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Estatuto da Criança e do

Adolescente
Prof. Paulo Henrique/ Orly Kibrit

Ato Infracional
- Conceito (art. 103, ECA): considera-se ato infracional a conduta que, praticada por adolescente
ou criança, é definida em lei como crime ou contravenção penal. A consequência é a medida
socioeducativa ("ato infracional correspondendo ao crime de...").

- Sujeito ativo dos ato infracional (art. 2º,"caput", ECA):


1. Criança: pessoa com 12 anos incompletos (menos que 12 anos)
2. Adolescente: pessoa com 12 anos completos e menor que 18 anos.

O ECA adota um critério etário, ou cronológico ou biológico, puro ou absoluto, sendo irrelevantes
aquisição de capacidade civil e a maturidade da pessoa.

- Responsabilidade da criança
A criança só pode receber medidas de proteção se praticar um ato infracional (art. 1011, ECA). Não
tem caráter de sanção, apenas de proteção. Não recebe, sequer, medida socioeducativa.
Ainda que encontrada em flagrância de ato infracional, o encaminhamento da criança é feito ao
conselho tutela e JAMAIS ao delegado de polícia (art. 136, I, ECA).

- Responsabilidade do adolescente
Pode receber medida de proteção e socieducativa (arts. 112, I a VI, ECA) - estão sujeitos as duas.
É sanção socieducativa e não pena. Apenas o adolescente pode ser internado na fundação casa.
Adolescente, se encontrado em flagrância, é encaminhado à autoridade de polícia (art. 172, ECA).

Rol de medidas socieducativas (art. 112 ,ECA)

NUNCA usa o termo prisão e, sim, internação.


Aplicadas APENAS aos adolescentes.

1. Advertência (art. 115, ECA): é uma "bronca" do juiz que será lavrada em termo, formalizado
por escrito e assinado pelas partes (MP, defensor, juiz - sujeitos processuais);

2. Reparação dos danos (art. 116, ECA): é cumprir sanção do ato infracional, podendo ser
cumprida de 03 formas:
a) ressarcimento: entregar o equivalente em dinheiro;
b) restituição da coisa: devolver o mesmo bem de forma intacta;
c) de outro modo, compensar o prejuízo (ex: trabalhar para a vítima para compensar o prejuízo);

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3. Prestação de serviços comunitários (art. 117, ECA): pode ser aplicada por, no máximo, 06
meses com jornada semanal de 08 horas;

4. Liberdade assistida (arts. 118 e 119, ECA): o juiz nomeia um orientador que o assistirá na sua
vida familiar, comunitária e escolar. Acompanhará o rendimento escolar a frequência. A
liberdade assistida durará por, no mínimo, 06 meses - não tem prazo máximo previsto, sendo
que a doutrina, por analogia, aplica o prazo máximo da internação (03 anos);

As quatro primeira são as medidas socioeducativas em meio aberto, pois não a privação de
liberdade e podem ser cumuladas. A seguir, todas são cumpridas em meio privativo de liberdade -
em maior ou menor medida - não podendo ser cumuladas entre si ou com alguma de meio aberto:

5. Semiliberdade (art. 120, ECA): fica parte do dia solto (sem vigilância direta) e parte do dia
recolhido na entidade de atendimento socioeducativo. É baseado em confiança e senso de
responsabilidade - presume que o adolescente voltará. Pode ser aplicada além dos 18 anos, até,
no máximo, 21 anos de idade;

6. Internação (arts. 121 a 125, ECA): internado em Fundação Casa. Sai mediante escolta. Pode
ser aplicada além dos 18 anos, até, no máximo, 21 anos de idade (art. 121, parágrafo 5º);

Praticou aos 17 anos, a consequência pode atingi-lo até os 21 anos. Se praticar com 18 anos, já é
direito penal. Caso esteja cumprindo medida socioeducativa internado em Fundação Casa depois
dos 18 anos e cometa crime, responderá no Direito Penal.
Aos 21 anos de idade, o juiz ordena a liberação compulsória do internado.

Internação e Semiliberdade

- Prazo (art. 121, parágrafo 2º, ECA): determina a internação sem estipular o prazo (ao contrário
do direito penal, no qual a pena é determinada). Aplicação na sentença é feita sem prazo
determinado ("Interno. Cumpra-se").

❖ Execução: deverá ser feita reavalição (art. 42 da Lei 12.594/12) da medida a cada, no máximo,
06 meses - não pode chegar a 06 meses sem ser reavalido. A reavalição é feita pelo juiz (pautado
em relatórios de assistentes sociais, da Fundação Casa, etc.) da execução da medida
socioeducativo. Na reavalição, as possibilidades de decisão do juiz são:

1. Liberação: no caso de melhora do internado, o juiz determina a sua soltura e extingue o


processo (a ideia do ECA é que quem cumpre bem, cumpre menos, enquanto quem cumpre
mal, cumpre mais);

2. Substituição: pode substituir a internação por outra medida mais branda (progressão das
medidas socioeducativas - ex: substitui a internação por liberdade assistida - se cumprir bem a
liberdade, o juiz extingue o processo);

3. Manutenção da medida: mantém internado até a próxima reavaliação. O limite total é de 03


anos, não podendo superar este prazo de modo algum (art. 121, parágrafo 3º, ECA). Chega a 03

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anos por reavaliação e manutenção sucessiva, mas não se aplica por 03 anos direto. Deve ser
feita a reavalição. Pode chegar a 03 anos desde que o internado não complete 21 anos antes
disso.

Se comete uma nova infração durante o cumprimento da medida socioeducativa, antes de


completar 18 anos, inicia-se novamente a contagem dos 03 anos.

Se está foragido e for encontrado após 21 anos, ocorre prescrição etária, uma vez que não se pode
internar ou aplicar medida socioeducativa com base no ECA a maiores de 21 anos.

As medidas socioeducativas de internação e semiliberdade são aplicadas, na sentença, sem prazo


determinado, devendo a sua necessidade ser reavaliada a cada, no máximo, 06 meses. Por ocasião
da reavaliação, a medida pode ser mantida, sucessivamente, até o limite total de 03 anos (e desde
que o sujeito não complete 21 anos antes disso).

Lei 12. 594/12 - SINASE - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo.

Aplicação da medida socioeducativa

Advertência, reparação de danos, prestação de serviços comunitários, liberdade assistida e


semiliberdade podem ser aplicadas livremente. Não estão sujeitas a cabimento taxativo. Fica a
critério do juiz.
A internação somente poderá ser aplicada nos termos da lei (rol taxativo), conforme consta no art.
122, I a III do ECA. Fora deste rol, NÃO pode internar.

Casos de internação - art. 122, ECA

É a possibilidade da internação, não significa que por ser possível será internado.

I. Ato infracional praticado com violência ou grave ameaça a pessoa (não pode internar por
tráfico de drogas - súmula 492, STJ - ou furto, por exemplo);

II. Se configura reiteração (segundo ato em diante) no cometimento de atos graves (tráfico de
drogas, roubo) - não precisa ser o mesmo tipo, apenas o segundo ato grave (ex: um roubo, um
furto e um tráfico);

III. Internação regressão: é cabível diante do descumprimento reiterado e injustificado de medida


anteriormente imposta - na sentença, o juiz impôs outra medida, mas o adolescente a
descumprir de forma reiterada (ex: faltou várias vezes em reunião com o orientador). Antes de
ser decreta a internação regressão, o juiz deve designar audiência para justificação do
adolescente que será ouvido pessoalmente na presença de advogado, nesse sentido existe a
Súmula 265, STJ. O juiz fixa prazo determinado de até 03 meses.

IV. Internação provisória (art. 108, ECA): pode ser decretada pelo juiz, de oficío ou a pedido do
MP, no curso da ação socioeducativa desde que exista prova mínima e desde que demonstrada a
efetiva necessidade da medida. O prazo máximo é de 45 dias.

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Obs.: Se o adolescente não for liberado após esse prazo, o juiz pode incorrer no crime do art. 235
do ECA.

Obs.: ninguém ficará internado por mais de 03 anos no total - o tempo que ficar internado na
internação provisória, deverá ser subtraído da pena, mesmo que tenha intervalo entre a provisória e
a sentença.

Procedimento para apuração da prática de ato


infracional - adolescente

- Sempre será de iniciativa do MP, que o faz por meio de representação (em vez da denúncia, é a
representação).

- A competência é do Juízo da Infância e Juventude determinada pelo local da conduta (mesmo


que o crime seja de competência federal).

• Remissão (arts. 126 a 128, ECA): equivalente a transação penal. Trata-se de acordo feito
conforme as circunstâncias do caso como alternativa para evitar ou encerrar o procedimento.
Pode ser perdão puro e simples ou combinado com medida não privativa de liberdade.

Obs: o acordo não gera reconhecimento da responsabilidade e não prevalece como antecendente
infracional.

Espécies de remissão:
1. Pré-processual/Ministerial: esse acordo é feito pelo MP e deve ser homologado pelo juiz
acarretando a exclusão do processo (não será processado). Se o juiz discordar, deverá remeter
os autos ao Procurador Geral para que resolva a questão. Se o Procurador concordar com o MP,
o juiz deverá homologar

2. Processual/Judicial: é feito com juiz com a prévia oitiva do MP e acarreta a extinção do


processo. Caso seja cumulado com medida que perdure no tempo, o juiz suspende o feito pelo
prazo determinado decretando sua extinção após o cumprimento. Se a medida não for
cumprida, o feito é retomado.

Fases do procedimento

1. Fase policial (arts. 171 a 178, ECA): se o ato envolver violência ou grave ameaça, o delegado
deve lavrar auto de apreensão em flagrante. Nos demais casos, o auto pode ser substituído por
boletim de ocorrência circunstanciado.
Como regra, comparecendo os pais ou responsável e firmado termo de compromisso de
apresentação ao MP, o adolescente será liberado. Se não comparecerem ou se ordem pública
determinar (efetiva necessidade) o adolescente não será liberado e a autoridade policial o
encaminhará ao MP.

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Obs.: a apreensão será prontamente comunicada ao juiz e a família ou pessoa indicada. A omissão
quanto a essas comunicações pode configurar o crime do art. 231, ECA.

Obs.: a apreensão de adolescente sem flagrante e sem ordem judicial pode configurar o crime do
art. 230, ECA.

2. Fase Ministerial (arts. 179 a 182, ECA): o representante do MP recebe os documentos e os


antecedentes infracionais procedendo, então, a oitiva informal do adolescente é, se possível, de
seus pais, das vítimas e testemunhas. Pode decidir de três formas:
a) Conceder a remissão;
b) Requerer o arquivamento (demanda homologação pelo juiz e, se este último discordar, envia
para o Procurador Geral);
c) Oferece a representação.

Obs.: a representação deve conter breve resume dos fatos, a classificação do ato é, se for o caso, o
rol de testemunhas.

3. Fase judicial (arts. 183 a 190, ECA): o juiz pode rejeitar a representação por não preencher
seus requisitos, por não haver ato infracional, se o sujeito era criança ou já adulto no momento
da conduta ou se já tiver 21 anos. Contra essa decisão, cabe apelação. Se receber a
representação, designará uma audiência de apresentação do adolescente, cientificando-o e a
seus pais da representação e intimando para comparecimento acompanhados de advogado.

Se o adolescente não for localizado, o juiz deve sobrestar o feito expedindo mandado de busca e
apreensão (crise de instância). O feito só será retomado com a efetiva apresentação do adolescente.
Se os pais ou responsável não forem localizados o juiz nomeará curador especial.
Se o adolescente for notificado, mas deixar de comparecer, sem justificativa, o juiz designa nova
data, determinando a sua condução coercitiva.

Feita a audiência, se o juiz não conceder a remissão, deve intimar a defesa para apresentar defesa
prévia, no prazo de 03 dias.

Apresentada a defesa prévia, o juiz designa audiência em continuação.

Obs.: conforme a Súmula 342, STJ, é nula a desistência de outras provas em face da confissão do
adolescente.

Na audiência de continuação, faz-se a oitiva da vítima e das testemunhas, e cumpridas as demais


diligências. Após, são realizados os debates orais, iniciando-se pelo MP, cada parte tem 20 minutos,
prorrogáveis por mais 10. Ao final, o juiz profere a sentença
Inicia-se pela acusação para que a defesa conheça todas as armas da acusação. Privilegia-se a ampla
defesa.

Hipóteses em que não será aplicada a medida socioeducativa:


• Se houver dúvida sobre a existência do fato ou sobre a autoria do adolescente;
• Se estiver provada a inocorrência do fato ou a não participação do adolescente;
• Se o fato não constituir ato infracional.

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Art. 182, ECA - se for aplicada medida de internação ou semi liberdade, a intimação será feita ao
próprio infrator e ao seu defensor. Se o advogado não for encontrado, são intimados em seu lugar
seus pais ou responsáveis.
Ao ser intimado, o adolescente manifesta se deseja ou não recorrer para outras medidas. Cabe
recurso da sentença (apelação). No geral, os recursos do ECA seguem a regra do CPC, mas, nesse
caso, o prazo para interpor apelação é de 10 dias. Nesse recurso, cabe juizão de retratação pelo juiz
no prazo de 05 dias.
Se a decisão for mantida, os autos serão remetidos ao Tribunal para julgamento do recurso.
Se o juiz se retratar, somente haverá remessa ao segundo grau se a parte interessada formular
pedido em 05 dias.

Família
1. Família natural (art. 25, caput, ECA): formada por pais e filhos.

2. Família extensa ou ampliada (art. 25, parágrafo único, ECA): parentes próximos com quem
haja afinidade e afetividade.

3. Família substituta (art. 28, ECA): pode ser:


a) Guarda legal (art. 33, ECA): regulariza a posse da criança/adolescente obrigando a prestação
material, moral e educacional.
b) Tutela (art. 36, ECA): além de conferir a posse, também confere direito de representação
permitindo a administração de bens e interesses do tutelado. Para que haja tutela deve haver
prévia destituição ou suspensão do poder familiar
c) Adoção.

Obs 1: não se inclui a curatela, pois não é instituto tratado pelo ECA.

Obs 2: a guarda legal é diferente da guarda de fato.

Adoção
É a mais completa forma de colocação em família substituída com a inserção do adotado em novo
núcleo familiar.
Não pode haver distinção entre filhos sanguíneos e adotivos. Juridicamente são iguais, possuem os
mesmo direitos.
O juiz deferira a adoção que tenha legítimos motivos e seja vantajosa ao adotando.

Características da adoção

1. Irrevogável (art. 39, parágrafo 1º, ECA): com o trânsito em julgado da sentença de adoção, ela
não pode ser desfeita.
Obs: a morte dos adotantes não restabelece poder familiar dos pais de origem.

2. Plena: a adoção cria integralmente novos vínculos desligando todos os vínculos anteriores,
ressalvados os impedimentos matrimoniais.

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3. Personalíssima (art. 39, parágrafo 2º, ECA): nunca pode ser feita por procuração.

4. Constituída por sentença judicial (art. 47, ECA): trata-se de procedimento de jurisdição
necessária, que não pode ser feito extrajudicialmente.

5. Excepcional: o núcleo família de origem tem preferência, de modo que antes da adoção deve-
se tentar a manutenção da criança ou adolescente na família de origem.

Modalidades

1. Nacional ou internacional: a diferença decorre do local de residência dos adotantes,


independentemente da nacionalidade.
A adoção internacional é subsidiária, pressupondo a inexistência de interessado no cadastro
nacional.

2. Singular ou conjunta:
• Singular: feita por um adotante
• Conjunta: existência de casamento ou união estável
Pode ser deferida a adoção conjunta ainda que o casal esteja separado ao tempo da sentença, nos
termos do art. 42, parágrafo 2º, ECA, desde que:
a) O estágio de convivência tenha se iniciado durante a união, criando vínculos com ambos os
adotantes;
b) Haja acordo sobre a guarda e o regime de visitas,

3. Unilateral ou bilateral:
• Bilateral: rompem-se os vínculos de ambos os lados do parentesco de origem.
• Unilateral: a adoção rompe apenas um das linhas do parentesco anterior. É o caso da adoção por
padrasto/madrasta.

4. Póstuma, nuncupativa, post mortem (art. 46, parágrafo 2º, ECA): é possível a adoção mesmo
se o adotante já for falecido ao tempo da sentença, desde que já tenha inequivocadamente
manifestado sua vontade.
A sentença de adoção é constitutiva e, como regra, produz efeitos ex nunc - a partir do trânsito em
julgado. Excepcionalmente, na modalidade póstuma, a sentença terá efeitos retroativos da data do
óbito, para permitir a sucessão ao adotado.

5. Intuito personae (art. 50, parágrafo 13, ECA): como regra, a adoção é feita mediante previo
cadastro. Todavia, excepcionalmente, a lei permite que seja feita de forma direta
independentemente de cadastro nos seguintes casos:
a) Adoção unilateral;
b) Adoção por parente com quem a criança/adolescente tenha vínculos de afinidade e afetividade;
c) Adoção por quem tem tutela ou guarda legal de criança maior de 03 anos ou adolescente desde
que o tempo de convivência seja suficiente para comprovar os laços de afinidade e afetividade,
e desde que não haja má-fé.

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Requisitos quanto ao adotante

- Idade: maior de 18 anos, independentemente do estado civil (art. 42, caput, ECA);
- Ser 16 anos mais velho que o adotado (art. 42, parágrafo 3º, ECA).

Não pode ser adotante (art. 42, parágrafo 1º, ECA):


- Ascendentes nem irmãos da pessoa. Não pode haver adoção em linha reta, nem em
horizontalidade, já que irmão é linha horizontal/colateral de segundo grau. Os irmãos e os avós
podem ter a guarda ou tutela, mas não adotar, pois isso mexe com a filiação, linha fundamental
do parentesco. A adoção supre a falta de poder familiar.
* Tio pode adotar o sobrinho.
Não tem mais adoção no Código Civil, aplicam-se as regras do ECA.
Se for adotar menores de 18 anos, a competência é da Vara da Infância e da Juventude. Enquanto a
adoção de adultos é de competência da Vara de Família.

❖ Art. 40, ECA: se o menor já está sob guarda legal dos adotantes, o processo se mantém na Vara
da Infância e da Juventude, pois ocorre a perpetuação da competência já que o processo se
iniciou quando enquanto o adotado era adolescente.

Requisitos quanto ao adotado:

Consentimento do adotando (art. 45, parágrafo 2º ECA):


- Criança: o consentimento da criança é dispensado como condição para deferimento da adoção.
- Adolescente: é necessário o consentimento como condição para o deferimento da adoção.

Consentimento dos pais (art. 45, caput, ECA):


- Em regra geral, os pais devem consentir, pois o desligamento é eterno. O consentimento dos pais
deve ser manifestado ou confirmado em Juízo. Não basta apenas o consentimento extrajudicial,
pois é comum induzir a erro para que os pais assinem os papéis. Evita fraude.
- Exceções: pode ser dispensado em dois casos (art. 45, parágrafo 1, ECA):
I. Quando os pais forem desconhecidos (é impossível colher o consentimento);
II. Quando já houve prévia destituição do poder familiar.

ATENÇÃO!!! O consentimento dos pais em Juízo admite retratação, que só pode ser emitido até a
publicação da sentença (art. 146, parágrafo 5º, ECA).

• Estágio de convivência: serve para ver se a convivência será frutífera.


O juiz fixa livremente o prazo, em regra. Não há parâmetro legal (art. 46, caput, ECA).

Obs: O único caso em que o ECA estabelece prazo legal para o estágio de convivência é o da
adoção internacional: nesta, o art. 46, parágrafo 3º, exige um prazo mínimo de 30 dias, a ser
realizado em território nacional.
O adotado só pode sair do país depois de transitada em julgado a sentença que tiver deferido a
adoção.

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Autorização e condições para viajar
1. Nacional (art. 83, ECA):
a) Criança (menor de 12): pode ser livre ou sujeita a restrições.
- Livre: para lugares próximos. Somente dentro da comarca onde ela reside ou para comarca
contígua (vizinha) desde que situada dentro da mesma unidade federativa ou mesma região
metropolitana (ex: uma criança que mora em São Paulo pode viajar para o ABC, Osasco, etc -
somente as cidades vizinhas).

- Restrição: para além das comarcas contíguas. A restrição exige autorização do juiz ou
acompanhamento. Se o juiz autorizar, pode viajar sozinha. A autorização pode ser expedida, a
requerimento do interessado, por até 02 anos (art. 83, parágrafo 2º, ECA).
Acompanhantes que dispensam a autorização judicial:
* Pais ou responsáveis (legal - o que tem guarda ou tutela) - basta um dos pais;
* Ascendentes e colaterais até 3º grau (irmão ou tio) que sejam maior. Para tais parentes, basta a
comprovação documental do parentesco;
* Qualquer pessoa maior de 18 anos que tenha autorização escrita dos pais ou responsáveis.

b) Adolescente: absolutamente livre (viajar sozinho sem autorização dos pais).

❖ Hospedagem SEMPRE está sujeita a restrição (arts. 82 cc art. 250, ECA):


- Hotel;
- Motel;
- Pensão;
- Estabelecimento congênito.

❖ Somente poderá se hospedar:


- Acompanhada dos pais ou responsável;
- Autorização dos pais ou responsável;
- Autorização judicial.

2. Internacional (art. 84, ECA): pode ser feita em 04 hipóteses - o mesmo se aplica ao
adolescente e a criança:
a) Com autorização judicial;
b) Acompanhada de ambos os pais ou responsáveis;
c) Acompanhada de um deles e com autorização escrita do outro, com firma reconhecida;
d) Não está prevista no ECA. Encontra-se na Resolução 131 do CNJ que autoriza a viagem
internacional apenas com autorização escrita de ambos os pais, com firma reconhecida.

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