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DIREITO EM FOCO
DIREITO CONSTITUCIONAL
Londrina/PR
2022
Dados Internacionais de Catalogação na
Publicação (CIP)
CLEBER COUTO
Promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais. Mestrando
em Segurança, Justiça e Direito pela Universitat de Girona, Espanha.
Doutorando em Direito pela Universidad de Buenos Aires, Argentina.
Instagram: @profclebercouto.
EDSON PAULO SANTOS LIMA
Mestre em Sociologia/UFS, Especialista em Docência e Tutoria em Ensino
a Distância/UNIT, Professor de Sociologia em escolas da rede particular.
Instagram: @edsonpslima.
ORGANIZADORES .......................................................................................7
REVISORA ........................................................................................................9
AUTORES ........................................................................................................11
CAPÍTULO 1
Thatiane Nara de Oliveira
Júlio Alves Caixêta Júnior
“ESTADO DE DIREITO”: UMA ANÁLISE DOS TIPOS FORMAL E
SUBSTANCIAL DO ESTADO DE DIREITO E SUA RELAÇÃO COM
O DIREITO À PAZ E A GARANTIA DE DIREITOS HUMANOS 25
Considerações iniciais...................................................................................25
1 Estado de direito........................................................................................26
1.1 Do estado absolutista ao estado de direito .........................................26
1.2 Concepção formal e substancial do termo “estado de direito” ......28
1.3 Estado de direito como fundamento de violência e arbitrariedades –
o estado legislativo de direito ......................................................................29
1.4 Estado de direito como garantia dos direitos humanos – o estado
constitucional de direito...............................................................................32
1.5 Crise do estado constitucional de direito – a atual situação do Brasil
e da Colômbia ..............................................................................................33
2 O direito à paz ..........................................................................................34
Considerações finais .....................................................................................37
Referências .....................................................................................................38
CAPÍTULO 2
Thyerrí José Cruz Silva
Edson Paulo Santos Lima
REDUÇÃO DO NÚMERO DE CONGRESSISTAS BRASILEIROS
SOB A PERSPECTIVA DA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA ............41
Considerações iniciais...................................................................................41
1 Considerações sobre a representação político-legislativa federal no
Brasil ...............................................................................................................45
1.1 Da problemática do número de deputados federais e senadores ...47
2 Propostas de emenda à constituição e redução de parlamentares
federais............................................................................................................51
2.1 Análise e discussão das PECs selecionadas ........................................52
3 Redução de congressistas e a representatividade política ....................58
3.1 Redução de gastos públicos ..................................................................60
3.2 Disparidade de representação entre os estados-membros ..............60
3.3 Maior celeridade nos processos legislativos .......................................62
3.4 Descrédito da classe política .................................................................64
Considerações finais .....................................................................................65
Referências .....................................................................................................66
CAPÍTULO 3
Fernando Bemfica Nunes
Filipe Marques Araújo
Patrícia Aparecida de Melo
O ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL: UM ESTUDO SOB
O VIÉS DO DARWINISMO SOCIAL E DA CRISE INSTITUCIONAL
NO BRASIL PERANTE A PANDEMIA DA COVID-19 .....................69
Considerações iniciais...................................................................................69
1 Atuação judiciária no controle abstrato de constitucionalidade
repressivo concentrado ................................................................................71
2 A ADPF nº 822 e o sistema de saúde pública brasileiro .....................72
3 DA inconstitucionalidade estatal por omissão institucional ao estado
de coisas inconstitucional ............................................................................75
3.1 Omissão estatal inconstitucional ..........................................................75
3.2 O estado de coisas inconstitucional.....................................................78
3.3 O controle de constitucionalidade estrutural em face da crise
institucional sobre o sistema de saúde pública brasileiro........................80
4 O darwinismo social associado à mistanásia, um paralelo com os
desdobramentos da situação sanitária pandêmica ...................................82
5 O estado de coisas inconstitucional como instrumento cooperativo
para a superação da crise sanitária e institucional ....................................86
Considerações finais .....................................................................................90
Referências .....................................................................................................92
CAPÍTULO 4
Alexandre Luiz Alves de Oliveira
Letícia Silva Oliveira
Nívia Marques da Silva Lima
A POSSIBILIDADE DE ADMISSÃO DAS PROVAS ILÍCITAS NO
PROCESSO PENAL BRASILEIRO...........................................................95
Considerações iniciais...................................................................................95
1 Princípios constitucionais do sistema probatório .................................96
1.1 Do devido processo legal .....................................................................97
1.2 Princípio da ampla defesa .....................................................................98
1.3 Princípio do contraditório.....................................................................99
1.4 Presunção de inocência .......................................................................100
1.5 Princípio da verdade real .....................................................................100
2 Das provas no processo penal ...............................................................101
2.1 Provas proibidas ...................................................................................102
2.2 Das provas ilícitas por derivação ........................................................104
2.2.1 Teoria dos frutos da árvore envenenada.........................................105
2.2.2 A exceção da prova de fonte independente...................................107
2.2.3 A Teoria da exceção da descoberta inevitável................................109
3 A utilização das provas ilícitas no processo penal brasileiro.............110
3.1 A inadmissibilidade absoluta das provas ilícitas...............................110
3.2 Possibilidades de admissão das provas ilícitas in dubio pro réu segundo
as diretrizes doutrinárias e jurisprudenciais ............................................111
3.3 A admissibilidade a favor da sociedade .............................................113
Considerações finais ...................................................................................116
Referências ...................................................................................................118
CAPÍTULO 5
Cleber Couto
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: PREMISSAS
CONSTITUCIONAIS E CONVENCIONAIS ......................................121
Considerações iniciais.................................................................................121
1 Improbidade administrativa: direito administrativo sanciona-
dor .................................................................................................................122
2 Probidade administrativa: um direito convencional........................125
3 Probidade administrativa: um direito fundamental ....................126
4 Defesa da probidade administrativa: proteção suficiente e proibição do
retrocesso .....................................................................................................127
5 Probidade administrativa: garantismo integral ....................................129
Considerações finais ...................................................................................130
Referências ...................................................................................................131
CAPÍTULO 6
Mariano Henrique Maurício de Campos
Fabiana Luz Campos
O IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS E OS OBJETIVOS
DA REPÚBLICA BRASILEIRA ...............................................................133
Considerações iniciais.................................................................................133
1 A desigualdade social e crescimento econômico X recuperação da
economia ......................................................................................................134
2 Do princípio da capacidade contributiva e do princípio da vedação de
confisco ........................................................................................................143
3 Análise da relevância da implantação do imposto sobre grandes
fortunas na redução das desigualdades ....................................................146
Considerações finais ...................................................................................152
Referências ...................................................................................................153
CAPÍTULO 7
Mariano Henrique Maurício de Campos
Jéssica Fernandes Bontempo
A RELEVÂNCIA CONSTITUCIONAL DO ACESSO AOS DADOS
CONTIDOS EM APARELHOS CELULARES NA ATIVIDADE
POLICIAL ......................................................................................................157
Considerações iniciais.................................................................................157
1 Direitos constitucionais: privacidade e intimidade .............................159
2 O direito à proteção de dados pessoais................................................161
3 Inviolabilidade do sigilo das comunicações e dos dados ...................163
4 A atuação estatal para garantia da segurança pública na nova era digi-
tal ...................................................................................................................165
5 A prova ilícita ...........................................................................................166
6 O fácil acesso pela polícia aos dados armazenados no Whatsapp ...169
7 Entendimentos do Supremo Tribunal Federal sobre a obtenção de
registros e informações contidas no aparelho celular ...........................172
Considerações finais ...................................................................................176
Referências ...................................................................................................177
CAPÍTULO 8
Júlio Alves Caixêta Júnior
Keny de Melo Souza
Myrian Emanoely do Nascimento Moura
A INCONDICIONALIDADE DOS DIREITOS DA
PERSONALIDADE NOS CASOS DE VIOLÊNCIA OBSTÉTRI-
CA.....................................................................................................................181
Considerações iniciais.................................................................................181
1 Definição e impactos da violência obstétrica ......................................184
2 A violência obstétrica a luz da legislação brasileira ............................191
2.1 PL 7.633/2014 ......................................................................................194
2.2 PLS 8/2013 ...........................................................................................194
2.3 PLS 75/2012 .........................................................................................195
2.4 PEC 100/2015 ......................................................................................195
2.5 PL 359/2015 .........................................................................................196
Considerações finais ...................................................................................196
Referências ...................................................................................................197
CAPÍTULO 9
Marcelo Rodrigues da Silva
Mariano Henrique Maurício de Campos
ANÁLISE DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DISCURSO DE
ÓDIO NAS REDES SOCIAIS ..................................................................201
Considerações iniciais.................................................................................201
1 Liberdade de expressão ..........................................................................202
2 O direito fundamental da liberdade de expressão na Constituição
Federal ..........................................................................................................206
3 O marco civil da internet........................................................................208
4 Discurso de ódio......................................................................................210
4.1 O Hate Speech ......................................................................................211
5 Estudo de caso - os limites da liberdade de expressão sob a ótica do
STF ................................................................................................................212
5.1 HC170680 – dos crimes contra a honra nas redes sociais .............213
5.2 O caso Ellwanger no HC 82.424-2/RS ............................................214
Considerações finais ...................................................................................216
Referências ...................................................................................................217
CAPÍTULO 10
Alexandre Máximo Oliveira
Vinícius Magalhães Gomes
A LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO NA PANDEMIA DA
COVID-19 ......................................................................................................221
Considerações iniciais.................................................................................221
1 A relatividade dos direitos fundamentais .............................................222
2 Dos limites dos direitos fundamentais .................................................225
2.1 Os limites internos e os limites externos ..........................................228
3 A liberdade de locomoção......................................................................235
4 Da (in) constitucionalidade da restrição ao direito de ir e vir ...........236
Considerações finais ...................................................................................243
Referências ...................................................................................................245
CAPÍTULO 11
Thatiane Nara de Oliveira
Júlio Alves Caixêta Júnior
ESTADO DE DIREITO E RULE OF LAW: ANÁLISE DE SUAS
CARACTERÍSTICAS SUBSTANCIAIS E A RELAÇÃO COM O
ESTADO CONSTITUCIONAL DA PÓS-MODERNIDADE ..........249
Considerações iniciais.................................................................................249
1 Da relação entre as características do estado de direito e do Rule Of
Law com o estado constitucional brasileiro da pós-modernidade ......250
Considerações finais ...................................................................................257
Referências ...................................................................................................257
CAPÍTULO 12
Ana Paula de Souza
Júlio Alves Caixêta Júnior
Suzie Kerle do Amaral
FAKE NEWS COMO FORMA DE TRANSGRESSÃO A LIBERDADE
DE EXPRESSÃO .........................................................................................259
Considerações iniciais.................................................................................259
1 Liberdade de expressão visto como direito fundamental..................262
2 Fake news: riscos e rompimentos nos fatos...........................................263
3 Posicionamento dos tribunais sobre fake news como forma de
transgressão a liberdade de expressão .....................................................265
Considerações finais ...................................................................................267
Referências ...................................................................................................268
CAPÍTULO 13
Felipe Augusto Silva
Lidiany Mendes Campos
Mirelly Cristina Duarte
ENTRE A LEI E A NECESSIDADE SOCIAL: O ATIVISMO
JUDICIAL E SEUS EFEITOS NA ESFERA PENAL .........................271
Considerações iniciais.................................................................................271
1 Ativismo judicial ......................................................................................273
1.1 Judicialização .........................................................................................274
1.2 O ativismo judicial e a autocontenção judicial .................................276
2 Direito material penal e suas funções ...................................................279
2.1 Princípio da legalidade .........................................................................280
3 O ativismo judicial e seus efeitos na esfera penal ...............................281
Considerações finais ...................................................................................287
Referências ...................................................................................................288
CAPÍTULO 1
“ESTADO DE DIREITO”: UMA ANÁLISE
DOS TIPOS FORMAL E SUBSTANCIAL DO
ESTADO DE DIREITO E SUA RELAÇÃO
COM O DIREITO À PAZ E A GARANTIA
DE DIREITOS HUMANOS
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1 ESTADO DE DIREITO
frase do Rei Luís XIV, “o Estado sou eu”. Lei, ordem e justiça se resumiam
na vontade do monarca. Na Europa ficou conhecido como Antigo Regime.
Segundo Dieter Grimm2, no Estado Monárquico Absolutista não
havia separação entre direito e política. Poder legiferante, execução da lei
e jurisdição se concentravam em uma só mão e o poder era arbitrário e
desigual.
Naquela época, vários processos concomitantes se cruzavam no
tempo: transição do feudalismo para o capitalismo, emergência de uma nova
classe social – a burguesia, formação do Estado-Nação moderno, concepção
inovadora de poder político, que, dentre outros motivos, deu causa ao que
ficou conhecido como Revoluções Burguesas.
Antes de ser derrubado pelas Revoluções Burguesas, que daria início
ao Estado de Direito, o século seguinte representou o período do Estado
Despótico ou Estado sob o regime de polícia, uma tentativa de mudança
frente às críticas ao poder ilimitado do monarca. Contudo, não foi bem-
sucedida; vez que no Estado Despótico o rei ainda detinha poderes ilimitados
e absolutos. A relação entre poder e direito ainda se constituía no rex facit
legem, assim como ocorreu no Estado Absoluto.
Com o decorrer das Revoluções Burguesas, o século XIX foi marcado
pelo surgimento do Estado de Direito, tipo predominante na Europa
Continental que se originou após a Revolução Francesa: passava-se de um
período governado por homens a um período governado pela lei – Rule of
Law and not of men3.
Contudo, esses três tipos de Estado, segundo Gustavo Zagrebelsky4,
indicam apenas tipos ideais que só poderiam ser claramente distinguidos
conceitualmente, porque na prática, segundo ele, no desenvolvimento real
dos fatos, existiam aproximações, contradições, contaminações e desajustes
temporais que tais expressões não registraram. No entanto, afirmou
Zagrebelsky, tais desajustes foram úteis para se recorrer às características
principais da sucessão das etapas históricas do Estado moderno.
Segundo Zagrebelsky5, o Estado de Direito representou historicamente
um dos elementos básicos das concepções constitucionais liberais, ainda
que não seja em absoluto evidente, que seja incompatível com outras
orientações político-constitucionais. Antes, ao contrário, expressava o
Estado da Razão ou o Estado governado segundo a vontade geral da razão
6. Tradução dos autores. ZAGREBELSK, Gustavo. El derecho dúctil. Ley, derechos, justicia.
Trad. Marina Gáscon. Madri: Editorial Trotta, 2011.
7. Tradução dos autores. FERRAJOLI, Luigi. Pasado y futuro del estado de derecho. Itália: Universidad
de Camerino, 2001. p. 31-45.
Júlio Alves Caixêta Júnior
Keny de Melo Souza
29
Mariano Henrique Maurício de Campos
Organizadores