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7) Explique por que para fixação das regras da prevenção geral e prevenção especial o

legislador definiu como parâmetro a situação da criança e adolescente em condição peculiar


de pessoa em desenvolvimento?

O legislador trouxe no titulo III do Estatuto da Criança e do Adolescente, a Prevenção, tal


titulo encerra a parte geral do ECA, e está dividido em prevenção geral e prevenção especial,
aquela vem estabelecida nos artigos 70 a 73 e esta nos artigos 74 a 80. Por prevenção geral
entende-se a obrigação do Estado garantir à criança e ao adolescente ensino fundamental,
obrigatório e gratuito além de outras demandas da criança necessária para seu correto
desenvolvimento para se tornar um cidadão, constituindo-se em responsabilidade de todos
zelar pela integridade e pelos direitos fundamentais deste grupo vulnerável. Lado outro, a
prevenção especial impõem ao Estado atuar na prevenção de qualquer tipo de espetáculo
que venha a difundir mensagens ou ideologias incoerentes com a faixa etária da criança ou
adolescente que vier a constituir público nestas ocasiões. Por certo as entidades públicas
atuarão também em locais onde se concentre muitos adolescentes e crianças no sentido de
se evitar a venda de bebidas alcoólicas ou qualquer outra substância proibida para este
público.

8) Faça uma comparação entre a política de atendimento prevista nos Códigos de Menores de
1927 e 1979 e a prevista no Estatuto da Criança e do adolescente

O ECA revogou o Código de Menores que teve vigência até 1989, superando toda uma
política repressiva e de caráter assistencialista chamada de "Doutrina Jurídica do Menor em
situação irregular", que, a partir de uma óptica exclusivamente jurídica, era incapaz de dar
conta da realidade como um todo e de acompanhar o complexo movimento social. Assim, o
novo diploma baseou-se em novos princípios que resultaram em uma nova Doutrina, dos
quais é fundamental ressaltar-se como ponto fundamental o novo caráter interdisciplinar
que o Direito da Criança e do Adolescente passou a ter.

Seguindo o que prescreveu o texto constitucional, o ECA ratificou a condição das crianças e
dos adolescentes enquanto sujeitos de direitos, e regulamentou a "prioridade absoluta"
dada à criança e ao adolescente prevista na Carta Magna.

Podemos dizer que a Política de Atendimento do ECA tem a preocupação com a proteção
dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes através, primeiramente, de políticas
sociais básicas. Essa previsão, pois, ratifica nosso estudo mostrando o caráter histórico,
social e econômico como fatores de grande relevância na determinação dos problemas
enfrentados por nossos meninos e meninas, que só poderá ser modificado e resolvido
definitivamente através de uma ação intensiva e emancipatória, destinada à transformação
da totalidade da nossa realidade de país subdesenvolvido e de gritantes desigualdades
sociais.

9) Qual é o órgão encarregado pela inscrição das entidades de atendimento e de programas de


atendimento governamentais e não governamentais que atende crianças e adolescentes nos
municípios? Qual a composição deste órgão?
O Órgão encarregado desta função é o Conselho Tutelar, como preceitua o artigo 131 do
Estatuto da Criança e do Adolescente

Artigo 131 – O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional,


encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do
adolescente, definidos nesta Lei.

Já o artigo 132 da mesma Lei dispõe sobre a composição do Órgão.

Art. 132 – Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco
membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de três anos, permitida uma
recondução.

Todo município deve possuir um Conselho Tutelar para o exercício das atribuições previstas
na Lei. O Ministério Público é o agente competente para ajuizar a ação de responsabilidade
do município pela não criação e falta de estruturação do seu Conselho Tutelar. O número de
Conselhos Tutelares no município deve representar o necessário para cumprir somente o seu
papel de fiscal do Sistema de Garantia e Proteção Integral, e não o número necessário para
atender tudo aquilo que a família e os serviços públicos e comunitários ainda não estão
fazendo.

As atribuições previstas no ECA são do Conselho Tutelar e não do conselheiro tutelar, por
isso é inadmissível que um Conselho Tutelar funcione com menos de cinco conselheiros.

10) Quais as medidas que podem ser tomadas quando o retorno de uma criança ou
adolescente não puder retornar à família biológica, depois de exauridas as possibilidades de
reintegração familiar?

A convivência familiar e a manutenção da criança e do adolescente junto de sua família


natural será sempre a prioridade no atendimento: somente após o esgotamento de todas as
vias para a recomposição do vínculo familiar sadio é que se partirá para a forma excepcional
de convivência familiar, qual seja, a família substituta. Por força do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), torna-se imperioso o acolhimento institucional, como medida protetiva
excepcional e provisória, nos casos de ameaça ou violação de direitos em que foram
esgotadas as outras possibilidades de proteção da criança ou do adolescente.

11) As alterações promovidas pela Lei n. 12.010/2009 nas formas de acolhimento institucional
veio para combater que tipo de práticas que eram muito comuns antes da referida lei?

Antes da promulgação da Lei n. 12.010/2009, era comum que os acolhidos permanecessem


nas instituições por período superior a dois anos, podendo se estender até a maioridade
destes (SILVA, 2004; CONSTANTINO et al., 2013). Ademais, as estratégias de aproximação
com as famílias de origem eram restritas, o que dificultava a ocorrência da reinserção
familiar.

12) Uma das fases de apuração do ato infracional muito importante, é quando o adolescente é
infrator é apresentado para o representante do Ministério Público, que terá a oportunidade de
entrevistar o adolescente a respeito do fato típico imputado ao adolescente e de suas
condições sociofamiliares. Feito isto, quais as providências poderão ser tomadas pelo
Promotor de Justiça?

Adotadas as providências, o representante do Ministério Público poderá:

a) promover o arquivamento dos autos;

b) conceder a remissão;

c) representar à autoridade judiciária para aplicação de medida socioeducativa.

Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a remissão pelo representante do


Ministério Público, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os
autos serão conclusos à autoridade judiciária para homologação. Homologado o
arquivamento ou a remissão, a autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o
cumprimento da medida.

Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça,


mediante despacho fundamentado, e este oferecerá representação, designará outro
membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a
remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar.

Se, por qualquer razão, o representante do Ministério Público não promover o arquivamento
ou conceder a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a
instauração de procedimento para aplicação da medida socioeducativa que se afigurar a
mais adequada.

A representação será oferecida por petição, que conterá o breve resumo dos fatos e a
classificação do ato infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser
deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária.

13) Explique o que é a audiência de apresentação e audiência de continuação?

Pois bem, audiência de apresentação é o momento em que um menor infrator que foi alvo
de um relatório de investigação em que tinha ou tem como objetivo a apuração de autoria e
materialidade conclui-se ou não conclui que participou de uma determinada infração, que
seja considerado análogo a crime ou contravenção penal.

De acordo com o art. 184 do ECA, oferecida a representação, a autoridade judiciária


designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a
decretação ou manutenção da internação, observando o disposto no art. 108 e parágrafo
único.

14) Com relação aos prazos as medidas socioeducativas de liberdade assistida e semiliberdade
não comporta prazo máximo. Pergunta-se: Se elas não comportando o prazo máximo porque
não pode ultrapassar de 03 anos?

Internação por prazo determinado: art. 122, III ECA (quando houver descumprimento


reiterado e injustificável de determinado medida anteriormente imposta). Não pode o prazo
de a internação ultrapassar três meses, de acordo com o art. 122, § 1º ECA. Ex.: Imposta
liberdade assistida ao infrator. O menor a descumpre de forma reiterada e injustificada.
Pode-se aplicar a internação por prazo determinado — é a chamada internação sanção.

15) Com relação a execução das socioeducativas responde:

a) Como ocorre a execução das medidas socioeducativas de advertência e reparação de dano?

Advertência: é executada diretamente pelo Juiz da Infância e da Juventude, em audiência.


Obrigação de reparar o dano: é cumprida a partir da intermediação da 1ª Vara da Infância e
da Juventude entre o adolescente e a vítima. As medidas socioeducativas a seguir são
executadas pela Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Distrito
Federal (SEJUS), por meio dos órgãos e instituições abaixo: Prestação de serviços à
comunidade: é executada de modo compartilhado pela SEJUS e entidades públicas e
privadas conveniadas para este fim. Liberdade assistida: é executada pelos Núcleos de
Liberdade Assistida. Semiliberdade: é executada pelas Unidades de Semiliberdade - USLI.
Internação: é executada pelo Centro de Atendimento Juvenil Especializado - CAJE, pelo
Centro de Internação de Adolescentes Granja das Oliveiras - CIAGO, pelo Centro de
Internação de Adolescentes em Planaltina - CIAP, e pelo Centro Socioeducativo Amigoniano -
CESAMI (neste, a internação é provisória e só poderá ocorrer por até 45 dias).

b) Quais os entes são responsáveis pela execução das medidas socioeducativas em meio
aberto e as restritivas de liberdade?

Quem determina a aplicação de uma medida socioeducativa é o juiz da vara de infância e


juventude. Somente o magistrado é quem tem competência para aplicar e acompanhar a
execução da medida socioeducativa. Isso porque nenhum adolescente será privado de sua
liberdade sem o devido processo legal.

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