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Direito da Criança e do

Adolescente

Professor: João Ricardo Holanda.


Da Prática de Ato Infracional: (Art. 103 e ss..)

- O ECA define ato infracional como a conduta descrita como crime


ou contravenção penal;

- Toda conduta que a lei penal tipifica como crime ou contravenção, se


praticada por criança ou adolescente é tecnicamente denominada “ato
infracional”.
Da Prática de Ato Infracional: (Art. 103 e ss..)

- A CF/88, em seu art. 228, estabelece que são penalmente


inimputáveis os menores de 18 anos (art. 104, do ECA);

- Inimputável é quem não possui capacidade de ser responsabilizado


penalmente pelos seus próprios atos;

- Dessa forma, crianças e adolescentes, tecnicamente, não praticam


crimes ou contravenções penais, mas atos infracionais.

- Terminologia utilizada para produzir uma designação diferenciada


procurando enaltecer o caráter extra penal da matéria.
Da Prática de Ato Infracional: (Art. 103 e ss..)

- Isso não significa que as crianças e adolescente que cometerem ato


análogo a crime ou contravenção penal ficarão completamente
impunes;

- A legislação criou um tipo de responsabilização diferenciada.

- O ECA estabelece que as crianças ou adolescentes que cometerem


atos infracionais estarão sujeitos às medidas nele previstas e que,
para o estabelecimento dessas medidas, será considerada a idade do
adolescente à data do fato.
Da Prática de Ato Infracional: (Art. 103 e ss..)

- Se o agente cometer ato infracional enquanto tiver idade inferior a 12


anos, será tratado como criança mesmo após completar essa idade;

- Se praticar o ato estando com idade entre 12 e 17 anos, será tratado


como adolescente mesmo após completar 18 anos.
- Observações:

- Se uma criança comete um crime ou uma contravenção penal, não


responde conforme as disposições do Código Penal, da Lei de
Contravenções Penais e nem com relação às medidas
socioeducativas;

- A criança autora de ato infracional não está sujeita às aplicações das


medidas socioeducativas previstas no estatuto, mas apenas a
medidas de proteção, que serão aplicadas às crianças em conflito
com a lei.

- Art. 105, do ECA.


- Observações:

- Exemplos:
- Encaminhamento aos pais ou responsáveis, mediante termo de
responsabilidade;
- Orientação, apoio e acompanhamento temporários;
- Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de
ensino fundamental;
- Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à
criança e ao adolescente;
- Requisição de tratamento médico, psiquiátrico ou psicológico;
- Acolhimento institucional;
- Inclusão em programa de acolhimento familiar;
- Colocação em família substituta.
- Observações:

- Quanto aos pais, se sujeitarão às medidas do art. 129, incisos I a X;

- Quais os órgãos competentes para aplicar as medidas de proteção?

- Conselho Tutelar e;

- Vara da Infância e da Juventude.


- Ato Infracional cometido por Adolescentes:

- Sempre, em se tratando de adolescentes em conflito com a lei, é


preciso aplicar os princípios fundamentais:

- Aos procedimentos do ECA aplicam-se, subsidiariamente, as normas


gerais previstas na legislação processual pertinente;

- É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na


tramitação dos processos e procedimentos previstos;

- Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido


processo legal.
- Ato Infracional cometido por Adolescentes:

- O procedimento para apuração de ato infracional praticado por


adolescente, embora revestido das mesmas garantias processuais e
demandando as mesmas cautelas, não pode se confundir com o
processo penal instaurado em face dos imputáveis;

- Ao contrário do processo penal instaurado contra imputáveis, o


procedimento para apuração do ato infracional não tem como
objetivo final a singela aplicação de uma pena, mas sim, em última
análise, a proteção integral do adolescente e as medidas
socioeducativas servirão como um meio para isso.
- Ato Infracional cometido por Adolescentes:

- Dos Direitos Individuais e das Garantias Processuais:

- Arts. 106 a 111, do ECA.


- Das Medidas Socioeducativas (Art. 112 e seguintes):

- Destinadas apenas a adolescentes acusado da prática de atos infracionais,


devendo ser considerada a idade do agente à data do fato.

- É uma sanção estatal, mas não deve ser confundida como penas, tendo em vista
que a finalidade e a natureza jurídica são diversas;

- Enquanto as penas possuem caráter eminentemente punitivo, as medidas


socioeducativas têm um caráter preponderantemente pedagógico, se atendo a
educar o adolescente, evitando sua reincidência.

- Realidade: https://www.opovo.com.br/noticias/brasil/2019/05/24/stf-proibe-
superlotacao-em-centros-socioeducativos-do-ceara-e-de-outros-tres-
estados.html
- Das Medidas Socioeducativas (Art. 112 e seguintes):

- Leitura do Art. 112 e incisos.

- De quem é a competência para aplicação dessas medidas?

- Uma das competências do Juízo da Infância e da Juventude, é conhecer de


representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ato
infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis.
- Das Medidas Socioeducativas (Art. 112 e seguintes):

- Princípios Fundamentais referentes às medidas socioeducativas:

- a) A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de


cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração; (112, § 1º)

- b) Os adolescentes com deficiência receberão tratamento individual e


especializado, em local adequado às suas condições. (112, § 3º)
- Da Advertência: (Art. 115, ECA)

- A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e


assinada;

- Admoestar é aconselhar, advertir, repreender..

- A advertência é a única das medidas socioeducativas que deve ser executada


diretamente pela autoridade judiciária.

- O Juiz estará presente à audiência admonitória, assim como o MP, os pais ou


responsáveis pelo adolescente, sendo alertados das consequências de eventual
reiteração na prática de atos infracionais ou do descumprimento das medidas.

- Os pais ou responsáveis deverão ser também orientados e, se necessário,


encaminhados ao Conselho Tutelar para receber as medidas a eles pertinentes.
- Da Obrigação de Reparar o Dano (Art. 116):

- Se o ato infracional tiver reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar,


se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do
dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima;

- É fundamental que a reparação seja realizada pelo próprio adolescente e não


pelos seus pais ou responsáveis.

- Dessa forma, deve ser verificado, previamente, se o adolescente tem reais


capacidades de cumpri-la. (se não há, deverá ser substituída por outra medida
adequada)

- A reparação pode se dar diretamente, pela restituição da coisa, ou pela via


indireta, por meio da entrega de coisa equivalente ou do seu valor
correspondente em dinheiro.
- Da Prestação de Serviços à Comunidade (Art. 117):

- Consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral junto a entidades


assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem
como em programas comunitários ou governamentais;

- As tarefas devem ser atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo


ser cumpridas aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis.
- Da Prestação de Serviços à Comunidade (Art. 117):

- Observações:
- Jornada máxima de 08h semanais, de modo a não prejudicar o rendimento
escolar e no trabalho;

- Não poderá exceder o período de 06 meses;

- Não será admitido, em nenhuma hipótese, o trabalho forçado

- O adolescente não pode ser obrigado a realizar atividades degradantes,


humilhantes ou que o exponham a situação constrangedora;

- A medida não pode se restringir à exploração de mão de obra, devendo ter


cunho pedagógico.
- Inserção em Regime de Semiliberdade (art. 120):

- O ECA dispõe que esse regime poderá ser determinado de duas formas: como
medida inicial ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a
realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial;

- É uma das medidas de execução mais complexas. Em 1996, o CONANDA


expediu a Resolução nº 47, na tentativa de regulamentar a matéria.

- Medida de Institucionalização;
- Da Liberdade Assistida (Art. 118 e 119, ECA):

- Será adotada sempre que se afigurar medida mais adequada para o fim de acompanhar,
auxiliar e orientar o adolescente;

- A autoridade designará pessoa capacitada, denominado de orientador, para acompanhar


o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento;

- É a medida que melhor traduz o espírito e o sentido do sistema socioeducativo


estabelecido pelo ECA e, desde que corretamente executada, é a que apresenta
melhores condições de surtir os resultados positivos almejados, não apenas em benefício
do adolescente, mas também da família e da sociedade.

- Não é mera liberdade vigiada, mas uma intervenção efetiva e positiva na vida do
adolescente e, se necessário, em dinâmica familiar, por intermédio do orientador, que
seria pessoa capacitada para acompanhar a execução da medida.
- Da Liberdade Assistida (Art. 118 e 119, ECA):

- Incumbe ao Orientador: Art. 119, do ECA. (Leitura em Sala)

- Geralmente, a orientação fica a cargo do CREAS, em Sobral.

- Existem correntes que indicam a L.A também como medida de progressão, como a
semiliberdade.
- Da Internação (Art. 121 e seguintes, do ECA):

- É medida privativa de liberdade, sujeita aos seguintes princípios:

- a) Brevidade;
- b) Excepcionalidade;
- c) Respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

- Em tese, deveria ser medida a ser aplicada apenas quando, comprovadamente, não
houver possibilidade da aplicação de outra medida menos gravosa devendo sua
execução se estender pelo menor tempo possível.
- Da Internação (Art. 121 e seguintes, do ECA):

- Hipóteses de Aplicação

- Previsão do art. 122, do ECA.

- OBS: É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe
adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.

- OBS2: Art. 121, § 2º: A medida de internação não comporta prazo determinado,
devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a
cada 06 meses.

- OBS3: Art. 122, § 1º: Caso a medida seja aplicada por conta de descumprimento
reiterado e injustificável de medida anteriormente imposta, o prazo de internação não
poderá ser superior a 03 meses. (*aplicação prática em Sobral...)
- Da Internação (Art. 121 e seguintes, do ECA):

- Qual o local específico para cumprimento da internação?

- Art. 123 (leitura em sala).

- Qual o prazo máximo da medida?


- Art. 121, § 3º, do ECA.

- Art. 121, § 4º: Liberação pelo atingimento do limite temporal. (inserção em outros
regimes);

- Art. 121, § 5º: Liberação compulsória aos 21 anos de idade.

- OBS do art. 121, § 6º: Em qualquer hipótese, a retirada da internação será precedida de
autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
- Da Internação (Art. 121 e seguintes, do ECA):

- Quais são os direitos dos adolescentes em medida de internação?

- Art. 124, do ECA (leitura em sala);

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