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São Paulo
2018
IARA ROSSI CARDOSO
São Paulo
2018
IARA ROSSI CARDOSO
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
À minha família,
por me permitir viver um tipo de amor singular.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço aos meus pais por se dedicarem à família, me ensiranem valores
sólidos que traçaram a minha personalidade e maneira de enxergar o mundo.
À minha irmã e meus irmãos que transbordam meu coração de orgulho, me inspiram e
incentivam a ser a melhor versão de mim, por meio de exemplos e atitudes que exigem força e
coregem.
Agradeço as amizades de longas datas, em especial o meu amigo Lucas, que sempre
esteve ao meu lado e soube compreender e respeitar os momentos em que precisei me distanciar
para me dedicar aos estudos e trabalhos.
Ao meu orientador, por ser uma pessoa solicita e estar sempre à disposição, bem como
por me incentivar a vencer esse desafio de escrever a respeito de um tema recente, sem muito
material e teorias consolidadas para basear os meus estudos.
Finalmente, agradeço a todos os professores que passaram pela minha vida, por
exercerem uma das profissões mais belas, cujo peso na formação intelectual e pessoal de um
aluno é imensurável.
RESUMO
Due to the dynamic nature inherent in the Financial System, as well as the Capital Market, the
activity of these sectors cannot, in any way, be trapped in obsolete standards that do not
correspond with their needs and economic, social and historical reality. For the present study, it
takes into account, in particular, the historic moment that the country is going throw and the trend
of the brazilian legal system for constant searches of instruments of prevention against economic
and financial crime, the transparency and reputation of public acts, the interaction between
disciplines and the adaptation of the legislative framework with the technological era. Thus, the
study has as aim address the changes brought by the Law nº 13.506/17, which regulates the
sanctioning administrative proceedings in the scope of the Central Bank of Brazil and the
Securities and Exchange Commission. Basic concepts will be addressed about the Financial
Market, Capital Market and sanctioning administrative proceedings. Then, it analyzes the main
novelties of the new legal framework in relation to the previous legislation in the sphere of each
regulatory agent related to the theme and, in the end, it presents itself points to be improved. In
this sense, the work will have an objective character, based almost exclusively in brazilian
legislation and principles which directs.
Keywords: Law nº 13.506/1. Financial Market. Capital Market. Securities and Exchange
Commission.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
INTRODUÇÃO..............................................................................................................10
1. TEMAS PRELIMINARES.....................................................................................12
1.1. Noção de Mercado Financeiro............................................................................12
1.2. Noção de Mercado de Capitais...........................................................................13
1.3. Processo Administrativo Sancionador................................................................14
2. LEI Nº 13.506/2017...................................................................................................15
2.1. Lei nº 13.506/2017 no âmbito de atuação do BACEN.......................................16
INTRODUÇÃO
Desde então, a pressão social e econômica, bem como os escândalos envolvendo grandes
empresas, inclusive do setor público, auxiliaram no progresso de consolidação de mecanismos
de transparência. É nesse contexto que, em 08 de junho de 2017, foi publicada a Medida
Provisória nº 784 que versava sobre o processo administrativo sancionador na esfera de atuação
do BACEN e da CVM que, em razão de não ter sido aprovada e convertida em Lei pelo Poder
Legislativo dentro do prazo previsto no artigo 62, da Constituição Federal, perdeu sua eficácia e
acabou resultando na Lei nº 13.506/17.
Assim, o presente trabalho visa analisar as novidades trazidas pela Nova Lei, bem como
as Circulares expedidas pelo BACEN nº 3.857 e nº 3.858, que regulamentam referida norma.
Superficialmente, pode-se dizer que o objetivo da norma é unificar e atualizar o processo
administrativo sancionador, trazer segurança jurídica para os atuantes no setor do Mercado
Financeiro e de Capitais, compatibilizar com as normas internacionais e princípios fundamentais
de supervisão de mercado.
O segundo capítulo, por sua vez, trata de todo o processo e justificativas da Lei nº
13.506/17, bem como demonstra detalhadamente a repercução do referido diploma legal na
esfera do BACEN e da CVM. Uma das principais alterações no campo de atuação do BACEN
foram os meios alternativos de conflitos, que consistem na possibilidade de celebração do Termo
de Compromisso ou do Acordo Administrativo em Processo de Supervisão. Na esfera da CVM,
cita-se, à título exemplificativo, a alteração material dos tipos penais de manipulação de mercado
e de insider tranding, previstos pela Lei nº 6.385/76.
Após o estudo das principais alterações, o terceiro capítlo aborda pontos a serem
aperfeiçoados, isso é, lacunas ou situações que podem ser antevistas, gerando dúvidas a respeito
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1. TEMAS PRELIMINARES
Crusoé, após sobreviver a um naufrágio, passou a habitar uma ilha deserta, alimentando-
se do produto de sua pescaria diária. Podemos imaginar que, após algum tempo, decide
fabricar uma rede, com o que aumentaria a quantidade de peixes pescados e teria mais
tempo para o lazer. Para ter um dia inteiro dedicado a fabricar a rede, deveria diminuir
seu consumo diário de peixe, de sorte que a quantidade pescada pudesse alimentá-lo por
dois dias. O primeiro ato, de abstenção do consumo, constitui tipicamente o ato de
poupança, que pode ser definida como a parte da produção não consumida. Já, o
segundo ato, de utilização dos recursos poupados para a produção da rede, um bem de
capital, constitui um investimento. 1
Nota-se que no exemplo citado, uma única pessoa assume o papel de poupador e
investidor. Porém, o sistema econômico é composto por agentes econômicos – unidades
familiares, governo, empresas etc. – que, apesar de possuírem interesses individuais, estão
completamente interligados, vez que, aqueles que possuem recursos acumulados – conhecidos
como agentes superavitários – pretendem aplica-los em ativos financeiros daqueles que
necessitam de recursos para realizar os seus projetos de investimento – conhecidos como agentes
deficitários.
É nesse vácuo que surge a necessidade da intervenção financeira, que atuará como um
canal de recursos entre os agentes econômicos superavitários e deficitário.
Nesse raciocínio, ao analisar o conceito de Mercado Financeiro, pode-se dizer que sua
principal peculiaridade reside na função de otimizar a alocação de recursos na economia. Nesse
sentido ele promove, por meio de instituições e instrumentos, o fluxo financeiro entre os
1
EIZIRIK NELSON; GAAL, ARIÁDNA B; PARENTE, FLÁVIA; HENRIQUES, MARCUS DE FREITAS.
Mercado de Capitais – regime jurídico. 3ª ed. Revista e ampliada – Rio de Janeiro: Renovar, 2011.
13
Por sua vez, o Mercado Cambial está relacionado com a compra e venda de moedas
estrangeiras. Nesse sentido, são realizadas operações de curto prazo envolvendo agentes
econômicos que tenham interesse voltados ao comércio internacional. Assim, o Banco Central
do Brasil fiscaliza e controla as negociações e taxas de câmbio por meio da Política Cambial.
Ressalte-se que, aqui, pelo motivo de não possuir a intervenção da instituição financeira, os
papéis negociados possuem uma rentabilidade superior em relação aos títulos tradicionais,
porém, por outro lado, o investidor assume os riscos da operação.
Ao lado das atribuições que a Lei ofereceu ao BACEN e à CVM, nota-se o poder
normativo, por meio do qual tais Autoridades regulam a atuação dos agentes no Mercado
Financeiro e no Mercado de Capitais, bem como o poder punitivo, através do qual as Autoridades
asseguram o integral cumprimento das normas e solidez dos mercados. O que nos interessa para
o desenvolvimento deste trabalho é o estudo do poder punitivo, que se dá por meio do processo
administrativo sancionador, que possui a seguintes fases: instauração, defesa, exame do processo,
decisão de primeira instância, recurso e decisão de segunda instância.
2. LEI Nº 13.506/2017
Fato é que, com o advento da Lei nº 13.506/17, o BACEN e a CVM terão que
regulamentar sua aplicação por meio da elaboração de normas próprias, em seus respectivos
âmbitos de competência. Nota-se que o BACEN já editou as Circulares n.º 3.857 e 3.858.
Em linhas gerais, é possível apontar as principais alterações que a Nove Lei trouxe. Em
relação às infrações penais, observa-se que a Lei nº 13.506/17 criou novas modalidades e
consolidou, em um único diploma legal, outras que estavam espalhadas em normas infra legais.
Na esfera do BACEN, definiu as infrações graves.
Finalmente, não se pode esquecer que foram alteradas, na esfera do BACEN, as normas
cambiais aplicáceis não só a quaisquer pessoas físcias ou jurídicas, mas também às entidades
autorizadas a operar em câmbio. Aqui, além da Lei nº 13.506/17 reafirmar certas penalidades que
não eram mais aplicadas ela aumentou o valor da multa a ser aplicada em relação às
irregularidades e infrações penais de câmbio.
2.1.1 APLICABILIDADE
Ao analisar o artigo 2º, da Lei nº 13.506/17, nota-se que este ampliou os agentes sujeitos
às punições do BACEN, vez que não só apenas as Instituições Financeiras, mas também pessoas
físicas como, por exemplo, administradores, membros da diretoria, do conselho de
administração, do conselho fiscal entre outros integrantes dos demais órgãos previstos nos
estatutos ou contratos sociais da Instituição.
Ademais, foram incluídas no rol dos sujeitos passivos as entidades supervisionadas pelo
BACEN. Aqui, cabe ressaltar que não há certeza a respeito das entidades supervisionadas, pois
o texto permite o entendimento de entidades equiparadas a instituições financeiras, bem como
outras entidades cuja atividades são supervisionadas pelo BACEN, ainda que indiretamente, em
razão do seu relacionamento com as instituições financeiras, como é o caso dos correspondentes
bancários.
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É inegável que, para que se tenha um ilícito administrativo, é necessária a definição prévia
em Lei. Assim, visando trazer maior segurança jurídica às decisões do BACEN nos processos
administrativos sancionadores, o artigo 3º, da Nova Lei, trouxe um rol com dezessete incisos,
definindo as condutas consideradas como infrações puníveis que, até o momento, eram previstas
em Resoluções e outros diplomas editados pelo CMN e BACEN, sem força de Lei.
Porém, da leitura do dispositivo é possível perceber que a redação do texto legal é bastante
genérica, fato que dá margem a interpretações extensivas pelo aplicador.
Basta analisar o inciso I do referido artigo que considera infração punível a realização de
operações em “desacordo com princípios previstos em normas legais e regulamentares que
regem a atividade autorizada pelo Banco Central do Brasil”. Logo, questiona-se quais seriam os
princípios que regem as atividades autorizadas pelo BACEN, pois não há clareza em relação aos
mesmos.
Outro ponto objeto de crítica desde a edição MP nº 784 é o inciso VIII pelo fato de
mencionar “preços destoantes dos praticados pelo mercado, em prejuízo próprio ou de
terceiros” sem ao menos esclarecer o que seria considerado preços destoantes para fins de
aplicações de penalidades.
Tais pontos foram largamente discutidos no âmbito da MP nº 784 e o motivo que justifica
a permanência do caráter abrangente do artigo 3º da Nova Lei é o fato de dificultar eventual
anulação das decisões sancionadoras prolatadas pelo BACEN, em sede de processo
administrativo sancionador, pelo Poder Judiciário por falta de previsão de tipos administrativos
em lei.
É o que vinha se observando até a edição da MP nº 784, pois o STJ estava anulando
decisões prolatadas pelo BACEN sob o argumento de as condutas que justificariam a aplicação
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de penalidades estavam previstas por normas infralegais, ao passo que a punição estava prevista
no artigo 44 da Lei nº 4.595/64.
Nesse raciocínio, ao fundamentar suas decisões com dispositivos amplos e imprecisos, o risco
de anulação das decisões é reduzido, já que o alcance da norma que a fundamenta é capaz de
atingir inúmeros tipos administrativos que não estão, necessariamente, expressos no texto legal,
mas é possível extrai-los por meio de uma interpretação extensiva das expressões genéricas.
O que se pode concluir é que o fato de existir um rol taxativo tipificando as infrações para
fins de punibilidade, apesar de trazer uma ideia restritiva e delimitadora da norma, na realidade,
em razão dos termos utilizados possuírem um caráter abrange, abre-se oportunidades para
interpretações múltiplas e possíveis além daquela propriamente expressa no texto legal.
O artigo 4º, Lei nº 13.506/17, a seu turno, qualifica as infrações de natureza grave no âmbito
da fiscalização do BACEN as condutas que podem gerar os seguintes resultados:
(i) causar dano à liquidez, à solvência ou à higidez ou assumir risco incompatível com a
estrutura patrimonial de pessoa mencionada no caput do art. 2o desta Lei;
(ii) contribuir para gerar indisciplina no mercado financeiro ou para afetar a estabilidade
ou o funcionamento regular do Sistema Financeiro Nacional, do Sistema de
Consórcios, do Sistema de Pagamentos Brasileiro ou do mercado de capitais;
3
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. LEI 4.595/64. SANÇÃO
PECUNIÁRIA. NECESSIDADE DE TIPIFICAÇÃO NA PRÓPRIA NORMA LEGAL. INADMISSÃO DE
TIPIFICAÇÃO DE CONDUTAS INFRATORAS EM NORMAS INFRALEGAIS. AGRAVO INTERNO DA
UNIÃO DESPROVIDO. 1. O Plenário do STJ apreciou a aplicabilidade do CPC/2015 aos processos que já se
encontravam em andamento quando do início de sua vigência, decidindo ser aplicável a novel legislação processual
somente aos recursos que impugnem decisões publicadas a partir de 18.3.2016, o que não é o caso dos autos.
Perfeitamente possível, portanto, o julgamento monocrático com base no art. 557, § 1o-A do CPC/73. 2. Em Direito
Sancionatório, apenas a lei pode estabelecer conduta típica ensejadora de punição, sendo entendimento firme deste
STJ que as sanções previstas no art. 44 da Lei 4.595/64 somente se aplicam às hipóteses expressamente previstas
nesse dispositivo. Precedentes: REsp. 1.255.987/PR, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 13.4.2012; REsp.
438.132/RS, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJ 15.3.2004; AgRg no REsp. 1.560.441/PR, Rel. Min. HUMBERTO
MARTINS, DJe 12.9.2016; REsp. 1.255.987/PR, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 13.4.2012. 3. Agravo
Interno da UNIÃO desprovido.
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Art. 47. Para fins da gradação de penalidades previstas no art. 36, inciso I, da Lei nº
13.506, de 2017, constituem infrações puníveis no âmbito do Sistema de Consórcios:
I - vender cotas de consórcio, inclusive por meio de representantes, de forma
incompatível com a legislação em vigor;
II - utilizar recursos de grupo de consórcio em finalidade diversa das admitidas na
legislação em vigor;
III - desviar recursos do grupo em benefício da administradora ou de terceiros;
IV - deixar de depositar em instituição financeira os recursos dos grupos de consórcio
ou de aplicá-los na forma estabelecida na legislação em vigor;
V - promover ou deixar de promover contemplações, em desacordo com as exigências
da legislação em vigor;
VI - deixar de convocar ou de realizar assembleia geral ordinária ou extraordinária, nos
termos da legislação em vigor;
VII - deixar de prestar, de forma clara, objetiva e adequada, as informações necessárias
à livre escolha e à tomada de decisão por parte dos consorciados;
VIII - realizar operações sem observar os limites operacionais ou os padrões mínimos
de capital realizado e de patrimônio líquido ajustado; ou
IX - deixar de manter a autonomia patrimonial dos grupos de consórcio.
2.1.3 PENALIDADES
(ii) multa;
(v) inabilitação para atuar como administrador e para exercer cargo em órgão previsto
em documentos constitutivos das instituições supervisionadas pelo BACEN; e
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Em relação à pena de admoestação pública, cabe observar que esta substituiu a antiga
advertência. Essa nova modalidade de pena possui um caráter não só disciplinar, mas também
um caráter educativo, pois, diferentemente da pena de advertência, o teor da decisão condenatória
será publicado no site eletrônico da Autarquia, bem como em outras formas de publicação
previstas em regulamentação. O texto terá o nome do apenado, a conduta ilícita praticada e a
sanção imposta. Pontua-se que a publicação exaure a penaidade de admoestação pública, nos
termos previstos do artigo 40, da Circular nº 3.857.
Assim, a nova pena de admoestação pública gera efeitos relevantes para a reputação do
apenado, pois os agentes atuantes no mercado terão conhecimento da ilicitude praticada e de
eventuais reiterações.
Além disso, quanto à pena de multa, importante ressaltar o aumento substancial do valor
das penalidades pecuniárias, vez que o limite máximo passa a ser de R$ 2 bilhões ou de 0,5% das
receitas de serviços e de produtos financeiros apurado no ano anterior da consumação da infração.
A própria Lei nº 13.506/17 estabelece parâmetros para determinar a receita de serviços e de
produtos financeiros no § 1º, do artigo 7º de referido diploma legal.
A decisão que aplicar a multa cominatória deve pontuar o conteúdo mínimo previsto pelo
artigo 75, da Circular nº 3.857. São eles:
(i) a advertência de que seu não cumprimento no prazo fixado sujeita o administrado ao
pagamento de multa cominatória;
§ 2º A multa prevista no art. 18 da Lei nº 13.506, de 2017, terá sua incidência limitada
a sessenta dias.
Vale lembrar que a Lei nº 13.506/17 determina que a decisão que aplicar multa superior
a R$ 50 milhões deverá ser automaticamente submetida a reexame por órgão colegiado previsto
no seu regimento interno, do qual faça parte ao menos um diretor do BACEN, e somente após o
reexame é que a notificação às partes a respeito da decisão será considerada efetiva.
Ao aplicar as penalidades, o artigo 10, da Nova Lei, dispõe que deve-se considerar os
seguintes critérios:
(vi) a reincidência; e
(vii) a colaboração do infrator com o Banco Central do Brasil para a apuração da infração.
O Código Penal, em seu art. 68, adotou o sistema trifásico de cálculo da pena,
acolhendo, assim, a posição de Nélson Hungria, que sustentava que o processo
individualizador da pena deveria desdobrar-se em três etapas: 1ª) o juíza fixa a pena de
acordo com as circunstâncias judiciais; 2ª) o juiz leva em conta as circunstâncias
agravantes e atenuantes legais; 3ª) o juiz leva em conta as causas de aumento ou de
diminuição de pena. Esse é o sistema que deverá ser respeitado pelo juiz ao calcular a
pena imposta ao réu na sentença condenatória, em atenção à norma constitucional que
obriga a lei a regularizar a individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI) 4.
Vale ressaltar que a Circular nº 3.857, em seu artigo 59, também propõe um limite para o
valor máximo da soma das penalidades de multa aplicadas em um único PAS, visando garantir
que, ao final, a pena não exceda o valor necessário e suficiente para atingir a finalidade educativa
e dissuasiva e não comprometa a continuidade da instituição.
Por sua vez, a Circular nº 3.858 trouxe a possibilidade de aplicação cumulativa das penas
de: (i) advertência; (ii) multa pecuniária variável, não superior ao dobro do valor da operação, ao
dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação, ou
ao valor de R$20.000,00; (iii) inabilitação temporária para o exercício de cargos de administração
pelo prazo de até 10 anos; e (iv) cassação da autorização para exercício de atividade, operação
ou funcionamento.
Art. 55. São circunstâncias que agravam as penalidades de multa, de proibição de prestar
determinados serviços, de proibição de realizar determinadas atividades ou modalidades
de operação e de inabilitação, quando não constituírem infrações autônomas:
I - a reincidência;
II - a prática sistemática ou reiterada;
4
CAPEZ, Fernando: - Curso de Direito Penal, Parte Geral 1; 21ª Edição; Ano 2017; Autor:, Editora: Saraiva pg.
474/501
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Art. 56. São circunstâncias que atenuam as penalidades de multa, de proibição de prestar
determinados serviços, de proibição de realizar determinadas atividades ou modalidades
de operação e de inabilitação:
I - a colaboração do infrator que resulte na identificação dos demais envolvidos na
infração, se for o caso, e na obtenção de informações e de documentos que comprovem
o cometimento de infração punível com base na legislação em vigor, desde que não
sejam de conhecimento prévio do Banco Central do Brasil;
II - os bons antecedentes do infrator; e
III - a regularização da infração antes da sua detecção pelo Banco Central do Brasil.
§ 1º A incidência de circunstâncias atenuantes não resulta na descaracterização da
gravidade da conduta.
§ 2º A penalidade de multa será reduzida em 20% (vinte por cento) a cada circunstância
atenuante verificada.
§ 3º As penalidades de inabilitação, de proibição de prestar determinados serviços e de
proibição de realizar determinadas atividades ou modalidades de operação serão
reduzidas de um ano para cada atenuante verificada.
§ 4º A circunstância atenuante prevista no inciso I do caput não será aplicada na
dosimetria da penalidade aplicada a infrator que tenha celebrado acordo administrativo
em processo de supervisão quanto aos fatos tratados no processo.
Já, a Circular nº 3.858, em seus artigos 5º e 6º, estabelece as causas que podem implicar em
circunstâncias agravantes e atenuantes referentes às penalidades de multa e inabilitação.
Os requisitos para a aplicação das medidas acautelatória estão previstos no artigo 68, da
Circular nº 3.857. Nesse sentido tais medidas poderão ser decretadas pelo BACEN antes da
instauração ou durante a tramitação do processo administrativo sancionador, desde que haja a
presença de indícios de autoria e de materialidade da infração (fumus boni iuris e periculum in
mora), bem como a atualidade ou iminência de lesão ao Sistema Financeiro Nacional, ao Sistema
de Consórcios, ao Sistema de Pagamentos Brasileiro, à instituição ou a terceiros.
(ii) impedir que o investigado atue - em nome próprio ou como mandatário ou preposto -
como administrador ou como membro da diretoria, do conselho de administração, do
conselho fiscal, do comitê de auditoria ou de outros órgãos previstos no estatuto ou
no contrato social de instituição mencionada no caput do art. 2o desta Lei;
Cabe ressaltar que o item (iv) é a única novidade trazida pela Lei nº 13.506/17.
Nos termos do § 1º, do artigo 17, da Nova Lei, para que a medida cautelar conserve sua
eficácia até que a decisão de primeira instância comece a produzir efeitos, o PAS deve ser
instaurado dentro do prazo de 120 dias, contados a partir da data da intimação da decisão cautelar.
Esta, a seu turno, poderá ser revista de ofício ou a requerimento do interessado, se cessarem as
circunstâncias que as determinaram.
No que diz respeito ao descumprimento das medidas cautelares, vale lembrar que o artigo
18, da Nova Lei, permite que o BACEN aplique multa cominatória, conforme já explicado
anteriormente no tópico “2.1.3 Penalidades” do presente trabalho.
De acordo com o artigo 11, da Lei nº 13.506/17, o BACEN passa a dispor de um novo
meio de solução alternativo ao processo administrativo, o Termo de Compromisso. Esse
instrumento já era utilizado por outros Agentes Reguladores, como a CVM e CADE.
27
Nota-se que há uma discricionariedade conferida pela Nova Lei, em que permite que o
BACEN avalie as condições do caso concreto, podendo optar pelo Termo de Compromisso ou
não, pois não está vinculado à celebração do Termo de Compromisso, ou seja, ele vai utilizar tal
instrumento se e quando for mais conveniente ao mercado e ao interesse público.
No que diz respeito aos efeitos do Termo de Compromisso, vale apontar que a mera
apresentação de proposta não tem condão de suspender o andamento do processo administrativo.
Nesses casos de conhecimento prévio, serão ponderados alguns critérios para a fixação
do percentual de redução das penas a serem aplicadas. Assim, considerando que já existem
informações, ainda que insuficientes para fins de condenação, bem como diretrizes traçadas pelo
processo de supervisão, o BACEN deve certificar se, de fato, as informações, documentos e
provas apresentadas pelo proponente vão realmente colaborar para os fins do processo de
supervisão instaurado.
Além disso, vale lembrar que as primeiras pessoas físicas a proporem a celebração de
Acordo Administrativo em Processo de Supervisão poderão beneficiar-se da redução de 1/3 a 3/5
da penalidade a ser aplicada.
Já, a pessoa jurídica que não for a primeira a se qualificar, terá a oportunidade de celebrar
o Acordo Administrativo em Processo de Supervisão, mas nesse caso poderá beneficiar-se da
redução de apenas 1/3 da penalidade a ser aplicada.
(i) a pessoa jurídica for a primeira a se qualificar com respeito à infração noticiada ou
sob investigação;
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(iii) o Banco Central do Brasil não dispuser de provas suficientes para assegurar a
condenação administrativa das pessoas físicas ou jurídicas por ocasião da propositura
do acordo; e
Conforme dispõe a Circular nº 3.957, a proposta deve ser feita por escrito em meio físico
ou eletrônico, contendo a qualificação completa do proponente, podendo ser apresentada em
qualquer momento anterior à instauração do processo administrativo ou até a decisão de primeira
instância, nos casos em que o processo administrativo tenha sido instaurado. Em relação à
documentação juntada pelo proponente, caso a proposta de Acordo Administrativo for rejeitada,
todos os documentos eletrônicos serão descartados e, quando forem apresentados em via física,
serão devolvidos ao acusado.
Além disso, o proponente poderá desistir da proposta a qualquer momento, desde que o
faça antes da assinatura do acordo. Nesse caso, os documentos apresentados não poderão ser
utilizados para fins de responsabilização, exceto quando a administração pública federal tiver
conhecimento dos mesmos por outros meios de informação que não os apresentados perante a
proposta.
Ainda, o artigo 83, da Circular nº 3.957, prevê a hipótese de apresentação de mais de uma
proposta de Acordo Administrativo, caso em que serão analisadas na ordem em que forem
recebidas. Vale pontuar que a mera propositura de celebração do Acordo Administrativo não
suspende a tramitação do processo administrativo e não dispensa a obrigação da pessoa jurídica
de reparar eventuais danos decorrentes da infração.
Nesse ponto, vale esclarecer que o histórico de conduta é um documento que contém a
exposição detalhada fatos referentes à infração noticiada, bem como a identificação dos demais
envolvidos e o detalhamento da participação de cada um deles-nos casos em que mais de um
indivíduo participar a infração legal. Nesse sentido, o histórico pode conter informações sensíveis
relacionadas ao direito à intimidade, sigilo bancário e sigilo fiscal, razão pela qual não será
publicado tal documento.
Relevante observar que, mais uma vez, a Lei nº13.506/17 foi clara no sentido o sigilo do
Acordo Administrativo em Processo de Supervisão e demais documentos fornecidos não podem
ser opostos ao Ministério Público e demais órgãos de controle.
A tomada da decisão a respeito da assinatura do Acordo Administrativo será feita por órgão
colegiado previsto no regimento interno do BACEN, dentro do prazo de 45 dias. Após a
celebração do Acordo Administrativo, o processo de supervisão que tramita perante o BACEN
terá seu prazo prescricional suspenso em relação ao signatário. Assim, o cumprimento do Acordo
Administrativo firmado fica sob supervisão do Regulador Bancário.
Por fim, caso o Acordo Administrativo seja descumprido, o acusado ficará impedido de
celebrar novo Acordo Administrativo pelo prazo de 3 anos, contados a partir do conhecimento
do descumprimento pelo Regulador Bancário.
Após os novos parâmetros determinados pela Lei nº 13.506/17, pode-se dizer que houve
o aperfeiçoamento no que diz respeito às regras do rito processual dos processos administrativos
sancionadores, vez que harmonizou a legislação com a realidade eletrônica, trouxe clareza e
transparência por meio das exigências de publicação de diversos atos processuais, bem como
adequou as regras e critérios para fixação das penalidades para os diversos segmentos que
integram o Regulador Bancário.
O artigo 4º, da Nova Lei, estabelece que no caso de sucessão de pessoa jurídica autorizada
a funcionar pelo BACEN, não será instaurado o processo administrativo em relação à pessoa
33
A citação é o marco inicial do processo administrativo, e poderá ser efetuada por via
postal, meio eletrônico ou por ciência no processo. Nota-se que os atos e termos processuais
poderão ser formalizados, comunicados e transmitidos em meio eletrônico.
Assim, o acusado será citado para apresentar defesa, em 30 dias, sob pena de preclusão,
devendo instruí-la com documentos e indicar provas que pretenda produzir. Ressalta-se que o ato
praticado após a preclusão será considerado como inexistente. Ainda, se apresentar defesa no
prazo legal, o acusado será considerado revel, fato que não implica em confissão e nem retira a
possibilidade do revel de intervir, em qualquer momento, no processo. Aqui, apesar de poder
intervir em qualquer fase processual, o revel não tem o direito à repetição dos atos já praticados.
Em relação à contagem dos prazos, observa-se que o dia de início será excluído, ao passo
que o dia de vencimento será incluído, conforme estabelece o artigo 24, da Lei nº 13.506/17.
Assim, referido diploma legal considera o dia de início do prazo:
(iv) o sexto dia subsequente à disponibilização do ato no sítio eletrônico do Banco Central
do Brasil; ou
Importante esclarecer que os prazos serão prorrogados para o primeiro dia útil seguinte
nos casos em que o primeiro dia da contagem e o dia do vencimento, coincidirem com fim de
semana ou feriado.
Nos casos que ocorrer situações supervenientes, alheias à vontade do acusado, este poderá
solicitar a concessão de prazo novo ao Regulador Bancário o qual autorizará, desde que esteja
devidamente comprovada a ocorrência do imprevisto.
Sobre o princípio da instrumentalidade das formas, cabe esclarecer que esta parte da ideia
de que o processo não constitui um fim em si mesmo, mas sim um mecanismo utilizado para se
atingir determinado objetivo. Assim, se o ato processual imperfeito atingir seu objetivo sem
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causar prejuízo às partes, poderá o juiz validá-lo, ainda que contenha vícios. É nesse sentido aque
a Ministra Nancy Andrighi fundamenta o seu voto em sede de Recurso Especial:
Ademais, a Circular nº 3.857 prevê que a defesa apresentada por procurador sem o
acompanhamento do instrumento de mandato será considerada válida, desde que tal instrumento
seja juntado nos próximos 10 dias. Assim, caso o instrumento de mandato não for juntado no
prazo estabelecido, a defesa será considerada inexistente, sendo desentranhada dos autos e, ainda,
o acusado será considerado revel.
No que diz respeito às provas, que estas estão previstas ne Seção VII, do Capítulo II, da
Circular nº 3.857, sabe-se que o BACEN indeferirá, de forma fundamentada, provas ilícitas,
impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. No mais, as provas ilícitas serão desentranhadas
do processo.
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REsp 975.807/RJ, Min. Nancy Andrighi – 3ª. Turma do STJ (AC. De 02.09.2008, DJe 20.10.2008)
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Ao tratar da publicidade, o artigo 28, da Lei nº 13.506/17, determina que, como regra, as
decisões condenatórias e absolutórias serão publicadas, em resumo, no site eletrônico do
BACEN, exceto se houver ameaça para a higidez da instituição, do Sistema Financeiro Nacional,
do Sistema de Consórcios ou do Sistema de Pagamentos Brasileiro, hipótese em que poderá não
publicar a decisão enquanto esta não se for definitiva, desde que fundamente a razão do sigilo.
Ainda, também serão publicadas somente no momento em que se tornarem definitivas as decisões
que apliquem a penalidade de admoestação pública.
Além das hipóteses de cabimento de recurso expostas nos tópicos anteriores do presente
trabalho – contra decisão que julgar a impugnação referente à aplicação da multa cominatória e
decisão que julgar a impugnação acerca da cautelar – a Lei nº 13.506/17 prevê, no artigo 29,
expressamente, a possibilidade de interposição de recurso das decisões condenatórias, dentro do
prazo de 30 dias, recebido com efeitos devolutivo e suspensivo, sem comprometer a eficácias das
medidas acautelatórias estipuladas pelo BACEN.
Ressalta-se o § 5º do artigo 29, da Nova Lei, estabelece nos casos em que forem aplicadas
as penalidades de cassação, inabilitação ou proibição de realizar determinadas atividades ou
modalidades de operação, os recursos serão recebidos apenas com efeito devolutivo, fato que não
exclui a possibilidade do apenado requerer o efeito suspensivo, dentrodo prazo previsto pelo
artigo 36, da Circular nº 3.857, de 10 dias, contados da intimação da decisão que aplicou a
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(i) esgotado o prazo para interposição do recurso mencionado no parágrafo anterio, sem
que o mesmo tenha sido interposto;
(iii) após a intimação da decisão final do BACEN que negar efeito suspensivo ao recurso.
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BRASIL, Lei nº 13.506/17. de 13 de novembro de 2017. Dispõe sobre o processo administrativo sancionador na
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Quanto à redação do crime de insider tranding, observa-se que esta adquiriu um caráter
mais abrangente ao excluir da descrição do tipo penal o requisito de “dever manter sigilo” e
inclui-lo como uma agravante da pena em 1/3. Além disso, também estão sujeitos à punição o
“insider secundário”, isso é, aqueles que repassarem a informação privilegiada obtida por meio
de indivíduos diretamente ligados à companhia. Ainda, ciou-se um novo tipo penal em que o
agente que repassa a informação sigilosa acerca de fato relevante teve acesso à informação em
razão do cargo ou posição que ocupe no emissor, ou relação comercial, profissional ou de
confiança com o emissor. Assim, o artigo 27-D, da Lei nº 6.385/76, ganhou a seuinte redação:
2.2.2. PENALIDADES
Uma das alterações que mais chama atenção é o aumento do valor máximo da penalidade
de multa, que passou a ser: (i) R$ 50 milhões, que na MP nº 874 era de R$ 500 milhões; (ii) o
dobro do valor da emissão ou da operação irregular, que na Lei nº 6.385/76 era metade; (iii) 3
esfera de atuação do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13506.htm>. Acesso em: 19 mai.2018
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BRASIL, Lei nº 6.385/76. de 7 de dezembro de 1976. Dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a
Comissão de Valores Mobiliários. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6385.htm>. Acesso
em: 19 mai.2018.
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Cabe lembrar que a Nova Lei estabelece que a CVM, ao dosar as multas a serem
aplicadas, leve em consideração o princípio da proporcionalidade e da razoabilidade, a
capacidade do infrator e os motivos que justificam a imposição da multa.
Sem dúvidas, a novidade que causou muita polêmica no tocante ao rito processual foi a
modificação do §4º do artigo 11, da Lei nº 6.385/76, que retirou o efeito suspensivo automático
da decisão do Colegiado da CVM nos casos de imputação das penas de suspensão de autorização,
inabilitação e proibição temporária. Em outras palavras, as decisões que aplicarem as penalidades
mais graves, independentemente da interposição de recurso, produzirão seus efeitos de imediato.
Não obstante, o apenado poderá elaborar requerimento solicitando a aplicação do efeito
suspensivo, conforme regulamentação a ser editada pela CVM. Já, quando a decisão aplicar as
penalidades de multa ou advertência, caberá recurso ao Conselho de Recurso do Sistema
Financeiro Nacional com efeito devolutivo e suspensivo.
Após o estudo dos dispositivos da Lei nº 13.506/17, fica evidente que a norma conseguiu
atender a maior parte dos anseios do mercado por maior efetividade, segurança jurídica e
credibilidade às Autarquias. Porém, este Capítulo pretende analisar alguns pontos de falhas e
desafios que podem ser antevistos.
Cessação, previsto pelo artigo 85, da Lei nº 12.529/11, em que há uma tabela de pontuação para
orientar na quantificação da colaboração e na definição do desconto a ser aplicado.
Além disso, no que tange à origem da prova trazida pelo signatário, cabe à Autoridade
realizar um crivo da prova levada em âmbito de Acordo Administrativo, vez que, visando a
obtenção das vantagens previstas em Lei, o signatário pode valer-se de provas ilícitas. Assim,
alerta-se a Autoridade no sentido de averiguar se a prova obtida em sede de Acordo
Administrativo tem potencial de contaminação das demais provas, que levaria ao inssucesso do
processo administrativo sancionador. Outro cuidado a ser observado diz respeito ao peso da
confissão dos agentes que participaram da ilegalidade. As confissões devem ser vistas como um
princípio de prova, isso é, não podem ser banalizadas e utilizadas para a condenação do infrator
como único pilar da fundamentação da decisão condenatória. Desse modo, a Autoridade que
estiver presidindo o processo administrativo sancionador deve se atentar para não se apegar à
confissão como uníco meio suficiente para se obter uma condenação. Logo deve-se realizar
ampla investigação a partir da confissão trazida para obter a maior quantidade de elementos aptos
a fundamentarem a condenação.
4. CONCLUSÃO
Inicialmente, cumpre esclarecer que em razão do tema objeto do presente estudo ser
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Ressalta-se que apesar de alguns dispositivos possuírem uma redação ousada ou abstrata
que causam certo receio a respeito de sua aplicação na prática, pelo estudo realizado, é possível
concluir que a Lei nº 13.506/17 conseguiu cumprir com o propósito que lhe foi atribuído,
resultando em um saldo positivo em relação às suas expectativas. Isso porque anteriormente, o
processo administrativo sancionador muitas vezes era falho, ineficaz, moroso, obscuro, carente
de instrumentos alternativos de solução de controvérsia e inflexível em razão da norma estar
ultrapassada, pois as operações vedadas à época da legislação anterior soferam alterações e
tornaram-se mais complexas, sem que a legislação acompanhasse esse desenvolvimento.
Assim, é possível notar a busca pela celeridade do rito processual moderno, por meio da
priorização do sistema eletrônico que a norma confere ao trâmite processual, citações, intimações
e publicações. Além disso, é nítida a preocupação da norma com a transparência de suas decisões,
sendo exigida a ampla publicação nos sites eletrônicos das Autarquias. Ainda, os parâmetros e
critérios estabelecidos para a dosimetria da pena e os esclarecimentos a respeito das operações
proibidas são exemplos de previsibilidade aqueles que se submentem à supervisão das
Autarquias.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Livros
ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. São Paulo: Atlas, 7 ed. 2006. 302.
BULHÕES PEDREIRA, J. L.; LAMY FILHO, A. A lei das S/A. Rio de Janeiro: Renovar,
1992.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Parte Geral 1; 21ª Edição; Ano 2017; Editora:
Saraiva.
FARIA, Rogério Gomes de. Mercado Financeiro: Instrumentos & Operações. São Paulo:
Prentice Hall.
FIPECAFI/USP, 1999. ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
FORTUNA, E. Mercado financeiro, produtos e serviços. 16. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark,
2005.
LAMY FILHO, Alfredo e BULHÕES PEDREIRA, José Luiz. Direito das Companhias. Rio de
Janeiro:Forense.
Legislação
BRASIL, Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação
de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos
previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras
providências. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9613.htm Acesso
em: 19 mai.2018.
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