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CURSO DE HISTÓRIA
CURSO DE HISTÓRIA
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Profa. Esp. Sisele Maria Caixeta
Orientadora
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Profa. Mestranda Eunice Aparecida Caixeta
Examinadora
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Profo. Esp. Marcos Antônio Caixeta Rassi
Examinador
Dedico esse trabalho as pessoas que
jamais poderei esquecer em minha vida, as quais
me ensinaram a amar e respeitar o próximo e
acima de tudo a mim mesma.
Aos melhores pais do mundo Antônio
Coimbra de Freitas e Conceição Aparecida da
Costa Freitas, pela dedicação, apoio e as
constantes orações a meu favor.
Ao esposo Altair José Meira, por
compreender minha ausência.
Para a razão da minha vida Denner
Coimbra Meira, um filho exemplar e amoroso...
Agradeço primeiramente a Deus pelo
Dom da vida e a oportunidade que me concedeu,
em concluir um curso superior.
Não poderia deixar de compartilhar esta
realização com todos os colegas, com os quais
aprendi muito durante esses quatro anos, em
especial as minhas colegas Edi Cândida
Rodrigues e Terezinha dos Reis Pereira.
Agradeço também a minha orientadora Sisele
Maria Caixeta pelo apoio e a disponibilidade em
me amparar no desenvolvimento do trabalho.
“ O dia que o capitão-mor Pedro Álvares
Cabral levantou a Cruz (...) era a 3 de maio,
quando se celebra a invenção da Santa Cruz em
que Cristo Nosso Redentor morreu por nós, e
por esta causa pôs nome a terra que havia
descoberta de Santa Cruz e por este nome foi
conhecida muitas anos. Porém, como o demônio
com o sinal da cruz perdeu todo o domínio que
tinha sobre os homens, receando perder também
o muito que tinha em os desta terra, trabalhou
que se esquecesse o primeiro nome e lhe ficasse
o de Brasil, por causa de um pau assim chamado
de cor abrasada e vermelha com que tingem
panos, que o daquele divino pau, que deu tinta e
virtude a todos sacramentos da Igreja...”
Frei Vicente do Salvador,
História do Brasil (1627)
SUMARIO
Resumo ...............................................................................................................09
Introdução ......................................................................................................... 11
Capítulo I ...........................................................................................................13
1.1- Uma análise cultural e a supremacia da Igreja Católica no período colonial ....... 14
1.2- O sentido da educação colonial .................................................................18
Capítulo II ......................................................................................................... 22
2.1- A colonização e o ensino jesuítico ..............................................................23
Bibliografia ........................................................................................................41
Anexos................................................................................................................. 45
Este trabalho ressalta a efervescência religiosa ocorrida no século XVI. A chegada de
estrangeiros no litoral brasileiro, que cada vez mais foi se adentrando no interior da colônia. A
propagação religiosa, e a introdução de valores culturais metropolitanos sobre a colônia.
Sobretudo a conduta da Igreja sobre os seus fiéis, as táticas coercivas usadas pela Igreja na
conversão dos colonos.
INTRODUÇÃO
A metrópole sentia-se responsável pela colônia, pela vida espiritual dos colonos.
Surgem assim as Missões, a conversão, o batismo, a cristianização dos povos habitantes das
novas terras.
Como produto de uma sociedade cristã vigilante, o homem do século XVI tinha no
subconsciente, imagens formadas sobre o conceito de dois mundos: um visível e outro
invisível.
O mundo invisível comandado por Deus, uma força superior dotado de espíritos
capazes de governar e criar. Do outro lado, o mundo visível regido e governado pelos próprios
homens, ligados aos vícios que se opõe às virtudes do mundo invisível.
1
DEL PRIORE, Mary. Religiao e Religiosidade no Brasil Colonial. São Paulo: Ática. 1994. p. 7
amarrado numa cruz. É uma forma de negar a imposição cultural européia, principalmente
religiosa, mas que aos poucos foi sendo aceita.
O objetivo dos portugueses ia além de uma aculturação. Eles caçavam os índios para
utilizá-los como mão-de-obra escrava para a exploração. Foi numa de suas supervisões, que o
Estado percebeu que suas expectativas não estavam sendo concretizadas, então resolveram
massacrar os indígenas. Numa luta desigual em número de combatentes e armas utilizadas. A
carnificina teve o propósito de legitimar o poder do Estado.
Falar do nascimento das primeiras escolas no Brasil é tocar na memória histórica dos
jesuítas do século XVI, pois era onde quer que erigissem uma Igreja haveria de abrir-se uma
escola. E a primeira escola do Brasil foi em Salvador (BA).
O leitor pode estar se perguntando o que tem haver o nascimento das escolas com os
interesses portugueses na colônia?
É que o plano português era de levantar sobre os alicerces do ensino toda a obra de
catequese e de colonização, e se empenhara com todas as forças em realizá-lo, determinando,
desde 1550, que se construíssem casas para recolherem e ensinarem os moços dos gentios e
também dos cristãos.
Nesse sentido, a “descoberta” indígena, e sua produção como o momento considerado
o mais apropriado para que a ação educativa jesuítica inculcasse nos índios os considerados
2
AZEVEDO, Fernando de. A transmissão da cultura. 5a ed. São Paulo, Melhoramentos, 1976. p. 11.
verdadeiros valores da civilização cristã, aqueles da Igreja Católica e do reino português, foi
um dos pontos mais importante e marcante, no contato entre as duas civilizações.
Nesse contato nota-se nitidamente um ponto negativo: onde os índios são vistos como
despossuídos de cultura e de civilidade. Aos indígenas não restava outra opção senão, a de se
submeter às novas regras sociais e culturais trazidas pelos colonizadores.
1.3- OS COLONIZADOS
Dentro deste contexto a saída portuguesa foi a unificação da língua. De certa forma é
um fenômeno de homogeneização das diversidades da cultura indígena e foi um processo
3
IDEM p. 17
4
TAHUT. Museu do Índio. Universidade Federal de Uberlândia MG – Ano 3 v. 4 – 2000 p. 21-27.
extremamente facilitador da conversão seja porque, digamos, escamoteava as diferenças e
unificava os índios na ordem comum de grupos convertidos, seja porque tentava conquistar a
língua tupi. A tentativa da conquista aos tupis fez com que eles se mostrassem mais amigáveis
e dispostos à evangelização.
Isso ocorreu no momento de adaptação dos catequizadores, principalmente quando
José de Anchieta consegue penetrar no âmago da estruturação da linguagem indígena e
transfigurá-la na linguagem cristã.
Durante a Idade Média havia uma grande unidade da fé, que era centralizada no poder
papal. Mas essa unidade esteve ameaçada muitas vezes por atitudes tomadas pela própria
Igreja. Por exemplo: a separação entre as Igrejas Ortodoxas e Romana, a eleição de dois
papas um na França e outra em Roma, a criação da Inquisição como instrumento de combate
aos desvios da fé.
6
Idem, pg 107.
7
MONROE, Paul. Historia da Educação: Tradução de Idel Becker. 13 a ed. São Paulo. Editora Nacional, 1978 pg
173.
modificada, precisava apenas de reforço, Roma, então, reforçou seus dogmas, criando
mecanismos eficazes para combater os movimentos contra a fé cristã.
CAPÍTULO II
8
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. 1 a ed. São Paulo. Moderna, 1989. p. 108.
“A questão não é simplesmente religiosa. Numa época de
absolutismo, a Igreja, submetida ao poder real é
instrumento importante para ajudar na garantia da
unidade política, através da uniformização da fé e da
consciência. Portanto, a atividade missionária facilitará
sobremaneira a dominação metropolitana. Nessas
circunstancia, a educação na colônia assume papel de
agente colonizador”.9
2.2- OS JESUÍTAS
A vinda dos padres jesuítas, em 1549, não só marca o início da história da educação no
Brasil, mas como inaugura uma fase longa da nossa história, certamente a mais importante: a
gestação da nossa cultura e civilização, trazendo reflexos dos interesses econômicos,
culturais, políticos e sociais dos portugueses.
Os jesuítas chegaram ao Brasil na expedição de Tomé de Souza, tendo como superior
o Pe. Manuel de Nóbrega. Desembarcaram no litoral baiano, ajudaram na fundação de
Salvador, e atendiam aos portugueses fora dali, percorrendo as capitanias próximas.
A Companhia de Jesus foi aprovada pelo Papa Paulo III em 27 de setembro 1540.
Porém, em 1549 desembarcaram no Brasil colônia os primeiros jesuítas.
A ênfase à ordem religiosa dos jesuítas é por ter tido maior desempenho e
representatividade na colônia. As outras ordens franciscanas, carmelitas e beneditinos, só se
fixaram no Brasil mais tarde e não tinham os mesmos propósitos dos jesuítas, ou seja, não
tinham a função educadora como papel primordial.
9
IDEM p. 109.
se pudesse esperar de um encontro de diferentes
culturas.”10
Embora a principal missão, pelo mandato real fosse a conversão dos índios, a
fundação de colégios foi inevitável.
Segundo Del Priore, uma das atividades mais importantes desenvolvidas pela Igreja
Católica no Brasil colônia, foi a educação escolar, na qual a Companhia de Jesus foi
protagonista. Para ela, os jesuítas ajudaram a fazer a passagem entre a escola da Idade Média
e o colégio dos tempos modernos.
Os jesuítas começaram a trabalhar fazendo distinção de idade e sexo entre os índios,
que até então era desconhecido, utilizando métodos compatíveis à idade. Estavam munidos
de normas e regras as quais os “alunos” deveriam se submeter. Aprendiam ler, escrever,
rezar, cantar, assistiam missa, enfim o movimento jesuítico foi forte e vigoroso.
Segundo Haornaert o crescimento da província jesuítica no Brasil foi rápida e cheia de
êxito, pois chegaram na Bahia (1549) com 6 jesuítas todos estrangeiros, e em 1574 já tinham
110 jesuítas e 14% deles brasileiros. Foi uma adesão rápida e forte por parte dos brasileiros
fazendo crescer cada vez mais a companhia de Jesus.
Fica claro, a organização das missões, com pontos estratégicos, para estarem
conseguindo adeptos e seguidores. Diante ao fato dos jesuítas estarem levando a música, a
religião aos colonizados, qual o verdadeiro interesse dos portugueses em estarem
alfabetizando os índios?
Com certeza não foi proporcionar o acesso aos livros, a Bíblia, mas sim uma
homogeneização da cultura, pois as “letras” é prova de uma sociedade organizada civilizada.
E esse era o interesse de Portugal provar a sua superioridade e consolidar seu poder.
10
TINHORÃO, José Ramos. As festas no Brasil Colonial. São Paulo: Editora 34, 2000 p. 23.
11
HAONAERT, Eduardo. A Igreja no Brasil-colônia. (1550-1800) 2a ed. Sao Paulo: Brasiliense, 1984. p. 31.
1984 pag 31
A história da Igreja no Brasil é assinalada por quatro períodos que marcam momentos
diferenciados:
“ 1o) 1500 – 1871
2o) 1871 – 1930
3o) 1930 – 1964
4o) 1964 – 1980”12
Enfocaremos apenas o primeiro período por conter a essência de nossa discussão. É
um período expansionista do catolicismo luso-brasileiro, numa sociedade colonial e
escravista, que utiliza a força de trabalho alheia em benefício da metrópole.
A catequese foi elemento fundamental para a integração do índio ao comando colonial
português. É através das obras missionárias que se dá a penetração da empresa colonial, pois
representavam o Estado português, que com sua presença delimitava seu espaço e mostrava
seu poder. A catequese foi organizada em ciclos, para que pudesse chegar e se espalhar por
todo território brasileiro.
Segundo HAORNAERT no período colonial destacaram-se cinco ciclos.
1- Litorâneo
2- Sertanejo
3- Maranhense
4- Mineiro
5- Paulista
Serão destacados no decorrer do trabalho os ciclos que exerceram influencia na
expansão da fé católica.
12
CARDEAL ARNS, Paulo Evaristo. O que é Igreja. São Paulo: Brasiliense, 1981 p. 122
O ciclo litorâneo veio com a conquista e a ocupação do litoral brasileiro, pela costa do
pau-brasil, zona da mata propícia ao cultivo da cana-de-açúcar, pelo clima favorável. Assim
os portugueses com uma chance faziam “três gols”: exploravam mão-de-obra, expandiam o
catolicismo e conseguiam riquezas para a metrópole. Este ciclo se fundamenta durante o
primeiro século da colonização, entra em decadência com a expulsão dos holandeses, trazem
como ícones, Nóbrega e Anchieta.
O ciclo sertanejo foi uma ocupação como o próprio nome indica, pelo interior do
sertão, efetuada como o auxílio de rios, principalmente o rio São Francisco, que é considerado
central, com vários afluentes e ramificações que abrem caminhos para outras regiões, tais
como norte e sudeste. Neste ciclo destaca-se Martinho de Nantes, o “defensor das terras
indígenas”. A ordem mais atuante durante este ciclo foram os capuchinhos.
O ciclo maranhense abrange a região amazônica, com a economia voltada para as
drogas do sertão. Atuaram os carmelitas, franciscanos e os jesuítas. A missão nesta área
esteve ligada à luta para que se findasse a exploração da mão-de-obra indígena. Era uma
condução missionária mais espiritual, dirigida pelo teólogo Vieira.
O ciclo paulista foi o da formação do catolicismo no Brasil. Partiu do colégio de
São Paulo (1554) em direção a outras regiões: Minas Gerais, Goiás, Moto Grosso. Deste ciclo
participaram, franciscanos, jesuítas e beneditinos, mais tarde os carmelitas. Essa convivência
levou a uma divisão religiosa, pois os beneditinos se dispunham ao lado dos colonos,
juntamente com os franciscanos e carmelitas, e os jesuítas ao lado dos índios. Surgiram,
assim, acirradas lutas, incluindo interesses econômicos sociais e políticos, causando uma
verdadeira devastação da raça indígena.
Dentre os ciclos comentados, como pode ser observado, houve a atuação de diferentes
ordens religiosas: jesuítas, carmelitas, beneditinos, franciscanos, além dos capuchinhos e
oratorianos que dependiam de ordens vindas de Roma. Por isso abordaremos, como cada uma
desempenhou seu papel no período.
2.5- A CATEQUESE
Após o descobrimento os índios se encontram à mercê dos interesses do colonizador.
Eram alvo principal do processo, pois significavam possibilidade de expansão do cristianismo
e de obtenção de uma mão-de-obra lucrativa. Mas não seria uma tarefa fácil. A empreitada de
instalar um sistema educacional em terra estranha e selvagem era uma desafio. De um lado, os
indígenas de língua e costumes desconhecidos pelos portugueses; De outro, os colonizadores,
rudes e aventureiros, que desafiavam os próprios hábitos religiosos.
O padre Manuel de Nóbrega, de espírito empreendedor, organizou e estruturou os
primeiros centros de catequização. Embora os jesuítas tivessem recebido uma educação
rigorosa, tiveram que enfrentar grandes desafios na adaptação das exigências locais. Uma das
dificuldades foi o contato cultural: “o tipo de linguagem”. O primeiro jesuíta a aprender a
língua dos índios foi Aspilcueta Navarro, o primeiro também que desbravou os sertões em
missão evangelizadora.
Em 1553, o noviço José de Anchieta, com apenas 19 anos, se destacou num trabalho
apostólico, formando assim segundo Fernando Azevedo a “trindade esplêndida”:
Nóbrega, o político.
Navarro, o pioneiro,
e Anchieta, o santo, símbolo da atividade extraordinária dos jesuítas no século XVI, a
fase mais bela e heróica da história da Companhia de Jesus.
Não se trata de fazer uma biografia, mas a ocasião nos permite falar um pouco da vida,
dos principais representantes das missões jesuíticas, no período da colonização.
Inácio de Loyola nasceu em 1491 e faleceu 1556, espanhol, que após 1521 viu-se
envolvido por um súbito fervor religioso e se dispôs a serviços da defesa da fé e tornou-se um
verdadeiro soldado de cristo. Funda a companhia de Jesus, ordem vinculada diretamente a
autoridade papal, desligada da hierarquia comum da Igreja. Seus representantes são chamados
de padres seculares, pois não são aqueles que têm contato com seus fiéis.
O objetivo inicial da Ordem é a propagação missionária da fé, a luta contra os infiéis e
os heréticos. Por isso os jesuítas estavam por todo mundo, desde a Europa, que naquele
momento estava assolado pelas heresias, até a Ásia, a África e a recém-descoberta América.
O padre José de Anchieta que desde de criança teve um impulso para o descobrimento
de outras culturas, escolheu a carreira sacerdotal a fim de cumprir o seu destino de construir
uma obra abrangente nas “terras virgens”. Aos 14 anos foi enviado para a Universidade de
Coimbra, aos 17 anos faz o voto de castidade na Catedral de Coimbra.
Em 1553 Anchieta chega ao Brasil, aos 19 anos, o mais jovem dos Jesuítas que vieram
evangelizar o “Novo Mundo”.
Aos 20 anos, o Jovem Anchieta já tinha destino certo: a Capitania de São Vicente,
onde iria auxiliar o padre Manuel de Nóbrega na catequização dos nativos.
Nóbrega confiou a tarefa de decifrar o tupi (a língua indígena) à Anchieta que
dominou muito bem em um ano.
13
http://www.aloescola.com.br/historia/anchieta/anchieta4.htm
conseguiu com o indígena um amplo entendimento. O
homem de muitas faces que foi Anchieta transparece com
nitidez nas palavras do poeta paulista Guilherme de
Almeida.” 14
Inácio de Loyola, José de Anchieta, Manuel de Nóbrega, eram jesuítas que vieram ao
Brasil para evangelizarem os índios, que eram pagãos e converter os que acreditavam em
outros credos.
Mas não eram todos os “missionários” que tinham objetivos claros de “evangelizar”.
Alguns vieram por objetivos puramente político e econômico, ou seja representar o poder
exercido pela coroa, e explorar as riquezas e a mão-de-obra na colônia.
Com Anchieta e seus companheiros era diferente, estavam à serviço de “cristo”
pregando o catolicismo e ajudando os nativos. Eram elogiados pelo belo trabalho nas aldeias,
pelo sucesso de suas conquistas na evangelização e conversão.
CAPÍTULO III
14
Idem, “anterior”
Quando nos deparamos com o termo “Igreja Colonial” mas um uso proposital, não que
se refira ao período de sua origem aqui no Brasil, mas por envolver interesses econômicos,
sociais, político e ideológicos.
Para Haonaert existe um discurso que sustenta e condiciona o estudo da História da
Igreja no Brasil. É a posição do Estado Colonizador. Que tinham como representante Dom
João III rei de Portugal (1521-1557).
O Estado português e a Igreja tinham estreitas relações, mas isso não quer dizer que
não faziam alianças, uma delas se deu o nome de padroado, era meio pelo qual o papa
concedia aos monarcas portugueses o poder de exercer o governo religioso e moral nas
colônias. Esse acordo deu grande vantagem para o Estado, pois além do poder político, agora
ele possuía também o poder espiritual, uma arma ideológica que facilitava ainda mais o
controle de seus colonizados.
Uma das grandes preocupações do governo português nas novas terras além da
dilatação da fé católica, era a expansão das fronteiras geográficas, pois quanto mais território
estivesse sob seu controle, maior seria seu poder. Isso fez com que o povoamento português
do Brasil fosse dominado por um vivo espírito cruzadista, partilhando uma mesma
mentalidade a de que o português é um cristão por direito e nascimento e o índio pagão e
infiel. Era a maneira da Igreja justificar sua atitude em relação aos índios, os cristãos lutavam
contra os selvagens perigosos e incrédulos e pagãos.
Uma das conseqüências dessa maneira de pensar é que a religião ou seja, a Igreja
passou a delimitar o seu espaço conquistado. Não interessava se os indígenas já tinham sido
convertido ou não, a Igreja, marcavam seu território com cruzes, garantindo o seu domínio
sobre essas almas que tinham que ser trazidas à força para Deus.
Uma fonte consultada que nos relata essa questão perfeitamente é o filme “Hábito
Negro”, que mostra a influência da cultura européia, e o discurso dos estrangeiros. No caso
do filme os franceses, diziam civilizar os índios, pois são incivilizados, e ao mesmo tempo
mostrar-lhes o paraíso. Mesmo diante a sedução européia, houve resistência a cultura e ao
catolicismo pregado, era uma resistência silenciosa, traduzida na irritante inconstância
indígena. Os jesuítas tinham que lidar e contornar essas resistências, eles admitiam colocar a
15
DEL PRIORE, Mary. Religiao e religiosidade no Brasil colonial. São Paulo: Ática 1994 pg 8.
seu favor com a generalização de um sentimento que entrava em choque com a invocada
pureza cristão. Então valiam-se de conselhos que amedrontavam. Era uma maneira de
conseguir adesão mesmo que fosse forçada.
16
TINHORÃO, José Ramos. As festas no Brasil colonial. São Paulo: Editora 34 2000 p. 26
17
IDEM pp 26 (33)
Podemos perceber que a festa tem sido celebrada ao longo da construção da nossa
história. Seja ela religiosa, social ou comemorativa. A festa também é um fato político,
religioso ou simbólico. Pois a alegria da festa ajuda a população suportar o trabalho, o perigo
e a exploração, é uma interação social, onde os indivíduos se relacionam expressando suas
especificidade e diferenças.
A festa nasce cercada de sentido cultural para celebrar, agradecer, ou pedir proteção
nos ciclos agrícolas. É uma forma de culto externo, tributado geralmente a uma divindade
protetora das plantações. Mas com o advento do cristianismo, tais solenidades receberam
novos significados.
18
DEL PRIORE, Mary Lucy. Festas e Utopias no Brasil Colonial. São Paulo: Brasiliense 2000 p. 13.
19
IDEM. p. 14. 15
Os índios adotaram e propagaram as festas religiosas um ato devocional de caráter
penitencial ou festivo, para atrair índios e edificar os colonos. A primeira solenidade
celebrada com esplendor, em salvador, foi a procissão do Corpo de Deus.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. 1a ed. São Paulo: Moderna, 1989.
CARDEAL ARNS, Paulo Evaristo. O que é Igreja. São Paulo: Brasiliense, 1981.
DEL PRIORE, Mary. Religião e Religiosidade no Brasil Colonial. São Paulo, Ática 1994.
DEL PRIORE, Mary Lucy. Festas e Utopias no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2000.
HOORNAERT, Eduardo et. al., coords. História Geral da Igreja no Brasil. São Paulo/
Petrópolis: Paulinas/ Vozes. T. II/I.
________________. A Igreja no Brasil Colônia. São Paulo: Brasiliense. 1982.
MONROE, Paul. História da Educação:Tradução de Idel Becker. 13a ed. São Paulo:
Nacional, 1978.
TINHORÃO, José Ramos. As festas no Brasil Colonial. São Paulo: 34, 2000.
Outras fontes
INTERNET
http://www.aloescola.com.br/historia/anchieta/anchieta4.htm
FILMES
A Missão
Hábito Negro