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Conselho Nacional de Justiça

Programa Medida Justa

Orientações sobre Medidas Socioeducativas

- as medidas socioeducativas (art 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente) têm


natureza predominantemente pedagógica, circunstância que deve ser sempre
observada, na aplicação e na execução

- a medida de internação, de acordo com os princípios da brevidade e da


excepcionalidade (art. 121 do ECA), apenas deve ser aplicada em casos de infrações
graves: a) art. 122, l, do Estatuto da Criança e do Adolescente - cometidas com o
emprego de violência ou grave ameaça contra pessoa (ex: roubo, homicídio, extorsão
mediante sequestro, etc.); b) art- 122, II, do ECA - cometidas de forma reiterada (ex;
tráfico de entorpecentes, furto, etc.): ou ainda c) 122,111, do ECA - diante de
reiterado e injustificável descumprimento de medida socioeducativa antes aplicada
(internação-sanção).

-a internação é aplicada por tempo indeterminado, respeitado o limite de 03 anos. O


limite de idade na execução da internação são os 21 anos incompletos (art. 121, §
2º a 5° do ECA).

-a internação provisória (art. 108 do ECA) tem prazo máximo de 45 dias, dentro do
qual deve ser prolatada a sentença no processo de conhecimento tem sido
questionada a revogação do inciso VI do art. 198 do ECA, pela Lei n.
12.010/09, e está prevalecendo o entendimento jurisprudêncial de que, tendo o
adolescente respondido ao processo custodiado provisoriamente e sendo prolatada
sentença que lhe aplica medida de internação, eventual recurso deve ser recebido
apenas no efeito devolutivo (ver HC n." 1L2.799/SP; Relator Ministro Haroldo
Rodrigues -STJ).
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- nas localidades onde não houver unidade adequada internação (provisória ou já


decorrente de sentença), admite-se a permanência do adolescente em cela separada
das destinadas a maiores, pelo prazo máximo de 05 (cinco) dias (art. 185, § 2° do
ECA), dentro do qual deve ser providenciada remoção a unidade própria à
permanência de adolescentes (arts, 94 e 123 do ECA), garantidos os direitos
expressos no art, 124 do ECA.

-as medidas socioeducativas não são penas, e, portanto, não se somam. Caso um
adolescente tenha contra si aplicadas medidas sócto-educativas da mesma natureza
(ex: duas ou mais medidas de liberdade assistida; duas ou mais medidas de
prestação de serviços à comunidade), deverão ser unificadas quando de sua
execução, normalmente pelo prazo da mais extensa.

- eventual aplicação da internação-sanção (art. 122. Ill, do ECA) deve ser precedida
de audiência na qual cabe ao magistrado ouvir sobre as justificativas do adolescente
para o descumprimento de medida (ver HC 157008/DF; Relatora Ministra Laurita
Vaz - STJ).

-O prazo da internação-sanção não pode superar três meses (art. 122, § lº do ECA).

- se, no curso do cumprimento de medida(s) em meio aberto, ou semi-liberdade,


sobrevêm aplicação de internação, as primeiras são absorvidas pela internação,
devendo ser extintas, prosseguindo-se somente pela internação, até mesmo em
razão da incompatibilidade no cumprimento.

- e, no curso do cumprimento de socioeducativa (de internação, semi-liberdade ou


em meio aberto), o jovem, maior de l8 anos, vem a ser preso pela prática de crime,
deve ser extinta a execução da medida socioeducativa, também em razão da
incompatibilidade.
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- a jurisprudência assentou entendimento pela possibilidade de reconhecimento de


ofício da prescrição caso esta ocorra, devendo ser calculada de acordo com o
tempo estabelecido para o cumprimento da medida, salvo se mais benéfico o
cálculo de acordo com a pena cominada ao crime equivalente ao ato infracional
praticado (ver Súmula n.338 do STJ e HC 157262/SP; Relator Ministro Arnaldo
Esteves Lima – STJ).

Exemplos:
1. caso de roubo simples - a pena máxima em abstrato para o crime (art. 157,
"caput", do Código Penal) é 10 anos - tratando-se de medida socioeducativa de
internação, deve ser usado como parâmetro para o cálculo os 03 anos do limite
máximo de internação, segundo o critério previsto no art. 109, IV, do CP, aplicado
por analogia, obtendo-se resultado parcial de 04 anos, que devem ser reduzidos pela
metade em razão da menoridade, conforme o teor do art. 115 do CP, chegando-se ao
resultado final de 02 anos para o prazo prescricional.

2. caso de lesão corporal simples - a pena máxima em abstrato para o crime (art,
129, "caput" do CP) é de 01 ano - tratando-se de medida socioeducativa de
internação, não deve ser usado como parâmetro para o cálculo os 03 anos do limite
máximo de internação, mas sim o período de 01 ano relativo à pena máxima
aplicável ao crime, pois esta forma é mais benéfica - conforme o critério previsto no
atl. 109, V do CP, aplicado por analogia, obtém-se resultado parcial de 04 anos, que
devem ser reduzidos pela metade em razão da menoridade, conforme o teor do
art.115 do CP, chegando-se ao resultado final de 02 anos para o prazo prescricional.

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