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Lei 8069/90: resumo

A Constituição Federal, em seu artigo 227, expõe:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à


criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão”.

A lei 8609/90 veio regulamentar esse artigo. As bancas


cobram estes conhecimentos removendo alguma das principais
esferas (família, sociedade, estado e comunidade).

Aspectos importantes da lei 8609, de 1990

Essa legislação é destinada:

 Crianças: pessoas de até 12 anos de idade incompletos.


 Adolescentes: pessoas que têm entre 12 e 18 anos de
idade.
 Casos expressos e excepcionais: pessoas que têm entre
18 e 21 anos de idade.

Os direitos fundamentais que devem ser analisados com


cautela são:
 Direito à liberdade,
 ao respeito e à dignidade;
 Direito à vida e à saúde;
 Direito à convivência familiar e comunitária;
 Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer;
 Direito à profissionalização e à proteção ao trabalho.

Qualquer ato lesivo cometido contra o menor – os quais


estão definidos na lei 8.609 de 1990, do artigo 225 ao 258
– é configurado como crime de ação pública incondicionada.
Ou seja, não depende da manifestação prévia de qualquer
pessoa para ser iniciado, nem sequer a do ofendido.

Lei 8.069: principais mudanças e influência de dispositivos


legais

O Estatuto tem como principal intuito garantir qualidade de


vida e segurança para crianças e adolescentes.

Veja abaixo um pequeno resumo com as principais mudanças e


legislações complementares:

 Lei 13.010 de 26 de junho de 2014: protege criança e


adolescentes contra qualquer tipo educação que envolva
o uso de violência e/ou degradação física, moral ou
psicológica. Adicionou três artigos ao ECA e é
conhecida também como Lei Menino Bernardo.
 Lei nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019: instituição
da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na
Adolescência
 Lei nº 13.812, de 16 de março 2019: alterou a idade
mínima para viagens de crianças e adolescentes sem
acompanhantes ou responsáveis de 12 para 16 anos.
Também criou o Cadastro Nacional de Pessoas
Desaparecidas.
 Lei 13.824, de 9 de maio 2019: permite a reeleição
conselheiros tutelares por vários mandatos
consecutivos.
 Lei 14.154/2021: alterou o artigo 10 e definiu um rol
mínimo de doenças a serem rastreadas pelo teste do
pezinho, divididas em duas 5 etapas, dentre outras
providências. As doenças listadas por etapa, são:
o Etapa 1:fenilcetonúria e outras
hiperfenilalaninemias; hipotireoidismo congênito;
doença falciforme e outras hemoglobinopatias;
fibrose cística; hiperplasia adrenal congênita;
deficiência de biotinidase; toxoplasmose
congênita.
o Etapa 2: galactosemias; aminoacidopatias;
distúrbios do ciclo da ureia; distúrbios da
betaoxidação dos ácidos graxos.
o Etapa 3: Doenças lisossômicas.
o Etapa 4: Imunodeficiências primárias.
o Etapa 5: Atrofia muscular espinhal.

 Lei 14.340/2021: acresce ao art. 157 os §§ 3º e 4º.


Modifica os procedimentos relativos à alienação
parental, estabelecendo procedimentos adicionais para
a suspensão do poder familiar.
 Lei 14.344/2022: altera os artigos 18-B, 70-A, 70-B,
136, 201 E 226. É uma modificação centrada na criação
de mecanismos voltados para a prevenção e
enfrentamento da violência doméstica e familiar. Nele
estão previstos locais de assistência, instruções para
o atendimento pela autoridade policial, medidas de
urgência para proteção às vítimas, promoção de
programas educacionais, dentre outros.

Lei 8069/90: anatomia da lei


Como um Estatuto, a Lei 8069/90 é dividido em duas partes:
a parte geral e a parte especial. Enquanto a primeira trata
sobre a compreensão geral da lei e suas aplicações, a
segunda parte abarca as políticas de atendimento, medidas
socioeducativas e de proteção, assim como crimes, infrações
e políticas contra a ameaça aos direitos das crianças e
adolescentes.
Parte Geral Esquematizada:

Lei 8069: estude com questões!


Fixe e revise os conhecimentos sobre a Lei 8069 por meio da
resolução de questões de concurso comentadas! Por meio
desse tipo de prática você poderá encontrar uma explicação
contextualizada sobre cada um dos itens, ajudando muito no
processo de aprendizado e memorização.

Além disso, ao procurar questões sobre Lei 8069 no seu


certame de escolha, você também pode compreender quais são
os principais pontos de cobrança e como a legislação
costuma ser cobrada: seja contextualizada por uma situação
ou por meio do reconhecimento direto de disposições.

Como a Lei 8069 é cobrada em concursos?

Em concursos da área de segurança pública, Tribunais e OAB,


por exemplo, a cobrança costuma estar mais voltada para
medidas socioeducativa e punições legais para todas as
pessoas que violem os direitos expressos no ECA.

Confira abaixo o detalhamento dos artigos mais cobrados


para as carreiras Jurídica, Tribunais, MP e Segurança
Pública, de acordo com a análise da professora Patrícia
Dreyer:

Direitos Fundamentais: arts. 7° a 69


Procedimentos na Justiça da Infância e Juventude: arts. 152
a 197-E
Medidas Socioeducativas: arts. 112 a 128
Guarda, Tutela e Adoção: Arts. 33 A 54-D
Acesso à Justiça: arts. 141 a 224
Ato Infracional: arts. 103 a 128
Por outro lado, para profissionais da área educacional, os
dispositivos preventivos e de vigilância para identificar e
lidar com situações em estágios iniciais, bem como aqueles
relacionados à estrutura familiar saudável são os mais
cobrados. Veja o detalhamento fornecido pelo professor
Carlinhos Maia:

Arts. 53 ao 59 – Direito da Educação;


Arts. 131 ao 140 – Conselho Tutelar;
Arts 18A e 18B – Maus Tratos;
Arts 1° ao 6° – Conceitos Iniciais;
Arts 19 a 52: Convivência Familiar.
Questões comentadas da Lei 8069

Artigos que caíram em questões:

Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado


desde o início, ou como forma de transição para o meio
aberto, possibilitada a realização de atividades externas,
independentemente de autorização judicial.

§ 1º São obrigatórias a escolarização e a


profissionalização, devendo, sempre que possível, ser
utilizados os recursos existentes na comunidade.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se,


no que couber, as disposições relativas à internação.

Das Medidas Sócio-Educativas

I - ADVERTÊNCIA;
· admoestação verbal, reduzida a termo e assinada.

II - OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO;


· restituir a coisa, ressarcimento do dano, ou por outra
forma, compensar o prejuízo da vítima
III - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE;
· tarefas gratuitas de interesse geral.
· Até 6 meses.
· Jornada máxima – 8 horas semanais.

IV - LIBERDADE ASSISTIDA;
· Mínimo – 6 meses.
· Admite:
I. Revogação
II. Prorrogação
III. Substituição.

V - INSERÇÃO EM REGIME DE SEMI-LIBERDADE;


· Pode ser usado para a transição ao meio aberto.
· Realização de tarefas externas independe de autorização
judicial.
· Não há prazo determinado.

VI - INTERNAÇÃO EM ESTABELECIMENTO EDUCACIONAL;


· permitida a realização de atividades externas
· Não há prazo determinado.
· Máximo – 3 anos
· Liberação compulsória – 21 anos de idade
· Reavaliação da medida – a cada 6 meses
· Desinternação – autorização judicial e ouvido o MP
· É aplicado quando:

I. Grave ameaça a pessoa


II. Violência a pessoa
III. Reiteração de outras infrações graves
IV. Descumprimento injustificável e reiterado da medida
anterior imposta
Decreto 9.603/2018

Art. 11. Na hipótese de o profissional da educação


identificar ou a criança ou adolescente revelar atos de
violência, inclusive no ambiente escolar, ele deverá:

I - acolher a criança ou o adolescente;

II - informar à criança ou ao adolescente, ou ao


responsável ou à pessoa de referência, sobre direitos,
procedimentos de comunicação à autoridade policial e ao
conselho tutelar;

III - encaminhar a criança ou o adolescente, quando couber,


para atendimento emergencial em órgão do sistema de
garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou
testemunha de violência; e

IV - comunicar o Conselho Tutelar.

Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:

I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses


previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas
previstas no art. 101, I a VII;

II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando


as medidas previstas no art. 129, I a VII;

III - promover a execução de suas decisões, podendo para


tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,
educação, serviço social, previdência, trabalho e
segurança;

b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de


descumprimento injustificado de suas deliberações.

IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que


constitua infração administrativa ou penal contra os
direitos da criança ou adolescente;

V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua


competência;

VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade


judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI,
para o adolescente autor de ato infracional;

VII - expedir notificações;

VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de


criança ou adolescente quando necessário;

IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da


proposta orçamentária para planos e programas de
atendimento dos direitos da criança e do adolescente;

X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a


violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso
II, da Constituição Federal ;

XI - representar ao Ministério Público para efeito das


ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do
adolescente junto à família natural.

XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos


profissionais, ações de divulgação e treinamento para o
reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e
adolescentes.

XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações


articuladas e efetivas direcionadas à identificação da
agressão, à agilidade no atendimento da criança e do
adolescente vítima de violência doméstica e familiar e à
responsabilização do agressor; (Incluído pela Lei nº
14.344, de 2022)

Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á


mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da
situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos
desta Lei.

§ 1 Sempre que possível, a criança ou o adolescente será


previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado
seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre
as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
considerada.

§ 2 Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será


necessário seu consentimento, colhido em audiência.

§ 3 Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de


parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a
fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da
medida.
§ 4 Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela
ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
comprovada existência de risco de abuso ou outra situação
que justifique plenamente a excepcionalidade de solução
diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o
rompimento definitivo dos vínculos fraternais.

§ 5 A colocação da criança ou adolescente em família


substituta será precedida de sua preparação gradativa e
acompanhamento posterior, realizados pela equipe
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos
responsáveis pela execução da política municipal de
garantia do direito à convivência familiar.

DICA: o adolescente tem o direito de receber visitas de


COMPRA e dos filhos.

COM - cônjuge ou companheiro;

P - Pais e parentes;

R - responsáveis;

A - amigos.

Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido


pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do
respectivo município.

§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o


trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de
execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos
autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro
ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em
conta com correção monetária.

Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou


adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento
congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou
responsável.

Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado


dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses
ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou
congênere:

Pena – multa

Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16


(dezesseis) anos poderá viajar para fora da comarca onde
reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem
expressa autorização judicial.

§ 1º A autorização não será exigida quando:

a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança


ou do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma
unidade da Federação, ou incluída na mesma região
metropolitana;

b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos


estiver acompanhado:

1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,


comprovado documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe
ou responsável.

§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou


responsável, conceder autorização válida por dois anos.

Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a


autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:

I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;

II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado


expressamente pelo outro através de documento com firma
reconhecida.

Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial,


nenhuma criança ou adolescente nascido em território
nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro
residente ou domiciliado no exterior
Em verdade não se excluiu a autorização judicial, que é
modalidade concorrente, podendo então ser qualquer das
seguintes:

- Autorização de menor desacompanhado preenchida pelos pais


ou responsáveis legais, com firma reconhecida em cartório.
(Autorizado por um dos pais ou responsável legal OU
Autorizado por ambos os pais ou responsáveis legais)

- Passaporte válido e que conste expressa autorização para


que o menor viaje desacompanhado;

- Autorização Judicial.
- Autorização eletrônica de viagem (AEV).

QUEM PODE DETERMINAR AFASTAMENTO IMEDIATO DO AGRESSOR?

1°) JUIZ

2°) DELEGADO (se não tiver juiz, ou seja, a comarca não for
sede)

3°) POLICIAL (se não tiver nenhum dos outros no momento).

Isso também se aplica à Lei Maria da Penha (art. 12-C da


LMP).
Lei 14.344/22 (conhecida Lei Henry Boel)

ART. 21 § 1º A autoridade policial poderá requisitar e o


Conselho Tutelar requerer ao Ministério Público a
propositura de ação cautelar de antecipação de produção de
prova nas causas que envolvam violência contra a criança e
o adolescente, observadas as disposições da LEI
13.431/2017.

ENTREGA VOLUNTÁRIA - art. 19-A/ECA - instituto no qual a


mãe entrega o filho à adoção. Deve-se privilegiar a
colocação da criança em família extensa. Não havendo tal
possibilidade, deve-se extinguir o poder familiar e colocar
a criança sob a guarda provisória de quem estiver
habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva
programa de acolhimento familiar ou institucional.

ADOÇÃO PERSONALÍSSIMA - art. 50, § 13, ECA - instituo no


qual se admite a adoção por pessoa não inscrita no Sistema
Nacional de Adoção - SNA. Trata-se de modalidade
excepcional de adoção, a ocorrer nas hipóteses apresentadas
no referido dispositivo legal.(escolhe a dedo)

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