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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE DIREITO

Stefana Rosa Zacarias Sitoe

A PRESUNÇÃO DA PATERNIDADE NO ORDENAMENTO JURÍDICO


MOÇAMBICANO

MAPUTO, MARÇO DE 2022


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE DIREITO

Stefana Rosa Zacarias Sitoe

A PRESUNÇÃO DA PATERNIDADE NO ORDENAMENTO JURÍDICO


MOÇAMBICANO

O presete projecto de pesquisa será


submetido na Faculdade de Direito na
Universidade Católica de Moçambique como
requisito para a obtenção do grau de
Licenciatura em Direito

Supervisor.

Me. Manuel Didier Malunga

MAPUTO, MARÇO DE 2024


ÍNDICE

RESUMO....................................................................................................................................i

ABSTRACT................................................................................................................................i

LISTA DE ABREVIATURAS..................................................................................................ii

I. INTRODUÇÃO..................................................................................................................1

1.1. Apresentação do tema..................................................................................................1

1.2. Contextualização.........................................................................................................1

1.3. Problematização e formulação do problema...............................................................2

1.4. Objectivos....................................................................................................................3

1.4.1. Objectivo geral.....................................................................................................3

 Discutir regime jurídico da presunção da paternidade no ordenamento jurídico


moçambicano;.........................................................................................................................3

1.4.2. Objectivos específicos..........................................................................................3

1.5. Hipóteses.....................................................................................................................3

1.6. Justificativa..................................................................................................................4

1.7. Delimitação da investigação........................................................................................4

1.8. Metodologia.................................................................................................................4

1.9. Estrutura do projecto...................................................................................................5

II. REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................................6

2.1. A Presunção da paternidade........................................................................................6

2.2. Dupla presunção da paternidade..................................................................................7

2.3. impugnação da paternidade.........................................................................................8


III. METODOLOGIA DE PESQUISA...........................................................................10

3.1. Método.......................................................................................................................10

3.2. Tipo de Pesquisa........................................................................................................10

3.3. Amostra.....................................................................................................................11

3.4. Técnicas e instrumentos de coleta de dados..............................................................12

3.5. Técnicas e instrumentos de análise de dados............................................................12

3.6. Local da pesquisa......................................................................................................12

IV. CRONOGRAMA..........................................................................................................13

V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS.............................................................................15

5.1. Legislação..................................................................................................................15

5.2. Doutrina.....................................................................................................................15

5.3. Site de Internet...........................................................................................................15


RESUMO

O presente projecto tem como tema A Presunção da Paternidade no Ordenamento Jurídico


Moçambicano, onde nos propusemos a discutir a questão que nos permite buscar compreender se a renascença
da presunção relativa ao anterior marido é inquestionável, tendo em conta a não consagração da legitimidade do
anterior marido para impugnação mesma, sendo que para tal, estabelecemos objectivo geral de discutir o regime
jurídico da presunção da paternidade no ordenamento jurídico moçambicano e tendo como específicos,
desenvolver os aspectos cruciais da filiação; analisar o princípio da presunção da paternidade no contexto da
declaração de paternidade; e, discutir a dupla presunção no contexto da salvaguarda dos interesses do anterior
marido. Assim sendo, optamos pelo estabelecimento de hipóteses que giram em volta da compreensão de essa
presunção renasce ou não as garantias que são conferidas ao marido e/ou o renascimento da presunção implica a
não acção do anterior marido. Sendo que o referencial teórico expos conceitos basilares, estabelecemos a
metodologia e por fim o cronograma das actividades.

Palavras-chave: Presunção da paternidade, filiação, dupla presunção da paternidade, impugnação a paternidade,


legitimidade para impugnação.

ABSTRACT
The present project has as its theme The Presumption of Paternity in the Mozambican Legal System,
where we set out to discuss the problem that allows us to try to understand whether the revival of the
presumption regarding the previous husband is unquestionable, taking into account the non-consecration of the
previous husband's legitimacy for the same contestation, and to this end, we established as a general objective to
discuss the legal regime of the presumption of paternity in the Mozambican legal system and having as specific,
to develop the crucial aspects of filiation; to analyze the principle of the presumption of paternity in the context
of the declaration of paternity; and, to discuss the double presumption in the context of safeguarding the
interests of the former husband. Thus, we have chosen to establish hypotheses that revolve around
understanding whether or not this presumption revives the guarantees that are granted to the husband and/or
whether the revival of the presumption implies the non-action of the previous husband. Once the theoretical
framework has exposed basic concepts, we establish the methodology and, finally, the schedule of activities.

Keywords: Presumption of paternity, filiation, double presumption of paternity, contestation of paternity, legal
standing to contest.
LISTA DE ABREVIATURAS

Art. – Artigo
Idbem – Mesmo autor, mesma obra.
LF – Lei da família
No – Número
Ss – Seguintes
UCM – Universidade Católica de Moçambique
I. INTRODUÇÃO
1.1. Apresentação do tema

O presente projecto tem como tema: A Presunção da Paternidade no Ordenamento


Jurídico Moçambicano, redigido para efeitos de elaboração da monografia por ser o
requisito essencial na obtenção do grau de licenciatura em Direito.

1.2. Contextualização

Quando versamos a respeito da filiação devemos ter em consideração que se trata de


uma relação jurídica familiar constituída pela procriação mesmo não tendo origem no
fenómeno da procriação, produza efeitos jurísticos similares. Ademais, num contexto restrito
deve ser tratada como a relação juridicamente estabelecida entre as pessoas que procriaram e
aqueles que foram gerados conforme versa.

Nestes termos ao falar-se da filiação devemos ter em consideração a essa ligação que
se estabelece entre quem procria e que foi gerado, ou seja, numa linguagem mais habitual
trata-se relações entre pais e filhos.

O nosso legislador estabeleceu a previsão da filiação no art. 214 e seguintes (ss) da


Lei n.o 22/2019, de 11 de Dezembro, que aprova a lei da família (LF).

Da análise da lei da família, no caso, do art. 214 ss da LF, podemos compreender que
o legislador começa por determinar igualdade de direitos quanto aos filhos, o direito de uso
do nome em virtude de ser procriado, deveres, o período de concepção, etc.

A questão do período de concepção deve ser vista nos moldes estabelecidos, ou seja,
deve-se considerar como período de concepção os primeiros 180 (cento e oitenta) dias dos
300 (trezentos) que precedem o nascimento. Assim sendo, vai se melhor determinar a filiação
tendo em consideração o período de concepção destacando os 300 (trezentos) dias.

A regra acima descrita comporta desvios, dos quais, podemos encontrar o vertido no
art. 218 da LF, onde versa-se que, se dentro dos trezentos dias anteriores ao nascimento tiver
sido interrompido ou completada uma outra gravidez, para determinação não são contados
dos dias que tiverem decorrido até a interrupção da gravidez ou até ao parto. Além disso,
temos os casos de casamento putativo que a luz do disposto no art. 220 da LF são essenciais
para a determinação da filiação e não exclui a presunção da paternidade.

É importante destacar que também se pode efectuar a fixação judicial da concepção


nos termos do art. 219 da LF, tendo legitimidade para o efeito qualquer interessado ou o
Ministério Público. Ademais, todas acções relativas a filiação são admitidos os exames de
sangue como meio de prova e outros métodos científicos comprovados conforme vem
preceituado no art. 221 conjugado com art. 222, todos da LF.

A relação que se estabelece entre pais e filhos é de maternidade ou paternidade, assim


podendo ser conscidente com a biológica, mas relevando apenas a maternidade e paternidade
jurídica. Portanto, a maternidade é declara nos termos do art. 223 da LF, destacando que
nestes casos o registo após a identificação da mãe é totalmente crucial. Relativamente a
paternidade conforme vem estabelecido no art. 244 da LF, vigora o principio da presunção da
paternidade.

A presunção da paternidade implica em termos diretos, a consideração do marido da


mãe como sendo o pai do seu filho, no entanto, essa presunção pode ser afastada mediante
acção de impugnação da paternidade conforme vem vertido no artigo 254 da LF. Ademais,
apenas as pessoas indicadas no art. 255 e 256 da LF podem impugnar a paternidade
presumida.

Note que a presunção da paternidade também se aplica a união de facto nos termos
dos artigos acima mencionados, tais como, o art. 244, art.245 e ss a LF.

1.3. Problematização e formulação do problema

Tendo em consideração a existência da presunção da paternidade como sendo o modo


de determinação da paternidade, torna imperioso analisar as situações relativas a dupla
presunção da paternidade previsto no art. 250 da LF.

Quando olhamos a dupla presunção da paternidade conforme vem estabelecido no n o


1, do art. 250 da LF, podemos compreender que se aplica aos casos em que o filho nasce
depois de a mãe ter contraído novo casamente ou passo a viver em união de facto sem que a
primeira relação se achasse extinta ou dentro dos trezentos dias após a sua cessão, sendo
nestes casos o presumido pai o segundo marido. Ademais, nos termos do n o2, do artigo
anteriormente citado, demonstra que em casos de impugnação da paternidade pelo segundo
marido, renasce a presunção relativa ao anterior marido.

Portanto, da análise das pessoas com legitimidade para efeitos de impugnação da


paternidade não se constata na lista o anterior marido conforme se poderá constatar no art.
255 conjugado com art. 256 todos da LF. Nestes termos, pode compreender que o anterior
marido não pode afastar a presunção oriunda da dupla presunção da paternidade.

Tendo em consideração o motivo da cessão do casamento entre o anterior marido e a


mãe no caso, foi a infidelidade da mesma, estando esta gravida atendendo aos 180 dias de
concepção que precederam os 300 dias antes do nascimento do filho, qual seria a certeza ao
ponto de não se estabelecer um meio de impugnação da paternidade a favor do anterior
marido.

Em face das situações que a dupla presunção gera na esfera jurídica do anterior
marido, nos permitiu o estabelecimento da seguinte pergunta jurídica de partida: será que a
renascença da presunção relativa ao anterior marido é inquestionável, tendo em conta a
não consagração da legitimidade do anterior marido para impugnação da mesma?

1.4. Objectivos
1.4.1. Objectivo geral
 Discutir o regime jurídico da presunção da paternidade no ordenamento jurídico
moçambicano;
1.4.2. Objectivos específicos
 Desenvolver aspectos cruciais da filiação;
 Analisar o princípio da presunção da paternidade no contexto da declaração de
paternidade; e,
 Buscar o sentido e alcance da dupla presunção de paternidade no contexto da
salvaguarda dos interesses do anterior marido.
1.5. Hipóteses

Atendendo ao problema jurídico levantado, bem como aos objectivos estabelecidos,


podemos destacar as seguintes hipóteses desta pesquisa:
 O renascimento da presunção da paternidade do anterior marido da mãe implica
também o renascimento de todas as garantias de direitos como se do marido se
tratasse? e,
 Com o renascimento da presunção do anterior marido da mãe implica impossibilidade
impugnação por inexistência de legitimidade?
1.6. Justificativa

A escolha do tema deveu-se pelo facto de se constatar no art. 250 da LF, referente a
dupla presunção da paternidade uma situação em que a renascença da presunção da
paternidade do anterior marido da mãe parece ser inquestionável, devendo destacar que pode
haver possibilidade de o mesmo não ser o pai do filho/a do seu anterior cônjuge ou unida de
facto. Ademais, como ficam os direitos do anterior marido da mãe nos casos dessa renascença
de presunção sem que o mesmo tenha legitimidade para efeitos de impugnação.

Por conta disso, com este estudo buscaremos de forma clara desmistificar o
entendimento ora exposto, compreender o seu alcance com vista na determinação da
interpretação correcta, permitindo com os resultados da pesquisa revisão da lei ou
compreensão do alcance da renascença patente.

Além do exposto acima, o estudo poderá ser impactante como contributo para
doutrina nacional referente a filiação na vertente da presunção da paternidade, dando uma
abertura para futuros estudos sobre esta temática sensível e pertinente atendendo a
característica humana de ter família e necessidade de procriação.

1.7. Delimitação da investigação

Quando versamos a respeito da presunção da paternidade no ordenamento jurídico


moçambicano, são vários aspectos que essa temática abrca, desde os prazos de impugnação
da paternidade, impugnação da paternidade, averiguação oficiosa, declaração da maternidade,
os efeitos da filiação tanto por maternidade e maternidade, etc.

No entanto, para este estudo nos focaremos numa primeira fase na exposição genérica
quanto a filiação, ao estabelecimento da maternidade e paternidade, por fim focaremos no
real ponto da pesquisa, mormente a dupla presunção da paternidade propriamente dito.

1.8. Metodologia
Para efeitos deste estudo foi necessário o método indutivo, tendo por base o método
exploratório juntamente com a pesquisa qualitativa, bem como a pesquisa bibliográfica,
documental e a entrevista não padronizada.

1.9. Estrutura do projecto

A monografia projectada no presente estudo, comportara cinco partes, das quais uma
será destinada a introdução, a segunda referente ao primeiro capítulo referente a metodologia
de pesquisa, a terceira o segundo capitulo relativo a revisão da literatura, quarta reservado
análise e interpretação de dados, a quinta parte referente a discussão dos resultados e por fim
as conclusões e sugestões.

II. REVISÃO DA LITERATURA

Para efeitos deste estudo efectuamos uma revisão teórica com destaque a presunção
da paternidade (I), a dupla presunção da paternidade (II) e a impugnação da paternidade (III).

II.1. A Presunção da paternidade

Segundo Diogo de Campos1, enquadra a presunção da paternidade como sendo uma


das formas de estabelecimento da paternidade quando refere que o estabelecimento da
paternidade efctua-se através da presunção da paternidade, perfilhação e do reconhecimento
judicial da paternidade. Além disso, entende como sendo a presunção da paternidade do
marido da mãe como aquela que refere que se presume que o filho nascido ou concebido na
constância do matrimonio da mãe, tem como pai o marido desta.

Ainda quanto ao entendimento da presunção da paternidade, Diana Fontes 2, destaca


que a presunção da paternidade engloba as situações em que o filho é concebido antes do
casamento e nascido durante o matrimónio, em que o filho é concebido e nascido durante o
casamento e, ainda, em que o filho é concebido durante o casamento, mas nascido após o seu
1
CAMPOS, Diogo Leite (1997), Lições de Direito da família e das Sucessões, 2a Edição revista e actualizada,
Editora Almedina, p.349
2
FONTES, Diana (2016), A (in) Constitucionalidade dos prazos de Caducidade da Ação de Investigação da
Paternidade: Evolução e Consequências Jurídicas, Dissertação de Mestrado, Universidade de Minho, p.73.
término. filho será determinada através da perfilhação, da averiguação oficiosa ou do
reconhecimento judicial.

Fica claro que abordagem relativa a presunção da paternidade envolve o filho nascido
na constância do casamento e depois da cessação do mesmo. Nestes moldes, a presunção vai
refletindo consoante as circunstancias de casamento ou depois da cessação.

Contudo, não há muita divergência doutrinaria quanto ao entendimento da presunção


da paternidade, por isso através dos ensinamentos do José Nevves e Norberto Martins 3
concluímos que a presunção de paternidade serve para estabelecer a paternidade dos filhos
nascidos dentro do casamento e de concepção antematrimonial; dos filhos concebidos e
nascidos durante o matrimónio da mãe; e ainda dos filhos concebidos durante o casamento e
nascidos depois da sua dissolução.

No entanto devemos notar que destaca que Guilherme Oliveira 4, refere que a lei não
presume que certo individuo é filho do marido da mãe, decide-o. Depois disso, as
considerações dos tópicos que permitiram ao legislador faze-lo só interessa por razões
teóricas, interpretativas, mas nunca tem efeito prático. Discordando totalmente com a ideia de
presunção imposta pelo legislador.

II.2. Dupla presunção da paternidade

A dupla presunção da paternidade encontra-se prevista no art. 250 da LF, devendo


destacar que ao nível da doutrina há pouca abordagem reativa a essa temática, até por que
apenas se referem exatamente ao modo como o legislador previu.

Em função o exposto acima, em caso de dupla presunção de paternidade, pelo facto de


a mãe ter contraído novo casamento sem que o primeiro estivesse dissolvido, presume-se que
o pai é o segundo marido, mas se a paternidade deste for impugnada renasce a presunção
relativamente ao primeiro5. Constando-se a consagração da dupla presunção da paternidade
conforme resulta do regime jurídico português.

3
NEVES, José e MARTINS, Norberto (2007), Direito da Família e dos Menores, Edicção INA – Palácio dos

Marqueses de Pombal, p.66.


4
OLIVEIRA, Guilherme (1976), Impugnação da paternidade, Dissertação de mestrado apresentado a faculdade
de Coimbra. p.29.
5
Cfr.https://diariodarepublica.pt/dr/lexionario/termo/presuncao-paternidade-19-03-2024.
Devemos destacar uma diferença notória na abordagem anterior com o nosso regime
jurídico, visto que não teria como contrair novo casamento sem que o anterior fosse extinto,
razão pela qual o legislador versa nos casos de mãe ter contraído novo casamento ou nos
casos da contração de nova união de facto sem que anterior tenha cessado, presumindo-se
deste modo o segundo marido ou unido de facto como sendo pai do filho da mãe. Vide art.
250 LF. Ademais, com acção de impugnação da paternidade julgada procedente avança-se
deste modo com o renascimento da presunção relativa ao anterior marido.

Importa referir que Jorge Pinheiro6, destaca que havendo bigamia ou casamento
sucessivo da mãe com desrespeito pelo prazo antenupcial, surge o conflito de presunções de
paternidade, que é resolvido (..), prevalece a presunção de que o pai é o segundo marido. Se
for impugnada com sucesso a paternidade do segundo, renasce a presunção relativa ao
anterior marido da mãe. O mesmo entendimento é exposto pelo Bianca Branca7, quando
destaca que tendo em consideração os casos em que o prazo antenupcial não fosse respeitado,
ou os casos de bigamia, o legislador viu necessidade de estabelecer um regime que desse
resposta a estas situações, onde poderiam existir duas presunções de paternidade, uma vez
que existiam “dois maridos” e respeitando a regra geral do estabelecimento da paternidade do
art.1826º do CC, elaborando então o art.1834º do CC, que consagra a solução dada nos casos
em que haja dúvida quanto à atribuição da paternidade, ou seja, quando haja conflito na sua
determinação. 47. Assim, no art.1834º, nº 1 é desde logo dada resposta ao problema, de modo
a presumir como pai um dos maridos, atribuindo a paternidade então ao segundo marido. Para
fazer valer esta presunção a lei divide em dois momentos fundamentais esta atribuição pelo
segundo marido: o primeiro “Se o filho nasceu depois de a mãe ter contraído novo casamento
sem que o primeiro se achasse dissolvido”; e o segundo “ou dentro dos trezentos dias após a
sua dissolução”.

Fica evidente a inexistência de muito material com uma abordagem directa sobre a
dupla presunção da paternidade, tornando o seu estudo mais ainda imperioso com o recurso a
hermenêutica jurídica para feitos da determinação do seu alcance e sentido em função da
previsão efetuada pelo legislado pátrio e as demais informações a serem colhidas atendendo a

6
PINHEIRO, Jorge Duarte, Direito da família contemporâneo, 2a Edição – reimpressão, p.164.
7
BRANCA, Bianca Sofia Conde da (2019), O Prazo Internupcial no nosso Ordenamento Jurídico: A Questão
da Atribuição da Paternidade Justa, Dissertação no âmbito do 2º Ciclo de Estudos em Direito- Mestrado em
Ciências Jurídico Forenses, Universidade de Coimbra, p.66 e 67.
metodologia de pesquisa adoptada juntamente com as técnicas de recolha de dados para
posterior discussão e apresentação de resultados.

II.3. impugnação da paternidade

A impugnação da paternidade deve ser vista como uma das garantias de salvaguarda
dos direitos e interesses do presumido pai atendendo a presunção vigorante.

Nestes moldes, para José Nevves e Norberto Martins 8, o direito de impugnar é


imprescritível. E assim é justamente porque há um interesse público na coincidência entre a
verdade jurídica e a verdade biológica, que se sobrepõe às exigências de segurança jurídica e
à estabilidade das situações familiares adquiridas.

Ainda a respeito do que se pode entender por impugnação da paternidade, é possível


verificar que a luz do vem plasmado no art. 254 conjugado com art.255 e 256 todos da LF,
como tendo legitimidade para o efeito o marido da mãe ou companheiro de união de facto,
pela mãe, pelo filho ou por aquele que se declarar pai.

Na mesma senda, Rossana Martingo Cruz 9, destaca que a paternidade presumida do


marido da mãe pode ser destruída através de uma ação de impugnação - art. 1838.º e segs.
(Além da impugnação do art. 1838.º também pode a presunção de paternidade do marido da
mãe ser impugnada, em acção de investigação da maternidade nos termos dos arts. 1822.º,
1823.º e 1824.º). Nesta ação do artigo 1838.º e 1839.º, o autor deverá alegar e provar factos
que demonstrem a manifesta improbabilidade de o marido da mãe ser o pai (n.º 2 do artigo
1839.º). Terão legitimidade ativa para esta ação o marido da mãe, a mãe, o filho (n.º 1 do
artigo 1839.º) e ainda o Ministério Público (a requerimento de quem se declarar pai do filho,
desde que o tribunal reconheça a viabilidade do pedido - artigo 1841.º ex vi n.º 1 do artigo
1839.º). O disposto no artigo 1846.º indica quem terá a legitimidade passiva nesta ação de
impugnação da paternidade presumida.

8
NEVES, José e MARTINS, Norberto (2007), Op Cit, p.64.
9
CRUZ, Rossana Martingo, O estabelecimento da filiação e a Constituição da República Portuguesa – alguns
pontos de discussão, p.17.
Por fim, segundo Madalena Pinto De Abreu 10 distingue-se, em matéria de regime, a
ação de impugnação da paternidade presumida da ação de investigação da paternidade
estabelecida por perfilhação. Encontramos a primeira regulada nos artigos 1838.º a 1846.º do
CC e a segunda no artigo 1859.º do mesmo diploma. Destes preceitos ressaltam duas
diferenças manifestas. A primeira ao nível da legitimidade, na medida em que apenas na
segunda o pretenso progenitor tem legitimidade autónoma para intentar esta ação enquanto
titular de um interesse moral ou patrimonial na ação, já que na primeira terá que recorrer ao
Ministério Público que apenas intentará a ação se a viabilidade do pedido for pelo tribunal
reconhecida. A segunda ao nível dos prazos, dado que na primeira o direito a propor a ação
de impugnação está sujeito a prazo e na segunda a ação de impugnação pode ser intentada a
todo o tempo.

III. METODOLOGIA DE PESQUISA


III.1. Método

O método segundo António Gil11, é o caminho para se chegar a determinado fim. E


método cientifico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicas adoptados para
se atingir o conhecimento. Ainda a respeito do método, segundo Maria Marconi e Eva
Lakatos12, é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e
economia, permite alcançar o objetivo de produzir conhecimentos válidos e verdadeiros,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Existem vários métodos, mas os gerais nas ciências sociais conforme expõe António
Gil, são o hipotético-dedutivo, o dialético, fenomenológico, indutivo e dedutivo. No entanto,
o método hipotético-dedutivo que configura a tentativa de superação dos métodos dedutivos e
indutivos13.

10
ABREU, Madalena Pinto De (2021), O Direito ao Conhecimento Das Origens - O Direito ao
Conhecimento das Origens e a Legitimidade aas Restrições Previstas Na Lei, Dissertação de mestrado
apresentado na Faculdade da Universidade Católica Portuguesa, p.45.
11
GIL, António Carlos, Métodos e Técnicas de Pesquisa Social, 2a Edicção, Editora Atlas, SA, São Paulo, p.27
e 28.
12
MARCONI, Maria e LAKATOS, Eva, Fundamentos de Metodologia Científica, 8 a Edicção, Editora Atlas,
SA., São Paulo, p.96.
13
GIL, António Carlos, Op Cit, p.28.
Sendo que para este estudo empregaremos o método indutivo tendo em conta que este
método é o processo mental por intermédio do qua, partindo de dados particulares, suficientes
constatados, infere-se uma verdade geral e universal, não contida nas partes examinadas.
Portanto, o obejctivo dos argumentos é levar a conclusões cujo conteúdo é mais amplo do que
o das premissas nas quais se basearam conforme expõem Maria Marconi e Eva Lakatos 14.
Ademais, com este método, enquanto etapas efetuaremos a observação os fenómenos,
descobrir a relação entre eles e a generalização da relação.

III.2. Tipo de Pesquisa

A pesquisa reporta-se ao processo formal e sistemático de desenvolvimento do


método científico, ou seja, o objectivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para
problemas mediante o emprego de procedimentos científicos15.

Assim sendo, existem vários procedimentos sistemáticos para o desenvolvimento do


método científico dos quais quanto abordagem segundo Jonas Cesário 16 podem ser
quantitativas ou qualitativas, no entanto a abordagem pode ser mista, utilizando as duas
abordagens. No que se refere a pesquisa quantitativa ou abordagem quantitativa, na visão do
autor acima, citando Aragão, podemos referir que o processo de avaliação dessa pesquisa é
realizado por meio iterativo em que as evidências são avaliadas. Os resultados são
frequentemente apresentados em tabelas e gráficos de forma conclusiva, podendo assim, ser
utilizada para investigação e tomada de decisão. Na pesquisa qualitativa ou abordagem
qualitativa não há forma numérica, pois o pesquisador utiliza uma forma indutiva para
descrever a situação observada. Nesse sentido, os dados qualitativos não podem ser
representados graficamente, sendo a pesquisa de caráter exploratório e investigativa.

Assim sendo, no presente estudo optamos por seguir a pesquisa qualitativa tendo em
conta que buscamos explorar uma variedade de técnicas que tendem a efectuar a exploração
na vertente investigativa para formulação de soluções ao problema levantado.

14
MARCONI, Maria e LAKATOS, Eva, Op Cit, p.96.
15
GIL, António Carlos, Op Cit, p.28.
16
CESÁRIO, Jonas Magno dos Santos. Et al. Metodologia científica: Principais tipos de pesquisas e suas
caraterísticas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 05, pp. 23-33.
Novembrode 2020.Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/tipos-de pesquisas.
Por fim, a pesquisa também será exploratória tendo em consideração que essa
pesquisa tem como finalidade desenvolver e modificar conceitos e ideias, com vistas na
formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores17.

III.3. Amostra

A amostra conforme refere António Gil18, é o subconjunto do universo ou da


população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse
universo ou população.

Nestes temos, para efeitos deste estudo, sabendo da existência de diversos tipos de
amostragem, optamos por uma amostragem estratificada tendo em conta que vamos focar
a pesquisa num grupo selecionado da população, no caso, as instituições de justiça e aos
cultores do direito da família.

III.4. Técnicas e instrumentos de coleta de dados

Atendendo aos métodos de estudo adoptados e o tipo de pesquisa, para a coleta de


dados usamos das seguintes técnicas e instrumentos:

 Revisão bibliográfica;
 Análise documental; e,
 Entrevista não padronizada.

III.5. Técnicas e instrumentos de análise de dados

Para análise de dados, efectuaremos a categorização, codificação, análise estatística e


interpretação dos dados em função da entrevista não padronizada a ser realizada aos titulares
dos órgãos de justiça e aos cultores do direito da família.

III.6. Local da pesquisa

A pesquisa será realidade na Cidade de Maputo, destacando o Tribunal de menores, o palácio


da justiça e na Universidade Católica de Moçambique – Delegação de Maputo (onde

17
GIL, António Carlos, Op Cit, p.44.
18
Ibdem, p.92.
interagiremos com docentes, estudantes e demais pessoas que detém conhecimentos
aprofundados sobre o tema em estudo.

IV. CRONOGRAMA

Ordem Actividades 2024

Abril Junho Julho Agosto Setembro Novembro Dezembro

Dia 31 Dias 28 Dia 31 Dia 30 Dia 31 Dia Dia Dia 1 a 5


de Abril 10 15

Entrega do
1 projecto

Entrega do
2 contrato de
supervisão

Elaboração
da
3 introdução
da
Monografia

Efectuar a
4 revisão da
literatura e
busca
bibliográfica

A colecta de
5 dados através
da entrevista
6 Apresentação
, análise e
interpretação
de dados

7 Discussão
dos
resultados

8 Entrega ao
supervisor a
primeira
versão da
monografia
para revisão

Revisão em
9 função das
observações

10 Entrega da
Monografia
na UCM –
Delegação de
Maputo

11 Preparação e
aguardando a
data da
defesa

V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS
V.1. Legislação
 Lei n.o 22/2019, de 11 de Dezembro, Br, I Série, número 239, Quarta-feira, 11 de
Dezembro de 2019, que aprova a lei da família.
V.2. Doutrina
 ABREU, Madalena Pinto De (2021), O Direito ao Conhecimento Das Origens - O
Direito ao Conhecimento das Origens e a Legitimidade aas Restrições Previstas Na
Lei, Dissertação de mestrado apresentado na Faculdade da Universidade Católica
Portuguesa.
 BRANCA, Bianca Sofia Conde da (2019), O Prazo Internupcial no nosso Ordenamento
Jurídico: A Questão da Atribuição da Paternidade Justa, Dissertação no âmbito do 2º Ciclo
de Estudos em Direito- Mestrado em Ciências Jurídico Forenses, Universidade de Coimbra.

 CAMPOS, Diogo Leite (1997), Lições de Direito da família e das Sucessões, 2a Edição revista e
actualizada, Editora Almedina.

 CRUZ, Rossana Martingo, O estabelecimento da filiação e a Constituição da República Portuguesa –


alguns pontos de discussão.

 CESÁRIO, Jonas Magno dos Santos. Et al. Metodologia científica: Principais tipos de pesquisas e suas
caraterísticas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 05,
pp. 23-33. Novembrode 2020.Link de acesso:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/tipos-de pesquisas.

 GIL, António Carlos, Métodos e Técnicas de Pesquisa Social, 2a Edicção, Editora Atlas, SA, São
Paulo.
 MARCONI, Maria e LAKATOS, Eva, Fundamentos de Metodologia Científica, 8 a Edicção, Editora
Atlas, SA., São Paulo, p.96.

 NEVES, José e MARTINS, Norberto (2007), Direito da Família e dos Menores, Edicção INA –

Palácio dos Marqueses de Pombal.


 ONTES, Diana (2016), A (in) Constitucionalidade dos prazos de Caducidade da Ação de Investigação
da Paternidade: Evolução e Consequências Jurídicas, Dissertação de Mestrado, Universidade de
Minho.
 OLIVEIRA, Guilherme (1976), Impugnação da paternidade, Dissertação de mestrado apresentado a
faculdade de Coimbra.
 PINHEIRO, Jorge Duarte, Direito da família contemporâneo, 2a Edição –
reimpressão.

V.3. Site de Internet

 Cfr.https://diariodarepublica.pt/dr/lexionario/termo/presuncao-paternidade-19-03-
2024.

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