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MACAPÁ
2023
THAYS EVANGELISTA DA SILVA CARDOSO
MACAPÁ
2023
THAYS EVANGELISTA DA SILVA CARDOSO
BANCA EXAMINADORA
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................09
2. BREVE RELATO – EVOLUÇÃO DO PODER FAMILIAR.....................................11
2.1 Princípios constitucionais...............................................................................14
2.1.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana...........................................15
2.1.2 Princípio do melhor interesse da criança e do adolescente...................17
2.1.3 Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar..............18
2.1.4 Princípio da solidariedade familiar..........................................................18
2.1.5 Princípio da convivência
familiar.............................................................19
2.1.6 Princípio da boa-fé
objetiva.....................................................................21
2.1.7 Princípio da proteção integral a crianças, adolescentes e jovens..........22
2.2 Estatuto da criança e do
adolescente.............................................................23
3. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL...........................................26
3.1 Elementos caracterizadores da responsabilidade civil...................................27
3.1.1 Conduta humana (Ação ou omissão do
agente) .....................................27
3.1.2 Culpa ou dolo do
agente..........................................................................27
3.1.3 Nexo de causalidade...............................................................................28
3.1.4 Dano........................................................................................................29
3.2 Responsabilidade civil no abandono
afetivo...................................................30
4. INDENIZAÇÃO POR ABANDONO AFETIVO.......................................................33
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................38
REFERÊNCIAS..........................................................................................................39
1. INTRODUÇÃO
A família é a sociedade mais antiga que existe e ao longo dos anos vem
assumindo novos conceitos, à medida que recebe influência de cada época, povos,
religiões e políticas.
Nesse sentido, para a melhor compreensão, essa evolução está dividida em
três grandes momentos históricos: família pré-moderna, família moderna e família
contemporânea; todos com suas prioridades e característica, envolvendo
principalmente o papel da criança e do adolescente, bem como a influência dos
genitores em seus desenvolvimentos.
A família pré-moderna, compreendida entre o século XVI ao XVIII, era
extensa ramificada em várias gerações, muitas vezes todos morando na mesma
casa. Nessa época, havia uma pirâmide representativa de poder e respeito, onde a
igreja estava no topo, ou seja, religiosamente Deus era o centro de todo o poder;
socialmente era o rei o ser mais poderoso e na família a autoridade suprema era o
ascendente vivo mais velho, chamado de patria potestas.
Roudinesco afirma que neste modelo de família a célula familiar repousa em
uma ordem do mundo imutável e inteiramente submetida a uma autoridade patriarcal
(Roudinesco, 2003, p. 19). O pai era o líder da família, estando nele o poder e o
dever de controlá-la.
Como visto, a família era totalmente patriarcal, ou seja, o “pai de família”, em
latim pater famílias, exercia sua autoridade máxima sobre seus descendentes não
emancipados, inclusive sua esposa. Já a mulher, por sua vez, era submissa e
desqualificada, ficava confinada ao lar, era excluída dos papéis públicos e das
responsabilidades políticas, administrativas, municipais, corporativas entre outros. A
sua ocupação era limitada aos cuidados domésticos e sua vocação era ser mãe
(reprodutora) e esposa. Esse papel era influenciado pela igreja e pela sociedade
civil.
Nessa época a criança não era diferente dos adultos, pois sua educação era
baseada nos ensinamentos dos mais velhos, bem como sua convivência com
crianças era escassa ou mesmo inexistente. As escolas eram frequentadas apenas
pelos clérigos (sacerdote cristão), portanto, a educação das crianças realizava-se a
partir de atividades domésticas.
Diante disso, AUREA PIMENTEL PEREIRA, descreveu a estrutura da
família neste estágio:
Sob a auctoritas do pater familias, que, como anota Rui Barbosa, era o
sacerdote, o senhor e o magistrado, estavam, portanto, os membros da
primitiva família romana (esposa, filhos, escravos) sobre os quais o pater
exercia os poderes espiritual e temporal, à época unificados. No exercício
do poder temporal, o pater julgava os próprios membros da família, sobre os
quais tinha poder de vida e de morte (jus vitae et necis), agindo, em tais
ocasiões, como verdadeiro magistrado. Como sacerdote, submetia o pater
os membros da família à religião que elegia.
Para Tavares da Silva (2011, online), este princípio reúne todos os valores e
direitos que podem ser reconhecidos à pessoa humana: a afirmação de sua
integridade física, psíquica, moral e intelectual, além da garantia do livre
desenvolvimento de sua autonomia e personalidade, constituindo-se verdadeira
cláusula geral de proteção integral à pessoa humana.
Além disso, os próprios artigos da Constituição Federal exemplificam esta
garantia. Assim os art. 227 e 230, preveem, respectivamente:
Sua previsão se encontra no artigo 226, §7º, CF/8825, que dispõe que o
planejamento familiar é livre decisão do casal, fundado nos princípios da dignidade
da pessoa humana e da paternidade responsável, onde é responsabilidade dos
genitores priorizar o bem-estar físico e psíquico da vida que geraram. Dessa forma a
constituição federal traz relata em seu artigo 226, in7:
“A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
(...)
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do
casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma
coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.”
Para Maria Berenice Dias, “o afeto não é somente um laço que envolve os
integrantes de uma família. Também tem um viés externo, entre as famílias, pondo
humanidade em cada família”.
Mesmo que a palavra afeto não esteja na Constituição, há sua proteção,
como exemplo o reconhecimento da união estável como entidade familiar,
merecendo a tutela jurídica, onde o que une as duas pessoas é o afeto entre elas.
O princípio ora citado não surgiu apenas com o artigo 227 da Constituição
Federal, ele já era previsto na Declaração dos Direitos da Criança, adotada pela
Assembleia das Nações Unidas, ratificada pelo Brasil. O princípio preza pela
proteção integral da criança e do adolescente, proporcionando sempre uma proteção
especial. Assim, o artigo 19 da Convenção Americana sobre os Direitos Humanos
(Pacto de San José, 1969), determina que “Toda criança tem direito às medidas de
proteção que na sua condição de menor requer, por parte da família, da sociedade e
do estado.”
O ordenamento jurídico traz como constitucional e prioritária a proteção integral
das crianças, adolescentes e jovens, já que são vulneráveis e necessitam de
cuidados distintos. Assim, a constituição despreza qualquer tipo de diferenciação e
discriminação de filhos, porquanto todos são iguais perante a lei.
Isto posto, é de fundamental importância a proteção das crianças e
adolescentes, uma vez que são a base da sociedade, estando bem amparados,
protegidos e aconselhados, a sociedade, será bem mais desenvolvida.
Para Maria Berenice Dias, falta neste rol, a essência existencial do poder
familiar que é a afetividade o laço que liga pais e filhos, e ainda, o que deveria ser o
mais importante, o dever dos pais com relação aos filhos, dever de educar, dar
amor, atenção, sem se limitar a encargos materiais.
Diante disso, fica clarividente que o Estatuto garante a proteção integral à
criança e ao adolescente no contexto Familiar, a fim de que seja assegurada a
obrigação dos pais com filhos independentemente se os filhos são legítimos ou
ilegítimos. A respeito da competência dos pais quanto aos filhos menores, a redação
do artigo 1634, CC, dispõe:
Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
I - dirigir-lhes a criação e educação;
II - tê-los em sua companhia e guarda;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro
dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder
familiar;
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-
los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o
consentimento;
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de
sua idade e condição.
Assim, nota-se que os pais são a base dos filhos, porém compreende-se que
a proteção é o dever tanto do Estado quanto da família, com objetivo de preservar
todos os direitos inerentes à criança e ao adolescente, sendo que não cabe violar
estes direitos, ou seja, o Estado em conjunto com as famílias possui a
responsabilidade pelas garantias dos direitos inerente aos menores de idade,
protegendo-os de todos risco que possa afetar sua infância e ou sua adolescência.
3. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL.
3.1.4 Dano
Dano é toda danificação a um bem juridicamente protegido, que possa
causar um prejuízo de ordem patrimonial ou até mesmo extrapatrimonial. O dano
sempre será elemento para a responsabilidade civil, já que é essencial para sua
caracterização.
Para o dano ser indenizável, é imprescindível que contenha os seguintes
requisitos: a) diminuição ou destruição de um bem jurídico, patrimonial ou moral,
pertencente a uma pessoa; b) efetividade ou certeza do dano, pois a lesão não
poderá ser hipotética ou conjetural; c) causalidade já que deverá haver uma relação
entre a falta e o prejuízo causado; d) subsistência do dano no momento da
reclamação do lesado; e) legitimidade, pois a vítima, para que possa pleitear a
reparação, precisará ser titular do direito atingido; f) ausência de causas excludentes
de responsabilidade, porque podem ocorrer danos.
A reparação deve ser sempre medida proporcionalmente ao próprio dano,
primeiramente a indenização deve servir para a reparação do status quo ante, não
sendo possível é importante a reparação de uma forma que possa amenizar os
danos sofridos pela vítima, não podendo de forma alguma enriquecê-la.
De acordo com o artigo 927, parágrafo único do Código Civil: “Haverá
obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
na lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. Concomitantemente o artigo 402:
“Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos
devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que
razoavelmente deixou de lucrar” e artigo 182, do mesmo dispositivo: “Anulado o
negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam,
e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
Entretanto, não se pode o indivíduo ser responsabilizado civilmente, sem ter
provado o dano ou provado que este violou direito de outrem, a não serem os casos
que independem de culpa, aqueles previstos em lei.
A dor sofrida pelo filho abandonado é exorbitante, desse modo, os pais que
o abandonaram devem sofrer certa penalização, a partir do instituto da
responsabilidade civil que visa a reparar o espaço vazio causado na criança
abandonada, deixando um ensinamento para todos os pais que de certa forma não
sabem da importância e não sabem o dever que têm de criar e educar seus filhos.
Corrobora a autora Valéria Silva Galdino Cardin:
O cabimento da reparação dos danos morais no âmbito familiar justifica-se
pelo fato de que o patrimônio moral e familiar é algo muito precioso e de
grande estimação, visto ser construído com carinho, afeto e sentimento em
cada minuto da vida e, porque o impacto de uma lesão causada por um
membro da família em detrimento de outro tende a ser maior, do que aquele
provocado por um estranho, assim, merece amparo pela teoria geral da
responsabilidade civil, já que o ordenamento jurídico brasileiro não dispõe
de previsão específica. (CARDIN, 2017, p. 51)
Portanto, nem o pai nem a mãe são obrigados a amar seus filhos, assim
como ninguém é obrigado a amar ninguém, portanto, não podem esquecer que a
criança não tem culpa por ter sido gerada, então é seu dever proporcionar-lhe uma
vida digna, e para isso o abandono afetivo não será a forma correta, pelo contrário,
poderá afastar qualquer tentativa de sucesso da vida da criança, assim também
como já observados os danos psicológicos causados.
4. INDENIZAÇÃO POR ABANDONO AFETIVO
REFERÊNCIAS
DIAS, Maria Berenice. Evolução Legislativa In: Manual de Direito das Família
(livro eletrônico). 4.ed – São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. P. 25 - 139.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. v. 6. São Paulo: Atlas, 2007.
WALD, Arnoldo. O novo direito de família. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
DIAS, Maria Berenice. Evolução Legislativa In: Manual de Direito das Família
(livro eletrônico). 4.ed – São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. P. 25 - 139.