, que
não obtiver tanto quanto foi avençado, certamente lançará mão da responsabilidade
civil para ver-se ressarcido. A responsabilidade civil é, portanto, a retratação de um
conflito.”
Sílvio Venosa também ensina que: “Em princípio, toda atividade que
acarreta prejuízo gera responsabilidade ou dever de indenizar (…) O termo
responsabilidade é utilizado em qualquer situação na qual alguma pessoa, natural
ou jurídica, deva arcar com as consequências de um ato, fato ou negócio danoso”.
Como visto, tal instituto exige requisitos variáveis para seu exercício, mas
possui sempre o mesmo objetivo nobre: reparar o dano sofrido por aquele que foi
injustamente prejudicado, buscando justiça através da obrigação de indenizar.
Diante disso, vale expor que existe vários tipos de responsabilidades civis,
dentre elas, vale explanar resumidamente algumas: a objetiva, a subjetiva, a
contratual e a extracontratual que serão classificadas conforme a culpa no ato.
A responsabilidade civil objetiva é caracterizada pelo fato de que a pessoa
causadora do dano não realizou a ação de modo doloso ou culposo. Assim,
conforme a legislação brasileira, independentemente da intenção do ato, basta que
ele aconteça para que exista o dever de indenização para o indivíduo que foi
prejudicado.
O Artigo 927 do Código Civil, relata que: “haverá obrigação de reparar o
dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem”.
Por outro lado, na responsabilidade civil subjetiva, é necessário que o
causador do dano tenha consciência da sua imprudência e tenha culpa em relação
ao prejuízo provocado para que lhe seja imputada a responsabilidade.

Já a responsabilidade civil contratual, configura o dano causado em


decorrência do que consta em contrato ou negócio jurídico unilateral , enquanto a
Extracontratual é uma reponsabilidade por violação dos direitos de outrem, ou seja,
se baseia em obrigações legais derivadas da lei ou do ordenamento jurídico.
Dessa maneira, tanto a responsabilidade contratual como a extracontratual
têm as mesmas consequências jurídicas: a obrigação de reparar o dano. Portanto,
a diferença entre elas está na natureza dessas responsabilidades.

3.1 ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RESPONSABILIDADE CIVIL


3.1.1 Conduta humana (Ação ou omissão do agente)

As condutas humanas que venham a causar um dano são na maioria das


vezes cometidas por uma ação que se originam de um fazer, ou seja, um movimento
corpóreo comissivo, uma ação voluntária que causa um prejuízo, dano ou lesão a
alguém. Diferente da omissão onde temos um não fazer, uma pessoa que não age
quando poderia e com isso permite que alguém diante um risco ou uma situação de
perigo venha a sofrer um dano ao patrimônio ou uma lesão a si própria.
Diniz conceitua a conduta como: “Ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito
ou lícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente ou de terceiro, ou o
fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano a outrem, gerando o dever de
satisfazer os direitos do lesado”.
Nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 65), a responsabilidade
por ato de terceiro está relacionada aos danos causados aos filhos, tutelados e
curatelados, sendo de responsabilidade dos pais, tutores e curados para a devida
reparação. Os educadores e hoteleiros são responsáveis pelos educandos e
hóspedes. Os farmacêuticos são responsáveis pelos seus prepostos. Os
empregadores são responsáveis pelos seus empregados. E as pessoas de direito
público são responsáveis pelos seus agentes. Por fim, a responsabilidade por danos
causados por animais e coisas que lhes pertençam é, em regra, objetiva, independe
de prova de culpa.

3.1.2 Culpa ou dolo do agente

A culpa consiste na negligência, imprudência e imperícia do agente em


cometer algum ato, ou até mesmo na omissão de algum ato, já o dolo consiste na
vontade de realizar o ato, na vontade de violar um direito. Segundo a teoria objetiva,
para a comprovação da responsabilidade civil do indivíduo, não é necessário
comprovar o dolo nem a culpa do autor; já na teoria subjetiva, é necessária a
comprovação de culpa ou dolo do agente, para a comprovação da responsabilidade
civil, sendo esta a regra em nosso diploma civil.
A culpa poderá advir da negligência, imprudência ou imperícia de certa
pessoa. A negligência será apontada quando o agente não observar os deveres
básicos de cuidado; imperícia ocorre quando o agente não está apto para realizar
determinada função. Já na imprudência, o agente sabe do risco e sabe que pode
causar o dano, mesmo assim prefere realizá-lo.
Diante disso, cabe enfatizar que dolo e culpa são diferentes. Na busca por essa
diferenciação, o art. 186 do Código Civil cogita o dolo logo no seu início: “ação ou omissão
voluntária”, passando, em seguida, a referir-se à culpa: “negligência ou imprudência”. Assim,
o dolo consiste na vontade de cometer uma violação de direito, e a culpa, na falta de
diligência. Dolo, portanto, é a violação deliberada, consciente, intencional, do dever jurídico.
3.1.3 Nexo de causalidade

O nexo causal é um dos pressupostos mais importantes para a


caracterização da responsabilidade civil e o dever de indenizar. Ele é considerado
por muitos um elemento de maior importância, pois, é a ligação entre a conduta do
agente e o dano sofrido pela vítima. É imprescindível que o dano tenha sido causado
pela conduta ilícita do agente e que exista entre ambos uma necessária relação de
causa e efeito.
Sílvio de Salvo Venosa define nexo de causalidade como:
O conceito de nexo causal, nexo etimológico ou relação de causalidade
deriva das leis naturais. É o liame que une a conduta do agente ao dano. É
por meio do exame da relação causal que concluímos quem foi o causador
do dano. Trata-se de elemento indispensável. A responsabilidade objetiva
dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo causal. Se a vítima, que
experimentou um dano, não identificar o nexo causal que leva o ato danoso
ao responsável, não há como ser ressarcida. (2003, pag. 39)

Carlos Roberto Gonçalves afirmar que:


“Das várias teorias sobre o nexo causal, o nosso Código adotou,
indiscutivelmente, a do dano direto e imediato, como está expresso no art.
403; e das várias escolas que explicam o dano direto e imediato, a mais
autorizada é a que se reporta à consequência necessária” (GONÇALVES,
2002, p. 524).

O nexo de causalidade entre o dano e a ação (fato gerador da


responsabilidade), não poderá existir sem o vínculo entre a ação e o dano. Se o
lesado experimentar um dano, mas este não resultou da conduta do réu, o pedido de
indenização será improcedente. Será necessária, neste caso, a inexistência de
causa excludente de responsabilidade.

Sendo assim, nexo causal é a relação de causa e efeito entre a ação e a


omissão do agente causador do dano e o prejuízo sofrido pela vítima. Não sendo
possível, portanto, atribuir a alguém a responsabilidade se o resultado danoso não
tem de fato nenhuma ligação com seu ato. Este liame é fundamental para o
ressarcimento do dano, uma vez que não é possível a indenização sem o nexo de
causalidade.

3.1.4 Dano
Dano é toda danificação a um bem juridicamente protegido, que possa
causar um prejuízo de ordem patrimonial ou até mesmo extrapatrimonial. O dano
sempre será elemento para a responsabilidade civil, já que é essencial para sua
caracterização.
Para o dano ser indenizável, é imprescindível que contenha os seguintes
requisitos: a) diminuição ou destruição de um bem jurídico, patrimonial ou moral,
pertencente a uma pessoa; b) efetividade ou certeza do dano, pois a lesão não
poderá ser hipotética ou conjetural; c) causalidade já que deverá haver uma relação
entre a falta e o prejuízo causado; d) subsistência do dano no momento da
reclamação do lesado; e) legitimidade, pois a vítima, para que possa pleitear a
reparação, precisará ser titular do direito atingido; f) ausência de causas excludentes
de responsabilidade, porque podem ocorrer danos.
A reparação deve ser sempre medida proporcionalmente ao próprio dano,
primeiramente a indenização deve servir para a reparação do status quo ante, não
sendo possível é importante a reparação de uma forma que possa amenizar os
danos sofridos pela vítima, não podendo de forma alguma enriquecê-la.
De acordo com o artigo 927, parágrafo único do Código Civil: “Haverá
obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
na lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. Concomitantemente o artigo 402:
“Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos
devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que
razoavelmente deixou de lucrar” e artigo 182, do mesmo dispositivo: “Anulado o
negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam,
e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
Entretanto, não se pode o indivíduo ser responsabilizado civilmente, sem ter
provado o dano ou provado que este violou direito de outrem, a não serem os casos
que independem de culpa, aqueles previstos em lei.

3.2 Responsabilidade civil no abandono afetivo

O afeto não é um sentimento implícito no texto da Constituição, mas é


explícito no princípio ponderoso do Ordenamento Jurídico, a Dignidade da Pessoa
Humana. Todos necessitam do mínimo necessário para viver, consequentemente os
filhos carecem da segurança e suporte dos pais para seu crescimento e
desenvolvimento.
Podemos perceber que com a evolução das famílias não são todos os pais
que são casados ou até mesmo que moram na mesma casa com seus filhos,
portanto, o fato de não se encontrarem todos os dias no mesmo local, não se pode
deixar afetar a vida da criança. Muitos pais que saem de casa só pensam no lado
econômico da criança, e no que precisam pagar de pensão para que não sejam
presos por dívida alimentícia, mas se esquecem de que o principal para o seu
desenvolvimento é o afeto, o carinho, a demonstração de amor e confiança para o
filho.
Diante disso, os pais devem estar presentes em todos os momentos dos
seus filhos, contribuindo sempre para a sua formação e ensinando-lhes a conviver
bem em sociedade. Além do ordenamento jurídico, a sociedade tenta buscar formas
para auxiliar nesse relacionamento, uma vez que muitos pais abandonam seus
filhos, não aceitando o dever que lhes é incumbido, como garantir os direitos e
deveres com base nos valores morais, preservar a dignidade da criança, entre
outros supracitados. Para a autora Valéria Silva Gladino Cardin:

(...) as pessoas têm a liberdade de escolher se querem ou não conceber e,


a partir do momento em que ocorrer deverão assumir sua responsabilidade
enquanto genitores para que direitos fundamentais como a vida, a saúde, a
dignidade da pessoa humana e a filiação sejam respeitados. Ainda que não
pratiquem os crimes previstos no Código Penal, no que tange à assistência
familiar (arts. 244 a 247) estariam cometendo um ilícito civil, conforme o
disposto no art. 186 do Código Civil, no momento em que não garantissem o
mínimo, que consiste no cuidado, na alimentação básica, na educação em
escola pública e na direção desta personalidade em formação por meio de
princípios éticos e morais. (CARDIN, 2017, pgs. 50 e 51).

Ressalta-se que educar os filhos está além de apenas pagar as contas da


criança, pagar uma mesada ou até mesmo sustentá-la, educar significa atingir
questões psicológicas, afetivas, sociais e ajudar a criança a ser uma pessoa
participativa, crítica, valorizada no meio em que vive. Segundo a autora Valéria Silva
Galdino Cardin:
Essa natureza jurídica peculiar do poder familiar, fazendo-o despontar ora
como um direito, ora como um dever propiciou a ampliação do papel dos
pais no processo de desenvolvimento e amadurecimento dos filhos, onde
prover simplesmente as necessidades econômicas dos filhos tornou-se
insuficiente, já que estes também necessitam de afeto, apoio e
acompanhamento no decorrer de sua formação. (CARDIN, 2017, p. 47)
A autora acrescenta:
(...) aos pais cabe o dever jurídico de agir em relação aos filhos, isso é criar,
educar, orientar, assistir moralmente da melhor forma possível, visando
sempre o integral e melhor interesse do filho, a fim de que venha a
desenvolver-se de forma saudável, de modo que sua omissão é, nos termos
do art. 186 do Código Civil, considerada ato ilícito, visto que responsabiliza
se por omissão o agente que estiver em situação jurídica que obrigue a agir,
a impedir um resultado. (CARDIN, 2017, p. 52)

A dor sofrida pelo filho abandonado é exorbitante, desse modo, os pais que
o abandonaram devem sofrer certa penalização, a partir do instituto da
responsabilidade civil que visa a reparar o espaço vazio causado na criança
abandonada, deixando um ensinamento para todos os pais que de certa forma não
sabem da importância e não sabem o dever que têm de criar e educar seus filhos.
Corrobora a autora Valéria Silva Galdino Cardin:
O cabimento da reparação dos danos morais no âmbito familiar justifica-se
pelo fato de que o patrimônio moral e familiar é algo muito precioso e de
grande estimação, visto ser construído com carinho, afeto e sentimento em
cada minuto da vida e, porque o impacto de uma lesão causada por um
membro da família em detrimento de outro tende a ser maior, do que aquele
provocado por um estranho, assim, merece amparo pela teoria geral da
responsabilidade civil, já que o ordenamento jurídico brasileiro não dispõe
de previsão específica. (CARDIN, 2017, p. 51)

Portanto, nem o pai nem a mãe são obrigados a amar seus filhos, assim
como ninguém é obrigado a amar ninguém, portanto, não podem esquecer que a
criança não tem culpa por ter sido gerada, então é seu dever proporcionar-lhe uma
vida digna, e para isso o abandono afetivo não será a forma correta, pelo contrário,
poderá afastar qualquer tentativa de sucesso da vida da criança, assim também
como já observados os danos psicológicos causados.
4. INDENIZAÇÃO POR ABANDONO AFETIVO

Como já tratado no tópico da responsabilidade civil por abandono efetivo é


polêmica e ainda há uma divisão de opiniões a respeito se é cabida a indenização
por danos morais por tantos filhos pleiteada. O que leva um pai ou uma mãe a
abandonar afetivamente seus filhos, a tratá-los com rejeição e frieza?
Essa situação vem sendo muito discutida pelos tribunais, inclusive alguns já
vem se posicionando de forma positiva para reparar o dano sofrido pelos filhos
quanto ao abandono afetivo pelos pais. Há de se convir que seja um assunto um
tanto quanto delicado, visto ser muito difícil à justiça obrigar um pai ou mãe amar,
dar carinho e atenção a um filho, além de se estabelecer um quantum pecuniário
pela falta de afeto nessa relação entre pais e filhos.
O conceito de dano moral para Clayton Reis: “há circunstâncias em que o
ato lesivo afeta a personalidade do indivíduo, sua honra, sua integridade psíquica,
seu bem-estar íntimo, suas virtudes, enfim, causando-lhe mal-estar ou uma
indisposição de natureza espiritual.”
Cabe aqui a distinção entre dano moral objetivo e dano moral subjetivo.
Este equivale àquele conceito referido, de dor sentido pela vítima. O dano moral
objetivo independe de consciência da parte de quem sofre. Quanto a este, é
perfeitamente possível admitir o menor como vítima.
Assim como na jurisprudência, na doutrina também existem os autores que
possuem entendimento favorável à responsabilização dos pais ao pagamento de
indenização por danos morais, e existem autores que possuem entendimento
desfavorável, que passo a citar.
De acordo com o entendimento já citado acima de Lôbo: “O artigo 226 da
Constituição não se resume ao cumprimento do dever de assistência material.
Abrange também a assistência moral, que é dever jurídico cujo descumprimento
pode levar à pretensão indenizatória”.
“A lei responsabiliza os pais no que toca aos cuidados com os filhos. A
ausência desses cuidados, o abandono moral, violam a integridade psicofísica dos
filhos, bem como o princípio constitucional da solidariedade familiar”.
Para Madaleno apud Gomes:
Além do direito ao nome paterno, o filho tem a necessidade e o direito, e o
pai tem o dever de acolher social e afetivamente o seu rebento, sendo esse
acolhimento inerente ao desenvolvimento moral e psíquico de seu
descendente. Recusando aos filhos esses caracteres indissociáveis de sua
estrutura em formação, age o pai em injustificável ilicitude civil, e assim gera
o dever de indenizar também a dor causada pelas carências, traumas e
prejuízos morais sofridos pelo filho imotivadamente rejeitado pela desumana
segregação do pai. (MADALENO, 2008, p. 319 apud Gomes).

Em sua obra Maria Berenice Dias cita os dizeres de Rodrigo da Cunha


Pereira, que foi o primeiro a levar esse tema à justiça, defendendo ser uma lesão
extrapatrimonial a um interesse jurídico tutelado, causada por omissão do pai ou da
mãe no cumprimento do exercício do poder familiar, o que configura um ilícito,
portanto, fato gerador de obrigação indenizatória.
Nesse sentido, o abandono afetivo pode gerar direito à reparação pelo dano
causado, com respaldo no art. 952, parágrafo único, CC123,”124 uma vez que
atinge o sentimento de estima frente determinado bem.
A competência para ajuizar a ação de indenização decorrente de abandono
afetivo é das varas de família, com prazo prescricional de 3 (três) anos, conforme
aplicação do art. 206, §3º, V, CC125, a contar da maioridade do filho. “No entanto, a
jurisprudência não tem revelado maior entusiasmo quanto à pretensa
responsabilidade civil indenizatória dessa modalidade de dano moral, que seria na
realidade, mais dever ético/moral que obrigação jurídica”.
A ideia da indenização por abandono afetivo é para desempenhar um papel
pedagógico nas relações familiares. Claro que o relacionamento mantido sob pena
de prejuízo financeiro não seja uma forma satisfatória de estabelecer um vínculo
afetivo, ainda assim, é válida a visita do pai que só visita o filho por medo de uma
condenação, do que gerar no filho um sentimento de abandono.
A omissão do genitor em cumprir os encargos decorrentes do poder familiar,
deixando de atender ao dever de ter o filho em sua companhia, produz danos
emocionais merecedores de reparação.
Citando a jurisprudência, para reforçar o entendimento destes doutrinadores,
em recente decisão do STJ quanto ao assunto discutido, reconheceu o afeto como
valor jurídico e concedeu o direito à indenização por abandono afetivo, assim, os
tribunais já vem se posicionando de forma positiva em indenizar os filhos nesses
casos, atribuindo ao afeto valor jurídico.
Este foi o entendimento da 4ª Turma que teve como Relatora a Ministra
Nancy Andrighi, no julgamento do Resp nº 1.159.242/SP (2009/0193701-9)129, em
24 de abril de 2012, assim ementado:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. ABANDONO AFETIVO.
COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. POSSIBILIDADE. 1. Inexistem
restrições legais à aplicação das regras concernentes à responsabilidade
civil e o consequente dever de indenizar/compensar no Direito de Família. 2.
O cuidado como valor jurídico objetivo está incorporado no ordenamento
jurídico brasileiro não com essa expressão, mas com locuções e termos que
manifestam suas diversas desinências, como se observa do art. 227 da
CF/88.
3. Comprovar que a imposição legal de cuidar da prole foi descumprida
implica em se reconhecer a ocorrência de ilicitude civil, sob a forma de
omissão. Isso porque o non facere, que atinge um bem juridicamente
tutelado, leia-se, o necessário dever de criação, educação e companhia –
de cuidado – importa em vulneração da imposição legal, exsurgindo, daí, a
possibilidade de se pleitear compensação por danos morais por abandono
psicológico. 4. Apesar das inúmeras hipóteses que minimizam a
possibilidade de pleno cuidado de um dos genitores em relação à sua prole,
existe um núcleo mínimo de cuidados parentais que, para além do mero
cumprimento da lei, garantam aos filhos, ao menos quanto à afetividade,
condições para uma adequada formação psicológica e inserção social. 5. A
caracterização do abandono afetivo, a existência de excludentes ou, ainda,
fatores atenuantes – por demandarem revolvimento de matéria fática – não
podem ser objeto de reavaliação na estreita via do recurso especial. 6. A
alteração do valor fixado a título de compensação por danos morais é
possível, em recurso especial, nas hipóteses em que a quantia estipulada
pelo Tribunal de origem revela-se irrisória ou exagerada. 7. Recurso
especial parcialmente provido.

Com a análise do excelente voto da Ministra Nancy Andrighi, onde


demonstra o amor como algo subjetivo e que não é passível de valoração, mas que
inquestionável o dever de cuidado, e que este é um dever jurídico, e que esse
decorre da assistência moral, e quando descumprido pode ser valorado e atribui ao
afeto um valor jurídico, passível de ser indenizado pelos pais em relação aos filhos,
afirmando ainda, “em suma, que amar é faculdade, cuidar é dever.”
Por certo, a decisão do STJ reconheceu o cuidado como valor jurídico
identificando o abandono afetivo como ilícito civil, a ensejar o dever de indenizar. Por
isso, seria possível considerar a possibilidade da responsabilidade civil, para quem
descumpre o múnus inerente ao poder familiar. A criança veio ao mundo, se foi
desejada, planejada ou não, os pais devem arcar com a responsabilidade desta
escolha.
A evolução jurisprudencial foi um fator decisivo frente à temática, pois,
depois de séculos de convivência com essa tragédia social, a primeira condenação
de um pai por danos morais decorrentes de abandono de filho foi proferida em 19 de
setembro de 2003, em Capão da Canoa, no Rio Grande do Sul.
O referido pai foi condenado a pagar 200 (duzentos) salários mínimos por
danos psicológicos à filha pelo juiz Mario Maggioni, da 2ª Vara Cível da cidade. Na
sentença41, o magistrado destacou que a educação, além de prover a escolaridade,
é brincar, passear, ir ao parque e estabelecer condições para que a criança se
desenvolva. Da decisão não houve recurso, tornando-se a primeira condenação no
Brasil nesse sentido.
No ano seguinte, em 2004, tivemos a primeira condenação em segunda
instância de pai que abandonou o filho proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado
de Minas Gerais, no valor de R$ 44.000,00 (quarenta e quatro mil reais), mas tal
decisão foi reformada pelo Superior Tribunal de Justiça em 2006, ao reconhecer a
impossibilidade da indenização.
Entretanto, nos anos que se seguiram, houve uma forte influência da
constitucionalização do nosso Direito de Família, em especial por força do Princípio
da Dignidade da Pessoa Humana, que forçou o acatamento da indignação contra o
abandono de filhos nos julgados dos mais diversos tribunais do país. Sempre
destacada, a importância da dignidade da pessoa humana se tornou norma de dever
ser, com caráter jurídico e vinculante, não podendo mais ser considerado apenas um
valor cujo caráter seria somente axiológico (BORGES, 2007).
No dia 24 de abril de 2012, o Superior Tribunal de Justiça finalmente
resolveu ouvir o grito43 das vítimas do abandono através do irretocável acórdão do
Recurso Especial 1159242/SP44, de relatoria da Ministra Nancy Andrighi, que
condenou um pai a pagar à sua filha o valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais),
que transcreveremos a ementa a seguir, devido à sua importância e pioneirismo:
Após essa emblemática decisão do STJ que restou transitada em julgado,
foram proferidas as mais diversas condenações nesse mesmo sentido. O que se
depreende da decisão é que, atualmente, não existe qualquer restrição à aplicação
das regras de responsabilidade civil no Direito de Família. Ressalte-se que,
anteriormente, o Supremo Tribunal Federal já havia se manifestado sobre o tema45,
entendendo que, no recurso em análise, não existia qualquer ofensa direta à
Constituição Federal.
Devemos ainda destacar o efeito pedagógico das referidas condenações
judiciais, a fim de desestimular pais que não cuidam dos próprios filhos, destruindo
todo um projeto de vida de crianças e adolescentes e, consequentemente, causando
os mais diversos danos a toda a sociedade. É certo que uma indenização não “traz
amor de volta”, como sugerem os críticos dos procedimentos judiciais, mas
demonstra que alguém ouviu o choro sofrido e silencioso dessas vítimas,
proporcionando a esperança de voltar a acreditar nos valores da família e na Justiça,
que deve reprimir atos ilícitos, seja onde for.
Deixar de punir seria, de certa forma, premiar milhares de pais omissos,
perpetuando o hábito covarde de impor apenas às mães a difícil tarefa de assistir,
criar e educar os filhos. Hoje, assistimos a uma mudança de comportamento nas
famílias modernas com pais cada vez mais participativos, mas o Judiciário deve
acompanhar de perto essa mudança, sinalizando sempre que atos ilícitos praticados
no ambiente familiar não serão tolerados.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o presente trabalho, analisamos a sistemática da responsabilidade civil


em relação ao abandono afetivo pelos genitores e a possibilidade de indenizar o
dano sofrido que causou grandes transtornos no desenvolvimento da criança e / ou
adolescente envolvido.
Iniciamos pelo conceito de família e sua evolução no decorrer dos anos, os
princípios constitucionais que são aplicados no direito de família ligados diretamente
ao tema, a importância e a responsabilidade civil dos pais com relação aos filhos
menores, expondo principalmente as jurisprudências que amparam o tema, bem
como a sua evolução jurídica.
Até chegarmos no ponto decisivo do pesquisa que se é a possibilidade de
indenização frente ao abandono afetivo por danos morais, buscando os
posicionamentos doutrinários e jurisprudencias para o tema, onde muito contribuiu a
Ministra Nancy Andrighi , que inaugurou esse debate, destacando uma única frase
que resume toda esta luta: “Em suma, amar é faculdade, cuidar é dever”. Seu voto
elucidativo foi favorável à responsabilização civil frente ao abandono afetivo,
reconhecendo o afeto como valor jurídico passível de indenização.
Portanto, esse trabalho buscou demonstrar que o dano moral no âmbito do
direito de família merece ser tratado com mais cuidado nas relações entre pais e
filhos, pois aquele filho que procurou o judiciário para de alguma maneira tentar
suprir aquela falta de amor na fase de desenvolvimento, na maioria das vezes não
está procurando uma vantagem patrimonial, mas sim tentar compensar o afeto não
recebido.

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Possibilidade de alternância de residência do menor. Relatoria: Ministra Nancy
Andrighi. Publicação no DJE em 31/08/2011. Disponível em
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21086250/recurso-especial-resp-1251000-
mg-2011-0084897-5-stj/inteiro-teor-21086251.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº Nº 1.159.242 – SP /


2012. ABANDONO AFETIVO. COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL.
POSSIBILIDADE. Relatoria: Ministra Nancy Andrighi. Publicação no DJE em
10/05/2012. Disponível em: https://migalhas.uol.com.br/arquivo_artigo/art20120510-
02.pdf.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgRg no AREsp 766.159/MS.


Impossibilidade de caracterização do abandono afetivo antes do
reconhecimento de paternidade. Relatoria: Ministro Marco Buzzi. Publicação no
DJE 25/10/2018. Disponível em:
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/642261561/agravo-em-recurso-especial-
aresp-1334619-ms-2018-0184046-4.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1579021/RS. Dever Jurídico


inexistente. Abandono afetivo. Danos morais. Rel. Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 19/10/2017, DJe 29/11/2017. Disponível
em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/526809377/recurso-especial-resp-
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BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. RESP Nº 1.087.561. Abandono Material. Ato


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