Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MACEIÓ
2023
THACIANE YASMIN SENA DA SILVA
Assinatura da Orientadora
MACEIÓ
2023
THACIANE YASMIN SENA DA SILVA
Aprovado em: / /
BANCA EXAMINADORA
MACEIÓ
2023
AGRADECIMENTOS
A Deus por me proporcionar perseverança durante toda a minha vida. Aos meus pais
Ivete Maria Sena da Silva e Cicero José Francisco da Silva, pelo apoio e incentivo que serviram
de alicerce para as minhas realizações. Como também, aos meus irmãos pela amizade e atenção
dedicadas quando sempre precisei.
Ao meu digníssimo esposo Antony Wylker dos Santos Rodrigues, pelo seu amor
incondicional e por compreender as várias horas em que estive ausente por causa da minha vida
acadêmica.
A minha orientadora Regina Maria Ferreira da Silva Lima, que apesar da intensa rotina
de sua vida acadêmica aceitou me orientar nesta monografia.
A todos os meus amigos do curso de graduação que compartilharam dos inúmeros
desafios que enfrentamos, sempre com o espírito colaborativo.
Além disso, quero agradecer à Faculdade Delmiro Gouveia – FDG e o seu corpo docente
que demonstrou estar comprometido com a qualidade e excelência do ensino.
RESUMO
The objective of this study is to verify if there is the possibility of excluding the maternal or
paternal surname due to the affective abandonment considering that the Brazilian legal system
does not expressly regulate with regard to this hypothesis of alteration and, subsequently, to
analyze if there are succession effects with the exclusion of the surname. At first, there is a
contextualization of the fundamental right to the name, as well as the concept of the civil name
and its legal nature of the right to personality, analyzing its elements to later verify the
protection of the name against the Brazilian legislation. Next, it is versed on the characterization
of affective abandonment, emphasizing the contextualization of family law and going through
an analysis of the principles pertinent to the theme, for a better understanding of affective
abandonment and its requirements for application in the concrete case in order to understand its
consequences to helpless children and the admissibility of accountability of the ...
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 05
CAPÍTULO I- DO DIREITO FUNDAMENTAL AO NOME E A CONFIGURAÇÃO
DO ABANDONO AFETIVO ................................................................................................ 07
1.1 O direito fundamental ao nome .......................................................................................... 07
1.1.1 Conceito e natureza jurídica do nome ............................................................................. 07
1.1.2 Dos elementos do nome.................................................................................................. 09
1.1.3 A tutela do nome no ordenamento jurídico brasileiro ..................................................... 10
1.2 Da configuração do abandono afetivo ............................................................................... 12
1.2.1 Noções gerais sobre família............................................................................................ 12
1.2.2 Dos princípios norteadores pertinentes a temática .......................................................... 14
1.2.3 Conceito e pressupostos para a configuração do abandono afetivo ................................ 16
1.2.4 Abandono afetivo e respectivas consequências .............................................................. 18
1.2.5 A possibilidade de responsabilização dos genitores pelo abandono afetivo ................... 19
1.2.6 Decisões e entendimentos jurisprudenciais acerca do tema ............................................ 20
CONCLUSÃO........................................................................................................................ 53
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................56
5
INTRODUÇÃO
Assim, perante a premissa de que todo indivíduo tem direito a titularidade de um nome
a fim de identificar, perante a si e a coletividade, e que este nome deve representar orgulho e
apreço por quem o carrega, indaga-se se a constatação do abandono afetivo por um dos
genitores configura hipótese que motiva e legitima a exclusão do patronímico do filho
abandonado, considerando o caráter imutável e definitivo do nome.
CAPÍTULO I
DO DIREITO FUNDAMENTAL AO NOME E A CONFIGURAÇÃO DO ABANDONO
AFETIVO
Federal Brasileira, assim como o Código Civil de 2002. São direitos que visam tutelar a
concretização efetiva da pessoa a fim de possibilitar o exercício dos demais direitos
estabelecidos pelo ordenamento jurídico pátrio.4
4
OLIVEIRA, José Sebastião de; PEREIRA, Márcio Antônio Luciano Pires. Dos direitos da personalidade e da
diversidade no contexto da vida social moderna como instrumentos de efetivação da justiça social. 1ed.
Florianópolis: Fundação Boiteux, 2014, p. 388.
5
ARAÚJO, Stéphanie Almeida. Aspectos e natureza jurídica do nome civil. Conteúdo Júridico. Brasília-DF.
jul. 2017. Disponível em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/50481/aspectos-e-naturezajuridica-
do-nome-civil. Acesso em: 16.mar.2022.
6
AMORIM, José Roberto Neves. Direito ao nome da pessoa física. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 6.
9
A teoria mais aceita e que melhor define a natureza jurídica do nome é a que
o considera um ―direito da personalidade‖, ao lado de outros, como o direito
à vida, à honra, à liberdade etc. [...] O nome representa, sem dúvida, um
direito inerente à pessoa humana e constitui, portanto, um direito da
personalidade. 7
Segundo Diniz:
7
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 152.
8
ZIEM, Stella Daiane Dildey. A possibilidade da exclusão do sobrenome paterno diante do abandono
afetivo. 2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação). Faculdade de Direito, Universidade do Sul de
Santa Catarina, 2014, p.21.
9
AMORIM, José Roberto Neves. Direito ao nome da pessoa física. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 06.
10
BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 23 mar. 2022.
10
O sobrenome, comum a todos os que pertencem uma família, vem logo em seguida do
prenome. Contudo, diferente do prenome, o sobrenome não pode ser de livre escolha, é
imprescindível seguir a transmissão hereditária, ou seja, o indivíduo transmite o nome da
família de geração em geração.
11
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
12
ZIEM, Stella Daiane Dildey. A possibilidade da exclusão do sobrenome paterno diante do abandono
afetivo. 2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação). Faculdade de Direito, Universidade do Sul de
Santa Catarina, 2014, p.22.
13
Idem, 2014, p. 23
14
BIJEGA, Barbara Caroline. O abandono afetivo como possibilidade de supressão do sobrenome no
registro civil. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação). Faculdade de Direito, Centro Universitário
de Curitiba, 2021, p. 71.
15
Idem, 2014, p. 23.
11
Nesse viés, o Código Civil de 2002, em seu Capítulo II, trata dos direitos à
personalidade, dentre eles, a proteção ao nome, garantindo que toda pessoa tem direito ao
nome, nele compreendido o prenome e o sobrenome.
É possível afirmar que o pseudônimo, adotada para atividades lícitas, também recebe a
mesma proteção a que se dá ao nome, consoante o artigo 19 do Código Civil. O nome falso,
denominado de pseudônimo, caracterizado como diverso ao nome, perpassa da livre escolha
do portador a fim de ocultar sua identidade. Tal prática é normalmente utilizada em meio a
vida profissional, e assim como o nome civil, recebe proteção, desde que utilizada para
atividades lícitas.17
16
LOTUFO, Renan. Código civil comentado. São Paulo: Saraiva Educação, 2003, p. 471.
17
Idem, 2003, p. 472.
18
GRAMINHO, Vivian Maria Caxambu. Direito ao nome e as exceções ao princípio da imutabilidade. Revista
Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 22, n. 4984, 22 fev. 2017. Disponível
em: https://jus.com.br/artigos/55836. Acesso em: 11 jan. 2022, p. 02.
12
A família é a primeira e mais antiga instituição social a qual o homem faz parte. Sua
constituição ocorre de forma espontânea, um fato natural, de livre iniciativa dos indivíduos,
porém seus efeitos jurídicos são previstos pelo ordenamento pátrio.
Não há uma conceituação específica do que seja família diante da sua evolução
histórica e frente aos diplomas legais brasileiros. Contudo, é considerada pela doutrina como
um grupo de pessoas ligadas pelos vínculos sanguíneos e afetivos19.
Podemos dizer que família é uma instituição social, composta por mais de
uma pessoa física, que se irmanam no propósito de desenvolver, entre si, a
solidariedade nos planos assistencial e da convivência ou simplesmente
descendem uma da outra ou de um tronco comum. 20
Segundo Venosa, o conceito, compreensão e extensão de família são os que mais
alteram no curso do tempo. Na antiguidade, a sociedade era eminentemente rural e patriarcal.
O homem era considerado o chefe e representante da sociedade conjugal, enquanto a mulher
dedicava-se exclusivamente aos afazeres domésticos, inexistindo a paridade de direitos em
relação ao homem21. Os filhos eram submissos à autoridade paterna, como futuros
continuadores da família. O Estado pouco interferia, mantendo aos ideais da igreja católica na
regulamentação da família e do casamento em razão da forte influência religiosa e moral da
19
PEREIRA, Poliana Alves. Responsabilidade civil por abandono afetivo. 2018. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação), Faculdade de Direito, Centro Universitário Toledo, 2018. p. 14.
20
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: Direito de Família, 7 ed. São Paulo: Grupo GEN, 2015, p. 420.
21
VENOSA, Sílvio de S. Direito Civil: Família e Sucessões. São Paulo: Grupo GEN, 2020, p. 490.
13
O Código Civil de 1916 foi fruto desse período patriarcal, fundado na família
hierarquizada e matrimonial, no critério da legitimidade da família e dos filhos, na
desigualdade entre cônjuges e filhos, no exercício dos poderes marital e paterna22.
Foi promulgada a Lei no 4.121, de 27-8-62, Estatuto da Mulher Casada, que cessou a
incapacidade relativa da mulher casada, nascendo a igualdade entre os cônjuges. Foi editada a
Emenda Constitucional nº 9, de 28.6.1977, revogadora do princípio da indissolubilidade do
vínculo matrimonial. Coma a Emenda Constitucional no 66/2010 culminou possível a
extinção do sistema de separação judicial prévia, existindo somente o divórcio.
22
BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 23 mar. 2022.
23
BRASIL, Constituição Federal da República Federativa do Brasil (1998). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 01 mar. 2022.
24
Idem, 1998.
25
LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. São Paulo: Editora Saraiva, 2021, p 550.
26
Idem, 2021.
14
art. 226), a igualdade entre filhos de qualquer origem, seja biológica ou não
biológica, matrimonial ou não (§ 6º do art. 227). 27
Cumpre mencionar que com o advento da Constituição e superada algumas ideias do
Código Civil de 1916, tramitou no Congresso Nacional, por um longo período, o Código Civil
de 2002. Contudo, a nova legislação deu tratamento desordenado ao direito de família,
existindo um paradoxo em seu texto diante da difícil conciliação entre duas referências
opostas. O paradigma do Projeto de 1969-1975 era a versão melhorada do que prevaleceu no
Código Civil de 1916, por outro lado, a Constituição de 1988 que aboliu uma serie de
desigualdades. Dessa forma, logo após sua entrada em vigor, vários projetos de lei
procuraram corrigi-lo, modificando, acrescentando ou suprimindo matérias, total ou
parcialmente.
Os princípios são o ponto de partida para a análise do estudo, funcionando como base
para qualquer operação jurídica. O Código Civil de 2002 procurou adaptar-se a evolução
social e os bons costumes, alcançando as mudanças legislativas existentes nas últimas décadas
com a ampla e atualizada regulamentação do direito de família à luz das normas e princípios.
27
LÔBO, Paulo. Direito civil: famílias. São Paulo: Editora Saraiva, 2021, p.550.
28
Idem, 2021, p.550.
29
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Editora Saraiva, 2021, p. 159.
30
PEREIRA, Débora de Souza et al. A supressão de sobrenome legitimada pela constatação de abandono
afetivo pelo genitor. Florianópolis, 2013, p. 38.
15
humanas, como membros iguais do gênero humano, inexiste valor econômico, é inestimável e
indisponível, impossibilitado de ser objeto de troca31.
31
LÔBO, Paulo. Direito civil: famílias: vol. 5. São Paulo: Editora Saraiva, 2021, p. s/p.
32
Idem, 2021, s/p.
33
Idem, 2021, s/p.
34
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito de família. 12 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2017, p. 171.
16
35
LÔBO, Paulo. Direito civil: famílias. São Paulo: Editora Saraiva, 2021, s/p.
36
MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. 5 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 93.
17
A família, concentrada no afeto como elemento essencial, exige dos pais o dever de
assistir seus filhos sem negligenciar quaisquer necessidades, seja afetiva ou material.
37
BRASIL, Constituição Federal da República Federativa do Brasil (1998). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 01 mar. 2022.
38
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 160.
39
MAZZORANA, Danielle Gonçalves Rech. Afeto, convivência e constituição da pessoa: etnografia das
relações familiares a partir de indenizações morais por 81 abandono afetivo no estado de Santa Catarina. 2012.
Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2012.
18
Afirma Dias que cessado o afeto, está ruída a base de sustentação da família, e a
dissolução do vínculo é o único modo de garantir a dignidade da pessoa .40 Percebe-se que o
afeto é um direito fundamental inerente a personalidade, indispensável para o
desenvolvimento com dignidade, equilibrado e sadio do indivíduo que parte dos genitores,
com base no princípio da paternidade responsável atrelado a solidariedade e afetividade,
garantir todos os cuidados e educar sua prole, possibilitando o convívio e o acompanhamento
do desenvolvimento com afeto e assistência moral e material.
Dessa forma, o abandono afetivo caracteriza-se como uma renegação dos pais
responsáveis se opondo aos princípios e deveres inerentes a família, constitucionalmente
previstos.
40
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 10. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2015, p.212.
41
CALDERÓN, Ricardo. Princípio da Afetividade No Direito de Família. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2017, p. 168.
42
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. São Paulo: Saraiva, 2020. p.
288
19
Percebe-se que, na fala de Tartuce, o ato ilícito constitui uma soma entre lesão de
direitos e dano causado. Já a consequência do ato ilícito é a obrigação de reparar45. Ocorre
que para existir o dever de indenizar, é imprescindível a concretização dos elementos da
responsabilidade civil. O primeiro pressuposto é a conduta humana, caracterizada por uma
ação (conduta positiva) ou omissão (conduta negativa). A ação é a regra, enquanto a omissão
necessita da existência do dever jurídico de praticar determinado ato.
43
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. vol. 7: Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p.
2006.
44
BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 23 mar. 2022.
45
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito de família. 12 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2017, p. 169.
46
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil de acordo com a Constituição de 1988. 5. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 1994, p.75.
20
Enfatiza Tartuce49 que a violação do dever de cuidar pode gerar um ato ilícito, nos
termos do art.186 do CC, se provado o dano a integridade psíquica. Portando, diante da
ligação entre o direito de família e a responsabilidade civil, é admissível a análise de decisões
pertinentes ao tema estudado que será demonstrado no próximo tópico.
Acrescentam, ainda, que não consta na legislação brasileira leis que obriguem os
genitores a amar seus filhos, resultando em uma indenização desproporcional e dispensável,
muito além do direito.
47
Idem, 2017, p. 170.
48
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2021, p.
153.
49
Idem, 2017, p. 171
50
Idem, 2017, p. 172.
21
51
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil, vol. 3:
responsabilidade civil. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p.740.
52
BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n°757.411-MG. Recorrente: Alexandre Batista
Fortes. Recorrido: Vicente de Paulo Ferro de Oliveira. Relator: Ministro Fernando Gonçalves. Brasília, 29 de
novembro de 2005. Diário de Justiça, 23/03/2006.
22
53
BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n° 1159242-SP. Recorrente: Antonio Carlos Jamas
Dos Santos. Recorrido: Antonio Carlos Delgado Lopes. Relatora: Ministra Nancy Andrighi. São Paulo, 24 de
abril de 2012. Diário de Justiça 10/05/2012.
54
BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n° 1159242-SP. Recorrente: Antonio Carlos Jamas
Dos Santos. Recorrido: Antonio Carlos Delgado Lopes. Relatora: Ministra Nancy Andrighi. São Paulo, 24 de
abril de 2012. Diário de Justiça 10/05/2012.
55
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito de família. 12 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2017, p. 173.
23
CAPÍTULO II
DA POSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DO SOBRENOME DOS GENITORES EM
RAZÃO DO ABANDONO AFETIVO
Insta salientar que o direito ao nome enquadra-se como um direito fundamental regido
com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana de natureza jurídica de direito a
personalidade, ou seja, é uma característica essencial e intrínseca ao indivíduo titular de
direitos e deveres, tutelado perante o ordenamento jurídico brasileiro.
A família, segmento social a qual o homem faz parte desde sua origem, é
constituída por laços sanguíneos e afetivos, conforme entendimento doutrinário. Contudo, o
afeto em muitos casos é rompido, e, consequentemente, há também, uma ruptura no dever de
cuidado dos pais em relação aos filhos, gerando sequelas irreversíveis para aqueles que
cresceram com a omissão dos genitores.
Com o avanço dos Tribunais brasileiros frente suas decisões, culminou possível a
responsabilização dos pais em razão do abandono afetivo que se caracteriza pela omissão dos
genitores, ou de um deles, no que se refere ao dever de educação em sua acepção mais ampla,
56
permeada de afeto, atenção e desvelo . No entanto, além da indenização cabível existe um
outro conflito. Indaga-se a coerência de carregar o sobrenome daquele genitor em que se
omitiu do seu dever de cuidar, e além da responsabilização se há a possibilidade de excluir o
sobrenome materno/paterno em razão do abandono sofrido.
56
MAZZORANA, Danielle Gonçalves Rech. Afeto, convivência e constituição da pessoa: etnografia das
relações familiares a partir de indenizações morais por 81 abandono afetivo no estado de Santa Catarina. 2012.
Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2012.
24
Logo, com a vigência dessa lei, a regra da imutabilidade culminou relativizada diante
das possíveis alterações no prenome, em que pese este seja definitivo. Acerca do assunto,
explica José Roberto Neves Amorim que embora se preveja a imutabilidade do nome, este é
57
SILVA, Daniela de Assis. Possibilidades de alteração do nome no registro civil e o devido procedimento
legal. 2020. Trabalho de conclusão de curso (Graduação). Faculdade de Direito e Relações Internacionais,
Pontifica Universidade Católica de Goiás, 2020. p.09.
58
GAVIÃO, Fausto Carpegeani de Moura. Do Princípio da Imutabilidade do Nome. Jus Brasil. maio. 2019,
p.24.
59
BRASIL. Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Lei dos Registros Públicos. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6015compilada.htm. Acesso em: 11 abr. 2022.
25
relativo, pois devem ser consideradas as exceções legais, reiterando-se o caráter absoluto
desse princípio. 60
Cumpre mencionar, ainda, que além do progresso legislativo de alterar a lei a fim de
prever hipóteses de mudanças do nome, a jurisprudência e a doutrina revelou-se relutantes
frente as alterações do nome, destacando a substituição e a supressão do sobrenome com
fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana.
60
AMORIM, José Roberto Neves. Direito ao nome da pessoa física. São Paulo: Saraiva, 2003.p.200.
61
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito civil: teoria geral. 9. ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2011, p. 254.
62
OLIVEIRA, Euclides de. Direito ao nome. Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo, n. 11, São
Paulo: Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo, janeiro, 2003, p.201.
26
Não obsta, nesse momento, ressaltar o nome civil como um dos direitos essenciais da
personalidade jurídica, a manifestação mais expressiva da personalidade. Um elemento
atribuído ao indivíduo como forma de individualização da pessoa humana e identificar sua
origem, de interesse da coletividade e do Estado. Apesar do nome, em regra, ser imutável em
razão da segurança jurídica em meio a sociedade, há uma relativização, emergindo hipóteses
legais e excepcionais de alteração, tanto do prenome como do sobrenome.
63
SCHREIBER, Anderson. Direitos da Personalidade. São Paulo: Atlas, 2013, p.186.
64
SCHMIDT, Guilherme de Paoli. As possibilidades de alteração do nome civil das pessoas naturais.
Lajeado, Rio Grande do Sul, 2017, p.122.
65
VIEIRA, Tereza Rodrigues. Nome e sexo: mudanças no registro civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012, p.80.
27
Diante dessa situação, dispõe o parágrafo único do art.55 da Lei de Registros Públicos
que os nomes suscetíveis de constrangimento aos seus titulares não deverão ser registrados
por aqueles que detém tal competência. Contudo, caso haja o registro do prenome ao ridículo,
pode ocorrer sua alteração posteriormente. Explica Gavião:
A autora Diniz68, para uma melhor demonstração do que seja um nome ridículo ou
vexatório, expõe uma extensa lista de nomes que colocam seu portador ao constrangimento,
destacam-se nomes como Último Vaqueiro, Sebastião Salgado Doce, Rolando Pela Escada
Abaixo, Janeiro Fevereiro de Oliveira Março, Restos Mortais de Catarina, dentre outros.
Acrescenta a autora que há nomes que não causam constrangimento, mas sim são
considerados imoral, como Hitler ou Lúcifer.
66
SCHMIDT, Guilherme de Paoli. As possibilidades de alteração do nome civil das pessoas naturais. 207.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação), Faculdade de Direito, Lajeado, Rio Grande do Sul .2017. p.122.,
p.123.
67
GAVIÃO, Fausto Carpegeani de Moura. Do Princípio da Imutabilidade do Nome. Jus Brasil. maio. 2019,
p.25.
68
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro: teoria geral do Direito Civil. 26. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009, p. s/p.
28
Quanto aos apelidos públicos notórios, mais uma hipótese de alteração do prenome,
versa a respeito de uma modificação que tenha como finalidade identificar o indivíduo da
forma como ele é publicamente conhecido. Dispõe o artigo 58, caput, da Lei de Registros
Públicos, em consonância com a Lei 9.708/98, que o prenome pode ser substituído por
apelido público notório72. É comum encontrar pessoais que utilizam do apelido público no
meio artístico, pessoas públicas, como nos casos da apresentadora Xuxa (Maria da Graça
Meneghel), do falecido cantor Cazuza (Agenor de Miranda Araújo Neto) e do ex-presidente
Lula (Luiz Inácio da Silva).73
69
BRASIL. Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Lei dos Registros Públicos. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6015compilada.htm. Acesso em: 13 abr. 2022.
70
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: parte geral. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p.200.
71
BRANDELLI, Leonardo. Nome civil da pessoa natural. São Paulo: Saraiva, 2012, p. s/p.
72
BRASIL. Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Lei dos Registros Públicos. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6015compilada.htm. Acesso em: 13 abr. 2022.
73
SCHMIDT, Guilherme de Paoli. As possibilidades de alteração do nome civil das pessoas naturais. 207.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação), Faculdade de Direito, Lajeado, Rio Grande do Sul .2017. p.122.
29
Para que ocorra a substituição do prenome pelo apelido público notório é necessária a
existência do apelido e que o titular atenda por este quando chamado, acrescido do
reconhecimento no meio social em que o interessado conviva, gerando, assim, a publicidade.
Há, também, a alteração do nome estrangeiro nos casos em que um nome brasileiro
corresponda ao nome estrangeiro sendo permitida a alteração por meio de requerimento
declarando o desejo de traduzir ou adaptar o nome a língua portuguesa, nos termos do artigo
115 da Lei 6.815/80.
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será
inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá
certidão. § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem
como o nome de seus ascendentes. [...] § 5 o A sentença conferirá ao
adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá
determinar a modificação do prenome. (BRASIL, 1990)76
74
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade n°4.275. Relator: Ministro Marco
Aurélio. Distrito Federal, 01 de março de 2018. Diário de Justiça 18/03/2018.
75
BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 23 mar. 2022.
76
BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 13 abr.2022.
31
Com os novos horizontes do direito de família, é preciso destacar mais uma hipótese
de alteração do sobrenome. Ressalta-se a família pela construção e manutenção dos laços de
afetividade, levando, desta forma, à sobreposição do afeto frente aos vínculos biológicos 77.
Tem-se o afeto como elemento essencial do núcleo familiar e das relações interpessoais
demonstrando uma humanização e repersonalização do direito a fim de valorizar o ser
humano, com base no princípio da dignidade humana.
77
BIJEGA, Barbara Caroline. O abandono afetivo como possibilidade de supressão do sobrenome no
registro civil. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação). Faculdade de Direito, Centro Universitário
de Curitiba, 2021, p.61.
78
Idem, 2020, p.61.
32
O descaso entre pais e filhos é algo que merece punição, é abandono moral
grave, que precisa merecer severa atuação do Poder judiciário, para que se
preserve não o amor ou a obrigação de amar, o que seria impossível, mas a
responsabilidade ante o descumprimento do dever de cuidar, que causa o
trauma da rejeição e da indiferença.79
A medida de responsabilização civil imposta tem a finalidade de que os genitores
cumpram com seus deveres legais de amparar e assistir seus filhos. A omissão no dever de
cuidar gera um descumprimento nas obrigações intrínsecas ao poder familiar sendo possível
uma sanção pecuniária. Assim, ressalta Maria Helena Diniz que a conduta de um genitor
ausente, que não cumpre as responsabilidades intrínsecas ao poder familiar, enquadra-se
perfeitamente entre os atos ilícitos, tendo ele descumprido seus deveres parentais perante o
filho, inerentes ao poder familiar.80
Legitimado pelo princípio da dignidade da pessoa humana e pela proteção dos direitos
à personalidade, o abandono afetivo destacou-se como um motivo justo para que o filho
requeira a exclusão do sobrenome do pai ou da mãe que omitiu-se dos deveres de cuidar e
afetivos ao longo da vida.
79
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Jornal do advogado. São Paulo: OAB°289, 2004
80
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil, 26.ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p.33.
81
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: parte geral.13. ed. São Paulo: Atlas, 2013, p.207
33
82
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Apelação Cível nº 70020347563. Apelante:. Apelado:.
Relator: Maria Berenice Dias, Bento Gonçalves, Diário de Justiça 08/08/2007.
83
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Apelação Cível n° 70011921293. Apelante:
Marcio Soares. Apelado: Justiça. Relator: Desembargador Luiz Felipe Brasil Santos. Rio Grande do Sul, 08 de
outubro de 2005. Diário de Justiça 08/05/2005.
34
84
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina. Apelação Cível n° 2009.051501-0. Apelante:.
Apelado:. Relator: Des. Joel Dias Figueira Júnior, 03 de maio de 2011. Diário de Justiça 03/05/2011.
85
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n° 66.643/SP. Recorrente: Paulo Ernesto Vampre
Batelli. Recorrido: Ministério Público de São Paulo. Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, 21 de outubro de
1997. Diário de Justiça 21/10/1997.
35
O caso que motivou a decisão trata-se de um filho que aos sete meses de vida foi
abandonado por seu genitor que assim como o filho, também abandonou a esposa. O
requerente fundamentou seu pleito de exclusão do sobrenome paterno no fato de sentir-se
exposto ao ridículo frequentemente ao carregar o patronímico daquele que o abandonou.
86
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n° 66.643/SP. Recorrente: Paulo Ernesto Vampre
Batelli. Recorrido: Ministério Público de São Paulo. Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, 21 de outubro de
1997. Diário de Justiça 21/10/1997.
87
BRASIL.Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n°401.138-MG. Recorrente: Relator Ministro Castro
Filho. Minas Gerais, 26 de junho de 2003. Diário de Justiça 12/08/2003.
36
o nome da pessoa seja a sua realidade familiar. Afinal, os laços afetivos que unem o genitor a
sua prole, simplesmente, nunca existiram.88
88
ZIEM, Stella Daiane Dildey. A possibilidade da exclusão do sobrenome paterno diante do abandono
afetivo. 2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação). Faculdade de Direito, Universidade do Sul de
Santa Catarina, 2014, p.60.
37
CAPÍTULO III
AS CONSEQUÊNCIAS SUCESSÓRIAS EM RAZÃO DA EXCLUSÃO DO
SOBRENOME DE UM DOS GENITORES POR ABANDONO AFETIVO
Além da responsabilização civil, uma outra questão surgiu nos tribunais foi a
possibilidade de exclusão ou supressão do sobrenome paterno/materno em razão do abandono
afetivo com fundamento no constrangimento sofrido pelo filho, pela rememoração da rejeição
e denota dor causada pelo abandono. O nome como direito fundamental legitimado pelo
princípio da dignidade da pessoa humana deve revelar-se como um sinal de orgulho e apreço
para quem carrega, não devendo existir um desconforto e memórias dolorosas.
Neste capítulo, será abordado acerca do direito à sucessão, as formas de sucessão, bem
como as hipóteses de exclusão da sucessão a fim de verificar se a exclusão do patronímico
também enseja na exclusão do direito de herança.
38
O fim da pessoa natural dar-se-á com o evento morte o que acarreta com a extinção da
personalidade jurídica do indivíduo e consequente cessão de determinadas relações jurídicas
frente a sociedade e ao Estado89. No entanto, a morte está interligada com o surgimento de um
novo ciclo jurídico presente no Direito das Sucessões que, em sentido objetivo, é o conjunto
de normas reguladoras da transmissão dos bens e obrigações de um indivíduo em
consequência de sua morte90
o Direito das Sucessões como o ramo do Direito Civil que tem como
conteúdo as transmissões de direitos e deveres de uma pessoa a outra, diante
do falecimento da primeira, seja por disposição de última vontade, seja por
determinação da lei, que acaba por presumir a vontade do falecido91
Em sentido amplo, a palavra ―sucessão‖ significa transmissão, que pode decorrer de
um ato inter vivos ou mortis causa, ou seja, a sucessão opera tanto em pessoas vivas como
também em razão da morte. Quando este fenômeno ocorre entre pessoas vivas denomina-se
de inter vivos, como ocorre em uma transferência de bens. No direito hereditário, a sucessão
ocorre por causa mortis que decorre da morte.
A sucessão legítima decorre por força de lei, ou seja, a indicação de herdeiros se opera
conforme o critério de justiça definido pelo legislador, a lei encarrega-se de dar um destino ao
patrimônio do falecido. O legislador determinou o rol de sucessores de uma pessoa baseado
em seus vínculos mais estreitos de solidariedade, que se encontram em sua comunidade
familiar, estabelecendo a devolução da herança para aqueles mais próximos à pessoa
falecida.94
A sucessão legítima fundamenta-se nos laços de família, razão pela qual a lei
estabelece a ordem de vocação hereditária à luz da parentela e dos vínculos
conjugais ou de união estável da pessoa falecida. O Estado recolherá o
monte hereditário quando não há qualquer dos indicados na ordem de
vocação hereditária ou disposições testamentárias válidas e eficazes.95
Ocorre a sucessão legítima frente a existência de herdeiros necessários e diante da
ausência de testamento, ou seja, invocada sempre que falta a sucessão testamentária,
enfatizando seu caráter supletivo.
94
TEPEDINO, Gustavo. Fundamentos do Direito Civil - Direito das Sucessões. Rio de Janeiro: Grupo GEN,
2020.
95
Idem, 2020, p.63.
96
SILVA, Milena Matos da. Exclusão da sucessão: importância da inclusão do abandono afetivo inverso entre
as hipóteses de exclusão da sucessão. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)- Faculdade de Direito,
Universidade Federal de Pernambuco, 2018, p.11.
97
SOUSA, Fernanda Zica de. A exclusão da sucessão pelo abandono afetivo direto a partir da colisão de
princípios constitucionais. 2020. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)— Faculdade de Direito,
Universidade de Brasília, 2020, p.38.
40
Em meio aos herdeiros legítimos há uma tutela especial do direito à herança aos
herdeiros necessários, a estes são garantidos por lei uma quota equivalente à metade do total
do monte, denominada legítima. Os herdeiros necessários não podem ser excluídos da
sucessão, ressalvadas hipóteses apresentadas posteriormente neste estudo. São herdeiros
necessários: os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. Na ausência de herdeiros
necessários o de cujus pode dispor livremente da totalidade do seu patrimônio através de
testamento.
98
BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 05 abr. 2022.
99
GONÇALVES, Carlos R. Esquematizado - Direito civil 3 - Responsabilidade Civil - Direito de Família -
Direito das Sucessões. São Paulo: Editora Saraiva, 2020.
100
Idem, 2020, p.123.
41
Ressalta-se que o testamento é um negócio jurídico que possui efeito mortis causa
tendo em vista que está destinado a produzir efeitos somente após a morte do testador. É o
direito que revela com maior amplitude a autonomia da vontade privada. O testador regula,
em ato unilateral, a distribuição dos seus bens, conforme sua própria vontade.103
Para que o testamento seja valido é necessário que o testador goze de capacidade
testamentária para dispor de seus bens, possuindo discernimento e estando em pleno gozo de
suas faculdades mentais, pois, do contrário, estaria impedido de realizá-lo. Contudo, em que
pese a capacidade civil para testar seja um dos requisitos para o testamento,
excepcionalmente, a legislação permite que os maiores de dezesseis anos possam fazê-lo.
101
SPERIDIÃO, Lucimara Barreto; DE AGUIAR, Cláudia Fernanda. Sucessão testamentária: o abandono
afetivo como causa de deserdação. n. 4, 2013, p.41.Diponivel em: <
https://revistas.fibbauru.br/jurisfib/article/view/160/146>. Acesso em: 19 de mai. de 2022, p.41.
102
LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil: direito de família e sucessões. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
2009.
103
DIAS, Maria Berenice. Manual das sucessões. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p.330.
104
SOUSA, Fernanda Zica de. A exclusão da sucessão pelo abandono afetivo direto a partir da colisão de
princípios constitucionais. 2020. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)— Faculdade de Direito,
Universidade de Brasília, 2020, p.43.
42
105
Idem, 2020, p.45.
106
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: Direito das Sucessões. 7.ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016.
43
alguns autores, decorrem de ingratidão107. Tais institutos não se confundem, apesar do mesmo
fundamento de existência baseado na vontade do de cujus na distribuição da herança,
perfazem sentidos destintos em cada caso.
3.3.1 Da indignidade
A vocação hereditária oriunda do parentesco ou da vontade pressupõe uma relação
revestida de afeto e solidariedade entre o autor da herança e o sucessor. Contudo, o sucessor
chamado por meio de vocação hereditária pode vir a praticar atos indignos rompendo com o
sentimento de confiança e solidariedade.
É moral e lógico que quem pratica atos de desdouro contra quem lhe vai
transmitir uma herança torna-se indigno de recebê-la. Daí porque a lei traz
descritos os casos de indignidade, isto é, fatos típicos que, se praticados,
excluem o herdeiro da herança. A lei, ao permitir o afastamento do indigno,
faz um juízo de reprovação, em função da gravidade dos atos praticados.109
As causas da indignidade, conforme a doutrina predominante, são taxativas, não
cabem interpretações extensivas a fim de incluir outras hipóteses para fundamentar a
exclusão. Sua caracterização depende do enquadramento da conduta imputada em uma das
causas estipuladas na lei civil, trata-se de numerus clausus. Concernente a pena, o legislador é
extremamente preciso e só permite a exclusão por indignidade nos casos estritos que
relaciona.110
107
Idem, 2016, p.91.
108
Idem, 2016, p.93.
109
VENOSA, Sílvio de S. Direito Civil: Direito das Sucessões, 18.ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2018.
110
Idem, 2016, p.93.
44
A segunda causa de indignidade refere-se aos arts. 339 (denunciação caluniosa), 138
(calúnia), 139 (difamação) e 140 (injúria) do Código Penal. Consiste na prática de crime
contra a honra do auctor hereditatis, ou de seu cônjuge ou companheiro.
3.3.2 Da deserdação
A deserdação caracteriza-se como um instituto da sucessão testamentária constituído
por um ato jurídico privativo do autor da herança que possibilita a exclusão do herdeiro
necessário de sua legítima em razão da prática de certos atos ilícitos descritos em lei em
desfavor do autor da herança ou de algum membro da sua família.
114
Idem, 2021, p.46.
115
BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 05 abr. 2022.
116
Idem, 2002.
46
Explica Gonçalves:
117
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
2011, p.429.
118
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: Direito das Sucessões. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
47
fundamento baseia-se em impor castigo aquele que criou um ambiente de desrespeito e falta
de pudor ao núcleo familiar.119
119
SPERIDIÃO, Lucimara Barreto; DE AGUIAR, Cláudia Fernanda. Sucessão testamentária: o abandono
afetivo como causa de deserdação. n. 4, 2013, p.41.Diponivel em: <
https://revistas.fibbauru.br/jurisfib/article/view/160/146>. Acesso em: 19 de mai. de 2022, p.55.
120
SOUSA, Fernanda Zica de. A exclusão da sucessão pelo abandono afetivo direto a partir da colisão de
princípios constitucionais. 2020. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)— Faculdade de Direito,
Universidade de Brasília, 2020, p.55.
121
Idem, 2016, p.452.
122
Idem, 2020, p.67.
48
Com isso, percebe-se a importância de enquadrar esse princípio nas demais áreas do
direito, como é o caso do direito das sucessões. No entanto, a evolução do direito não caminha
na mesma proporção da sociedade visto que a atual legislação é taxativa ao estabelecer as
causas de exclusão da herança do herdeiro, vedando a aplicação da ausência da afetividade
como hipótese de excludente de herança.
Feita todas as breves considerações acerca da temática, resta a análise dos efeitos
sucessórios a partir da exclusão do sobrenome de um dos genitores.
Inicialmente, verificou-se o conceito do nome civil assim como sua finalidade e, após,
entender o abandono afetivo, sua possibilidade de responsabilização e consequências para que
assim, culminasse possível perceber a possibilidade de exclusão do sobrenome em razão do
abandono afetivo.
124
BRASIL. Tribunal de Justiça de São Paulo. Apelação Cível 0000954- 91.2010.8.26.0100-SP. Apelante:.
Apelado:. Relator: Des. Silvério da Silva, 30 de maio de 2019. Diário de Justiça 30/05/2019.
125
SPERIDIÃO, Lucimara Barreto; DE AGUIAR, Cláudia Fernanda. Sucessão testamentária: o abandono
afetivo como causa de deserdação. n. 4, 2013, p.41.Diponivel em: <
https://revistas.fibbauru.br/jurisfib/article/view/160/146>. Acesso em: 19 de mai. de 2022, p.63.
50
126
ARAÚJO, Stéphanie Almeida. Aspectos e natureza jurídica do nome civil. Conteúdo Júridico. Brasília-DF.
jul. 2017. Disponível em: <https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/50481/aspectos-e-naturezajuridica-
do-nome-civil>. Acesso em: 16.mar.2022.
127
GAVIÃO, Fausto Carpegeani de Moura. Do Princípio da Imutabilidade do Nome. Jus Brasil. maio.
2019.p.25.
128
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito civil: teoria geral. 9. ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2011.
51
129
LIRA, Wlademir Paes de. Direito de herança: a exclusão do sobrenome do (a) genitor (a) tem efeitos
sucessórios? Maceió. 02 de set. 2020. Instagram. Constitucional sem medo. Disponível em:
<https://www.instagram.com/tv/CEp1ARHJDO2/?igshid=YmMyMTA2M2Y=>. Acesso em: 17 de mai. 2022.
130
BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 05 abr. 2022.
131
PELEGRINE; Emmanuel Levenhagen; PELEGRINE; Renan Levenhagen. Consequências da destituição do
poder familiar sobre a obrigação alimentar e o direito sucessório. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação), Faculdade de Direito, Universidade do Sul de Santa Catarina, 2017, p. 47.
132
MADALENO, Rolf. Filiação sucessória. Revista Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões. Porto
Alegre: Magister/IBDFAM, n. 01, p. 25-41, 2008.
52
O abandono afetivo previsto nos incisos IV dos artigos 1962 e 1.963, que remetem a
indignidade e deserdação, decorrem do desamparo material e moral daqueles que se
encontram em grave enfermidade ou alienação mental. Não há a simples hipótese de
abandono afetivo ou a exclusão do sobrenome do genitor.
Desse modo, verifica-se que mesmo com a exclusão do sobrenome paterno no registro
civil do filho abandonado, há a manutenção do estado de filiação tendo em vista que a
exclusão delimita-se a uma situação meramente registral que não incidirá em consequências
no âmbito sucessório em razão da permanência dos deveres e direitos recíprocos da filiação.
Além disso, a exclusão do sobrenome de um dos genitores não está presente nas hipóteses de
exclusão da sucessão, mantendo os efeitos sucessórios e garantindo o direito a herdar.
133
LIRA, Wlademir Paes de. Direito de herança: a exclusão do sobrenome do (a) genitor (a) tem efeitos
sucessórios? Maceió. 02 de set. 2020. Instagram. Constitucional sem medo. Disponível em:
<https://www.instagram.com/tv/CEp1ARHJDO2/?igshid=YmMyMTA2M2Y=>. Acesso em: 17 de mai. 2022.
134
CARDOZO, Alice Teodosio dos Santos. O abandono afetivo como causa de exclusão do herdeiro
necessário na sucessão. 2018. Disponível em:
<https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/6748/2/ATSCardozo.pdf>. Acesso em: 08 nov. 2020.
53
CONCLUSÃO
Alcançou-se, também, acerca dos elementos que compõe o nome civil: o prenome e o
sobrenome. O prenome caracteriza-se pelo primeiro nome, aquele que identifica a pessoa em
meio a sociedade e perante a si. No que concerne ao sobrenome, denominado também de
patronímico ou nome de família, este é o identificador da origem do indivíduo, sua
procedência familiar. Ressalta-se que ambos os elementos são tutelados pela legislação
brasileira.
Logo, a fim de evitar que a pessoa natural constantemente altere seu nome, seja por
mero capricho ou até mesmo por má-fé, foi estabelecida a definitividade ou imutabilidade do
nome que, em regra, não seria passível de alteração a fim de manter a segurança jurídica
perante o Estado, pois eventuais mudanças ensejariam em uma confusão social e estatal.
Ocorre que, percebeu-se uma relativização no princípio da imutabilidade do nome, emergindo
hipóteses legais de alteração, com base na Lei de Registros Públicos.
54
Nessa seara, com a constatação das transformações sociais que refletiram no instituto
família, verificou-se um novo conceito. Nota-se a família como a consagração dos laços
afetivos e biológicos, mantidos por intermédio do convívio e da solidariedade recíproca. A
ruptura do dever de cuidado e proteção, ou seja, a negligência dos pais frente a assistência
material e moral, acarreta uma violação aos princípios basilares do Direito de Família, como o
princípio da afetividade e da convivência familiar, caracterizando o abandono afetivo.
Desse modo, com a exclusão do sobrenome de um dos genitores foi possível perceber
que trata-se de uma questão meramente registral, mantendo o estado de filiação
materno/paterno, diante da constatação do reconhecimento filial no registro civil. Logo, não
remete em efeitos sucessórios no sentido de que com a exclusão do sobrenome afetara o
direito a herança. Além do mais, a exclusão do sobrenome não enquadra-se nas hipóteses de
exclusão da sucessão, a lei e taxativa quanto a punição civil, não cabendo interpretação
sistêmica.
REFERÊNCIAS
AMORIM, José Roberto Neves. Direito ao nome da pessoa física. São Paulo: Saraiva, 2003.
ARAÚJO, Stéphanie Almeida. Aspectos e natureza jurídica do nome civil. Conteúdo
Júridico. Brasília-DF. jul. 2017. Disponível em:
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/50481/aspectos-e-naturezajuridica-do-
nome-civil. Acesso em: 16.mar.2023.
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Jornal do advogado. São Paulo: OAB°289, 2004.
BIJEGA, Barbara Caroline. O abandono afetivo como possibilidade de supressão do
sobrenome no registro civil. 2021.
BORGES, Janice Silveira. Direito fundamental ao nome. Revista Brasileira de Direitos e
Garantias Fundamentais, v. 4, n. 1. 2018, p. 23-34.
BRANDELLI, Leonardo. Nome civil da pessoa natural. São Paulo: Saraiva, 2017.
BRASIL, Constituição Federal da República Federativa do Brasil (1998). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 01 mar.
2023.
BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 23 mar.
2023.
BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n° 1159242-SP. Recorrente:
Antonio Carlos Jamas Dos Santos. Recorrido: Antonio Carlos Delgado Lopes. Relatora:
Ministra Nancy Andrighi. São Paulo, 24 de abril de 2012. Diário de Justiça 10/05/2012.
BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n°757.411-MG. Recorrente:
Alexandre Batista Fortes. Recorrido: Vicente de Paulo Ferro de Oliveira. Relator: Ministro
Fernando Gonçalves. Brasília, 29 de novembro de 2005. Diário de Justiça, 23/03/2006.
BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso
em: 13 abr.2023.
BRASIL. Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Lei dos Registros Públicos. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6015compilada.htm. Acesso em: 11 abr.
2023.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n° 66.643/SP. Recorrente: Paulo
Ernesto Vampre Batelli. Recorrido: Ministério Público de São Paulo. Rel. Min. Sálvio de
Figueiredo Teixeira, 21 de outubro de 1997. Diário de Justiça 21/10/1997.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n°401.138-MG. Recorrente: Relator
Ministro Castro Filho. Minas Gerais, 26 de junho de 2003. Diário de Justiça 12/08/2003.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade n°4.275. Relator:
Ministro Marco Aurélio. Distrito Federal, 01 de março de 2018. Diário de Justiça
18/03/2018.
BRASIL. Tribunal de Justiça de São Paulo. Apelação Cível 0000954- 91.2010.8.26.0100-SP.
Apelante:. Apelado:. Relator: Des. Silvério da Silva, 30 de maio de 2019. Diário de Justiça
30/05/2019.
56
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. São Paulo:
Saraiva, 2020.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. São Paulo:
Saraiva, 2020.
GRAMINHO, Vivian Maria Caxambu. Direito ao nome e as exceções ao princípio da
imutabilidade. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 22, n.
4984, 22 fev. 2017. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/55836. Acesso em: 11 jan.
2023, p. 02.
LIRA, Wlademir Paes de. Direito de herança: a exclusão do sobrenome do (a) genitor (a)
tem efeitos sucessórios? Maceió. 02 de set. 2020. Instagram. Constitucional sem medo.
Disponível em:
<https://www.instagram.com/tv/CEp1ARHJDO2/?igshid=YmMyMTA2M2Y=>. Acesso em:
17 de mai. 2023.
LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil: direito de família e sucessões. 5. ed. São
Paulo: Saraiva, 2009.
LÔBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. São Paulo: Saraiva, 2021.
LOTUFO, Renan. Código civil comentado. São Paulo: Saraiva Educação, 2003.
MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. 5 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.
MADALENO, Rolf. Filiação sucessória. Revista Brasileira de Direito das Famílias e
Sucessões. Porto Alegre: Magister/IBDFAM, n. 01, p. 25-41, 2008.
MAZZORANA, Danielle Gonçalves Rech. Afeto, convivência e constituição da pessoa:
etnografia das relações familiares a partir de indenizações morais por 81 abandono
afetivo no estado de Santa Catarina. 2012. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social)
– Universidade Federal de Santa Catarina, 2012.
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: Direito das Sucessões. 7 ed. Rio de Janeiro: Grupo
GEN, 2016.
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: Direito das Sucessões. 7. ed.. Rio de Janeiro:
Forense, 2016.
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense,
2010.
OLIVEIRA, Euclides de. Direito ao nome. Revista do Instituto dos Advogados de São
Paulo, n. 11, São Paulo: Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo, janeiro, 2003.
OLIVEIRA, José Sebastião de; PEREIRA, Márcio Antônio Luciano Pires. Dos direitos da
personalidade e da diversidade no contexto da vida social moderna como instrumentos
de efetivação da justiça social. 1ed. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2014, p. 388.
PELEGRINE; Emmanuel Levenhagen; PELEGRINE; Renan Levenhagen. Consequências da
destituição do poder familiar sobre a obrigação alimentar e o direito sucessório. 2017.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação), Faculdade de Direito, Universidade do Sul de
Santa Catarina, 2017.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil de acordo com a Constituição de
1988. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994.
PEREIRA, Débora de Souza et al. A supressão de sobrenome legitimada pela constatação
de abandono afetivo pelo genitor. Florianópolis, 2013.
58
PEREIRA, Poliana Alves. Responsabilidade civil por abandono afetivo. 2018. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação), Faculdade de Direito, Centro Universitário Toledo, 2018.
SCHMIDT, Guilherme de Paoli. As possibilidades de alteração do nome civil das pessoas
naturais. Lajeado, Rio Grande do Sul, 2017.
SCHREIBER, Anderson. Direitos da Personalidade. São Paulo: Atlas, 2013.
SILVA, Daniela de Assis. Possibilidades de alteração do nome no registro civil e o devido
procedimento legal. Goiânia, 2020.
SILVA, Milena Matos da. Exclusão da sucessão: importância da inclusão do abandono
afetivo inverso entre as hipóteses de exclusão da sucessão. 2018. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação)- Faculdade de Direito, Universidade Federal de Pernambuco, 2018.
SOUSA, Fernanda Zica de. A exclusão da sucessão pelo abandono afetivo direto a partir
da colisão de princípios constitucionais. 2020. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação)— Faculdade de Direito, Universidade de Brasília, 2020.
SPERIDIÃO, Lucimara Barreto; DE AGUIAR, Cláudia Fernanda. Sucessão testamentária:
o abandono afetivo como causa de deserdação. n. 4, 2013, p.41.Diponivel em: <
https://revistas.fibbauru.br/jurisfib/article/view/160/146>. Acesso em: 19 de mai. de 2023
Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 66.643/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo
Teixeira, Quarta Turma, Julgado em 21.10.1997. Disponível em:<
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/520807/recurso-especial-resp-66643-sp-1995-
0025391-7>. Acesso em: 05 mai. 2023.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Direito das Sucessões. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2021.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito de família. 12 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense,
2017.
TEPEDINO, Gustavo. Fundamentos do Direito Civil - Direito das Sucessões. Rio de
Janeiro: Grupo GEN, 2020.
VENOSA, Sílvio de S. Direito Civil: Direito das Sucessões. 18.ed. Rio de Janeiro: Grupo
GEN, 2018.
VENOSA, Sílvio de S. Direito Civil: Família e Sucessões. São Paulo: Grupo GEN, 2020.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: parte geral.13. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
VIEIRA, Tereza Rodrigues. Nome e sexo: mudanças no registro civil. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2012.
ZIEM, Stella Daiane Dildey. A possibilidade da exclusão do sobrenome paterno diante do
abandono afetivo. 2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação). Faculdade de
Direito, Universidade do Sul de Santa Catarina, 2014.