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Disciplina: Multiletramentos
Revisão de Conteúdos: Esp. Laís Ribeiro Guebur / M.e Luís Gabriel Venancio
Ano: 2021
1
Samira Alves de Souza
Multiletramentos
1ª Edição
2021
Curitiba, PR
Faculdade UNINA
2
Faculdade UNINA
Rua Cláudio Chatagnier, 112
Curitiba – Paraná – 82520-590
Fone: (41) 3123-9000
Conselho Editorial
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Marli Pereira de Barros Dias /
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno /
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia
Revisão de Conteúdos
Laís Ribeiro Guebur / Luís Gabriel Venancio
Designer Instrucional
Alexandre Kramer Morgenterm
Revisão Ortográfica
Lucimara Ota Eshima
Desenvolvimento Iconográfico
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério
Desenvolvimento da Capa
Carolyne Eliz de Lima
FICHA CATALOGRÁFICA
3
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA!
4
Sumário
Prefácio ..................................................................................................... 07
Aula 1 – Aprender e ensinar letramentos ................................................... 08
Apresentação da aula 1 ............................................................................ 08
1.1 Novos tempos, novas teorizações ................................................. 08
1.2 Antigos e novos fundamentos ....................................................... 10
1.3 Os aprendizes de hoje e os professores de amanhã .................... 14
Conclusão da aula 1 .................................................................................. 17
Aula 2 – Letramento ................................................................................... 18
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 18
2.1 Primeiras línguas: como e por que elas são tão diferentes,
primeira globalização ................................................................................. 18
2.2 Primeiras línguas: comunicações multimodais – primeira
globalização ............................................................................................... 22
2.3 Começando a escrever: uma segunda globalização ..................... 23
2.4 Novas mídias e novos letramentos: a terceira globalização .......... 26
Conclusão da aula 2 .................................................................................. 27
Aula 3 – Historicidade da escola na aula de linguagem .............................. 28
Apresentação da aula 3 ............................................................................. 28
3.1 A disciplina de Língua Portuguesa na escola ................................ 28
3.2 Sociedade do conhecimento ......................................................... 34
3.3 Novos letramentos para a vida comunitária contemporânea ......... 36
Conclusão da aula 3 .................................................................................. 38
Aula 4 – Pedagogia dos letramentos .......................................................... 39
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 39
4.1 Conceito de letramento ................................................................. 39
4.2 Práticas sociais de leitura e escrita ............................................... 42
4.3 Letramento aos letramentos ......................................................... 46
Conclusão da aula 4 .................................................................................. 48
Aula 5 – Pedagogia do multiletramento ...................................................... 49
Apresentação da aula 5 ............................................................................. 49
5.1 Sistema de significados e semiose ................................................ 49
5.2 Conceito de multiletramento ......................................................... 51
5.3 Novas mídias e multimodalidade .................................................. 54
5.4 Novos (multi)letramentos .............................................................. 58
5
Conclusão da aula 5 .................................................................................. 60
Aula 6 – Mídias .......................................................................................... 61
Apresentação da aula 6 ............................................................................. 61
6.1 Mídia como meio de comunicação ................................................ 61
6.2 Mídia, multimídia, hipermídia ........................................................ 64
6.3 Um mundo transmídia ................................................................... 65
Conclusão da aula 6 .................................................................................. 69
Aula 7 – Da leitura analógica ao letramento digital ..................................... 70
Apresentação da aula 7 ............................................................................. 70
7.1 Faces da leitura e materialidade do livro ....................................... 70
7.2 Letramento digital .......................................................................... 75
Conclusão da aula 7 ................................................................................... 81
Aula 8 – Atividade didática ......................................................................... 81
Apresentação da aula 8 ............................................................................. 81
8.1 Tecnologia: potencializando as práticas discursivas ..................... 82
8.2 Prática 1: mapa como monitoramento ........................................... 83
8.3 Prática 2: reportagem audiovisual ................................................. 85
8.4 Prática 3: imagem-manchete em vídeos ...................................... 86
8.5 Prática 4: reescrita de textos ......................................................... 88
Conclusão da aula 8 ................................................................................... 90
Índice Remissivo ........................................................................................ 91
Referências ............................................................................................... 93
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Prefácio
Olá, estudante!
Seja bem-vinda(o) à disciplina de Multiletramento.
Nesta disciplina, vamos refletir sobre as práticas sociais de linguagem que
se alteraram e com isso os modelos de produção e circulação de textos sofreram
mudanças ao longo do tempo, tudo em decorrência das Tecnologias Digitais de
Interação e Comunicação (TDICs).
Além disso, você vai aprender também como se dá a construção dos
conceitos de Letramento/Letramentos e Multiletramentos e atualizar os conceitos
de leitura e escrita, considerando a recepção e a produção de textos em
ambientes digitais.
Sugiro que acesse os links indicados ao longo do texto e assista, também,
aos vídeos das aulas. Todos eles se complementam para que você tenha o
máximo de aprendizado e sucesso nesta disciplina.
Espero que seja tão prazeroso para você estudar quanto foi para mim ao
longo da escrita e do preparo dessas aulas.
Desejo desde já um bom estudo e muito sucesso na sua caminhada
acadêmica.
Professora Samira.
Boa escrita!
7
Aula 1 – Aprender e ensinar letramentos
Apresentação da aula 1
Saiba mais
SUGESTÃO DE LEITURA
“A modernidade é em Baudelaire uma conquista”, eis aqui a
definição de Benjamin, no livro Baudelaire e a Modernidade.
Já no primeiro poema de As flores do mal, Baudelaire
convoca o leitor à ruptura da apatia. Benjamin aponta o
método da aventura, a captura do presente, a intenção do
poeta de revidar os atordoantes choques na grande cidade.
“É essa a natureza da vivência a que Baudelaire atribuiu a
importância de uma experiência”.
8
discurso” (MOITA LOPES, 2006, p. 22), ou seja, proporcionar um apagamento
deste sujeito, seu gênero, classe social, raça e sua etnia.
Por isso a L.A precisa dialogar com outras teorias na tentativa de
compreender nossos tempos e de abrir espaço para visões alternativas ou para
ouvir outras vozes que possam revigorar nossa vida social. É por isso que a L.A
se encontra em um momento de revisão de suas bases epistemológicas,
vejamos:
Vocabulário
9
uma comunidade das quais aprendemos a participar. Haveria, então,
vínculo indissociável entre linguagem, produção de sentido, contexto,
comportamento social e atividades humanas, o que aponta para o
entrelaçamento entre cultura, práticas discursivas, conhecimento e
visão de mundo (MOITA LOPES, 2006).
Reflita
10
Exemplo de uma composição multimodal
Fonte: https://maestrovirtuale.com/wp-content/uploads/2019/10/diario-digital-new-york-
times-min.jpg
11
importante em abordagens tradicionais de leitura e escrita. Nesse sentido, tal
pedagogia propunha uma redefinição de textos e práticas, movendo o campo do
letramento (no singular) para letramentos (no plural), ao “reconhecer múltiplas
formas de comunicação e construção de sentidos (KALANTZIS; COPE;
PINHEIRO, 2020, p. 19).
Assim, o termo multiletramento cunhado pelo NLG, refere-se à
diversidade social ou à variabilidade de convenções de significado em diferentes
situações culturais e sociais. Essas diferenças são muito significativas nos
modos como interagimos em nossa vida cotidiana. O segundo aspecto da
construção é a multimodalidade, porque os textos estão integrados em relação
ao visual, ao áudio, ao espacial e ao comportamental etc. Ilustraremos:
Contextual: Modal:
Escrito
Ambiente comunitário
Visual
Papel social
Multi Espacial
Relações interpessoais Tátil
Identidade Gestual
Áudio
Assunto
Oral
Os dois “multis” dos multiletramentos
Fonte: (KALANTZIS, COPE; PINHEIRO, 2020).
Hoje, ler e escrever têm se tornado, cada vez mais, uma ação integrada.
Textos escritos são criados e divulgados cada vez mais multimodal, envolvendo
palavras, imagens estáticas, sons e vídeos. Por isso, o processo de
alfabetização precisa ser complementado por uma aprendizagem sobre o design
multimodal de textos. Como também aprender os usos de diferentes linguagens
em contextos diversos.
Essa valorização cultural e linguística é destacada na Base Nacional
Curricular Comum (BNCC, 2018), ao apontar que os estudantes possam
vivenciar experiências significativas com práticas de linguagem em diferentes
mídias, situadas em campos de atuação social diversos.
12
Os jovens têm se engajado cada vez mais como protagonistas da
cultura digital, envolvendo-se diretamente em novas formas de
interação multimidiáticas e multimodal e de atuação social em rede,
que se realizam de modo cada vez mais ágil (BRASIL, 2018, p. 61).
13
1.3 Os aprendizes de hoje e os professores de amanhã
Aula de robótica
Fonte: https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/Zs4RRVrmfN6MaWnJ43yB8y
YQMeVEFxUtMaJuPhmMAQFqk2JZQSng9svQVd89/robotica-getty-images.jpg
14
Os aprendizes efetivamente trabalham em pares ou grupos em projetos
de conhecimento colaborativo, cuja autoria se constrói conjuntamente e é
partilhada entre todos, por exemplo, a aula de robótica citada na imagem,
mostrando engajamento e parceira para montar um projeto. Também eles
continuam a aprender em ambientes que vão além da sala de aula, usando
mídias sociais para expandir sua leitura e sua escrita para qualquer lugar e
tempo.
Você já ouvir falar de escrita colaborativa? As chamadas Fanfics?
As fanfics podem ser um belo exemplo dessas linguagens líquidas. Esse
gênero textual engloba a escrita criativa, a metalinguagem e o pertencimento a
uma base de fãs (fandom) em meios eletrônicos e por uma experiência de escrita
colaborativa em ambiente escolar feita com o suporte do Google Docs.
De uma forma generalizada, fanfic (termo reduzido para as fanfiction, i.e,
“ficção de fã”) é uma história escrita por fãs, a partir de um livro, quadrinho,
animê, filme ou séries de tv. Este gênero pode ainda ser inspirado em bandas
ou atores favoritos. Geralmente, usam ambientes como blogs ou páginas
eletrônicas para a mídia escrita, mas navegam também por outros meios, como
os vídeos (fanvids) ou quadrinhos e audiofics. Os escritores desse gênero
hibridizam “o discurso do autor e do sujeito” quando a estória é recontada e re-
escrita, movendo-se para além do que foi dado.
Se queremos ter “novos aprendizes”, precisamos de “novos professores”,
que sejam designers de ambientes de aprendizagem para alunos engajados, em
vez de indivíduos que trabalham apenas com o conteúdo do livro didático;
profissionais capazes de criar as condições nas quais os aprendizes assumirão
maior responsabilidade pelo próprio aprendizado; que permaneçam como fontes
de conhecimento que de fato são, na condição de autoridade, sem que se tornem
autoritários; que se sintam confortáveis com o design de aprendizagem da
internet, os espaços de instrução que não se limitam a planos de aula, livros
didáticos ou manuais de estudante.
Ressaltamos que a evolução das práticas de ensino envolve uma grande
mudança na identidade profissional, “uma vez que o ato de ensinar é cada vez
menos expositivo, tornando-se progressivamente uma profissão híbrida de
documentação e geração de dados (KALANTZIS; COPE; PINHEIRO, 2020, p.
28).
15
Curiosidade
Você sabia que o termo híbrido e suas variações são usados para descrever
processos interétnicos e de descolonização, globalizadores, viagens e
cruzamentos, fusões artísticas, literárias e comunicacionais? No livro Culturas
Híbridas o autor Nestor Canclini define: “entendo por hibridação processos
socioculturais nos quais estruturas ou práticas discretas, que existiam de forma
separada, se combinam para gerar novas estruturas, objetos e práticas”
(GARCIA CANCLINI, 2015, p. 19).
Nova aprendizagem
Novos alunos Novos professores
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Trabalhar de perto com os Colabora com outros professores,
outros colegas em um compartilhando designs de aprendizagem.
ambiente que fomente a
inteligência coletiva.
Criticamente autoavaliar seu Avaliar continuamente a aprendizagem e o
próprio pensamento e progresso dos alunos, usando essa
informação para criar experiências de
aprendizagem.
aprendizagem mais apropriadas para
diferentes aprendizes.
Fonte: KALANTZIS, COPE; PINHEIRO, 2020, p. 28
Conclusão da aula 1
Atividade de Aprendizagem
17
Aula 2 – Letramento
Apresentação da aula 2
2.1 Primeiras línguas: como e por que elas são tão diferentes, primeira
globalização
Saiba mais
Nossa narrativa tem como foco uma breve e esquemática história dos
sistemas de significação. Tomaremos como medida histórica uma escala do
tempo de 100 mil anos, que é aproximadamente o período que marca o início da
18
existência da espécie humana. Olharemos para os primeiros 95 mil anos, em
seguida, de forma particular, para os últimos 5 mil anos, que marcam o
surgimento da escrita e, por fim, para os 50 anos mais recentes, começando três
momentos históricos que chamaremos de três globalizações.
Aluno(a), a primeira globalização é um processo iniciado pelos falantes a
partir da África Subsaariana, uma população inicialmente pequena que se
espalhou pelo planeta, vejamos:
19
Importante
20
Nossa espécie humana espalhou pelo mundo algo em torno de 10 mil
sistemas de símbolos, como resultado temos uma diversidade linguística muito
ampla e profunda, tendo em vista as peculiaridades dialetais de diferentes
ordens. Ainda hoje existem cerca de 7 mil línguas no mundo, mas com o
surgimento da cultura da escrita este número declinou. Segundo o Censo 2010
do IBGE, no Brasil, foram identificadas apenas 274 línguas indígenas faladas por
indivíduos de 305 etnias distintas. Dos indígenas com cinco anos ou mais de
idade, 37,5% falavam uma língua indígena e 76,9% falavam português.
Um exemplo é a língua tupi, que era falada por povos tupi-guarani que
habitavam a maior parte do litoral no começo da colonização do Brasil. O tupi
chegou a ser a língua mais usada no território brasileiro até meados do século
XVIII. Atualmente, sua forma “original” não existe mais, apenas uma variante do
tupi, nheengatu (“fala boa”, em tupi) e é ainda falada por cerca de 30 mil
indígenas e caboclos na região da Amazônia. A seguir analise o gráfico sobre os
falantes da língua tupi e depois assista ao vídeo sobre o nheengatu.
21
Mídias
22
entender os falantes de uma determinada
língua.
Saiba mais
23
Ritual comunicativo multimodal
Fonte: KALANTZIS, COPE; PINHEIRO, 2020, p. 41
Mídias
24
poderiam ser tributadas ou alugadas, como um instrumento de governos
burocráticos e como forma de redigir textos relacionados à lei ou à religião, que
contribuíram para legitimar o status quo de ordem social desigual e
escravocrata.
Vocabulário
Status Quo: ou statu quo é uma expressão do latim, que significa “estado atual”.
O status quo está relacionado ao estado dos fatos, das situações e das coisas,
independente do momento. O termo status quo é geralmente acompanhado por
outras palavras como manter, defender, mudar etc. Neste sentido, quando se diz
que “devemos manter o status quo”, significa que a intenção é manter o atual
cenário, situação ou condição, por exemplo.
Fonte: https://www.significados.com.br/status-quo/
25
manutenção da desigualdade, pois seu surgimento foi, de certa forma, um sinal
do fim dos modos de vida relativamente igualitários dos primeiros povos.
Podemos pensar que uma nova fase começou com a história da escrita
a partir da invenção da imprensa, por Gutenberg, em 1450, com isso a leitura e
a escrita se tornaram uma forma de registrar e ordenar o mundo. A escrita torna-
se:
Importante
26
mais que uma mera habilidade técnica, sempre foi e continua sendo um
marcador de distinção social” e completa “na era industrial, contudo, trouxe
exigências de regulação, conformidade e padronização mais restritas,
transformando a língua escrita em um bem público” (COLMAS, 2014, p. 134).
Segundo Kalantzis, Cope e Pinheiro:
Saiba mais
Veja: Cultura de Convergência, segue o link para a leitura da introdução do
livro. http://www2.eca.usp.br/Ciencias.Linguagem/L3JenkinsConvergencia.pdf
Conclusão da aula 2
27
maneira de manter a propriedade e a riqueza. E, por fim, descobriu que a terceira
globalização é fruto de mudanças nas tecnologias de comunicação e na relação
entre a escrita e outros modos de construção de significado.
Atividade de Aprendizagem
Apresentação da aula 3
28
que forma a disciplina curricular surgiu e como a escola, tida como uma
instituição de saberes, criou o espaço de ensino e o tempo de aprendizagem.
Segundo Magda Soares (2004), a diferença entre o aprendizado
corporativo medieval e o escolar se difundiu no mundo ocidental a partir do
século XVI. Com a invenção de um espaço de ensino, houve a necessidade de
criação de um tempo de ensino: “uma vez que os alunos encerrados em um
grande espaço, a ideia de sistematizar o seu tempo iria se desenvolver”
(PETITAT, 1992, p. 144). Essa forma de sistematizar o tempo criou uma
organização e um planejamento de atividades, como também ampliou o
conhecimento a ser ensinado e aprendido. Desta forma, surgem “graus
escolares, as séries, as classes, o curriculum, as matérias e disciplinas, os
programas” (SOARES, 2004, p. 156), tudo que hoje constitui a escola.
Para efetivar todo esse processo de criação se fez necessário, segundo
ainda Petitat (1992), “uma nova estrutura de poder”: essa nova estrutura de
poder se organiza em “hierarquias burocráticas, que substituem as estruturas
corporativas tradicionais” (p. 144). A professora Soares (2004) completa: “no
quadro dessa instituição burocrática que é a escola, também o conhecimento é
burocratizado” (p. 156), porque há uma seleção de conteúdos por área e depois
uma ordenação e sequenciação desses conteúdos, assim são instituídos os
saberes escolares.
Essa perspectiva histórica nos revela o surgimento de cada disciplina
escolar, como também suas transformações ao longo do tempo. Hoje, nós
conhecemos e estamos familiarizados com a presença da disciplina de “Língua
Portuguesa” ou “Português” nas escolas, mas a inclusão desta disciplina foi no
século XIX, já no fim do Império.
Soares (2004) nos explica que a língua portuguesa não tinha tanto
destaque porque na época do império prevalecia: o português trazido pelo
colonizador, a língua geral (recobria as línguas indígenas faladas no território
brasileiro) e o latim, pois nele se fundava todo o ensino secundário e superior
dos jesuítas. No convívio social cotidiano, por imposição das necessidades de
comunicação entre os portugueses e os indígenas prevalecia a língua geral. O
português, embora fosse a língua oficial, tinha, como língua falada, “caráter de
insularidade nos centros urbanos emergentes” (HOUAISS, 1985, p. 49): com a
língua geral – os jesuítas escreveram as peças dramáticas para a catequese, os
29
bandeirantes se comunicavam e era a primeira língua com que as crianças, filhos
de colonizadores e indígenas, tinham contato. Somente os meninos (os poucos
privilegiados que se escolarizavam) iam à escola para ler e escrever em
português, “este não era, pois, componente curricular, mas apenas instrumento
para a alfabetização” (SOARES, 2004, p. 158).
Essa “alfabetização” ocorreu até a metade do século XVIII quando
aconteceu a Reforma de Estudos implantada em Portugal pelo Marquês de
Pombal. Essa implantação no ensino de Portugal e suas colônias nos anos 1750
do século XVIII, tornou obrigatório o uso da língua portuguesa no Brasil, assim
se justificando:
Saiba mais
Para saber um pouco mais sobre a Reforma Pombalina, leia o texto disponível
neste link: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/reformas-pombalinas.ht
m
30
começou a ser vista pelos estudiosos, como um sistema, uma área do
conhecimento. Também é importante ressaltar que a retórica persistiu como
componente curricular porque inicialmente a retórica tinha preceitos relativos “à
arte de falar bem, à arte de elaboração dos discursos, à arte da elocução”
(SOARES, 2004, p. 163), incluía também a poética e o estudo da poesia, das
regras de métrica e versificação, dos gêneros literários, da avaliação da obra
literária, tudo que hoje chamaríamos de literatura. Mais tarde, a poética
desprendeu-se da retórica e tornou-se componente curricular independente.
Segundo Soares (2004), a retórica, a poética e a gramática compunham
o ensino da língua portuguesa até o fim do Império, só, então, foram unificadas
em uma única disciplina que passou a se chamar Português.
Curiosidade
Interessante é o fato, de que só em 1871, foi criado no país, por decreto imperial,
o cargo de “professor de português”; segundo Pfromm Neto et al (1974, p. 191),
“vários estudiosos apontam esse decreto como o marco inicial do ensino oficial
da língua vernácula”.
31
escolarização e, com isso, houve uma multiplicação de alunos. E em segundo
lugar, ocorreu um recrutamento de mais professores para atender toda essa
demanda.
Soares (2004) afirma que as condições escolares e pedagógicas, as
necessidades e exigências culturais impulsionaram mudanças significativas,
assim ou se estuda a gramática a partir do texto ou se estuda o texto com os
instrumentos que a gramática oferece.
Além disso, os manuais didáticos passam a incluir exercícios de
vocabulário, de interpretação, de redação e de gramática. Então, o professor não
é mais responsável pela tarefa de formular os exercícios, passou a ser do autor
do livro didático essa responsabilidade e com isso se intensifica o processo de
“depreciação da função docente: a necessidade de recrutamento mais amplo
para atender a demanda vai conduzindo a um rebaixamento salarial e,
consequentemente, a precárias condições de trabalho” (SOARES, 2004, p. 167).
Fazendo um contraponto com a nossa vivência no período da pandemia
por coronavírus/Covid-19, a sociedade foi impactada pelas consequências da
pandemia, as pessoas ficaram isoladas em casa e o ensino presencial foi
adaptado para um remoto emergencial e o docente “passou a exercer funções
diluídas em diversos atores da EaD, como: tutor, editor, câmera man, professor
conteudista etc.” (VENANCIO SOUSA; INTIPE, 2022, s/p). A sociedade de modo
geral começou a promover “discursos depreciativos em relação à identidade e à
atuação do professor [...], questionando as aulas e culpando o professor pela
ineficácia da aprendizagem, julgando a falta de domínio de técnicas de
aplicativos e plataformas digitais” (VENANCIO SOUSA; INTIPE, 2022, s/p). Em
qualquer contexto, pandêmico ou no período da década 1950, é possível
observamos uma depreciação do trabalho docente.
Reflita
Geraldi (2010) ressalta que, ao longo da história, a identidade docente foi sendo
alterada para atender às mudanças tecnológicas e às demandas sociais. Desse
modo, reflita: qual é o real papel do professor no cenário escolar?
32
Depois dessa reflexão, vamos seguir com a nossa linha do tempo para
pensarmos sobre todas as mudanças contínuas da disciplina de Português.
Nos anos 1970, em decorrência da nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (Lei n.º 5692/71), reformulou-se o ensino primário e médio, segundo
os objetivos e a ideologia do regime militar. Soares (2004) esclarece que a
denominação da disciplina foi alterada: “não mais português, mas comunicação
e expressão, séries iniciais do então criado 1.º grau, e comunicação em língua
portuguesa, nas séries finais desse grau; e no 2.º grau, que passou a ser Língua
portuguesa e literatura brasileira” (p. 169).
Com essa mudança de caráter político e ideológico, surge na década de
1970 a análise da língua, transposta da área dos meios eletrônicos de
comunicação, a teoria da comunicação. “A concepção da língua como sistema
prevalece no ensino da gramática e, posteriormente, no estudo do texto, são
substituídas pela concepção da língua como comunicação” (SOARES, 2004, p.
169), ou seja, já não se trata mais de estudo sobre a língua ou de estudo da
língua, mas de desenvolvimento do uso da língua.
Por isso, os materiais didáticos minimizam a gramática e os textos são
escolhidos por critérios de intensidade de sua presença nas práticas sociais:
textos de jornais e revistas, histórias em quadrinho, publicidade e humor passam
a conviver com os textos literários, afirma Soares (2004). Com essas mudanças
amplia-se o conceito de leitura: “não só a recepção e interpretação do texto
verbal, mas também do texto não-verbal” (SOARES, 2004, p. 170).
Por volta da década de 1980 (época da redemocratização do país), as
ciências linguísticas começam a chegar ao campo do ensino da língua materna
fazendo mudanças significativas na disciplina de Português. E são várias as
interferências delas na disciplina de Português, todas ainda em curso. Segundo
Soares (2004), a sociolinguística alertou a escola para as diferenças entre as
variedades linguísticas efetivamente faladas pelos alunos e a variedade de
prestígio, o “padrão culto”. Em segundo lugar, a linguística desenvolveu estudos
de descrição da língua portuguesa e em terceiro lugar, a linguística textual vem
ampliar essa nova concepção da função e natureza da gramática para fins
didáticos.
Visto que todas essas contribuições, como também a pragmática, teoria
da enunciação e a análise do discurso veem a língua como enunciação e não
33
apenas como comunicação, incluindo as relações da língua com aqueles que a
utilizam, com o contexto e as condições sociais e históricas de sua utilização.
Soares (2004) sugere refletirmos sobre os parâmetros curriculares para a
disciplina de Português, a reformulação dos cursos de formação de professores
desta disciplina e a avalição dos livros didáticos.
Na próxima seção, iremos refletir sobre o mercado de trabalho. Este é um
exemplo de letramento, porque trabalhar faz parte das nossas relações sociais
humanas, mas não é o foco de ensino das escolas.
34
efetivamente em uma variedade de
ambientes (profissionais, técnicos,
culturais e sociais).
Fonte: KALANTZIS, COPE; PINHEIRO, 2020, p. 53.
35
trabalho e do poder. Para tanto, precisamos considerar os tipos de aprendizagem
e de letramentos que alimentem mais produtividade e as condições de trabalho
mais igualitárias. Na próxima seção abordaremos questões relacionadas com os
novos letramentos.
Saiba mais
36
modo, que sua participação ativa é quase instintiva, algo que requer pouco
pensamento consciente ou reflexivo, algo que os moldou, de que gostam e/ou
não gostam de maneira não reflexiva; é, em última instância, aquilo que eles e
as identidades carregam consigo para todos os outros contextos.
Narrativa, personalidade, afinidade e orientação são os principais
atributos do mundo da vida cotidiana. O uso dessas categorias para explorar as
diferenças dos alunos se concentra nas especificidades da experiência de vida
de cada pessoa em particular. Você traz consigo um repertório linguístico cultural
de significado em vários modos e pode contribuir muito para este processo de
ensino-aprendizagem.
Desta forma, aluno(a), é tão importante, quando pensarmos em
educação, direcionarmos o nosso olhar para as abordagens dos novos
letramentos, porque você não é mais receptor passivo da cultura de massa e,
sim, criador ativo de informação, quer ver: você em vez de apenas assistir a
vídeos, pode filmar e editar seu próprio vídeo em um dispositivo e transmiti-lo ao
mundo pela internet. Redes sociais, como Facebook, Twitter, Youtube e
Instagram, abrem novas formas de participar como criadores ativos de
informações, ao mesmo tempo que nos expõem cada vez mais às fake news, o
que faz você se reconstruir e se (re) apresentar para o mundo.
Esta nova abordagem de letramento, a pedagogia dos multiletramentos,
enxerga que o aluno pode negociar a alternância da sequência dos processos
de conhecimento ou seus modos preferidos de expressão de significado,
podendo, assim, começar com um tipo de atividade com o qual se sinta mais
confortável, porque alguns estudantes compreendem textos por meio de
palavras escritas, alguns em um diagrama, outros em uma demonstração
gestual e tátil, outros em uma explicação oral. Então precisamos nos afastar do
ensino do letramento da abordagem didática que tende a assumir que a língua
é apenas um conjunto de regras a serem apreendidas e nos debruçarmos para
compreender os avanços tecnológicos, de forma a reelaborar as práticas
educativas e reorganizar o espaço-tempo escolar de modo a responder às
demandas contemporâneas.
Cabe à escola potencializar o diálogo multicultural, trazendo para dentro
de seus muros não somente a cultura valorizada, dominante, mas também as
culturas locais e populares e a cultura de massa, para torná-las vozes de um
37
diálogo. É importante ressaltar que não é uma tarefa fácil, como discutiremos
nos próximos capítulos.
Importante
Conclusão da aula 3
Atividade de Aprendizagem
38
Mensagens assíncronas: mensagens que não são comunicadas em tempo
real; são gravadas para outra pessoa receber em outro momento.
Cosmopolitanismo: ideologia e prática de valorizar as diferenças e lidar com
a diversidade.
Fordismo: o sistema de produção em série (linha de produção) e de gestão,
idealizado por Henry Ford no começo do século XX.
Hipertexto: um link de computador de um lugar em um determinado texto
digital para outro texto ou lugar nesse mesmo texto.
Apresentação da aula 4
Vocabulário
39
relação de trocas entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias de base
micro-eletrônicas, surgidas na década de 1970, graças à convergência das
telecomunicações com a informática. A cibercultura é um termo utilizado na
definição dos agenciamentos sociais das comunidades no espaço eletrônico
virtual. Estas comunidades estão ampliando e popularizando a utilização da
Internet e outras tecnologias de comunicação, possibilitando, assim, maior
aproximação entre as pessoas de todo o mundo, seja por meio da construção
colaborativa, da multimodalidade e/ou da hipertextualidade.
40
sistema alfabético, no aprendizado da escrita e leitura. Os estudos sobre o
letramento vão voltar o seu olhar para refletir e compreender como o aprendizado
da leitura e escrita tem consequências sociais sobre o indivíduo e altera seu
estado ou condição em aspectos sociais, culturais, políticos, cognitivos e/ou
linguísticos.
Do ponto de vista social, a introdução da escrita em um grupo, até então
ágrafo, tem sobre esse grupo efeitos. Letramento é, pois, o resultado da ação de
ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um
grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita
(SOARES, 1998).
Como já foi mencionado, o conceito de letramento começou a ser usado
nos meios acadêmicos como tentativa de separar os estudos sobre o “impacto
social na escrita” (KLEIMAN, 1991), dos estudos sobre a alfabetização, cujas
conotações escolares destacam as competências individuais no uso e na prática
da escrita. Rojo (2009, p. 98) lembra que “os vários sentidos da palavra literacy
em inglês (alfabetismo e letramento) têm um papel nessa aparente sinonímia”,
mas frisa a distinção entre os termos:
41
4.2 Práticas sociais de leitura e escrita
42
Vocabulário
43
Momento de roda de leitura – Educação infantil
Fonte: https://www.unicef.org/brazil/sites/unicef.org.brazil/files/styles/two_column/public
/br_pei_liborio05.jpg?itok=p62PZY4a
Saiba mais
Sugiro a leitura do texto sobre alfabetização de Paulo Freire: Ler palavras e ler
o mundo.
Acesse o link: http://biblioteca.clacso.edu.ar/Brasil/ipf/20130619042331/Freire.pdf
44
A pedagogia dos letramentos críticos não se concentra nas habilidades
mecânicas ou em aprender fatos ou regras separadas de seu uso, como
acontece na pedagogia do letramento na abordagem tradicional. A pedagogia
crítica envolve os estudantes como atores sociais com que possam identificar
problemas e desafios atuais.
45
4.3 Letramento aos letramentos
46
Aluno(a) imagine como você poderia interagir com esta imagem na tela
de seu computador: uma das possibilidades era começar a ler pelas letras
maiores que enfatizam a nova proposta de ensino - BNCC ou se optasse poderia
navegar pelo espaço e desvendar os botões que estão dispostos em abas como,
início, a base, histórico e implementação. Também teria a oportunidade de clicar
na imagem e ser direcionado para um tour virtual para uma sala de
aprendizagem. Você observou que abre um leque de oportunidade para explorar
a tela e a sua leitura não terá uma linearidade e, sim, será seriada e multi-
sequencial.
Assim, Lévy (1999) cita que a cibercultura traz uma “mutação da relação
com o saber” (p. 157). Para este autor, “o ciberespaço suporta tecnologias
intelectuais que amplificam, exteriorizam e modificam numerosas funções
cognitivas humanas”. Desta forma, a tela como espaço de escrita e de leitura
traz não apenas “novas formas de acesso à informação, mas também novos
processos cognitivos, novas formas de conhecimento, novas maneiras de ler e
escrever, enfim, um novo letramento” (SOARES, 2002). Acrescenta Soares:
47
Essa ideia de que era necessário considerar a palavra letramento
pluralizada para delinear os usos da escrita mudaram na contemporaneidade,
incluindo a hibridização de linguagens, que levou a redefinir esta palavra
acrescendo a ela um prefixo (multi)letramentos, em 2018 ela passa a constar na
BNCC para significar o trabalho com as multisemioses e com a multiplicidade de
culturas.
Conclusão da aula 4
48
pode ter liberdade para construir, a partir do hipertexto, várias alternativas de
propostas.
Atividade de Aprendizagem
Apresentação da aula 5
49
Ensinar e aprender em todas as áreas do conhecimento nos obrigam a
conhecer e compreender os processos distintos envolvidos na representação e
na comunicação.
A representação se inicia com o nosso interesse, algo que no momento
capturou nossa atenção ou para o qual direcionamos nosso foco mental. A
neurocientista Marianne Wolf, no livro O cérebro no mundo digital afirma que “a
atenção é central para cada função que realizamos e que formas múltiplas de
atenção são acionadas, antes mesmo que nossos olhos comecem a ver a
palavra” (WOLF, 2019, p. 33). E a palavra formada contém e ativa
momentaneamente um repositório inteiro de sentidos associados, memórias e
sentimentos, mesmo quando não fica determinado o sentido dentro de um
contexto.
Sugiro a você um exercício retirado do livro da Wolf (2019), leia o
microconto:
50
Segundo Wolf (2019), as imagens nos ajudam a adentrar as múltiplas
camadas de sentido que podem haver em um texto e por essa perspectiva, os
letramentos se constituem em ferramentas para construir esse significado para
nós mesmos, por meio do trabalho cognitivo de representação que fazemos com
nossas mentes, a matéria-prima do pensamento.
51
a hibridização de linguagens, propiciando que textos fossem compostos por
palavras, sons, movimentos e imagens, ou seja, múltiplas semioses.
Importante
52
Exemplo de texto multimodal
Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-4RelgyorVto/YVi40DIk1uI/AAAAAAAAI9w/VNiXLpTjV
B8v5hDHJAgqWpT8hY7dVtoLgCLcBGAsYHQ/s947/posetti_2021_infodemia2.jpg
53
porque é um gênero que circula amplamente em jornais e revistas impressos,
digitais e mesmo na TV, nas previsões do tempo, nas explicações e nas
demonstrações de fatos, causas, efeitos, trajetórias etc.; outro aspecto relevante
é que a infografia resulta de um planejamento interessante, executado por
diversos profissionais.
A questão é que, diante de tantas possibilidades perceptivas e cognitivas
do uso de materiais diferentes, o que cada um deles quer significar? Para quem
produz os textos, trata-se de trabalho e planejamento. Já para o/a leitor/a é
considerada sempre ativa. Em relação ao leitor e à leitora, quem produz sentido
com base no que leem, a leitura sempre “envolve trabalho mental ativo” (KRESS,
2001, p. 68)
Para Kress, há uma multiplicidade de recursos semióticos à mão do/a
produtor/a de textos e a multimodalidade se tornará o centro das práticas
comunicativas. O texto não pode mais ser visto como uma agregação de
modalidades, mas como a integração de recursos e práticas. Na próxima seção
vamos entender como o GLN construiu a teoria dos multiletramentos.
Importante
54
Modos de significação em uma teoria multimodal de representação e
comunicação.
Fonte: Letramentos (KALANTZIS, COPE; PINHEIRO, 2020).
Por mais que tentemos separar o modo escrito para lidar com o
letramento na abordagem didática – aprender a ler e escrever na
perspectiva tradicional -, toda representação e toda comunicação são
intrinsecamente multimodal. Por exemplo, o uso na escrita pressupõe
um estágio de visualização e de conversa sobre o que se está
escrevendo, seguido por um estágio de toque e movimento da caneta
no papel ou de digitação do texto em um computador, o que é também
um processo visual, tátil e linguístico. Durante a leitura: a pessoa
rerrepresenta significados em um discurso silencioso, imagina
visualmente como as coisas são na escrita e conversa consigo mesma
sobre pensamentos tangenciais causados por sua interpretação do
que está lendo (KALANTZIS, COPE; PINHEIRO, 2020, p. 182).
55
Com as tecnologias digitais, imagem e texto se tornam ainda mais interligados e
uma mídia multimodal verdadeiramente integrada emerge.
Na proposta de Pedagogia do Multiletramento, o GNL identifica quatro
dimensões a serem contempladas: usuário funcional, criador de sentidos,
analista crítico e o transformador. Esses princípios se encontram e estão
configurados no diagrama a seguir:
56
aprendizagem e a assimilação de projetos multiculturais tornam-se fundamentais
para a composição de uma nova identidade para o ensino, concebido como
práticas para os multiletramentos. Vejamos um exemplo de um espaço
multimodal:
57
com a durabilidade desse conhecimento, torna o papel de professor algo sujeito
a reflexões e reinvenções.
Além disso, em uma sociedade digital, na qual a dimensão espacial
representa cada vez menos obstáculo, assim como a dimensão temporal, para
se “estar” em algum lugar ou interagir com pessoas, percebemos que duas das
bases fundamentais da escola ocidental moderna tornam-se, aos poucos,
sujeitas a ressignificações.
Ressignificações também necessárias à seleção de conteúdos e aos
processos metodológicos, pois, na contemporaneidade, é permitido ao aluno
fazer travessias (LEMKE, 2002), por meio do hipertexto e da hipermídia, a partir
das quais ele mergulha em uma rede de informações materializadas em forma
de textos, imagens estáticas ou em movimento e sons. A partir de suas
travessias, o aluno poderá criar seus próprios caminhos, sempre permeados por
diversas vozes sócias (BAKHTIN, 1981 [1935] apud LEMKE, 2002, p. 323), das
quais emergirão significações diversas.
58
3. Os novos letramentos são dêiticos;
4. Os novos letramentos são múltiplos, multimodais e multifacetados;
5. Os letramentos críticos são centrais para os novos letramentos;
6. Os novos letramentos requerem novas formas de conhecimentos
estratégico;
7. As novas práticas sociais são um elemento central dos novos
letramentos;
8. Professores tornam-se mais importantes, embora seu papel mude em
sala de aula de novos letramentos (LEU; COIRO et al., p. 5).
Vocabulário
Dêiticos: segundo vários autores: “dêixis é um termo usado pelos linguistas [...]
para definir palavras cujo significado muda rapidamente, conforme muda o
contexto. Amanhã, por exemplo, é um termo dêitico, o significado de “amanhã”
se torna “hoje” a cada 24 horas. O significado de letramento também se tornou
dêitico, porque vivemos em uma era de rápidas mudanças nas tecnologias de
59
informação e comunicação, cada uma delas requerendo novos letramentos
(LEU, 1997; 2000)” (LEU; COIRO et al., p. 1).
Mídias
Conclusão da aula 5
Atividade de Aprendizagem
60
Aula 6 – Mídias
Apresentação da aula 6
Olá, aluno(a), nesta sexta aula convido você a refletir sobre os modelos
de produção e circulação de textos que sofreram alterações ao longo do tempo,
também em decorrência das Tecnologias Digitais de Interação e Comunicação
(TDICs). Hoje estamos imersos e vivendo intensamente na/a cultura digital,
passando por um processo de reorganização de todas as esferas da ação
humana, mediadas pelas tecnologias digitais. Também vamos elaborar o
conceito de mídia para multimídia, o hipertexto e a hipermídia.
O conceito de mídia chega até nós por meio do inglês media (que
pronunciamos mídia). Costumamos dividir as mídias em mídia impressa (jornais
e revistas), mídia eletrônica (rádio e TV) e mídia digital (internet), embora a
distinção possa estar ultrapassada pelo fato de que, hoje, foi digitalizado (o
impresso, o rádio e a TV).
Para Martinho (2016), a primeira definição de mídia é como “determinado
aparato de caráter artificial produzido dentro de um contexto histórico,
econômico e social, por intermédio do qual se estabelecem relações”, ou seja,
um elemento capaz de agenciar as ações e condições de realização de um
determinado fato.
Santaella (2003) propõe que podemos entender as mudanças culturais,
pelo menos em parte a partir das mudanças nas mídias. Assim, vai propor seis
eras culturais das mídias:
1. a cultura do oral;
2. a cultura da escrita;
3. a cultura do impresso;
4. a cultura de massa;
5. a cultura das mídias;
6. e, finalmente, a cibercultura ou cultura digital.
61
Aluno(a), pela lista você irá notar que o motor de mudanças entre essas
culturas é tanto as linguagens quanto as mídias de que se valem e suas
possibilidades inerentes de reprodução, distribuição e controle. Segundo
Santaella, a cultura das mídias é que caracteriza a passagem da cultura da
escrita e do impresso para a cibercultura, “uma cultura intermediária entre as
duas” (SANTAELLA, 2003, p. 24).
A autora enfatiza que os meios de comunicação são canais para a
transmissão de informação e que devemos crer que as mudanças culturais e
sociais se dão meramente pelo aparecimento de novos meios de comunicação
ou de novas tecnologias, mas que eles propiciam novos tipos e modos de
circulação e de controle de mensagens e das linguagens, que podem influenciar
as mudanças culturais.
Esse conceito da autora (cultura das mídias), alguns alunos podem
recordar, como no meu caso (risos), que no início dos anos 1990, em que era
natural, ao viajarmos de férias, prepararmos fitas K7 gravadas para embalar
nossa viagem. Caso não tenha lembrado, não se preocupe, também não passou
raiva quando a fita K7 ficava presa no toca-fita e ao tirar o K7, a fita ficava toda
emaranhada e não podíamos mais usar aquele K7.
Saiba mais
62
Quadro das seis eras culturais das mídias
Aparelho
Cultura oral fonador e ondas Línguas orais
sonoras
Paredes/ Línguas
Cultura Diversos instrumentos de
tabuinhas de escritas
escrita gravura
barro/ códex iluminuras
Língua escrita
Cultura Prensa/litografia/impressão
Impressos imagens
impressa offset/impressão digital
estáticas
Língua escrita
Gramofone Música
Rádio
Cultura de Rádio Imagens
Cinema
massa Projetores Estáticas
TV
Televisores analógicos e em
movimento
Língua escrita
Videogames Fotocopiadoras
Música
Videoclipes Videocassetes
Cultura das Imagens
Filmes em Gravadores de áudio
Mídias Estáticas
vídeo Walkman
e em
TV a cabo Fitas K7
movimento
Língua escrita
Computadores Programas Música
Laptops
Cultura Softwares Imagens
Tablets
Digital Apps de edição e Estáticas
Celulares reprodução de texto,
áudio, imagem e vídeo e em
TV digital
movimento
Fonte: a partir de Santaella, 2003, por Rojo (2019, p. 34).
63
acentuadas no consumo e na recepção/produção das linguagens e dos
discursos. No próximo tópico apresentaremos a passagem da multimídia para a
hipermídia.
Vai nos alertar que, à época em que escrevia, as mudanças nos textos
digitais com o surgimento do hipertexto, aliadas às possibilidades abertas no
universo digital pela multimídia (combinação, na tela, de textos escritos e
imagens estáticas), iriam nos abrir a realidade futura da hipermídia.
64
O portal do MEC é um exemplo de site composto por hipertextos. Nele
tem um QRCODE para acessar outra página: precisa somente posicionar a
câmera do celular para ser direcionado a outro ambiente virtual, neste caso, para
outra plataforma do Governo Federal. Há também botões que nos remetem às
redes sociais e links de acesso a outros serviços do governo.
Ficou mais claro, aluno(a), agora vamos contextualizá-lo: o hipertexto
surge quando o texto passa ao digital, não mais como uma imagem em bitmap
de página, aqueles PDFs em que você não consegue selecionar uma palavra ou
frase porque a imagem do texto está reproduzida como um todo, em blocos de
páginas que, hoje, você pode transformar, por meio da ferramenta Adobe OCR
Text Recognition. Para Lemke, esse processo de digitalização do texto
possibilitará o surgimento do hipertexto, pois, a partir do momento em que o texto
digital, assim se apresenta, ele pode ser pesquisável, indexado e estabelecer
referências com outros textos.
E completa:
65
Já em sua introdução ao livro Cultura da convergência, Jenkins (2009) dá
as boas-vindas a um funcionamento sociocultural que faz convergir e interagir
de maneira inusitada as mídias, mais fãs (mídias alternativas) e corporações
(mídia corporativa), produção e consumo.
Rüdiger (2011) aponta que a cibercultura tem menos relação com a
tecnologia do que com as narrativas que se desenvolvem nesse meio,
entendendo as narrativas não apenas como aquilo que se produz e se propaga
nos dispositivos convergentes da comunicação contemporânea, mas também as
narrativas que carregam uma série de configurações simbólicas do imaginário
social e tecnocultural. Tomando como exemplo a franquia Matrix, o autor cunha
o conceito de “narrativa transmídia” para definir a relação entre as mídias de
entretenimento e consumo.
66
Jenkins analisou vários fenômenos midiáticos e percebeu, por exemplo,
que os cineastas adolescentes e jovens estão filmando em estúdios de garagem,
reproduzindo efeitos especiais em computadores caseiros e desta forma estão
determinados a reescrever a história a seu modo, talvez até representar
personagens que não estejam na versão cinematográfica. Um grupo de
nigeriano é um exemplo destes fenômenos descritos por Jenkins.
Mídias
67
caçadores e coletores, perseguindo pedaços da história pelos
diferentes canais, comparando suas observações com as de outros
fãs, em grupos de discussão on-line, colaborando para assegurar que
todos os que investiram tempo e energia tenham uma experiência de
entretenimento mais rica (Jenkins, 2009, p. 49).
68
ação. No entanto, na estratégia crossmedia, a tática é distribuir o mesmo
conteúdo em diversas mídias.
No processo transmídia, veja, aluno(a), como as esferas dos campos
sociais diversos (como a publicidade e a indústria do entretenimento) e as
diferentes mídias e linguagens (imagem em movimento, cinema e vídeo) podem
se unir e misturar para criar discursos em gêneros híbridos.
Conclusão da aula 6
Atividade de Aprendizagem
69
Aula 7 – Da leitura analógica ao letramento digital
Apresentação da aula 7
70
➢ Um processo neurofisiológico: a leitura é inicialmente um ato
concreto e observável, que recorre a faculdades definidas do ser
humano;
➢ Um processo cognitivo: depois que o leitor percebe e decifra os
signos, ele tenta entender do que se trata. A conversão das
palavras e grupos de palavras em elementos de significação supõe
um importante esforço de abstração;
➢ Um processo afetivo: o charme da leitura provém em grande
parte das emoções que ele suscita. As emoções estão de fato na
base do princípio de identificação, motor essencial da leitura de
ficção, por exemplo;
➢ Um processo argumentativo: a intenção de convencer está, de
um modo ou de outro, presente em toda narrativa. Qualquer que
seja o tipo de texto, o leitor de forma mais ou menos nítida, é
sempre interpelado;
➢ Um processo simbólico: o sentido que se tira da leitura vai se
instalar imediatamente no contexto cultural em que cada leitor
evolui. Toda leitura interage com a cultura e os esquemas
dominantes de um meio e de uma época.
Reflita
Ao ler a poesia, você fez uma pausa, pensou e experimentou algo, aquilo
que Proust chamava de “o milagre fértil da comunicação”. As conexões entre
como o que lemos e o que está escrito têm importância crucial para a sociedade
de hoje. Em um meio que nos defronta continuamente com um excesso de
informações, a grande tentação de muitos é se retirar para depósitos conhecidos
de informações facilmente digeríveis, menos densas e intelectualmente menos
exigentes.
71
Por isso, a compreensão de textos é um processo complexo em que
interagem diversos fatores, como conhecimentos linguísticos, conhecimento
prévio a respeito do assunto do texto, conhecimento geral a respeito do mundo,
motivação e interesse na leitura, dentre outros.
O leitor, para CHARTIER (2002, p. 101-102), é “este alguém que mantém
reunidos em um mesmo campo todos os traços que constituem o escrito”.
Segundo Calvino (1999):
72
A narrativa lida pelo leitor, torna-se um objeto-livro, materializado por um
encadernamento de folhas, capa, tinta e cor, que persiste e se entranha nas
memórias do leitor. Inovador, o objeto livro põe à prova, desta forma, na
contemporaneidade, não meramente os formatos mais tradicionais, mas a
própria forma de leitura, contribuindo para a construção de um novo tipo de leitor
do qual se demanda não apenas o virar das páginas, mas a efetiva manipulação
do livro; de quem se espera não, meramente a leitura com os olhos, mas com os
diferentes sentidos, ou seja, um papel mais ativo e participativo.
Outro exemplo para ilustrar a materialidade é o livro de Gustavo Piqueira
Bibi. Vejamos a capa e a proposta do autor para os possíveis títulos da obra.
73
E o nome da editora encontra-se no lado, abaixo, de forma discreta e não menos
importante.
Puderam perceber que cada materialidade, nesse exemplo, a capa da
obra Bibi, há uma multiplicidade de sentidos que se revela ao leitor no ato de ler,
isso porque, junto do prazer intelectual, o leitor tem a possibilidade de
experimentar o prazer tátil e visual. A leitura deixa de ser apenas um ato cognitivo
para tornar-se um ato performático, que envolve o leitor, inclusive, fisicamente,
ao demandar a manipulação distinta das páginas, o movimento do livro e a
mudança na orientação de leitura.
Importante
74
Curiosidade
75
texto de um modo diferente, a própria maneira como “manuseamos”, indo e
voltando, fazendo destaques, inserções, entre outras ações, obriga-nos a novos
conhecimentos e novas estratégias de leitura e escrita.
Como observa Marinho (2001, p. 209), com as TIC, surgem textos e
gêneros digitais que implicam outras práticas de leitura e escrita, em virtude da
articulação de diferentes linguagens na composição de hipertextos.
Para Soares (2002), o letramento digital caracteriza certo estado ou
condição que adquirem os que se apropriam da nova tecnologia digital e realizam
práticas de leitura e escrita na tela, diferente do estado ou condição do
letramento, dos que exercem práticas de leitura e de escrita no meio impresso.
Ainda, segundo Soares (2002), não é apenas a tela do computador que gera um
novo tipo de letramento, mas todos os mecanismos de produção, reprodução e
difusão da escrita e da leitura no mundo digital.
Importante
Segundo Soares (2002), não é apenas a tela do computador que gera um novo
tipo de letramento, mas todos os mecanismos de produção, reprodução e difusão
da escrita e da leitura no mundo digital.
Nesse sentido, vamos refletir sobre alguns recursos que podem ser
utilizados pelos professores na organização de situações didáticas de ensino-
aprendizagem voltadas para as práticas de letramento digital dos educandos.
Escolhemos alguns recursos, como: as salas de bate-papo, chats, fóruns, redes
sociais, blogs e google docs.
Os chats são importantes no processo de comunicação síncrona,
permitindo que os participantes se comuniquem em tempo real. Eles podem ser
utilizados dentro e fora da sala de aula como recursos importantes para
organização de trabalhos em grupo, sessões tira-dúvidas, com a participação do
professor ou de convidados, comunicação entre alunos, professores e gestores
da escola, a fim de organizar planejamentos participativos e coletivos.
76
Exemplo de chat de voz
Fonte: https://telegram.org/file/464001205/2/x-e9U5kKGY.146619/21bff9f3f33230d66d
77
Fórum do SIGAA – CEFET MG
Fonte: https://sig.cefetmg.br/sigaa/ava/index.jsf
78
Lista de redes sociais mais usadas e disponíveis no ambiente digital
Redes sociais
79
mensagens privadas ou editando clipes com funções de costura
e duetos. Disponível em: https://www.tiktok.com/pt-BR//
80
Docs para motivar as práticas de leitura e escrita na tela do computador, assim,
o Google Docs irá proporcionar a construção textual coletiva, motivando os
alunos à produção de textos em que cada um pode ir acrescentar novas
informações no sentido de aprimorar a produção textual.
Vocabulário
Conclusão da aula 7
Atividade de Aprendizagem
O aluno precisa estar preparado para lidar com os ambientes digitais, seja
para lazer, seja para trabalho, em instâncias públicas e privadas. Reflita sobre
a ideia de desenvolver o letramento digital dos alunos e responda: as escolas
estão contribuindo para lidar com uma noção de letramento mais
contemporânea e que vai estimular a formação de cidadãos críticos e
participativos?
Apresentação da aula 8
Olá, aluno(a), nesta última aula vamos aprender de que forma a tecnologia
potencializa as práticas discursivas com a aplicação de vivências e práticas de
atividades multimodais.
81
8.1 Tecnologia: potencializando as práticas discursivas
82
competência máxima no uso das ferramentas digitais, mesmo que se tenha
acesso a elas.
De fato, a BNCC (2018) propõe que:
Competência específica 7
Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as
dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as
formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas e
de apreender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida,
pessoal e coletiva (BRASIL, 2018, p. 497).
Habilidades (EM13LGG701)
Explorar tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC),
compreendendo seus princípios e funcionalidades e utilizá-las de modo ético,
criativo, responsável e adequado a práticas de linguagem em diferentes
contextos (BRASIL, 2018, p. 497).
83
Habilidades (EM13LGG704)
Apropriar-se criticamente de processos de pesquisa e busca de informação,
por meio de ferramentas e dos novos formatos de produção e distribuição do
conhecimento na cultura da rede (BRASIL, 2018, p. 497).
Atividade proposta
Reflita sobre como o gênero “Mapa em tempo real” pode contribuir para
o desenvolvimento das habilidades a serem trabalhadas.
84
5. Entrevista com pessoas que morem em diferentes regiões, próximas e
mais distantes dos focos de incêndio, sobre a posição delas acerca do
desmatamento e queimadas no Brasil.
Competência específica 2
Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que
permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades e a
pluralidade de ideais e posições, atuando socialmente com base em princípios
e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos,
exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflito
e a cooperação, combatendo preconceitos de qualquer natureza (BRASIL,
2018, p. 492)
Habilidades (EM13LGG202)
Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos discursos
das diversas práticas de linguagem, compreendendo criticamente o modo
como circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias.
(BRASIL, 2018, p. 492).
Atividade proposta
85
3. Veja as imagens representativas de vídeos sobre as queimadas e
as respectivas datas de publicação no Youtube.
5. Você acredita que o aluno pode ser afetado do mesmo modo que
você? Justifique a partir do que sabe sobre seus alunos. Este pode
ser um bom momento para propor uma roda de conversa e discutir
a impressão que tiveram sobre o vídeo. Ou podemos sugerir
também um mural virtual colaborativo, utilizando o software Padlet.
Caso não conheçam, acessem o link para criar e configurar um
mural colaborativo:
https://www.youtube.com/watch?v=CgF3D90rZb4
Competência específica 1
86
Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais
e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos
diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as
formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de
explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
(BRASIL, 2018, p. 491)
Habilidades (EM13LGG103)
Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e produzir
criticamente discursos em textos de diversas semioses (visuais, verbais,
sonoras e gestuais) (BRASIL, 2018, p. 491).
Competência específica 7
Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as
dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as
formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas e
de apreender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida
pessoal e coletiva (BRASIL, 2018, p. 497).
Habilidades (EM13LGG701)
Explorar tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC),
compreendendo seus princípios e funcionalidades e utilizá-las de modo ético,
criativo, responsável e adequado a práticas de linguagem em diferentes
contextos (BRASIL, 2018, p. 497).
Habilidades (EM13LGG704)
Apropriar-se criticamente de processos de pesquisa e busca de informação,
por meio de ferramentas e dos novos formatos de produção e distribuição do
conhecimento na cultura da rede (BRASIL, 2018, p. 497).
Agora você precisará fazer uma busca no youtube com as seguintes palavras:
Queimadas 2021, Brasil. Selecione as imagens-manchetes que fazem
chamada para os vídeos e faça uma lista. O conjunto dessas imagens-
manchete será figura queimada a partir da qual você fará as reflexões a seguir.
87
2. Em relação às marcas referentes aos aspectos geopolíticos e
informativos dos textos, como é possível associá-las aos diferentes
gêneros (debate, notícia-opinião, mapa e videorreportagem)?
Competência específica 1
Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais
e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos
diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as
formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de
explicação, interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo
(BRASIL, 2018, p. 491).
Habilidades (EM13LGG103)
Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e produzir
criticamente discursos em textos de diversas semioses (visuais, verbais,
sonoras e gestuais) (BRASIL, 2018, p. 491).
Competência específica 7
Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as
dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as
formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas e
de apreender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida
pessoal e coletiva (BRASIL, 2018, p. 497).
Habilidades (EM13LGG701)
Explorar tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC),
compreendendo seus princípios e funcionalidades e utilizá-las de modo ético,
88
criativo, responsável e adequado a práticas de linguagem em diferentes
contextos (BRASIL, 2018, p. 497).
Atividade proposta
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Com toda esta dinâmica proporcionada pela ferramenta online, a
produção dos textos dos alunos estimula a colaboração, trabalha a escrita em
esfera escolar apoiada pelas novas tecnologias e favorece o ensino-
aprendizagem sob uma perspectiva dos multiletramentos, porque facilita a
construção multimodal e a diversificação de diferentes situações de interação
sociocultural.
Conclusão da aula 8
Aluno(a), chegamos ao final da nossa última aula. Aqui você foi inserido
nas vivências e práticas de atividades multimodais e com o auxílio da tecnologia
potencializou as suas práticas discursivas.
Atividade de Aprendizagem
“Muitas são as evidências de que o jornalismo digital está ganhando cada vez
mais espaço no mundo, em detrimento do jornal de papel, o telejornalismo e
o jornalismo digital, por exemplo, tomaram o espaço do jornalismo impresso
e, hoje, são os maiores fornecedores de conteúdo jornalístico. A nova geração
quer rapidez, agilidade, praticidade e interação, e, nem sempre, o “velho”
jornal impresso pode suprir tais necessidades”.
PERISSÊ, Juliana. O jornalismo impresso está com os dias contados? Acessado em:
21 nov. 2021. Adaptado.
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Índice Remissivo
Letramento ................................................................................................ 18
(Análise; escrita; língua)
Mídias ........................................................................................................ 61
(Educação; letramento; mídias)
91
Novas mídias e novos letramentos: a terceira globalização ...................... 26
(Globalização; letramentos; mídias)
Primeiras línguas: como e por que elas são tão diferentes, primeira
globalização ............................................................................................... 18
(Escrita; globalização; línguas)
92
REFERÊNCIAS
93
JENKINS, H. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009.
KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Multimodal Discourse: The Modes and Media
of Contemporary Communication. London: Hodder Arnold, 2001.
94
PIQUEIRA, G. Bibi. São Paulo: Lote 42, 2019.
95
VENANCIO SOUSA, L. G.; INTIPE, B. A. Identidade Docente: o que é ser
professor. Revista de Educação da Faculdade Unina. Reunina. v. 2, n. 1, 2022.
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