Você está na página 1de 22

Estatuto da Criança e

do Adolescente
Material Teórico
Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Reinaldo Zychan de Moraes

Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas

• Atos infracionais

• Medidas socioeducativas

• Remissão

• Medidas pertinentes aos pais ou responsável

·· Nesta unidade, estudaremos o que são os atos infracionais e


quais são as medidas aplicadas pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente em razão dessas condutas.
·· Esse é um dos temas mais polêmicos da legislação protetiva
das crianças e adolescentes, sendo constante palco de grandes
debates públicos, particularmente, naquelas situações em que
adolescentes praticam condutas mais graves.

Leia o material teórico e participe de todas as nossas atividades avaliadas.


Havendo alguma dúvida, não deixe de apresentá-la para o tutor da disciplina ou mesmo para
os demais colegas. A discussão dessas questões pode ser bastante produtiva e esclarecedora.

5
Unidade: Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas

Contextualização

O artigo 228 da Constituição Federal estabelece que somente maiores de dezoito anos podem
ser alcançados pelas disposições penais, já os menores dessa idade estão sujeito às normas da
legislação especial, no caso o Estatuto da Criança e do Adolescente.
A possibilidade de alteração desse dispositivo, com diminuição da maioridade penal, sempre
gerou muitas discussões e polêmicas, em razão da conveniência dessa modificação e de sua
constitucionalidade.
Para alguns, as “cadeias” já estão superlotadas de adultos e colocar adolescentes nelas não
traria qualquer benefício, bem como representaria um aumento do caos do sistema prisional.
Para outros, o dispositivo constitucional (artigo 228) não pode ser alterado dessa forma,
pois representaria uma das chamadas “Cláusulas Pétreas”, as quais se caracterizam pela
impossibilidade de diminuição da proteção por elas veiculadas.
Seja como for, qualquer discussão sobre esse tema envolve paixão, mas não podemos
esquecer que precisamos conhecer um pouco mais das normas que tratam desse assunto antes
de formarmos nossa convicção.
Como decidir sobre um assunto tão importante se você não o conhece adequadamente?

6
1 Atos infracionais

Nosso sistema legal considera que os menores de 18 anos não possuem desenvolvimento
e maturidade suficientes para responderem pela prática de crimes, sendo, dessa forma,
denominados inimputáveis. Trata-se de uma presunção absoluta, razão pela qual não se
admite prova em contrário.
Dessa forma, se um adolescente, de forma deliberada, resolve matar outra pessoa, não
responderá pelo crime de homicídio (artigo 121 do Código Penal), ou seja, não pode ser inserida
dentro de sistema penal. Isso não quer dizer que sua conduta seja “um nada jurídico”, bem ao
contrário, essa conduta não deixa de se caracterizar como antijurídica, contudo, será objeto de
apuração em outro sistema, no caso, na esfera do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Essa situação, além de previsão no ECA, também se encontra em nossa Constituição Federal
e no Código Penal.

Constituição Federal
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos
às normas da legislação especial.

Código Penal
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis,
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.

ECA
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos
às medidas previstas nesta Lei. [...]

1.1 Conceito de ato infracional


O conceito de ato infracional é dado pelo artigo 103 do ECA, cuja redação é a seguinte:

ECA
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou
contravenção penal.

Desse conceito, precisamos destacar alguns aspectos:


• A conduta, que se caracteriza como ato infracional, encontra-se descrita em normas penais,
porém não se trata de uma infração penal, em razão das características do seu autor. Dessa
forma, é incorreto falar que um adolescente praticou um crime de homicídio. Nessa
situação, o correto é simplesmente falar que o adolescente praticou um ato infracional.

7
Unidade: Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas

• Infrações penais é um gênero que abrange crimes e contravenções penais. Embora os


crimes de maior recorrência estejam no Código Penal (Decreto-Lei n.º 2.848/40) há
outros previstos em diversas leis penais, tais como a Lei de Drogas (Lei n.º 11.343/06)
e na Lei de Tortura (Lei n.º 9.455/97).
• Da mesma forma, em grande parte as contravenções penais estão previstas na Lei das
Contravenções Penais (Decreto-lei n.º 3.688/41), contudo, há outras normas penais
que veiculam esse tipo de infração.

1.1.1 Tempo da conduta


Esse limite entre crime e ato infracional pode gerar algumas situações curiosas, tais como a seguinte:

“A”, com 17 anos, 11 meses e 29 dias de idade, de forma intencional, atira em


“B”. A vítima é socorrida, contudo, cinco dias depois morre em razão do ferimento.
Nesse caso, estamos falando de crime (homicídio – artigo 121 do Código
Penal) ou de ato infracional?

No ECA, essa situação é regida pelo seu artigo 104.

ECA
Art. 104
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do
adolescente à data do fato.

1.1.2 Medidas aplicadas em razão da prática do ato infracional


A prática de um ato infracional irá gerar para a criança ou para o adolescente a aplicação de
uma medida prevista no ECA, sendo essas medidas as seguintes:

Especificamente, em relação às crianças que praticam atos infracionais, a previsão da


aplicação de medidas protetivas encontra-se no artigo 105 do Estatuto.

ECA
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas
previstas no art. 101.

8
1.2 Direitos do adolescentes que praticam atos infracionais
Não é correto se falar que o “adolescente foi preso”, sendo que o Estatuto fala em “apreensão”.

Essa privação da liberdade de ir e vir somente pode ocorrer em duas circunstâncias:

• Apreensão em flagrante em razão da prática de ato infracional.


• Apreensão determinada por autoridade judiciária.

A realização da apreensão do adolescente irá implicar em uma série de providências pelas


autoridade responsável pela execução dessa medida, sendo que podemos destacar as seguintes:

• O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo
ser informado acerca de seus direitos.
• Essa apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra devem ser comunicados
imediatamente: à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa
por ele indicada.

A apreensão em flagrante delito se realiza somente nos atos infracionais praticados


com violência ou grave ameaça a pessoa. Nesse caso, a internação provisória (ou
seja, antes do final do processo judicial) somente poderá perdurar essa medida por,
no máximo, quarenta e cinco dias.

Outra questão importante na apreensão de adolescente é que, desde logo, deve ser analisada
a possibilidade de liberação imediata.

O artigo 111 do ECA estabelece para esses adolescentes uma série de garantias que
devem ser respeitadas.

ECA
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante
citação ou meio equivalente;
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e
testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer
fase do procedimento.

9
Unidade: Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas

2 Medidas socioeducativas

2.1 Disposições gerais


As medidas socioeducativas são aplicadas pelo Juiz da Infância e da Juventude após a
realização de processo judicial em que sejam respeitadas as garantias processuais do adolescente
envolvido nos fatos em apuração.

Na sua aplicação, o juiz deve considerar:

• a capacidade do adolescente em cumpri-la;


• as circunstâncias; e
• a gravidade da infração.

Essas medidas são aplicadas isolada ou cumulativamente, sendo que durante a sua execução,
sempre que for justificável, poderão ser substituídas por outras.

Em sua aplicação, deverá ainda o juiz levar em considerações as necessidades pedagógicas,


preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, assim, aquelas
que implicam em cerceamento da liberdade de ir e vir sempre devem ser consideradas excepcionais.

Vamos ver as características de cada uma dessas medidas.

2.1.1 Advertência
A advertência é a medida socioeducativa menos gravosa, consistindo em uma admoestação
verbal que será reduzida a termo e assinada.

2.1.2 Obrigação de reparar o dano


Essa medida pode ser aplicada nos atos infracionais, que possuam reflexos patrimoniais,
sendo que o juiz poderá determinar:

• a restituição da coisa;
• o ressarcimento do dano, ou
• alguma outra forma de compensação do prejuízo da vítima.

Se ficar demonstrada a impossibilidade dessa reparação, a medida poderá ser substituída por
outra adequada.

10
2.1.3 Prestação de serviços à comunidade
Essa medida consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral em entidades
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas
comunitários ou governamentais.
Na atribuição de tarefas ao adolescente são consideradas as suas aptidões, devendo ser
destacado que essa medida:
• não pode durar mais de seis meses;
• tem jornada máxima de oito horas semanais;e
• as atividades devem ser realizadas aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de
modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.

2.1.4 Liberdade assistida


Na liberdade assistida, como o próprio nome menciona, o adolescente irá permanecer em
liberdade, contudo, o juiz irá nomear um orientador, que terá como principais atribuições,
acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
Cabe a esse orientador as tarefas definidas no artigo 119 do Estatuto.

ECA
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade
competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:
I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes
orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário
de auxílio e assistência social;
II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do adolescente,
promovendo, inclusive, sua matrícula;
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua
inserção no mercado de trabalho;
IV - apresentar relatório do caso.

Essa medida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo
ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
Público e o defensor.

2.1.5 Inserção em regime de semi-liberdade


A medida de inserção em regime de semiliberdade é a primeira que implica em restrição da
liberdade de ir e vir.
Nela, o adolescente irá permanecer em uma entidade que desenvolva esse programa,
contudo, poderá sair para realizar atividades externas, em especial, para frequência escolar e
em cursos de profissionalização, que é obrigatória nesse caso.

11
Unidade: Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas

Essa medida não comporta prazo determinado, devendo ser acompanhada e reavaliada
periodicamente.

Ela pode ser aplicada:

• inicialmente, ou seja, na decisão judicial que apreciou a conduta do adolescente;e

• como transição entre a internação e o meio aberto.

2.1.6 Internação em estabelecimento educacional


A internação é a medida socioeducativa mais gravosa, pois implica em cerceamento da
liberdade de ir e vir do adolescente. Considerando a particular situação do adolescente, estabelece
o ECA que essa medida deve ser sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Essa medida não possui prazo determinado, sendo que o Juiz deverá, a cada seis meses,
decidir sobre a sua manutenção, encerramento ou substituição por outra medida socioeducativa.

Não pode essa medida durar mais que três anos, sendo que, atingido esse limite o
adolescente deve ser:

• liberado;

• colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.

Vale destacar que deverá ocorrer a liberação compulsória quando aos vinte e um anos de idade.

Pode a internação ser aplicada para maiores de 18 anos?


Conforme aprendemos em nossa primeira aula, o ECA pode ser excepcionalmente
aplicado para pessoas maiores de dezoito e menores de 21 anos (parágrafo único
do artigo 2º). É essa uma dessas situações.
É o que ocorre, por exemplo, com um adolescente de 17 anos que provoca a
morte de outra pessoa. Ao final do processo que analisa a sua conduta o Juiz da
Infância e da Juventude pode aplicar a internação.
Não é incomum que nesses casos, a decisão judicial somente ocorra quando o
autor da conduta já possui mais de 18 anos. Iniciado o cumprimento da medida a
sua continuidade deve ser revista a cada seis meses, sendo que, aos 21 anos deverá
ocorrer a liberação compulsória (nesse caso, não pode ocorrer a transferência para
a liberdade assistida ou para a semiliberdade).

A internação, em razão da sua gravidade, não pode ser aplicada em todos os atos infracionais,
sendo que o legislador restringiu seu cabimento às hipóteses previstas no artigo 122.

12
ECA
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou
violência a pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida
anteriormente imposta.
[...]

Deve ser destacado que no caso do descumprimento reiterado e injustificável da medida


anteriormente imposta (inciso III) a internação somente poderá perdurar por até três meses.
Adolescentes que estão cumprindo essa medida:
• não podem permanecer em entidades que desenvolvem o acolhimento institucional;
• devem ser separados conforme critérios de idade, compleição física e gravidade da infração;
• devem frequentar, obrigatoriamente, atividades pedagógicas.

Em razão da severidade dessa medida, o Estatuto estipula específicos direitos aos


adolescentes internados.

ECA
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os
seguintes:
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;
V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima
ao domicílio de seus pais ou responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para
guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em
poder da entidade;

13
Unidade: Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas

XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais


indispensáveis à vida em sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita,
inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de
sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

Infelizmente, não são incomuns situações em que adolescentes submetidos a internação


tenham suas integridades físicas e mental comprometidas nas instituições em que se encontrem,
tais como em situações de brigas entre internos, conflitos com funcionários etc.
Porém, o Estatuto deixa claro que é dever do Estado zelar pela integridade física e
mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e
segurança – artigo 125.

2.1.7 Medidas protetivas


Por fim, o Juiz da Infância e da Juventude, considerando as circunstâncias da conduta
do adolescente que praticou o ato infracional poderá decidir aplicar uma medida
protetiva (artigo 101, I a VI).
Com isso, podemos verificar que as medidas protetivas podem ser aplicadas nas seguintes
situações indicadas na seguinte ilustração:

3 Remissão

Mesmo caracterizada a ocorrência do ato infracional, poderá não ser aplicada qualquer
medida socioeducativa ao adolescente se for concedida a remissão. Ela é uma forma de perdão
que deve ser aplicada considerando, em especial, os seguintes elementos:
• as circunstâncias e consequências do fato;
• o contexto social;
• a personalidade do adolescente;
• sua maior ou menor participação no ato infracional.

14
Ela eventualmente poderá, contudo, incluir a aplicação de medidas socioeducativas, exceto
a colocação em regime de semiliberdade e a internação.
Há duas possibilidades na sua aplicação, ou seja, ela pode ser aplicada pelo
Ministério Público ou pelo Juiz.

3.1 Remissão aplicada pelo Ministério Público


O Ministério Público poderá conceder a remissão antes de iniciado o processo que irá apurar
a conduta do adolescente suspeito da prática do ato infracional.
Nesse caso, a remissão é considerada uma causa de exclusão do processo.

3.2 Remissão aplicada pelo Juiz


Iniciado o processo, a remissão somente poderá ser aplicada pelo Juiz da
Infância e da Juventude.
Nesse caso, a remissão será uma causa de suspensão ou extinção do processo.

4 Medidas pertinentes aos pais ou responsável

Aos pais, tutores e guardiães estabelece o ECA a possibilidade de aplicação de uma série
de medidas previstas no artigo 129, sempre que ficar caracterizado que eles, em razão de suas
ações ou omissões, ameaçaram ou lesaram direitos da criança ou adolescente.

ECA
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e
aproveitamento escolar;
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento
especializado;
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do poder familiar.
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste
artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.

15
Unidade: Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas

Atenção
É importante lembrar que as medidas previstas nos incisos IX e X somente podem ser aplicadas em
processo judicial, onde seja garantida a ampla defesa e o contraditório.
Outra importante medida se aplica para os casos de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos
pelos pais ou responsável (tutor, guardião ou qualquer outra situação fática). Nesse caso, o Juiz
poderá determinar, de forma cautelar, ou seja, por ato motivado durante ou logo no início de um
processo, o afastamento do agressor da moradia comum.

Essa providência não afasta a incidência de outras medidas que podem ser aplicadas ao
agressor, tais como sanções penais. Além disso, em sua decisão de afastar o agressor, poderá o
juiz fixar, ainda que de forma provisória, alimentos de que necessitem a criança ou o adolescente
dependentes do agressor.

16
Material Complementar

A Polêmica sobre a maioridade penal


De tempos e tempos, o noticiário policial acaba por ser dominado por alguma conduta grave
envolvendo atos infracionais praticados por adolescentes. Para parte de nossa sociedade, existe
um descompasso entre a nossa legislação e as aspirações populares sobre esse tema.
Como consequência, com certa frequência essa polêmica acaba gerando projetos legislativos
discutidos no Congresso Nacional, os quais, até agora, não conseguiram modificar essa realidade.
Nessa polêmica, todos os lados possuem argumentos interessantes, que precisamos conhecer
para podermos nos posicionarmos sobre o assunto.
Nessa linha, analise os artigos jornalísticos que compõem nosso material complementar e
veja algumas das diversas opiniões que o tema apresenta.

17
Unidade: Atos Infracionais e Medidas Socioeducativas

Referências

CUNHA, Rogério Sanches; LÉPORE, Paulo Eduardo; ROSSATO, Luciano Alves. Estatuto da
criança e do adolescente comentado. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.

Cury, Munir. Estatuto da criança e do adolescente comentado. 12. ed. São Paulo:
Malheiros, 2013.

ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

TAVARES, José de Farias. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. 8. ed.


Rio de Janeiro: Forense, 2012.

18
Anotações

19
20
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil
Tel: (55 11) 3385-3000

Você também pode gostar