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CURSO DE DIREITO
SÃO PAULO
2021
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
CURSO DE DIREITO
SÃO PAULO
2021
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
CURSO DE DIREITO
Data da Aprovação:
___/___/______
Banca Examinadora:
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Prof.
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SÃO PAULO
2021
Sumário
Resumo ..............................................................................................
Abstract
Introdução
Resumo ..................................................................................................................................................4
Abstract..................................................................................................................................................4
Introdução..............................................................................................................................................4
1. Verticalização Urbana no Brasil......................................................................................................9
1.1 Breve Histórico.............................................................................................................................9
1.2 Proposta Nacional de Habitação.................................................................................................10
1.1 Atuação Estadual de São Paulo.............................................................................................11
1.2 Esfera Municipal...................................................................................................................12
2. CONDOMÍNIO EDILÍCIO................................................................................................................14
2.1 Disposições Gerais ....................................................................................................................14
2.2 Instituição...................................................................................................................................16
2.3 Constituição................................................................................................................................17
2.4 Convenção..................................................................................................................................18
2.5 Direitos dos Condôminos............................................................................................................19
2.6 Deveres dos Condôminos...........................................................................................................20
2.7 Cumprimento dos Deveres.........................................................................................................20
2.8 Realização de Obras no Condomínio..........................................................................................22
2.9 Administração do Condomínio...................................................................................................23
2.10 Síndico......................................................................................................................................24
2.11 Assembléia...............................................................................................................................26
2.12 Quorum de Votações................................................................................................................26
2.13 Extinção do Condomínio..........................................................................................................27
3. SANÇÕES PREVISTAS AO CONDÔMINO INADIMPLENTE...............................................................28
3.1 Capacidade Legislativa do Condomínio......................................................................................36
3.2 Possibilidade do corte no fornecimento de água.......................................................................38
4. DIREITOS FUNDAMENTAIS PREVISTOS NA CONSTITUIÇÃO..........................................................43
4.1 Dignidade da Pessoa Humana....................................................................................................44
4.2 Direito de Propriedade...............................................................................................................45
4.3 Função social da propriedade.....................................................................................................46
4.4 Penhora do bem de família........................................................................................................47
CONCLUSÃO.........................................................................................................................................49
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................................51
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise crítica, no âmbito do
condomínio edilício, concernente ao dever de o condômino contribuir com as
despesas condominiais previstas no artigo 1.336, I, do Código Civil Brasileiro, e as
sanções possíveis que podem ser aplicadas previstas em nosso ordenamento
jurídico, sanções estas sempre de caráter pecuniário, que em muitos casos acabam
se tornando letra morta, sem eficácia prática. Para isso foram trazidos dispositivos
históricos, legais, posicionamento doutrinário e decisões judiciais que versam sobre
a matéria, a fim de embasar as informações aqui apresentadas. Inicialmente aborda
o conceito histórico do condomínio edilício, o crescimento populacional que fez
surgir enorme déficit habitacional. Retrata um breve esforço das iniciativas estatais
para reduzir o déficit habitacional, a verticalização como solução para abrigar os
novos habitantes. Analisa a natureza do Condomínio Edilício e as normas previstas
no Código Civil Brasileiro. As sanções possíveis de acordo com o ordenamento
jurídico. A natureza da convenção do condomínio, com possibilidade de os
condôminos elaborar normas que melhor atendam seus interesses. Por fim, analisa
os direitos constitucionais de Dignidade da Pessoa Humana, Direito de
Propriedade, Direitos Sociais e de Moradia Digna. Busca-se, contudo, a
harmonização jurídica na aplicação das sanções que buscam forçar os condôminos
inadimplentes a cumprir com seus deveres, em favorecimento a massa
condominial.
Palavras Chave: Condomínio Edilício; Dever; Inadimplemento; Corte de Água;
Execução; Penhora.
ABSTRACT
This paper aims to present a critical analysis, within the scope of the building
condominium, concerning the joint owner's duty to contribute to the condominium
expenses provided for in article 1336, I, of the Brazilian Civil Code, and the possible
sanctions that may be applied as provided for in our legal system, these sanctions
are always pecuniary in nature, which in many cases end up becoming a dead letter,
with no practical effectiveness. For this, historical and legal provisions, doctrinal
position and court decisions dealing with the matter were brought in, in order to
support the information presented here. Initially, it addresses the historical concept of
the building condominium, the population growth that gave rise to a huge housing
deficit. It depicts a brief effort by state initiatives to reduce the housing deficit,
verticalization as a solution to shelter the new inhabitants. Analyzes the nature of the
Building Condominium and the rules provided for in the Brazilian Civil Code. Possible
sanctions according to the legal system. The nature of the condominium agreement,
with the possibility for the unit owners to draw up rules that best meet their interests.
Finally, it analyzes the constitutional rights of Human Dignity, Property Rights, Social
Rights and Decent Housing. However, legal harmonization is sought in the
application of sanctions that seek to force defaulting unit owners to comply with their
duties, favoring the condominium mass.
Keywords: Building Condominium; To owe; Default; Water Cutting; Execution;
Garnishment.
INTRODUÇÃO
2. CONDOMÍNIO EDILÍCIO
Aqui nos apresenta o que está previsto no artigo 1.331, CC, (BRASIL, 2002),
“Pode haver, em edificações partes que são propriedades exclusivas,” fazendo
alusão às unidades habitacionais e a vagas de garagem, no caso de
empreendimento com fins residenciais e para o caso de lojas, sobrelojas e
escritórios, quando se tratar de empreendimento com finalidade comercial.
Em ato contínuo, haverá “partes que são propriedade comum dos
condôminos”, (BRASIL, 2002), que retrata as quadras poliesportivas, a piscina,
biblioteca, academia, área de churrasqueira, brinquedoteca, dentre outras que possa
existir, de uso coletivo nos limites previsto na convenção e ainda os que venham ser
aprovados pelos condôminos.
Conforme se extrai do parágrafo primeiro do referido artigo, toda parte
suscetível de utilização independente, autônoma como os apartamentos, os
escritório, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações ideais no solo ou nas
outras partes comum, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e
gravadas livremente por seus proprietários, “assim, tais áreas podem ser, com
liberdade no exercício da autonomia privada, vendidas, doadas, hipotecadas, entre
outras instituições cabíveis sobre o bem,” (TARTUCE, 2021, p. 415).
No referido parágrafo existe uma restrição ao livre exercício da propriedade,
referente aos abrigos de veículos, que não poderão ser alienadas ou alugadas a
pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção de
condomínio (BRASIL, 2002). Na visão de Tartuce (2021, p. 415) tal medida “tem
justificativa na proteção da segurança do condomínio, bem como na
sua funcionalidade”.
Cabe frisar que esta limitação é temporária, devendo-se observar o que está
previsto na convenção de cada condomínio. O abrigo de veículos comercializado
vinculando-se a uma unidade autônoma, fazendo parte da fração ideal, o exercício
do direito de propriedade deve ser feito “a ressalva do direito de preferência para
locação da vaga de garagem” (TARTUCE, 2021 p. 415).
Na situação que a vaga de garagem é considerada área comum, “in sólidum”
(TARTUCE, 2021,p.415), temos duas situações, a primeira é a previsão na
convenção que seu uso é rotativo, essa modalidade é comumente encontrada nos
empreendimentos de interesse social construídos pelas COHABs e pela CDHU.
Somadas a esta estão as demais áreas comuns, previstas no parágrafo
segundo do artigo 1.331, o solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral
distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais e
as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são utilizados
em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados separadamente, ou
divididos. Tartuce ensina que “tais partes não podem ser alienadas separadamente,
ou divididas, pois constituem, in solidum, o todo condominial imobiliário” (TARTUCE,
2021, p. 415).
Cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável, uma fração ideal no
solo e nas outras partes comuns, que será identificada em forma decimal ou
ordinária no instrumento de instituição do Condomínio (artigo 1.331 § 3º), em suma
“a fração ideal no solo e nas partes comuns que é proporcional ao valor da unidade
autônoma” (BRASIL, 2002).
Nenhuma unidade imobiliária pode ser privada do acesso ao logradouro
público (artigo 1.331 § 4º), um edifício composto por doze pavimentos sendo um por
andar, não poderá existir impedimento para os demais moradores acessar o
logradouro público. Como regra geral, o terraço de coberturas é considerado área
comum, salvo disposição em contrario da escritura de constituição do condomínio
(artigo 1.331 § 5.º) (BRASIL, 2002).
Determinando a convenção o terraço de cobertura como área exclusiva, as
despesas de manutenção e conservação devem ser custeadas pelo seu proprietário,
não podendo ocasionar danos as unidades imobiliárias inferiores (artigo 1.344 CC)
(BRASIL, 2002).
2.2 Instituição
A previsão legal determina que a instituição do condomínio se dê por ato
entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de Registro de Imóveis, devendo
constar daquele ato, além do disposto em lei especial: I – A discriminação e
individualização das unidades de propriedade exclusiva, extremadas umas das
outras e da parte comum; II – A determinação da fração ideal atribuída a cada
unidade, relativamente ao terreno e partes comuns; III – o fim que as unidades se
destinam (BRASIL, 2002);
Leciona Azevedo, (2018, p. 95) “resta evidente que o condomínio edilício,
para existir, deverá ser instituído e registrado na circunscrição imobiliária da
localidade do imóvel, nascendo, daí, o direito real dos condôminos, oponíveis erga
omnes”.
Gonçalves (2020, p. 153) relata no seu curso de direito das coisas que a
“instituição do condomínio é sempre um ato de vontade” ocorrendo assim de três
formas “por destinação do proprietário do edifício, por incorporação ou por
testamento”.
2.3 Constituição
2.4 Convenção
2.10 Síndico
2.11 Assembléia
Conforme preceito do artigo 1.334, pelo legislador foi concedido uma capacidade
legislativa, de criar normas e procedimentos na convenção, além dos enumerados
no artigo anterior do diploma civil, determinando que “além das clausulas referidas
no artigo 1.332”, podendo criar outras normas que “os interessados houverem por
bem estipular” (BRASIL, 2002).
Buscamos na doutrina de Pereira, a natureza jurídica da convenção, que melhor
permita entender a sua essência, que assim discorre:
“Ato-regra ou ato constitutivo de um direito estatutário (vide n. 60,
infra) cria a normação de conduta para um agrupamento social
reduzido, ditando regras de comportamento, assegurando direitos e
impondo deveres. No tocante a estes últimos, cumpre notar que o
regulamento de um edifício estatui restrições à liberdade de ação de
cada um, em benefício da coletividade, e estabelece regras
proibitivas e imperativas, a que todos se sujeitam. Daí a necessidade
da aprovação por quorum especial, pois não pode existir norma de
origem convencional, restritiva de direitos individuais, sem a
anuência geral ou para a qual não se imponham condições especiais
de votação” (PEREIRA, 2021, p. 116).
O Pereira (2021, p. 118) ensina que “não podemos admitir a existência parcial
do ato-regra para distinguir como ineficazes apenas as normas restritivas de direitos
e dar como válidas as demais. Ou existe ou não existe o ato”.
A manutenção do conceito acima se fundamenta no regramento da
formalidade existente do quorum especial para votação da convenção, na falta
desse cumprimento, padecerá o ato-norma por vício formal, não terá eficácia.
(PEREIRA, 2021, p. 118).
Assim sendo “como norma jurídica, embora de caráter restrito ou em circuito
fechado, a convenção impõe restrições de direitos e, enquanto os confere, traduz
limitações às faculdades alheias, em benefício do sujeito ativo”. (PEREIRA, 2021, p.
119).
Como norma, pois que é, a Convenção obriga a todos, tanto aos que lhe
deram sua aprovação como aos que penetraram posteriormente no circuito, o que
não constitui uma afirmação de pura abstração doutrinária, mas já tem sido
proclamado em decisão da justiça”. (PEREIRA, 2021, p. 119)
Nesse raciocínio fica claro perceber que:
Recurso nº 0030580-41.2013.8.26.0007
Recorrente: Condominio Multipredial Cintra
Recorrido: Marcelo Marinho Gonzaga
Voto nº 474/2014
Ementa: Cível. Recurso Inominado. Supressão de água cuja cobrança não é
individualizada. Possibilidade. Cobrança feita pelo condomínio que é
suportada pelos demais condôminos. Sentença reformada. Recurso provido.
APELAÇÃO Nº 0008956-59.2011.8.26.0506
APELANTE: CONDOMÍNIO PARQUE RESIDENCIAL JARDIM DAS
PEDRAS
APELADO: JOÃO RICARDO SILVA LIMA DE SOUZA
COMARCA: RIBEIRÃO PRETO
VOTO Nº 7062
APELAÇÃO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER – CONDOMÍNIO –
DESPESAS CONDOMINIAIS – CORTE NO FORNECIMENTO DE
ÁGUA À UNIDADE INADIMPLEMENTE – POSSIBILIDADE –
INEXISTÊNCIA DE ATO ILÍCITO - MEDIDA AUTORIZADA EM ATA
ASSEMBLEAR – SENTENÇA REFORMADA – RECURSO PROVIDO.
Sustenta ainda:
“Não pode o autor se beneficiar de sua inadimplência,
acarretando a socialização injusta da verba com os demais
condôminos que cumprem com suas responsabilidades
pontualmente, pagando por aqueles que não honram com suas
obrigações, sob pena de se consagrar verdadeiro
locupletamento indevido por parte do inadimplente equivocado
o entendimento benéfico do Dr. Juiz de Direito, que prestigia o
inadimplente, em detrimento dos demais, além da manifesta
violação que a sentença perpetrou contra o Art. 884 do Código
Civil”. (FERREIRA, 2014, 03).
Apelação Nº 0028248-04.2013.8.26.0007 –
VOTO Nº 14.265
Apelante: Vilma Soares Da Costa
Apelado: Condomínio Amoreiras V
Comarca De São Paulo 1ª Vara Cível Do Foro Regional de
Itaquera
Mm. Juiz de direito: Alessander Marcondes França Ramos
Despesas de condomínio obrigação de fazer
Supressão do abastecimento de água - determinação do
síndico - impossibilidade - meio oblíquo de cobrança sem
previsão legal - cobrança possível pelos meios legais
ordinários - ação julgada procedente, no tocante à obrigação
de não fazer - reparação de danos morais indevida, porque se
trata de questão controvertida e, em princípio, agiu o
condomínio sob o amparo de suas normas internas
sucumbência recíproca.
É importante destacar o que ensina Tartuce (2021, p. 163), que “o § 1.º do art.
1.228 do CC/2002 é um dos dispositivos mais importantes da vigente lei civil, ao
preceituar que “o direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as
suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada
a poluição do ar e das águas”.
5 CONCLUSÃO
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de direito civil: direito das coisas. 2º Edição, São
Paulo, Editora Saraiva, 2018.
GONÇALVES, Carlos. R. Direito civil brasileiro v 5 - direito das coisas . 16ª Ed. São
Paulo Editora Saraiva, 2020.
KARPAT, Rodrigo. Questões recorrentes da vida em condomínios. 1ª ed. Curitiba,
Ed. Bonijuris, 2.020.
MORAES, Ivy Mayumi de. Locação social em São Paulo entre 2001 e 2016: definição da
agenda governamental. 2018. 231fls. Dissertação. FGV – Fundação Getúlio Vargas, São Paulo,
2018.
NUNES, Rizzatto, O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana :
doutrina e jurisprudência. 4.ª ed. – São Paulo. Saraiva Educação, 2018.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Condomínio e Incorporações. 14.ª ed. Rio de
Janeiro, Ed. Forense, 2021.
RIZZARDO, Arnaldo. Condomínio edilício e incorporação imobiliária. 8.ª ed. – Rio de
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SCHWARTZ, Rosely Benevides de O. Revolucionando o condomínio. 15ª ed. São
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TARTUCE, Flávio. Direito Civil VI: direito das coisas. 13.ª ed – Rio de Janeiro,
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VENOSA, Silvio de Salvo, e WELL, Lívia Van. Condomínio em Edifício, teoria e
prática, 1.ª ed. Indaiatuba. Ed. Foco, 2.021.