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DEISE MARCELINO DA SILVA

JÉSSICA FACHIN
NATALIA MARIA VENTURA DA SILVA ALFAYA
Organizadoras

TRANSFORMAÇÕES
DA SOCIEDADE NA
ERA DIGITAL
IMPLICAÇÕES E DESAFIOS JURÍDICOS

Londrina/PR
2023
Dados Internacionais de Catalogação na
Publicação (CIP)

Transformações da sociedade na era


digital: implicações e desafios jurídicos
/ Organizadoras: Deise Marcelino da
Silva, Jéssica Fachin, Natalia Maria
Ventura da Silva Alfaya. – Londrina,
PR: Thoth, 2023.

133 p.
Bibliografias
© Direitos de Publicação Editora Thoth.
Londrina/PR. ISBN: 978-65-5959-615-7
www.editorathoth.com.br
1. Direito Digital. 2. Ciberespaço. 3.
contato@editorathoth.com.br
Inteligências Artificiais. I. Silva, Deise
Marcelino da. II. Fachin, Jéssica. III
Alfaya, Natalia Maria Ventura da Silva.

CDD 341.46
Diagramação e Capa: Editora Thoth
Revisão: Marcelo Nunes Índices para catálogo sistemático
Editor chefe: Bruno Fuga 1.Direito: 340

Proibida a reprodução parcial ou total desta obra


sem autorização. A violação dos Direitos Autorais é
crime estabelecido na Lei n. 9.610/98.
Todos os direitos desta edição são reservados
pela Editora Thoth. A Editora Thoth não se
responsabiliza pelas opiniões emitidas nesta obra por
seus autores.
ORGANIZADORAS

DEISE MARCELINO DA SILVA


Doutora em Direito Ambiental Internacional pela UNISANTOS (2017).
Mestre em Ciências Jurídicas pelo Centro de Ensino Superior de Maringá
(2010). Professora do Programa de Mestrado Profissional em Direito,
Sociedade e Tecnologias da Escola de Direito das Faculdades Londrina/
PR. Lattes: http://lattes.cnpq.br/2466797631971309. ORCID ID: http://
orcid.org/0000-0002-7938-0813. E-mail: deise.marcelino@gmail.com.

JÉSSICA FACHIN
Doutora em Direito Constitucional (PUCSP). Mestra em Ciências Jurídicas
(UENP). Bacharel em Direito e Licenciada em Letras. Professora e
Pesquisadora na Universidade de Brasília (UnB). Professora no Programa
de Mestrado Profissional em “Direito, Sociedade e Tecnologias” da Escola
de Direito das Faculdades Londrina. Advogada. ORCID: 0000-0003-0486-
7309. E-mail: jessicaafachin@gmail.com.

NATALIA MARIA VENTURA DA SILVA ALFAYA


Doutora em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal
Fluminense (2018). Mestra em Direito Negocial pela Universidade Estadual
de Londrina (2014). Professora do Programa de Mestrado Profissional
em Direito, Sociedade e Novas Tecnologias da Escola de Direito das
Faculdades Londrina. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9731930696524695.
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-0312-3677. E-mail: naty.alfaya@
gmail.com.
AUTORES

ADRIANA ROSSINI
Pós-Graduada e Mestranda no Programa de Mestrado Profissional em
Direito, Sociedade e Tecnologias pelas Faculdades Londrina. Aluna especial
no Programa de Mestrado em Direito Negocial pela Universidade Estadual
de Londrina (UEL). Participante do Projeto de Pesquisa em Direitos
Fundamentais e Jurisdição Constit ucional pelo Instituto de Direito
Constitucional e Cidadania de Londrina (IDCC). E-mail: adrianarossini.
adv@gmail.com.

BRUNA AZEVEDO DE CASTRO


Doutora em Direito (FADISP). Mestra em Direito Penal (UEM). Especialista
em Direito Penal e Processual Penal (UEL). Graduada em Direito (UEL).
Professora Universitária. Advogada Criminalista.

EDUARDO AUGUSTO DO ROSÁRIO CONTANI


Doutor e Mestre em Administração com ênfase em Finanças pela
Universidade de São Paulo. Especialista em Administração pela Escola de
Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas
(FGV-EAESP). Bacharel em Engenharia Mecânica pela Universidade de
São Paulo (USP – 2004). Professor do Programa de Mestrado em Direito,
Sociedade e Tecnologias da Escola de Direito das Faculdades Londrina.
Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

FABIANO NAKAMOTO
Mestre em Direito Negocial pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Doutor em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie. Advogado e autor de livros. Professor do Programa de Mestrado
Profissional em Direito, Sociedade e Tecnologias da Escola de Direito das
Faculdades Londrina (Londrina/PR, Brasil).
FÁBIO FERNANDES NEVES BENFATTI
Mestre em Direito Negocial pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Doutor em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie. Advogado e autor de livros. Professor do Programa de Mestrado
Profissional em Direito, Sociedade e Tecnologias da Escola de Direito
(Faculdades Londrina, Londrina/PR, Brasil).

JÉSSICA FACHIN
Doutora em Direito Constitucional (PUCSP). Mestra em Ciências Jurídicas
(UENP). Bacharel em Direito e Licenciada em Letras. Professora e
Pesquisadora na Universidade de Brasília (UnB). Professora no Programa
de Mestrado Profissional em “Direito, Sociedade e Tecnologias” da Escola
de Direito das Faculdades Londrina. Advogada. ORCID: 0000-0003-0486-
7309. E-mail: jessicaafachin@gmail.com.

MARCELO BARROS MENDES


Mestrando do Programa de Mestrado Profissional em Direito, Sociedade e
Tecnologias da Escola de Direito das Faculdades Londrina. Especialista em
Direito Empresarial com ênfase em Direito Trabalhista e Tributário (2013).
Especialista em Direito Civil e Processo Civil pelas Faculdades Maringá
(2005). Bacharel em Direito pela Unipar (2001).

MARIANA MILANO DINIZ SEMBARSKI


Mestre em Direito pelas Faculdades Londrina. Pós-Graduada em Direito
Penal Militar e em Ciências Criminais pela Faculdade Unina. Pós-
Graduada pela Faculdade São Bráz em Gestão Pública, Gestão de Recursos
Humanos e Qualidade Pública e Responsabilidade Fiscal. Pós-Graduada
em Criminologia pela Anhanguera. Bacharel em Direito pela Faculdade de
Apucarana (FAP). E-mail: mmilanodiniz@gmail.com.

MARINA GROTHGE DE LIMA


Graduada em Direito na Universidade Federal da Grande Dourados
(UFGD). Mestranda no Programa de Mestrado Profissional em Direito,
Sociedade e Tecnologias das Faculdades Londrina.

NATÁLIA MARIA VENTURA DA SILVA ALFAYA


Doutora em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal
Fluminense (2018). Mestra em Direito Negocial pela Universidade Estadual
de Londrina (2014). Professora do Programa de Mestrado Profissional
em Direito, Sociedade e Tecnologias da Escola de Direito das Faculdades
Londrina. E-mail: naty.alfaya@gmail.com.

SAMIA MODA CIRINO


Doutora em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) na linha de
Direitos Humanos e Democracia. Mestre em Direito e Bacharel em Direito
pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Professora no Programa
de Mestrado Profissional em Direito das Faculdades Londrina e no Curso
de Graduação em Direito das Faculdades Londrina (FL). Pesquisadora do
Grupo de Pesquisa Sexualidade, Direito e Democracia da Universidade
Federal Fluminense (UFF). E-mail: samiamoda@hotmail.com.

TATIANE PASSOS SOUZA


Acadêmica do Curso de Direito da Escola de Direito das Faculdades
Londrina.
APRESENTAÇÃO
O presente livro intitulado “TRANSFORMAÇÕES DA
SOCIEDADE NA ERA DIGITAL: IMPLICAÇÕES E DESAFIOS
JURÍDICOS” reúne trabalhos apresentados no VI Congresso Internacional
de Ciência Jurídica e no III Congresso Internacional de Direito, Sociedade
e Tecnologias, realizados nos dias 23 e 24 de novembro de 2022, na cidade
de Londrina, Estado do Paraná. Os encontros, organizados pelo Programa
de Mestrado Profissional em “Direito, Sociedade e Tecnologias” da Escola
de Direito das Faculdades Londrina, ocorreram pela plataforma do Zoom,
o que possibilitou a participação de docentes e discentes de programas
de pós-graduação localizados em outras cidades. O objetivo desse livro é
promover discussões no âmbito acadêmico, mas com projeções práticas,
sobre a presente realidade.
Esta publicação apresenta textos de docentes, alunos de graduação
e de pós-graduação que abordam temas jurídicos pertinentes ao contexto
da sociedade digital, visto que, nos tempos atuais, “a tecnologia enraizou
na essência orgânica da natureza e da vida” (LEFF, 2001, p. 317). Assim,
aumentam os desafios da Ciência do Direito que se insere num ambiente
tecnológico, de pluralismo axiológico e de dispersão da competência
normativa do Estado.
No escopo dessa temática, seis artigos compõem a obra, que incluem
os seguintes títulos: 1) “A PROBLEMÁTICA DE RECUPERAÇÃO DA
INFORMAÇÃO DA DEEP WEB” (Jéssica Fachin, Marina Grothge
de Lima); 2) “O VIÉS ALGORÍTMICO E A CUSTOMIZAÇÃO DA
INFORMAÇÃO” (Adriana Rossini, Natália Maria Ventura da Silva Alfaya); 3)
“A ANALOGIA COMO REGULAÇÃO DO CIBERESPAÇO” (Fabiano
Nakamoto, Fábio Fernandes Neves Benfatti); 4) “POR QUE PUNIR?
UMA ANÁLISE HISTÓRICA DA PENA E SUA EFICÁCIA ANTE
A LGPD E AS INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS EMPREGADAS AO
DIREITO PENAL NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA” (Mariana
Milano Diniz Sembarski, Samia Moda Cirino); 5) “A TRANSFORMAÇÃO
DA EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS DE REMOTOS
TEMPOS ATÉ A NOVA FRONTEIRA AGRÍCOLA DO BRASIL,
APLICADA DE FORMA SUSTENTÁVEL COM AUXÍLIO DA
TECNOLOGIA E SUA REGULAMENTAÇÃO” (Marcelo Barros Mendes,
Eduardo Augusto do Rosário Contani) e 6) “A EXCEPCIONALIDADE
DA PRISÃO PREVENTIVA E A NOVA SISTEMÁTICA DO CÓDIGO
DE PROCESSO PENAL” (Tatiane Passos Souza, Bruna Azevedo de
Castro).
As organizadoras agradecem a todos os pesquisadores e as
pesquisadoras que apresentaram seus textos, possibilitando a publicação
dessa obra.
Boa leitura!

Londrina, 27 de julho de 2023.

Profª. Dra. Deise Marcelino da Silva


Profª. Dra. Jéssica Fachin
Profª. Dra. Natalia Maria Ventura da Silva Alfaya
SUMÁRIO

ORGANIZADORAS ..................................................................................................7
AUTORES .....................................................................................................................9
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................13

CAPÍTULO 1
Jéssica Fachin
Marina Grothge de Lima
A PROBLEMÁTICA DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO DA DEEP
WEB ...............................................................................................................................19
Introdução .....................................................................................................................19
1 Deep web: conceito e funcionamento ......................................................................20
2 A recuperação da informação no contexto da deep web ���������������������������������������25
3 Estudo de casos concretos e a legislação aplicável à deep web �����������������������������29
Considerações finais ....................................................................................................33
Referências ....................................................................................................................34

CAPÍTULO 2
Adriana Rossini
Natália Maria Ventura da Silva Alfaya
O VIÉS ALGORÍTMICO E A CUSTOMIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO ....37
Introdução .....................................................................................................................37
1 Algoritmos e inteligência artifical ...........................................................................39
1.1 A era da informação: big data e coleta massiva de dados pessoais..................41
1.2 Deep learning, machine learning e internet of things: conceitos de inteligência
artificial e sua utilização...............................................................................................46
2 Decisões automatizadas e discriminação algoritma.............................................50
3 O viés discriminatório e a proteção de dados sensíveis ......................................54
Considerações finais ....................................................................................................56
Referências ....................................................................................................................57
CAPÍTULO 3
Fabiano Nakamoto
Fábio Fernandes Neves Benfatti
A ANALOGIA COMO REGULAÇÃO DO CIBERESPAÇO.........................61
Introdução .....................................................................................................................61
1 Analogia......................................................................................................................62
2 O ciberespaço: doutrina e o risco da analogia ......................................................66
Considerações finais ....................................................................................................74
Referências ....................................................................................................................74

CAPÍTULO 4
Mariana Milano Diniz Sembarski
Samia Moda Cirino
POR QUE PUNIR? UMA ANÁLISE HISTÓRICA DA PENA E SUA EFICÁCIA
ANTE A LGPD E AS INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS EMPREGADAS AO
DIREITO PENAL NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ........................77
Introdução .....................................................................................................................78
1 Evolução da pena......................................................................................................79
2 Lei Geral de Proteção de Dados ............................................................................87
Considerações Finais ...................................................................................................94
Referências ....................................................................................................................95

CAPÍTULO 5
Marcelo Barros Mendes
Eduardo Augusto do Rosário Contani
A TRANSFORMAÇÃO DA EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS
DE REMOTOS TEMPOS ATÉ A NOVA FRONTEIRA AGRÍCOLA DO
BRASIL, APLICADA DE FORMA SUSTENTÁVEL COM AUXÍLIO DA
TECNOLOGIA E SUA REGULAMENTAÇÃO................................................97
Introdução .....................................................................................................................98
1 A insaciabilidade do ser humano em detrimento do meio ambiente ...............98
2 Avanço territorial da exploração em terras brasileiras ..................................... 102
3 A nova fronteira agrícola territorial/espacial..................................................... 104
4 Os recursos tecnológicos disponíveis ao agropecuarista para exploração de
modo sustentável....................................................................................................... 107
Considerações finais ................................................................................................. 111
Referências ................................................................................................................. 112
CAPÍTULO 6
Tatiane Passos Souza
Bruna Azevedo de Castro
A EXCEPCIONALIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA E A NOVA
SISTEMÁTICA DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL ............................. 115
Introdução .................................................................................................................. 115
1 Breve histórico da prisão preventiva no direito brasileiro ............................... 117
2 prisão preventiva antes da Lei Nº 13.964/2019 (Lei Anticrime).................... 122
3 A prisão preventiva após a Lei nº 13.964/2019: a mudança da mentalidade
estabelecida a partir da relação entre prisão e medidas cautelares diversas...... 125
Considerações Finais ................................................................................................ 130
Referências ................................................................................................................. 131
CAPÍTULO 1

A PROBLEMÁTICA DE
RECUPERAÇÃO DA
INFORMAÇÃO DA DEEP WEB

JÉSSICA FACHIN

Doutora em Direito Constitucional (PUCSP). Mestra em Ciências


Jurídicas (UENP). Bacharel em Direito e Licenciada em Letras. Professora
e Pesquisadora na Universidade de Brasília (UnB). Professora no
Programa de Mestrado Profissional em “Direito, Sociedade e Tecnologias”
da Escola de Direito das Faculdades Londrina. Advogada. ORCID: 0000-
0003-0486-7309. E-mail: jessicaafachin@gmail.com.

MARINA GROTHGE DE LIMA

Graduada em Direito na Universidade Federal da Grande Dourados


(UFGD). Mestranda no Programa de Mestrado Profissional em Direito,
Sociedade e Tecnologias das Faculdades Londrina.

INTRODUÇÃO

É fato que as inovações tecnológicas, principalmente a internet,


modificaram imensamente a vida de todas as pessoas. Vive-se a era das
tecnologias informatizadas, da cibernética, sistema de rápida troca de
informação e comunicação entre os indivíduos que traz consigo inúmeros
pontos positivos e grandes descobertas, facilitando as relações e os estudos
científicos e sociais.
Entretanto, apesar de todos os pontos positivos que as redes
propiciam, elas também são responsáveis por aumentar a vulnerabilidade
das pessoas. Uma vez inserida na rede, uma informação dificilmente
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IMPLICAÇÕES E DESAFIOS JURÍDICOS

consegue ser removida de lá, sendo difundida e compartilhada em uma


velocidade impressionante. As redes podem ser utilizadas como ferramenta
para estreitar laços e pesquisas, mas também como meio de prejudicar
indivíduos e submetê-los a um perigo inimaginável, que, muitas vezes, passa
despercebido pela sociedade.
A internet é usada por indivíduos mal-intencionados para a prática de
delitos, desafiando os mecanismos de segurança dos sistemas de informação
e chegando a, muitas vezes, ocasionar graves consequências para as partes
envolvidas. Surgem novas maneiras de praticar as infrações penais já
conhecidas, com os crimes cibernéticos cada vez mais se difundindo entre
a civilização.
A deep web pode ser definida como uma área da internet que
permanece camuflada, escondida de todo o resto. Com isso, possui muito
pouca regulamentação, não podendo ser acessada por mecanismos de busca
normais, como Google ou Bing. Por esse motivo, é um local que concentra
grande número de conteúdo ilegal. O objetivo do presente artigo, assim, é
explorar esse ambiente e tentar recuperar suas informações.
A fim de cumprir o objetivo proposto, discute-se o conceito e o
funcionamento da deep web. Afinal, como é um local virtual com acesso
bloqueado para os cidadãos em geral, torna-se difícil recuperar qualquer
informação lá presente. As questões indagadas buscam solucionar a
problemática da possibilidade dessa recuperação, bem como servir como
um alerta vermelho aos cidadãos sobre seu uso e conteúdo.
O presente trabalho reconhece o perigo que as práticas lá presentes
representam, buscando explorar a rede de atos criminosos que existem na
deep web. Esse misterioso lugar virtual, ainda desconhecido pela maioria das
pessoas, guarda segredos e informações que, se descobertas pelas pessoas
certas, podem ajudar a evitar consequências negativas e impedir que mais
atos ilícitos venham a se materializar.

1 DEEP WEB: CONCEITO E FUNCIONAMENTO

A world wide web, conhecida popularmente como www, ou apenas web,


é uma rede de compartilhamento e armazenamento de arquivos. Todos
esses dados são armazenados em um servidor e apresentados por meio
de imagens, sons, vídeos e hipertextos. Eles são informações lidas por
meio de um navegador, em um local virtual visível para seus usuários: a
internet. Utilizando provedores de busca, as pessoas são capazes de acessar
páginas dentro da internet e de pesquisar sobre os mais diversos assuntos
(POMPÉO, 2013, p. 439).
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JÉSSICA FACHIN 21
NATALIA MARIA VENTURA DA SILVA ALFAYA

Ocorre que a busca pode ser dividida em duas categorias, conhecidas


como surface web e deep web. A surface web, conhecida como “internet
superficial”, seria a “ponta do iceberg”, ou seja, a parte da internet que se
encontra disponível para todos os indivíduos visualizarem e consultarem.
Ela seria a camada visível, composta de páginas disponíveis publicamente
para todos os usuários, contendo o que se estima ser 130 trilhões de páginas
indexadas em servidores de busca. Sites de notícias, redes sociais, blogs e
e-commerce fazem parte dessa camada. Apesar de muitos acreditarem que
ela constitui a totalidade da internet, isto não poderia estar mais longe da
verdade: a surface web corresponde a, aproximadamente, 10% de todo o
conteúdo presente na web (SILVA, 2022).
A localização das páginas da internet se dá por meio de seu endereço
IP (internet protocol). O IP é um endereço único, referente a cada servidor ou
computador, utilizado para que seja possível encontrá-lo dentro da internet.
Sua nomenclatura original é uma sequência de números; entretanto, para
facilitar sua busca, optou-se pelo emprego de servidores de nomes (domain
name system).
Tais servidores são tecnologias que conseguem relacionar o IP a um
endereço nominal. Exemplificando: tem-se o site da Receita Federal: ele está
hospedado em um servidor de IP “161.148.231.100”. Porém, para encontrá-
lo no ambiente virtual, não é preciso decorar esses números, já que, ao
digitar o endereço “www.receita.fazenda.gov.br”, o servidor de nomes
direciona o usuário para o referido IP. Isso proporciona aos buscadores da
web rastreamento detalhado dos conteúdos que possuem permissão para
serem acessados (BORGES, 2015, p. 2).
Marcon explica, em seu trabalho, como funciona a indexação das
páginas da internet, por meio de programas conhecidos como web crawlers
ou spiders:
[...] Motores de busca constroem um banco de dados
através de programas chamados Web Crawlers ou Spiders
(aranhas), que começam com uma lista de páginas de
internet conhecidas. Esse programa pega uma cópia de cada
página e indexa-a, guardando informações importantes
que permitirão que a página seja facilmente recuperada
mais tarde [...]. Eventualmente todas as páginas acessíveis
são indexadas a menos que exceda os limites do motor de
busca. O conjunto de páginas acessíveis define a Surface
Web. Por diversas razões (como o Protocolo de Exclusão
de Robôs, links gerados por JavaScript e Flash, proteção
de senhas) algumas páginas não podem ser acessadas pelos
Web Crawlers. Essas páginas compõem a Deep Web [...].
(MARCON, 2014, p. 238)
O Google, sítio de pesquisa mais famoso e utilizado entre os
indivíduos, permite que qualquer pessoa o utilize porque possui um sistema
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IMPLICAÇÕES E DESAFIOS JURÍDICOS

chamado anteriormente de BackRub, criado por Larry Page e Sergey Brin,


na Universidade de Stanford. Mais tarde renomeado como Google, esse
sistema se tornou a maior ferramenta para fins de pesquisa da internet,
conseguindo acessar um acervo infinito de dados com apenas alguns
“cliques” (MARCON, 2014, p. 237).
Já a deep web, traduzida literalmente como “internet profunda”, refere-
se a uma camada da internet que fica abaixo da superficial, correspondente
aos 90% de conteúdo que não está disponível aos usuários. Por trás dela
se encontram informações que precisam de senhas, tokens, login e uso de
criptografia para serem acessadas. Como exemplos de conteúdos presentes
nessa camada, podem-se citar informações bancárias, arquivos policiais,
informações sigilosas, bancos de dados, perfis de cadastros, dentre outras
informações. Sua principal característica é ser restrita, o que inviabiliza uma
grande varredura que possa medir quão vasto é seu conteúdo (ALVES,
2018, p. 126-127).
Para se ter uma noção de sua vastidão, enquanto a surface web contém,
aproximadamente, um bilhão de documentos individuais e 19 terabytes de
informação, a deep web possui cerca de 550 bilhões de documentos, com
7.500 terabytes de informações. Para conseguir acesso a tais dados, é preciso
fazer uso de um software específico, além do necessário bom senso para
a pesquisa, já que é possível encontrar todo tipo de conteúdo nesta “web
oculta” (BERGMAN, 2002, p. 18).
O termo “deep web” foi criado pelo pesquisador Michael K. Bergman,
em 2001, em seu trabalho “The deep web: surfacing hidden value”. Nesse artigo,
Bergman explora pioneiramente a questão, construindo uma metáfora
para explicar o referido conceito. Ele compara os buscadores da internet a
navios pesqueiros, os quais conseguem alcançar apenas determinado nível
de profundidade com suas redes. Isso faz grande quantidade de peixes
passar despercebida, já que são habitantes das profundezas. Mas, só porque
o navio é incapaz de capturá-los, não quer dizer que eles não estejam ali: tais
peixes constituem a maioria significativa de sua espécie, não só em termos
de quantidade, mas também em termos de qualidade e diversidade. Eles
seriam correspondentes a todo conteúdo da deep web que os buscadores são
incapazes de resgatar (PACÍFICO, 2021, p. 187).
Mais tarde, foram surgindo outras metáforas interessantes a fim de
ilustrar o funcionamento da deep web. Uma das mais famosas é a metáfora do
iceberg. Nela, vemos um grande iceberg, com uma parte à mostra na superfície
e outra submersa. Para um espectador localizado na terra, incapaz de
mergulhar, grande parte de sua massa está invisível aos olhos. Logo, a
maioria de seu conteúdo está inacessível às pessoas, assim como a deep web
(PACÍFICO, 2021, p. 188).
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Em se tratando da deep web, tem-se uma dinâmica de busca bem


diferenciada. Foi explicado anteriormente que, no caso da surface web, o
buscador, por meio de robôs denominados crawlers, mapeia os conteúdos
dos endereços virtuais presentes em seu banco de dados e elenca os
resultados da pesquisa. Todavia, tais mecanismos de busca são incapazes
de rastrear certos endereços eletrônicos. Isso se deve à intenção do próprio
criador do site, que o torna “invisível aos olhos do buscador”, projetando-o
sem permitir sua indexação e assim o tornando inacessível. O formato e
as configurações da página do site também são fatores determinantes, que
contribuem para essa “camuflagem” (PACÍFICO, 2021, p. 186).
A arquitetura de redes predominante neste ambiente é a ponto a
ponto (P2P), como explica Alesandro Barreto e Hericson dos Santos:
A arquitetura de redes predominante na deep web é a ponto
a ponto (P2P), ou seja, descentralizada, pois dispensa
um servidor central. Todos os componentes (pontos
ou nós) funcionam ou como cliente, ora como servidor,
estabelecendo entre si uma verdadeira via de mão dupla.
(BARRETO; SANTOS, 2019, p. 9)
O software chamado Gigatribe pode ser considerado um grande
exemplo desse acesso limitado. Ele necessita de uma senha para ter o
acesso e, após isso, ainda coloca uma camada criptografada nos seus
arquivos compartilhados, restringindo totalmente o acesso de seu conteúdo
à comunidade em geral (BARRETO; SANTOS, 2019, p. 11).
Outro ponto a ser destacado refere-se à existência de grande número
de vírus que são testados na deep web. Isso significa que a probabilidade
de ter o computador danificado depois de acessá-la é alta. Soma-se a isso
a obrigatoriedade de conhecimento de sistemas computacionais e de
internet, bem como de programas que consigam esconder a localização do
usuário, visto que, em alguns países, seu acesso é expressamente proibido
(MARCON, 2014, p. 238).
Dentro da deep web, existe a dark web. Ela é bem menor do que a
surface web e é considerada uma pequena parte da deep web. Fazendo analogia
a um iceberg, essa “internet escura” seria considerada como a ponta inferior
de um iceberg submerso. Sua abrangência está frequentemente interligada a
conteúdos ilegais e a fins criminais, sendo um local onde é possível adquirir
mercadorias e serviços ilícitos. Por esse motivo, é uma parte extremamente
oculta da deep web, com poucas pessoas conseguindo interagir ou até mesmo
visualizá-la (VIGNOLI, 2020, p. 6-7).
O que ocorre é que, dentro dela, não há “filtros” como no Google.
Esse fato permite que seus usuários encontrem fotos de crimes, como
assassinatos, estupros, pedofilia, crueldades com animais, experimentos
ilegais, venda de drogas e até mesmo tutoriais de como fabricar bombas. O

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