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RUSIMÁRIO BERNARDES
A GESTÃO DO LIXO
Orientadora:
Profª Esp. Sisele Maria Caixeta
RUSIMÁRIO BERNARDES
A GESTÃO DO LIXO
BANCA EXAMINADORA
Profª xxxxx
AGRADECIMENTOS
Obrigado Senhor por tudo que nos Destes. Agradeço a Deus por tudo. Pela
natureza que é bela e viva, pelos pássaros, pelos animais, pelo vento, pela água, pela terra em
que pisamos, pelos amigos que cativamos, pela família, pela humanidade, pelo presente da
vida, pela capacidade de amar, de perdoar, de entender e tolerar. Agradeço a Deus por tudo.
Por meu pai que foi pro céu quando eu era ainda menino, carrego doces lembranças que
minha mãe ajudou a guardar. Por minha mãe que é guerreira, guardiã, professora, educadora,
exemplo, pai, e, acima de tudo, amiga. Por meu irmão que sempre foi forte, decidido, e que
por isso, me transmitiu preciosos ensinamentos. Por meus professores e professoras que nesta
vida me ensinaram mais que as disciplinas, me ensinaram a ser quem sou, me ensinaram a
enxergar o mundo, a perceber a vida. Por meu primo Paulo César que me ensinou a respirar
pelo nariz. Pela Maria, mãe do Saulo, que me tirou os dentes de leite. Por nosso cachorrinho
de infância, Jerry, que viveu conosco por mais de vinte anos. Por meu amigo Paulo Caixeta
que me despertou o gosto pela leitura e pela musica. Por meus memoráveis amigos de
infância, Tininho e Sérgio, pelas brigas intermináveis por quem havia ganhado realmente o
jogo de gude (tudiretis, tudifrenti, tudivindas,...). Por minha turma de escola, que grandes
amigos fiz e onde aprendi a ser tolerante diante da grande diversidade de pensamentos. Por
meu amigo Evando que me ensinou a ser tolerante. Por meus tios e tias que sempre me
cuidaram com carinho. Por meu avô Manoel, que sempre me dizia: “Quem te viu, quem te
vê”, “Fica véi sem vergonha”, que também foi para o céu e nos deixou muitas saudades. Por
minha tia Aida que me ensinou que para ser feliz basta querer, e que a vida é sempre uma
festa. Por meu tio Ivan, que esteve presente em importantes momentos de minha vida, foi
exemplo, foi amigo. Por meu padrinho Urbano que me ensinou que depois dos dezessete anos,
a vida passa mais rápida. Por meu tio Aristeu, puro carinho e dedicação, que me ensinou que
simplicidade é tudo na vida, também foi pro céu e deixou saudades. Por meu primo Marcos
que me ensinou a ser um pouco mais engraçado. Pela minha sogra, Maria de Lourdes, pelo
carinho sempre e pela grande idéia de ter a Ivanilda. Pela minha esposa cujo apelido é Santa,
pois, para suportar minha constante inquietação, não podia ser diferente. Pelos milagres de
minha vida, presentes de Deus, eu agradeço, meus filhos queridos, Rúsber e Thainá. Pelo
trabalho que me ensinou o quanto pode ser produtivo, o ócio. Pelo caminho a pé até minha
escola primária, que tinha no meio uma igreja e que me lembrava de agradecer, a todo dia,
pela graça recebida. Ainda me lembro... Obrigado Senhor por tudo que nos Destes. Amém.
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A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
Mahatma Gandhi
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A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
SUMÁRIO
5 O DESPERDÍCIO ....................................................................................................................................... 30
7 AS CONSEQUÊNCIAS .............................................................................................................................. 37
8 SUSTENTABILIDADE .............................................................................................................................. 41
RESUMO
Onde guardaremos o nosso lixo, cada dia mais volumoso e necessitando de mais e
mais espaço para seu depósito? Necessitaremos construir, cada vez mais, grandes depósitos de
lixo? A conquista da lua não nos servirá de nada além de um futuro depósito para os nossos
resíduos? Questões como essas levaram a realização deste trabalho que busca, antes de mais
nada, perceber por que mudamos e o que nos motiva a agredir tão brutalmente o meio em que
vivemos.
Nas relações de consumo e produção, que hoje são os grandes vilões à natureza e
a sobrevivência dos homens neste planeta, podem estar as respostas para as ações que irão
reverter o quadro de crise ambiental instalado no planeta Terra.
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A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
1 INTRODUÇÃO
Toda atividade humana é passível de geração de resíduos. Isto sempre foi uma
prática nas relações entre o homem e a natureza desde o princípio dos tempos, tanto pela
necessidade de alimentação quanto pela de moradia. Esta geração de resíduos faz parte do
ciclo natural de transformação da natureza, os resíduos são gerados – tanto pelo homem
quanto pela própria natureza – e são decompostos por uma cadeia de microrganismos que
devolvem estes resíduos para o solo em forma de fertilizante. Esta relação de equilíbrio entre
a geração de resíduos e sua absorção pelo meio ambiente foi sendo quebrada pelo homem, na
medida de seu próprio desenvolvimento.
A partir, principalmente da revolução industrial e da eclosão do capitalismo, os
meios de produção e consumo se transformaram de tal forma que os indivíduos produzem
hoje, uma quantidade tão grande de resíduos que a natureza não é capaz de absorver na
velocidade de sua geração. Esta dificuldade de absorção não está somente no fato do aumento
da quantidade de resíduos, mas também pela complexidade de materiais descartados que
exigem muito mais tempo na decomposição do que os resíduos do passado.
Mesmo com o grande desenvolvimento da humanidade nas diversas áreas do
conhecimento, o homem mostra-se cada vez menos capaz de perceber a agressão que está
realizando a cada dia ao meio em que vive e do qual é totalmente dependente. Esta cegueira
deve estar pautada em algo maior e ou articulado para não ser percebido. Esta violência sem
precedentes para com a natureza, banalizada pela prática rotineira dos indivíduos, não faz
parte da cultura deixada pelos povos indígenas que dependiam da natureza e a ela guardavam
para o seu presente e para o futuro dos seus. Quais transformações foram necessárias para
chegarmos ao estágio que nos encontramos hoje, de profunda agressão voluntária ao meio
ambiente? Que mecanismos colaboraram para aprofundar nossa cegueira diante da destruição
que estamos, todos, realizando neste planeta? Quais as saídas para estancar, eliminar e ou
reduzir os impactos ao meio ambiente provocados pela ação do homem?
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A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
2 HORIZONTES TEÓRICOS
“Todo mundo sabe que esta se tornou quase uma obrigação de „scholarship‟,
já que a academia gosta muito de citações, quantas vezes ociosas e até
mesmo ridículas”.1
1
MILTON Santos no prefácio de seu livro Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência
universal, justificando a ausência de citações neste seu trabalho ele complementa: “Mas a originalidade é a
interpretação ou a ênfase própria, a forma individual de combinar o que existe e o que é vislumbrado: a própria
definição do que constitui uma idéia”.
2
HERÓDOTO. (484 – 425 a C.) Geógrafo e historiador grego nascido em Halicarnassos (hoje Bodrum), cidade
turca da Anatólia, Ásia Menor, considerado por alguns historiadores como o primeiro geógrafo verdadeiro.
Escreveu Histórias, livro dividido em nove volumes, abrangendo dois séculos que precederam as guerras greco-
pérsicas e relatando os principais episódios do conflito. Contribuiu, assim, para o conhecimento de uma das
mais importantes civilizações de todos os tempos, a grega clássica e, por isso, é chamado de o pai da história,
denominação dada por Cícero.
3
FEBVRE, Lucien. Viver a História. In: Combates pela História. Editorial Presença, Lisboa, 1985. p. 39
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A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
evidências é mediado pelas reflexões feitas por outras disciplinas. É desse diálogo
que surgem os conceitos que o historiador vai elaborar”.4 (sic)
4
KHOURY, Yara Maria Aun; PEIXOTO, Maria do Rosário da Cunha; VIEIRA, Maria do Pilar de Araújo. O
documento – atos e testemunhos da história. In:________. A pesquisa em História. 4°ed. São Paulo: Ática, 1998.
16
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
entendimento do seu objeto de estudo. O sociólogo Gilberto Freyre em “1933, após exaustivas
pesquisas em arquivos nacionais e estrangeiros, publica Casa-Grande & Senzala, livro que
revoluciona os estudos sociais no Brasil, tanto pela novidade dos conceitos e métodos
utilizados quanto pela qualidade literária”.5 O ineditismo de sua obra torna Freyre malvisto
quando da publicação de Casa-grande & senzala. A relevância de seu trabalho e o
rompimento com o convencionalismo de seu tempo podem ser notados nas palavras de
Roberto Ventura:
“Freyre inovou em objeto, método e estilo. Em vez de seguir a ordenação
cronológica das histórias tradicionais, ou de adotar os períodos delimitados pelos
feitos do Estado ou da igreja, investigou a família patriarcal, gerada à sombra do
latifúndio e da escravidão. Usou fontes pouco convencionais, como os arquivos e as
cartas de família, os inventários e os testamentos, os livros de assento e as atas das
câmaras, os livros de ordens régias e as visitações do Santo ofício, teses médicas,
relatórios oficiais e estatutos de colégios, coleções de jornais, almanaques e revistas,
diários e livros de viagem, que reuniu com enorme voracidade documental. [...]
Freyre abordou a intimidade familiar e o cotidiano doméstico nos tempos coloniais,
destacando o papel da mulher, da criança e do escravo, „novos objetos‟da história,
com um foco semelhante ao que seria adotado pela escola dos Annales na França.
Escreveu uma história íntima da vida doméstica da família patriarcal brasileira, em
que resgata o cotidiano miúdo, como a arquitetura das casas, as tradições culinárias,
as práticas sexuais, os jogos infantis, as roupas e vestimentas”.6
cap. 2. p.25-26.
5
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. 46°ed. Rio de Janeiro: Record, 2002. p.533
6
VENTURA, Roberto. Casa-Grande & Senzala: Ensaio ou Autobiografia? Biblioteca Virtual de Tropicologia.
Conferências. Disponível em : http://www.tropicologia.org.br/conferencia/2001casa_grande.html. Acesso em: 01
ago. 2003.
7
O narcisismo da ciência. Veja, São Paulo, v.1821, n.26, p.96-97, set. 2003. Edição Especial.
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A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
separa”.8 E, diante dos alunos da École Normale Supérieure, no princípio do ano letivo de
1941, Febvre complementa:
“... para fazer história, virem resolutamente as costas ao passado e antes de mais
vivam. Envolvam-se na vida. Na vida intelectual, sem dúvida, em toda a sua
variedade. Historiadores, sejam geógrafos. Sejam também juristas e sociólogos, e
psicólogos: não fechem os olhos ao grande movimento que, à vossa frente,
transforma, a uma velocidade vertiginosa, as ciências do universo físico. Mas vivam,
também, uma vida prática. Não se contentem com presenciar da costa,
preguiçosamente, o que se passa no mar em fúria. (...) É tudo? Não. Não é mesmo
nada, se vocês continuarem a separar a ação do pensamento, a vida do historiador da
vida do homem. Entre a ação e o pensamento, não há separação. Não há barreira. É
preciso que a história deixe de vos aparecer como uma necrópole adormecida, onde
só passam sombras despojadas de substância. É preciso que, no velho palácio
silencioso onde ela dorme, vocês penetrem, animados da luta, todos cobertos da
poeira do combate, do sangue coagulado do monstro vencido – e que, abrindo as
janelas de par em par, avivando as luzes e restabelecendo o barulho, despertem com
a vossa própria vida, com a vossa vida quente e jovem, a vida gelada da Princesa
adormecida...”9
8
Ibidem citação 2, p.34
9
Ibidem citação 2, p.40
18
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
10
AMIN, Samir. Imperialismo e Desenvolvimento desigual. Tradução de Eneida Araújo. São Paulo: Vértice,
Editora Revista dos Tribunais, 1987. p. 137
19
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
Observando o nosso corpo, o que não é natureza? Se somos o que comemos, quem somos nós
senão natureza pura.
É inútil querer desvincular o homem da natureza e de seu meio. Da mesma forma,
é nadar contra a maré, entender o meio ambiente como algo à parte, um bem da humanidade.
O meio ambiente é o homem e tudo o mais que o cerca. Jacques Vernier expõe muito bem a
relação entre os seres vivos em seu livro O Meio Ambiente. Expondo sobre o respeito à vida,
Vernier diz que, muito mais que considerações éticas ou religiosas, nossa relação com o meio
é uma questão de sobrevivência.
“O mundo vivo é uma incrível „cadeia de vidas‟, da qual não se destrói um elo
impunemente. Os animais necessitam das plantas, que são as únicas a converter a
energia solar em alimento. As plantas precisam dos animais para transportar seu
pólen e fecundá-las. Os animais só sobrevivem se suas presas sobreviverem. A
interdependência dos seres vivos é uma maravilha frágil. Acaba-se de descobrir que
uma árvore da ilha Maurícia (a „madeira de ferro‟) não se reproduzia mais ali há 300
anos. É porque as sementes dessa árvore outrora precisavam, para germinar, ser
comidas pelos famosos „dodos‟ e sofrer, no decorrer de seu trânsito intestinal, o
ataque de seus sucos gástricos. Sem dodos, não há mais madeira de ferro.”11
11
VERNIER, Jacques. O meio ambiente. Tradução Marina Appenzeller. 5ª ed. Campinas, São Paulo: Papirus,
1994. p.98
12
GADDIS, John Lewis. Paisagens da história: como os historiadores mapeiam o passado. Tradução de Marisa
Rocha Motta. Rio de Janeiro: Campus, 2003. p. 107
20
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
13
DIEGUES, Antônio Carlos Santana. O mito moderno da natureza intocada. 4°ed. São Paulo: Annablume:
HUCITEC: Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas e Áreas Úmidas Brasileiras, USP, 2002.
p.115
14
ANDRADE, Manuel Correia de. Gilberto Freyre e o impacto dos anos 30. Revista USP, São Paulo, n° 38
jun/jul/ago, 1998. p.44
21
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
4 A NATUREZA MITIFICADA
15
CHAUÍ, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. 1° ed. São Paulo: Editora Fundação Perseu
Abramo, 2000. p.9
16
UNIVERSIDADE, de São Paulo. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro. A Carta, de Pero Vaz de
Caminha. Disponível em: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/index.html?principal.html&2 . Acesso em: 19 set.
2000.
22
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
território através de constante vigilância, sendo o guardião. Esta construção imaginária está a
serviço de algo maior e despreocupado com o consumo dos recursos naturais, com o
esgotamento da vida, com a sistemática destruição do planeta. Samir Amin, em seu trabalho
Imperialismo e Desenvolvimento Desigual, nos apresenta as origens dessa construção
ideológica:
“Pensemos nos protestos contra o urbanismo inumano e a invasão do automóvel, a
poluição industrial, etc. De início, se poderia supor que se tratava de problemas
específicos dos países industrializados avançados, que não podiam em absoluto
interessar aos povos do Terceiro Mundo.
No entanto, mais tarde viríamos descobrir que os motivos originários desses males
sociais derivam suas raízes dos mecanismos essenciais do funcionamento do sistema
econômico e social capitalista”.17
17
Ibidem nota 09. p. 133
18
Ibidem nota 15. p. 133
19
Idem nota 15. p. 133
24
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
5 SOCIEDADE DE CONSUMO
“Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou
galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao viver do homem.
E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e
frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e
tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes
comemos”.20
“por mais arraigados (os colonizadores) que na terra estejam, e por mais ricos que
sejam, tudo pretendem levar para Portugal e isto não tem só os que de lá vieram,
mas ainda os que cá nasceram, que uns e outros usam a terra não como senhores,
mas como usufrutuários, só para a desfrutarem e a deixarem destruída.” 21
20
Ibidem nota 15.
21
DIEGUES, op. cit., p.116
26
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
exemplificando as atitudes dos nativos da floresta amazônica em relação aos colonos vindos
do sul:
“Enquanto a floresta tropical amazônica representa para as tribos indígenas o seu
hábitat conhecido e acolhedor, morada dos antepassados, para o colono vindo do sul
da Brasil, ela representa um obstáculo a ser vencido para se implantar a agricultura e
a pecuária moderna, fonte potencial de lucro. Na realidade, eles participam de
sistemas econômicos diferentes e cada um desses sistemas determina um modo
específico de exploração dos recursos naturais e do uso do trabalho humano, assim
como o „bom‟ e o „mau uso‟ dos recursos naturais, segundo uma racionalidade
intencional específica”.22
22
Ibidem nota 12. p.66
23
NOVAES, Washington. A década do impasse: da Rio-92 à Rio+10. São Paulo: Estação Liberdade: Instituto
Socioambiental, 2002. p.327
27
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
“Com técnicas cada vez mais sofisticadas e dispondo de instrumentos cada vez mais
poderosos, o ser humano começou a atingir, há um ou dois séculos, níveis
inimagináveis de conforto material (e de busca de prazer). Com o acelerado processo
de industrialização e de aumento da produção, a partir do final da Segunda Guerra
Mundial, desenvolveu-se – principalmente entre os povos mais ricos – o que se
poderia denominar ideologia do conforto.”24
24
PENNA, Carlos Gabaglia. O estado do planeta – Sociedade de consumo e degradação ambiental. Rio de
Janeiro: Record, 1999. p.28
25
Ibidem nota 23. p. 52
28
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
26
Ibidem nota 23. p.55
29
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
Explosão do Consumo
1970 1990
N° de automóveis 250 milhões 580 milhões
Barris/ano de petróleo 17 bilhões 24 bilhões
Pés cúbicos de gás natural 31 trilhões 70 trilhões
Residências com aparelhos de TV 244 milhões 658 milhões
Tráfego Aéreo Comercial (passageiros) 74 milhões 280 milhões
Fonte: O estado do planeta. Carlos C. Penna (1999. p.29-31)
6 O DESPERDÍCIO
27
SAMIR, Amin. p.80
31
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
têm tempo para praticamente nada a não ser para a sua própria preocupação de estar sem
tempo.
33
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
28
BANDEIRA, Manuel. O bicho. Disponível em: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/bicho.htm . Acesso
em: 23 out 2002.
29
Ibidem nota 15.
34
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
a partir de certos limites. Praticamente não geram lixo (só degradável), nem o
amontoam, nem o transformam em problema”. 30
30
Ibidem nota 22. p.180
35
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
este meio é gerador de pragas que infestam as cidades provocando doenças, gerando despesas
ao município e ao homem, este pagando caro pela sua própria displicência.
Segundo Novaes, cada morador das áreas urbanas no Brasil está produzindo em
média 1 quilo de resíduos domiciliares por dia, aos quais devem ser acrescidos os resíduos
industriais (quatro vezes mais que estes, no Estado de São Paulo, por exemplo), os entulhos,
os chamados resíduos especiais (embalagens de agrotóxicos, pneus, produtos tecnológicos),
os resíduos de estabelecimentos de saúde e os efluentes rurais. Somente a coleta de lixo
domiciliar e comercial custa hoje no País mais de 3 milhões por dia (ao preço médio de R$30
por tonelada recolhida).31
31
Ibidem nota 22. p.171
32
Ibidem nota 22. p.172
36
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
33
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 9°ed. Rio de
Janeiro: Record, 2002. p.65
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A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
Este acúmulo de pessoas nas cidades acaba por precipitar o desequilíbrio entre a
destruição dos recursos naturais e seu próprio restabelecimento. Estes aglomerados de seres
humanos, consumidores em potencial, despejam nas águas e no solo, uma enormidade de
resíduos poluentes de difícil absorção pela natureza, causando a morte e contaminação dos
peixes, poluição das águas, desalojamento de animais e pássaros, desequilíbrio ecológico e a
conseqüente proliferação de pragas.
O aumento do consumo humano dos recursos naturais provoca e desencadeia uma
série de fenômenos na natureza, transformando o ambiente e trazendo a tona sérias questões
ambientais de impacto direto aos seres humanos. Esta aceleração no consumo e o grave
problema do desperdício, aliados a má utilização dos recursos naturais, geram uma busca por
produção de alimentos que, de forma competitiva e agressiva, não reconhecem o trato dos
39
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
Com uma frota cada vez maior de veículos, tratores, locomotivas, indústrias a
todo vapor na produção dos bens de consumo, o despejo de gás carbônico (CO2) no ar chega a
limites perigosos, comprometendo a qualidade do ar e desencadeando uma série de doenças
além de favorecer a formação do efeito estufa. A utilização de produtos químicos de forma
desregrada e que compromete o ecossistema, também se mostra como um fator de risco a ser
considerado, principalmente na destruição da camada de ozônio da estratosfera.
“O buraco na camada de ozônio da Antártida atingiu este ano uma área três vezes
maior que a superfície dos Estados Unidos; nos últimos 20 anos, a temperatura
média no Alasca, na Sibéria e em partes do Canadá aumentou 4 graus centígrados; a
camada de gelo no Ártico esteve, nos últimos meses, 40% menos espessa que em
outros anos; a área ocupada pelo gelo polar foi 6% menor; e pela primeira vez um
navio chegou à latitude 90°N, onde se abriu um canal de 1,5 Km de largura;
relatório preliminar do painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, formado
pro cientistas de quase 200 países, reitera não haver mais dúvida de que as ações
humanas são responsáveis pela maior parte do aumento da temperatura da Terra
observado neste século e principalmente nas últimas décadas; a prosseguir o ritmo
de emissão de poluentes na atmosfera, esse aumento poderá chegar no próximo
século a até 6 graus centígrados, com conseqüências inimagináveis para o planeta e
seus habitantes”.34
34
Ibidem nota 22. p.328
41
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
9 SUSTENTABILIDADE
margens, mesmo quando estas se localizam próximas a cursos d‟água, reduzindo o seu leito e
provocando o seu assoreamento.
Com uma população próxima a 150 mil pessoas, o município gera o lixo
suficiente para transformar as características do meio ambiente, contaminando rios, resquícios
de matas, bosques, e sendo foco de pragas e doenças. Com um depósito a céu aberto para o
descarte do lixo, situado a 2,5 Km da cidade de Patos de Minas, o município entra para a
estatística nacional dos municípios sem nenhum tipo de tratamento dos seus resíduos sólidos,
47
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
fato que se estende ao tratamento do esgoto que é todo despejado no rio Paranaíba ou nos seus
afluentes.
A cidade se caracteriza por duas realidades distintas e contraditórias, a entrada
principal, situada no entroncamento que leva a Belo Horizonte, capital do estado, e à
Uberlândia no Triangulo Mineiro e a antiga entrada pela „ponte do arco‟. A primeira se
caracteriza por jardins largos e bem cuidados, a avenida com nome de presidente progresso,
Juscelino Kubitscheck, se apresenta em três pistas numa visível ostentação de poder e de
utilização dos recursos naturais, a segunda impressiona também, porém pelo descaso.
Conhecida como via de acesso ao lixão municipal, a avenida Joaquim Fubá, saída do bairro
Nossa Senhora Aparecida, é o retrato do descaso do município para com o meio ambiente. O
lixo e entulhos gerados pela construção civil, pela limpeza dos quintais e provindos de
diversas outras atividades, são descartados nas margens da estrada por carroceiros e pessoas
que o atiram de camionetes. São materiais de toda espécie, restos de couro, plásticos, animais
mortos, restos de construção, móveis inutilizados, que são espalhados pela margem da estrada
e unidos aos resíduos que caiam provindos do transporte do lixo urbano feito por caminhões
abertos, até o ano de 2002 quando a frota foi substituída.
11 NA ENCRUZILHADA DA SOBREVIVÊNCIA
As ações são muitas, infinitas, como as águas do Brasil de Caminha. Para se ter
uma idéia da urgência na mudança de comportamento dos indivíduos, hoje, coniventes com a
poluição das águas, as iniciativas para reversão deste quadro são praticamente insignificantes
e ao invés de tomarmos medidas para controle, eliminação e ou minimização dos efeitos
poluentes dessas águas, entramos num debate, cada vez mais freqüente, sobre a
disponibilidade dos aqüíferos subterrâneos e de como utilizá-los. Se ações concretas não
forem tomadas, serão os próximos a sofrerem da displicência e da indiferença da sociedade.
Tomados pela sedução da tv, presos em suas próprias casas, reféns de um inimigo invisível,
fascinados pela magia de consumo de novos produtos e pela energia de vida que eles
prometem, os indivíduos fecham os olhos à necessidade de mudança.
“A exaustão é evidente. Os limites também. Será necessário construir novos
formatos. Enfrentar o paradoxo: quanto mais a crise gera a tentação de um comando
centralizado e forte, „salvador‟, mais a realidade insiste em provar que qualquer
concentração gera problemas, não resolve.
Será preciso desconcentrar tudo – a política, a economia, a população, os lugares e
modos de viver. Criar canais de participação, caminhos para que cada pessoa se sinta
responsável pelos problemas que gera (lixo, esgoto, poluição do ar e da água) e pelas
questões coletivas. Colocar os princípios ambientais adequados no início de todos os
processos, não no final. Prevenir, não tentar – sem êxito – remediar”.35
Cruzar os braços e chorar pelo leite derramado, pelas esperanças perdidas, não
colaborarão para uma nova tomada de rumo. Ações são necessárias, rápidas, consistentes, sem
o auxílio de nenhum super-herói. A escola e a sociedade organizada necessitam acender a
chama, dar a partida, apoiar, incentivar na busca de soluções. Enquanto nas salas de aula são
construídos conhecimentos sobre coleta seletiva e destinação do lixo, os resíduos da própria
escola são acondicionados e tem destinação diferente a pregada pelos professores. Nos
barzinhos da escola são vendidos produtos que não levam em consideração a degradação
ambiental que provocam. Campanhas dispersas de coleta seletiva de lixo, de conscientização
ecológica não podem dar lugar a ações coerentes e diárias. É preciso dar o exemplo,
estabelecer seqüência, interferir, participar.
A redução na geração de resíduos deve ser provocada na escola.
35
Ibidem nota 22. p.190
52
A gestão do lixo: da ação individual à realização coletiva
LISTA DE IMAGENS