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Disciplina: Contabilidade básica

Autores: Esp. Juan Carlos Dickmann Stipp

Revisão de Conteúdos: Esp. Murillo Hochuli Castex

Designer Instrucional: Esp. Murillo Hochuli Castex

Revisão Ortográfica: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm

Ano: 2020

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1
Juan Carlos Dickmann Stipp

Contabilidade básica
1ª Edição

2020

Curitiba, PR

Faculdade UNINA

2
Editora UNINA
Rua Cláudio Chatagnier, 112
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Revisão de Conteúdos
Murillo Hochuli Castex

Designer Instrucional
Murillo Hochuli Castex

Revisão Ortográfica
Alexandre Kramer Morgenterm

Desenvolvimento Iconográfico
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério

FICHA CATALOGRÁFICA

STIPP, Juan Carlos Dickmann.


Contabilidade básica / Juan Carlos Dickmann Stipp. – Curitiba: Faculdade UNINA,
2020.
107 p.
ISBN: 978-65-86092-01-1
1.Contabilidade. 2. Patrimônio. 3. Princípios.
Material didático da disciplina de Contabilidade básica – Faculdade UNINA, 2020.

Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870

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Sumário
Prefácio ................................................................................................................. 09
Aula 1 – Introdução à contabilidade ....................................................................... 10
Apresentação da aula 1 ......................................................................................... 10
1.1 Conceito ................................................................................................... 10
1.1.1 História da contabilidade ........................................................................ 11
1.1.2 A contabilidade nas citações bíblicas ..................................................... 14
1.1.3 Evolução da história da contabilidade .................................................... 14
1.2 Finalidade da contabilidade ...................................................................... 16
1.2.1 Função da contabilidade ........................................................................ 17
1.3 Usuários da contabilidade ......................................................................... 18
1.4 Técnicas contábeis ................................................................................... 19
1.4.1 Livros contábeis e fiscais ....................................................................... 20
1.5 Livro diário ................................................................................................ 20
1.5.1 Livro razão ............................................................................................. 21
1.6 Campo de aplicação da contabilidade ...................................................... 24
1.6.1 Classificação da ciência contábil ........................................................... 24
1.6.2 Ramos de atuação da contabilidade ...................................................... 25
Conclusão da aula 1 .............................................................................................. 25
Aula 2 – O Patrimônio das empresas ..................................................................... 26
Apresentação da aula 2 ......................................................................................... 26
2.1 Conceito de patrimônio ............................................................................. 26
2.1.1 Bens ...................................................................................................... 26
2.1.2 Direitos .................................................................................................. 27
2.1.3 Obrigações ............................................................................................ 27
2.1.4 Objeto de estudo da contabilidade: o patrimônio .................................... 28
2.1.5 Aspectos qualitativos e quantitativos do patrimônio ............................... 28
2.2 Representação gráfica e equação patrimonial .......................................... 29
2.2.1 Equação fundamental do patrimônio ..................................................... 29
2.2.2 Patrimônio líquido ou situação líquida .................................................... 30
2.2.3 Situações líquidas patrimoniais possíveis .............................................. 30
2.2.4 Situação líquida patrimonial impossível ................................................. 33
2.3 Balanço patrimonial .................................................................................. 33
2.4 Ativo, passivo e patrimônio líquido ............................................................ 34
2.4.1 Ativo ....................................................................................................... 34
2.4.2 Passivo .................................................................................................. 35
2.4.3 Patrimônio líquido .................................................................................. 36

5
2.5 Origem e aplicação dos recursos .............................................................. 37
2.5.1 Ativo: aplicação dos recursos ................................................................ 38
2.5.2 Passivo: origem dos recursos ................................................................ 38
Conclusão da aula 2 .............................................................................................. 39
Aula 3 – Princípios fundamentais ........................................................................... 39
Apresentação da aula 3 ......................................................................................... 39
3.1 Princípios fundamentais: conceito ............................................................ 39
3.1.1 Princípio da entidade ............................................................................. 41
3.1.2 Princípio da continuidade ....................................................................... 41
3.1.3 Princípio da oportunidade ...................................................................... 42
3.1.4 Princípio do registro pelo valor original ................................................... 42
3.2 Mensuração dos elementos das demonstrações contábeis ...................... 43
3.2.1 Princípio da competência ....................................................................... 44
3.2.2 Princípio da prudência ........................................................................... 45
Conclusão da aula 3 .............................................................................................. 46
Aula 4 – Contas...................................................................................................... 46
Apresentação da aula 4 ......................................................................................... 46
4.1 Conceito e classificação ........................................................................... 47
4.1.2 Classificação ......................................................................................... 47
4.1.3 Abertura e movimentação das contas .................................................... 48
4.1.4 Função das contas ................................................................................. 48
4.2 Débito e crédito ......................................................................................... 49
4.3 Plano de contas ........................................................................................ 50
4.3.1 Planejamento do plano de contas .......................................................... 51
4.3.2 Composição do plano de contas ............................................................ 51
4.3.3 Estrutura do plano de contas ................................................................. 52
4.3.4 Modelo de um plano de contas ............................................................... 52
Conclusão da aula 4 .............................................................................................. 57
Aula 5 – Registro contábil ...................................................................................... 57
Apresentação da aula 5 ......................................................................................... 57
5.1 Conceito ................................................................................................... 58
5.1.1 Conceito de Registro Contábil ............................................................... 58
5.1.2 Função do Registro Contábil .................................................................. 58
5.2 Métodos de escrituração ........................................................................... 59
5.2.1 Métodos das partidas simples ................................................................ 59
5.3 Métodos das partidas dobradas ................................................................ 59
5.3.1 Atos e fatos administrativos ................................................................... 60
5.3.2 Atos administrativos ............................................................................... 61
5.3.3 Fatos administrativos ............................................................................. 61

6
5.4 Escrituração segundo métodos das partidas dobradas ............................. 62
5.5 Lançamentos ............................................................................................ 63
5.5.1 Elaboração do lançamento .................................................................... 63
5.5.2 Fórmulas de lançamento ....................................................................... 64
Conclusão da aula 5 .............................................................................................. 65
Aula 6 – Razonete e balancete de verificação ............................................................. 65
Apresentação da aula 6 ......................................................................................... 65
6.1 Razonete .................................................................................................. 66
6.2 Balancete de verificação ........................................................................... 68
6.2.1 Finalidade do balancete ......................................................................... 69
6.2.2 Estrutura do balancete ........................................................................... 70
6.3 Balancete de duas colunas de valores monetários ................................... 70
6.3.1 Balancete de quatro colunas de valores monetários .............................. 70
6.3.2 Balancete de quatro colunas de valores monetários .............................. 71
6.3.3 Elaboração do balancete ....................................................................... 72
6.4 Modelo de balancete ................................................................................. 73
6.4.1 Registros no livro diário: lançamentos .................................................... 73
6.4.2 Transcrição dos registros no livro razão: razonetes ............................... 75
6.4.3 Elaboração do balancete de verificação ................................................ 78
Conclusão da aula 6 .............................................................................................. 79
Aula 7 – Apuração do resultado do exercício ......................................................... 79
Apresentação da aula 7 ......................................................................................... 79
7.1 Roteiro para apuração do resultado ......................................................... 80
7.1.1 Despesa ............................................................................................... 80
7.1.2 Receita ................................................................................................. 81
7.1.3 Custos .................................................................................................. 81
7.1.4 Lucro ou prejuízo .................................................................................. 81
7.2 Procedimentos e contabilização .............................................................. 82
7.3 Depreciação linear e soma dos dígitos ..................................................... 86
7.3.1 Métodos de depreciação ....................................................................... 86
7.4 Resultado com mercadoria ...................................................................... 87
7.4.1 Valor das mercadorias compradas ....................................................... 87
7.4.2 Valor das vendas de mercadorias ......................................................... 88
7.4.3 Apuração do custo da mercadoria vendida ........................................... 88
Conclusão da aula 7 .............................................................................................. 89
Aula 8 – O resultado do exercício e sua destinação ............................................... 89
Apresentação da aula 8 ......................................................................................... 89
8.1 Demonstração do resultado do exercício ................................................ 89
8.1.1 Elaboração da DRE ............................................................................. 93

7
8.2 Balanço patrimonial após encerramento ................................................. 94
8.2.1 Balanço patrimonial: conceito e finalidade .............................................. 95
8.2.2 Apresentação do balanço patrimonial ..................................................... 95
8.2.3 Estrutura do balanço patrimonial ............................................................ 96
8.2.4 Modelo de balanço patrimonial ............................................................... 96
8.2.5 Passos para elaborar o balanço patrimonial ........................................... 97
Conclusão da aula 8 .............................................................................................. 98
Índice Remissivo ................................................................................................... 101
Referências ........................................................................................................... 107

8
Prefácio

Olá, aluno. Nesta disciplina você vai conhecer os principais conteúdos da


contabilidade, ciência que registra, controla e analisa o patrimônio das
empresas. É necessário observar que todo esse processo é realizado para que
as pessoas físicas e jurídicas tomem decisões com as informações patrimoniais
fornecidas pela contabilidade.
É importante ressaltar que a contabilidade não deve ser vista como uma
ciência que apenas auxilia o governo no controle das organizações, mas que
auxilia as empresas, de modo geral, a tomarem suas decisões mediante a
apresentação de relatórios, em que constam todas as movimentações possíveis
de mensuração monetária registradas pela contabilidade.
Sócios, administradores, investidores e interessados analisam esses
resultados obtidos e divulgados pela contabilidade e tomam decisões em relação
ao futuro da organização. Assim, iniciaremos com uma breve introdução sobre a
ciência contábil, sua história e aplicabilidade. Vamos lá?

9
Aula 1 – Introdução à contabilidade

Apresentação da aula 1

A contabilidade é uma ciência social aplicada que estuda, controla,


organiza e avalia o patrimônio de uma entidade, seja ela física ou jurídica, por
meio da execução de serviços técnicos de modo permanente.
Toda organização é criada para suprir a uma determinada finalidade, seja
para resultados financeiros, sociais e até mesmo para expansão. No entanto, a
grande maioria delas têm por principal objetivo a lucratividade, para atuar no
mercado com eficiência e dispondo de clientes satisfeitos, que precisam cada
vez mais que os processos pertinentes a ela sejam executados de maneira
impecável, para que os serviços ou os produtos finais sejam os esperados e
estipulados no planejamento da organização.

1.1 Conceito

Pode-se definir a contabilidade como:

o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a


tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e
sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. Com o
passar do tempo, o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar
impostos e a torna obrigatória para a maioria das empresas (MARION,
2009).

O sucesso de toda organização está atrelado não apenas em prestar


serviços de qualidade ou comercializar produtos de primeira linha, mas,
principalmente, a um controle rigoroso de todas as operações pertinentes ao
estoque e seus respectivos valores.
Somente no século XIX a contabilidade foi reconhecida como ciência. Seu
nome é derivado do termo da escola italiana contabilità, que significa registro de
contas. Franco (1997, p. 21) afirma que a contabilidade é:

[...] a ciência que estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio das


entidades, mediante o registro, a classificação, a demonstração
expositiva, a análise e a interpretação desses fatos, com o fim de
oferecer informações e orientação – necessárias à tomada de decisões

10
– sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado
econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial.

A partir dessa definição de contabilidade, existem vários pontos a


destacar, entre eles:

 Estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio: transformação


patrimonial;

 Registra, classifica e demonstra: por meio da técnica da escrita


contábil classifica para registrar, dentro do grupo de contas, a que
pertence o fato patrimonial e demonstra, por meio dos
demonstrativos contábeis, sendo o principal deles o balanço
patrimonial;

 Analisa e interpreta os fatos: o registro possibilita a


transformação dos fatos contábeis e a análise e interpretação do
impacto do fato no patrimônio;

 Oferece informações e orientação: por intermédio do produto


final da contabilidade, que são os demonstrativos, é possível
analisar as informações e orientar procedimentos, possibilitando a
tomada de decisão imediata, de curto e longo prazo;

 Variações do resultado econômico: são as variações que


acontecem no patrimônio, sem que haja a aplicação de recursos.

1.1.1 História da contabilidade

Pode-se afirmar que a história da contabilidade surge com a própria


história da civilização humana. Nesse sentido, a partir do momento em que o
homem deixa de ser nômade e fixa sua residência há a necessidade de
demarcar os domínios sobre a terra, que passa a ser o primeiro patrimônio do
homem. Assim, torna-se primordial que esses domínios que compõem o
patrimônio do homem primitivo sejam registrados e respeitados pelos demais.

11
A partir do momento em que o homem deixa de caçar e coletar frutas, se
inicia uma organização voltada para a agricultura e pastoreio, é concebida uma
nova ordem econômica acerca do direito do uso e propriedade do solo, resultante
dessa separação da vida comunitária e nômade, fazendo surgir divisões sociais
e o senso de propriedade. Nesse momento, o homem passa a criar a sua
riqueza.

Patrimônio
Fonte: https://gestaodesegurancaprivada.com.br/wp-content/uploads/O-que-e-
Patrimonio.jpg

No momento em que morria, o legado desta pessoa não era dissolvido,


mas transferido em forma de herança aos filhos ou parentes. A herança recebida
da pessoa falecida denominava-se patrimônio, fazendo referência aos bens
deixados pelos pais (do latim, pater; patris), esse termo passou a ser utilizado
para quaisquer valores, mesmo que eles não tivessem referência direta ou
indireta à herança.
A necessidade de registros do comércio resultou no surgimento da
contabilidade, em que surgem indícios de que as primeiras cidades comerciais
eram dos fenícios, não sendo exclusividade deles, pois as atividades de
comércio eram exercidas nas principais cidades da Antiguidade.

12
Curiosidade
Na Babilônia, já se faziam as cobranças de impostos com escritas, embora
fossem muito rudimentares. No Egito, um escriba contabilizou os negócios
efetuados pelo governo no ano 2000 a.C.

A partir do momento em que o homem começou a possuir maiores


quantidades de valores e posses, a preocupação passou a ser o quanto
poderiam ter de rendimento e qual a forma mais simplificada de ampliar sua
propriedade e essas informações, por não serem fáceis de memorizar quando já
em maior volume, criando a necessidade de se ter registros desses eventos.
Para que se pudesse prestar contas das primeiras administrações
particulares, surge a necessidade de controle, que deve ser feito com o devido
registro e com o desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de
escrever) no Egito Antigo, que facilitou extraordinariamente o registro de
informações sobre negócios feitos.

Importante
É importante frisar que, naquele tempo, não havia o crédito, ou seja, as compras,
vendas e trocas eram à vista. Posteriormente, empregavam-se ramos de árvore
assinalados como prova de dívida ou de quitação dela.

No momento em que as operações econômicas assumem um grau de


complexidade maior, o seu controle acaba se reformulando, a exemplo das
escritas do governo da República Romana (200 a.C.) que já traziam em seus
registros receitas de caixa classificadas como rendas e lucros, assim como as
despesas compreendidas nos itens salários, perdas e diversões.
No Período Medieval, ocorreram diversas inovações na contabilidade,
introduzidas por governos locais e pela igreja. Contudo, é somente na Itália que
surge o termo Contabilitá, para definir a contabilidade como ciência.

13
1.1.2 A contabilidade nas citações bíblicas

Para fins históricos, serão apresentados alguns relatos bíblicos


interessantes sobre os controles contábeis, um dos quais presentes na Bíblia,
em passagem em que o próprio Jesus cita, em Lucas, capítulo 16, versículos 1
a 7: o administrador que fraudou seu senhor, alterando os registros de valores a
receber dos devedores. No tempo de José, no Egito, houve tal acumulação de
bens que perderam a conta do que se tinha (GÊNESIS, p. 41-49).
Em outra passagem bíblica, cita que houve um homem muito rico, de
nome Jó, cujo patrimônio foi detalhadamente inventariado no livro de Jó, capítulo
1, verso 3. Depois de perder tudo, ele recupera os bens, e um novo inventário é
apresentado em Jó, capítulo 42, verso 12. Os bens e as rendas de Salomão
também foram inventariados em 1º Reis 4.22-26 e 10.14-17.
Em outra parábola de Jesus, há citação de um construtor, que faz contas
para verificar se o que dispunha era suficiente para construir uma torre (LUCAS
14.28-30). Ainda, se relata a história de um devedor, que foi perdoado de sua
dívida registrada (MATEUS 18.23-27). Tais relatos comprovam que, nos tempos
bíblicos, o controle de ativos era prática comum.

1.1.3 Evolução da história da contabilidade

Sabendo que a origem da contabilidade é muito antiga, pois, segundo


historiadores, desde tempos remotos existem indícios de controles rudimentares,
o homem já se preocupava em controlar sua riqueza, determinar suas
propriedades e avaliá-las, a fim de verificar sua evolução por meio de registros
da riqueza patrimonial.
Contudo, a contabilidade desenvolveu-se como um sistema de controle
patrimonial, no momento em que o Frei Luca Paccioli, que, por muitos autores,
é considerado o pai da contabilidade, escreveu e publicou sua famosa obra
Summa de Arithmetica, Proportioni et Proportionalita (século XV), que descreve,
em um dos seus capítulos, o método para registro e controle do patrimônio das
entidades, denominado método das partidas dobradas. A partir desse momento,
diversos trabalhos são publicados, provocando grandes discussões sobre a

14
teoria contábil (IUDÍCIBUS, 1997, p. 30). No Brasil, a Contabilidade pode ser
dividida em dois estágios.
O primeiro estágio é compreendido em anterior a 1964, em que pode-se
destacar que em 1908 ocorreu uma das primeiras manifestações da classe
contábil com a publicação do alvará, obrigando os contadores gerais a aplicarem
o método das partidas dobradas na escrituração contábil. O Código Comercial
Brasileiro de 1850 foi umas das primeiras legislações na área contábil. A partir
de sua promulgação, tornou-se obrigatória a escrituração contábil e a elaboração
anual da demonstração do balanço geral.
Em 1890, a Escola Politécnica do Rio de Janeiro passou a ofertar as
disciplinas de Direito Administrativo e Contabilidade, seguindo uma tendência
em colocar a contabilidade como uma disciplina ligada ao curso de Direito. Em
20 de abril de 1902, surgiu a Escola Prática de Comércio Álvares Penteado, que
teve, em 9 de janeiro de 1905, o reconhecimento oficial do curso de guarda-livros
e de perito-contador. Em 1946, foi criada a faculdade de Ciências Contábeis da
USP e é também desse ano a criação do Conselho Federal de Contabilidade
(CFC) (IUDÍCIBUS, 1997, p. 36-37).

Saiba mais
A contabilidade foi a primeira profissão regulamentada no Brasil, surgindo com
a criação do ensino comercial, em 1931, viabilizando os negócios e acelerando
o desenvolvimento econômico.

O segundo estágio é compreendido a partir de 1964, que foi marcado,


principalmente, pela apresentação do método de ensino norte-americano pelo
professor José da Costa Boucinhas. Neste mesmo ano, ocorreu a promulgação
e implantação da Lei 4.320 (estatui normas gerais de direito financeiro para
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal).
No ano de 1971, ocorreu a criação e publicação do livro de Contabilidade
Introdutória por professores da USP. A Contabilidade no Brasil teve um
importante estímulo legal em 1972, quando o Banco Central publicou as
circulares nº 178, que tornava obrigatório o registro do auditor independente,
15
exclusivo para contadores e nº179, que tratava dos princípios e normas da
contabilidade, oficializando a expressão: Princípios de Contabilidade Geralmente
Aceitos (PCGA).
No ano de 1976, ocorreu a promulgação da Lei. 6404, que regulamentava
as Sociedades por Ações e no mesmo ano foi criada a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM). No ano seguinte, a CVM editou uma norma sobre a Correção
Integral de Balanço (IUDÍCIBUS, 1997, p. 36-37).

1.2 Finalidade da contabilidade

Para Franco (1997, p. 19), o objetivo da Contabilidade é “fornecer


informações, interpretações e orientações sobre a composição e as variações
do patrimônio, para a tomada de decisões de seus administradores”. Atualmente,
na contabilidade, existem duas principais finalidades:

 Planejamento: a informação contábil pode ser um suporte robusto


para o planejamento, quando torna claras situações futuras, por
meio de padrões pré-estabelecidos e que auxiliam na tomada de
decisões;

 Controle: está ligado a todas as atividades da organização,


auxiliando para que sua missão seja cumprida de forma contínua.

Reflita
Qual a importância da contabilidade para o planejamento e controle das
entidades?

Um dos principais objetivos da Contabilidade é o de prestar contas de


seus registros aos seus investidores e usuários, feito por meio de
demonstrativos, sendo que, o principal deles é o balanço patrimonial, o qual será
assunto nas próximas aulas. O objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio
das empresas (pessoas jurídicas) e das pessoas físicas. A contabilidade é uma

16
ciência social aplicável irrestritamente a todas as organizações, com ou sem fins
lucrativos.

1.2.1 Função da contabilidade

Uma das principais funções da contabilidade é divulgar informações


gerenciais para o processo de tomada de decisão. Mediante o conhecimento
dessas informações divulgadas pela contabilidade, pode-se verificar se a
produção de um determinado período da empresa, as transformações ocorridas
no patrimônio e a geração de resultados das atividades foram satisfatórios,
possibilitando, assim, a comparação de resultados com períodos anteriores e a
sua projeção de resultados futuros.
Franco (1997, p. 19) ensina que a função da contabilidade é [...] registrar,
classificar, demonstrar, auditar e analisar todos os fenômenos que ocorrem no
patrimônio das entidades, objetivando fornecer informações, interpretações e
orientação sobre a composição e as variações do patrimônio, para a tomada de
decisões de seus administradores.
Favero et al (1997, p. 13) acrescentam que a contabilidade pretende [...]
analisar, interpretar e registrar os fenômenos que ocorrem no patrimônio das
pessoas físicas e jurídicas, buscando demonstrar a seus usuários, por meio de
relatórios próprios, como: Demonstração de Resultado do Exercício (DRE),
Demonstração das Mutações de Patrimônio Líquido (DMPL) ou Demonstração
de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA), Balanço Patrimonial (BP),
Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) e outros, as
informações diversas sobre a empresa, tais como: análises de estrutura, de
evolução, de solvência, de garantia de capitais próprios e de terceiros, os
bancos, as financeiras e os clientes etc.
Ainda dentro dessas funções citadas pelos autores, existe ainda uma das
principais funções da contabilidade, que é a de informar ao usuário interessado
dados e informações verídicas e importantes sobre a organização.

17
1.3 Usuários da contabilidade

São chamamos usuários da contabilidade os indivíduos que se beneficiam


e necessitam da informação produzida por ela. Os usuários da contabilidade são
agentes internos e externos da entidade, caracterizados da seguinte maneira:

 Agentes internos: são todos os indivíduos que têm relação direta


com a organização. Nesse caso, esses agentes têm facilidade de
acesso às informações contábeis, como agentes internos: os
gerentes, que utilizam a informação contábil para a tomada de
decisão; os colaboradores, que têm interesse em almejar melhores
condições trabalhistas e a diretoria da organização, que se utiliza
da informação contábil para planejar e controlar as ações
organizacionais;

 Agentes externos: são todos os indivíduos que têm relação


indireta com a organização. Nesse caso, precisam de fontes para
acessar essas informações; como agentes externos: os bancos,
que utilizam a informação para a concessão de créditos e
financiamentos; os concorrentes, que utilizam a informação
contábil para conhecer a situação da empresa no mercado; o
governo, que procura saber o montante de receitas e despesas
geradas no período, pois esse procedimento dá condições de
saber se a organização cumpre seu papel social, sem haver
sonegação fiscal; os fornecedores, que têm interesse em conhecer
a capacidade de pagamento da entidade para poder continuar ou
não vendendo a prazo, medindo, assim, a capacidade de
pagamento futura da entidade; os clientes, que querem saber a
integridade da entidade e a garantia de que sua compra será
atendida no prazo acordado e os investidores, que utilizam a
informação contábil para identificar a situação econômico-
financeira, tendo garantias do valor investido.

18
1.4 Técnicas contábeis

Para realizar o controle patrimonial, a contabilidade desenvolveu algumas


técnicas:

 Escrituração: é o registro de todas as transações realizadas pelas


empresas.

A Contabilidade utiliza vários livros para registrar os fatos contábeis,


controlar o patrimônio e atender às exigências legais e de fiscalização. A
necessidade, quantidade e a natureza dos livros alteram em função do porte, da
forma jurídica de constituição da empresa e do seu ramo de atividades
econômicas.
Para ter validade jurídica e fiscal, os livros de escrituração obrigatórios
devem conter algumas formalidades legais extrínsecas e intrínsecas (Decreto
Federal 64.567).

 Formalidades extrínsecas (externas): são requisitos que os livros


devem conter, antes de serem escriturados: numeração mecânica,
termos de abertura e encerramento, registro na repartição competente
e encadernação;

 Formalidade intrínseca (interna): são requisitos que o


contabilista deve observar ao preencher os livros, tais como: sem
rasuras, borrões ou emendas, em ordem cronológica, clareza,
exatidão, sem registros nas entrelinhas e nas margens.

A escrituração das variações patrimoniais ocorridas em uma empresa é


feita nos livros contábeis, auxiliares, fiscais, trabalhistas e societários.
Apresentam-se, no quadro a seguir, livros previstos pela legislação brasileira.
Serão abordados apenas os dois principais livros da contabilidade.

19
1.4.1 Livros contábeis e fiscais

Na contabilidade, os livros destinam-se à escrituração dos atos e fatos


contábeis que ocorrem em uma empresa, de forma obrigatória. Nesse sentido,
é exatamente esta a sua função: documentar toda a movimentação da
escrituração.

1.5 Livro diário

No Livro Diário são registradas diariamente todas as operações que


afetam a situação patrimonial e de resultado da empresa, é um livro de registro
obrigatório pelo Código Civil, que regula o direito de empresas, está sujeito às
formalidades intrínsecas e extrínsecas, não excluindo a empresa da obediência
e cumprimento às formalidades descritas anteriormente. Os registros devem ter
ordem cronológica de data e sequencial de lançamento, de todos os registros
efetuados na contabilidade durante o período.

Relação de livros contábeis


Relação de Livros usados na Contabilidade
Código Civil Diário Lei n. 10.406/02 Código Civil
Registro de Duplicatas (em desuso) Lei n.
5.474/68
Legislação societária Lei n. Atas das assembleias gerais
6.404/76 Regula as Presença de acionistas
sociedades por ações; ver Atas das reuniões da diretoria
capítulo IX, Art. 100 Atas das reuniões do conselho de administração
Atas de pareceres do conselho fiscal
Registro de ações nominativas
Registro de transferência de partes beneficiárias
nominativas
Registro de partes beneficiárias endossáveis
Registro de debêntures endossáveis
Registro de bônus de subscrição endossáveis
Registro de transferência de ações nominativas
Legislação tributária Apuração do imposto do lucro real (LALUR)
Decreto-Lei n. 1.598/77
Apuração do IPI
Apuração do ICMS
Apuração do ISS
Registro de entradas

20
Registro de saídas
Registro de controle de produção e de estoque
Registro de selo especial de controle
Registro de impressão de documentos fiscais e
termos de ocorrência
Registro de inventário Livro Razão (Lei n.
8.218/91)
Livro Caixa (Lei n. 8.541/92) para pessoas
jurídicas que optarem pela tributação com base no
lucro presumido
Legislação trabalhista – CLT Registro de empregados
Registro de inspeção do trabalho
Livros facultativos Livro conta corrente
Livro controle de contas a receber
Livro controle de contas a pagar
Livro Caixa (exceto para as entidades que
optarem pela tributação com base no lucro
presumido).
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Modelo de livro diário


Livro Diário
Empresa Exemplo Ltda.
CNPJ: 01.234.567/0001-89
Data Conta Débito Conta Crédito Histórico Valor
12/05/200 Caixa Capital Social Integralização do capital 5.000,00
5 referente ao Sócio 1.
12/05/200 Caixa Capital Social Integralização do capital 1.000,00
5 referente ao Sócio 2.
12/05/200 Computadore Capital Social Integralização de parte do 3.000,00
5 s capital com um computador,
modelo X, do sócio 2.
12/05/200 Móveis Capital Social Integralização de parte do 1.000,00
5 capital do sócio 2, com móveis
para o escritório.
Fonte: www.juliobattisti.com.br/tutoriais/rodrigosfreitas/conhecendocontabilidade
010.asp

1.5.1 Livro razão

O livro Razão é um livro auxiliar, obrigatório pela legislação comercial, os


registros são apresentados na ordem das contas, ou seja, a partir da ordem
cronológica de acontecimentos dentro da mesma conta, serão listadas todas as
contas que tiveram saldo ou lançamentos no período.

21
O Livro Razão possibilita o conhecimento do volume das operações de
cada elemento do patrimônio, pois se abre uma folha para cada conta,
registrando todas as operações que afetam e alteram a respectiva conta. A
qualquer momento é possível apurar o saldo das contas. Durante muito tempo,
o Livro Razão era um livro facultativo, mas, a partir de 1991, sua escrituração
passou a ser obrigatória (Art. 14, da Lei n. 8.218, de 29/08/1991).

Modelo de Livro Razão


Livro Diário
XPTO Comércio Ltda. Data:
CNPJ: 01.234.567/0001-89 Período:
Conta: Bancos Conta Movimento – Bradesco S/A
Data Histórico da Débito Crédito Saldo
Operação
01/01/2008 Saldo Inicial 1.000,00 D
02/01/2008 Depósito 500,00 1.500,00 D
02/01/2008 Cheque nº 050070 200,00 1.300,00 D
Totais 500,00 200,00 1.300,00 D
Fonte: www.portaldecontabilidade.com.br

Livros Fiscais: são documentos que trazem todos os registros fiscais da


empresa, são livros exigidos pelos entes públicos nas esferas Municipais,
Estaduais e Federal.

 Registro de Entrada: finalidade de registrar todas as aquisições


realizadas pela empresa;

 Registro de Saídas: registra operações de venda ou outras saídas


que a empresa realize;

 Registro de Controle da Produção e do Estoque:


o livro de Registro e Controle da Produção e do Estoque é para as indústrias e
estabelecimentos equiparados, estabelecido pelo Regulamento do IPI;

22
 Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de
Ocorrência;

 Um dos livros mais importantes para a fiscalização ou auditagem


de uma empresa, pois é nele que ficam registradas as informações
correspondentes à última fiscalização.

 Registro de Inventário

Neste livro, a empresa realiza o lançamento dos saldos das mercadorias


e materiais não comercializados ou consumidos durante o exercício comercial;
ele é destinado ao controle das mercadorias.

 Registro de Apuração de ICMS


O livro de registro de apuração do ICMS é o livro encarregado da conta
corrente do ICMS.

 Livro de Movimentação de Combustível (LMC);


o LMC destina-se ao registro diário pelo posto revendedor de combustíveis
líquidos e gasosos, dos estoques e de movimentação de compra e venda de
gasolina, óleo diesel, querosene iluminante, álcool etílico hidratado carburante,
mistura metanol/etanol/gasolina e gás automotivo.

 Livro de Controle de Crédito do Ativo Permanente (CIAP)


O documento denominado "Controle de Crédito de ICMS do Ativo
Permanente – CIAP" se destina ao controle do crédito do ICMS relativo à
aquisição de bens destinados ao ativo permanente.
Todos os livros são facilmente encontrados nas papelarias, podendo, também,
ser utilizado o Sistema Eletrônico de Processamento de Dados (SEPD) para sua
escrituração.

Demonstrações contábeis: refere-se à exposição ordenada do


patrimônio registrado, de acordo com a formatação especificada na Lei n.
6.404/76 (Lei das S/A), Lei n. 11.638/2007 (Nova Lei das S/A), nas normas da

23
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Instituto dos Auditores
Independentes do Brasil (IBRACON). De acordo com a Lei das S/A, as
demonstrações que as empresas devem elaborar são: Balanço Patrimonial (BP);
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); Demonstração do Lucro e
Prejuízo Acumulado (DLPA); Demonstração das Mutações do Patrimônio
Líquido (DMPL); Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) e Demonstração do
valor adicionado (DVA), somente para companhias abertas;

 Auditoria: consiste em verificar a veracidade da situação patrimonial;

 Análise de balanços: consiste em examinar as demonstrações, para


identificar os pontos positivos e negativos da gestão empresarial.

1.6 Campo de aplicação da contabilidade

Primeiramente, uma definição muito importante sobre o objeto de estudo


da Contabilidade, em que Franco (1997, p.19) afirma que o patrimônio e seu
campo de aplicação, o das entidades econômico-administrativas, assim
chamadas aquelas que para atingirem seu objetivo utilizam os bens patrimoniais
e necessitam de um órgão administrativo que pratica os atos de natureza
econômica e financeira necessários a seus fins.
A Resolução 774, de 16 de dezembro de 1994, do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC, 2000, p. 30), definiu o patrimônio como o conjunto de bens,
direitos e obrigações pertencentes a uma pessoa física ou a um conjunto de
pessoas, ou ainda uma sociedade ou instituição de qualquer natureza,
independentemente da sua finalidade, em seu aspecto econômico / financeiro e
dinâmico, que apresenta as variações sofridas pela riqueza patrimonial, nos seus
aspectos qualitativos e quantitativos.
A Resolução do CFC caracteriza que, por aspecto qualitativo do
patrimônio, entende-se a natureza dos elementos que o compõem, como
dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas,
estoques de materiais ou de mercadorias etc.

24
1.6.1 Classificação da ciência contábil

Com relação ao estudo da Contabilidade, há uma quase unanimidade em


classificá-la no campo das ciências sociais aplicadas, ainda que uns poucos
defendam a tese de que seja enquadrada no rol das ciências exatas. Quanto ao
objeto de estudo da Contabilidade, pequenas variações também ocorrerão,
marcadamente em função de o estudioso se encontrar no grupo da chamada
escola europeia, ou no grupo da escola norte-americana de contabilidade
(TEIXEIRA, 2006).

1.6.2 Ramos de atuação da contabilidade

Inicialmente, a estrutura da contabilidade é voltada para a necessidade de


registro dos fatos de comércio, seu campo de atuação foi ampliando e se
ramificando para registrar e controlar as finanças governamentais, os negócios
de indústrias, bancos, entidades de financiamento, seguros, pecuária,
agricultura, prestadores de serviços, entidades sem fins lucrativos e de todo tipo
de entidades que foram surgindo ao longo do tempo e que necessitam de
controle patrimonial, econômico e financeiro (TEIXEIRA, 2006).
Esses são alguns ramos de atuação da contabilidade. O método de
registro dos fatos contábeis (método das partidas dobradas) é igual para todos
os ramos. Contudo, cada entidade tem suas próprias características e, por
consequência, fatos contábeis distintos.

Conclusão da aula 1

Chegamos ao final da nossa primeira aula, em que tivemos nosso primeiro


contato com a contabilidade, destacando seu conceito e finalidade das
informações produzidas e a quais usuários ela se destina. Nela, você aprendeu
sobre a história e o surgimento da contabilidade, suas principais evidências e
importância na história da humanidade.

25
Atividade de aprendizagem

A partir da história da ciência contábil explanada neste capítulo, pesquise em


jornais, revistas, boletins e internet, o que as empresas esperam da
contabilidade nos dias atuais, e como essa ciência poderá contribuir com o
crescimento econômico.

Aula 2 – O Patrimônio das empresas

Apresentação da aula 2

Olá, aluno. Nesta aula estudaremos os principais conceitos dos elementos


da contabilidade, conhecendo-os e familiarizando com eles, pois estarão
presentes no dia a dia profissional.

2.1 Conceito de patrimônio

Quando se fala em patrimônio, a primeira ideia que se tem é algo


relacionado a tudo o que a pessoa possui, ou seja, nas propriedades ou algo
físico. Mas, com a evolução das relações comerciais, o patrimônio agregou
também os direitos e as obrigações das pessoas. Assim, o patrimônio é
compreendido pelo conjunto dos bens, direitos e obrigações.

2.1.1 Bens

Os bens são os elementos que podem ser avaliados monetariamente e


são destinados ao uso, troca ou venda. Os bens possuem utilidade, pois
satisfazem as necessidades de seus proprietários. Na sequência, apresenta-se
uma breve classificação de bens importantes na contabilidade:

26
Classificação dos bens
Bens Definição
Permanentes São bens que possuem vida longa e são adquiridos para
serem utilizados na empresa, ou seja, não são destinados à
venda. Ex: veículos, máquinas e ferramentas.
Consumo São adquiridos para utilização dentro da empresa e que
serão consumidos a curto prazo, geralmente dentro do
próprio exercício em que foram adquiridos. Ex: material de
expediente e material de limpeza.
Móveis São bens suscetíveis de remoção sem dano em seu estado
físico e de utilização. Ex: veículos, animais, máquinas,
móveis e equipamentos.
Imóveis São bens que não podem ser deslocados de seu lugar de
origem (solo e subsolo) sem dano físico ou de utilização, ou
ainda aqueles que, se deslocados, terão que ser total ou
parcialmente danificados. Ex: casa, terreno, edifício,
reflorestamento etc.
Corpóreos Sãos bens que constituem corpo físico, ou seja, possuem
(tangíveis) matéria e podem ser tocados. Ex: carros, máquinas,
mercadorias, enfim, a grande maioria dos bens.
Incorpóreos São bens que não constituem matéria, ou seja, não podem
(intangíveis) ser tocados. Mesmo assim, são passíveis de avaliação
econômica e devem ser registrados na contabilidade por
seu valor de mercado. Ex: nome comercial, benfeitoria em
imóvel de terceiros, fundo de comércio, marca, patente,
licença de uso de direitos autorais, licença de uso de marca,
entre outros.
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

2.1.2 Direitos

Direitos são os elementos que representam os bens que estão em poder


de terceiros e, por via de regra geral, aparecerão acompanhados das expressões
“a receber”, “a compensar”, a “recuperar”, “a creditar”, ou outra semelhante,
indicando uma promessa de recebimento ou que permita recuperar parte do bem
transferido.
Contribuições a receber e títulos a receber são claros exemplos de
direitos, já adiantamento concedido, mesmo não contendo nenhuma expressão,
trata-se de um direito, porque alguém recebeu esse adiantamento e deverá
promover a devolução desse valor recebido.
Em resumo, os Direitos são bens em recursos financeiros de propriedade
da empresa, que se encontram momentaneamente em poder de terceiros, sejam

27
eles duplicatas a receber, clientes (em casos de compras a prazo), contas a
receber, impostos a recuperar (quando se possui um crédito tributário junto ao
governo) etc.

2.1.3 Obrigações

São as responsabilidades de honrar os pagamentos por bens adquiridos


ou despesas realizadas que representam bens de propriedade de terceiros, mas
que estão em poder da empresa ou dívidas contraídas em virtude de despesas.
Ao adquirir um bem ou contratar um serviço, tanto um quanto o outro devem ser
pagos.
Portanto, nestes casos, existe uma obrigação, que pode ser melhor
compreendida como uma dívida que poderá ser paga imediatamente ou a prazo.
As obrigações na Contabilidade receberão sempre um nome técnico de exigível,
por se exigir da empresa o pagamento das dívidas. Dessa maneira, quando a
empresa compra mercadoria a prazo, ela passa a ter a obrigação de pagar o
valor da compra no prazo combinado com o fornecedor.
As despesas sempre vão gerar também um pagamento, logo, uma
obrigação que representará as dívidas com terceiros, ou seja, com as pessoas
ou fornecedores de fora da empresa, e serão destacadas com as expressões: “a
pagar”, “a recolher”, “passivos”, “a liquidar” ou outras semelhantes.

2.1.4 Objeto de estudo da contabilidade: o patrimônio

Um dos principais objetivos da Contabilidade é controlar o patrimônio das


organizações, por este motivo, o patrimônio torna-se o objeto de estudo da
contabilidade. Todas as movimentações realizadas, sejam elas operações de
compra, venda, pagamentos e recebimentos, que são executadas diariamente
pelos gestores e colaboradores das entidades, terão condições de fornecer
informações sobre a situação patrimonial, econômica e financeira da empresa,
sempre que solicitada, por efetuar esses fatos contábeis.

28
2.1.5 Aspectos qualitativos e quantitativos do patrimônio

O patrimônio das organizações é analisado sob os aspectos da qualidade


e da quantidade. Os aspectos qualitativos são as terminologias de cada um dos
elementos que compõem o patrimônio, por exemplo, as contas Caixa e bancos,
que são os bens numerários, estoque de mercadorias e produtos acabados, que
são os bens de venda; veículos e imóveis para alugar, que são os bens de renda
da entidade; máquinas e equipamentos e materiais de uso e consumo, que são
os bens de uso, a exemplo os materiais para escritório.
Os aspectos quantitativos são os elementos patrimoniais expressos em
valores monetários. Por exemplo: máquinas e equipamentos R$ 10.000.

2.2 Representação gráfica e equação patrimonial

Para alcançar seu objetivo de fornecer informações sobre a situação


patrimonial, a contabilidade precisava representar o patrimônio de alguma forma
e a maneira escolhida foi representar em forma gráfica (forma de “T”), conforme
o modelo a seguir:

Representação gráfica do patrimônio


Fonte:https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4053646/mod_resource/content/1/AULA
%203.pdf

O lado esquerdo é denominado contabilmente de ativo, porque é


composto pelos bens e pelos direitos (contas a receber), que formam o conjunto
dos elementos positivos da empresa e o direito de passivo, que recebe este

29
nome porque é composto pelas obrigações (contas a pagar), que formam o
grupo dos elementos negativos da empresa.

2.2.1 Equação fundamental do patrimônio

A Equação Fundamental do Patrimônio, também chamada de Equação


Contábil Básica; é uma fórmula que representa a relação do ativo, passivo e
capital social, evidenciando o equilíbrio patrimonial.

Equação Fundamental do Patrimônio


Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido
Bens + Direitos = Obrigações + Patrimônio Líquido
Bens + Direitos = Obrigações + (Capital + Reservas + Lucro)

2.2.2 Patrimônio líquido ou situação líquida

O Patrimônio Líquido (PL) é a representação da diferença entre o Ativo e


o Passivo. O passivo, neste momento, é entendido apenas como o total das
obrigações exigíveis.
Patrimônio Líquido
PL = Ativo – Passivo Ou PL = Bens + Direitos – Obrigações

2.2.3 Situações líquidas patrimoniais possíveis

Os elementos do patrimônio podem estar configurados com diversos


valores e, consequentemente, irão gerar situações líquidas patrimoniais
diferenciadas, que poderão ser: positiva, negativa ou nula.

 Situação líquida positiva, ativa ou superavitária

Situação Líquida positiva


Balanço Patrimonial
Ativo (A) Passivo (P)
Bens (B) 100 Obrigações (O) 50
Direitos (D) 80 Patrimônio
Líquido (PL) 130
Total Ativo 180 Total Passivo 180

30
Ativo > Obrigações
A = O + PL
O = A - PL
PL = A - O
Ativo > zero
PL > zero

 Situação líquida negativa e passiva, deficitária e passiva a


descoberto

Situação Líquida negativa


Balanço Patrimonial
Ativo (A) Passivo (P)
Bens (B) 80 Obrigações (O) 80
Direitos (D) 30 Patrimônio
Líquido (PL) 30
Total Ativo 110 Total Passivo 110

Ativo < Obrigações


A = O – PL
O = A + PL
PL = O – A
Ativo > zero
Obrigações > zero
PL < zero

 Situação nula

Situação Nula
Balanço Patrimonial
Ativo (A) Passivo (P)
Bens (B) 170 Obrigações (O) 200
Direitos (D) 30 Patrimônio
Líquido (PL) 00
Total Ativo 200 Total Passivo 200

Ativo = Obrigações

31
A=O
O=A
PL = ZERO
Ativo > zero
Obrigações > zero
PL = zero

 Situação líquida de inexistência de ativo

Situação de inexistência de ativo


Balanço Patrimonial
Ativo (A) Passivo (P)
Bens (B) 00 Obrigações (O) 100
Direitos (D) 00 Patrimônio
Líquido (PL) (100)
Total Ativo 00 Total Passivo 00

Ativo < Obrigações


A = ZERO
O = A + PL
PL = A – O
Ativo = zero
Obrigações > zero
PL < zero

 Situação líquida plena ou inexistência de passivo

Situação de inexistência de ativo


Balanço Patrimonial
Ativo (A) Passivo (P)
Bens (B) 70 Obrigações (O) 00
Direitos (D) 30 Patrimônio
Líquido (PL) 100
Total Ativo 100 Total Passivo 100

Ativo > Obrigações

32
A = O + PL
O = A – PL
PL = A – O
Ativo > zero
Obrigações = zero
PL > zero

2.2.4 Situação líquida patrimonial impossível

Verificando as situações patrimoniais apresentadas, você deve ter notado


que o os valores do ativo e passivo somente podem ser iguais ou maiores que
zero, mas o Patrimônio Líquido (PL) pode ser menor, igual ou maior que zero.
Dessa maneira, a única situação impossível de acontecer será aquela na qual o
Patrimônio Líquido será superior ao valor total do ativo.

2.3 Balanço patrimonial

Denomina-se como Balanço Patrimonial a representação gráfica na forma


da letra “T”, que é utilizada para representar o patrimônio das empresas,
remetendo a uma lembrança de uma balança com dois pratos, em que, para que
exista um equilíbrio entre os dois pratos, o peso total de um lado deve ser igual
ao outro lado, representando, dessa forma, o equilíbrio da empresa e refletindo
adequadamente sua situação financeira.
Em algumas situações, a soma de bens e direitos será diferente da soma
das obrigações, e, para que essa igualdade seja plena, o Patrimônio Líquido é
colocado no gráfico sempre no lado do passivo. Abaixo, segue um modelo
simplificado de Balanço Patrimonial, para que você possa verificar sua estrutura.

Modelo de balanço
BALANÇO PATRIMONIAL 31/12/2017
EMPRESA BOM EXEMPLO S/A
ATIVO PASSIVO
Bens Obrigações
Caixa 200 Contas a pagar 1.100
Móveis 900 Duplicatas a pagar 900

33
Terrenos 6.500 Títulos a pagar 1.600
Veículos 4.500 Empréstimos 1.750
Estoque de Mercadorias 1.800 Salários a pagar 950
Impostos a recolher 350
Direitos Patrimônio Líquido
Contas a receber 550 Capital Social 7.000
Duplicatas a receber 650 Reservas 1.000
Títulos a receber 500 Lucro 1.350
Prejuízo (500)
Total do Ativo 15.600 Total do Passivo 15.600
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Quando algum valor expresso no Balanço Patrimonial estiver entre


parênteses, significa que é um valor negativo.

2.4 Ativo, passivo e patrimônio líquido

As definições técnicas do ativo, passivo e patrimônio líquido são


determinadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que é
representado pela união de diversas organizações contábeis no Brasil, que visa
a convergência internacional das normas contábeis, centralização na emissão
de normas dessa natureza e representação nos processos democráticos na
produção dessas informações.

2.4.1 Ativo

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis define o ativo da seguinte


forma:

Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos


passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios
econômicos para a entidade. Repare-se que a figura do controle (e não
da propriedade formal) e a dos futuros benefícios econômicos
esperados são essenciais para o reconhecimento de um ativo. Se não
houver a expectativa de contribuição futura, direta ou indireta, ao caixa
da empresa, não existe o ativo (CPC, 2008).

O ativo tem um potencial em contribuir como benefício econômico futuro


direta ou indiretamente no fluxo de caixa da empresa, podendo se tornar

34
produtivo quando esse recurso fazer parte das atividades operacionais da
organização, por forma de conversibilidade em caixa ou podendo ainda ter a
capacidade de redução nas saídas de caixa, ao exemplo de um processo
industrial alternativo que reduz os custos de produção.
As empresas utilizam seus ativos na produção de mercadorias ou na
prestação de serviços que satisfazem os desejos e necessidades de seus
clientes, que se dispõem a pagar por esses produtos ou serviços, contribuindo
assim para o fluxo de caixa da empresa.
Esses benefícios econômicos futuros dos ativos auxiliam a empresa de
várias formas, podendo ser usados sozinhos ou junto com outros ativos, na
produção de mercadorias e prestação de serviços a serem negociados com os
clientes; podem ser trocados por outros ativos que sejam da necessidade da
empresa, usados para liquidar um passivo ou distribuídos aos sócios ou
investidores.
Alguns ativos estão ligados a direitos legais, inclusive o direito de
propriedade, mas, quando se determina essa existência de um ativo, esse direito
de propriedade não é essencial, dessa maneira, um imóvel objeto de
arrendamento é considerado um ativo, desde que a empresa controle os valores
provenientes da propriedade.
Os ativos são resultados de transações passadas e são obtidos por meio
de compra ou produção. O planejamento de ações previstas para ocorrer no
futuro não pode resultar em reconhecimento de ativos, por exemplo, quando se
existe uma intenção em adquirir estoques, não poderá ser classificada como um
ativo. Assim, o fato de uma empresa ter incorrido com algum gasto, pode
expressar uma evidência de sua busca por futuros benefícios econômicos, mas
não é considerado uma prova conclusiva de que a definição de ativo tenha sido
obtida.
Seguindo essa mesma linha de raciocínio, a ausência de um gasto não
impede que um elemento possa satisfazer a definição de ativo e se qualificar
para reconhecimento no balanço patrimonial, pode-se, neste caso, exemplificar
com itens que podem ser doados à empresa e consigam satisfazer a definição
de ativo.

35
2.4.2 Passivo

O Comitê de Pronunciamentos contábeis define o passivo seguinte forma:

Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já


ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos
capazes de gerar benefícios econômicos. Uma característica essencial
para a existência de um passivo é que a entidade tenha uma obrigação
presente. Uma obrigação é um dever ou responsabilidade de agir ou
fazer de uma certa maneira. As obrigações podem ser legalmente
exigíveis em conseqüência de um contrato ou de requisitos
estatutários. Esse é normalmente o caso, por exemplo, das contas a
pagar por mercadorias e serviços recebidos (CPC, 2008).

As obrigações também surgem de práticas usuais de negócios ou do


desejo de manter boas relações comerciais ou ações imparciais, como, por
exemplo, quando a empresa decide, por qualquer razão, seja por política
mercadológica ou de imagem, retificar defeitos em seus produtos, mesmo que o
prazo da garantia já tenha expirado, esses valores gastos com os produtos já
vendidos constituem passivos.
Seguindo na mesma lógica de constituição do ativo, deve ser feita uma
distinção entre uma obrigação presente e um compromisso futuro, pois quando
da aquisição de ativos no futuro não constitui, por si só, uma obrigação presente,
que somente irá surgir quando o ativo for recebido ou a empresa assina um
acordo irrevogável de aquisição do ativo.
A extinção das obrigações ocorrerá por meio de pagamento em dinheiro,
transferência de outros ativos, prestação de serviços, substituição de uma
obrigação por outra ou pela conversão da obrigação em capital. Outra hipótese
de extinção de uma obrigação pode ser pela renúncia do credor ou pela perda
dos seus direitos em cobrar o crédito.
Em alguns casos, os passivos somente serão mensurados com um
elevado grau de estimativa e são descritos como provisões. Se a provisão
envolver uma obrigação presente e satisfazer os critérios de definição do
passivo, ela será considerada um passivo, ainda que seu valor tenha que ser
estimado.
Mensuração: na contabilidade, a mensuração de ativos ou passivos
consiste na atribuição de valores monetários aos elementos que compõem o
patrimônio.

36
2.4.3 Patrimônio líquido

Por fim, apresenta-se a definição do Patrimônio Líquido, segundo o


Comitê de Pronunciamentos Contábeis:

Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de


deduzidos todos os seus passivos [...], ele pode ter subclassificações
no balanço patrimonial. Por exemplo, recursos aportados pelos sócios,
reservas resultantes de apropriações de lucros e reservas para
manutenção do capital podem ser demonstrados separadamente. Tais
classificações podem ser importantes para a tomada de decisão dos
usuários das demonstrações contábeis quando indicarem restrições
legais ou de outra natureza sobre a capacidade que a entidade tem de
distribuir ou aplicar de outra forma os seus recursos patrimoniais.
Podem também refletir o fato de que acionistas de uma entidade
tenham direitos diferentes em relação ao recebimento de dividendos
ou reembolso de capital (CPC, 2008).

A constituição das reservas é exigida por meio de estatuto ou por lei,


garantindo, assim, a continuidade da empresa e criando uma margem de
proteção contra os efeitos de prejuízos, tanto para os seus investidores quanto
aos credores. A presença de reservas legais, estatutárias e fiscais representa
uma informação que pode ser fundamental para a tomada de decisão dos
usuários e são valores oriundos da conta de lucros acumulados, portanto, não
constituem despesas.

Importante
O valor pelo qual o patrimônio líquido é apresentado no balanço patrimonial
depende da mensuração dos ativos e passivos. Normalmente, o valor do
patrimônio líquido somente por coincidência é igual ao valor de mercado das
ações da entidade ou da soma que poderia ser obtida pela venda dos seus ativos
e liquidação de seus passivos numa base de item por item, ou da entidade como
um todo, numa base de continuidade operacional (CPC, 2008).

2.5 Origem e aplicação dos recursos

No balanço patrimonial, evidenciam-se as origens e aplicações de


recursos de uma empresa, porém, você irá se perguntar: “Qual lado representa

37
a origem e qual a aplicação de recursos?”. Vamos responder analisando o
modelo de balanço abaixo:

Balanço patrimonial
BALANÇO PATRIMONIAL 31/12/2017
ATIVO PASSIVO
Bens Obrigações
Caixa 100 Contas a pagar 150
Moveis 200
Direitos Patrimônio Líquido
Duplicatas a receber 600 Capital Social 750
Total do Ativo 900 Total do Passivo 900
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Ao analisar o exemplo anterior, pode-se identificar o total de recursos que


a empresa conseguiu e que está à sua disposição. O lado em que se encontra o
ativo mostra como foram aplicados esses valores, ou seja, nos bens e direitos;
em contrapartida, o lado do passivo, em que a empresa obteve recursos por
meio das obrigações e do capital social.

2.5.1 Ativo: aplicação dos recursos

Os recursos que a empresa tem à sua disposição podem ser classificados


em aplicações permanentes ou circulantes. As aplicações permanentes
correspondem aos valores realizados em bens e direitos que irão gerar renda
para a empresa; já as aplicações circulantes corresponderão às aplicações em
bens e direitos que poderão ser convertidos em dinheiro e transformados ou
consumidos dentro do exercício social.

2.5.2 Passivo: origem dos recursos

Os recursos que estarão à disposição da empresa podem ser


classificados em recursos de terceiros ou recursos próprios. Os recursos de
terceiros correspondem às obrigações exigíveis e podem originar-se da
consequência de dívidas contraídas para a empresa funcionar (fornecedores,
obrigações fiscais, trabalhistas e previdenciárias) e de dívidas contraídas junto a
38
instituições financeiras (empréstimos e financiamentos). Em contrapartida, os
recursos próprios correspondem às obrigações não exigíveis, e se originam em
consequência do capital inicial investido pelo sócio (capital social), bem como
pelos resultados calculados em decorrência da gestão normal da empresa
(lucros e reservas).

Conclusão da aula 2

Chegamos ao final de mais uma aula. Aqui, você aprendeu sobre o


conceito de patrimônio, balanço patrimonial, ativo, passivo e patrimônio líquido.
Esses conceitos serão recorrentes nas próximas aulas, pois são pontos
fundamentais de análise e estudo da contabilidade.

Atividade de aprendizagem

A partir dos conhecimentos adquiridos nesta aula, realize sua contabilidade,


registrando seus bens, suas obrigações, tudo o que acreditar fazer parte, em
termos financeiros.

Aula 3 – Princípios fundamentais

Apresentação da aula 3

Nesta aula você verá os princípios fundamentais da contabilidade, ou


seja, as regras que orientam todo o processo de contabilização, tornando
importante a observância de algumas regras que deverão ser seguidas por todos
no momento da realização dos registros contábeis.

3.1 Princípios fundamentais: conceito

O registro de todos os fatos contábeis deve ser realizado de acordo com


as normas contábeis, pois o profissional contabilista não deve fazer o que acha

39
que deve ser feito, mas o que é prerrogativa e está determinado na legislação.
A desobediência às normas pode acarretar em multas e até mesmo na
suspensão do registro profissional (Resolução CFC nº. 1.282/10).

CAPITULO II
DA CONCEITUAÇÃO, DA AMPLITUDE E DA ENUMERAÇÃO

Art. 2º. Os Princípios de Contabilidade representam a essência das


doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o
entendimento predominante nos universos científico e profissional de
nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais
amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades.
(Redação dada pela Resolução CFC nº. 1282/10)

Art. 3º São Princípios de Contabilidade: (Redação dada pela


Resolução CFC nº. 1282/10)
I) o da ENTIDADE;
II) o da CONTINUIDADE;
III) o da OPORTUNIDADE;
IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;
V) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA; (Revogado pela Resolução CFC
nº. 1282/10)
VI) o da COMPETÊNCIA; e
VII) o da PRUDÊNCIA.
Resolução CFC nº. 1282/10

Os Princípios Fundamentais da Contabilidade representam a essência


das doutrinas e teorias relativas à Contabilidade, pois referem-se, no sentido
mais amplo da ciência, ao patrimônio das entidades, objeto de discussão e
regulamentação. Pode não ser do seu conhecimento, mas saiba que estamos
em um processo de convergência das normas brasileiras em relação às normas
internacionais de contabilidade, que tem apresentado grande avanço.
Segundo o Manual de Contabilidade Societária (2018, p.20),

O uso de princípios, ao invés de regras, obriga, é claro, a maior


julgamento e a maior análise, exigindo maior preparação, mas, por
outro lado, permite que se produzam informações contábeis com muito
maior qualidade e utilidade, dependendo, é claro, da qualidade com
que o contabilista exerça sua profissão.

A Contabilidade sempre foi vista a partir de uma ótica voltada para um


conjunto de normas e regras padrões, muitas vezes influenciadas pelo Governo,
que deveriam ser aplicadas de maneira imutável. Porém, por estar em processo
de transição, por muito tempo, a Resolução 750/93 (com suas alterações) foi a

40
principal norma que tratava dos Princípios de Contabilidade, antes de ser
revogada em 2016, pela Resolução CFC nº. 1.282/10.

3.1.1 Princípio da entidade

O Princípio da entidade reconhece o Patrimônio como objeto da


contabilidade, afirmando sua autonomia patrimonial e destacando sua
necessidade de diferenciar o patrimônio particular dos sócios ou investidores em
relação ao patrimônio existente e registrado na organização, independentemente
de pertencer a uma pessoa, um grupo de pessoas, uma sociedade ou instituição
de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos, sendo assim, o
patrimônio da organização não se pode confundir com aqueles dos seus sócios
ou investidores, no caso de sociedade ou instituição.

O PRINCÍPIO DA ENTIDADE
Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto
da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da
diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios
existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um
conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer
natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência,
nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus
sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.
Parágrafo único – O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a
recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de
patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa
unidade de natureza econômico-contábil. Resolução CFC nº. 1282/10

3.1.2 Princípio da continuidade

O Princípio da Continuidade dispõe sobre a perpetuação das operações


no futuro e, portanto, a mensuração, o registro, o controle e a apresentação dos
componentes do patrimônio levam em conta esta condição, haja vista que
nenhum empresário pode constituir uma empresa com o pensamento de
extingui-la, salvo em situações em que a má fé esteja envolvida, mas essa seria
uma outra situação que não seria objeto de nosso estudo.

O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
Art. 5º A CONTINUIDADE ou não da ENTIDADE, bem como sua vida
definida ou provável, devem ser consideradas quando da classificação
e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas.

41
§ 1º A CONTINUIDADE influencia o valor econômico dos ativos e, em
muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, especialmente
quando a extinção da ENTIDADE tem prazo determinado, previsto ou
previsível.
§ 2º A observância do Princípio da CONTINUIDADE é indispensável à
correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA, por efeito de se
relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais
e à formação do resultado, e de constituir dado importante para aferir
a capacidade futura de geração de resultado. Resolução CFC nº.
1282/10

3.1.3 Princípio da oportunidade

O Princípio da Oportunidade faz referência aos processos de mensuração


e apresentação dos elementos patrimoniais, com a finalidade de produzir
informações íntegras e tempestivas, pois as informações contábeis que são
apresentadas com qualidade são de grande importância pessoal, mas também
é importante e necessário que essas informações sejam apresentadas no
momento certo.
A diretoria e os principais interessados nas informações contidas nos
relatórios contábeis jamais devem ser informados em tempo que não se possa
fazer proposições para que os resultados passem a ser positivos; isso pode
afetar diretamente a aplicação da oportunidade na contabilidade. A falta de
integridade e tempestividade na elaboração e na divulgação das informações
contábeis pode levar à perda de sua relevância, tornando necessária a
ponderação entre a oportunidade e a confiabilidade das informações.

O PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE
Art. 6º O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, à
tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas
mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a
extensão correta, independentemente das causas que as originaram.
Parágrafo único – Como resultado da observância do Princípio da
OPORTUNIDADE
I – desde que tecnicamente estimável, o registro das variações
patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese de somente existir
razoável certeza de sua ocorrência;
II – o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos,
contemplando os aspectos físicos e monetários;
III – o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variações
ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em um período de tempo
determinado, base necessária para gerar informações úteis ao
processo decisório da gestão. Resolução CFC nº. 1282/10

42
3.1.4 Princípio do registro pelo valor original

O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os elementos


que fazem parte do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das
operações, expressos em moeda nacional e poderão sofrer variações no que é
tecnicamente chamado de custo histórico.

O PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL


Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos
valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a
valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação
das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem
agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE.
Parágrafo único – Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR
ORIGINAL resulta:
I – a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base
nos valores de entrada, considerando-se como tais os resultantes do
consenso com os agentes externos ou da imposição destes;
II – uma vez integrado no patrimônio, o bem, direito ou obrigação não
poderão ter alterados seus valores intrínsecos, admitindo-se, tão-
somente, sua decomposição em elementos e/ou sua agregação,
parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais;
III – o valor original será mantido enquanto o componente permanecer
como parte do patrimônio, inclusive quando da saída deste;
IV – os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e do REGISTRO
PELO VALOR ORIGINAL são compatíveis entre si e complementares,
dado que o primeiro apenas atualiza e mantém atualizado o valor de
entrada;
V – o uso da moeda do País na tradução do valor dos componentes
patrimoniais constitui imperativo de homogeneização quantitativa dos
mesmos. Resolução CFC nº. 1282/10.

3.2 Mensuração dos elementos das demonstrações contábeis

A mensuração, conforme já definido anteriormente, é o processo que


consiste em determinar os valores monetários por meio dos elementos contidos
nas demonstrações contábeis que devem ser reconhecidos e apresentados no
balanço patrimonial e na demonstração do resultado, envolvendo a seleção da
base específica de mensuração neste processo.
As bases de mensuração são empregadas em diferentes escalas e em
diversas combinações nas demonstrações contábeis. Estão representadas
essas bases no quadro abaixo:

43
Bases da mensuração
Base Descrição
Custo histórico Os ativos são registrados pelos valores pagos em caixa ou
pelo valor justo dos recursos entregues para adquiri-los. Os
passivos são registrados pelos valores dos recursos
recebidos em troca da obrigação ou, em alguns casos,
pelos valores em caixa e se espera que serão necessários
para liquidar o passivo no curso das operações.
Custo corrente Os ativos são mantidos pelos valores em caixa que teriam
de ser pagos se esses mesmos ativos fossem adquiridos
na data do balanço. Os passivos são reconhecidos pelos
valores em caixa e se espera que esses montantes sejam
necessários para liquidar a obrigação na data do balanço.
Valor realizável Os ativos são mantidos pelos valores em caixa, que podem
ser obtidos pela sua venda em forma ordenada. Os
passivos são mantidos pelos seus valores de liquidação,
pelos não descontados, esperando ser pagos para liquidar
as obrigações das operações.
Valor presente Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado,
dos fluxos futuros de entradas líquidas de caixa que se
espera que seja gerado pelo item no curso normal das
operações. Os passivos são mantidos pelo valor presente,
descontado, dos fluxos futuros de saídas líquidas de caixa
que serão necessários para liquidar o passivo no curso
normal das operações.
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

A base de mensuração mais utilizada pelas organizações é o custo


histórico, pois, combinado com outras bases de mensuração, é utilizado como
resposta à incapacidade de enfrentar os efeitos das mudanças de preços dos
ativos não monetários.

3.2.1 Princípio da competência

Seguimos com a definição do Princípio da Competência:

O PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA
Art. 9º As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do
resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente
quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou
pagamento
§ 1º O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações
no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no
patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das

44
mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da
OPORTUNIDADE.
§ 2º O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando
correlatas, é consequência natural do respeito ao período em que
ocorrer sua geração.
§ 3º As receitas consideram-se realizadas:
I – nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o
pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivá-lo, quer pela
investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à
ENTIDADE, quer pela fruição de serviços por esta prestados;
II – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que
seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de
valor igual ou maior;
III – pela geração natural de novos ativos independentemente da
intervenção de terceiros;
IV – no recebimento efetivo de doações e subvenções.
§ 4º Consideram-se incorridas as despesas:
I – quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por
transferência de sua propriedade para terceiro;
II – pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo;
III – pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.
Resolução CFC nº. 1282/10

O Princípio da Competência determina que os efeitos de uma transação


ou outro evento sejam registrados e reconhecidos no período em que ocorreram,
não dependendo do seu recebimento ou pagamento. Na contabilidade, as
receitas e as despesas devem, obrigatoriamente, ser reconhecidas seguindo o
princípio da competência.
O princípio da competência implica diretamente na adoção do regime de
competência que apropria as receitas e despesas no período de sua ocorrência,
independentemente do efetivo recebimento das receitas ou do pagamento das
despesas, fazendo uma contraposição ao regime de caixa, que apropria as
receitas e despesas no período de seu recebimento ou pagamento,
respectivamente, independentemente do momento em que são realizadas.

3.2.2 Princípio da prudência

Seguimos com a definição do Princípio da Prudência:

O PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA
Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor
valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO,
sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a
quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio
líquido.
§ 1º O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da hipótese de que
resulte menor patrimônio líquido, quando se apresentarem opções

45
igualmente aceitáveis diante dos demais Princípios Fundamentais de
Contabilidade.
§ 2º Observado o disposto no art. 7º, o Princípio da PRUDÊNCIA
somente se aplica às mutações posteriores, constituindo-se
ordenamento indispensável à correta aplicação do Princípio da
COMPETÊNCIA.
§ 3º A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha ênfase quando,
para definição dos valores relativos às variações patrimoniais, devem
ser feitas estimativas que envolvem incertezas de grau variável.
Resolução CFC nº. 1282/10

Quando apresentem alternativas válidas para quantificar as mutações


patrimoniais que alteram o Patrimônio Líquido, deve-se escolher o menor valor
para o ativo e o maior para o passivo, sendo possível fazer a estimativa de
ganhos e perdas adequadamente.

Conclusão da aula 3

Chegando ao final dessa aula, é importante destacar que precisamos e


devemos estudar, conhecer e aplicar os Princípios de Contabilidade, pois, além
de propiciarem a formação de uma base teórica forte, seu conteúdo é pequeno
e não é demandado muito tempo para ter o conhecimento da norma na íntegra.

Atividade de aprendizagem

Produza um texto esclarecendo e ressaltando os princípios da entidade e


continuidade como pilares da contabilidade.

Aula 4 – Contas

Apresentação da aula 4

Conforme visto anteriormente, todas as transações econômicas


realizadas pelas entidades são classificadas em bens, direitos, obrigações,
receitas e despesas, que são devidamente representadas por um documento,
originando um novo fato a ser registrado na contabilidade e envolvendo um ou

46
mais elementos do patrimônio. Esses elementos patrimoniais recebem uma
denominação para que os usuários possam identificar com exatidão; o nome que
é utilizado para representar os elementos do patrimônio é conhecido como conta.

4.1 Conceito e classificação

Conta, em contabilidade, é definida como o nome que representa a


natureza do fato contábil, ou seja, a denominação do bem, do direito, da
obrigação, da receita e da despesa (FRANCO, 1997).
Conta é uma expressão que representa o conceito dos elementos
patrimoniais que a representa. Pode representar um elemento isolado ou vários
que tenham o mesmo fim, o dinheiro, por exemplo, que é um bem, portanto, um
elemento patrimonial, é representado pela conta “caixa”; já os valores em
dinheiro que estão em poder de instituições financeiras são representados pela
conta “bancos” e os valores a receber de terceiros, que também são elementos
patrimoniais, são representados pela conta “clientes” ou duplicatas a receber.
A conta de fornecedores representa as dívidas decorrentes de compra de
mercadorias ou outros bens a prazo, que são uma obrigação e passam a ser
representadas pelas contas de duplicatas a pagar. Além das contas
apresentadas anteriormente, tem também as contas de bancos, veículos,
móveis, imóveis, instalações, empréstimos, impostos a recolher, capital, lucro ou
prejuízo, de acordo com a natureza dos elementos que representam.

4.1.2 Classificação

As contas podem ser classificadas de diversas maneiras, conforme a linha


de pensamento defendida por seus doutrinadores. No Brasil, a contabilidade é
fundamentada na Escola Patrimonialista, que foi apresentada e defendida pelo
italiano Vincenzo Mais, que considera o patrimônio como o objeto de estudo da
contabilidade, classificando as contas contábeis em patrimoniais e de resultado.

47
Classificação das contas
Contas Descrição
Resultado São contas que representam as despesas e receitas. Por
meio do confronto entre as receitas e despesas, pode-se
calcular o resultado (lucro ou prejuízo) da entidade,
aumentando ou diminuindo o patrimônio líquido. Essas
contas estão discriminadas na Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE). São abertas no início do
exercício financeiro e extintas no final do exercício.
Patrimoniais São contas que representam bens, direitos, obrigações
exigíveis e o patrimônio líquido. Estão subdivididas em
ativo e passivo. Estão discriminadas na demonstração
contábil, denominada Balanço Patrimonial. Elas
demonstram a posição do patrimônio em determinado
momento.
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Importante
Fundamentos da escola patrimonialista: o objeto da contabilidade é o
patrimônio; os fenômenos patrimoniais são fenômenos contábeis; a
contabilidade é uma ciência social; ela se divide em três ramos na sua parte
teórica: estática patrimonial, dinâmica patrimonial e revelação patrimonial.

4.1.3 Abertura e movimentação das contas

As contas são abertas de acordo com a necessidade de registrar os fatos


a elas relacionados, são movimentadas sempre que ocorrer outro fato da mesma
natureza para que foi criada e são encerradas quando seu saldo for nulo, haja
vista que a inexistência de saldo indica, por si só, que não existe mais aquele
elemento patrimonial.
Quando se procede a constituição de uma empresa, nesse evento duas
contas contábeis são abertas: capital social e caixa, a fim de registrar o valor do
seu capital inicial, ou seja, os valores de investimentos iniciais feitos pelos sócios.
Nesse sentido, serão movimentadas na ocorrência de eventos de aumento ou
diminuição de seus valores e esse processo será recorrente em todas as contas,
pois, uma vez criada a conta, as operações realizadas na sequência deverão ser
nela registradas.

48
4.1.4 Função das contas

A conta é uma representação gráfica de bens, direitos, obrigações,


receitas e despesas, além de possuir um nome que permite identificar cada
elemento patrimonial, a função de cada conta é identificar o fato registrado,
facilitando o trabalho de planejamento e controle contábil, possibilitando o
registro das variações patrimoniais e informando o saldo de cada elemento
patrimonial em um determinado momento. Sá (2000, p. 101) afirma que:

a conta, sabemos, é um complexo que identifica o fato


dimensionalmente em seu surgir, evoluir e concluir, preocupando-se:
por seu título, em evidenciar a Qualidade; pelo crédito, em evidenciar
as causas; pelo débito, em evidenciar os efeitos; pelo valor, em denotar
o aspecto quantitativo; pelas datas, o tempo de ocorrência ou
percepção do fato; pela classificação do local ou da atividade, o
espaço; ou seja, apresenta toda a dimensionalidade da essência do
fenômeno patrimonial.

Podemos afirmar que a conta evidencia os seguintes aspectos:

Aspectos das contas


Conta Contábil
Título Classificação Funcionamento
Identificada cada Evidencia se a conta é Apresenta o que deve
elemento patrimonial de patrimonial (bem, direito e fazer para aumentar ou
forma clara e objetiva. obrigação) ou de diminuir o valor de uma
Existem as contas resultado (receita e conta.
sintéticas e as analíticas despesa).
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

4.2 Débito e crédito

As noções de débito e crédito obedecem algumas regras fundamentais


para entender os lançamentos contábeis. Os termos débito e crédito são
utilizados para indicar a entrada ou saída de valores nas contas, em que cada
lançamento efetuado provoca alterações no patrimônio ou no resultado, pois
cada vez que o lançamento a débito ou a crédito é realizado, o saldo de uma
conta será alterado.

49
Vocabulário
Débito: vem do latim debes, que significa “pertencente a mim”;
Crédito: vem do latim credo, que significa confiança; acreditar.

O débito corresponde à aplicação de valores; destinação de recursos e o


crédito corresponde à origem dos valores, à fonte do dinheiro ou da forma que
são adquiridos os recursos para a empresa.
Tecnicamente, seria inadequado denominar lado esquerdo e lado direito
da conta (ou do razonete); por esse motivo, na contabilidade, o lado esquerdo
chama-se débito e o lado direito, crédito.
Durante muito tempo no Brasil, os conceitos de débito e crédito foram
dados aos estudantes de maneira complexa, de modo que muitos contadores
deixavam a faculdade sem saber debitar e creditar. O conceito de débito e crédito
encontrou muita resistência nos acadêmicos iniciantes na contabilidade, pois
eram induzidos ao pensamento que débito significava algo desfavorável e
crédito, favorável.
Com a ascensão da Escola Contábil Americana no Brasil, introduzida pelo
livro Contabilidade Introdutória por uma equipe de professores da FEA/USP,
ocorreu uma simplificação nos procedimentos para os estudantes de
contabilidade, uma vez que essa escola dispõe que tais denominações (débito e
crédito) atualmente são simplesmente convenções contábeis.
Dessa forma, debitar significa lançar valores no lado esquerdo de um
razonete; creditar significa lançar valores no lado direito de uma conta.
Como regras gerais:

 Todo aumento de Ativo (lança-se no lado esquerdo do razonete):


debita-se;
 Toda diminuição de Ativo (lança-se no lado direito do razonete):
credita-se;
 Todo aumento de Passivo e PL (lança-se no lado direito do
razonete): credita-se;

50
 Toda diminuição de Passivo e PL (lança-se no lado esquerdo do
razonete): debita-se.

4.3 Plano de contas

O Plano de Contas é o conjunto das contas ordenado segundo diretrizes


legais que orientam e norteiam os registros contábeis, um instrumento de
trabalho que permite a identificação de todas as contas que poderão ser
utilizadas pela empresa.
Pode-se comparar o Plano de contas a uma casa, pois quando se está na
fase do projeto, são listados os itens que atendem às necessidades e
características de quem vai morar nesta casa e realizam-se as devidas
adaptações.
O plano de contas é elaborado respeitando a necessidade de cumprir a
legislação vigente e as características da organização, não existindo um número
mínimo ou máximo de contas, em que cada empresa deverá elaborar o seu
Plano de Contas com todas as contas patrimoniais e de resultado que irá utilizar,
inclusive pelas contas em que há previsão apenas de utilização no futuro,
garantindo também uma flexibilidade que permita a inclusão de contas em caso
de necessidade.
O plano de contas deve respeitar o porte da empresa, seu ramo de
atividades e as necessidades de seus usuários, que inclui as informações que
deverão ser extraídas dos relatórios contábeis para os sócios, fornecedores,
clientes, empregados, governo, fiscalização, entre outros possíveis usuários dos
relatórios contábeis, para que cumpram sua finalidade.

4.3.1 Planejamento do plano de contas

Ao elaborar o Plano de Contas, é necessário observar a legislação vigente


e pertinente ao tema, a saber:

 Os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos (PCGA);


 As normas legais estabelecidas pela Lei 11.638/2007 (nova lei das
S/As);

51
 Lei 11.941/2009;
 A legislação específica do ramo de atividade exercido pela
empresa.

4.3.2 Composição do plano de contas

O Plano de Contas é composto pelos seguintes elementos:


 Elenco de contas: é o rol das contas que serão empregadas para
os registros dos atos e fatos contábeis com seu nome (intitulação)
e seu código representativo de registro;

 Manual de contas: é um conjunto de explicações do uso


adequado de cada conta, componente do Plano de Contas. É um
guia para os profissionais da Contabilidade, possibilitando os
registros contábeis de maneira uniforme. No manual de contas,
discrimina-se a função, o funcionamento e a natureza do saldo de
cada conta.

 Lançamentos explicativos: são modelos de lançamentos para o


registro de fatos que raramente ocorrem na empresa.

4.3.3 Estrutura do plano de contas

O Plano de Contas deve obedecer às disposições contidas na Lei


11.638/2007 (nova lei das S/As) e Lei 11.941/2009. Essas leis regulamentam a
disposição de grupos e as contas pertencentes a eles. A seguir, a estrutura
básica de um Plano de Contas, em que estão relacionados os principais grupos
de contas.
Para que você não confunda as contas e seus grupos, convém que utilize
um código numérico para cada conta. O código numérico é composto por um ou
mais algarismos utilizados para identificar cada conta que compõe o Plano de
Contas. Ele serve para classificar as contas de resultado e as patrimoniais;
substituir o título da conta pelo seu código (registro pelo computador); facilitar a
organização e a utilização das contas e dos registros contábeis.

52
4.3.4 Modelo de um plano de contas

Esse Plano de Contas é um exemplo para que você tenha a noção da sua
estrutura, não abrangendo as operações de empresas dos ramos industriais,
financeiro, securitário, pecuário e agrícola; também não contempla todas as
possíveis contas necessárias ao controle do patrimônio, somente as principais.

Saiba mais
Para um plano mais completo, você deve consultar o livro Manual de
Contabilidade das Sociedades por Ações, da FIPECAFI (IUDÍCIBUS e outros,
2011).

Aspectos das contas


A – Contas Patrimoniais
1 – Ativo 2 – Passivo
1.1 Ativo circulante 2.1 Passivo circulante
1.1.1 Disponível 2.1.1 Obrigação a fornecedores
1.1.1.1 Caixa 2.1.1.1 Duplicata a pagar
1.1.1.2 Banco 2.1.1.2 Fornecedor
1.1.1.3 Aplicações 2.1.2 Obrigações financeiras
1.1.2 Direitos 2.1.2.1 Empréstimos
1.1.2.1 Clientes 2.1.2.2 Financiamento a pagar
1.1.2.2 Duplicata a receber 2.1.2.3 Promissória a pagar
1.1.2.3 (–) PCLD (Provisão para crédito 2.1.3 Obrigações fiscais
de liquidação duvidosa) 2.1.3.1 COFINS a recolher
1.1.2.4 Promissória a receber 2.1.3.2 ICMS a recolher
1.1.2.5 Adiantamento a empregado 2.1.3.3 IPI a recolher
1.1.2.6 Dividendos a receber 2.1.3.4 IRRF sobre LL (Lucro Líquido)
1.1.3 Impostos a recuperar a recolher
1.1.3.1 ICMS a recuperar 2.1.3.5 ISS a recolher
1.1.3.2 IPI a recuperar 2.1.3.6 PIS a recolher
1.1.3.3 IRRF a recuperar 2.1.4 Obrigações trabalhistas
1.1.3.4 Outros impostos a recuperar 2.1.4.1 Previdência a recolher
1.1.4 Estoques 2.1.4.2 13º a pagar
1.1.4.1 Mercadorias 2.1.4.3 Férias a pagar
1.1.4.2 Material de embalagem 2.1.4.4 FGTS a recolher
1.1.4.3 Material de expediente 2.1.4.5 Salários a pagar
1.1.4.4 (–) Provisão p/ perdas 2.1.4.6 Dp Descontada
1.1.4.5 (–) Redução ao valor de mercado 2.1.5 Outras obrigações
1.1.5 Despesas do exercício seguinte 2.1.5.1 Clube social a pagar
1.1.5.1 Aluguéis a vencer 2.1.5.2 Sindicato a recolher
1.1.5.2 Juros a vencer 2.1.5.3 Dividendos a pagar
1.1.5.3 Prêmio de seguro a vencer 2.1.5.4 Imposto e taxa a recolher

53
1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE 2.1.5.5 Participações a pagar
1.2.1 Ativo realizável em longo prazo 2.1.6 Provisões
1.2.1.1 Contas a receber 2.1.6.1 para contribuição social
1.2.1.1.1 Clientes 2.1.6.2 para 13º
1.2.1.1.2 Duplicata a receber 2.1.6.3 para encargos sociais
1.2.1.1.3 Promissórias a receber 2.1.6.4 para férias
1.2.1.1.4 (–) PCLD 2.1.6.5 para imposto de renda
1.2.1.2 Outros Direitos 2.2 Passivo não Circulante
1.2.1.2.1 Adiantamento a diretores 2.2.1 Obrigações a fornecedores
1.2.1.2.2 Empréstimo a coligada 2.2.1.1 Duplicata a pagar
1.3 Investimentos 2.2.1.2 Fornecedores
1.3.1Participações coligadas 2.2.2 Obrigações financeiras
1.3.2 Participações controladas 2.2.2.2 Banco conta empréstimo
1.3.3 Obras de arte 2.2.2.3 Debêntures
1.3.4 Investimento permanente 2.2.2.4 Financiamento a pagar
1.3.5 (–) Perdas no investimento 2.2.2.5 Promissória a pagar
1.3.6 Imóveis de renda 2.2.3 Outras obrigações
1.3.7 (–) Depreciação acumulada 2.3 Resultado de exercícios futuros
1.3.2 Imobilizado Bens Materiais 2.3.1 Aluguéis ativos a vencer
(Tangíveis) 2.3.2 Receitas financeiras a vencer
1.3.2.2 Micro e periféricos 2.3.3 (–) Custos operacionais a
1.3.2.3 Imóveis vencer
1.3.2.4 Instalações 2.3.4 Receita não operacional a
1.3.2.5 Móveis e utensílios vencer
1.3.2.6 Veículos 2.3.5 (–) Custo não operacional a
1.3.2.7 (–) Depreciação acumulada vencer
1.3.2.8 Recursos naturais 2.4 Patrimônio líquido
1.3.2.9 (–)Exaustão acumulada Bens 2.4.1 Capital social
imateriais (Intangíveis) 2.4.1.1 Capital subscrito
1.3.2.10 Benfeitoria em bem de terceiro 2.4.1.2 (–) Capital a realizar
1.3.2.11 Direitos de uso 2.4.2 Reservas de capital
1.3.2.12 Fundo de comércio 2.4.2.1 Ágio de ações
1.3.2.13 Marcas e patentes 2.4.2.2 Alienação de debêntures
1.3.2.14 (–) Amortização acumulada 2.4.2.3 Venda partes beneficiárias
2.4.2.4 Doações e subvenções p/
investimentos
2.4.3 Ajustes de avaliação patrimonial
2.4.4 Reservas de lucros
2.4.4.1 Reserva legal
2.4.4.2 Reservas estatutárias
2.4.4.3 Reservas p/ contingências
2.4.4.4 Reservas p/ investimentos
2.4.4.5 Reservas de lucro a realizar
2.4.5 Lucros ou prejuízos acumulados
2.4.5.1 Lucros acumulados
2.4.5.2 (–) Prejuízos acumulados
2.4.5.3 (–) Ações em tesouraria
B – Contas de Resultado
3 – Despesas com Vendas

54
3.1 Despesas Operacionais
3.1.1 Despesas com vendas
Pessoal
3.1.1.1 Assistência médica e social
3.1.1.2 Comissões sobre vendas
3 – Despesas e Custos
3.1.1.3 Condução e transporte
3.1.1.4 Contribuições para o FGTS
3.1.1.5 Contribuições de previdência
3.1.1.6 Décimo terceiro salário
3.1.1.7 Encargos sociais
3.1.1.8 Férias
3.1.1.9 Gratificações
3.1.1.10 Indenizações
3.1.1.11 Lanches e refeições
3.1.1.12 Salários
3.1.1.13 Seguros de acidente de trabalho
3.1.1.14 Viagens e estadias
3.1.1.15 Outras despesas com pessoal
Outras
3.1.1.16 Brindes e presentes
3.1.1.17 Combustíveis
3.1.1.18 Despesa com PCLD
3.1.1.19 Fretes e carretos
3.1.1.20 Material de embalagem
3.1.1.21 Perdas com clientes
3.1.1.22 Propaganda e publicidade
3.1.1.23 Serviços de terceiros
3.1.1.24 Despesas eventuais
3.1.2 Despesas administrativas pessoal
3.1.2.1 Assistência médica e social
3.1.2.2 Condução e transporte
3.1.2.3 Contribuição para o FGTS
3.1.2.4 Contribuições de previdência
3.1.2.5 13º salário
3.1.2.6 Encargos sociais
3.1.2.7 Férias
3.1.2.8 Honorários da diretoria
3.1.2.9 Indenizações
3.1.2.10 Lanches e refeições
3.1.2.11 Pró-labore
3.1.2.12 Salários
3.1.1.13 Seguro de acidente de trabalho
3.1.1.14 Viagens e estadias
3.1.1.15 Outras despesas com pessoal Gerais
3.1.1.16 Água e esgoto
3.1.1.17 Aluguel passivo (pago)
3.1.1.18 Amortização
3.1.1.19 Combustíveis
3.1.1.20 Correios e telégrafos

55
3.1.1.21 Depreciação
3.1.1.22 Energia elétrica
3.1.1.23 Fretes e carretos
3.1.1.24 Jornais e revistas
3.1.1.25 Material de expediente
3.1.1.26 Prêmio de seguro
3.1.1.27 Telefone
3.1.1.28 Despesas eventuais
3.1.1.29 Material de limpeza
Tributárias
3.1.1.30 Impostos e taxas
Outras
3.1.1.31 Serviços de terceiros
3.1.1.32 Despesas eventuais
3.1.3 Despesas financeiras
3.1.3.1 Descontos concedidos
3.1.3.2 Juros passivos (pagos)
3.1.3.3 IOF
3.1.3.4 Despesas bancárias
3.1.4 Outras despesas operacionais
3.1.4.1 Multas fiscais
3.1.4.2 Perda na realização de investimentos
3.1.4.3 Variações monetárias passivas
3.1.4.4 Despesas de participações societárias
3.2 Custos Operacionais
3.2.1 Custo das compras
3.2.1.1 Compras de mercadorias
3.2.1.2 Fretes e seguros sobre as compras
3.2.1.3 (–) Compras anuladas
3.2.1.4 (–) Descontos incondicionais obtidos
3.3 Despesas não Operacionais
3.3.1 Perdas em transações do ativo permanente
4 – Receitas
4.1 Receitas Operacionais
4.1.1 Receita bruta com as vendas
4.1.1.1 Venda de mercadorias
4.1.1.2 Receitas de serviços prestados
4.1.1.3 (–) Vendas anuladas
4.1.1.4 (–) Descontos incondicionais concedidos
4.1.1.5 (–) ICMS sobre as compras
4.1.1.6 (–) Impostos sobre serviço (ISS)
4.1.1.7 (–) PIS sobre o faturamento (Programa de Integração Social)
4.1.1.8 (–) COFINS
4.1.2 Receitas financeiras
4.1.2.1 Descontos obtidos
4.1.2.2 Juros ativos (recebidos)
4.1.2.3 Rendimentos sobre aplicações financeiras
4.1.3 Outras receitas operacionais
4.1.3.1 Aluguéis ativos (recebidos)
4.1.3.2 Perdas recuperadas

56
4.1.3.3 Receitas de participações societárias
4.2 Receitas não Operacionais
4.2.1 Ganhos em transações do ativo permanente
4.2.2 Doações recebidas
4.2.3 Recebimento de indenizações
5 – Apuração do Resultado
5.1 Resultado bruto
5.1.1 Custo da mercadoria vendida (CMV)
5.1.2 Custo dos serviços prestados (CSP)
5.1.3 Resultado da conta de mercadorias (RCM)
5.1.4 Lucro sobre vendas (lucro bruto)
5.1.5 (–) Prejuízo sobre vendas
5.2 Resultado não operacional
5.2.1 Ganhos ou perdas de capital
5.3 Resultado líquido
5.3.1 Resultado do exercício
Fonte: elaborado por Ribeiro (2002), adaptado pelo autor.

Conclusão da aula 4

Chegamos ao final de mais uma aula. Aqui, você aprendeu sobre o


conceito e a classificação das contas, bem como os conceitos de débito e crédito
e teve também acesso ao conteúdo referente à estruturação do Plano de Contas,
finalizando com um modelo que prevê as principais contas utilizadas nas
empresas.

Atividade de aprendizagem

Elabore um plano de contas, em conformidade com a estrutura apresentada


neste capítulo, escolhendo um ramo de atividade.
Por exemplo, um plano elaborado para uma indústria é diferente de uma
empresa comercial, pois a indústria possui contas no estoque de matéria-
prima e o comércio não possui.

57
Aula 5 – Registro contábil

Apresentação da aula 5

Nesta aula você estudará como se processa o registro contábil, ou seja,


o lançamento contábil na sua prática.

5.1 Conceito

A ordem cronológica dos fatos torna os registros acessíveis, práticos e


funcionais, combinados com as anotações feitas em livros próprios e
promovendo uma vantagem ao se utilizar da técnica de escrituração para
documentação dos fatos contábeis, pois há a possibilidade de obter a informação
correta e precisa, no momento em que se fizer necessário, sem a necessidade
da procura em arquivos de papéis a fim de localizar uma transação realizada.

5.1.1 Conceito de Registro Contábil

O Registro Contábil é a técnica para o registro de todos os fatos contábeis


que ocorrem em uma empresa, respeitando e obedecendo aos princípios de
contabilidade e às normas em vigor, pois, por meio dessa técnica, a
contabilidade atinge seu objetivo de estudar, controlar e fornecer informações
sobre o patrimônio e suas variações.

5.1.2 Função do Registro Contábil

Quando realizamos o registro dos fatos contábeis, a escrituração atende


a duas funções básicas:

 Função histórica: ao registrar os fatos em ordem cronológica (dia,


mês e ano) a escrituração acaba retratando a verdadeira história do
patrimônio;

58
 Função monetária: ao registrar os fatos em seus valores monetários,
a escrituração possibilita a análise econômica, financeira e
patrimonial.

5.2 Métodos de escrituração

Método é a maneira de realizar algumas atividades, portanto, o método


de escrituração é a forma com que se realiza o registro dos fatos contábeis,
existindo dois métodos fundamentais para o registro desses fatos.

5.2.1 Métodos das partidas simples

O método das partidas simples é utilizado para o registro de um valor


apenas de débito ou de crédito; uma empresa que faz o controle de suas
operações efetuando o registro apenas no livro caixa está fazendo uso desse
método, pois sua preocupação em destaque é apenas o controle do dinheiro,
não havendo a preocupação em registrar outros elementos patrimoniais e nem
mesmo o resultado das transações realizadas.
Esse método é incompleto e não permite o controle total do patrimônio.
Por consequência, é imperfeito para ser utilizado no processo de tomada de
decisões por insuficiência de dados, as empresas que fazem uso desse método
só conseguem conhecer seu resultado econômico comparando o patrimônio
existente no início com o existente no final do período.

5.3 Métodos das partidas dobradas

Esse método tem como princípio fundamental o fato de que, a cada


lançamento a débito de uma ou mais contas, deverá corresponder um crédito
equivalente ao mesmo valor em uma ou mais contas. Ou seja, não há débito sem
crédito.
Por consequência da utilização do Método das Partidas Dobradas, o
registro de um fato contábil exige a movimentação de, no mínimo, duas contas.
Por esse motivo, é conhecido como partida dobrada, não havendo devedor sem

59
credor. Como para cada débito há um crédito equivalente, a soma dos valores
debitados será igual à soma dos creditados.
Como a natureza dos saldos é correspondente à diferença entre os
valores debitados e creditados na mesma conta, a soma final dos saldos
devedores será igual aos saldos credores. Por consequência, o total do ativo
será igual ao total do passivo, e por intermédio desse método, os registros são
realizados inicialmente no Livro Diário e, por sequência, no Livro Razão.
Esse método foi divulgado pela primeira vez na cidade de Veneza, na
Itália, em 10 de novembro de 1494, pelo Frei Luca Paccioli, que foi empregado
pelos comerciantes desde o século XV, e até hoje é utilizado pelos contabilistas.
Marion define o método das partidas dobradas como:

o Método das Partidas Dobradas já fez 500 anos de idade após sua
oficialização. Nos últimos 50 anos observamos as maiores descobertas
e invenções do mundo, entretanto, nada ainda substituiu na
Contabilidade este método. Na verdade, este método é tão perfeito que
nunca sofreu qualquer ameaça de substituição (MARION, 2004, p.
152).

5.3.1 Atos e fatos administrativos

Durante o exercício fiscal, os administradores e funcionários da empresa


executam e praticam diversas ações que são classificadas como atos dentro da
organização, em que muitos desses atos devem ser registrados pela
contabilidade, por promoverem a alteração da situação patrimonial e do
resultado da empresa.
Alguns atos não produzem alterações patrimoniais e de resultado e, por
consequência, não necessitam ser registrados, como no caso de decisões
normais sobre a conduta dentro da empresa (desde que seus impactos não
afetem diretamente em economia ou geração de despesas), elaboração de
manuais de procedimentos internos, reuniões de diretoria, aplicação de
advertências e até mesmo a contratação ou demissão de funcionários.
Observe que o ato de admitir ou demitir um funcionário não gera
lançamento contábil no momento, mas produzirá fatos contábeis que gerarão
lançamentos futuros, ao realizar os pagamentos a este funcionário. Outros atos

60
geram fatos contábeis imediatamente, por alterar a situação patrimonial ou do
resultado e deverão ser devidamente registrados.
O patrimônio das empresas sempre estará em constante movimento em
função dos acontecimentos que ocorrem diariamente e podem ser divididos em
dois grupos: atos e fatos administrativos.

5.3.2 Atos administrativos

São ocorrências da empresa que não geram alterações no patrimônio:


cotação de preço, admissão de empregados, assinaturas de contratos de
compras, de vendas e de seguros diversos, aval de títulos, fiança em favor de
terceiros etc.

5.3.3 Fatos administrativos

São eventos que geram alterações qualitativas e quantitativas no


patrimônio ou no resultado, podendo ou não alterar o patrimônio líquido da
entidade. Ao alterar o patrimônio, esses fatos precisam ser contabilizados por
meio das contas patrimoniais ou de resultado. Para tanto, é fundamental que o
fato seja representado por um documento que o comprove. Os fatos
administrativos podem ser classificados em três grupos: permutativos,
modificativos e mistos.

 Fatos permutativos: são aqueles que trocam os dados componentes


do ativo e / ou do passivo, sem alterar o valor do patrimônio líquido.
Pode haver troca entre os dados do ativo e do passivo e entre os dois
ao mesmo tempo. Por exemplo: a compra de veículo à vista, o
pagamento de duplicatas, o recebimento de nota promissória etc;

 Fatos modificativos: são aqueles que causam modificações no


patrimônio líquido da entidade. Abrangem somente uma conta
patrimonial e uma ou mais contas de resultado. Por exemplo,
pagamento de água, pagamento de telefone etc;

61
 Fatos mistos: são os que abrangem, ao mesmo momento, um fato
permutativo e um fato modificativo, podendo originar alterações no
ativo, no passivo e no patrimônio líquido, ao mesmo tempo. Abrangem
duas ou mais contas patrimoniais e uma conta de resultado. Por
exemplo, pagamento de guia de impostos com juros, recebimento de
duplicata com juros etc.

5.4 Escrituração segundo métodos das partidas dobradas

Débito e crédito são convenções contábeis, mas, na linguagem comum,


débito significa dívidas e crédito significa valores a receber. Para a contabilidade,
débito significa aplicação de recursos e crédito a origem dos recursos. A seguir,
apresenta-se abaixo como se faz a localização de débito e crédito:

 Débito está no lado esquerdo da conta ou do razonete;


 Crédito está no lado direito da conta ou do razonete.

Veja abaixo as regras que se deve obedecer para realizar os registros.

Lançamentos contas patrimoniais


Contas Patrimoniais
Contas do Ativo (Bens e Direitos) Contas do Passivo (Obrigações)
Débito Crédito Débito Crédito
• Quando seu • Quando seu •Quando seu • Quando seu
valor aumenta. valor diminui. valor diminui. valor aumenta.
• Quando é • Quando é • Quando é • Quando é
aplicação. origem. aplicação. origem.
Todas as contas do ativo devem ter Todas as contas do passivo devem ter
saldo devedor, exceto as retificadoras. saldo credor, exceto as retificadoras.
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Lançamentos de contas patrimoniais


Contas de Resultado
Contas de Receitas Contas de Despesas
Débito Crédito Débito Crédito
• Quando seu • Quando seu • Quando seu • Quando seu
valor é cancelado. valor aumenta. valor aumenta. valor é cancelado.

62
• Porque é origem • Porque é
de recurso. aplicação de
recurso.
Todas as contas de receita devem ter Todas as contas de despesa devem
saldo credor. ter saldo devedor.
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Conforme você pôde observar, existem regras específicas para o registro


da movimentação de cada elemento patrimonial. Estas regras sempre devem
estar em mente, pois elas fundamentarão todo o processo contábil.

5.5 Lançamentos

Lançamento é o elemento em que se verifica a escrituração contábil,


sendo possível verificar o registro de cada fato no Livro Diário. Para fazer um
lançamento, trabalha-se com três instrumentos: o fato contábil, o débito / crédito
e a conta. Na prática, quando se contabiliza um fato, precisa-se registrá-lo
obedecendo o Método das Partidas Dobradas.

5.5.1 Elaboração do lançamento

Para elaborar um lançamento é necessário que se proceda da seguinte


maneira:

 Identificar o local e a data da ocorrência do fato: o local


corresponde à cidade onde a empresa está estabelecida e a data
é constante no documento que comprova a existência do fato
contábil. Não havendo documento idôneo, o fato não poderá ser
contabilizado. Notas fiscais, duplicatas, contratos, notas
promissórias e cheques são documentos que comprovam os fatos
contábeis;

63
Importante
Documentos não fiscais não podem ser considerados para a escrituração.

 Identificar, no fato, os elementos patrimoniais envolvidos: em


cada fato contábil, poderá haver a movimentação de um bem, direito,
obrigação, receita e despesa, por esse motivo você deverá identificá-
lo;

 Identificar as contas que serão utilizadas para registrar os


elementos envolvidos: significa procurar no plano de contas um
nome que represente cada fato, que deverá ser discriminado em cada
razonete;

 Identificar que conta será debitada e que conta será creditada:


após identificar as contas envolvidas no fato contábil, precisamos
saber qual delas será debitada e qual será creditada.

5.5.2 Fórmulas de lançamento

Ao seguir, são apresentados os princípios do Método das Partidas


Dobradas; o lançamento indica o devedor e o credor, representados pelas
respectivas contas e poderá, no mesmo lançamento, apresentar mais de um
devedor ou credor. Essa variedade de devedores e credores ocorreu no
surgimento de quatro fórmulas de lançamentos no diário, levando em
consideração o número de contas debitadas e creditadas, lembrando sempre
que o total do débito deverá ser igual ao total do crédito.

 Primeira fórmula: uma conta debitada e uma conta creditada.


Fato: compra de veículo à vista, no valor de R$ 5.000.
Débito: conta Veículo 5.000.
Crédito: conta Caixa 5.000.

64
 Segunda fórmula: uma conta debitada e várias contas creditadas.
Fato: compra de veículo com entrada de R$ 2.000 e restante em 5
parcelas de R$ 600 cada.
Débito: conta veículo 5.000.
Crédito: conta caixa 2.000.
Crédito: conta duplicata a pagar 3.000.

 Terceira fórmula: várias contas debitadas e uma conta creditada.


Fato: venda de veículo. Recebeu R$ 3.000 de entrada e restante em
4 parcelas de R$ 700 cada.
Débito: conta caixa 3.000.
Débito: conta duplicata a receber 2.800.
Crédito: veículo 5.800.

 Quarta fórmula: várias contas debitadas e várias contas creditadas.


Fato: compra de geladeira e de um computador. Foram pagos no ato
R$ 2.000 e o restante em 3 parcelas de R$ 500 cada.
Débito: conta móveis 1.000.
Débito: conta computador 2.500.
Crédito: conta caixa 2.000.
Crédito: conta duplicata a pagar 1.500.

Conclusão da aula 5

Nesta aula vimos que a escrituração determina os procedimentos que o


contador deve realizar para controlar o patrimônio de uma entidade. O registro
de cada fato de forma individualizada é denominado de lançamento. O
lançamento é realizado nos livros contábeis em obediência às regras do Método
das Partidas Dobradas.

65
Atividade de aprendizagem

Além dos livros contábeis de registro e publicação oficiais (Razão e Diário)


estudados nesta aula, existem os livros fiscais e sociais. Pesquise como são
feitas as suas publicações.

Aula 6 – Razonete e balancete de verificação

Apresentação da aula 6

Olá aluno, para fins didáticos, utiliza-se o razonete para uma melhor
explicação e entendimento dos lançamentos na contabilidade. O Razonete é um
gráfico em forma de “T”, em que, acima, estará o nome da conta contábil, do lado
esquerdo serão feitos os lançamentos a débito e, do lado direito, a crédito.

6.1 Razonete

O Razonete é uma redução do Livro Razão, muito usado na didática


contábil pela facilidade de uso e efeito visual objetivo e claro, já que utiliza
apenas as colunas de débito e crédito identificadas pelo título da conta que
representam. O razonete tem a forma de um “T”, devendo os lançamentos a
débito (D) serem registrados no lado esquerdo e os a crédito (C), no lado direito.
Ao final dos lançamentos, o resultado é apurado pela confrontação dos
lançamentos.
Para ficar mais fácil a memorização, é só lembrar que o Razonete é
semelhante a uma cruz, que passou a ter outro significado depois (D) de Cristo
(C).
No Método das Partidas Dobradas, também denominado método
veneziano (el modo de Vinegia), publicado pela primeira vez por Luca Paccioli,
em seu livro Summa de Arithmetica, Proportioni et Proporcionalita, em 1494, é
um método matemático de que a contabilidade se valeu para efetuar os registros

66
dos atos e fatos contábeis, tornando-se um sistema padrão utilizado pela
contabilidade, a fim de registrar as transações financeiras de entidades.
Sua ideia inicial é de que a condição econômico-financeira e os resultados
das operações da empresa são melhores representados por diversas variáveis
denominadas de contas e que cada uma tem a função de refletir o aspecto do
valor monetário do registro.
As operações possuem valor financeiro registrado em pelos menos duas
contas, nas quais o total dos créditos deve ser igual ao valor dos débitos. Para
registrar-se o valor patrimonial de formação do capital social da empresa, serão
feitos os seguintes registros:

 No Livro Diário:
Débito (D): conta Caixa – ativo
Crédito (C): conta Capital Social – patrimônio líquido

 No Livro Razão:
Caixa Capital Social
D C

Fonte: elaborado pelo autor (2020).

O método publicado por Paccioli prevê os lançamentos das entradas de


débito registradas no lado esquerdo e das entradas de crédito registradas no
lado direito do razonete.
O Razonete representa sinteticamente o Livro Razão, que apresenta o
valor do registro e dos saldos das contas ou de um grupo de contas. O razonete
é representado graficamente da seguinte forma.

67
Razonete
Fonte: elaborado pelo autor (2020).

No razonete existe a possibilidade de identificar o título da conta de


registro, os valores referentes aos débitos e créditos e, por fim, destacar o saldo
dessa conta, ou seja, a diferença da somatória entre o débito e o crédito. Essa
diferença, que representa o saldo da conta, será destacada sempre do lado da
natureza da conta, por exemplo, se for conta caixa, então o saldo da conta
aparecerá no lado do débito.

Importante
O saldo da conta caixa nunca deverá ser negativo.

Isso acontece porque o saldo da conta acompanha sempre a sua


natureza, ou seja, se for conta de ativo de natureza devedora, o saldo será
apresentado no lado esquerdo; se for conta de passivo de natureza credora, o
saldo será apresentado no lado direito. Alguns exemplos de registros de fatos
contábeis no razonete:

 Registro quotas-partes de capital no valor de R$ 1.000, em dinheiro:


Caixa Capital Social
(1) 1.000 1.000 (1)

68
 Registro de valor de depósito bancário no valor de R$ 200:
Caixa Banco c/c Movimento
(1) 1.000 200 (2) (2) 200
Saldo = 800

 Pagamento de despesas administrativas da empresa no valor de R$ 100:


Caixa Desp. administrativas
800 100 (3) (3) 100

Saldo = 700

6.2 Balancete de verificação

De acordo com a RESOLUÇÃO n.º 1.330/11, do Conselho Federal de


Contabilidade, o Balancete de Verificação ou simplesmente balancete, é um
demonstrativo que relaciona todas as contas do Livro Razão com seus
respectivos saldos devedores ou credores, dispostos na ordem do Plano de
Contas elaborado para a empresa.

6.2.1 Finalidade do balancete

Todo lançamento registrado a débito faz surgir o mesmo valor, em outra


conta, a crédito. Dessa maneira, o valor total dos saldos devedores deve ser
exatamente igual ao valor total dos saldos credores, sendo essa a principal
finalidade do balancete, com o objetivo de verificar se a soma dos saldos
devedores é igual à soma dos saldos credores. O Balancete também tem as
finalidades de:

 Apurar o saldo total das contas do Razão, pela subtração do saldo


devedor com o saldo credor;

 Comprovar se o princípio das partidas dobradas foi observado


(saldo devedor = saldo credor);

69
 Servir de base para, no final do exercício, apurar o resultado
operacional e elaborar as demonstrações contábeis;

 Verificar as modificações de cada elemento patrimonial;

 Identificar, de imediato, a existência de erros de lançamento que


possam distorcer a natureza do saldo de uma conta.

Você deve estar se perguntando se todos os erros podem ser descobertos


por meio do balancete, e sua resposta será não. Caso uma conta do ativo ou
despesa aparecer no balancete com saldo credor, e uma conta do passivo ou
receita com saldo devedor, já tendo o conhecimento que os saldos desses
grupos deverão ser devedor para o ativo e despesas e credor para passivo e
receitas, esse demonstrativo somente indica que houve uma inversão de contas
debitadas e creditadas.
É necessário verificar se os lançamentos a débito e a crédito foram
realizados em contas indevidas ou se o registro foi registrado nas contas com
valor diferente do contido no documento; isso o balancete não poderá acusar.
Dessa maneira, pode-se afirmar que a igualdade dos saldos no balancete de
verificação não significará necessariamente que os lançamentos estão
completamente corretos.
Então, como descobrir se há erros? Após analisar o balancete, deverão
ser feitos os inventários físicos e confrontá-los com os seus registros, para sanar
toda e qualquer divergência existente. Poderão ser confrontados os saldos das
contas bancárias contidos nos extratos, com os saldos registrados na
contabilidade e, se a divergência for destacada na conta estoque, poderão ser
contados fisicamente o estoque da empresa e depois confrontado esse valor
com o saldo contábil da conta mercadorias.

6.2.2 Estrutura do balancete

Os elementos mínimos que devem ser apresentados no Balancete são a


identificação da empresa, a data de elaboração, o período a que se refere, a

70
identificação das contas, os saldos devedores e credores e a soma dos saldos
devedores e credores.

6.3 Balancete de duas colunas de valores monetários

O Balancete de duas colunas é o modelo mais comum, em que se


apresenta apenas o saldo de cada uma das contas. Esse formato também é
conhecido como balancete sintético.

Balancete sintético
Empresa Exemplo Ltda
Balancete de verificação elaborado em 31/1/2005
Referente ao período de janeiro de 2005
Saldos
Contas
Devedores Credores
Caixa 1.000
Mercadorias 5.000
Fornecedores 2.000
Capital social 4.000
Totais 6.000 6.000
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

6.3.1 Balancete de quatro colunas de valores monetários

Neste modelo serão demonstrados o valor movimentado no período e o


respectivo saldo de cada conta, também conhecido como balancete analítico.
Balancete analítico
Empresa Exemplo Ltda
Balancete de verificação elaborado em 31/1/2005
Referente ao período de janeiro de 2005
Contas Movimentos Saldos
Devedor Credor Devedor Credor
Caixa 2.000 1.000 1.000
Mercadorias 5.000 5.000
Fornecedores 300 2.300 2.000
Capital social 4.000 4.000
Totais 7.300 7.300 6.6.2.3.1 6.000
Balancete
de duas
colunas de

71
valores
monetários
000
Fonte: adaptado pelo autor (2019).

6.3.2 Balancete de quatro colunas de valores monetários

Neste modelo se apresentam o saldo do período anterior, o movimento do


período atual e o respectivo saldo final de cada conta, este modelo também é
conhecido como balancete complexo.

Balancete complexo
Empresa Exemplo Ltda
Balancete de verificação elaborado em 31/1/2005
Referente ao período de janeiro de 2005
Contas Saldo Anterior Movimentos Saldo Final
Devedor Credor Devedor Credor Devedor Credor
Caixa 1.000 2.000 1.200 1.800
Mercadorias 5.000 1.000 2.000 4.000
Fornecedores 2.000 200 1.800
Capital social 4.000 4.000
Totais 6.000 6.000 3.200 3.200 5.800 5.800
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Pode-se observar, nos modelos anteriores, que as somas dos valores


lançados na coluna do movimento devem ser iguais entre si; isso se aplica às
somas dos valores lançados na coluna do saldo e na coluna do saldo anterior.
No entanto, os totais do saldo anterior, do movimento e do saldo podem ser
diferentes.

6.3.3 Elaboração do balancete

Para elaborar o balancete de qualquer empresa, devem ser realizados os


seguintes procedimentos:

 Fazer o lançamento de cada fato no Livro Diário;

72
 Em seguida, transcrever os lançamentos para o Livro Razão ou
razonete;
 Finalizados os lançamentos, calcula-se o valor total do lado do
débito e também do lado do crédito de cada razonete, sendo
apurado o saldo de cada razonete;
 Desenhar a estrutura do balancete de quatro colunas de valores;
 Registrar no balancete o nome de todas as contas movimentadas;
 Transferir para a coluna movimento devedor do balancete a soma
do lado do débito de cada razonete;
 Transferir para a coluna movimento credor do balancete a soma
do lado do crédito de cada razonete;
 Transferir para a coluna saldo do balancete o saldo de cada
razonete. Esse valor é lançado a débito ou a crédito, conforme
identificado nos razonetes;
 Somar os valores das colunas movimento e das colunas saldos;
 Verificar se os totais das colunas movimento são iguais entre si;
 Verificar se os totais das colunas saldo são iguais entre si. Após a
elaboração do balancete, sempre deverá ser procedida a
verificação;
 Verificar se o princípio do Método das Partidas Dobradas foi
observado, pois o total dos saldos devedores deverá ser igual ao
total dos saldos credores;
 Verificar se todas as contas relacionadas apresentam saldos de
acordo com sua natureza.

6.4 Modelo de balancete

Para compreender e fixar os conhecimentos sobre o processo de


elaboração do balancete, será simulada a constituição de uma empresa
individual para o Sr. Antonio, registrar os fatos contábeis que ele realizou no Livro
Diário, transcrever os registros para o Livro Razão (razonetes) e, em seguida,
elaborar seu balancete de verificação.

73
6.4.1 Registros no livro diário: lançamentos

1. Antonio montou uma empresa com capital em dinheiro de R$ 2.000.


Débito – Caixa (aplicação): R$ 2.000.
Crédito – Capital Social (origem): R$ 2.000.
2. Antonio pagou o contador para legalizar a empresa (R$ 100) e registrou
como despesa operacional.
Débito – Despesa com legalização (aplicação): R$ 100.
Crédito – Caixa (origem): R$ 100.
3. Antonio comprou 40 mercadorias por R$ 5 cada uma. A compra foi à vista
e totalizou R$ 200.
Débito – Compras de mercadoria (aplicação): R$ 200.
Crédito – Caixa (origem): R$ 200.
4. Antonio comprou 60 mercadorias por R$ 5 cada uma. A compra foi realizada
a prazo (6 parcelas de R$ 50 cada) na loja Soares e totalizou R$ 300.
Débito – Compras (aplicação): R$ 300.
Crédito – DP a pagar ou fornecedor Soares (origem): R$ 300.
5. Antonio vendeu 50 mercadorias à vista: R$ 200.
Débito – caixa (aplicação): R$ 200.
Crédito – Vendas de mercadoria (origem): R$ 200.
6. Antonio vendeu 50 mercadorias a prazo para Ana em um total de R$ 250
em 5 parcelas de R$ 50 cada.
Débito – DP a receber ou cliente Ana (aplicação): R$ 250.
Crédito – Vendas de mercadoria (origem): R$ 250.
7. Antonio pagou energia: R$ 30.
Débito – energia paga (aplicação): R$ 30.
Crédito – caixa (origem): R$ 30.
8. Antonio pagou a primeira prestação na Loja Soares R$ 50 (fato n. 4).
Débito – DP a pagar ou Fornecedor Soares (aplicação): R$ 50.
Crédito – Caixa (origem): R$ 50.
9. Antonio recebeu a primeira prestação de Ana: R$ 50 (fato n. 6)
Débito – caixa (aplicação): R$ 50.
Crédito – DP a receber ou Cliente Ana (origem): R$ 50.

74
10. Antonio pagou a segunda prestação na loja Soares com juros de R$ 5
(valor da prestação: R$ 50).
Débito – Juros pagos (aplicação): R$ 5.
Débito – DP a pagar ou fornecedor Soares (aplicação): R$ 50.
Crédito – caixa (origem): R$ 55.
11. Antonio recebeu de Ana a segunda prestação com juros de R$ 3 (valor da
prestação: R$ 50).
Débito – caixa (aplicação): R$ 53.
Crédito – Juros recebidos (origem): R$ 3.
Crédito – DP a receber ou cliente Ana (origem): R$ 50.
12. Antonio pagou a terceira prestação na loja Soares com desconto de R$ 2
(valor da prestação: R$ 50).
Débito – DP a pagar ou fornecedor Soares (aplicação): R$ 50.
Crédito – Desconto obtido (origem): R$ 2.
Crédito – Caixa (origem): R$ 48.
13. Antonio recebeu de Ana a terceira prestação com desconto de R$ 1 (valor
da prestação: R$ 50).
Débito – Caixa (aplicação): R$ 49.
Débito – Desconto concedido (aplicação): R$ 1.
Crédito – DP a receber ou cliente Ana (origem): R$ 50.
14. Provisão do salário do mês de fevereiro, que será pago em março no valor
de R$ 300.
Débito – Com salário (aplicação): R$ 300.
Crédito – Salário a pagar (origem): R$ 300.

6.4.2 Transcrição dos registros no livro razão: razonetes

Após realizar os lançamentos, será aberto um razonete para cada conta


que foi movimentada e transcrever os valores registrados em cada fato contábil.
É conveniente que os razonetes estejam dispostos na sequência da estrutura
legal do Plano de Contas apresentado anteriormente. Veja como ficarão os
razonetes da empresa do Sr. Antonio.

75
Contas do ativo
Caixa Duplicata a receber
2.000 100 250 50
200 200 50
50 30 50
43 50
49 55
48
2.352 483 250 150
1.869 100

Contas do passivo
Duplicata a pagar Salário a pagar Capital social
50 300 300 2.000
50
50
150 300
150

Contas de receitas
Vendas Juros recebidos Desconto obtido
200 3 2
250
450

Contas de despesas
Compras Despesa com legalização Energia
200 100 30
300
500
Juros pagos Desconto concedido Salário Antonio
montou uma empresa com capital em dinheiro de R$ 2.000.

Débito – Caixa (aplicação): R$ 2.000.

76
Crédito – Capital Social (origem): R$ 2.000.
2. Antonio pagou o contador para legalizar a empresa (R$ 100) e registrou
como despesa operacional.
Débito – Despesa com legalização (aplicação): R$ 100.
Crédito – Caixa (origem): R$ 100.
3. Antonio comprou 40 mercadorias por R$ 5 cada uma. A compra foi à
vista e totalizou R$ 200.
Débito – Compras de mercadoria (aplicação): R$ 200.
Crédito – Caixa (origem): R$ 200.
4. Antonio comprou 60 mercadorias por R$ 5 cada uma. A compra foi
realizada a prazo (6 parcelas de R$ 50 cada) na loja Soares e totalizou R$ 300.
Débito – Compras (aplicação): R$ 300.
Crédito – DP a pagar ou fornecedor Soares (origem): R$ 300.
5. Antonio vendeu 50 mercadorias à vista: R$ 200.
Débito – caixa (aplicação): R$ 200.
Crédito – Vendas de mercadoria (origem): R$ 200.
6. Antonio vendeu 50 mercadorias a prazo para Ana num total de R$ 250
em 5 parcelas de R$ 50 cada.
Débito – DP a receber ou cliente Ana (aplicação): R$ 250.
Crédito – Vendas de mercadoria (origem): R$ 250.
7. Antonio pagou energia: R$ 30.
Débito – energia paga (aplicação): R$ 30.
Crédito – caixa (origem): R$ 30.
8. Antonio pagou a primeira prestação na Loja Soares R$ 50 (fato n. 4).
Débito – DP a pagar ou Fornecedor Soares (aplicação): R$ 50.
Crédito – Caixa (origem): R$ 50.
9. Antonio recebeu a primeira prestação de Ana: R$ 50 (fato n. 6)
Débito – caixa (aplicação): R$ 50.
Crédito – DP a receber ou Cliente Ana (origem): R$ 50.
10. Antonio pagou a segunda prestação na loja Soares com juros de R$
5 (valor da prestação: R$ 50).
Débito – Juros pagos (aplicação): R$ 5.
Débito – DP a pagar ou fornecedor Soares (aplicação): R$ 50.
Crédito – caixa (origem): R$ 55.

77
11. Antonio recebeu de Ana a segunda prestação com juros de R$ 3 (valor
da prestação: R$ 50).
Débito – caixa (aplicação): R$ 53.
Crédito – Juros recebidos (origem): R$ 3.
Crédito – DP a receber ou cliente Ana (origem): R$ 50.
12. Antonio pagou a terceira prestação na loja Soares com desconto de
R$ 2 (valor da prestação: R$ 50).
Débito – DP a pagar ou fornecedor Soares (aplicação): R$ 50.
Crédito – Desconto obtido (origem): R$ 2.
Crédito – Caixa (origem): R$ 48.
13. Antonio recebeu de Ana a terceira prestação com desconto de R$ 1
(valor da prestação: R$ 50).
Débito – Caixa (aplicação): R$ 49.
Débito – Desconto concedido (aplicação): R$ 1.
Crédito – DP a receber ou cliente Ana (origem): R$ 50.
14. Provisão do salário do mês de fevereiro, que será pago em março no
valor de R$ 300.
Débito – Com salário (aplicação): R$ 300.

Crédito – Salário a pagar (origem): R$300.


5 1 300

6.4.3 Elaboração do balancete de verificação

Para elaborar o Balancete e basta transferir as somas dos razonetes para


a coluna movimento e os saldos de cada razonete para a coluna saldos.
Posteriormente, some cada coluna para verificar se o valor do débito é igual ao
valor do crédito. Veja como ficará o Balancete da empresa do sr. Antonio.

Balancete analítico – Empresa Antonio


Empresa do Sr Antonio
Balancete de verificação elaborado em 31/1/2005
Referente ao período de Janeiro de 2005
Contas Movimento Saldos
Devedor Credor Devedor Credor

78
Caixa 2.352 483 1.869
Duplicata a receber 250 150 100
Duplicata a pagar 150 300 150
Salário a pagar 300 300
Capital 200 2.000
Vendas de mercadorias 450 450
Juro recebido 3 3
Desconto obtido 2 2
Compras de mercadorias 500 500
Despesa com legalização 100 100
Energia 30 30
Juros pagos 5 5
Desconto concedido 1 1
Salário 300 300
TOTAIS 3.688 3.688 2.905 2.905
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

É importante ressaltar que o Balancete de Verificação deve ser elaborado


com regularidade, de preferência mensalmente, ou de acordo com as
necessidades da administração, considerando sempre que quanto maior for um
período entre um balancete e outro, mais complicado será de localizar os erros
de escrituração.

Conclusão da aula 6

Chegamos ao final de mais uma aula, vimos a importância dos razonetes


para o estudo da contabilidade. Nesse sentido, foi possível observar que o
Balancete de Verificação é um relatório contábil que possibilita aos contadores
verificar se o Método das Partidas Dobradas foi atendido, às contas
movimentadas com seus respectivos saldos e se a escrituração está correta.

79
Atividade de aprendizagem

De acordo com o item 6.2.3.1, elabore um Balancete de Verificação conforme


contas a seguir e de acordo com sua natureza contábil.
Para uma melhor identificação das contas, verifique o item Plano de Contas,
a seguir:
CONTAS VALORES

Banco conta Movimento 1.000,00


Caixa 500,00
Capital Social 50.000,00
Duplicatas a Receber 6.000,00
Estoque 11.000,00
Fornecedores 14.000,00
Icms a Recolher 9.000,00
IRRF a Recuperar 1.500,00
Marcas e Patente 1.200,00
Salários a pagar 13.200,00
Veículos 15.000,00

Aula 7 – Apuração do resultado do exercício

Apresentação da aula 7

Caro aluno, vimos anteriormente que escriturar é transcrever para os


livros de contabilidade os fatos contábeis e verificar a escrituração significa
comprovar se todos esses fatos foram lançados corretamente nas contas. Agora,
daremos início à avaliação do desempenho administrativo da empresa por meio
da apuração do resultado. Quando apuramos o resultado, verificamos por meio
das contas de resultado, se a movimentação do patrimônio da empresa
apresentou lucro ou prejuízo no período.

80
7.1 Roteiro para apuração do resultado

Todos os dias, à nossa volta, identificamos várias empresas que atuam


diretamente com diversas atividades econômicas, seja com o objetivo de obter
um resultado ou entidade sem fins lucrativos. Para que os objetivos sejam
alcançados, os responsáveis de cada empresa devem administrar o patrimônio
à sua disposição, realizando diariamente transações que podem apresentar uma
despesa, produzir uma receita e apresentar um resultado, positivo ou negativo,
por meio do confronto entre essas despesas e as receitas.
O resultado do exercício é a avaliação da atividade administrativa,
realizada em períodos de tempo inferiores a 12 meses, por meio da qual a
contabilidade identifica se a empresa apresentou lucro ou prejuízo.

7.1.1 Despesa

Para iniciar, será reforçado o conceito de despesa, que são os gastos


realizados para se obter um bem ou um serviço que foi consumido, quer eles
tenham sido pagos ou permaneçam como obrigação a pagar. Pode-se destacar
as despesas operacionais (despesas com vendas, financeiras e administrativas)
e as despesas não operacionais (o custo do bem do ativo permanente que foi
baixado ou vendido).
As despesas são identificadas e registradas pelo valor de aquisição do
bem ou serviço descrito na nota fiscal. Antes de mais nada, é importante
desmistificar a diferença entre gasto e despesa. O gasto não será considerado
uma despesa quando provocar um aumento no valor de bens ou direitos do ativo.
A empresa, ao comprar um equipamento, realiza um gasto que é
classificado como investimento e não como despesa, porque este equipamento
adquirido aumentou os valores dos bens do ativo. O gasto será despesa quando
diminuir os valores do ativo ou aumentar os valores do passivo, a exemplo do
pagamento de energia elétrica e provisão do salário.

81
7.1.2 Receita

A receita constitui na recuperação da despesa por parte da empresa, por


meio de vendas à vista ou a prazo e podem ser classificadas em receitas
operacionais (receita bruta, líquida e financeira) e receitas não operacionais
(venda de bens ou direitos que estavam registrados no ativo permanente) são
registradas pelo valor de venda da mercadoria ou pela prestação de serviços
especificado na nota fiscal.
Toda vez que ocorre uma transação de entrada de dinheiro na empresa,
não poderá ser considerada uma receita, pois, se uma empresa contrair um
empréstimo bancário no valor de R$ 1.000, haverá a entrada de dinheiro, mas
também uma obrigação a pagar junto ao banco financiador, aumentando, assim,
o passivo. Portanto, essa entrada de dinheiro não será considerada uma receita.
A entrada de dinheiro só será receita quando aumentar o valor do ativo, sem
aumentar o valor do passivo.
Existem receitas que, por si só, não representarão uma entrada de
dinheiro, mas sim a entrada de direitos a receber, a exemplo de quando a
empresa faz uma venda a prazo.

7.1.3 Custos

Os custos são os valores gastos pela empresa na compra ou na produção


de mercadorias e produtos que serão comercializados por ela. O custo da
mercadoria vendida é o valor gasto pela empresa na compra das mercadorias
que já foram vendidas e é conhecido como CMV.

7.1.4 Lucro ou prejuízo

Após a apuração do exercício estar concluída e o resultado for positivo,


ou seja, o total das receitas for maior que o total das despesas, a empresa estará
obtendo lucro, e, quando esse resultado for negativo, ou seja, quando o total da
receita for menor que o total da despesa, a empresa estará sofrendo um prejuízo.

82
7.2 Procedimentos e contabilização

Realizaremos agora para a Apuração do Resultado do Exercício (ARE) da


Empresa do Sr. Antonio, constituída na aula anterior, seguindo o roteiro que você
deverá fazer toda vez em que for apurar o resultado de uma empresa que
controla e registra.
Primeiramente, é elaborado o Balancete de Verificação com o saldo de
todas as contas patrimoniais e de resultado (ver quadro 1.14 da aula anterior),
na sequência deve ser feito o inventário de mercadorias para saber o valor das
mercadorias que ainda estão na empresa, que representam seu estoque para a
venda no futuro, registrando esse valor na conta estoque (final) de mercadoria.
No exemplo que estamos verificando, o inventário de mercadorias identificou que
não havia estoque de mercadoria para venda futura. Portanto, o estoque final de
mercadoria é igual a zero.
O próximo passo será criar um razonete que será denominado Custo da
Mercadoria Vendida (CMV), que tem a seguinte estrutura e conteúdo:

Custo da mercadoria vendida


Custo da Mercadoria Vendida – CMV
Estoque inicial de mercadorias R$ Devolução de compras R$
Compras de mercadorias R$ Desconto incondicional obtido na
Frete sobre a compra R$ compra R$
Seguro sobre a compra R$ Impostos sobre a compra R$
Estoque final de mercadorias R$
Soma R$ Soma R$
Saldo Devedor R$ Saldo Credor R$
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Agora, serão transferidos para o CMV os saldos das contas referentes às


transações com as compras de mercadorias, conforme descrito acima, em que
apenas o saldo da conta do estoque final de mercadorias deverá ter valor, os
demais serão iguais a zero. Serão feitos os seguintes lançamentos para poder
transferir os saldos para o CMV:

 Debitar: CMV
Creditar: estoque inicial de mercadorias.
 Debitar: CMV
83
Creditar: compras de mercadorias.
 Debitar: CMV
Creditar: frete sobre a compra.
 Debitar: CMV
Creditar: seguro sobre a compra.
 Debitar: estoque final de mercadorias.
Creditar: CMV
 Debitar: devolução de compra.
Creditar: CMV
 Debitar: desconto incondicional obtido na compra.
Creditar: CMV
 Debitar: impostos sobre a compra.
Creditar: CMV

No exemplo só apareceu a ocorrência na conta compras de mercadorias,


portanto, a transferência será realizada assim:
Debitar CMV R$ 500.
Creditar compra de mercadorias R$ 500.
Veja como fica o CMV após as transferências dos valores:

Custo da mercadoria vendida após transferências


Custo da Mercadoria Vendida – CMV
Estoque inicial de mercadorias R$ 00 Devolução de compras R$ 00
Compras de mercadorias R$ 500 Desconto incondicional obtido na
Frete sobre a compra R$ 00 compra R$ 00
Seguro sobre a compra R$ 00 Impostos sobre a compra R$ 00
Estoque final de mercadorias R$ 00
Soma R$ 500 Soma R$ 00
Saldo Devedor R$ 500
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Agora vamos criar um razonete denominado Apuração do Resultado do


Exercício (ARE), que terá a seguinte estrutura e conteúdo:

Razonete apuração do resultado do exercício


Apuração do Resultado do Exercício – ARE
Despesas R$ Receitas R$

84
CMV R$
Soma das despesas e CMV R$ Soma das Receitas R$
Saldo Devedor R$ Saldo Credor R$
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Com o razonete criado, vamos transferir para o ARE os saldos das contas
de despesas e deverão ser feitos os seguintes lançamentos para poder transferir
o saldo das despesas para o ARE, para cada despesa proceda assim:

 Debitar Conta ARE R$

Creditar Contas de despesas e o CMV R$


Após realizada a transferência, os razonetes de despesas e o CMV ficarão
com saldo igual a zero. Veja como ficará após fazer a transferência das despesas
e do CMV do nosso exemplo.

Transferência de saldos
Transferência de Saldos – ARE
Debitar ARE 500 Debitar ARE 100 Debitar ARE 30
Creditar CMV 500 Creditar Desp. c/ legal. 100 Creditar Energia 30
Debitar ARE 5 Debitar ARE 1 Debitar ARE 300
Creditar Juro Pago 5 Creditar Desc. Concedido 1 Creditar Salário 300
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Fazer os seguintes lançamentos para poder transferir o saldo das receitas


para o ARE:

 Debitar Contas de receitas R$


Creditar Conta ARE R$
Após a transferência, os razonetes de receitas ficarão com saldo igual a
zero, no nosso exemplo existem três receitas e seus lançamentos da
transferência serão realizados assim:

Lançamentos de saldos das receitas


Debitar Vendas 450 Debitar Juro recebido 3 Debitar Desc obtido 2
Creditar ARE 450 Creditar ARE 3 Creditar ARE 2
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

85
Na sequência, é apurado o saldo da conta ARE, subtraindo o total das
receitas com o total das despesas e do CMV. Veja como ficará a conta ARE após
as transferências:
ARE após transferências
Apuração do Resultado do Exercício – ARE
CMV 500 Vendas 450
Despesa com legalização 100 Juros Recebidos 3
Energia 30 Descontos concedidos 2
Juros Pagos 5
Descontos concedidos 1
Salários 300
Soma das despesas R$ 936 Soma das Receitas R$ 455
Saldo Devedor R$ 481
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Agora transferimos o saldo do ARE para a conta lucros ou prejuízos


acumulados, e, em caso desse razonete ainda não existir, você deverá criá-lo,
obedecendo a seguinte lógica:

Regra geral para transferências do saldo ARE


Se o saldo do ARE for devedor, o Se o saldo do ARE for credor, o
lançamento será: lançamento será:
Debitar Conta prejuízo acumulado R$ Debitar Conta ARE R$
Creditar Conta ARE R$ Creditar Conta lucro acumulado R$
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Veja como fica a transferência no nosso modelo, com o saldo do ARE


devedor:

 Debitar conta prejuízo acumulado R$ 481.


Creditar conta ARE R$ 481.

Após essa transferência, o razonete da conta ARE sempre ficará com


saldo igual a zero.

7.3 Depreciação linear e soma dos dígitos

O conceito de depreciação é atrelado à diminuição do valor dos bens


materiais registrados no ativo permanente imobilizado, resultante do desgaste

86
pelo uso, pela ação da natureza ou pela obsolescência normal. Quando a
empresa adquire um bem, ela efetua um gasto, que é considerado como um
investimento e não pode ser classificado como despesa. Entretanto, esses bens,
quando são utilizados pela empresa, desgastam-se e perdem o valor, a perda
de valor é denominada depreciação.
Por meio da depreciação, a empresa pode considerar como despesas o
valor gasto na compra dos seus bens de uso.

Saiba mais
Motivos para depreciar: desgaste pelo uso, ação do tempo, exposição ao sol
ou à chuva; obsolescência por defasagem em relação ao desenvolvimento
tecnológico; entre outros.

7.3.1 Métodos de depreciação

Os métodos de depreciação existentes são: método linear, método da


soma dos dígitos e método do saldo decrescente. Dentre eles, o mais utilizado
é o método linear, que consiste em aplicar taxas anuais constantes pelo tempo
de vida útil estimado do bem. A vida útil do bem, por sua vez, é o prazo em anos,
meses ou dias, durante o qual o bem tem utilidade econômica para a empresa.

Importante
O lançamento da depreciação é feito de maneira simples, em que se debita a
conta de despesa de depreciação e, na contrapartida, credita a conta
depreciação acumulada. A conta despesa de depreciação vai para a apuração
do resultado do exercício e a conta depreciação acumulada é uma conta
retificadora do ativo permanente imobilizado. Alguns bens que não podem ser
depreciados são, por exemplo, bens que aumentam seu valor com o tempo
(obras de arte), terrenos, prédios ou construções não alugados ou utilizados pela
empresa.

Conta retificadora é uma conta que vai diminuir o valor da conta principal.
A depreciação pode ser feita mensalmente ou anualmente e pode ser de dois
tipos, uma normal, quando o bem é utilizado em um único turno, a ele será

87
aplicada a taxa normal ou acelerada quando o bem for utilizado durante dois
turnos, em que é aplicada a taxa multiplicada pelo coeficiente 1,5. Se for utilizado
durante três turnos, será aplicada a taxa multiplicada pelo coeficiente 2,0. Veja
os exemplos na tabela a seguir:

Prazos usualmente admitidos – depreciação


Contas Prazos Admitidos Taxas
Computador 5 anos 20% ao ano
Imóveis, exceto terrenos 25 anos 4% ao ano
Instalações 10 anos 10% ao ano
Móveis e utensílios 10 anos 10% ao ano
Veículos 5 anos 20% ao ano
Fonte: adaptado pelo autor (2019).

7.4 Resultado com mercadoria

Como visto anteriormente, as empresas comerciais compram


mercadorias para revendê-las, podendo ser realizadas à vista ou a prazo.
Quando a empresa compra à vista, o pagamento é realizado no ato da compra
e quando compra a prazo, cria uma obrigação, junto ao fornecedor para
pagamento futuro.

7.4.1 Valor das mercadorias compradas

O valor a ser lançado a título de compra de mercadorias sempre será o


valor efetivamente pago ou a ser pago pela mercadoria adquirida. De maneira
prática e objetiva, o lançamento do registro das compras de mercadorias será
realizado pelo valor total da nota fiscal, que compreende o valor da mercadoria
com ICMS já incluso e, se houver, o valor do IPI apresentado na nota fiscal.
Modelo de lançamento de compra de mercadoria à vista:

 Debitar: conta Estoque de Mercadoria


Creditar: conta caixa
Modelo de lançamento de Compra de mercadoria a prazo

 Debitar: conta Estoque de Mercadoria

88
Creditar: conta Duplicata a Pagar

Pode-se destacar que o valor de aquisição das mercadorias poderá sofrer


alterações, devido a alguns elementos que constam na Nota Fiscal e que
acabam alterando o valor de aquisição das mercadorias, tais como: impostos
sobre as compras, descontos incondicionais sobre as compras, devolução de
compras, fretes e seguros sobre as compras.

7.4.2 Valor das vendas de mercadorias

As empresas comerciais vendem mercadorias para obter o lucro, podendo


ser realizadas à vista ou a prazo. Quando a empresa vende à vista, há o
recebimento no ato da venda e, quando vende a prazo, cria um direito junto ao
cliente para recebimento futuro.
O valor a ser registrado e lançado é o valor efetivamente recebido ou a
ser recebido pela mercadoria vendida, de forma mais prática e objetiva, o
lançamento de registro das vendas de mercadorias será realizado pelo valor total
da nota fiscal de venda, que compreende o valor da mercadoria com ICMS já
incluso.
É importante destacar que o valor de venda das mercadorias poderá
sofrer alterações com a inclusão de alguns elementos que constam da Nota
Fiscal, alterando o valor de venda das mercadorias, tais como: impostos sobre
as vendas, fretes sob a responsabilidade do cliente, descontos incondicionais
sobre as vendas e devolução de vendas.

7.4.3 Apuração do custo da mercadoria vendida

O custo é um gasto que está diretamente relacionado à obtenção de um


produto que será vendido ou negociado pela empresa, que normalmente utiliza
o sistema de Inventário Periódico para registrar esses fatos que fazem referência
a compras e vendas. Ao adotar esse sistema, a empresa faz, no final do ano, um
inventário físico, ou seja, uma contagem do estoque de mercadorias da empresa
a fim de determinar o estoque final.

89
Conhecido o estoque final, aplica-se a seguinte fórmula para calcular o
CMV:
CMV = Estoque Inicial + Compras líquidas – Estoque Final

Conclusão da aula 7

Chegamos ao final de mais uma aula, em que aprofundamos os


conhecimentos a fim de conhecer os resultados provenientes de todo trabalho
que temos na prática contábil, que é a apuração do resultado e suas principais
regras e normas.

Atividade de aprendizagem

Pesquise junto a amigos e familiares que possuem empresas, ou até mesmo


no seu bairro, como é relizado o método de controle de estoque, descrevendo-
o bem como a atividade empresarial.

Aula 8 – O resultado do exercício e sua destinação

Apresentação da aula 8

Chegamos a nossa última aula, em que teremos acesso aos conteúdos


da Demonstração do Resultado do Exercício e do Balanço patrimonial, que são
relatórios importantíssimos, seu estudo nos fornece informações úteis para a
tomada de decisões.

8.1 Demonstração do resultado do exercício

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um relatório contábil


que contém todas as contas de resultado da empresa, com seus respectivos
saldos. A DRE apresenta um quadro completo e ordenado das receitas e
despesas e do custo de uma empresa em um determinado período,

90
possibilitando às pessoas interessadas conhecer sua situação econômica, bem
como identificar os elementos que contribuíram para o resultado apurado.
A legislação que norteia sobre a estrutura da Demonstração do Resultado
do Exercício é a lei n. 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), Art. 187. A DRE
é apresentada em uma coluna simples, iniciando com a receita bruta,
demonstrando os custos e despesas incorridas e finalizando com o resultado do
período. Veja a sua estrutura no modelo a seguir.

Modelo DRE
Demonstração do Resultado do Exercício Empresa Exemplo Ltda
31/12/2014
+ Receita operacional bruta (venda bruta) 800
(–) Deduções com as vendas ...
Desconto, devolução, ICMS, PIS, COFINS (10)
= Receita líquida (venda líquida) 790
(–) CMV – custo mercadoria vendida (650)
=Lucro bruto 140
(–) Despesas operacionais ...
de vendas (30)
administrativas (60)
de depreciação (10)
financeiras (30)
+ Receita operacional ...
Receita financeira 10
=Lucro operacional 20
(–) Outras Despesas (0)
+ Outras receitas 00
= Lucro antes do imposto 20
(–) Provisão para contribuição social (2)
(–) Provisão para imposto de renda (6)
=Lucro depois do imposto 12
(–) Participações ...
participações de debenturistas 00
participação de empregado e/ou administrador (4)
participação de partes beneficiárias 00
participação de institutos de previdência 00
= Lucro líquido do exercício Lucro líquido por ações 8
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Na tabela abaixo, serão apresentados os significados de cada elemento


que compõe a DRE:

91
Elementos da DRE
Grupos da demonstração do resultado do exercício
Receita É a receita principal da empresa, incluindo todos os impostos
Operacional e contribuições incidentes. Por exemplo: venda de
Bruta mercadorias, venda de produtos e venda de serviços.
Devoluções de
Valor das mercadorias devolvidas
venda ou venda
pelos clientes para a empresa.
anulada.
Descontos
Deduções das Descontos concedidos no ato da
incondicionais
Vendas venda da mercadoria para os clientes.
concedidos.
Valor dos impostos incidentes sobre a
Impostos sobre a
venda de mercadorias / serviços aos
venda.
clientes (ICMS, PIS, COFINS).
É a diferença entre a receita operacional bruta e as deduções
Receita de venda. É considerada como a receita real obtida pela
Operacional empresa. Os impostos serão repassados às repartições
Líquida públicas. As devoluções de venda deverão ser abatidas da
receita bruta.
Representa quanto a empresa gastou na mercadoria que foi
Custo das vendida, no serviço que foi prestado ou no produto fabricado
Mercadorias e já vendido. É conhecido pelas siglas CMV, CPV ou CSP. A
Vendidas fórmula do CMV é: estoque inicial + compra líquida –
estoque final.
É a diferença entre a receita operacional líquida e o custo da
Lucro ou
mercadoria vendida. É o resultado da venda das
Prejuízo Bruto
mercadorias.
São os gastos para comercializar e
distribuir os produtos da empresa. Por
Despesas com exemplo: comissão sobre venda,
vendas viagens dos vendedores, propaganda,
perdas estimadas com as vendas,
salário do vendedor etc.
São os gastos oriundos da utilização
de capitais de terceiros. Por exemplo:
Despesa Despesas
tarifas bancárias, desconto concedido
Operacional financeiras
ao cliente pelo pagamento antecipado,
juros bancários.
São gastos inerentes à atividade da
área administrativa da empresa, ou
Despesas seja, sua gestão. Por exemplo:
administrativas aluguel, energia, honorário da
diretoria, despesas judiciais, salário da
administração etc.
Outras São ganhos obtidos pela realização de operações acessórias
Receitas à atividade principal da empresa. Por exemplo: dividendos
Operacionais recebidos de um investimento em outra empresa etc.

92
Lucro ou É a diferença entre o lucro bruto e as despesas operacionais
Prejuízo acrescida de outras receitas operacionais. É o resultado das
Operacionais atividades principais e acessórias da empresa.
São gastos realizados com transações que não estão ligados
Outras
à atividade principal da empresa. Por exemplo: custo do bem
Despesas
do ativo permanente que está sendo vendido etc.
São ganhos com transações que não estão ligados à
Outras atividade principal da empresa. Por exemplo: recebimento de
Receitas doações, venda do bem que está registrado no ativo
permanente etc.
É a diferença entre o lucro operacional e as despesas não
operacionais acrescidas das receitas não operacionais. É
classificado como lucro contábil. Esse lucro será transferido
para o livro de apuração do lucro real (LALUR), para a
Lucro Antes apuração do valor do imposto de renda de pessoa jurídica
dos Tributos tributada com base no lucro real (lucro tributável). Para o
imposto de renda, o lucro real e o lucro ou prejuízo contábil
do período base ajustado pelas inclusões, exclusões ou
compensações prescritas ou autorizadas pela legislação
fiscal.
É o valor que a empresa deverá pagar
aos cofres públicos por ter obtido lucro
Imposto de renda no exercício. Sua alíquota está
prevista na legislação do imposto de
renda. Atualmente é de 15%.
Provisões
É o valor que a empresa deverá pagar
aos cofres públicos por ter obtido lucro
Contribuição social no exercício. Sua alíquota está
prevista na legislação do imposto de
renda. Atualmente ela é de 9%.
É a diferença entre o lucro antes dos tributos e as provisões.
Se for lucro, será a base de cálculo para a empresa fazer a
Lucro Depois
sua distribuição às pessoas que poderão participar desse
dos Tributos
resultado. Essas pessoas estão previstas no contrato ou
estatuto social da empresa.
São títulos de longo prazo emitidos
pelas S/A. As pessoas que os
Debêntures
possuem têm direito a juros,
participação nos lucros etc.
Seu valor deve estar previsto em
convenção coletiva ou de acordo com
Participações Empregados
as decisões tomadas pela
administração.
Seu valor deve estar estabelecido no
Administradores
estatuto ou contrato social.
São títulos mobiliários que dão direito
Partes beneficiárias
a pessoas que prestaram relevantes

93
serviços à empresa a participarem do
lucro da empresa.
Contribuição para
São contribuições destinadas a
os institutos de
entidades preestabelecidas que tratam
previdência ou
da complementação de aposentadoria
assistência de
dos empregados da empresa.
empregados
É a diferença entre o lucro depois dos tributos e as
participações. Representa a confrontação entre todas as
Lucro ou despesas incorridas e todas as receitas realizadas em um
Prejuízo determinado período. Esse resultado será transferido para o
Líquido balanço patrimonial, no grupo do passivo, subgrupo
patrimônio líquido, em conta denominada “lucros
acumulados”.
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

8.1.1 Elaboração da DRE

Depois de apurar o resultado, é necessário elaborar as demonstrações


contábeis. Para elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE),
você deve seguir o seguinte roteiro:

 Elaborar a estrutura da DRE, deixando espaço entre os grupos e


subgrupos para poder incluir as contas nos seus respectivos
lugares;

 Transcrever as contas do Balancete que representam receitas,


custo e despesas, com seus respectivos saldos, para a estrutura
elaborada ou transcrever todas as contas que estão no razonete
ARE para a DRE;

 Fazer as operações de adição e subtração de acordo com o sinal


que está ao lado de cada grupo e subgrupo, apurando os
resultados parciais e o resultado final.

Veja como fica a DRE da empresa do nosso exemplo:

94
DRE Modelo
Demonstração do Resultado do Exercício Empresa Antonio Ltda
Contas R$
+ Receita operacional bruta (venda bruta) 450

(–) Deduções com as vendas

Desconto incondicional concedido (00)

Devolução de venda (00)

= Receita líquida (venda líquida) 450

(–) CMV – custo mercadoria vendida (500)

=Lucro bruto (50)

(–) Despesas operacionais

Vendas

Administrativas (salário + energia + desp. Pré operacional) (430)

Financeiras (juros pagos + juros concedidos) (6)

+ Receita operacional

Receita financeira (Juros recebidos + desconto obtido) 5

= Prejuízo do exercício (481)


Fonte: elaborado pelo autor (2019).

8.2 Balanço patrimonial após encerramento

As demonstrações financeiras estão regulamentadas pela lei n.


10.406/02, no capítulo XV, Art. 175 a 205. O Novo Código Civil, que entrou em
vigor em 11 de janeiro de 2003, também regulamenta as demonstrações
financeiras, em seus Arts. 1.183, 1.184, 1.188, 1.189 e lei nº 11.638, de 2007 e
outros.
As demonstrações obrigatórias são:

 Balanço Patrimonial (BP);

95
 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), que no Novo
Código Civil é denominada de demonstração dos resultados
econômicos ou demonstração de lucros e perdas;

 Demonstração do Lucro ou Prejuízo Acumulado (DLPA);

 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL);

 Demonstração dos fluxos de caixa (DFC);

 Se companhia aberta, demonstração do valor adicionado (DVA).

8.2.1 Balanço patrimonial: conceito e finalidade

O Balanço Patrimonial é um relatório contábil que contém todas as contas


patrimoniais (bens, direitos e obrigações) de forma sintética, completa e
organizada, para as pessoas físicas e jurídicas que estão interessadas em
conhecer as situações econômica, patrimonial e financeira da empresa.
A situação econômica retrata a rentabilidade e lucratividade da empresa;
a situação financeira demonstra a capacidade de a empresa pagar suas dívidas,
das fontes e das aplicações de recursos e a situação patrimonial descreve os
bens, direitos e obrigações da empresa.

8.2.2 Apresentação do balanço patrimonial

O Balanço, em geral, é apresentado graficamente em duas colunas. Na


coluna da esquerda, as contas do ativo e, na coluna da direita, as contas do
passivo e o patrimônio líquido.

Elementos do balanço patrimonial


Balanço Patrimonial
Ativo (aplicações) Passivo (origens)
Bens Obrigações exigíveis
Direitos Patrimônio Líquido
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

96
No ativo são representados os bens e direitos de propriedade da empresa
que são elementos positivos do patrimônio, por exemplo: terrenos, veículos,
máquinas, equipamentos, móveis, direitos de explorar jazidas minerais, edifícios,
aplicações financeiras, ações de outras empresas, dinheiro no caixa e no banco,
duplicatas a receber, estoque de mercadorias, entre outros.
No passivo são representadas as obrigações da empresa para com
terceiros, por exemplo: duplicata a pagar, salário a pagar, tributos a pagar,
dividendos a pagar, empréstimos, financiamentos, capital social, lucro ou
prejuízo, reservas, entre outras contas.

8.2.3 Estrutura do balanço patrimonial

Os grupos e subgrupos que o balanço patrimonial deve conter estão


expressos na tabela abaixo:

Grupos do balanço patrimonial


Balanço Patrimonial
1 - Ativo 2 - Passivo
1.4 Ativo circulante 2.1 Passivo circulante
1.4.1 Disponível 2.2 Passivo não circulante
1.4.2 Direitos 2.3 Patrimônio líquido
1.4.3 Estoques 2.3.1 Capital
1.5 Ativo Não Circulante 2.3.2 Reservas
1.5.1 Ativo realizável a longo prazo 2.3.3 Ajustes da avaliação patrimonial
1.5.2 Investimentos 2.3.4 Ações em Tesouraria
1.5.3 Imobilizado 2.3.5 Lucro/Prejuízo
1.5.4 Intangível
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

8.2.4 Modelo de balanço patrimonial

No balanço patrimonial é possível ter contas com sinal negativo. Elas são
denominadas contas retificadoras, como já visto anteriormente, no ativo pode-se
ter as contas de perda no valor do estoque, desconto de duplicatas, provisão
para devedores duvidosos, depreciação acumulada, amortização acumulada,
exaustão acumulada e perda na avaliação dos investimentos e no passivo,
podendo ter a conta de prejuízo acumulado.

97
Modelo de balanço patrimonial
Balanço Patrimonial
1 – Ativo 2 - Passivo
2014 2014
ATIVO CIRCULANTE .......... PASSIVO CIRCULANTE .........
Caixa 13.900 Duplicata a pagar 3.100
Cliente 2.000 Imposto a pagar 1.200
Estoque de mercadorias 6.000
21.900 4.300
ATIVO NÃO PASSIVO NÃO CIRCULANTE .........
CIRCULANTE ..........
Realizável A Longo Prazo 3.000 Títulos a pagar 5.000
Duplicata a receber
IMOBILIZADO .......... PATRIMÔNIO LÍQUIDO .........
Móveis e utensílios 7.000 Capital Social 14.000
(–)Depreciação (700) Reservas 1.000
6.300 Lucro acumulado 6.900
21.900
Total 31.200 Total 31.200
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

8.2.5 Passos para elaborar o balanço patrimonial

Depois de apurar o resultado, você deverá elaborar as demonstrações


contábeis e, para elaborar o balanço patrimonial, você deverá seguir as
seguintes etapas:

 Elaborar a estrutura do balanço patrimonial, deixando espaço


entre os grupos e subgrupos para poder incluir as contas nos seus
respectivos lugares;

 Transcrever as contas que representam bens e direitos, com seus


respectivos saldos, para o lado do ativo;

 Transcrever as contas que representam as obrigações e o


patrimônio líquido, com seus respectivos saldos, para o lado do
passivo;

98
 Somar os valores do lado do ativo e também do passivo. Esses
montantes deverão ser iguais.

Veja como fica o Balanço Patrimonial da empresa a seguir:

Balanço patrimonial empresa exemplo


Balanço Patrimonial
1 – Ativo 2 - Passivo
2005 2005
ATIVO CIRCULANTE ... PASSIVO CIRCULANTE ...
Caixa 1.869 Duplicata a pagar 150
Duplicatas a Receber 100 Salário a pagar 300
1.969 450
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE

IMOBILIZADO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ...


Capital Social 2.000
Prejuízo acumulado (481)
1.519
Total 1.969 Total 1.969
Fonte: elaborado pelo autor (2019).

 Capital próprio: R$ 1.519;


 Capital de terceiros: R$ 450;
 Aplicações: R$ 1.969;
 Origens: R$ 1.969.

Para concluir, destaca-se que, se você analisar o Balanço Patrimonial,


poderá identificar o nível de endividamento, a capacidade que a empresa tem de
quitar suas dívidas (liquidez) e a imobilização dos seus recursos.

Conclusão da aula 8

O Balanço Patrimonial é uma demonstração contábil que evidencia todas


as contas patrimoniais e o resultado apurado no final do exercício social. Por
meio dele, pode-se gerar diversas informações que serão úteis no processo de
tomada de decisão.

99
Atividade de aprendizagem

1. Pesquisar e imprimir um Balanço Patrimonial de um banco e indicar com


um círculo (ou sublinhar) os grupos Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido desse
balanço.
2. Falência significa quebra, extinção de uma empresa que não conseguiu
honrar seus compromissos. As falências, quando decretadas, são publicadas
em alguns jornais. Atualmente, a Lei da Falência foi substituída pela Lei de
Recuperação de Empresas. Pesquise sobre empresas que se encontram em
Recuperação Fiscal e analise seu Balanço Patrimonial.

100
Índice Remissivo

A contabilidade nas citações bíblicas ......................................................... 14


(Bíblia; citação; dívida)

Abertura e movimentação das contas ........................................................ 48


(Constituição; fatos; operações)

Apresentação do balanço patrimonial ........................................................ 95


(Ativos; contas; passivo)

Apuração do custo da mercadoria vendida ................................................ 88


(Apuração; custo; vendida)

Apuração do resultado do exercício ........................................................... 79


(Escriturar; livros; transcrever)

Aspectos qualitativos e quantitativos do patrimônio ................................... 28


(Aspectos; qualidade; quantidade)

Ativo ........................................................................................................... 34
(Comitê; potencial; pronunciamentos)

Ativo, passivo e patrimônio líquido ............................................................. 34


(Ativo; passivo; patrimônio)

Ativo: aplicação dos recursos ..................................................................... 38


(Aplicação; empresa; recursos)

Atos administrativos ................................................................................... 59


(Compras; seguros; vendas)

Atos e fatos administrativos ....................................................................... 59


(Admnistradores; exercício; funcionários)

Balancete de duas colunas de valores monetários ..................................... 70


(Caixa; fornecedores; mercadorias)

Balancete de quatro colunas de valores monetários .................................. 70


(Balancete; caixa; capital)

Balancete de quatro colunas de valores monetários .................................. 71


(Colunas; monetários; valores)

Balancete de verificação ............................................................................ 68


(Contas; demonstrativo; relações)

Balanço patrimonial ................................................................................... 33


(Equilíbrio; gráfica; finanças)

Balanço patrimonial após encerramento .................................................... 94


(Balanço; código; demonstrações)

101
Balanço patrimonial: conceito e finalidade ................................................. 95
(Bens; direitos; obrigações)

Bens .......................................................................................................... 26
(Consumo; imóveis; móveis)

Campo de aplicação da contabilidade ........................................................ 24


(Definição; estudo; objeto)

Classificação ............................................................................................. 47
(Bens; direitos; obrigação)

Classificação da ciência contábil ................................................................ 24


(Ciências; exatas; sociais)

Composição do plano de contas ................................................................ 51


(Elenco; lançamentos; manual)

Conceito .................................................................................................... 10
(Organização; qualidade; sucesso)

Conceito .................................................................................................... 58
(Cronológica; fatos; técnica)

Conceito de patrimônio .............................................................................. 26


(Bens; ideia; propriedades)

Conceito de Registro Contábil .................................................................... 58


(Empresa; fatos; variações)

Conceito e classificação ............................................................................. 47


(Fato; fornecedores; natureza)

Custos ....................................................................................................... 81
(Compra; mercadorias; produção)

Débito e crédito .......................................................................................... 49


(Crédito; débito; saldo)

Demonstração do resultado do exercício ................................................... 89


(Completo; ordenado; quadro)

Depreciação linear e soma dos dígitos ....................................................... 86


(Conceito; depreciação; diminuição)

Despesa .................................................................................................... 80
(Conceitos; gastos; realizados)

Direitos ...................................................................................................... 27
(Bens; poder; terceiros)

Elaboração da DRE ................................................................................... 93


(Estrutura; operações; transcrição)

102
Elaboração do balancete ........................................................................... 72
(Desenhar; registrar; transferir)

Elaboração do balancete de verificação ..................................................... 78


(Capital; duplicata; salário)

Elaboração do lançamento ........................................................................ 63


(Data; local; ocorrência)

Equação fundamental do patrimônio .......................................................... 29


(Equação; fundamental; patrimônio)

Escrituração segundo métodos das partidas dobradas ............................. 62


(Aplicação; origem; recursos)

Estrutura do balancete ............................................................................... 70


(Elementos; identificação; mínimos)

Estrutura do balanço patrimonial ................................................................ 96


(Ativos; direitos; estoques)

Estrutura do plano de contas ...................................................................... 52


(Disposição; estrutura; plano)

Evolução da história da contabilidade ........................................................ 14


(Controle; registro; riqueza)

Fatos administrativos ................................................................................. 61


(Mistos; modificativos; permutativos)

Finalidade da contabilidade ....................................................................... 16


(Contas; controle; planejamento)

Finalidade do balancete ............................................................................. 69


(Apurar; comprovar; servir)

Fórmulas de lançamento ............................................................................ 64


(Primeira; segunda; terceira)

Função da contabilidade ............................................................................ 17


(Gerenciais; informações; projeção)

Função das contas ..................................................................................... 48


(Elementos; funções; planejamento)

Função do Registro Contábil ...................................................................... 58


(Histórica; monetária; ordem)

História da contabilidade ............................................................................ 11


(Civilização; domínios; patrimônio)

Introdução à contabilidade ......................................................................... 10


(Avaliação; controle; serviços)

103
Lançamentos ............................................................................................. 63
(Lançamento; registro; verificação)

Livro diário ................................................................................................. 20


(Cumprimento; empresa; obediência)

Livro razão ................................................................................................. 21


(Auxiliar; comercial; legislação)

Livros contábeis e fiscais ........................................................................... 20


(Atos; fatos; forma)

Lucro ou prejuízo ....................................................................................... 81


(Apuração; exercício; receitas)

Mensuração dos elementos das demonstrações contábeis ....................... 43


(Bases; custo; valor)

Métodos das partidas dobradas ................................................................. 59


(Débito; dobradas; registro)

Métodos de depreciação ............................................................................ 86


(Linear; saldo; soma)

Modelo de balancete .................................................................................. 73


(Conhecimentos; elaboração; processo)

Modelo de balanço patrimonial .................................................................. 96


(Balanço; modelo; prejuízos)

Modelo de um plano de contas ................................................................... 52


(Empresas; estrutura; operações)

O Patrimônio das empresas ....................................................................... 26


(Atuação; conceito; elementos)

O resultado do exercício e sua destinação ................................................. 89


(Destinação; exercício; resultado)

Objeto de estudo da contabilidade: o patrimônio ........................................ 28


(Compra; pagamento; vendas)

Obrigações ................................................................................................ 27
(Despesas; honra; pagamentos)

Origem e aplicação dos recursos ............................................................... 37


(Aplicação; origem; recursos)

Passivo ...................................................................................................... 35
(Negócios; obrigações; práticas)

Passivo: origem dos recursos .................................................................... 38


(Dívidas; fornecedores; obrigações)

104
Passos para elaborar o balanço patrimonial ............................................... 97
(Elaborar; somar; transcrever)

Patrimônio líquido ...................................................................................... 36


(Constituição; estatuto; lei)

Patrimônio líquido ou situação líquida ........................................................ 30


(Líquido; mecanismos; tendências)

Planejamento do plano de contas .............................................................. 51


(Legislação; pertinente; vigente)

Plano de contas ......................................................................................... 50


(Diretrizes; legais; registros)

Princípio da competência ........................................................................... 44


(Efeitos; evento; transação)

Princípio da continuidade ........................................................................... 41


(Continuidade; operações; perpetuação)

Princípio da entidade ................................................................................. 41


(Contabilidade; entidade; sócios)

Princípio da oportunidade .......................................................................... 42


(Apresentação; interessados; mensuração)

Princípio da prudência ............................................................................... 45


(Alternativas; competência; prudência)

Princípio do registro pelo valor original ....................................................... 42


(Elementos; originais; valores)

Princípios fundamentais ............................................................................. 39


(Contabilização; realização; registros)

Princípios fundamentais: conceito ............................................................. 39


(Acordo; conceito; normas)

Procedimentos e contabilização ................................................................ 82


(Custo; mercadoria; vendida)

Ramos de atuação da contabilidade .......................................................... 25


(Estrutura; necessidade; registro)

Razonete ................................................................................................... 66
(Didática; facilidade; redução)

Razonete e balancete de verificação ......................................................... 65


(Balancete; razonete; verificação)

Receita ...................................................................................................... 81
(Bruta; financeira; líquida)

105
Registro contábil ........................................................................................ 57
(Lançamento; processo; registro)

Registros no livro diário: lançamentos ........................................................ 73


(Crédito; débito; registro)

Representação gráfica e equação patrimonial ........................................... 29


(Informações; patrimônio; situação)

Resultado com mercadoria ........................................................................ 87


(Empresas; mercadorias; resultados)

Roteiro para apuração do resultado ........................................................... 80


(Apuração; resultado; roteiro)

Situação líquida patrimonial impossível ..................................................... 33


(Ativo; passivo; valores)

Técnicas contábeis .................................................................................... 19


(Extrínseca; intrínseca; requisitos)

Transcrição dos registros no livro razão: razonetes ................................... 75


(Conta; movimentação; transcrição)

Usuários da contabilidade .......................................................................... 18


(Externos; internos; organização)

Valor das mercadorias compradas ............................................................. 87


(Compradas; mercadorias; valor)

Valor das vendas de mercadorias .............................................................. 88


(Mercadoria; valor; vendas)

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Referências

______. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por


Ações) – Dispõe Sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: . Acesso em:
21 out. 2019.

______. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007 (Nova Lei das Sociedades


por Ações) – Dispõe Sobre Alterações as Sociedades por Ações. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso
em: 16 out 2019.

______. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009 – Dispõe Sobre Alterações a lei


das Sociedades por Ações. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Lei/L11941.htm#art37. Acesso em: 16 out 2019.

______. Resolução n. 774, de 16 de dezembro de 1994. Apêndice à resolução


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FIPECAFI - Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras.


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