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Contabilidade Geral

Prof. Osir Afonso Tessari

2013
Copyright © UNIASSELVI 2013

Elaboração:
Prof. Osir Afonso Tessari

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

657
T338c Tessari, Osir Afonso
Contabilidade geral / Osir Afonso Tessari, Indaial : Uniasselvi,
2013.

187 p. : il

ISBN 978-85-7830-802-5

1. Contabilidade.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Apresentação
A partir de agora, estudar contabilidade geral torna-se um desafio.
Esse desafio será estimulante dentro de uma sistemática diferente de estudar
e aprender. Certamente, com a sistemática de educação a distância, estaremos
construindo conhecimentos de maneira empreendedora e, ao mesmo tempo,
contribuindo para transformar nossa localidade, nossa cidade, nosso estado e
nosso país num lugar bom para se viver.

A contabilidade é um instrumento fundamental para auxiliar a


administração moderna e tem como objetivo principal gerar informações para
embasar as decisões a serem tomadas. Para isso, a contabilidade dispõe de
recursos que permitem a identificação, o registro, a mensuração e possibilita
a análise dos eventos econômicos que alteram o patrimônio de uma entidade.
Uma organização, que não possui um sistema contábil que seja eficaz na
evidenciação das reais oscilações de sua riqueza, não estará apta a garantir
sua continuidade no mundo empresarial.

Da mesma forma, a contabilidade é importante não apenas no


ambiente empresarial, mas também é útil para as pessoas que dirigem
qualquer empreendimento, ou tomam decisões importantes no dia a dia,
pois a contabilidade dispõe de recursos que permitem analisar relatórios com
informações que irão auxiliar no processo decisório.

A Contabilidade é a ciência que avalia e mensura a riqueza das


empresas ou das pessoas, proporcionando informações corretas e confiáveis
para a tomada de decisões. A contabilidade geral, como disciplina, é
importante para a formação de gestores que futuramente irão tomar decisões
e dar novos rumos às empresas as quais irão dirigir.

Para que o desafio de estudar contabilidade geral se torne prazeroso,


iremos utilizar neste caderno uma linguagem simples e lógica, com uma
metodologia diferenciada, em que cada tópico estudado seja comparado à
construção de um degrau de uma grande escada. Assim, no final do Caderno,
cada acadêmico(a) terá construído a sua grande escada do conhecimento
contábil.

Então, vamos ao desafio e desde já desejo bons estudos contábeis a


todos.

Prof. Osir Afonso Tessari

III
UNI

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1: A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS ....................................... 1

TÓPICO 1 – NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE .............................................................. 3


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 A ORIGEM DA CONTABILIDADE ................................................................................................. 3
3 CONCEITO ............................................................................................................................................ 4
4 CAMPO DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL ...................................................................................... 6
5 OBJETO E FINALIDADE DA CONTABILIDADE ........................................................................ 8
6 OS INTERESSADOS NAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS ........................................................ 11
7 A ENTIDADE CONTÁBIL ................................................................................................................. 13
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 16
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17

TÓPICO 2: PATRIMÔNIO ..................................................................................................................... 19


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 CONCEITO DE PATRIMÔNIO ......................................................................................................... 20
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 25
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 26

TÓPICO 3: O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO .................................................. 27


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 27
2 ATIVO ..................................................................................................................................................... 27
3 PASSIVO ................................................................................................................................................ 29
4 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................................................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 35
5 OS DIVERSOS ESTADOS PATRIMONIAIS ................................................................................. 36
5.1 SITUAÇÃO LÍQUIDA POSITIVA ................................................................................................. 36
5.2 SITUAÇÃO LÍQUIDA NEGATIVA .............................................................................................. 37
5.3 SITUAÇÃO LÍQUIDA NULA ....................................................................................................... 38
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 39
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 43
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 44

TÓPICO 4: CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS ........................................... 45


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 45
2 A CONSTITUIÇÃO DE UMA EMPRESA ....................................................................................... 45
3 CONTABILIZANDO AS OPERAÇÕES DE UMA EMPRESA .................................................... 46
3.1 CONTABILIZANDO A CRIAÇÃO DA EMPRESA . .................................................................. 46
3.2 CONTABILIZANDO A AQUISIÇÃO DE IMÓVEL ................................................................... 47
3.3 CONTABILIZANDO A AQUISIÇÃO DE MÁQUINAS ............................................................ 48
3.4 CONTABILIZANDO A AQUISIÇÃO DE MÓVEIS E UTENSÍLIOS ....................................... 49
3.5 CONTABILIZANDO A VENDA DE UM BEM ........................................................................... 50
3.6 CONTABILIZANDO O PAGAMENTO DE UMA DÍVIDA . .................................................... 51
3.7 CONTABILIZANDO O RECEBIMENTO DE UM DIREITO .................................................... 52

VII
4 CONCEITO DE CAPITAL .................................................................................................................. 53
4.1 CAPITAL SOCIAL ........................................................................................................................... 53
4.2 CAPITAL PRÓPRIO ........................................................................................................................ 53
4.3 CAPITAL DE TERCEIROS ............................................................................................................. 53
4.4 CAPITAL TOTAL À DISPOSIÇÃO DA EMPRESA . .................................................................. 54
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 55
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 56

UNIDADE 2 – A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS ............ 61

TÓPICO 1: A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL ....................................................... 63


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63
2 O BALANÇO PATRIMONIAL E SUA ESTRUTURA ................................................................... 64
3 AS CONTAS ........................................................................................................................................... 68
4 O PLANO DE CONTAS ...................................................................................................................... 69
5 A ELABORAÇÃO DO PLANO DE CONTAS ................................................................................. 70
6 CONTAS SINTÉTICAS E ANALÍTICAS ........................................................................................ 78
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 79
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 80

TÓPICO 2: RAZONETES E AS PARTIDAS DOBRADAS .............................................................. 81


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 81
2 RAZONETES ......................................................................................................................................... 81
3 PARTIDAS DOBRADAS .................................................................................................................... 82
3.1 REGRA PARA AS CONTAS DO ATIVO ...................................................................................... 82
3.2 REGRA PARA AS CONTAS DO PASSIVO ................................................................................. 83
3.3 REGRA PARA AS CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ..................................................... 83
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 87
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 88

TÓPICO 3: AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO DOS


RESULTADOS .......................................................................................................................................... 91
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 91
2 RECEITAS E DESPESAS ..................................................................................................................... 91
3 ENCERRAMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO ................................................................. 97
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 103
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 104

TÓPICO 4: ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS .......................................................................... 107


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 107
2 ATOS ADMINISTRATIVOS .............................................................................................................. 107
3 FATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................................................ 108
3.1 FATOS PERMUTATIVOS ............................................................................................................... 109
3.2 FATOS MODIFICATIVOS .............................................................................................................. 111
3.3 FATOS MISTOS ................................................................................................................................ 113
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 115
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 119
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 120

UNIDADE 3 – ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E


VENDA DE MERCADORIAS ............................................................................................................... 123

TÓPICO 1: ESCRITURAÇÃO ............................................................................................................... 125

VIII
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 125
2 LIVROS UTILIZADOS NA ESCRITURAÇÃO .............................................................................. 125
2.1 LIVRO DIÁRIO ................................................................................................................................ 126
2.2 LIVRO RAZÃO ................................................................................................................................ 127
3 MÉTODO DE ESCRITURAÇÃO ...................................................................................................... 128
4 LANÇAMENTOS CONTÁBEIS ........................................................................................................ 128
4.1 FÓRMULAS DE LANÇAMENTOS CONTÁBEIS ...................................................................... 130
4.1.1 Primeira fórmula .................................................................................................................... 131
4.1.2 Segunda fórmula .................................................................................................................... 131
4.1.3 Terceira fórmula . .................................................................................................................... 132
4.1.4 Quarta fórmula ....................................................................................................................... 133
5 CONTABILIZAÇÃO DE JUROS E DESCONTOS ........................................................................ 133
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 138
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 139

TÓPICO 2: INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE ........................................................... 145


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 145
2 INVENTÁRIO PERIÓDICO ............................................................................................................... 145
2.1 APLICAÇÃO DA FÓRMULA DO CMV . .................................................................................... 146
2.2 CONTABILIZAÇÃO PELO INVENTÁRIO PERIÓDICO ......................................................... 148
2.3 CONTABILIZAÇÃO DO CMV, RCM E RESULTADO: PASSO A PASSO . ............................ 149
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 152
3 INVENTÁRIO PERMANENTE ......................................................................................................... 156
3.1 PEPS ................................................................................................................................................... 156
3.2 UEPS .................................................................................................................................................. 161
3.3 MÉDIA PONDERADA MÓVEL ................................................................................................... 165
4 COMPARAÇÃO ENTRE OS TRÊS MÉTODOS ............................................................................ 169
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 172
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 174
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 175
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 185

IX
X
UNIDADE 1

A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E
AS CONTAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade você estará apto(a) a:

• compreender o conceito de Contabilidade, bem como a sua aplicabilidade;

• conhecer, compreender e identificar o patrimônio das entidades;

• interpretar as mutações ocorridas no patrimônio das entidades por diver-


sas operações contábeis.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos e neles você encontrará os
conceitos básicos da contabilidade, bem como exercícios de fixação que serão
desenvolvidos em cada tópico.

TÓPICO 1 – NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

TÓPICO 2 – PATRIMÔNIO

TÓPICO 3 – O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

TÓPICO 4 – CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS

Assista ao vídeo
desta unidade.

1
2
UNIDADE
TÓPICO 1

NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico daremos os primeiros passos no aprendizado da
contabilidade. Para isso se faz necessário conhecermos os conceitos básicos desta
ciência, desde a sua origem, sua finalidade, seus objetivos e quem são os maiores
beneficiados pelo seu uso.

Vamos notar que a contabilidade está presente em todos os momentos


de nossa vida, acima de tudo quando necessitamos tomar decisões importantes,
dando rumos diferentes a questões em que são necessárias tais decisões.

2 A ORIGEM DA CONTABILIDADE
A origem da contabilidade é muito antiga. Costuma-se dizer que a
contabilidade é tão antiga quanto a origem do homem. A contabilidade, na sua
forma rudimentar, era utilizada pelo homem pré-histórico. Naquele tempo, o
registro das coisas que possuía – como, por exemplo, seu rebanho de ovelhas –
era feito pela associação da quantidade de animais possuídos pela quantidade de
pedras. O homem possuía em suas mãos uma pedra para cada animal que havia
sido levado ao pasto. Ao retornar, verificava se a quantidade de pedras conferia
com a quantidade de animais, podendo então checar se algum animal havia se
perdido. Assim o homem pré-histórico conseguia quantificar e controlar a sua
riqueza, o seu patrimônio.

A contabilidade moderna nasceu no norte da Itália, provavelmente


durante os séculos XII e XIV. Datam dessa época diversos registros semelhantes
aos verificados na contabilidade moderna.

3
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Consolidou-se pelo trabalho elaborado pelo frade franciscano,


matemático, teólogo e contabilista Frei Luca Pacioli, que publicou na Itália, em
1494, um tratado sobre contabilidade que ainda hoje é de grande utilidade no
meio contábil. Trata-se do método das partidas dobradas. Sabe-se que frei Luca
não foi o inventor do método, ele apenas descreveu uma metodologia já em uso
na Itália, pelo menos um século antes.

A grande importância da obra de Frei Luca está em reconhecer o método


como o ideal para a escrituração, além do que, em sua obra há toda uma preocupação
em sistematizar os conceitos e instrumental contábil para o registro e controle do
patrimônio.

Assim, dessa época até o século XX a Europa foi o centro dos estudos
contábeis. Nessa fase, a contabilidade buscava melhorar a forma de representar
a situação das empresas, embora não houvesse muita preocupação com o
usuário externo da informação, pois a informação era restrita ao proprietário do
empreendimento.

O desenvolvimento da contabilidade foi notório com a ascensão econômica


norte-americana num período recente, principalmente após a grande crise
econômica de 1929, onde muitas empresas vieram a sucumbir. Após esse período,
com a ascensão cultural e econômica, o crescimento do mercado de capitais, da
auditoria, houve a preocupação de tornar a contabilidade um mecanismo útil
para a tomada de decisões, devido à necessidade de trazer informações às pessoas
que investiam nesse mercado. Assim, a contabilidade evoluiu muito, com o
desenvolvimento de pesquisas, com a busca de maior quantidade de aplicações
das teorias desenvolvidas e de um sistema de regulamentação que dita normas
com as quais a contabilidade se alicerça.

Hoje a contabilidade é utilizada largamente no meio empresarial, sendo


enfatizada como elemento gerador de subsídios essenciais aos gestores no processo
de tomada de decisões.

3 CONCEITO
Várias são as formas utilizadas por escritores e professores para conceituar
ou explicar a importância da contabilidade, ressaltando seu conceito. Ribeiro
(2009, p. 2) compila alguns conceitos de diversos autores, como segue:

4
TÓPICO 1 |NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

a) A ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de


registro relativas à administração econômica (conceito oficial formulado no
primeiro Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado no Rio de Janeiro,
em 1924).

b) Sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com


demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de
produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização (estudo
sobre a estrutura conceitual básica da contabilidade, elaborado pelo Instituto
Brasileiro de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras – IPECAFI, e
aprovado pelo Instituto Brasileiro de Contadores - IBRACON).

c) Ciência (ou técnica, segundo alguns) que estuda, controla e interpreta os fatos
ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração
expositiva e a revelação desses fatos, com o fim de oferecer informações
sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico
decorrente da gestão da riqueza patrimonial (Hilário Franco, Contabilidade
Geral, Editora Atlas).

d) É a arte de registrar todas as transações de uma companhia que possam ser


expressas em termos monetários. E é também a arte de informar os reflexos
dessas transações na situação econômico-financeira dessa companhia (Nelson
Gouveia, Contabilidade, Editora McGraw-Hill do Brasil).

Para Marion (2004, p. 26), “[...] a contabilidade é o instrumento que fornece o


máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa.
Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões.”

E
IMPORTANT

Note que a palavra decisão é enfatizada no conceito de contabilidade. Sempre


estamos tomando decisões no nosso cotidiano: qual esporte praticar, qual comida ideal para
nos alimentarmos, qual livro ler, que curso é melhor para nos aprimorarmos, qual roupa para
vestirmos etc. Essas são decisões comuns que devemos tomar em nossas vidas. Decisões
com menor e/ou maior grau de importância. No âmbito empresarial isso não é diferente.
A todo o momento os gestores estão tomando decisões. Decisões como: a que preço
devemos vender nossos produtos, que quantidade de mercadorias estocar, o que fazer com
o dinheiro que está sobrando no caixa, construir ou alugar as instalações para a empresa,
comprar um veículo ou contratar uma transportadora para entregar as vendas realizadas etc.

5
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

A contabilidade tem esse poder de auxiliar a gestão a tomar decisões,


coletando os acontecimentos econômicos que ocorrem em uma entidade,
registrando e transformando-os em informações em forma de relatórios contábeis.

FIGURA 1 – O PROCESSO CONTÁBIL

FONTE: MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 25.

4 CAMPO DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL


A profissão de contador foi regulamentada pelo Decreto-Lei nº 9.295/1946,
com alterações introduzidas pela Lei nº 12.249, de 12 de junho de 2010, que criou
o Conselho Federal de Contabilidade – CFC e definiu as atribuições do contador
e do técnico de contabilidade. A referida regulamentação traz em seu texto legal
que somente poderão exercer a profissão aqueles que estiverem devidamente
registrados nos órgãos competentes do Ministério da Educação e nos Conselhos
Regionais de Contabilidade – CRC a que estiverem sujeitos.

Cabe destacar que outras resoluções posteriores emanadas pelo CFC


objetivaram delinear e regulamentar a atuação do profissional contábil, com
destaque para a Resolução CFC nº 560/1983, que delimitou a atuação em comum
do contador e do técnico, bem como as atribuições privativas dos contadores.

6
TÓPICO 1 |NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

O campo de atuação do profissional em contabilidade é muito grande,


permitindo uma condição abrangente de empregabilidade. O atual estágio de
desenvolvimento da contabilidade, aliado ao crescimento econômico, que, além da
contabilidade tradicional, denominada contabilidade financeira, congrega também
a contabilidade gerencial, inclui também o conceito de contabilidade estratégica,
ampliando muito o leque de funções para o profissional contábil.

FIGURA 2 – CAMPO DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL EM CONTABILIDADE

FONTE: O autor (adaptado de Marion, 2004)

Uma das grandes áreas de atuação do profissional contábil é a prestação de


serviços contábeis, seja em forma de contabilidade terceirizada, assessoria contábil,
consultoria contábil que inclui, além da contabilidade tradicional, a contabilidade
tributária e a contabilidade gerencial.

Como podemos observar no quadro anterior, a Contabilidade é uma das


Ciências com um campo de atuação bastante amplo. Sua atuação está inserida
da microempresa à empresa de grande porte, porém, a realização profissional
depende da atuação de cada um dentro da área escolhida.

Para tanto, o profissional deve possuir diversas habilidades. No cenário


atual, a modernização do conhecimento é uma necessidade. Como exemplo,
observa-se uma demanda crescente de profissionais para o terceiro setor; outro
exemplo é a demanda por contadores com conhecimentos em contabilidade
ambiental.

Como fato recente, destaca-se a alteração na legislação das sociedades


anônimas com o advento da Lei nº 11.638/2007, que exige dos profissionais
conhecimentos em contabilidade internacional, principalmente das práticas
adotadas pelo International Accounting Standards Board – IASB.

7
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

5 OBJETO E FINALIDADE DA CONTABILIDADE


O Brasil é um país de muitas empresas. E essas empresas, para obterem
sucesso em sua trajetória, necessitam de instrumentos que a contabilidade pode
oferecer com eficiência. Muitas empresas nascem a cada ano e sabemos também
que muitas delas, por diversas razões, morrem até mesmo antes de completar o
primeiro ano de vida.

De acordo com informações divulgadas pelo SEBRAE/SP publicadas no


caderno de economia do jornal “A Tarde – on-line.” Disponível em: <http://www.
atarde.com.br/economia/noticia.jsf?id=5612132>, informa que:

SEBRAE: 27% das empresas de SP fecham no 1º ano

Agência Estado

De cada 100 empresas abertas no Estado de São Paulo, 27 fecham as


portas ainda no primeiro ano de atividade. Essa é uma das conclusões do estudo
sobre a sobrevivência e a mortalidade das empresas paulistas, divulgado hoje
(25/08/2010) pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de
São Paulo (SEBRAE-SP). No levantamento, a taxa de mortalidade das empresas
no primeiro ano de funcionamento atingiu 27%. Há 12 anos, quando o indicador
passou a ser calculado, a taxa era ainda maior, de 35%.

Os dados divulgados hoje levaram em conta uma mostra de 3 mil


empresas abertas entre os anos de 2003 e 2007. Os números sobre a mortalidade
no primeiro ano de atividade referem-se às empresas abertas em 2007. Na
avaliação dos dois primeiros anos de atividade (empresas abertas em 2006), 37%
fecharam as portas. Em três anos (empresas fundadas em 2005), 46% encerraram
as atividades.

De acordo com a pesquisa, no período de quatro anos (negócios abertos


em 2004), 50% das empresas do Estado de São Paulo fecharam as portas. Em
cinco anos (empresas abertas em 2003), as atividades foram encerradas em 58%
das empresas. Segundo o SEBRAE, em 2000, quando o indicador dos primeiros
cinco anos passou a ser monitorado, a taxa de mortalidade das empresas era
ainda pior, de 71%. Para a entidade, apesar das reduções nos índices desde
então, as taxas de mortalidade das empresas ainda são altas no Estado.

Dificuldades

Entre os motivos alegados para as falências, 18% dos empresários citaram


a falta de clientes e 10% a falta de capital. Os problemas de planejamento e de

8
TÓPICO 1 |NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

administração também foram citados por 10% dos empreendedores. Outros 9%


alegaram a perda do único cliente da empresa e 8% destacaram problemas com
sócios.

No primeiro ano de atividade, de acordo com a pesquisa do SEBRAE-


SP, a principal dificuldade enfrentada foi a falta de clientes, conforme 29% dos
empresários. Outros 21% citaram a falta de capital e 11% destacaram a falta
de planejamento. A burocracia e os impostos foram lembrados por 7% dos
empreendedores.

Apesar das dificuldades, o estudo revela uma melhora do perfil do gestor


ao longo dos anos. Segundo o SEBRAE-SP, 83% dos que abriram um negócio
formal em 2007 possuem pelo menos o ensino médio completo - em 2000 eram
70%.

Além disso, 78% abriram a empresa porque enxergaram uma


oportunidade de negócio, e não apenas uma chance de sobrevivência. Em 2000,
a porcentagem era de 60%. “Precisamos continuar mobilizados, ampliando
esforços de capacitação em gestão empresarial”, afirma Ricardo Tortorella,
diretor-superintendente do SEBRAE-SP. “O que conseguimos até agora foi um
avanço, mas ainda está aquém das necessidades do País e dos empreendedores.” 

De 1990 a 2008

Dados da Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP), citados


pelo SEBRAE-SP, mostram que entre 1990 e 2008 foram abertas no Estado
2.603.233 empresas. Nestes 18 anos, 1.650.953 empresas foram fechadas antes de
completar o quinto ano de atividade.

Em muitos casos pode-se atribuir o insucesso dos empreendimentos à má


administração, ocasionada pelo uso inadequado ou pelo desconhecimento das
informações geradas pela contabilidade. Ninguém pode administrar corretamente
se não tomar decisões corretas. Isso pode ser evitado com o uso eficiente da
contabilidade, pois a contabilidade é um sistema que possibilita a geração de
inúmeras informações.

De acordo com Crepaldi (1995, p. 22), “a contabilidade é uma ciência


concebida para coletar, registrar, resumir e interpretar dados e fenômenos que
afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer entidade.”

Dentro dessa definição estão embutidos conceitos de gestão que interessam


a quem usa esta ciência. São os conceitos de planejamento e controle

Assim, podemos dizer que planejamento é o conjunto de linhas de ação e a


maneira de executá-las para alcance dos objetivos.

9
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

O planejamento é uma das funções que mais utilizam os dados contábeis.


Para que se possa planejar o futuro, a organização necessita de informações relativas
ao processo produtivo, como os custos, aos gastos com despesas administrativas,
como telefonia, treinamento de funcionários, despesas legais, como o alvará de
funcionamento, salários, encargos sobre salários, média de horas-extras nos
períodos anteriores, consultoria, auditoria, tecnologia de informação, inventário,
fluxo de materiais, entre outras.

As informações relacionadas ao fluxo de caixa também são de fundamental


importância no momento de executar o planejamento organizacional.

Já o controle é o acompanhamento das atividades da organização. Através


dele, o gestor observa se o comportamento da organização está de acordo com os
planos traçados.

Segundo Chiavenato (1999), O controle representa o acompanhamento,


monitoração e avaliação do desempenho organizacional para verificar se as coisas
estão acontecendo de acordo com o que foi planejado, organizado e dirigido.

Controle é a função administrativa relacionada com a monitoração


das atividades a fim de manter a organização no caminho adequado para o
alcance dos objetivos e permitir a correção necessária para atenuar os desvios
(CHIAVENATO, 1999).

A contabilidade, como guardiã dos dados, pode contribuir muito para esse
processo.

Em uma empresa é possível determinar qual o caminho a seguir e, através


do controle, observar se a política traçada está sendo cumprida. A contabilidade,
como um sistema de geração de informações, auxilia verdadeiramente na
disposição de informações para planejamento e controle das atividades
empresariais.

E
IMPORTANT

O objeto da contabilidade é o patrimônio das entidades econômico-


administrativas. Seu objetivo é permitir o estudo, o controle e a apuração de resultados diante
dos fatos decorrentes da gestão do Patrimônio das entidades econômico-administrativas.
A principal finalidade da contabilidade é fornecer informações de ordem econômica e
financeira sobre o patrimônio, para facilitar a tomada de decisões por parte dos usuários.

10
TÓPICO 1 |NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

6 OS INTERESSADOS NAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS


Os interessados nas informações contábeis são chamados de usuários
da contabilidade. Os usuários são as pessoas que se utilizam da contabilidade,
demonstram interesse pela situação da empresa e buscam na contabilidade suas
respostas. Uma empresa não é algo isolado em um determinado meio.

A partir do momento em que uma empresa nasce, ela começa a interagir


com o meio que a cerca. Para sobreviver ela precisa ganhar dinheiro, conquistar
clientes, relacionar-se com fornecedores e bancos, ter um bom relacionamento com
os seus colaboradores, estar em dia com suas obrigações com o governo, ter uma
boa relação com a comunidade onde está inserida.

Como exemplo, podemos verificar a figura a seguir:

FIGURA 3 – USUÁRIOS DA CONTABILIDADE

Investidores Clientes

Fornecedores Empresa Empregados

Bancos (Contabilidade) Governo

Investidores Outros...

FONTE: O autor

De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC 01, que


trata do Pronunciamento Conceitual Básico.

NBC-T1 ESTRUTURA CONCEITUAL PARA ELABORAÇÃO E


APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Usuários e suas necessidades de informação

9. Entre os usuários das demonstrações contábeis incluem-se investidores atuais


e potenciais, empregados, credores por empréstimos, fornecedores e outros
credores comerciais, clientes, governos e suas agências e o público. Eles
usam as demonstrações contábeis para satisfazer algumas das suas diversas
necessidades de informação. Essas necessidades incluem:

(a) Investidores: os provedores de capital de risco e seus analistas, que se


preocupam com o risco inerente ao investimento e o retorno que ele produz.
Eles necessitam de informações para ajudá-los a decidir se devem comprar,

11
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

manter ou vender investimentos. Os acionistas também estão interessados


em informações que os habilitem a avaliar se a entidade tem capacidade de
pagar dividendos.

(b) Empregados: os empregados e seus representantes estão interessados em


informações sobre a estabilidade e a lucratividade de seus empregadores.
Também se interessam por informações que lhes permitam avaliar a
capacidade que tem a entidade de prover sua remuneração, seus benefícios
de aposentadoria e suas oportunidades de emprego.

(c) Credores por empréstimos: estes estão interessados em informações que lhes
permitam determinar a capacidade da entidade em pagar seus empréstimos
e os correspondentes juros no vencimento.

(d) Fornecedores e outros credores comerciais: os fornecedores e outros


credores estão interessados em informações que lhes permitam avaliar se as
importâncias que lhes são devidas serão pagas nos respectivos vencimentos.
Os credores comerciais, provavelmente, estarão interessados em uma
entidade por um período menor do que os credores por empréstimos, a não
ser que dependam da continuidade da entidade como um cliente importante.

(e) Clientes: Os clientes têm interesse em informações sobre a continuidade


operacional da entidade, especialmente quando têm um relacionamento a
longo prazo com ela, ou dela dependem como fornecedor importante.

(f) Governo e suas agências: os governos e suas agências estão interessados na


destinação de recursos e, portanto, nas atividades das entidades. Necessitam
também de informações, a fim de regulamentar as atividades das entidades,
estabelecer políticas fiscais e servir de base para determinar a renda nacional
e estatísticas semelhantes.

(g) Público: as entidades afetam o público de diversas maneiras. Elas podem,


por exemplo, fazer contribuição substancial à economia local de vários
modos, inclusive empregando pessoas e utilizando fornecedores locais. As
demonstrações contábeis podem ajudar o público fornecendo informações
sobre a evolução do desempenho da entidade e os desenvolvimentos
recentes.

10. Embora nem todas as necessidades de informações desses usuários possam


ser satisfeitas pelas demonstrações contábeis, há necessidades que são
comuns a todos os usuários. Como os investidores contribuem com o
capital de risco para a entidade, o fornecimento de demonstrações contábeis
que atendam às suas necessidades também atenderá à maior parte das
necessidades de informação de outros usuários.

12
TÓPICO 1 |NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE

11. A Administração da entidade tem a responsabilidade primária pela preparação


e apresentação das suas demonstrações contábeis. A Administração também
está interessada nas informações contidas nas demonstrações contábeis,
embora tenha acesso a informações adicionais que contribuem para o
desempenho das suas responsabilidades de planejamento, tomada de
decisões e controle. Ela tem o poder de estabelecer a forma e o conteúdo de
tais informações adicionais a fim de atender às suas próprias necessidades.
A forma de divulgação de tais informações, entretanto, está fora do alcance
desta Estrutura Conceitual. Não obstante, as demonstrações contábeis
divulgadas são baseadas em informações utilizadas pela Administração
sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mutações na
posição financeira a entidade.
FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=nbct01ind>. Acesso em:
10 nov. 2010.

7 A ENTIDADE CONTÁBIL

NOTA

O texto seguinte foi transcrito do livro de Contabilidade Básica de autoria de José


Carlos Marion (2004, p. 28) e nele teremos condições de entender e aprofundar o conceito
de entidade contábil.

A contabilidade pode ser feita para Pessoa Física ou Pessoa Jurídica.


Considera-se pessoa, juridicamente falando, todo o ser capaz de direitos e
obrigações.

Pessoa Física é a pessoa natural, é todo o ser humano, é todo o indivíduo


(sem qualquer exceção). A existência da pessoa física termina com a morte.

Pessoa Jurídica é a união de indivíduos que, através de um contrato


reconhecido por lei, formam uma nova pessoa, com personalidade distinta da
de seus membros. As pessoas jurídicas podem ter fins lucrativos (empresas
industriais, comerciais etc.) ou não (cooperativas, associações culturais, religiosas
etc.). Normalmente as pessoas jurídicas denominam-se empresas.

13
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

A contabilidade, portanto, pode ser feita para um indivíduo – pessoa


física (desde que haja necessidade em virtude do volume de negócios) – ou para
uma empresa com ou sem fins lucrativos – pessoa jurídica.

Quando se faz contabilidade para pessoa física (embora não seja comum)
ou pessoa jurídica, essa pessoa é denominada entidade contábil. Dessa forma,
qualquer pessoa que tenha necessidade de contabilidade (e a contabilidade é
mantida para essa pessoa) é chamada entidade contábil.

[...] assim, em primeiro lugar há a necessidade da existência da entidade


contábil, ou seja, uma pessoa para quem é mantida a contabilidade. Não havendo
entidade contábil, não há, evidentemente, a contabilidade aplicada.

[...] deduz-se que a contabilidade é mantida para a entidade como pessoa


distinta dos sócios. A contabilidade é realizada para a entidade, devendo o
contador fazer esforço para não misturar as movimentações da entidade com as
dos proprietários. Pessoas físicas e jurídicas não devem ser confundidas.

FIGURA 4 – ENTIDADES CONTÁBEIS

FONTE: O autor

Acima de tudo, entidade contábil é uma regra que deve ser observada com
muito critério, para que haja a existência de uma boa contabilidade.

14
Também o Conselho Federal de Contabilidade - CFC assim se manifesta,
de acordo com o art. 4º da Resolução nº 750/1993, a respeito do princípio contábil
da entidade: “Art. 4° O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como
objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da
diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes,
independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma
sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins
lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com
aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.”

15
RESUMO DO TÓPICO 1
Muito bem. Aprendemos neste tópico que a contabilidade tem uma
importante função na geração de informações para o processo de tomada de
decisão. Para isso, coleta e registra os dados gerados pelas operações das entidades
e fornece aos usuários interessados essas informações. Informações advindas do
objeto de estudo da contabilidade, que é o patrimônio. Notamos também que,
para haver a existência de uma boa contabilidade é necessário observar uma regra
importante, chamada de entidade contábil.

16
AUTOATIVIDADE

1 Cite três usuários da informação contábil.

2 O que é contabilidade?

3 O Sr. Gil Gastatudo é um próspero empresário e ficou aborrecido com


os relatórios contábeis apresentados pelo seu contador, pois, em um
determinado período, sua empresa apresentou resultados negativos e
começava a apresentar falta de dinheiro em caixa.
O Sr. Gil chamou o contador para que lhe explicasse os motivos da falta de
recursos.
Então o contador alegou que esses resultados negativos e falta de recursos
se devem principalmente a uma operação realizada pela empresa do Sr. Gil,
que foi a aquisição de um veículo Mercedes Benz, zero km, o qual foi dado
de presente à sua querida esposa.
Diante disso, aponte o que deixou de ser observado pelo Sr. Gil e como o
contador deverá observar a contabilidade de agora em diante.

17
18
UNIDADE 1
TÓPICO 2

PATRIMÔNIO

1 INTRODUÇÃO
Prezado(a) acadêmico(a)!

Você já conhece a definição de contabilidade. Porém, quem pode me


afirmar que sabe fazer contabilidade?

Alguém poderia dizer: Professor, é claro que não, contabilidade é difícil,


muito complicada, além do que, existem muitos números... a economia brasileira
está complicada... a carga tributária é alta demais... as nossas leis estão sempre
alterando... é isso e é aquilo.

Pois bem. Eu digo que não.

A contabilidade é fácil demais!

Está enganado quem pensa que a matemática, a economia, a carga tributária,


a legislação e outras coisas mais dificultam o entendimento da contabilidade. As
variáveis citadas não interferem na estrutura conceitual da contabilidade, que é
definitiva e não muda a todo momento.

Digo ainda que o ato de fazer contabilidade faz parte do cotidiano de todas
as pessoas.

Você não acredita nisso?

Pois é a mais pura verdade, nós fazemos indiretamente contabilidade todos


os dias e não percebemos. Faz parte do cotidiano de todas as pessoas.

Como assim, professor?

19
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Caro(a) acadêmico(a), nós trabalhamos, portanto, temos salários a receber, é


um direito que temos de no final do mês recebermos nosso rico dinheiro. Quando
não trabalhamos, eventualmente ganhamos alguma “mesada” de nossos pais, tios,
irmãos... etc. Quando nós recebemos o nosso dinheiro, pagamos as nossas dívidas,
tais como: a mensalidade da universidade, plano de saúde, escolas das crianças,
impostos, consórcios, prestações em lojas, fatura do cartão de crédito, e temos
ainda as despesas com as contas de luz, água, telefone, internet e outros gastos com
farmácias, açougues, supermercados, postos de combustíveis etc.

Temos também nossas propriedades: casas, terrenos, motocicleta, bicicleta,


automóvel etc.

Temos ainda, em eventuais sobras de dinheiro, investimentos como:


aplicações financeiras, caderneta de poupança, ações de empresas etc.

Eventualmente, quando não temos dinheiro suficiente, buscamos recursos


com terceiros, como, por exemplo, financiamentos em bancos, saldo devedor do
cheque especial, empréstimos de dinheiro com os pais, tios, primos, amigos etc.

Pare um pouco, professor! Que tribulação! Estou ficando maluco!

Percebeu o nosso corre-corre de todo mês? Temos que ter um controle sobre
tudo isso, certo? Precisamos, também, ter um planejamento de nossas atividades
para que tudo corra bem, certo?

Sim, e esse controle e planejamento nada mais é do que efetuarmos a nossa


contabilidade, e todos fazem isso sempre da melhor forma possível.

O planejamento adequado e controle levam a informações confiáveis e


precisas para uma tomada de decisão eficiente.

2 CONCEITO DE PATRIMÔNIO
A contabilidade nada mais é do que um instrumento que tem a finalidade
de planejar e controlar o patrimônio das entidades (pessoas físicas e jurídicas),
com o objetivo de gerar informações para subsidiar a tomada de decisões.

Falamos antes em planejamento e controle do patrimônio. Mas o que vem


a ser patrimônio?

Para entendermos o patrimônio, inicialmente iremos estudá-lo através de


uma representação gráfica, apresentada a seguir, chamada de Balanço Patrimonial:

20
TÓPICO 2 | PATRIMÔNIO

Balanço Patrimonial

(lado esquerdo) (lado direito)

O Balanço Patrimonial é uma das mais importantes demonstrações


contábeis, e por meio dela podemos identificar/apurar a situação patrimonial e
financeira de uma entidade em determinado momento.

Poderemos montar até o nosso balanço, onde veremos que realmente a


gente sabe fazer contabilidade. Vamos nessa?

Como a nossa contabilidade é pessoal, vamos demonstrá-la o mais


pessoalmente possível, portanto, precisamos conhecer algumas definições:

Patrimônio – é o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a


uma entidade (pessoa física ou jurídica). São elementos que convencionalmente
chamamos de riquezas, por serem raros, úteis, fungíveis (característica de troca),
tangíveis (possuem forma física), desejáveis, avaliados em moeda.

Bens – é tudo o que pode ser avaliado economicamente e que satisfaça


necessidades humanas e suscetíveis de avaliação econômica. Do ponto de vista
contábil, bens são todos os objetos que uma empresa possui, seja para uso, troca
ou consumo.

Os bens podem ser classificados em tangíveis e intangíveis.

Os bens tangíveis são aqueles que possuem forma física, são corpóreos, são
palpáveis. Por sua vez, dividem-se em bens móveis, os que podem ser removidos
de seu lugar, como, por exemplo: mesas, veículos, mercadorias, dinheiro,
computadores, etc., e bens imóveis, que são os que não podem ser deslocados de
seu lugar natural, por exemplo, edifícios e construções, terrenos etc.

Os bens intangíveis são aqueles que embora são considerados bens, não
possuem existência física, não são palpáveis, não são constituídos de matéria,
porém, representam um bem significativo para as empresas. São determinados
gastos que a empresa faz, os quais, pela sua natureza, devem ser considerados
parte integrante e, por esse motivo, são registrados pela contabilidade como bens.

21
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

E
IMPORTANT

São intangíveis as marcas, e como exemplo temos algumas bastante conhecidas,


como a Coca-cola, Perdigão, Nestlé e Sadia. As marcas possuem um grande poder de
geração de recursos/riqueza a quem as explora. São intangíveis também as patentes de
invenção (direito de explorar uma invenção), os direitos autorais, o ponto comercial ou
fundo de comércio etc.

Direitos – constituem direitos para as entidades todos os valores a


receber de terceiros. Esses direitos geralmente aparecem seguidos da expressão
“a receber”. Como exemplo: duplicatas a receber, promissórias a receber etc. No
âmbito empresarial esses direitos surgem na maioria das vezes após a realização
de uma venda a prazo aos clientes. No âmbito pessoal passamos a ter um direito
no final do mês, após um mês de trabalho. Temos direito de receber nosso salário,
normalmente, no quinto dia útil do mês seguinte ao trabalhado.

Os bens e direitos irão figurar no lado esquerdo do balanço. Sendo assim,


nosso patrimônio, representado graficamente pelo balanço patrimonial, ficará
expresso assim:

Balanço Patrimonial
Bens
Dinheiro em caixa
Marcas
Máquinas
Veículos (lado direito)
Imóvel
Mercadorias no estoque
Direitos
Duplicatas a receber
Aluguéis a receber
Promissórias a receber

Obrigações – são dívidas ou compromissos assumidos perante terceiros,


ou bens de terceiros que se encontram em nossa posse, e deverão ser pagos ou
liquidados em data futura preestabelecida.

É comum, nas empresas, a ocorrência de compras a prazo. Quando isso


ocorre, a empresa não paga a compra no ato. Nesse caso, a empresa fica com a
obrigação de pagar a compra no prazo determinado. Essas obrigações geralmente
aparecem com nomes dos elementos seguidos da expressão “a pagar”.

22
TÓPICO 2 | PATRIMÔNIO

E
IMPORTANT

Como exemplo de obrigações, temos: duplicatas a pagar, impostos a pagar,


empréstimos a pagar, salários a pagar, promissórias a pagar etc.

As obrigações, por sua vez, serão relacionadas no lado direito do balanço.


Assim ficará representado no balanço patrimonial:

Balanço Patrimonial
Bens Obrigações
Dinheiro em caixa Duplicatas a pagar a fornecedores
Marcas Empréstimos bancários a pagar
Máquinas Salários a pagar
Veículos Impostos a pagar
Imóvel Encargos sociais a pagar
Mercadorias no estoque Promissórias a pagar
Direitos Contas a pagar
Duplicatas a receber
Aluguéis a receber
Promissórias a receber

Muito bem. Vamos fazer nossa contabilidade?

Com os conhecimentos obtidos até o momento, podemos então estruturar


nosso balanço. Vamos imaginar, agora, que um de nós possua a seguinte situação
em 01/03/2010:

Financiamento da casa a pagar 15.550,00


Dinheiro no bolso 370,00
Salário de fevereiro/2010 a receber 2.500,00
Um automóvel Fiat Uno 12.000,00
Uma casa residencial 70.000,00
Conta a pagar na boutique “chique no último” 500,00
Plano de Saúde a pagar 130,00
Mensalidade da escola a pagar 325,00
Dinheiro no banco em conta de poupança 4.500,00
Cartão de crédito a pagar 455,00

23
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Assim teremos nosso patrimônio apresentado no balanço patrimonial


a seguir e com a observância dos aspectos qualitativos (consiste em qualificar/
denominar os bens, direitos e obrigações) e quantitativos (consiste em dar aos
bens, direitos e obrigações seus respectivos valores) do patrimônio:

Balanço Patrimonial – 01/03/2010


Bens e Direitos Obrigações
Caixa 370,00 Financiamento a pagar 15.550,00
Bancos 4.500,00 Plano de saúde a pagar 130,00
Salários a receber 2.500,00 Mensalidades a pagar 325,00
Automóvel 12.000,00 Contas a pagar 500,00
Imóvel residencial 70.000,00 Cartão de crédito a pagar 455,00

Total 89.370,00 Total 16.960,00

Notamos em nosso balanço que o lado esquerdo é maior que o lado direito
(89.370,00 > 16.960,00), ou seja, as coisas boas superam as ruins, não é mesmo?

Então vimos que o nosso patrimônio é o conjunto de bens, direitos e


obrigações. A contabilidade se preocupa e estuda o patrimônio em seus aspectos
qualitativos e quantitativos. O aspecto qualitativo consiste em especificar, segundo
a natureza de cada um, os bens, os direitos e as obrigações que foram devidamente
qualificados, isto é, especificados segundo a natureza de cada um. O aspecto
quantitativo consiste em dar a esses bens, direitos e obrigações, seus respectivos
valores, levando a conhecer o valor do patrimônio da entidade.

Tais aspectos permitem uma informação mais precisa do tamanho do


patrimônio da empresa, pois assim podemos responder quanto de dinheiro
possuímos, qual o valor dos imóveis, quais são os valores que temos a receber,
qual é o valor das dívidas, e assim por diante. Assim fica mais fácil avaliar qual é o
tamanho do nosso patrimônio.

24
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico estudamos e aprendemos que:

● O patrimônio é o conjunto de bens, mais direitos e obrigações.

● Os bens são as coisas boas do patrimônio e são divididos em tangíveis e


intangíveis.

● Os direitos são as coisas que temos a receber dos outros.

● As obrigações são as coisas negativas do patrimônio e em um determinado


momento temos que pagá-las.

25
AUTOATIVIDADE

1 Conceitue patrimônio.

2 Elabore o seu balanço relacionando seu bens, seus valores a receber e suas
contas a pagar. Faça a totalização e responda às questões a seguir:

Balanço Patrimonial – Em: ___/___/200_


Bens e Direitos Obrigações

Total dos Bens e Direitos Total das Obrigações

a) Quanto é o total dos seus bens? __________

b) Você possui bens intangíveis: ( ) não ( ) sim. Se sim, qual é o valor? ________

c) Quanto é o total de seus bens tangíveis? _____________

d) Quanto é o total de seus direitos? ______________

Assista ao vídeo de
resolução da questão 2

26
UNIDADE 1
TÓPICO 3

O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

1 INTRODUÇÃO
A partir de agora, dando continuidade ao estudo do patrimônio, iremos
analisar, com mais profundidade, que o balanço possui algumas configurações
resultantes do confronto entre os bens, direitos e obrigações, as quais irão
resultar em alguns estados patrimoniais favoráveis e desfavoráveis às entidades.
Estudaremos também como é medida a riqueza de uma entidade, através do
balanço patrimonial.

2 ATIVO
Você já ouviu alguém falar: aquela pessoa é muito inteligente, trabalhadora,
ativa, esperta. Claro que já. São qualidades positivas, de coisa boa, certo? Então
vamos chamar o lado esquerdo do balanço patrimonial de Ativo (sinônimo de
coisa boa, positiva). Se o Ativo é coisa boa e positiva, nós vamos colocar no lado
esquerdo os nossos bens e direitos, certo? Assim, então, o ativo, em um primeiro
momento, compreende o conjunto de bens e direitos de uma entidade.

Avançando um pouco mais no conceito de ativo, relatamos a seguir, de


acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC n. 1, que trata da
estrutura conceitual básica para elaboração das demonstrações contábeis.

Exporemos como segue: Ativo é um recurso controlado pela entidade


como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros
benefícios econômicos para a entidade.

Segue ainda:

27
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Elementos das Demonstrações Contábeis


Ativos

53. O benefício econômico futuro embutido em um ativo é o seu potencial em


contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalentes
de caixa para a entidade. Tal potencial poderá ser produtivo, quando o
recurso for parte integrante das atividades operacionais da entidade. Poderá
também ter a forma de conversibilidade em caixa ou equivalentes de caixa
ou poderá, ainda, ser capaz de reduzir as saídas de caixa, como no caso de
um processo industrial alternativo que reduza os custos de produção.

54. A entidade geralmente usa os seus ativos na produção de mercadorias ou


prestação de serviços capazes de satisfazer os desejos e necessidades dos
clientes. Tendo em vista que essas mercadorias ou serviços podem atender
aos seus desejos ou necessidades, os clientes se dispõem a pagar por eles e
contribuir assim para o fluxo de caixa da entidade.

55. Os benefícios econômicos futuros de um ativo podem fluir para a entidade


de diversas maneiras. Por exemplo, um ativo pode ser:

a) usado isoladamente ou em conjunto com outros ativos na produção de


mercadorias e serviços a serem vendidos pela entidade;

b) trocado por outros ativos;

c) usado para liquidar um passivo; ou

d) distribuído aos proprietários da entidade.

56. Muitos ativos, por exemplo, máquinas e equipamentos industriais, têm uma
substância física. Entretanto, substância física não é essencial à existência
de um ativo; dessa forma, as patentes e direitos autorais, por exemplo, são
ativos, desde que deles sejam esperados benefícios econômicos futuros para
a entidade e que eles sejam por ela controlados.

57. Muitos ativos, por exemplo, contas a receber e imóveis, estão ligados a direitos
legais, inclusive o direito de propriedade. Ao determinar a existência de um
ativo, o direito de propriedade não é essencial; assim, por exemplo, um imóvel
objeto de arrendamento é um ativo, desde que a entidade controle os benefícios
econômicos provenientes da propriedade. Embora a capacidade de uma
entidade controlar os benefícios econômicos normalmente seja proveniente
da existência de direitos legais, um item pode satisfazer a definição de um
ativo mesmo quando não há controle legal. Por exemplo, o know-how obtido
por meio de uma atividade de desenvolvimento de produto pode satisfazer
a definição de ativo quando, mantendo o know-how em segredo, a entidade
controla os benefícios econômicos provenientes desse ativo.

28
TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

58. Os ativos de uma entidade resultam de transações passadas ou outros


eventos passados. As entidades normalmente obtêm ativos comprando-os
ou produzindo-os, mas outras transações ou eventos podem gerar ativos;
por exemplo: um imóvel recebido do governo como parte de um programa
para fomentar o crescimento econômico da região onde se localiza a entidade
ou a descoberta de jazidas minerais. Transações ou eventos previstos para
ocorrer no futuro não podem resultar, por si mesmos, no reconhecimento
de ativos; por isso, por exemplo, a intenção de adquirir estoques não atende,
por si só, à definição de um ativo.

59. Há uma forte associação entre incorrer em gastos e gerar ativos, mas ambas
as atividades não necessariamente coincidem entre si. Assim, o fato de uma
entidade ter incorrido num gasto pode fornecer evidência da sua busca
por futuros benefícios econômicos, mas não é prova conclusiva de que a
definição de ativo tenha sido obtida. Da mesma forma, a ausência de um
gasto não impede que um item satisfaça a definição de ativo e se qualifique
para reconhecimento no balanço patrimonial; por exemplo, itens que foram
doados à entidade podem satisfazer a definição de ativo.

FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=nbct01ind>. Acesso em:


10 nov. 2010.

3 PASSIVO
E quando você ouve alguém falar: aquela pessoa é preguiçosa, passiva,
lenta, sem vontade de nada. São qualidades negativas, de coisa ruim, então
chamaremos o lado direito do balanço patrimonial de Passivo (sinônimo de coisa
ruim, negativa). Se o Passivo é coisa ruim e negativa, nós sempre iremos colocar
deste lado as nossas obrigações (dívidas), certo?

Balanço Patrimonial – 01/03/2007


ATIVO PASSIVO
Caixa 370,00 Financiamento a pagar 15.550,00
Bancos 4.500,00 Plano de saúde a pagar 130,00
Salários a receber 2.500,00 Mensalidades a pagar 325,00
Automóvel 12.000,00 Contas a pagar 500,00
Imóvel residencial 70.000,00 Cartão de crédito a pagar 455,00

Total 89.370,00 Total 16.960,00

29
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Assim será representado nosso balanço patrimonial: no lado esquerdo o


ATIVO, composto pelos bens e direitos, e no lado direito o PASSIVO, representado
pelas obrigações.

Indo um pouco mais além no conceito de passivo, relatamos a seguir, de


acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC n. 1, que trata da
Estrutura Conceitual Básica para Elaboração das Demonstrações Contábeis,
relatamos como segue: “Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada
de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos
capazes de gerar benefícios econômicos.”

Segue ainda o pronunciamento sobre o passivo:

Elementos de Demonstrações Contábeis

Passivos

60. Uma característica essencial para a existência de um passivo é que a


entidade tenha uma obrigação presente. Uma obrigação é um dever ou
responsabilidade de agir ou fazer de certa maneira. As obrigações podem
ser legalmente exigíveis em consequência de um contrato ou de requisitos
estatutários. Esse é normalmente o caso, por exemplo, das contas a pagar por
mercadorias e serviços recebidos. Obrigações surgem também de práticas
usuais de negócios, usos e costumes e o desejo de manter boas relações
comerciais ou agir de maneira equitativa. Se, por exemplo, uma entidade
decide, por uma questão de política mercadológica ou de imagem, retificar
defeitos em seus produtos, mesmo quando tais defeitos tenham se tornado
conhecidos depois que expirou o período da garantia, as importâncias que
espera gastar com os produtos já vendidos constituem-se passivos.

61. Deve-se fazer uma distinção entre uma obrigação presente e um compromisso
futuro. A decisão da Administração de uma entidade de adquirir ativos
no futuro não constitui, por si só, uma obrigação presente. A obrigação
normalmente surge somente quando o ativo é recebido ou a entidade
assina um acordo irrevogável de aquisição do ativo. Neste último caso, a
natureza irrevogável do acordo significa que as consequências econômicas
de deixar de cumprir a obrigação, por exemplo, por causa da existência de
uma penalidade significativa, deixem a entidade com pouca ou nenhuma
alternativa para evitar o desembolso de recursos em favor da outra parte.

30
TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

62. A liquidação de uma obrigação presente geralmente implica na utilização,


pela entidade, de recursos capazes de gerar benefícios econômicos a fim de
satisfazer o direito da outra parte. A extinção de uma obrigação presente
pode ocorrer de diversas maneiras, por exemplo, por meio de:

a) pagamento em dinheiro;

b) transferência de outros ativos;

c) prestação de serviços;

d) substituição da obrigação por outra; ou

e) conversão da obrigação em capital.

Uma obrigação pode também ser extinta por outros meios, tais como
pela renúncia do credor ou pela perda dos seus direitos creditícios.

63. Passivos resultam de transações ou outros eventos passados. Assim, por


exemplo, a aquisição de mercadorias e o uso de serviços resultam em contas
a pagar (a não ser que pagos adiantadamente ou na entrega) e o recebimento
de um empréstimo resulta na obrigação de liquidá-lo. Ou uma entidade
pode ter a necessidade de reconhecer como passivo futuros abatimentos
baseados no volume das compras anuais dos clientes; nesse caso, a venda
das mercadorias no passado é a transação da qual deriva o passivo.

64. Alguns passivos somente podem ser mensurados com o emprego de um


elevado grau de estimativa. No Brasil esses passivos são descritos como
provisões. A definição de passivo, constante do item 49, tem um enfoque
amplo e, assim, se a provisão envolve uma obrigação presente e satisfaz os
demais critérios da definição, ela é um passivo, ainda que seu valor tenha
que ser estimado. Exemplos incluem provisões por pagamentos a serem
feitos para satisfazer acordos com garantias em vigor e provisões para fazer
face a obrigações de aposentadoria.

FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=nbct01ind>. Acesso em:


10 nov. 2010.

4 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Em nosso balanço patrimonial “pessoal” elaborado anteriormente,
notamos claramente a situação patrimonial no dia 01/03/2007. A pessoa em
questão tem bens e direitos (ativo = coisas boas) no valor de R$ 89.370,00 e tem
dívidas (passivo = coisas ruins) no valor de R$ 16.960,00. Podemos dizer que a
situação desta pessoa é bem confortável, pois ela tem muito mais coisas boas
(ativo) do que coisas ruins (passivo).

31
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Se a gente observar bem esse “Balanço”, perceberemos que o mesmo ainda


não está completo, pois tem um detalhe tão claro nele que não poderíamos deixar
de registrá-lo.

O que será que é?

Como já vimos anteriormente, o total das coisas boas (ativo) é bem maior do
que o total das coisas ruins (passivo), dando uma diferença positiva de R$ 72.410,00
(89.370,00 – 16.960,00). Certo? Sim, e isso quer dizer que poderemos transformar
essa diferença em “dinheiro vivo”, isso mesmo, “grana limpa” na nossa mão, que
poderíamos chamar de superávit, ou lucro, ou ainda de patrimônio líquido.

Portanto, o patrimônio líquido é igual aos bens mais direitos, menos as


obrigações.

Esta diferença, já implícita no lado direito do nosso balanço, nós a tornaremos


explicita para estabelecer uma igualdade com o lado esquerdo, portanto, o Ativo
será sempre igual ao Passivo mais o Patrimônio Líquido, pois as nossas “coisas
boas” serão sempre iguais à somatória das “coisas ruins” com o nosso “patrimônio
líquido”. Assim, temos:

Balanço Patrimonial – 01/03/2007


ATIVO PASSIVO
Caixa 370,00 Financiamento a pagar 15.550,00
Bancos 4.500,00 Plano de saúde a pagar 130,00
Salários a receber 2.500,00 Mensalidades a pagar 325,00
Automóvel 12.000,00 Contas a pagar 500,00
Imóvel residencial 70.000,00 Cartão de crédito a pagar 455,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 72.410,00

Total 89.370,00 Total 89.370,00

Sacou por que o lado direito do balanço será sempre igual ao lado esquerdo?
Sim. Pois para que haja o equilíbrio entre os lados, surge o Patrimônio Líquido
ou situação líquida, que demonstra, por sua vez, qual é a verdadeira riqueza do
patrimônio em questão.

Pois bem. Assim poderemos apresentar a você a equação básica do


Patrimônio Líquido (PL):

32
TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

PL = Bens + Direitos - Obrigações

PL = 86.870,00 + 2.500 - 16.960,00

PL = 72.410,00

Ou ainda...

PL = ATIVOS - PASSIVOS

PL = 89.370,00 - 16.960,00

PL = 72.410,00

E
IMPORTANT

Cabe lembrar que tudo o que vimos anteriormente, aplicado a uma situação
particular, cada um de nós, as pessoas físicas em geral, vale também para as empresas ou
pessoas jurídicas.

Da mesma forma, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC nº. 01,


que trata da Estrutura Conceitual Básica para Elaboração das Demonstrações
Contábeis (NBC-T-1), conceitua o Patrimônio Líquido da seguinte forma:
“Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos
todos os seus passivos.”

Segue ainda o pronunciamento sobre o Patrimônio Líquido:

65. Embora o patrimônio líquido seja definido no item 49 como um valor


residual, ele pode ter subclassificações no balanço patrimonial. Por
exemplo, recursos aportados pelos sócios, reservas resultantes de
apropriações de lucros e reservas para manutenção do capital podem
ser demonstrados separadamente. Tais classificações podem ser

33
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

importantes para a tomada de decisão dos usuários das demonstrações


contábeis quando indicarem restrições legais ou de outra natureza sobre
a capacidade que a entidade tem de distribuir ou aplicar de outra forma
os seus recursos patrimoniais. Podem também refletir o fato de que
acionistas de uma entidade tenham direitos diferentes em relação ao
recebimento de dividendos ou reembolso de capital.

66. A constituição de reservas é, às vezes, exigida pelo estatuto ou por lei


para dar à entidade e seus credores uma margem maior de proteção
contra os efeitos de prejuízos. Outras reservas podem ser constituídas
em atendimento a leis que concedem isenções ou reduções nos impostos
a pagar quando são feitas transferências para tais reservas. A existência
e o valor de tais reservas legais, estatutárias e fiscais representam
informações que podem ser importantes para a tomada de decisão dos
usuários. As transferências para tais reservas são apropriações de lucros
acumulados, portanto, não constituem despesas.

67. O valor pelo qual o patrimônio líquido é apresentado no balanço patrimonial


depende da mensuração dos ativos e passivos. Normalmente, o valor do
patrimônio líquido somente por coincidência é igual ao valor de mercado
das ações da entidade ou da soma que poderia ser obtida pela venda dos
seus ativos e liquidação de seus passivos numa base de item por item, ou da
entidade como um todo, numa base de continuidade operacional.

68. Atividades comerciais e industriais, bem como outros negócios são


frequentemente exercidos por meio de firmas individuais, sociedades
limitadas, entidades estatais e outras organizações cuja estrutura legal e
regulamentar pode ser diferente daquela aplicável às sociedades por ações. Por
exemplo, pode haver poucas restrições, ou nenhuma, sobre a distribuição aos
proprietários ou outros beneficiários de importâncias incluídas no patrimônio
líquido. Independentemente desses fatos, a definição de patrimônio líquido
e os outros aspectos desta Estrutura Conceitual que tratam do patrimônio
líquido são igualmente aplicáveis a tais entidades.

FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=nbct01ind>. Acesso em:


10 nov. 2010.

Prezado(a) acadêmico(a), você viu que aquilo que considera muito


difícil, executa diariamente com maestria e, digo-lhe ainda, que a contabilidade
individual em nada difere da estrutura básica da contabilidade de uma empresa. A
diferença está que na contabilidade de uma empresa as transações efetuadas têm
que ser formais, ou seja, têm que ter os lançamentos contábeis, as contas, os livros
contábeis para registrar tais operações.

34
TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O importante é você ter a ideia da estrutura contábil na cabeça, daí a


formalização da movimentação fica muito fácil. Por isso, visualize sempre o
patrimônio das entidades (pessoas físicas e jurídicas), no balanço patrimonial,
tendo do seu lado esquerdo (ATIVO) os seus bens e direitos (coisas boas) e do
seu lado direito (PASSIVO) as suas dívidas (coisas ruins) e a sua riqueza líquida
(PATRIMÔNIO LÍQUIDO).

AUTOATIVIDADE

1 O que é Patrimônio Líquido?

2 Considere a autoatividade de número 2 do tópico anterior, aplique em seu


patrimônio a equação básica do Patrimônio Líquido e descubra-o:

PL = Bens + Direitos - Obrigações

PL =

3 Classifique os elementos patrimoniais no quadro a seguir, de acordo com:

1 – Bens, Direitos ou Obrigações.

2 – Ativo ou Passivo.

3 – Positivo ou Negativo.

Elementos 1 2 3
Salários a pagar Obrigações Passivo Negativo
Dinheiro no banco
Duplicatas a receber
FGTS a recolher
Estoque de mercadorias
Microcomputadores

35
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Mesa e cadeiras Bens Ativo Positivo


Empréstimos a pagar
Máquinas e equipamentos
Promissórias a pagar
Dinheiro em caixa
Terrenos
Veículos

5 OS DIVERSOS ESTADOS PATRIMONIAIS


Pois bem. Esse novo elemento chamado de patrimônio líquido, juntamente
com os bens, com os direitos e com as obrigações, completará a nossa representação
gráfica do patrimônio, permitindo que o total do lado esquerdo seja igual ao total
do lado direito, dando-lhe forma de equação. Falando nisso, uma já é conhecida
(PL = Ativo – Passivo). Porém, existem outras possibilidades em que o patrimônio
pode ser encontrado. Vamos ver?

5.1 SITUAÇÃO LÍQUIDA POSITIVA


Esta situação ocorre quando a soma dos bens mais os direitos se sobrepõe
às obrigações, ou seja, quando o ativo é maior que o passivo.

ATIVO > PASSIVO SITUAÇÃO LÍQUIDA


Bens + Direitos Obrigações POSITIVA

50.000,00 + 3.000,00 10.000,00 43.000,00

No Balanço teremos:

Balanço Patrimonial – 31/01/2007


Cia. UNI
ATIVO PASSIVO
Bens 50.000,00 Obrigações 10.000,00
Direitos 3.000,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 43.000,00

Total 53.000,00 Total 53.000,00

36
TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Suponhamos que o dono dessa empresa, a Cia UNI, resolvesse neste


momento liquidá-la, vendendo todos os bens ao preço que custam; conseguirá obter
o valor de 50.000,00; vendendo os direitos conseguirá mais 3.000,00, acumulará
assim 53.000,00. Pagará todas as suas obrigações no valor de 10.000,00, restará para
ele a importância de 43.000,00.

5.2 SITUAÇÃO LÍQUIDA NEGATIVA


A situação líquida negativa ocorre quando o total das dívidas é superior à
soma dos bens e direitos. Pode ser chamada de situação líquida negativa, situação
líquida passiva, situação líquida deficitária, ou ainda, passivo a descoberto.
Vejamos a seguir:

ATIVO PASSIVO SITUAÇÃO LÍQUIDA


<
Bens + Direitos Obrigações NEGATIVA
40.000,00 + 2.000,00 60.000,00 18.000,00

No Balanço teremos:

Balanço Patrimonial – 31/01/2007


Cia. UNI
ATIVO PASSIVO
Bens 40.000,00 Obrigações 60.000,00
Direitos 2.000,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO (18.000,00)

Total 42.000,00 Total 42.000,00

Neste caso, se o proprietário dessa empresa resolvesse liquidá-la, conseguirá


apurar 42.000,00. Para saldar as dívidas precisará de 60.000,00, tendo em mãos
apenas 42.000,00, faltarão 18.000,00. Portanto, a situação líquida é deficitária, ou
seja, o total dos elementos positivos é insuficiente para saldar os compromissos
assumidos pela empresa. A expressão passivo a descoberto representa a
insuficiência do ativo para cobrir o passivo.

37
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Esta situação é pouco comum, porém ocorre com algumas empresas.


Poderíamos dizer que a empresa acima, a Cia UNI, está quebrada? Não. Ela
poderá apresentar uma situação desfavorável e assim mesmo poderá desenvolver
suas atividades normalmente. Cabe destacar que se ela permanecer por muito
tempo nesta situação, poderá ter sérios problemas e ser uma séria candidata a
“fechar suas portas”.

5.3 SITUAÇÃO LÍQUIDA NULA


A situação líquida nula ocorre quando o ativo corresponde ao mesmo valor
que o passivo, inexistindo situação líquida. Vejamos a seguir:

ATIVO = PASSIVO SITUAÇÃO


Bens + Direitos Obrigações LÍQUIDA
NULA
38.000,00 + 7.000,00 45.000,00 0,00

No Balanço teremos:

Balanço Patrimonial – 31/01/2007


Cia. UNI
ATIVO PASSIVO
Bens 38.000,00 Obrigações 45.000,00
Direitos 7.000,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 0,00

Total 45.000,00 Total 45.000,00

Se houvesse a liquidação da Cia UNI, teríamos exatamente o suficiente


para quitar todas as dívidas, não restando nada para o proprietário.

38
TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

LEITURA COMPLEMENTAR

ALFABETIZAÇÃO FINANCEIRA

Robert T. Kiyosaki
Sharon L. Lechter

O QUE REALMENTE É UM ATIVO?

O que nos ensinam, de geração em geração, é que o Amor ao dinheiro é a


raiz de todo o Mal. Mas pensemos melhor, “é o Amor ao Dinheiro, não o Dinheiro
propriamente falando”.

Uma das razões pelas quais os ricos ficam mais ricos, os pobres mais pobres
e a classe média luta com dívidas, é que o assunto dinheiro não é ensinado nem
em casa, nem na escola. As escolas se concentram nas habilidades acadêmicas e
profissionais, mas não em habilidades financeiras.

Estude arduamente, sim, mas não para trabalhar numa boa empresa.
Tenha competência financeira. Aprenda a administrar o Risco na Vida e o Enfrente.
Nunca pare! As pessoas moldam suas vidas por meio de seus pensamentos. Pense
diferente!

Há uma diferença entre ser pobre e estar quebrado. Estar quebrado é algo
temporário, ser pobre é algo eterno. Quer ganhar dinheiro? Precisa aprender!
Aprender a gerar dinheiro; a conservá-lo, e não somente ganhá-lo!

O dinheiro vem e vai, mas se você tiver sido educado quanto ao


funcionamento do dinheiro, você adquire poder sobre ele e pode começar a
construir riqueza.

O que eu sou? Um marco! Eu faço a diferença. Eu sou importante. Pense


assim! Tudo começa em Você!

Se você não puder se decidir logo, não vai aprender nunca a ganhar
dinheiro.

O Tempo é um dos melhores mestres, só que ele termina matando todos


os seus discípulos. A maioria das pessoas quer que todos no mundo mudem,
menos elas próprias. Se perceber que você é o problema, então poderá modificar
a si mesmo, aprender alguma coisa e tornar-se mais sábio. É mais fácil mudar a si

39
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

próprio que a todos os demais. Se você não aprender, passará a vida culpando um
emprego, um baixo salário ou o seu chefe pelos seus problemas. Passará sua vida
esperando por um golpe de sorte que resolva seus problemas de dinheiro.

Segurança é Ilusão, a única certeza no mundo é que tudo está mudando, e


este processo não para NUNCA. Todos, em algum momento na Vida, teremos que
arriscar. O medo do que virá, do desconhecido, é inerente ao ser humano, porém
precisamos arriscar! E arriscar - É tomar decisões!

Acredito que nossa Vida é construída nos momentos em que resolvemos


DECIDIR.

Pai Rico. Pai Pobre

O autor coloca esse título, visto que ele obteve ao longo de sua vida duas
visões como administrar o seu dinheiro. Uma do Pai “Rico” de seu amigo (pai
que estava lutando para construir algo); e a visão do seu Pai “Pobre” (seguro num
emprego e que sempre lutava para melhorar de vida substituindo o emprego por
outro em que se ganha mais).

No livro ele narra e cita muitos exemplos, de como, desde os nove anos, ele
se interessou por dinheiro e como pediu ao Pai Rico, juntamente com o seu melhor
amigo (o filho do pai rico) para lhe ensinar a ganhar dinheiro. E o Pai Rico aguçou
neles a instrução financeira; instigou neles a procura do saber.

Deixando sempre bem claro que o investimento que eles tinham de mais
importante é o que estava entre suas orelhas: sua mente!

Lição Nº 1: Os Ricos não Trabalham por Dinheiro.

Os pobres e a classe média trabalham por dinheiro. Os ricos fazem o


dinheiro trabalhar para eles.

É o medo que faz a maioria das pessoas trabalhar num emprego. O medo de
não pagar as contas. O medo de ser mandado embora. O medo de não ter dinheiro
suficiente. O medo de começar de novo.

Esse é o preço de aprender uma profissão ou habilidade e então trabalhar


pelo dinheiro. A maioria das pessoas se torna escrava do dinheiro... e fica zangada
com o patrão.

Passar a vida com medo, não explorando jamais seus sonhos, é cruel.
Trabalhar arduamente por dinheiro, pensando que este comprará aquilo que lhes
trará felicidade, é também cruel.

40
TÓPICO 3 | O ATIVO, PASSIVO E O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Veja como o dinheiro conduz a vida das pessoas. Não deixe o dinheiro
dominar suas vidas. Acordar no meio da noite, apavorado com as contas a pagar,
é uma forma de vida horrível. Viver uma vida determinada pelo montante de seu
contracheque não é realmente viver.

Pensar que um emprego o fará sentir-se seguro é mentir para você mesmo.
As escolas estão preocupadas em ensinar as pessoas a trabalhar pelo
dinheiro e não a controlar o poder do dinheiro. O emprego é uma solução a curto
prazo para um problema de longo prazo. Você precisará de dinheiro a sua vida
inteira, por isso longo prazo. E você precisa se decidir sobre isso.

Há o medo e a ignorância em relação ao dinheiro. Da mesma forma que


faziam seus pais, eles acordam toda manhã e vão trabalhar por dinheiro. Não têm
tempo de se perguntar se há outra maneira. Suas emoções estão no controle de seu
pensamento, não suas cabeças. Ouvimos coisas como: “Bem, todo o mundo tem
que trabalhar”. Ou: “Os ricos são desonestos”. Ou: “Vou procurar outro emprego”.
Ou: “Eles não vão me passar para trás”. Ou: “Gosto deste emprego porque é
seguro”. Em lugar de perguntar com “O que é que estou perdendo aqui?”, o que
interromperia o Pensamento Irracional e daria tempo de pensar com clareza.

O dinheiro é uma ilusão, como a cenoura para o burro puxar a carroça. O


dinheiro é uma ficção. É em virtude do medo e da ambição que milhões de pessoas
aceitam a ilusão de que o dinheiro é real.

Use a cabeça; um imóvel é dinheiro! Seu carro é dinheiro! Ações são


dinheiro! Sua mente é dinheiro! O que você quiser que seja dinheiro, será!

Quero chegar a um ponto em que a minha riqueza continuará aumentando


automaticamente, ficando bem à frente da inflação. Acho que isso representa
LIBERDADE. Os ativos (mais à frente entenderá o conceito de ATIVOS, caso você
não tenha noção) são suficientemente grandes para crescerem por si próprios.
É como plantar uma árvore. Você a rega durante anos e, então, um dia, ela não
precisa mais disso. Suas raízes são suficientemente profundas. Então, a árvore lhe
proporciona sombra para seu prazer.

Lição Nº 2: Para que Alfabetização Financeira?

As pessoas se preocupam excessivamente com dinheiro e não com sua


maior riqueza, a educação. Se as pessoas estiverem preparadas para serem
flexivas, mantiverem suas mentes abertas e aprenderem, elas se tornarão cada vez
mais ricas ao longo dessas mudanças. Se elas pensarem que o dinheiro resolverá
seus problemas, receio que terão dias difíceis. A inteligência resolve problemas e
gera dinheiro. O dinheiro sem a inteligência financeira é dinheiro que desaparece
depressa.

41
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

O que importa na vida não é quanto dinheiro você ganha, mas quanto
dinheiro você conserva.

A contabilidade é possivelmente um dos assuntos mais áridos do mundo.


E pode também ser o mais confuso. Mas se você quiser ser rico, pode ser o assunto
mais importante. Apesar de que o contador olha para os números, demite gente e
aniquila o negócio. Tudo o que eles pensam é cortar custos e aumentar os preços,
o que causa mais problemas; ainda assim você precisa dominar a contabilidade!

Regra número um é a única regra. Você tem que conhecer a diferença entre
um Ativo e um Passivo e comprar Ativos. Se você quer ficar rico, você tem que ler
e entender os números. Os Ricos adquirem Ativos e os Pobres e a Classe Média
adquirirem obrigações.

Padrão do Fluxo de Caixa de Ativo (Pai Rico):

● Compram Ativos  Gerando Receitas.

● Evitam Passivos  Economizando Despesas.

Padrão de Fluxo de Caixa de um Passivo (Pai Pobre):

● Compram Passivos  Gerando Despesas.

● Evitam os Ativos  Não Geram Receitas.

ATIVO É TUDO AQUILO QUE COLOCA DINHEIRO NO SEU BOLSO,


PASSIVO É TUDO AQUILO QUE TIRA!

FONTE: Adaptado de: Kiyosaki e Lechter (2004, p. 40)

42
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico estudamos e aprendemos que:

● Os bens e direitos formam um conjunto de elementos chamado de ATIVO.

● As obrigações formam o PASSIVO.

● O Patrimônio Líquido (PL) é soma dos Bens + Direitos (-) Obrigações ou Ativo (-)
Passivo.

● O Patrimônio Líquido representa a riqueza da entidade.

● O Patrimônio possui diversos estados, os quais, em determinados momentos,


podem ser: positivos, negativos e nulos.

43
AUTOATIVIDADE
1 Quando ocorre Situação Líquida Nula?

2 Quando ocorre Situação Líquida Superavitária?

3 Quando ocorre Situação Líquida Deficitária?

44
UNIDADE 1
TÓPICO 4

CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico vamos estudar contabilidade através de uma metodologia
chamada de “balanços sucessivos”. Por essa metodologia teremos condições
de entender todo o processo das modificações do patrimônio das entidades. A
metodologia leva em conta que a cada operação realizada pela entidade se faz a
alteração e a elaboração de um novo balanço.

No final do tópico vamos estudar, ainda, alguns conceitos de “capital”,


fundamental para o entendimento da estrutura patrimonial das entidades.

2 A CONSTITUIÇÃO DE UMA EMPRESA


Prezado(a) acadêmico(a), a partir de agora vamos vivenciar algumas
questões que ocorrem no dia a dia de uma empresa. Para isso, iremos simular
algumas operações comuns que ocorrem nas empresas. Porém, primeiramente,
precisamos entender como nasce, como surge uma empresa.

As empresas não surgem do nada. Antes de tudo, é necessário que haja


uma ideia genial de negócio a ser explorado.

Num segundo momento é necessário um estudo adequado para verificar se


o negócio a ser explorado é viável economicamente. Isso se faz com um projeto de
viabilidade, onde se estuda todas as variáveis favoráveis e desfavoráveis ao sucesso
do empreendimento, como, por exemplo: análise dos concorrentes da região,
análise dos possíveis clientes da região, análise dos fornecedores de materiais ou
produtos, análise do ponto comercial etc. Um estudo minucioso também deve ser
feito para avaliar o valor do dinheiro (capital) necessário para implantar e iniciar
as atividades empresariais.

45
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Falamos na palavra capital. E o que vem a ser capital?

A palavra capital possui diversos conceitos, os quais serão estudados mais


adiante. Porém, o investimento inicial feito para constituir ou criar uma empresa,
e registrado pela contabilidade, é denominado de capital nominal ou capital social,
que corresponde ao patrimônio líquido inicial.

Lembro que esse capital social é colocado à disposição da nova entidade


(empresa), criada pelos sócios (donos) da empresa, e esse capital só sofrerá
alterações quando os donos realizarem investimentos adicionais (aumentos de
capital) ou quando retirarem o dinheiro investido (diminuições de capital).

3 CONTABILIZANDO AS OPERAÇÕES DE UMA EMPRESA

3.1 CONTABILIZANDO A CRIAÇÃO DA EMPRESA


Para iniciarmos, vamos imaginar que em 01/02/2010 os colegas Fulano
X e Fulano Y uniram-se para constituir uma empresa no ramo de prestação de
serviços de conserto de calçados, a qual denominaram de Cia. UNI – Consertos
de Calçados. Cada sócio disponibilizou 30.000 de capital em dinheiro, que ao todo
totalizou 60.000,00.

ATENCAO

Diante dessa situação, vamos observar como ficará representado o primeiro


balanço patrimonial da nossa empresa após a sua constituição:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 01/02/2010


ATIVO PASSIVO
Caixa 60.000

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social 60.000

Total 60.000 Total 60.000

46
TÓPICO 4 | CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS

Sabemos que o primeiro investimento que os sócios fazem é denominado


capital social. O capital social é originado dos próprios sócios. Esse capital que tem
essa origem deve ser classificado/contabilizado no patrimônio líquido e, ao mesmo
tempo, deve ser aplicado ou investido na nova empresa recém-criada.

Essa aplicação vai aparecer no ativo, em bens e/ou direitos. Portanto, nesse
caso temos uma origem de 60.000,00 proveniente dos sócios e uma aplicação de
60.000,00 colocada à disposição da empresa em forma de dinheiro em caixa. Assim:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 01/02/2010


ATIVO PASSIVO
Caixa 60.000

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social 60.000

Total 60.000 Total 60.000

Aplicações dos Recursos Origens dos recursos

A partir deste momento, a nova empresa passa a ter autonomia para


movimentar seus recursos, logicamente com a gerência dos sócios. Cabe destacar
que os recursos que estão à disposição da nova empresa ficam desvinculados dos
sócios, pois a propriedade do dinheiro é da empresa.

3.2 CONTABILIZANDO A AQUISIÇÃO DE IMÓVEL


A empresa, no dia 03/02/2010, resolve adquirir uma sala comercial para
a instalação de sua loja com a finalidade de dar um bom atendimento a seus
clientes. A aquisição da sala foi com recursos próprios e se deu pelo valor de
23.000,00 pagos à vista.

47
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

ATENCAO

Vejamos então como ficará nosso balanço patrimonial após essa operação:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 03/02/2010

ATIVO PASSIVO

Caixa 37.000

Imóveis 23.000

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital Social 60.000

Total 60.000 Total 60.000

Veja que, com o pagamento à vista, nossos recursos que estavam à


disposição no caixa (60.000,00) diminuíram no valor do desembolso e ao mesmo
tempo passamos a ter um novo bem (imóvel – sala comercial), no valor de 23.000.
Note que o valor total do ativo permanece o mesmo (60.000), pois esse é o recurso
que está à disposição da empresa.

E
IMPORTANT

Note também que há uma origem (caixa) e uma aplicação (imóvel) de recursos no
valor de 23.000,00.

3.3 CONTABILIZANDO A AQUISIÇÃO DE MÁQUINAS


No dia 05/02/2010 a empresa adquiriu algumas máquinas e equipamentos
para serem utilizados nos trabalhos. Essas máquinas custaram 32.000,00 e também
foram pagas à vista. Veja como ficará a situação patrimonial da Cia. UNI:
48
TÓPICO 4 | CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 05/02/2010


ATIVO PASSIVO
Caixa 5.000
Imóveis 23.000
Máquinas 32.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social 60.000

Total 60.000 Total 60.000

Da mesma forma que a situação anterior, passamos a ter um novo bem


nos investimento da Cia UNI. As máquinas (aplicações de recursos) no valor de
32.000,00 e nosso caixa (origens dos recursos) em menos 32.000,00.

Pergunto a você: O “patrimônio” da Cia. UNI sofreu modificações desde a


sua constituição? O “patrimônio líquido” da Cia UNI sofreu modificações desde
a sua constituição? Mais adiante discutiremos essas questões.

3.4 CONTABILIZANDO A AQUISIÇÃO DE MÓVEIS E


UTENSÍLIOS
Seguindo suas atividades, a Cia. UNI adquiriu, no dia 08/02/2010, móveis
e utensílios (mesas, cadeiras e escrivaninhas) para melhor desenvolver suas
atividades. O valor da compra totalizou 7.000,00 e, na falta de recursos no caixa,
efetuou a compra a prazo.

Vejamos o balanço patrimonial:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 08/02/2010


ATIVO PASSIVO
Caixa 5.000 Duplicatas a pagar 7.000
Imóveis 23.000
Máquinas 32.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Moveis e utensílios 7.000 Capital Social 60.000

Total 67.000 Total 67.000

49
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

Nesta operação também houve o ingresso de mais um bem no patrimônio


da empresa (aplicação de recursos). Quem proporcionou a entrada desse bem foi o
fornecedor de móveis, que, na verdade, representa a origem desses novos recursos.
Notamos que o ativo aumentou em 7.000,00. Até então os recursos usados pela
empresa eram os 60.000,00 investidos pelos sócios no início das atividades.

Voltando à pergunta feita anteriormente. O patrimônio da Cia. UNI sofreu


alterações desde a sua criação?

UNI

Sim. O patrimônio é como se fosse uma célula que constantemente sofre mutações.
Veja quantas mudanças ele sofreu desde o dia 01/02 até o dia 08/02. Ele é representado pelo
balanço patrimonial que, no momento de sua elaboração, representa uma posição estática.
É como se tirássemos uma fotografia e congelássemos a imagem em um determinado
momento, porém, as mutações/modificações continuam a acontecer.

E o patrimônio líquido, sofreu alterações?

UNI

Não. O patrimônio líquido permanece o mesmo desde o início. Lembro que


ele só sofrerá alterações se os sócios aumentarem o capital da empresa, injetando mais
recursos, ou retirarem o dinheiro que deixaram à disposição da empresa.

Poderemos confirmar isso pela fórmula:

PL = B + D – O ou PL = A – P

PL = 67.000,00 + 0,00 – 7.000,00 PL = 67.000,00 – 7.000,00


PL = 60.000,00 PL = 60.000,00

3.5 CONTABILIZANDO A VENDA DE UM BEM


Seguindo com suas atividades, em 10/02/2010 a empresa vendeu sua sala
comercial, mudando-se para uma sala alugada. A venda da sala de sua propriedade
foi a prazo, pelo valor de 24.000,00. Note que a sala possuía um valor registrado
pela contabilidade no valor de 23.000,00.
50
TÓPICO 4 | CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS

Notamos, nessa operação, que a empresa obteve uma vantagem, comprou


por 23.000,00 e vendeu por 24.000,00. Essa vantagem é chamada de lucro. O lucro
é um dos principais objetivos a serem alcançados pelas empresas. É ele que ajuda
a manter as atividades operacionais das empresas e faz com que a riqueza e o
patrimônio efetivamente cresçam.

Então teremos o seguinte balanço patrimonial para representar, após esta


operação:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 10/02/2010


ATIVO PASSIVO
Caixa 5.000 Duplicatas a pagar 7.000
Máquinas 32.000
Móveis e utensílios 7.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Duplicatas a receber 24.000 Capital Social 60.000
Lucros 1.000

Total 68.000 Total 68.000

Note que trocamos um ativo (bem  imóveis) de 23.000,00 por outro ativo
(direito  duplicatas a receber) no valor de 24.000,00. Temos neste caso duas
origens. Uma de 23.000,00 (imóveis) e outra de 1.000 (lucro) proporcionado por
uma vantagem obtida na venda de um ativo, o qual proporciona um aumento
no patrimônio líquido. Esse aumento corresponde ao aumento na riqueza
líquida da empresa.

E
IMPORTANT

Da mesma forma, se a venda fosse feita por 21.000, teríamos um prejuízo de


2.000,00 (21.000,00 – 23.000,00 = -2.000,00). Esse prejuízo de 2.000,00 teria um afeito
negativo no patrimônio líquido, provocando uma diminuição na riqueza líquida da empresa.

3.6 CONTABILIZANDO O PAGAMENTO DE UMA DÍVIDA


Em 15/02/2010 a empresa efetuou o pagamento parcial da dívida que
possuía. O pagamento efetuado foi no valor de 3.000,00. Então teremos o seguinte
balanço patrimonial:

51
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 15/02/2010


ATIVO PASSIVO
Caixa 2.000 Duplicatas a pagar 4.000
Máquinas 32.000
Móveis e utensílios 7.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Duplicatas a receber 24.000 Capital Social 60.000
Lucros 1.000

Total 65.000 Total 65.000

Neste caso, vemos os recursos aplicados no caixa (3.000) serem


disponibilizados para o pagamento das dívidas da empresa. Aqui, as origens de
recursos são o caixa e as aplicações são as duplicatas a pagar.

3.7 CONTABILIZANDO O RECEBIMENTO DE UM DIREITO


No dia 20/02/2010 a empresa recebeu o valor parcial de 10.000,00
relacionados à venda da sala comercial. Então:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 20/02/2010


ATIVO PASSIVO
Caixa 12.000 Duplicatas a pagar 4.000 (*3)
(*4) Máquinas 32.000
Móveis e utensílios 7.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Duplicatas a receber 14.000 Capital Social 60.000
(*1)
Lucros 1.000 (*2)

Total 65.000 Total 65.000

Notamos, neste caso, a diminuição no valor de duplicatas a receber (origem)


em 10.000,00 e a respectiva destinação dos valores para o caixa (aplicação).

52
TÓPICO 4 | CONTABILIZANDO COM BALANÇOS SUCESSIVOS

4 CONCEITO DE CAPITAL
Também chamado de capital nominal, é o valor colocado à disposição
da empresa pelos proprietários. No balanço da Cia. UNI (*1) ele aparece junto
ao patrimônio líquido. É a primeira origem de recursos necessária ao início das
atividades operacionais da empresa.

4.1 CAPITAL SOCIAL


Também chamado de capital nominal, é o valor colocado à disposição
da empresa pelos proprietários. No balanço da Cia. UNI (*1) ele aparece junto
ao patrimônio líquido. É a primeira origem de recursos necessária ao início das
atividades operacionais da empresa.

4.2 CAPITAL PRÓPRIO


O capital próprio (*2) é composto pelos elementos que fazem parte do
patrimônio líquido e abrange o capital inicial (capital social) investido pelos
proprietários, bem como suas variações, que são compostas pelos lucros, quando
positivas, ou pelos prejuízos, quando negativas.

Podemos entender isso muito bem analisando o balanço da Cia. UNI. No


balanço no item 3.5, quando ocorreu a venda de um bem com valor superior ao
seu custo de aquisição. O capital próprio da empresa aumentou para 61.000,00
(Capital social + lucros). Podemos entender que o aumento de 1.000,00 corresponde
a um resultado de uma atividade empresarial, a qual tem a responsabilidade de
proporcionar o aumento da riqueza da empresa com as suas operações. Isso também
é justo do ponto de vista do proprietário, que investiu um capital de 60.000,00 e
começa a ver que esse investimento está lhe proporcionando rendimentos.

Podemos relacionar isso ao momento em que abrimos uma conta de


poupança em um banco e colocamos no início um certo valor. Esse valor todo o mês
cresce um pouquinho, pela renda proporcionada pelos juros, ou seja, temos o capital
investido mais o rendimento ganho.

4.3 CAPITAL DE TERCEIROS


O capital de terceiros (*3) corresponde a todas as dívidas ou obrigações
exigíveis que a empresa possui e, portanto, possui também a obrigação de quitá-las
em um determinado momento, quando do seu vencimento. O capital de terceiros
representa os investimentos feitos na empresa, com recursos provenientes de
terceiros. Nesse contexto, terceiros significa o conjunto de pessoas físicas

53
UNIDADE 1 | A CONTABILIDADE, O PATRIMÔNIO E AS CONTAS

ou jurídicas com que a empresa tem dívidas: funcionários (salários), bancos


(empréstimos bancários), governo (impostos), fornecedores de mercadorias
(fornecedores) etc.

No caso da Cia. UNI, observamos que no item 3.4 houve a aquisição de


bens que foram investidos no ativo, os quais foram financiados por terceiros. Estes
venderam à Cia. UNI sem que houvesse o recebimento, ou seja, é dinheiro alheio
que está investido no ativo da UNI.

O passivo exigível representa o endividamento da empresa e seu


crescimento descontrolado pode levar a empresa a ter sérios problemas em honrar
seus compromissos, levando-a à falência.

Não é bom ter dívidas, porém em determinados momentos se faz necessário


e o uso eficiente dos capitais de terceiros pode trazer inúmeros benefícios à empresa.

4.4 CAPITAL TOTAL À DISPOSIÇÃO DA EMPRESA


O Capital total à disposição da empresa corresponde aos capitais próprios
(*2) mais os capitais de terceiros (*3), os quais estão à disposição (disponíveis
no ativo) ou investidos no ativo em forma de bens e direitos (*4). Sendo assim,
podemos dizer que o capital é o conjunto de valores disponíveis pela empresa em
um determinado momento.

Todos os recursos que entram numa empresa passando pelo passivo (capitais
de terceiros) e pelo patrimônio líquido (capital próprio) representam as origens de
recursos que, por sua vez, são investidos no ativo, que representam as aplicações.

54
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico você estudou que:

● Podemos entender e contabilizar algumas operações realizadas por uma


empresa com a utilização da metodologia de balanços sucessivos.

● O capital que o dono da empresa coloca à disposição para abrir um negócio é


chamado de Capital Social.

● O dinheiro que é emprestado e que está investido na empresa é chamado de


Capital de Terceiros.

● A junção do Capital Próprio e do Capital de Terceiros corresponde ao Capital


Total à disposição da empresa, o qual encontra-se investido no Ativo.

55
AUTOATIVIDADE

1 Os amigos Pedro X, Bento Y e seu filho Zé da Esquina resolveram organizar


uma empresa e a denominaram de Pedro Bento e Cia. Ltda. A empresa foi
criada e desenvolveu diversas operações, as quais você deverá resolver
utilizando a técnica de balanços sucessivos. Então vamos lá:

a) Em 10/01/2011 houve a integralização do capital social em moeda corrente,


no valor de 45.000,00.

BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__


ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

b) Em 15/01/2011 a empresa comprou um imóvel no valor de 33.000. Por esse


imóvel foram pagos à vista 10.000, e o restante, mediante o aceite de uma
duplicata, será pago futuramente.

BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__


ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

56
c) No dia 16/01/2011 houve a compra de móveis e utensílios para a instalação
da empresa. Para isso foram pagos 15.000 à vista.

BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__


ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

d) Em 18/01/2011 foi adquirido a prazo um veículo da concessionária ABC pelo


valor de 20.000.

BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__


ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

e) No dia 22/01/2011 a empresa solicitou ao Banco ZZ um empréstimo no


valor de 6.000. O banco concedeu o empréstimo, liberando os recursos em
dinheiro vivo.

Assista ao vídeo de
resolução da questão 1

57
BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__
ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

f) No dia 25/01/2011 os sócios aumentaram o capital da empresa, colocando à


disposição mais 14.000 em dinheiro.

BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__


ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

g) No dia 26/01/2011, mediante os recursos obtidos pelo aumento de capital e o


empréstimo realizado, quitaram 50% da dívida assumida na letra b.

58
BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__
ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

h) No dia 27/01/2011 houve a venda do veículo pelo valor de 21.000, a prazo.

BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__


ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

i) No dia 30/01/2011 a empresa recebeu parcialmente 10.000 relativos aos


valores a receber da venda do veículo (item anterior).

59
BALANÇO PATRIMONIAL – Pedro Bento e Cia. Ltda. – __/__/20__
ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Total Total

2 Com base no balanço anterior, da letra i, responda:

Qual o valor do Capital de Terceiros?

Qual o valor dos Bens?

Qual o valor do Capital Próprio?

Qual o valor das Obrigações?

Qual o valor do Capital Total à disposição da empresa?

Qual o valor dos Direitos?

60
UNIDADE 2

A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir desta unidade você estará apto(a) a:

• compreender como o balanço patrimonial deve ser estruturado;

• entender o mecanismo da escrituração contábil;

• conhecer as contas e o processo de apuração de resultado


das entidades.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos e neles você encontrará os con-
ceitos relacionados ao balanço patrimonial, sua estrutura e a demonstração
do resultado, bem como exercícios de fixação que serão desenvolvidos em
cada tópico.

TÓPICO 1 – A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

TÓPICO 2 – RAZONETES E AS PARTIDAS DOBRADAS

TÓPICO 3 – AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO


DOS RESULTADOS

TÓPICO 4 – ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

Assista ao vídeo
desta unidade.

61
62
UNIDADE 2
TÓPICO 1

A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a)! O Balanço Patrimonial de uma empresa nada mais
é do que sua fotografia, que mostra a situação da mesma em um determinado
momento. Nessa fotografia é mostrado tudo o que a empresa possui e tudo
que ela deve. Bastaria a qualquer momento, para obtermos o balanço de uma
empresa, entrar nela e fazer uma relação de tudo o que ela possui e tudo o que
ela deve.

Na verdade, não é bem assim. Na unidade estudada anteriormente vimos


que os balanços eram elaborados um após cada operação. Porém, na prática, existe
a dificuldade de se preparar um balanço após cada operação. Uma empresa é um
ente vivo, em que as operações ocorrem a cada momento. Imagine uma grande
empresa, quantas operações acontecem num único dia? Manter uma contabilidade
com balanços sucessivos seria inviável. Vamos estudar, nessa unidade, técnicas
mais ágeis e práticas utilizadas pela contabilidade no sentido de também gerar
informações mais rápidas.

Precisamos, em primeiro lugar, definir e conhecer a estrutura do balanço


patrimonial, bem como a organização das contas a serem utilizadas pela
contabilidade, objeto de estudo deste tópico.

63
2 O BALANÇO PATRIMONIAL E SUA ESTRUTURA
O Balanço Patrimonial das empresas é estruturado de acordo com normas
estabelecidas pela legislação brasileira. Recentemente, com o advento da Lei
nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08, o Balanço Patrimonial sofreu uma
mudança na sua estrutura e forma de apresentação.

Tais mudanças visam a adequação às melhores práticas contábeis


internacionais - (IASB) International Accounting Standards Board. A globalização
dos negócios e o crescimento dos investimentos diretos estrangeiros, somados
à formação de blocos econômicos, trazem consigo a necessidade de se ter um
conjunto de normas contábeis internacionais que viabilizem a comparação de
informações entre companhias de um mesmo grupo ou de grupos distintos no
Brasil e no mundo.

As principais mudanças introduzidas no Balanço Patrimonial podem ser


vistas comparativamente, a seguir:

Como Era

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)


Ativo Realizável a Longo Prazo (ARLP) Passivo Exigível a Longo Prazo (PELP)
Ativo Permanente (AP) Patrimônio Líquido (PL)
Investimentos
Imobilizado
Diferido

Como Ficou

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)


Ativo Não Circulante (ANC) Passivo Não Circulante (PNC)
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
Investimentos
Imobilizado Patrimônio Líquido (PL)
Intangível

64
TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

Assim, as principais mudanças são as seguintes:

a) apresentação do ativo em dois grandes grupos de contas: o Ativo Circulante e o


Ativo não Circulante;

b) apresentação do passivo em três grandes agrupamentos de contas: o Passivo


Circulante, o Passivo não Circulante e o Patrimônio Líquido;

c) extinção da nomenclatura Ativo Permanente, substituindo-a pela nomenclatura


Ativo não Circulante;

d) criação do subgrupo Intangível no Ativo não Circulante, cujos itens que o


compõem serão destacados do Imobilizado;

e) extinção dos grupos específicos do Realizável a Longo Prazo e do Exigível a Longo


Prazo;

f) incorporação do Realizável a Longo Prazo como subgrupo do Ativo não


Circulante;

g) incorporação do Exigível a Longo Prazo como subgrupo do Passivo não


Circulante.

O Ativo Circulante corresponde à relação de bens e direitos que a empresa


possui e que poderá transformar em dinheiro no prazo de até um ano, após o
término do exercício social (normalmente em 31/12). São classificados aqui o
dinheiro em caixa ou no banco, as aplicações financeiras, as duplicatas a receber
(clientes), os estoques, enfim, todos os bens e direitos que se transformarão em
dinheiro no curto prazo. O Ativo Circulante é o grupo que gera dinheiro para a
empresa pagar suas contas no curto prazo.

E
IMPORTANT

Assim, curto prazo, na contabilidade, corresponde normalmente ao período de


até um ano, após o término do exercício social. Se efetuarmos uma venda a nosso cliente
com prazo de 90 dias (curto prazo), teremos então uma duplicata a receber, que será
classificada no Ativo Circulante.

65
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

O Ativo Não Circulante corresponde aos itens que serão realizados ou


transformados em dinheiro a longo prazo, normalmente em período superior a um
ano, após o termino do exercício social. Se efetuarmos uma venda a nosso cliente
com prazo de recebimento estabelecido para daqui a 450 dias (longo prazo), temos
então uma duplicata a receber a ser classificada no Ativo Realizável a Longo Prazo.
Além do ativo realizável a longo prazo, o “Ativo Não Circulante” compreende
também outros elementos patrimoniais que dificilmente se transformarão em
dinheiro, pois não se destinam à venda e são elementos utilizados como meio
de produção ou meios para se obter renda para a empresa. São geralmente
destinados à geração e manutenção das atividades operacionais da empresa.
São os bens e direitos dos quais a empresa não tem intenção de se desfazer. Tais
ativos são adquiridos para a geração de recursos e manutenção de suas atividades.
Logicamente, o fato de um ativo ser classificado como permanente não proíbe a
organização de vendê-lo, afinal, a contabilidade deve registrar os fatos para gerar
informações e não impor regras. Fazem parte ainda:

a) Investimentos – os investimentos são aplicações que não têm relação direta com as
atividades da empresa, porém, são permanentes. Como exemplo, podemos citar:
participação em outras empresas, das quais detém ações ou quotas; terrenos comprados
para especulação; obras de arte etc.

b) Imobilizado – no imobilizado são classificados os bens destinados à manutenção


da atividade principal da empresa, ou seja, os bens que auxiliam a empresa na
geração e manutenção de sua atividade operacional. São exemplos: os terrenos
para uso; as máquinas; os equipamentos; os veículos; os móveis e utensílios; os
prédios em uso etc.

c) Intangível – a Lei 11.638/07, complementada pela MP 449/08, eliminou a figura do


Ativo diferido e inseriu o grupo “Ativo Intangível.” Foi uma das alterações mais
significativas nas adaptações das práticas contábeis brasileiras para as práticas
internacionais da contabilidade. Assim, são considerados ativos intangíveis os
direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção das
atividades empresariais. Portanto, não são bens físicos, que são tangíveis, mas
sim, direitos incorpóreos (sem corpo, sem físico) que têm valor econômico para
a empresa e que produzem resultados futuros.

O Passivo é dividido em duas partes, organizadas de acordo com o grau de


exigibilidade: o passivo circulante e o passivo exigível a longo prazo.

O Passivo Circulante é composto pelas dívidas que a empresa possui e que


deverão ser pagas em período menor do que um ano. Dentre essas contas a pagar,
as mais comuns são:

66
TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

a) Fornecedores: são as dívidas assumidas na ocasião da compra de mercadorias a


serem revendidas posteriormente. Assumimos dívidas com nossos fornecedores.

b) Empréstimos a pagar: são as dívidas assumidas ligadas a empréstimos obtidos


em dinheiro.

c) Financiamentos a pagar: são dívidas assumidas para a aquisição direta de


determinados bens.

d) Salários a pagar: são valores que a empresa tem a pagar aos seus colaboradores
relativos ao mês trabalhado e ainda não recebido. Isso ocorre porque a lei
determina que os salários devam ser pagos até o quinto dia útil do mês seguinte
ao mês trabalhado.

O Passivo Não Circulante, antes do advento da Lei 11.638/07, era


denominado de “Passivo Exigível a Longo Prazo”. Caracterizava-se pela
classificação das obrigações vencíveis a mais de 365 dias da data do balanço
patrimonial. Em princípio, podemos dizer que todos os itens constantes no Passivo
Circulante podem vir a ser também Passivos Não Circulantes, caso as datas de
seus vencimentos superem mais de um ano da data do balanço a ser encerrado.

Iremos relacionar as dívidas que vencerão num prazo superior a um


ano. Neste grupo, basicamente são relacionadas as mesmas contas do Passivo
Circulante, diferenciando-se apenas pelo prazo de pagamento. As dívidas com
prazo para pagamento acima de 12 meses são classificadas nesse grupo.

Por fim, o Patrimônio Líquido, já conhecido e estudado anteriormente,


que é composto pelos recursos que os sócios aplicaram na empresa, mais os lucros
gerados pelas atividades empresariais.

Cabe ressaltar que cada um dos grupos estudados anteriormente pode ser
ainda dividido em subgrupos, e estes, ainda, em outras divisões, como podemos
observar no balanço patrimonial exemplificado a seguir:

67
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)
Disponibilidades Empréstimos e Financiamentos
Caixa 800,00 Empréstimos bancários a pagar 1.000,00
Bancos 200,00 Leasing a pagar 255,00
Clientes Fornecedores
Duplicatas a receber 300,00 Fornecedores nacionais 950,00
Estoques Obrigações Fiscais Sociais e
Trabalhistas
Matéria-prima 150,00 ICMS a recolher 95,00
Mercadorias 300,00 INSS a recolher 85,00
1.750,00 FGTS a recolher 40,00
Ativo Não Circulante Salários a pagar 300,00
2.725,00
Realizável a Longo Prazo 820,00 Passivo Não Circulante
Valores a receber 820,00 Exigível a Longo Prazo
Títulos a receber Empréstimos e Financiamentos
Investimentos Empréstimos em Moeda 540,00
Estrangeira
Participação Permanente na 725,00 540,00
Cia. AB
Imóveis para Renda 640,00 Patrimônio Líquido (PL)
Obras de Arte 85,00 Capital Social
Imobilizado Capital subscrito 2.635,00
Terrenos 780,00 (-) Capital a integralizar (100)
Veículos 700,00 Reservas
(-) Depreciação Acumulada de (140,00) Reservas de Capital 205,00
Veículos
Máquinas 900,00 Reservas de Lucros 215,00
(-) Depreciação Acumulada de (90,00)
Máquinas
Intangível Lucros ou Prejuízos Acumulados
Marcas e Patentes 300,00 Lucros Acumulados 350,00
Ponto de Comércio 100,00 3.305,00
4.000,00

TOTAL DO ATIVO 6.570,00 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 6.570,00

3 AS CONTAS
Para Ribeiro (2009, p. 36), “conta é o nome dado aos componentes
patrimoniais (bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido), [...]” é por meio
das contas que a contabilidade consegue desempenhar seu papel de registrar e
controlar todos os acontecimentos responsáveis pela gestão de seu patrimônio.

68
TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

Assim, conta é a representação contábil de elementos patrimoniais de


natureza igual ou semelhante.

É importante ressaltar os aspectos operacionais que o contador deve levar em


consideração na criação das contas, que são elementos que ele cria e dos quais se utiliza
para melhor controlar o patrimônio de uma entidade. Para tanto, com o objetivo de
conhecer o quanto a empresa deve, qual o valor que tem e quanto deve, quanto ganhou
no último período, como foi o ganho do último período, o contador cria tantas contas
quanto necessárias, para registrar todos os fatos que possibilitem buscar as respostas
via Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício.

Dentro desse contexto, as contas que serão criadas para registrar os fatos
nos livros contábeis são contas que representam os elementos do Ativo, Passivo e
Patrimônio Líquido, mas também devem ser criadas contas que expliquem gastos
e perdas do último período. Portanto, criam-se igualmente contas para representar
as principais despesas e principais receitas.

O movimento da conta pode ser dividido em dois: movimento que


aumenta e movimento que diminui o saldo. Utilizando a nomenclatura de “débito”
e “crédito”, seriam dois tipos de movimento de contas: movimento a débito
(aumentando saldos devedores e diminuindo saldos credores) e movimento a
crédito (aumentando saldos credores e diminuindo saldos devedores).

4 O PLANO DE CONTAS
É chamado de “plano de contas” o conjunto de contas criado pelo contador,
para atender às necessidades de registro das transações dos eventos econômicos,
de forma a possibilitar a construção dos principais relatórios contábeis e atender a
todos os usuários da informação contábil.

Esse conjunto de contas é chamado de “plano de contas”, porque, na


realidade, ele é criado antecipadamente ao uso de tais contas. Por isso, o contador
tem de planejar a estruturação do “plano de contas”, de maneira que a sua principal
ferramenta seja criada para lhe possibilitar o melhor dos resultados no trato com as
informações contábeis.

Um “plano de contas” contábil tem como função principal possibilitar


adequada forma de controle do patrimônio da entidade contabilizada. Essa forma
de controle se fará pelo registro de todas as transações dos eventos econômicos,
em “contas” através dos livros contábeis de maneira que se tenha, rápida e

69
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

precisamente, o valor e a descrição dos elementos patrimoniais da entidade, além


do valor da descrição dos principais fatores de gastos e recebimentos.

Assim, podemos dizer que a função básica de um “plano de contas”


é promover o registro das transações dos eventos econômicos de forma a criar
condições ótimas de classificação e acumulação de dados.

5 A ELABORAÇÃO DO PLANO DE CONTAS


O contador, quando vai montar o “plano de contas” da entidade que está
sob sua responsabilidade, deverá ter em mente certos parâmetros, com o intuito de
construir sua ferramenta da melhor forma possível.

Esses cuidados têm como base os principais usuários da informação


contábil. Apesar de ser sua função registrar os fatos, o contador não pode impor
sua vontade na elaboração de um plano de contas. Deve sempre consultar seus
usuários, partindo do conhecimento total dos objetivos da empresa e de suas
atividades principais. Feito isso, podemos listar alguns cuidados básicos na
elaboração de um plano de contas:

a) deve atender primariamente às necessidades específicas de cada empresa e às


necessidades de informação dos principais usuários dos relatórios;

b) a classificação deve partir do geral para o particular;

c) deve ser codificado;

d) os agrupamentos devem ser feitos pensando nos relatórios que deles se


originarão;

e) os títulos das contas utilizados devem refletir imediatamente os elementos


patrimoniais que representam – devem ser claros e sucintos;

f) deve ter flexibilidade (margem para ampliação) e operacionalidade.

Como sabemos, o Balanço Patrimonial é composto por duas colunas.


A coluna da esquerda, que representa o Ativo, e a da direita, que representa o
Passivo e o Patrimônio Líquido. Até a unidade anterior, elaborávamos o Balanço
Patrimonial sem nenhuma preocupação com relação à ordem e organização
das contas. Colocando as contas de forma desordenada, certamente teremos
dificuldades em analisar as informações do balanço.

70
TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

A partir de agora iremos elaborar o Balanço Patrimonial organizando as contas


do ativo em ordem decrescente do grau de liquidez, ou seja, quanto mais líquidas
(dinheiro ou transformáveis em dinheiro) forem as contas, em primeiro lugar elas
serão apresentadas. Exemplificando, podemos dizer que um ativo como as duplicatas
a receber são mais facilmente transformadas em dinheiro do que um ativo como as
Máquinas e Equipamentos, que são bens de uso nas atividades operacionais.

Já no passivo, as contas são organizadas em ordem decrescente do seu


grau de exigibilidade, ou seja, as dívidas, quanto mais próximas à sua data de seu
vencimento, em primeiro lugar serão apresentadas.

Para Marion (2008), plano de contas é o agrupamento ordenado de todas


as contas que são utilizadas pela contabilidade dentro de determinada empresa.
Portanto, o elenco de contas considerado é indispensável para os registros de todos
os fatos contábeis.

E
IMPORTANT

Há que se destacar que cada empresa deve possuir seu plano de contas, adaptado
à sua realidade empresarial. Uma empresa especializada em prestar serviços possui
certamente um plano de contas diferente de uma empresa do setor industrial, e esta
também diferentemente de uma empresa comercial. Porém, todas obedecem à mesma
estrutura exigida pela legislação.

A seguir, apresentamos como modelo um plano de contas adaptado a


empresas que exploram as atividades comerciais.

1 ATIVO      
1.1 ATIVO CIRCULANTE
1,1,1 ATIVO DISPONÍVEL
1,1,1,1 Caixa
1,1,1,2 Bancos Conta Movimento
1,1,1,3 Aplicações Financeiras

1,1,2 CLIENTES
1,1,2,1 Duplicatas a receber
1,1,2,2 (-) Duplicatas descontadas
1,1,2,3 (-) Provisão p/ Créditos de Liquidação Duvidosa

71
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

1,1,3 OUTROS CRÉDITOS


1,1,3,1 Títulos a receber
1,1,3,2 Cheques em cobrança
1,1,3,3 Dividendos propostos a receber
1,1,3,4 Juros a receber
1,1,3,5 Créditos de funcionários
1,1,3,5,1 Adiantamento de viagens
1,1,3,5,2 Adiantamento de salários
1,1,3,5,3 Adiantamento de 13° Salário
1,1,3,6 Impostos a recuperar
1,1,3,6,1 IPI a recuperar
1,1,3,6,2 ICMS a recuperar
1,1,3,6,3 IRRF a recuperar

1,1,4 ESTOQUES
1,1,4,1 Matéria-prima
1,1,4,2 Produtos em elaboração
1,1,4,3 Produtos acabados
1,1,4,4 Mercadorias
1,1,4,5 Importações em andamento
1,1,4,6 Adiantamento a fornecedores

1,1,5 DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE


1,1,5,1 Prêmios de seguros a apropriar
1,1,5,2 Aluguéis pagos antecipadamente
1,1,5,3 Assinaturas de periódicos a apropriar
1,1,5,4 Despesas financeiras a apropriar

1,2 ATIVO NÃO CIRCULANTE


1,2,1 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
1,2,1,1 Clientes
1,2,1,2 Títulos a receber
1,2,1,3 Impostos a recuperar
1,2,1,4 Aplicações de Incentivos Fiscais
1,2,1,5 Participações não permanentes em outras empresas

1,2,2 INVESTIMENTOS
1,2,2,1 Participações Permanentes em Outras Cias.
1,2,2,2 Participações em Fundos de Investimentos (IF)
1,2,2,3 Terrenos e Imóveis para Futura Utilização
1,2,2,4 Imóveis para Renda
1,2,2,5 Obras de Arte

72
TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

1,2,3 IMOBILIZADO
1,2,3,1 Terrenos
1,2,3,2 Edifícios
1,2,3,3 Instalações
1,2,3,4 Móveis e utensílios
1,2,3,5 Veículos
1,2,3,7 (-) Depreciações acumuladas

1,2,4 INTANGÍVEL
1,2,4,1 Marca Registrada
1,2,4,2 Ponto de Comércio
1,2,4,3 Patentes

1,2,5 DIFERIDO (*1)


1,2,5,1 Gastos Pré-Operacionais
1,2,5,2 Gastos de Organização e Reorganização
1,2,5,3 (-) Amortizações Acumuladas

2 PASSIVO    
2,1 PASSIVO CIRCULANTE
2,1,1 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS
2,1,1,1 Financiamentos e empréstimos bancários
2,1,1,2 Juros a pagar de empréstimos e financiamentos
2,1,1,3 Leasing a pagar

2,1,2 DEBÊNTURES
2,1,2,1 Debêntures conversíveis em ações
2,1,2,2 Debêntures não conversíveis em ações
2,1,2,3 Juros e participações
2,1,2,4 Deságio a apropriar (cd)

2,1,3 FORNECEDORES
2,1,3,1 Fornecedores nacionais
2,1,3,2 Fornecedores estrangeiros

2,1,4 OBRIGAÇÕES FISCAIS SOCIAIS E TRABALHISTAS


2,1,4,1 ICMS a recolher
2,1,4,2 IPI a recolher
2,1,4,3 Provisão para Imposto de Renda
2,1,4,4 Contribuição Social a recolher
2,1,4,5 PIS a recolher

73
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

2,1,4,6 ISS a recolher


2,1,4,7 COFINS a recolher
2,1,4,8 Outros Impostos e taxas a recolher
2,1,4,9 INSS a recolher
2,1,4,10 FGTS a recolher
2,1,4,11 Salários a pagar
2,1,4,12 Provisão para férias
2,1,4,13 Provisão para 13º salário

2,1,5 OUTRAS OBRIGAÇÕES


2,1,5,1 Dividendos a pagar
2,1,5,2 Gratificações e participações de empregados e administradores
2,1,5,3 Juros a pagar
2,1,5,4 Aluguéis a pagar
2,1,5,5 Seguros a pagar
2,1,5,6 Empresas fornecedoras de água
2,1,5,7 Empresas fornecedoras de energia elétrica
2,1,5,8 Empresas fornecedoras de telefonia

2,2 PASSIVO NÃO CIRCULANTE


2,2,1 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
2,2,1,1 Empréstimos em moeda estrangeira
2,2,1,2 Empréstimos em moeda nacional
2,2,1,3 Títulos a pagar
2,2,1,4 Juros a pagar sobre empréstimos e financiamentos

2,2,2 DEBÊNTURES
2,2,2,1 Debêntures conversíveis em ações
2,2,2,2 Debêntures não conversíveis em ações
2,2,2,3 Juros e participações
2,2,2,4 Deságio a apropriar (cd)

2,3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO


2,3,1 CAPITAL SOCIAL
2,3,1,1 Capital Subscrito
2,3,1,2 (-) Capital a Integralizar

2,3,2 AÇÕES EM TESOURARIA


2,3,2,1 Ações Ordinárias
2,3,2,2 Ações Preferenciais

74
TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

2,3,3 RESERVAS DE CAPITAL


2,3,3,1 Ágio na Emissão de Ações
2,3,3,2 Doações e Subvenções
2,3,3,3 Prêmio Recebido na Emissão de Debêntures
2,3,3,4 Alienação de Partes Beneficiárias
2,3,3,5 Correção Monetária do Capital

2,3,4 RESERVAS DE REAVALIAÇÃO (*1)


2,3,4,1 Reavaliação de Terrenos
2,3,4,2 Reavaliação de imóveis

2,3,5 RESERVAS DE LUCROS


2,3,5,1 Reserva Legal
2,3,5,2 Reservas Estatutárias
2,3,5,3 Reservas para Contingências
2,3,5,4 Reservas de Lucros a realizar

2,3,6 LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS


2,3,6,1 Lucros Acumulados
2,3,6,2 Prejuízos Acumulados

3 RECEITAS    
3,1 RECEITAS GERAIS
3,1,1 RECEITA BRUTA DAS VENDAS
3,1,1,1 Venda de Mercadorias
3,1,1,2 Venda de Serviços
3,1,1,3 Venda de Produtos

3,1,2 (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA


3,1,2,1 Impostos sobre Vendas
3,1,2,1,1 ICMS
3,1,2,1,2 IPI
3,1,2,1,3 ISS
3,1,2,1,4 PIS / COFINS
3,1,2,2 Devoluções e Abatimentos

4 CUSTOS    
4,1 CUSTOS GERAIS
4,1,1 CUSTOS DAS MERCADORIAS VENDIDAS
4,1,1,1 Custo por Unidade de Mercadoria Vendida
4,1,1,2 Custo da Mercadoria Vendida c/ Base no Inventário

75
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

4,1,1,2,1 Estoque Inicial


4,1,1,2,2 Compras
4,1,1,2,3 Fretes s/ Compras
4,1,1,2,4 Seguros s/ Compras
4,1,1,2,5 (-) Estoque Final
4,1,1,2,6 (-) Devolução de Compras
4,1,1,2,7 (-) Abatimentos s/ Compras

5 DESPESAS    
5,1 DESPESAS OPERACIONAIS
5,1,1 DESPESAS COM VENDAS
5,1,1,1 Salários
5,1,1,2 Comissões sobre vendas
5,1,1,3 Encargos sociais
5,1,1,4 Propaganda e publicidade
5,1,1,5 Fretes com entregas
5,1,1,6 Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa
5,1,1,7 Reversão da Provisão p/ Créditos de Liq. Duvidosa

5,1,2 DESPESAS ADMINISTRATIVAS


5,1,2,1 Salários
5,1,2,2 Honorários da diretoria
5,1,2,3 Encargos sociais
5,1,2,4 Aluguel
5,1,2,5 Depreciações
5,1,2,6 Manutenções
5,1,2,7 Material de escritório
5,1,2,8 Seguros
5,1,2,9 Energia elétrica
5,1,2,10 Água e esgoto
5,1,2,11 Telefone
5,1,2,12 Correios
5,1,2,13 Programa de alimentação
5,1,2,14 Vale-transporte
5,1,2,15 Jornais e revistas
5,1,2,16 Viagens e representações
5,1,2,17 Impostos e taxas diversas
5,1,2,18 Doações e contribuições

5,1,3 RESULTADOS FINANCEIROS LÍQUIDOS


5,1,3,1 Receitas Financeiras
5,1,3,1,1 Juros recebidos ou auferidos
5,1,3,1,2 Descontos obtidos

76
TÓPICO 1 | A ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL

5,1,3,1,3 Receitas sobre aplicações financeiras


5,1,3,1,4 Receita Financeira Comercial
5,1,3,1,5 Variação Cambial Ativa

5,1,3,2 Despesas Financeiras


5,1,3,2,1 Juros pagos ou incorridos
5,1,3,2,2 Descontos concedidos
5,1,3,2,3 CPMF / IOF
5,1,3,2,4 Comissões e despesas bancárias
5,1,3,2,5 Despesa Financeira Comercial
5,1,3,2,6 Variação Cambial Passiva

5,1,4 RESULTADO NÃO OPERACIONAL


5,1,4,1 Ganhos ou Perdas na Alienação de Ativos Permanentes
5,1,4,2 Resultado da Equivalência Patrimonial

6 APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


6,1 APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
6,1,1 APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
6,1,1,1 Apuração do Resultado do Exercício
(*1) Para as empresas que optaram por manter e não estornar no balanço de adoção da Lei n.
11.638/07.

Note que no plano de contas apresentado existe, na coluna da esquerda,


uma codificação hierarquizada, iniciando pelo Ativo com o código 1 e, dentro do
ativo, os dois grupos principais. 1,1 – Ativo Circulante e 1,2 – Ativo Não Circulante.

Dentro do grupo Ativo Circulante temos subgrupos como 1,1,1 – Disponível


e dentro do disponível, as contas: 1,1,1,1 – Caixa (conta mais líquida), 1,1,1,2 –
Bancos conta movimento e assim segue.

A sequência de codificação de um plano de contas denominamos


graduação do plano. Assim, a primeira codificação (1, 2, 3, 4, 5) para Ativo, Passivo,
Receitas, Custos e Despesas, respectivamente, chamamos de plano de contas em
primeiro grau. À medida que vamos detalhando o plano, denominamos plano de
contas de segundo grau (para detalhamento do primeiro), de terceiro grau (para
detalhamento do segundo), e assim por diante.

77
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

A finalidade da graduação do plano de contas é a definição de um sistema


classificatório que permita o somatório dos saldos das contas.

Assim, para se obter o saldo da conta de terceiro grau de fornecedores


(2,1,3), somam-se todos os saldos das contas de quarto grau de fornecedores
nacionais (2,1,3,1) e fornecedores estrangeiros (2,1,3,2).

Os códigos são utilizados para elaborar os lançamentos contábeis em


sistemas informatizados, o que facilita o processamento e agiliza a informação.

6 CONTAS SINTÉTICAS E ANALÍTICAS


São denominadas contas analíticas aquelas contas que representam os
elementos patrimoniais em seu maior grau de detalhamento. Significa que a informação
em seu nível de maior especificação está evidenciada nas contas analíticas.

Normalmente, as contas analíticas constituem-se na maior graduação


do plano de contas. No nosso exemplo, as contas analíticas são aquelas de
quarto grau (no caso, a conta: 2,1,3,2) e em alguns casos de quinto grau (no
caso, a conta: 5,1,3,2,4).

A conta analítica se configura quando a obtenção de seu saldo é conseguida


através de lançamentos, ou seja, através do registro de cada fato administrativo.

As contas sintéticas são aquelas cujo saldo é conseguido através do


somatório do saldo de duas ou mais contas analíticas, ou de duas ou mais contas
sintéticas.

Por conseguinte, as contas sintéticas não recebem lançamentos.


Normalmente, se constituem nos planos de contas de menor grau. Quanto menor é
o grau da conta, mais sintético é o seu saldo, ou seja, o saldo representa um resumo
muito maior de outras contas.

Assim, a conta de “Passivo”, no nosso exemplo de “plano de contas”, é a


conta mais sintética ou resumida possível. A conta “Passivo Circulante” e a conta
“Fornecedores” são exemplos de outras contas que sintetizam informações de
outras contas, cada uma no seu devido grau de resumo.

78
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico estudamos e aprendemos que:

● O Balanço Patrimonial possui uma estrutura preestabelecida.

● Vimos que as contas do Ativo são organizadas de acordo com seu grau de
liquidez, formando dois grandes grupos: o Ativo Circulante e o Ativo Não
Circulante. Por outro lado, as contas do Passivo são organizadas pelo grau de
exigibilidade e são compostas pelo Passivo Circulante, Passivo Não Circulante e
o Patrimônio Líquido.

● Entendemos também que curto prazo, em contabilidade, normalmente é o


período até 12 meses após o encerramento do balanço, e longo prazo é o tempo
acima de 12 meses.

● Quanto às contas, vimos que para a boa ordenação e sistematização qualitativa


e quantitativa do patrimônio é necessário ordená-las em plano de contas.

79
AUTOATIVIDADE

1 Complete as frases a seguir:

a) O........................................ representa os bens e ............................. que a


empresa possui, sendo normalmente representado no lado ...........................
..........do balanço.

b) O Ativo divide-se em dois grandes grupos, classificados em ordem de


............................, que são o ............................. e o .................................... Este
último grupo divide-se em quatro subgrupos, que são o .........................., o
............................, o ..................................... e o .....................................

c) No lado direito temos o.........................................que é dividido em


.............................. e ............................................ Este último representa as
dívidas de .......................... prazo.

d) Já o..........................................................é composto pelos recursos próprios


aplicados mais os lucros gerados pelas atividades operacionais da entidade.

2 Pesquise no Plano de Contas apresentado anteriormente, colocando seu


código e o grupo e subgrupo em que é classificada.

Conta Código Grupo Subgrupo


Caixa 1,1,1,1 Ativo Circulante Disponibilidades
FGTS a recolher
Empréstimos: moeda
estrangeira
Móveis e utensílios
Honorários da diretoria
Duplicatas a receber
Lucros acumulados
Água e esgoto 5,1,2,2 Despesas Despesas
Operacionais Administrativas
Aplicações financeiras
Receitas s/aplicações
Financeiras
Fretes com entregas
Comissões sobre vendas

Assista ao vídeo de
resolução da questão 2

80
UNIDADE 2 TÓPICO 2
RAZONETES E AS PARTIDAS DOBRADAS

1 INTRODUÇÃO
Na unidade anterior vimos o funcionamento da contabilidade através
da utilização de balanços sucessivos. Com os balanços sucessivos conseguimos
entender como a contabilidade funciona, além de diversos conceitos contábeis.
Vamos, a partir de agora, utilizar uma metodologia que nos permitirá efetuar a
contabilidade de uma entidade com mais agilidade.

Basicamente, iremos controlar individualmente cada conta, registrando


os aumentos e diminuições que ocorrem em cada uma delas, permitindo assim,
a qualquer momento ou no final de um determinado período (semana, mês,
semestre, ano), a elaboração de um balanço patrimonial. Evitaremos assim, a cada
operação ocorrida na empresa, a elaboração do balanço patrimonial.

2 RAZONETES
O controle individual de cada conta será efetuado por “razonetes”, que
nada mais são do que uma representação em forma resumida de um Livro Contábil
obrigatório utilizado pela contabilidade, chamado de Livro Razão.

Os razonetes possuem a seguinte representação gráfica:

Nome da Conta
D C

81
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Note bem que os razonetes possuem bastante semelhança com o balanço


patrimonial. O lado esquerdo de uma conta é chamado de lado do débito e o lado
direito de uma conta é chamado de lado do crédito. Portanto, um movimento de
valor no lado esquerdo de uma conta é chamado de movimento ou lançamento
a débito, e um movimento de valor no lado direito de uma conta é chamado de
movimento ou lançamento a crédito.

3 PARTIDAS DOBRADAS
Para que possamos entender o funcionamento da contabilidade com a
utilização dos razonetes, precisamos entender uma regra básica de movimentação
dos valores nas contas.

A regra possui um mecanismo de funcionamento específico para as contas


do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido e é a seguinte:

3.1 REGRA PARA AS CONTAS DO ATIVO

Para Contas do ATIVO


D C

Aumentos Diminuições
de valores de valores
+ -

Imagine, para exemplificar essa regra, uma operação envolvendo o


pagamento de uma dívida. A conta CAIXA (conta do ativo) teria a necessidade de
desembolsar um certo valor, assim o movimento ou o lançamento deste valor seria
feito no lado direito.

82
TÓPICO 2 | RAZONETES E AS PARTIDAS DOBRADAS

3.2 REGRA PARA AS CONTAS DO PASSIVO

Para Contas do PASSIVO


D C

Diminuições Aumentos
de valores de valores
- +

Já a operação anterior, envolvendo o pagamento de uma dívida, para esta


regra a dívida quitada provocaria uma movimentação ou um lançamento no lado
esquerdo da conta do passivo, em função de sua diminuição de valor.

3.3 REGRA PARA AS CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Para Contas do PATRIMÔNIO LÍQUIDO


D C

Diminuições Aumentos
de valores de valores
- +

Para as contas do patrimônio líquido, a regra de funcionamento é a mesma


das contas do passivo, pois ambas são relacionadas no mesmo lado do balanço
patrimonial. Imagine assim uma operação contábil onde houvesse um aumento de
capital em dinheiro. Com essa operação teríamos um movimento em uma conta
do PL (capital) no lado direito e um movimento em uma conta do Ativo (caixa) no
lado esquerdo.

83
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

E
IMPORTANT

Para entendermos o processo de forma completa, vamos contabilizar todas as


operações da Cia. UNI, já estudadas anteriormente em forma de balanços sucessivos na
Unidade 1, bastando para isso acompanhar conforme a sequência de “a” a “g”.

Temos então as seguintes operações:

a) Em 01/02/2010, os colegas Fulano X e Fulano Y uniram-se para constituir uma


empresa, a Cia. UNI, com capital total em dinheiro no valor de 60.000,00.

b) No dia 03/02/2010 houve a aquisição de uma sala comercial para a instalação de


sua loja, pelo valor de 23.000,00 pagos à vista.

c) No dia 05/02/2010 a empresa adquiriu algumas máquinas e equipamentos para


serem utilizados nos trabalhos. Essas máquinas custaram 32.000,00 e também
foram pagas à vista.

d) No dia 08/02/2010 houve a aquisição de móveis e utensílios, no valor de


7.000,00, a prazo.

e) Em 10/02/2010 a empresa vendeu sua sala comercial. A venda de sala de sua


propriedade foi a prazo, pelo valor de 24.000,00. Note que a sala possuía um
valor registrado pela contabilidade no total de 23.000,00. Percebemos nessa
operação que a empresa obteve uma vantagem, comprou por 23.000,00 e vendeu
por 24.000,00. Essa vantagem é chamada de lucro. O lucro é um dos principais
objetivos a serem alcançados pelas empresas. É ele que ajuda a manter as
atividades operacionais das empresas e faz com que a riqueza e o patrimônio
efetivamente cresçam.

f) Em 15/02/2010a empresa efetuou o pagamento parcial da dívida. O pagamento


efetuado foi no valor de 3.000,00.

g) No dia 20/02/2010 a empresa recebeu o valor parcial de 10.000,00 relacionados à


venda da sala comercial.

84
TÓPICO 2 | RAZONETES E AS PARTIDAS DOBRADAS

DICAS

Veja a solução das operações nos razonetes a seguir. Para uma boa compreensão
da solução, acompanhe sequencialmente letra por letra.

Caixa - AC Capital – PL Imóveis – ANC


D C D C D C
a 60.000 23.000 b 60.000 a B 23.000 23.000 e
g 10.000 32.000 c
3.000 f

70.000 58.000 23.000 23.000


12.000 60.000 0,00 0,00

Soma dos débitos


Soma dos créditos
Saldo final da conta (70.000,00 – 58.000,00)

Máquinas e Móveis e Utensílios – Duplicatas a pagar –


Equipamentos - ANC ANC PC
D C D C D C
c 32.000 d 7.000 F 3.000 7.000 d

3.000 7.000
32.000 7.000 4.000

Duplicatas a receber - AC Lucros Acumulados - PL

D C D C

e 24.000 10.000 g 1.000 e

24.000 10.000

14.000 1.000

85
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Para entendermos melhor as movimentações ocorridas nas contas acima, é


necessário que não seja feito o vínculo com o conceito de débito e crédito do nosso
dia a dia e usualmente aplicado.

A compreensão desses conceitos é importante para o entendimento e


aplicação na contabilidade.

O Débito significa destino ou aplicação dos recursos. Sempre que recursos


são aplicados, como a compra de bens, pagamento de dívidas, entre outros, existe
um débito na conta correspondente ao item para o qual os recursos destinaram-se.

Já o Crédito significa origem de recursos. A fonte de recursos, seja


proveniente dos sócios (capital social), a venda de serviços, a obtenção de um
empréstimo, entre outros, implicará sempre um crédito na conta referente a essa
origem de recursos.

Diante da movimentação das contas nos razonetes, realizada anteriormente,


surge o seguinte Balanço Patrimonial:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 20/02/2010


ATIVO PASSIVO
Caixa 12.000 Duplicatas a pagar 4.000
Máquinas 32.000
Móveis e utensílios 7.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Duplicatas a receber 14.000 Capital social 60.000
Lucros 1.000

Total 65.000 Total 65.000

86
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico aprendemos que:

● As contas são movimentadas, individualmente, registrando-se os aumentos


e diminuições de acordo com uma regra estabelecida especificamente para as
contas do Ativo Passivo e Patrimônio Líquido.

D C
Contas do Ativo ⇨ Aumentos (+) Diminuições (-)
Contas do Passivo ⇨ Diminuições (-) Aumentos (+)
Contas do Patrimônio Líquido ⇨ Diminuições (-) Aumentos (+)

● Toda a conta, além dos movimentos de aumentos e diminuições, apresenta


no final um saldo que pode ser devedor ou credor. É saldo devedor quando
o movimento a débito é maior que o movimento a crédito, e o saldo é credor
quando o movimento a crédito for superior ao movimento a débito.

87
AUTOATIVIDADE

Resolva as operações contábeis a seguir utilizando a técnica de movimentação


dos valores através de razonetes, seguindo a sequência apresentada, numerando
os lançamentos nos respectivos razonetes.

Após todas as movimentações terem sido contabilizadas, apure o saldo final de


cada conta e elabore o Balanço Patrimonial.

Item Data Movimentações Contábeis


1 04/12/10 A Comercial Indiana, empresa constituída nesta data, recebe de seus sócios
15.000, para integralização do capital inicial, composto pelos seguintes
ativos: Dinheiro depositado no Banco do Sul – 10.000; Móveis e Utensílios
– 5.000.
2 05/12/10 Adquire mercadorias para o estoque, no total de 4.000, sendo 3.000 pagos
em cheque e 1.000 será pago em 09/12/10.
3 07/12/10 Adquire um veículo, para entrega de mercadorias, no valor de 6.000, sendo
50% à vista com cheque e 50% com empréstimo bancário a curto a prazo.
4 09/12/10 Pagamento da dívida assumida no dia 05/12/10 com a emissão de cheque
naquele valor.
5 12/12/10 Compra de mercadorias por 5.000, sendo 50% à vista com cheque e o
restante a prazo (60 dias).
6 14/12/10 Aumenta o capital social em mais 5.000, em dinheiro, depositado em banco.
7 18/12/10 Adquire um terreno no valor de 5.000, tendo sido entregue um cheque de
2.000 no ato e o restante será pago no prazo de 450 dias com a emissão de
uma Nota Promissória (títulos a pagar).
8 24/12/10 Adquire móveis e utensílios no valor de 600, pagos em cheque.

Solução:

Bancos Conta Móveis e utensílios


Capital – PL
Movimento – AC – ANC
D C D C D C
1 10.000 1 5.000 15.000 1

88
1 Corresponde ao 1º lançamento.

Mercadoria – AC Fornecedores - PC Veículos – ANC


D C D C D C

Empréstimos bancários
Títulos a pagar - PNC Terreno - ANC
a pagar - PC
D C D C D C

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 20/02/2006


ATIVO PASSIVO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social

Total Total

Assista ao vídeo de
resolução desta questão

89
90
UNIDADE 2
TÓPICO 3

AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A


APURAÇÃO DOS RESULTADOS

1 INTRODUÇÃO
Sabemos que o Patrimônio Líquido das entidades representa a riqueza
líquida desta entidade. Assim, a riqueza líquida pode variar por duas causas
principais, que são:

● A primeira é o investimento inicial de capital feito pelos proprietários e seus


aumentos posteriores. Pode também haver diminuições provocadas por
desinvestimentos de capital, quando da retirada ou da saída de um proprietário
da sociedade.

● Outra forma de haver variações no patrimônio líquido é pelo confronto das


receitas e despesas que ocorrem em um determinado período.

2 RECEITAS E DESPESAS
Sendo assim, o que vem a ser receitas e o que vem a ser despesas?

Contabilmente, receita pode ser entendida como a entrada de elementos


para o Ativo da empresa, provenientes de venda de produtos, mercadorias ou pela
prestação de serviços.

Vendas essas que estão ligadas diretamente às atividades operacionais das


empresas e consideradas como sendo os elementos positivos do resultado.

As Normas Brasileiras de Contabilidade NBC T 1, que tratam da Estrutura


Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, trazem
mais detalhado o conceito de “receita”, como segue:

74. A definição de receita abrange tanto receitas propriamente ditas como


ganhos. A receita surge no curso das atividades ordinárias de uma entidade
e é designada por uma variedade de nomes, tais como vendas, honorários,
juros, dividendos, royalties e aluguéis.

91
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

75. Ganhos representam outros itens que se enquadram na definição de receita


e podem ou não surgir no curso das atividades ordinárias da entidade,
representando aumentos nos benefícios econômicos e, como tal, não diferem,
em natureza, das receitas. Consequentemente, não são considerados como
um elemento separado nesta Estrutura Conceitual.

76. Ganhos incluem, por exemplo, aqueles que resultam da venda de ativos
não correntes. A definição de receita também inclui ganhos não realizados;
por exemplo, os que resultam da reavaliação de títulos negociáveis e os
que resultam de aumentos no valor de ativos a longo prazo. Quando esses
ganhos são reconhecidos na demonstração do resultado, eles são usualmente
apresentados separadamente, porque sua divulgação é útil para fins de
tomada de decisões econômicas. Esses ganhos são, na maioria das vezes,
mostrados líquidos das respectivas despesas.

77. Vários tipos de ativos podem ser recebidos ou aumentados por meio da
receita; exemplos incluem caixa, contas a receber, mercadorias e serviços
recebidos em troca de mercadorias e serviços fornecidos. A receita também
pode resultar da liquidação de passivos. Por exemplo, a entidade pode
fornecer mercadorias e serviços a um credor em liquidação da obrigação de
pagar um empréstimo.
FONTE: RESOLUÇÃO CFC Nº 1.121/08. Disponível em: <www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/
RES_1121.doc.>. Acesso em: 17 nov. 2010.

ATENCAO

Os aumentos no Ativo são visualizados no caixa, se as receitas forem à vista, e/ou


em duplicatas a receber de clientes, se as receitas forem realizadas a prazo.

Já as despesas, consideradas os elementos negativos do resultado,


correspondem ao consumo de bens ou serviços que direta ou indiretamente ajudam
a produzir receitas, ou seja, é o sacrifício que a empresa arca para a obtenção de
receita.

As Normas Brasileiras de Contabilidade NBC T 1, que tratam da Estrutura


Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, trazem
mais detalhado o conceito de “despesa”, como segue:

92
TÓPICO 3 | AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO DOS RESULTADOS

78. A definição de despesas abrange perdas assim como as despesas que surgem
no curso das atividades ordinárias da entidade. As despesas que surgem
no curso das atividades ordinárias da entidade incluem, por exemplo, o
custo das vendas, salários e depreciação. Geralmente, tomam a forma de
um desembolso ou redução de ativos como caixa e equivalentes de caixa,
estoques e ativo imobilizado.

79. Perdas representam outros itens que se enquadram na definição de despesas


e podem ou não surgir no curso das atividades ordinárias da entidade,
representando decréscimos nos benefícios econômicos e, como tal, não são
de natureza diferente das demais despesas. Assim, não são consideradas
como um elemento à parte nesta Estrutura Conceitual.

80. Perdas incluem, por exemplo, as que resultam de sinistros como incêndio
e inundações, assim como as que decorrem da venda de ativos não
correntes. A definição de despesas também inclui as perdas não realizadas,
por exemplo, as que surgem dos efeitos dos aumentos na taxa de câmbio
de uma moeda estrangeira com relação aos empréstimos a pagar em tal
moeda. Quando as perdas são reconhecidas na demonstração do resultado,
elas são geralmente demonstradas separadamente, pois sua divulgação é
útil para fins de tomada de decisões econômicas. As perdas são geralmente
demonstradas líquidas das respectivas receitas.

FONTE: RESOLUÇÃO CFC Nº. 1.121/08. Disponível em: <www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/


RES_1121.doc.>. Acesso em: 17 nov. 2010.

ATENCAO

As despesas, por sua vez, provocam diminuições no Ativo, quando pagas, e/ou
aumentos no passivo quando geradas e não pagas.

Assim, o confronto entre os elementos positivos (receitas) e os elementos


negativos (despesas) produz um resultado. O resultado será positivo quando
as receitas forem superiores às despesas, e negativo quando as despesas forem
superiores às receitas. Quando o resultado for positivo, teremos lucros, e quando
o resultado for negativo, teremos prejuízos.

Para quantificar o resultado obtido pelas empresas usaremos uma


demonstração contábil chamada de Demonstração de Resultado do Exercício –
DRE, a qual possui a seguinte estrutura, ainda de forma simplista:

93
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


DRE – CIA UNI
RECEITAS
Venda de Serviços 5.600,00
(-) DESPESAS
Despesas com Salários (2.400,00)
Despesas com Aluguel (1.200,00)
Despesas com Materiais (950,00) (4.550,00)
RESULTADO – Lucro Líquido 1.050,00

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)
Disponibilidades Empréstimos e Financiamentos
Caixa (-) (+) R$? Empréstimos bancários a pagar
Clientes Fornecedores
Duplicatas a receber R$? Fornecedores nacionais
Estoques Obrigações Fiscais Sociais e Trabalhistas (+)
Mercadorias Salários a pagar 2.400,00
Passivo Não Circulante
Ativo Não circulante Empréstimos e Financiamentos (LP)
Valores a receber (LP) Empréstimos em moeda estrangeira
Títulos a receber Patrimônio Líquido (PL)
Investimentos Capital Social
Participação permanente na Cia. AB Capital subscrito
Imobilizado Lucros ou Prejuízos Acumulados
Terrenos Lucros acumulados 1.050,00
Diferido
Gastos pré-operacionais

TOTAL DO ATIVO R$? TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO R$?

Podemos notar ainda que, conforme apresentado anteriormente, as


duas demonstrações (Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultados) estão
intimamente ligadas com forte relação entre elas, pois as operações que geram
receitas e despesas provocam alterações nos resultados e no patrimônio.

94
TÓPICO 3 | AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO DOS RESULTADOS

E
IMPORTANT

As contas de receitas e despesas (contas de resultado) também são movimentadas


pela contabilidade, em razonetes, da mesma forma que as contas do ativo, passivo e
patrimônio líquido (contas patrimoniais).

Cabe observar que o movimento nas contas de resultado também obedece


a uma regra, a qual segue:

Para Contas de RECEITAS


D C

Aumentos
de valores
+

Para Contas do DESPESAS


D C

Aumentos
de valores
+

Como visto, os registros de aumentos e de diminuições das contas do


Patrimônio Líquido obedecem à seguinte regra: os aumentos são registrados por
créditos e as diminuições por débitos.

95
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Em função dessa regra geral, as receitas obtidas, por aumentarem o


Patrimônio Líquido, deverão ser creditadas em contas de receitas. As despesas
incorridas, por diminuírem o Patrimônio Líquido, deverão ser debitadas em contas
de despesas.

Uma despesa é, portanto, elemento que diminui o resultado (e


consequentemente, o Patrimônio Líquido), enquanto uma receita é elemento que
aumenta o resultado (e o Patrimônio Líquido, por decorrência).

Assim, para que haja condições de análise e informações detalhadas dentro


de uma empresa, receitas e despesas constituem apenas os grupos principais, sendo
desdobradas, em cada classe, em diversos componentes, segundo a natureza e o
tipo de cada uma delas, conforme estrutura do plano de contas visto anteriormente
nesse caderno.

Então como fica a contabilidade agora, com as contas de resultado?

Vamos exemplificar com as operações que seguem:

a) Imagine que a Cia. UNI esteja sendo criada com a finalidade de prestar serviços.
Foi então constituída, em imóvel alugado, com um capital deixado à disposição
pelos sócios, no valor de 8.000,00 em dinheiro.

b) Em seguida, adquiriu à vista, móveis e utensílios no valor de 2.000,00.

c) Posteriormente, a Cia. UNI foi contratada para prestar serviços. Cobrou pelos
serviços o valor de 3.000,00 à vista.

d) Executou mais serviços e, de acordo com o acordado, só receberá o valor de


1.500,00 daqui a 60 dias.

e) Pagou o salário dos funcionários envolvidos na execução dos serviços no valor


de 1.900,00.

f) Pagou o aluguel do imóvel, o valor referente a 1.100,00.

Diante disso, perguntamos:

A Cia. UNI é lucrativa?

Como fica seu Balanço Patrimonial?

Como fica sua Demonstração de Resultados?

Para obtermos essas respostas, precisamos contabilizar as operações acima,


como segue:

96
TÓPICO 3 | AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO DOS RESULTADOS

Moveis e Utensílios –
Caixa – AC Capital - PL
ANC
D C D C D C
a 8.000 2.000 b 8.000 a b 2.000
c 3.000 1.900 e
1.100 f

Duplicatas a Receber Despesas com Salários


Receitas de Serviços – R – AC -R
D C D C D C
3.000 c d 1.500 e 1.900
1.500 d

Despesas de Aluguéis
–R
D C
f 1.100

3 ENCERRAMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO


Efetuada toda a movimentação contábil (letras “a” a “f”) em suas respectivas
contas, notamos agora a existência de saldo não apenas nas contas patrimoniais
(ativo, passivo e patrimônio líquido), mas também nas contas de resultados
(receitas e despesas).

Para respondermos à primeira pergunta realizada anteriormente (A Cia.


UNI é lucrativa?).

Toda a empresa necessita fazer a apuração de resultados pelo menos uma


vez por ano. O lucro ou prejuízo de um exercício está na dependência do confronto
das contas de receita e de despesa, e esse resultado líquido é apurado na conta
denominada resultado.

97
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Para efeito de apurar o resultado das empresas, as contas de receita e


despesas são periódicas, isto é, somente deverão conter registros para um ano ou
período menor, conforme a duração do período contábil, o que significa que todas
as contas de receita e de despesa devem possuir saldo zero no início dos períodos.

Para que isso aconteça, no final de cada período deve-se proceder ao


encerramento das contas de resultado, por meio dos lançamentos de encerramento.

O encerramento das contas de receita é realizado pela transferência (débito)


de seus saldos credores para crédito da conta resultado. As contas de despesa são
encerradas pela transferência (crédito) de seus saldos devedores para débito da
conta resultado.

Então, voltando ao nosso exemplo, necessitamos adotar os seguintes


procedimentos, como segue:

● Apurar o saldo nas contas de receitas e despesas.

● Transferir o saldo das contas de receitas e despesas para uma conta chamada
“Resultado”. No momento da transferência, todas as contas de receitas e despesas
terão seu saldo anulado, conforme a sequência dos lançamentos abaixo:

1. Lançamento de anulação do saldo da receita de serviços e consequente


transferência para a conta de Resultado.

2. Lançamento de anulação do saldo da conta de despesas com salários e


consequente transferência para a conta de Resultado.

3. O mesmo que o lançamento anterior é feito com a conta de despesas de aluguel.

● Transferir o saldo da conta “Resultado” para uma conta do Patrimônio Líquido


chamada de “Lucros ou Prejuízos Acumulados.”

ATENCAO

Concentre atenção nas contas de receitas e despesas e veja, a seguir, como fica o
processo de apuração de resultados:

98
TÓPICO 3 | AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO DOS RESULTADOS

Moveis e utensílios –
Caixa – AC Capital - PL
ANC
D C D C D C
a 8.000 2.000 b 8.000 a b 2.000
c 3.000 1.900 e 8.000 2.000
1.100 f
11.000 5.000
6.000

Duplicatas a receber Despesas com salários


Receitas de serviços – R – AC -R
D C D C D C
3.000 c d 1.500 e 1.900
1.500 d 1.500 1.900 1.900 2
1 4.500 4.500 0,00 0,00
0,00 0,00

Despesas de aluguéis
–R Resultado – R
D C D C
f 1.100 2 1.900 4.500 1
1.100 1.100 3 3 1.100
0,00 0,00 3.000 4.500

E
IMPORTANT

Note que efetuamos a transferência dos valores das contas de receitas e despesas,
através de lançamentos contábeis (lançamentos 1, 2 e 3), para a conta de resultado. Após
isso, todas as receitas e despesas estarão com saldo zerado ou nulo. Apenas possuem saldo
as contas patrimoniais e a conta resultado, que reflete de forma resumida todas as contas
de receitas e despesas.

99
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Dando sequência, o passo seguinte é transferir o saldo da conta resultado


para uma conta do balanço patrimonial (lucros ou prejuízos acumulados).

Lucros/Prejuízos
Resultado – R
Acumulados – PL
D C
2 1.900 4.500 1 1.500 4
3 1.100 1.500
3.000 4.500
4 1.500
0,00 0,00

Após isso, poderemos elaborar o Balanço Patrimonial, em resposta à


segunda pergunta feita anteriormente. Temos o que segue:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC)
Disponibilidades
Caixa 6.000 Patrimônio Líquido (PL)
Clientes Capital Social
Duplicatas a receber 1.500 Capital 8.000
Lucros ou Prejuízos Acumulados
Ativo Não Circulante (ANC) Lucros acumulados 1.500
Imobilizado
Móveis e utensílios 2.000

TOTAL DO ATIVO 9.500 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 9.500

O Balanço é a demonstração contábil que tem por finalidade apresentar


a situação patrimonial da empresa em um determinado momento, dentro de
determinados critérios de avaliação.

100
TÓPICO 3 | AS VARIAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO E A APURAÇÃO DOS RESULTADOS

É a demonstração que encerra a sequência dos procedimentos contábeis,


apresentando de forma ordenada os três elementos componentes do patrimônio:
Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido.

Uma vez bem estruturada a natureza do Ativo (bens e direitos), do Passivo


(obrigações), do Patrimônio Líquido (diferença entre o Ativo e o Passivo) e as
rotinas e procedimentos contábeis, muito fácil se torna entender o que é o Balanço.

Nas empresas, mesmo nas pequenas, podem ocorrer diariamente inúmeras


operações e seus registros contábeis contêm grande número de particularidades.

Daí a necessidade de resumir e apresentar os dados de forma adequada,


que permita às pessoas interessadas conhecer a situação patrimonial da empresa e
as variações ocorridas durante certo período.

A grande importância do Balanço Patrimonial concentra-se na visão que


ele dá das aplicações de recursos feitas pela empresa (Ativos) e quantos desses
recursos são devidos a terceiros (Passivos). Evidentemente, isso nos dá o nível
de endividamento, a liquidez da empresa, a proporção do capital próprio em
detrimento ao de terceiros, e outras análises de ordem econômico-financeira que
serão estudadas ao longo do curso de Ciências Contábeis.

Da mesma forma, podemos elaborar a Demonstração do Resultado do


Exercício, em resposta à terceira pergunta, onde, de forma analítica, podemos
conferir o desempenho econômico da empresa, verificando, pelo seu resultado, se
é lucrativa ou não.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


DRE – CIA. UNI
RECEITAS
Receita de Serviços 4.500,00
(-) DESPESAS
Despesas com Salários (1.900,00)
Despesas com Aluguel (1.100,00) (3.000,00)
RESULTADO – Lucro Líquido 1.500,00

Toda empresa precisa apurar o resultado pelo menos uma vez por ano. O
lucro ou prejuízo de um período está na dependência da confrontação das contas
de resultado (receitas e despesas), e esse resultado líquido é apurado, como vimos,
na conta resultado.

101
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Para efeito de apuração de resultado das empresas, as contas de receitas


e despesas são periódicas, isto é, somente deverão ter registros para um ano ou
período menor, conforme e duração do período contábil, o que significa que todas
as contas de receita e despesas devem possuir saldo zero no início do período.

Assim, a Demonstração do Resultado do Exercício, elaborada


simultaneamente com o Balanço Patrimonial, constitui-se no relatório sucinto
das operações realizadas pela empresa durante determinado período de tempo.
Nele se sobressaem os valores mais importantes às pessoas nela interessadas, o
Resultado líquido do período, Lucro ou Prejuízo.

Ao mostrar como se formou o lucro ou o prejuízo, esclarece muitas das


variações do patrimônio líquido no período.

A contabilidade, com os dois relatórios, o Balanço Patrimonial e a


Demonstração do Resultado do Exercício, um completando o outro, atinge a
finalidade de mostrar a situação patrimonial e econômico-financeira da empresa.

Com os dois relatórios, qualquer pessoa interessada nos negócios da


empresa tem condições de obter informações, fazer análises, estimar variações,
tirar conclusões de ordem patrimonial e econômico-financeira, traçar novos rumos
para futuras transações etc.

E
IMPORTANT

No final de cada período deve-se proceder ao encerramento das contas de


resultado, por meio de lançamentos de encerramento (zeramento). O encerramento das
contas de receita é realizado pela transferência a débito de seus saldos para crédito da conta
resultado. As contas de despesas são encerradas pela transferência a crédito de seus saldos
para débito da conta resultado.

Com isso, se o total dos créditos da conta resultado for superior ao total
dos débitos, teremos um lucro líquido. Se ocorrer o contrário, ou seja, os débitos
forem maiores que os créditos, teremos um prejuízo líquido. Ocorrendo lucro
ou prejuízo, o saldo da conta resultado será transferido para a conta lucros ou
prejuízos acumulados no patrimônio líquido.

A conta resultado serve de intermediária na apuração do lucro ou prejuízo


de um período. Assim, não basta apenas a conta resultado, onde aparecem as
contrapartidas das contas de despesas e de receitas encerradas no fim do período.
É necessário também a Demonstração de Resultado do Exercício, onde aparecerão,
detalhadamente, as contas de receitas e despesas de forma ordenada, com o
respectivo resultado, lucro ou prejuízo líquido.

102
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico estudamos e aprendemos que:

● Na contabilidade, além das contas patrimoniais, fazem parte também as contas


que provocam variações no patrimônio. São as contas de resultado (contas de
Receitas e Despesas).

● As contas de resultado são as que fazem parte de uma demonstração contábil


chamada de Demonstração do Resultado do Exercício, que mostra se a empresa
obteve lucro ou prejuízo em um determinado período de atividades.

103
AUTOATIVIDADE

A seguir estão mencionadas as transações da Cia. Blumenau, organizada em


1º de março de 2010, especializada em serviços gerais de encanamentos e
instalações elétricas.

Item Data Movimentações Contábeis


1 01 Integralização de capital em dinheiro de capital social no valor de 70.000.
2 04 Aquisição de uma sala comercial para a sede da empresa – 50.000 à vista.
3 05 Recebimento de 2.200 por realização e execução de trabalhos.
4 10 Pagamento de 800, de aluguel, de um caminhão durante dois dias.
5 18 Compra de diversos móveis e utensílios, da Cia. A, a prazo, por 2.000.
6 23 Pagamento de 200, de despesas com propaganda.
7 26 Recebimento de 3.520, por serviços prestados.
8 30 Pagamento de 2.000, de ordenados e salários.
9 30 Pagamento de 1.900, pelo consumo de energia.

Resolva obedecendo à sequência abaixo:

1 Lançar todas as operações nos razonetes, numerando-as conforme a


numeração da coluna “item” da tabela.

2 Apurar os saldos das contas de resultados (receitas e despesas) e transferi-


los para a Conta de Resultado.

3 Após a apuração do saldo da conta Resultado, transferi-lo para a conta do


Balanço Patrimonial – Lucros ou Prejuízos Acumulados.

4 Elaborar o Balanço Patrimonial com o saldo das contas patrimoniais.

5 Elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE.

104
Caixa – AC Capital - PL Imóveis - ANC
D C D C D C

Despesas com aluguel Móveis e utensílios -


Receitas de serviços - R -R ANC
D C D C D C

Despesas c/ Despesas com salários


Duplicatas a pagar - PC propaganda - R -R
D C D C D C

Despesas c/ energia Lucros ou prejuízos


Resultado – R
elétrica – R Acumulados – PL
D C D C D C

105
BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. Blumenau – 31/03/2010
ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)
Disponibilidades Duplicatas a pagar .................
Caixa .............

Ativo Não circulante Patrimônio Líquido (PL)


Imobilizado Capital Social
Móveis e utensílios .............. Capital ...............
Imóveis .............. Lucros ou Prejuízos
Acumulados
Lucros Acumulados ................

TOTAL DO ATIVO .............. TOTAL DO PASSIVO E P. ...............


LÍQUIDO

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


DRE – CIA. UNI
01/03/2010 a 31/03/2010
RECEITAS
Receita de Serviços ...............
(-) DESPESAS
Despesas com Salários (................)
Despesas com Aluguel (................)
Despesas............................... (................)
Despesas.............................. (................) (..............)
RESULTADO –............................ .................

106
UNIDADE 2
TÓPICO 4

ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

1 INTRODUÇÃO
O Patrimônio das empresas está em constante movimento, em função
dos acontecimentos que ocorrem diariamente. Esses acontecimentos podem ser
divididos em dois grupos, os quais passaremos a estudá-los a partir desse tópico.
São eles:

● Atos administrativos.

● Fatos administrativos.

2 ATOS ADMINISTRATIVOS
Os Atos administrativos são os acontecimentos que ocorrem na empresa e
que não provocam alterações no Patrimônio.

Por exemplo, admissão de empregados, assinaturas de contratos de


compras, de vendas e de seguros diversos, aval de títulos, fiança em favor de
terceiros etc.

Entretanto, alguns atos administrativos poderão provocar alterações


futuras no Patrimônio da empresa. Por esse motivo, devem ser registrados através
das Contas que registram tais atos e que não provocam mudanças na situação atual
do balanço patrimonial. Essas contas são chamadas de contas de Compensação.

107
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

3 FATOS ADMINISTRATIVOS
Os Fatos administrativos são os acontecimentos que provocam variações
nos valores patrimoniais, podendo ou não alterar o Patrimônio Líquido.

Por modificarem o Patrimônio, devem ser contabilizados através das


Contas Patrimoniais e das Contas de Resultado.

Os fatos administrativos podem ser classificados em três grupos:

● Fatos permutativos.

● Fatos modificativos.

● Fatos mistos.

Vamos acompanhar o exemplo que segue:

Para explicar cada tipo de fato administrativo, partiremos da situação


patrimonial a seguir representada (Balanço Patrimonial da empresa CIA. UNI),
que será modificada com a ocorrência de cada um dos fatos administrativos
apresentados.

Assim, a situação patrimonial inicial é a seguinte:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)
Disponibilidades Salários a pagar 300
Caixa 1.000
Duplicatas a receber 500
Patrimônio Líquido (PL)
Ativo Não Circulante (ANC) Capital Social
Imobilizado Capital 3.200
Imóveis 2.800 Lucros ou Prejuízos Acumulados
Lucros acumulados 800

TOTAL DO ATIVO 4.300 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.300

108
TÓPICO 4 | ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

3.1 FATOS PERMUTATIVOS


Os Fatos permutativos são aqueles que permutam os elementos
componentes do Ativo e/ou do Passivo, sem modificar o valor do Patrimônio
Líquido. Pode ocorrer troca entre os elementos do Ativo, entre os elementos do
Passivo e entre ambos ao mesmo tempo.

Partindo do Balanço apresentado, suponhamos que na empresa Cia. UNI


tenha ocorrido o seguinte:

Recebimento da importância de R$ 500, em dinheiro, referente a uma


Duplicata.

Esse fato aumentará o Caixa em R$ 500, pela entrada do dinheiro, e


diminuirá a conta Duplicata a Receber em R$ 500, pelo recebimento da Duplicata,
provocando, ao mesmo tempo, aumento e diminuição entre os elementos do Ativo.
O Balanço Patrimonial, após este acontecimento, ficará assim:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)
Disponibilidades Salários a pagar 300
Caixa 1.500

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)


Imobilizado Capital Social
Imóveis 2.800 Capital 3.200
Lucros ou Prejuízos Acumulados
Lucros acumulados 800

TOTAL DO ATIVO 4.300 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.300

Note que a importância de R$ 500, que estava em duplicatas a receber,


passou para a conta Caixa. Houve permutação entre elementos do Ativo, mas o
valor do Patrimônio Líquido não se alterou.

O Patrimônio Líquido, no Balanço, é composto pela contas Capital e Lucros


Acumulados, que, juntas, somam R$ 4.000. Note ainda que, tanto antes como
depois do fato, esse valor permanece o mesmo. Portanto, não houve alteração no
Patrimônio Líquido.

109
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Dando sequência ao nosso estudo, vamos supor a compra de móveis e


utensílios a prazo, por exemplo, no valor de R$ 700,00 o qual aumentará o Ativo e
aumentará o Passivo.

Com este evento, veja como fica o Balanço Patrimonial:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)
Disponibilidades Salários a pagar 300
Caixa 1.500 Duplicatas a pagar 700

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)


Imobilizado Capital Social
Imóveis 2.800 Capital 3.200
Móveis e utensílios 700 Lucros ou Prejuízos Acumulados
Lucros acumulados 800

TOTAL DO ATIVO 5.000 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 5.000

Note que o Ativo aumentou para R$ 5.000, com a inclusão da conta móveis
e utensílios, tendo em vista a compra efetuada; e o Passivo também aumentou
para R$ 5.000, com a inclusão da conta duplicatas a pagar, devido à Obrigação
contraída.

Suponhamos, agora, que a empresa Cia. UNI tenha efetuado o pagamento,


em dinheiro, de uma Duplicata no valor de R$ 500.

Este evento diminuirá o Ativo, pela saída do dinheiro da conta caixa, e


diminuirá também o Passivo, pela liquidação da obrigação, no mesmo valor.

Veja a Situação Patrimonial após este evento:

110
TÓPICO 4 | ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)
Disponibilidades Salários a pagar 300
Caixa 1.000 Duplicatas a pagar 200

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)


Imobilizado Capital Social
Imóveis 2.800 Capital 3.200
Móveis e utensílios 700 Lucros ou Prejuízos Acumulados
Lucros acumulados 800

TOTAL DO ATIVO 4.500 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.500

Note que, tanto no caso de aumento como no caso de diminuição, houve


permutação entre elementos do Ativo e do Passivo ao mesmo tempo, sem
interferência no Patrimônio Líquido, o qual permaneceu o mesmo.

3.2 FATOS MODIFICATIVOS


Os Fatos modificativos são aqueles que acarretam alterações, para mais
ou para menos, no Patrimônio Líquido, ou seja, modificam a situação líquida do
balanço patrimonial.

Como você pôde observar, os fatos permutativos envolvem apenas as


Contas Patrimoniais, sem provocar alteração alguma no Patrimônio Líquido.
Porém, os fatos modificativos envolvem Contas de Resultado (Receitas e Despesas)
e, consequentemente, alteram o Patrimônio Líquido.

Podem ocorrer duas situações:

a) Diminuições

Partindo do Balanço anterior, suponhamos a ocorrência do seguinte fato:

A empresa Cia. UNI pagou a importância de R$ 100, em dinheiro, referente


a Despesas de energia elétrica.

111
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Tal fato diminuirá o Caixa em R$ 100, pela saída do dinheiro, e, por ser
uma despesa, diminuirá também o Patrimônio Líquido no mesmo valor.

Após esse fato, a Situação Patrimonial da empresa fica assim:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)
Disponibilidades Salários a pagar 300
Caixa 900 Duplicatas a pagar 200

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)


Imobilizado Capital Social
Imóveis 2.800 Capital 3.200
Móveis e utensílios 700 Lucros ou Prejuízos Acumulados
Lucros acumulados 700

TOTAL DO ATIVO 4.400 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.400

Note que o pagamento da despesa diminuiu o Patrimônio, pois o Caixa,


que tinha R$ 1.000, ficou com R$ 900. E a despesa com o consumo de energia
elétrica diminuiu o lucro: a conta Lucros Acumulados, que tinha R$ 800, ficou com
apenas R$ 700.

b) Aumento

Suponhamos, agora, que tenha ocorrido o seguinte fato com a Cia. UNI:

Recebe a importância de R$ 200, em dinheiro, proveniente de Receitas de


Aluguéis de Imóveis.

Esse fato aumenta o Ativo, pela entrada do dinheiro na conta Caixa, e


aumenta o Patrimônio Líquido, pela Receita auferida.

Veja a Situação Patrimonial modificada por este evento:

112
TÓPICO 4 | ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)
Disponibilidades Salários a pagar 300
Caixa 1.100 Duplicatas a pagar 200

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)


Imobilizado Capital Social
Imóveis 2.800 Capital 3.200
Móveis e utensílios 700 Lucros ou Prejuízos Acumulados
Lucros acumulados 900

TOTAL DO ATIVO 4.600 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.600

3.3 FATOS MISTOS


Os Fatos Mistos envolvem, ao mesmo tempo, um fato permutativo e um
fato modificativo. Podem, portanto, acarretar alterações no Ativo e no Patrimônio
Líquido, ou no Passivo e no Patrimônio Líquido, ou no Ativo, no Passivo e no
Patrimônio Líquido ao mesmo tempo.

Os fatos mistos podem acarretar aumento ou diminuição no Patrimônio:

Primeiramente, veremos um exemplo de aumento, partindo da Situação


Patrimonial anterior.

Suponhamos a ocorrência do seguinte fato:

Os móveis e utensílios, que custaram R$ 700, foram vendidos, à vista, por


R$ 750. Tal evento diminuirá o ativo em R$ 700, pela saída de móveis e utensílios;
aumentará novamente o Ativo, pela entrada de R$ 750, em dinheiro, no Caixa; e
aumentará o Patrimônio Líquido, pelo lucro auferido de R$ 50.

O Balanço Patrimonial ficará assim:

113
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)
Disponibilidades Salários a pagar 300
Caixa 1.850 Duplicatas a pagar 200

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)


Imobilizado Capital Social
Imóveis 2.800 Capital 3.200
Lucros ou Prejuízos Acumulados
Lucros acumulados 950

TOTAL DO ATIVO 4.650 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.650

Veja que o Ativo sofreu permutação (diminuiu pela saída de móveis e


utensílios e aumentou pela entrada do dinheiro na caixa) e foi aumentado em R$
50. O aumento verificado no Ativo, devido ao lucro obtido na venda, acresceu o
Patrimônio Líquido em R$ 50, ou seja, o mesmo valor do lucro. Então tivemos, ao
mesmo tempo, um fato permutativo (permuta entre as contas móveis e utensílios
e caixa) e um fato modificativo (recebimento de receitas pelo lucro obtido na
transação).

Suponhamos, agora, a ocorrência de um fato diminutivo. A empresa Cia.


UNI efetuou o pagamento de uma duplicata no valor de R$ 200, em dinheiro,
tendo pago, também, R$ 20 de juros pelo atraso. Pagou, portanto, R$ 220.

Esse fato acarretará diminuição no Ativo, pela saída de R$ 220 do Caixa;


diminuição no Passivo, pela extinção da obrigação de duplicatas a pagar, no valor
de R$ 200; e diminuição do Patrimônio Líquido, pela redução dos lucros em R$ 20,
devido à despesa ocorrida.

A situação do Patrimônio passou a ser a seguinte:

114
TÓPICO 4 | ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)
Disponibilidades Salários a pagar 300
Caixa 1.630 Duplicatas a pagar 200

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)


Imobilizado Capital Social
Imóveis 2.800 Capital 3.200
Lucros ou Prejuízos Acumulados
Lucros acumulados 930

TOTAL DO ATIVO 4.430 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 4.430

Também neste caso, tivemos, ao mesmo tempo, um fato permutativo


(permuta entre as contas duplicatas a pagar e caixa) e um fato modificativo (o
pagamento da despesa pelos juros ocorridos na operação).

LEITURA COMPLEMENTAR

LUCROS E PERDAS CONTESTÁVEIS E NORMAS CONTÁBEIS

Prof. Dr. Antônio Lopes de Sá

A pressa em implantar em nosso País as normas que se denominaram


como “internacionais” começa a despertar interrogações e a gerar polêmicas que
possivelmente até poderão, como se noticia, ser motivo de processos judiciais.

A votação nas últimas horas de 2007 da Lei 11.638, somada às dúvidas


levantadas em relação à MP-449, ensejou fatos deveras dignos de reflexão; foram
produzidos alguns balanços evidenciando lucros fantásticos, outras perdas
absurdas e ainda outros resultados ocultos; interrogações sobre números fizeram
com que até a Petrobrás se envolvesse em contraditório com a Receita Federal,
segundo tem noticiado a imprensa.

Na mídia a empresa referida se diz certa, enquanto a Receita confirma


que a Petrobras está errada; alguns entrevistados se dividem em definições sem
argumentos mais detalhados; noticiou-se até que o Ministro da Fazenda teria
advertido a Receita Federal e, também, que uma Comissão Parlamentar de inquérito

115
UNIDADE 2 | A ESTRUTURA DO BALANÇO E AS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

se instalaria; chegou-se a veicular que o governo havia permitido o esvaziamento


do lucro das variações cambiais; não se disse (pelo menos nos textos que li) quais
as justificativas legais e as pessoas que deveras permitiram o ajuste contábil que
promoveu a bilionária redução de pagamento de tributos; para mim, como no
governo existem poderes definidos, o de legislar é privativo do parlamento e só
a este cabe alterar leis que regulam critérios em matéria societária e tributária; o
que é inequívoco é um clima de generalizada incompreensão e o quanto causou
impacto a adoção de critérios contábeis que podem modificar bilhões no jogo dos
lucros e das perdas.

Escrevi em artigo que está em minha página  www.lopesdesa.com.br, já


há algum tempo, que conflito haveria entre a implantação de normas contábeis 
denominadas como internacionais e a Receita Federal.

O que afirmei não foi profecia, mas, sim a decorrência de uma observação
sobre a realidade derivada do confronto entre as falhas técnicas e científicas que
reconheço existirem nas referidas normas em implantação e os rigores da lei.

Isso porque os aludidos procedimentos derivados da Lei 11.638/07


contrariam outras leis; a imposição de que os mesmos se apliquem a todas as
sociedades é algo que irá comprometer a muitos profissionais da Contabilidade
que cometerem o engano de seguirem de forma absoluta o normatizado; normas
não são leis, nem sempre se inspiram nelas (e isso está expressamente declarado
nas bases conceituais das referidas normas), nem no cientifico; sobre isso fiz
advertências várias que se encontram em muitas páginas na Internet.

Os problemas prosseguem evidenciando que algo precisa de


aprofundamento de consideração.

Portugal, por exemplo, não está aceitando integralmente as referidas


normas (conforme declarações governamentais editadas na Revista da Ordem dos
Contadores de lá, deste mês de Maio, páginas 36 e seguintes), nem a Espanha (que
já editou norma própria sobre Intangíveis), como entendo que no Brasil precisam
merecer expressivas alterações.

A atitude da CVM – Comissão de Valores Mobiliários dispensando a


“comparação de balanços”, passando por cima do espírito da letra da própria lei
6404/76 que obriga tal confronto (Art. 176 § 1º) é algo que denota preocupações.

Comparar, nessa situação de alterações de resultados (lucros e perdas),


em verdade evidenciaria expressivas distorções; fico apenas a indagar-me sobre o
porquê do esconder tal variação; acredito que as decorrências de tal fato no campo
prático ainda são imprevisíveis, mas, possível é que até possam alimentar teses no
campo judicial.

116
O rumo que vai tomando a questão tem preocupado não só a contadores,
mas, inclusive, a terceiros; não têm sido poucos os empresários, professores,
universitários, que procuram conhecer a minha opinião (e os aconselho a seguirem
a lei).

O advogado Dr. Alessandro Spiller em artigo sob o titulo “Intromissão da


Lei das S.A nas empresas limitadas”, recém editado na Internet destacou: “Por que
a pressa no Brasil na adoção de tais normas, e por que extrapolar a idéia inicial, que
inclui somente as sociedades anônimas e as empresas de grande porte? Este é um
ponto para alta reflexão, pois estamos em um caminho sem volta, em um momento
econômico delicado, onde modismos não poderiam impulsionar decisões tão
sérias.”

A polêmica está instalada, quer nas páginas dos jornais, quer no mundo
acadêmico, ganhando amplitude, mesmo com alardes contraditórios no sentido de
apresentarem as normas como algo miraculoso e altamente avançado (coisas que
elas não demonstraram ser, por que, se fossem, teriam impedido a ocorrência da
atual macro crise, de cunho mundial).

Volto a afirmar que a prevalecerem as referidas normas, sem que a nação se


acautele perante tais fatos (tal como outras têm feito), o Brasil não mais importará
crises – tenderá a fabricar as próprias, que até poderão ter semelhança ao ocorrido
com a dos ativos podres (créditos imobiliários principalmente e pirâmides
financeiras).

Nos Estados Unidos a verdade foi deformada através de vários fatores


como: 1) - distribuir créditos sem lastros para construções de casa própria; 2) -
ensejar emissão de títulos relativos a um futuro incerto; 3) - avaliar ativos a preço
de mercado; 4) - garantir por normas contábeis a imprudência da avaliação (Valor
denominado “Justo”); 5) - permitir ajustes em bases subjetivas; tudo isso deformou
balanços e garantiu a especulação que criou a crise atual; tais coisas, da mesma
forma, tenderão a ocorrer em todos os lugares onde a falsidade ou “subjetividade”
nos balanços se manifestar apoiada em normas flexíveis, infralegais, mas,
garantidas ou permitidas pelos governos.

Mercados se manipulam pela mídia, como a ENRON e outras empresas


o fizeram, tendo por efeito o amparo para maquilagem dos balanços, inspirada e
garantida por normas de força compulsória.

Desejar impor tais procedimentos a todos, inclusive às empresas que são


regidas pelo Código Civil, portanto, é uma lacuna histórica de alta dimensão, como
também o é o confundir Contabilidade com escrituração e demonstração.

Contabilidade é ciência e oferece explicação sobre os fenômenos


patrimoniais com base na realidade objetiva.

117
Escriturações contábeis apenas informam e quando seguem normas como
as denominadas “internacionais” podem oferecer (como têm oferecido), ensejo
para adulteração de valores, em razão de “flexibilidades”; a falta de base em
doutrina científica e a desobediência à lei tendem a ensejar a mentira nos balanços.

Confundir Contabilidade com normas, por analogia, é comparar


profissionalmente um engenheiro a um pedreiro; é aceitar como equivalente o
estudar a força como grandeza vetorial em face da Estática, na Física e a prática de
distribuir vergalhões para formatar lajes em prédios.

E pior que isso é ainda o admitir que o não científico possa ter por meta
revelar a realidade objetiva; as normas abraçam o subjetivo, logo o empírico, ou seja,
o que está na contramão da ciência, segundo dentre muitos denunciaram ilustres
intelectuais e professores universitários; compulsar os escritos do Dr. Rogério
Fernandes Ferreira (expressão máxima da  Contabilidade em Portugal), Valério
Nepomuceno (autor de uma das melhores obras de Teoria da Contabilidade),
Domingos Cravo (da Universidade de Aveiro), Abraham Briloff (da Universidade
de New York), já é o suficiente para ter a visão de como é vulnerável o método
normativo; sobre o risco das normatizações, insurgiram, também, em suas obras
cientistas famosos como Einstein e filósofos notáveis da modernidade como
Lyotard.

O perigo para a sociedade humana está exatamente na deturpação contábil


sobre a verdade, esta que por natureza a ciência defende; mais que todos esses
argumentos referidos, todavia, falam as fraudes por várias vezes repetidas na
prática, os calotes, essa vergonhosa macrocrise da atualidade que vitima nações e
perturba o bem-estar social.

FONTE: Disponível em: <http://www2.masterdirect.com.br/448892/index.


asp?opcao=7&cliente=448892&avulsa=6358>. Acesso em: 20 out. 2010.

118
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico estudamos:

Atos e Fatos Administrativos. Enquanto os Atos Administrativos não


provocam alterações momentâneas no Patrimônio, os Fatos Administrativos
provocam alterações no patrimônio das entidades.

Assim, os Fatos Administrativos, para serem entendidos, são aqueles:

Fatos permutativos: que envolvem apenas Contas Patrimoniais.

Fatos modificativos: que envolvem apenas uma Conta Patrimonial (que representa
Bem, Direito ou Obrigações) e uma ou mais Contas de Resultado ou do Patrimônio
Líquido.

Fatos mistos: que envolvem mais de uma Conta Patrimonial e uma ou mais Contas
de Resultado ou do Patrimônio Líquido.

119
AUTOATIVIDADE

1 Dados os seguintes Atos e fatos, contabilize nos razonetes, apure o resultado


e elabore as Demonstrações Contábeis (BP e DRE).

Item Movimentações Contábeis


1 Integralização de capital no valor de 70.000, sendo 50.000 em dinheiro e 20.000 em
Estoques de mercadorias.
2 Aquisição de uma sala comercial para a sede da empresa – 50.000 à vista.
3 Recebimento de 6.200 por realização e execução de trabalhos.
4 Assinatura de contrato de aluguel de veículos.
5 Pagamento de 800, de aluguel, de um veículo.
6 Compra de diversos móveis e utensílios, por 2.000, da Cia. A, sendo 50% a prazo e
50% à vista.
7 Pagamento de 200, de despesas com propaganda
8 Prestamos serviços pelo valor de 3.000. Os valores serão recebidos futuramente.
9 Pagamento de 2.500, de ordenados e salários
10 Recebimento dos valores (item 8) com 10% de desconto concedido.
11 Pagamento da dívida assumida (item 6) com 10% de desconto.

D C D C D C

D C D C D C

D C D C D C

120
D C D C D C

D C D C D C

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. UNI – 31/03/2010


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)
Disponibilidades Duplicatas a pagar ............
............. ............
............. ............
Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)
Imobilizado Capital Social
............ Capital ............
............ Lucros ou Prejuízos Acumulados
............ Lucros acumulados ............
............

TOTAL DO ATIVO ............ TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO ............

Assista ao vídeo de
resolução da questão 1

121
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
DRE – CIA. UNI
01/03/2010 a 31/03/2010
RECEITAS
Receita de Serviços ...............
(-) DESPESAS
Despesas com (................)
Despesas com (................)
Despesas ............................... (................)
Despesas .............................. (................) (..............)
RESULTADO – ............................ .................

2 Identifique em cada operação, do exercício anterior, se são Atos (A) ou Fatos


(F) Administrativos; se são: Permutativos (P), Modificativos (M) ou Mistos
(Mi); e ainda se são: Aumentativos (Au) ou Diminutivos (Di).

Item Atos / Fatos Permutativos / Mistos Aumentativos


Modificativos Diminutivos
1
2
3 F M -
4
5
6
7
8
9
10
11

122
UNIDADE 3

ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E
OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA
DE MERCADORIAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir desta unidade você estará apto(a) a:

• entender o processo de avaliação dos estoques das empresas;

• conhecer e calcular os custos resultantes da comercialização dos estoques;

• compreender as interferências dos custos das vendas no proces­so de for-


mação do resultado das empresas;

• entender o processo de escrituração contábil e as fórmulas de lançamentos


contábeis no Livro Diário.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade de estudo está dividida em dois tópicos e neles você encontrará
os conceitos relacionados ao controle de estoques das empresas e como são
utilizados os diversos métodos para esse controle.

TÓPICO 1 – ESCRITURAÇÃO

TÓPICO 2 – INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

Assista ao vídeo
desta unidade.

123
124
UNIDADE 3
TÓPICO 1

ESCRITURAÇÃO

1 INTRODUÇÃO

O controle contábil das empresas começa com a escrituração dos eventos


no livro Diário, completando-se, depois, nos demais livros de escrituração.

Assim, escrituração é uma técnica que consiste em registrar nos livros


próprios (Diário, Razão, Caixa etc.) todos os fatos administrativos que ocorrem na
empresa.

É através dos fatos administrativos que ocorre a gestão do Patrimônio


das empresas, e esses fatos são registrados por meio da escrituração. Mas, como
escriturar esses acontecimentos?

Vamos, inicialmente, estudar onde escriturar esses acontecimentos, para


depois aprender como efetuar tais registros.

2 LIVROS UTILIZADOS NA ESCRITURAÇÃO


Dos vários livros usados pelas empresas, vamos mencionar apenas os
utilizados pela contabilização dos atos e fatos administrativos. Os principais livros
utilizados pela Contabilidade a serem estudados nessa disciplina são:

a) Livro Diário

b) Livro Razão

125
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

2.1 LIVRO DIÁRIO

E
IMPORTANT

O Diário é um livro obrigatório pela legislação comercial. Por ser obrigatório, o


Diário está sujeito às formalidades legais extrínsecas e intrínsecas.

As Formalidades extrínsecas (ou externas) dizem que o livro Diário


deve ser encadernado com folhas numeradas em sequência, tipograficamente.
Deve conter, ainda, os termos de abertura e de encerramento e ser submetido à
autenticação do órgão competente do Registro do Comércio.

As Formalidades intrínsecas (ou internas) dizem que a escrituração


do Diário deve ser completa, em idioma e moedas nacionais, em forma
mercantil, com individuação e clareza, por ordem cronológica de dia, mês e
ano, sem intervalos em branco nem entrelinhas, borraduras, rasuras, emendas
e transportes para as margens.

Essas formalidades devem ser observadas para que o livro Diário mereça fé
a favor do comerciante, pois, como a vida da empresa é registrada no livro Diário,
toda e qualquer demonstração de situação empresarial, apresentada em qualquer
momento, tem sua comprovação nesse livro, desde que o mesmo não contenha
vícios (erros de escrituração) contrários às formalidades legais descritas.

O livro Diário tradicional pode ser substituído por fichas (contínuas, em


forma de sanfona, soltas ou avulsas). Porém, a adoção desse sistema não exclui a
empresa de obediência aos requisitos intrínsecos, previstos na lei fiscal e comercial
para o livro Diário. As empresas que utilizam fichas são obrigadas a adotar o livro
próprio para a inscrição das demonstrações financeiras.

Os Termos de Abertura e de Encerramento devem ser transcritos na


primeira e na última página do livro Diário, respectivamente. Esses termos são
colocados na época da abertura dos livros, conforme o seguinte modelo:

126
TÓPICO 1 | ESCRITURAÇÃO

TERMO DE ABERTURA (OU ENCERRAMENTO)

Contém o presente livro ______________________________ (_____________________) páginas, numeradas,


seguidas e tipograficamente, de 1 (um) a ______ ( ___________________________) e servirá de DIÁRIO n.º
_______ à empresa _________________________estabelecida com o ramo_________________________,na
____________________registrada na Junta Comercial do Estado de _______________, sob o número
______________, por despacho de ____________________, e inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica do Ministério da Fazenda sob o n.º _______________________.

________________________, ________ de ______________ de x1

_____________________________________________________
Ass.: Proprietário

2.2 LIVRO RAZÃO


O Razão é um livro de grande utilidade para a contabilidade, porque
registra o movimento de todas as contas. A escrituração do livro Razão passou a
ser obrigatória a partir de 1991 (artigo 14 da Lei nº 8.218, de 29/8/91).

Vale lembrar que a pessoa jurídica tributada com base no lucro real deverá
manter, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livro Razão
ou fichas, utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos
efetuados no livro Diário, mantidas as demais exigências e condições previstas na
legislação, observando-se que:

a) a escrituração deverá ser individualizada, obedecendo à ordem cronológica das


operações;

b) a não manutenção do livro Razão, nas condições determinadas, implicará o


arbitramento do lucro da pessoa jurídica;

c) estão dispensados de registro ou autenticação o livro Razão ou fichas que o substituam.

E
IMPORTANT

De acordo com o inciso II do art. 6º da Instrução Normativa RFB (Receita Federal


do Brasil) n. 787/2007, a apresentação dos livros digitais, em relação aos períodos posteriores
a 31.12.2007, supre a obrigatoriedade de escriturar o livro Razão ou fichas utilizados para
resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário.

127
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

3 MÉTODO DE ESCRITURAÇÃO
O método utilizado para a escrituração dos fatos administrativos é o
método das partidas dobradas.

Esse método, que é de uso universal e foi divulgado pelo frade franciscano
Lucas Pacioli, no século XV, consiste no seguinte:

E
IMPORTANT

Não há devedor sem que haja credor e não há credor sem que haja devedor, sendo
que a cada débito corresponde um crédito de igual valor.

4 LANÇAMENTOS CONTÁBEIS
Os fatos administrativos são registrados através do lançamento, inicialmente
no livro Diário, mediante documentos que comprovem a legitimidade da operação
(Notas Fiscais, Recibos, Contratos etc.).

O lançamento, de acordo com o método das partidas dobradas, é feito


em ordem cronológica (data), e os elementos que o compõem obedecem a uma
determinada disposição.

Vejamos, agora, como é que se faz um lançamento no livro Diário.

Suponhamos o seguinte fato ocorrido na empresa:

Compra à vista (em dinheiro) de um veículo Fiorino, marca Fiat, conforme


Nota Fiscal nº. 486, da Concessionária Gaúcha, de R$ 22.000.

Observe que todo lançamento deve ter obrigatoriamente os seguintes


elementos essenciais para ser escriturado:

a) local e data da ocorrência do fato contábil;

b) conta a ser debitada;

c) conta ser creditada;

d) histórico;

e) valor.

128
TÓPICO 1 | ESCRITURAÇÃO

Para elaborar um lançamento você deve seguir os seguintes passos:

a) Verificar o local e a data da ocorrência do fato.


No caso do nosso exemplo, considere a sua cidade e a data de hoje.

b) Verificar que documento foi emitido na operação.


Se não houver documento idôneo que comprove a ocorrência do fato, este
não poderá ser contabilizado.

No nosso exemplo, o documento emitido foi a Nota Fiscal n. 486.

c) Todo fato administrativo, objeto de escrituração, envolve, no mínimo, dois


elementos patrimoniais ou de resultado. Então, este passo consiste em identificar
quais são esses elementos envolvidos na operação.

Relendo o exemplo, notamos o seguinte: compra à vista de um veículo.

1º elemento: compra à vista; significa que movimentamos dinheiro. Logo, o 1º


elemento é dinheiro (caixa).

2º elemento: um Fiorino. Logo, o 2º elemento é veículo.

d) Verificar, no Plano de Contas, que conta deveremos utilizar para registrar cada
um dos elementos identificados na letra c.

Temos:
Dinheiro será registrado na conta Caixa.
Fiorino será registrada na conta Veículos.

e) Preparar o histórico do problema.


O histórico consiste em relatar o fato. Este relato deve conter apenas
dados necessários para o bom esclarecimento do evento. Nunca se deve esquecer
de identificar a espécie e o número do documento comprobatório, a coisa
transacionada, bem como o nome da empresa com quem se transaciona.

Logo:
Compra de um veículo Fiorino, marca Fiat, conforme Nota Fiscal n. 486, da
Concessionária Gaúcha Ltda.

f) Identificar que conta será debitada e que conta será creditada.


O que é a conta a ser debitada e a conta ser creditada?
Observe que todo fato que ocorre na empresa ocorre em forma de troca.

Vamos tomar, por exemplo, a compra à vista do veículo em questão. A


empresa recebe o veículo e dá em troca o dinheiro.

129
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Podemos concluir, nesta fase de aprendizagem, que em todo evento


ocorrido na empresa envolvendo elementos materiais existe pelo menos um
elemento que entra para a empresa, podendo acarretar aumento nos elementos
patrimoniais. E, existe, também, pelo menos um elemento que sai em troca do que
entrou, podendo acarretar diminuição entre os elementos patrimoniais.

Sendo assim, todo fato administrativo objeto de contabilização pode


aumentar e/ou diminuir os elementos do Ativo, do Passivo e do Patrimônio
Líquido, conforme estudamos anteriormente.

Para identificar mais facilmente a conta a ser debitada e a conta a ser creditada,
aplique a regra de movimentação das contas estudadas na Unidade 2, Tópico 2
(Razonetes e Partidas Dobradas).

Seguindo com o raciocínio do nosso exemplo de lançamento, vamos,


agora, identificar a conta a ser debitada: é a conta Veículos, porque um “Bem” está
entrando para o Patrimônio da empresa. Sendo o Fiorino registrado em Conta do
Ativo (Veículos), isso acarreta aumento do Ativo.

Vamos, agora, identificar a conta a ser creditada: é a conta Caixa, porque


está saindo dinheiro da empresa. Logo, diminuirá o Ativo, assim, a regra diz: que
toda vez que diminuir o Ativo, CREDITAR a respectiva conta. A respectiva conta
que, no caso, está acarretando diminuição para o Ativo é a conta Caixa.

O Registro do fato contábil será representado pelo seguinte lançamento


contábil:

Indaial, 21 de novembro de 2010 D C


D Veículos 22.000
C Caixa 22.000
Compra à vista de um veículo Fiorino, Fiat, conforme NF 486
da Concessionária Gaúcha

4.1 FÓRMULAS DE LANÇAMENTOS CONTÁBEIS


No exemplo visto anteriormente, tivemos apenas uma conta debitada e uma
conta creditada. Porém, um mesmo lançamento poderá conter mais de uma conta
debitada ou mais de uma conta creditada. Daí a existência de quatro fórmulas de
lançamentos.

130
TÓPICO 1 | ESCRITURAÇÃO

A estrutura do lançamento tem por alicerce o secular método das


"partidas dobradas", segundo o qual todo débito deve, concomitantemente, ser
correspondido por um crédito. Contabilmente, "partida" tem o mesmo significado
de lançamento ou assentamento.

No dia a dia das empresas ocorrem operações simples (como o


pagamento de uma conta de consumo de energia elétrica no prazo) e outras bem
mais complexas, que envolvem lançamentos mais sofisticados (por exemplo:
pagamento, com juros, de duplicata, parte em dinheiro e parte mediante
emissão de cheque).

Para registrar qualquer fato contábil existem quatro fórmulas (ou


modalidades) de lançamentos, a saber:

4.1.1 Primeira fórmula


A primeira fórmula caracteriza-se pela simplicidade. Requer uma conta
devedora e uma conta credora e pode ser assim representada:

<Local e data> D C
D Fornecedores - Empresa Comercial "WZ" Ltda. (Passivo 2.000
Circulante).
C Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante). 2.000
Pagamento da Duplicata n. 555 ao fornecedor WZ com emissão
de cheque n. 123 do Banco do Brasil.

NOTA

A operação contábil utilizada para exemplificar a 1ª fórmula foi a de pagamento de


duplicata de fornecedor, no prazo.

4.1.2 Segunda fórmula


A segunda fórmula trata-se da modalidade de lançamento de complexidade
intermediária, que requer uma conta devedora e duas ou mais contas credoras,
como se observa abaixo:

131
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

<Local e data> D C
D Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante) 5.100
C Clientes - Empresa Comercial "YZ" Ltda. (Ativo Circulante). 5.000
C Juros Ativos (Conta de Resultado). 100
Recebimento da duplicata n. 789 de nosso cliente YZ, com juros
pelo atraso no pagamento.

NOTA

Para demonstrar a 2ª fórmula utilizamos como exemplo o recebimento de duplicata em


atraso, acrescida de juros de mora.

4.1.3 Terceira fórmula


A terceira fórmula, igualmente de complexidade intermediária, requer
duas ou mais contas devedoras e apenas uma credora, como segue:

<Local e data> D C
D Fornecedores - Empresa Comercial "WZ" Ltda. (Passivo 3.000
Circulante).
D Juros Passivos (Conta de Resultado). 200
C Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante) 3.200
Pagamento ao nosso fornecedor WZ cf. duplicata n. 852, com
juros pelo atraso.

NOTA

Para exemplificar a 3ª fórmula utilizamos a operação contábil de pagamento de


fornecedor após o vencimento, com encargos monetários.

132
TÓPICO 1 | ESCRITURAÇÃO

4.1.4 Quarta fórmula


A quarta fórmula é menos usual e mais complexa do que as anteriores; ela
requer duas ou mais contas devedoras e duas ou mais contas credoras, como se vê
no seguinte exemplo:

<Local e data> D C
D Fornecedores - Empresa Comercial "WZ" Ltda. (Passivo 2.000
Circulante)
D Juros Passivos (Conta de Resultado) 200
C Caixa (Ativo Circulante) 1.000
C Bancos Conta Movimento (Ativo Circulante) 1.200

NOTA

A operação contábil utilizada para representar a última fórmula foi a de pagamento


de duplicata, em atraso, com incidência de juros de mora, sendo parte em dinheiro e parte
mediante emissão de cheque.

Os lançamentos da 1ª, 2ª e 3ª fórmulas não causam maiores dúvidas, e sua


utilização é mais frequente. Já o lançamento da 4ª fórmula sofre mais restrições
quanto à sua utilização, principalmente porque torna mais difícil a compreensão
da operação, que registra o que somente pode ser atenuado pela adoção de
históricos que identifiquem com clareza todos os elementos inerentes a cada uma
das partidas (contas devedoras e contas credoras).

5 CONTABILIZAÇÃO DE JUROS E DESCONTOS


Agora, estudaremos informações de algumas contas de resultado, que
poderão figurar nos registros contábeis, tanto como despesas quanto como
receitas. É o caso de juros e descontos.

Quando falamos em juros, logo pensamos em despesa, pois juro é o preço


do uso do dinheiro.

133
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Assim, pode ser uma receita (Receita de Juros ou Juros Ativos), para
quem empresta o dinheiro, ou pode ser uma despesa (Despesa de Juros ou Juros
Passivos), para quem toma emprestado o dinheiro.

É comum, nas empresas, o pagamento ou o recebimento de juros pelo


atraso no cumprimento de uma Obrigação ou pelo atraso no recebimento de um
Direito.

Exemplificaremos como segue:

João deve a Pedro um título no valor de R$ 2.000, com vencimento para


o dia 10 de março. No dia 15 de março, cinco dias após o vencimento, João vai
pagar o título. Pedro cobra-lhe R$ 1.150, sendo que os R$ 150 cobrados a mais
representam os juros pela demora no pagamento.

Sendo assim, tanto podemos pagar juros como receber juros.

Quando pagamos juros, ocorre uma Despesa.

Quando recebemos juros, ocorre uma Receita.

Note que, quando falamos que recebemos juros, significa que recebemos
dinheiro referente a juros. Quando falamos que pagamos juros, significa que
pagamos dinheiro referente a despesas de juros. Isto porque todo fato ocorrido
envolve, pelo menos, duas contas. Nesses casos, uma delas é a conta Caixa e a
outra é uma Receita ou uma Despesa de Juros.

Pois bem, podem ocorrer, na empresa, apenas dois casos de fatos


administrativos que envolvam juros.

a) No pagamento de juros (Despesa)

Pagamento de uma duplicata, em dinheiro, ao Fornecedor XXX, no valor


de R$ 3.000, com 3% de juros pelo atraso (Duplicata n. 321).

Contas envolvidas no fato:


Duplicatas a pagar............................................................. R$ 3.000
Juros passivos................................................................... R$ 90
Caixa.................................................................................. R$ 3.090

Veja que sairá do caixa a importância de R$ 3.090, sendo R$ 3.000 referentes


ao valor da duplicata e R$ 90 referentes a juros pelo atraso. Logo, a conta caixa será
creditada, pois o Ativo está sendo diminuído.

134
TÓPICO 1 | ESCRITURAÇÃO

O Passivo, por sua vez, será diminuído de R$ 3.000, pela liquidação da


obrigação em duplicatas a pagar. Logo, a conta duplicatas a pagar será debitada.

Está ocorrendo, também, uma despesa de R$ 90, referente aos juros pagos.
Logo, a conta de despesa correspondente, que é Juros Passivos, será debitada.

Para entender, o lançamento contábil será expresso no Diário da seguinte


forma:

<Local e data> D C
D Duplicatas a pagar 3.000
D Juros Passivos (despesas) 90
C Caixa 3.090
Pagamento ao nosso fornecedor XXX cf. duplicata n. 321, com
juros pelo atraso.

b) No Recebimento de juros (Receita)

Recebemos a Duplicata nº 877, da cliente Rita Maria, no valor de R$ 2.000,


com 5% de juros de atraso.

Veja como fica o lançamento contábil no Livro diário:

<Local e data> D C
D Caixa 2.100
C Juros Ativos (receitas) 100
C Duplicatas a receber 2.000
Recebimento da duplicata n. 877 da nossa cliente Rita Maria,
com juros pelo atraso.

Neste caso, a conta duplicatas a receber será creditada por R$ 2.000, pois
estamos recebendo a importância em dinheiro, correspondente à Duplicata. Logo,
o Ativo será diminuído pela extinção do Direito.

A conta juros ativos será creditada, pois os juros, nesse caso, representam
receitas para nossa firma, e toda Receita será creditada.

E a conta caixa será debitada por R$ 2.100, pois estamos recebendo esta
importância que, entrando para o Patrimônio, aumentará o nosso Ativo.

135
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Por que Juros Ativos e Juros Passivos?

Mais um alerta para você: quando falamos em Juros Ativos e Juros Passivos,
esses ativos e passivos não têm relação alguma com o Ativo e o Passivo do Balanço
Patrimonial. Nesse caso, as palavras ativos e passivos estão sendo utilizadas como
adjetivos, qualificando os juros de negativos ou positivos.

Juros Ativos: representam juros positivos, pois o adjetivo ativos significa


coisa positiva, a favor da empresa. Neste caso, a empresa recebeu os juros; logo,
trata-se de Receita.

Juros Passivos: representam juros negativos para a empresa. Neste caso, a


empresa pagou os juros; logo, trata-se de despesa.

Os Descontos - podem ocorrer na empresa dois tipos de descontos:

a) Descontos obtidos.
b) Descontos concedidos.

1º) Quando nós ganhamos o desconto.


Exemplo:

Para exemplificar, quando ganhamos um desconto (descontos obtidos),


vamos imaginar o pagamento da Duplicata nº 2525 à Casas Bahia, no valor de R$
1.000, com 10% de desconto.

Veja como fica o lançamento contábil:

<Local e data> D C
D Duplicatas a pagar 1.000
C Descontos obtidos (receitas) 100
C Caixa 900
Pagamento da duplicata. n. 2525 às Casas Bahia, com obtenção
de 10% de desconto pelo pagamento antecipado.

Note que a conta duplicatas a pagar será debitada por R$ 1.000, que é o
valor da obrigação a ser baixada; a conta descontos obtidos será creditada por
R$ 100, que correspondem ao valor da Receita; e, finalmente, a conta caixa será
creditada por R$ 900, pela saída dessa importância do caixa.

2º) Quando nós oferecemos o desconto.


Exemplo:

136
TÓPICO 1 | ESCRITURAÇÃO

Para exemplificar, quando oferecemos um desconto (descontos concedidos),


vamos imaginar que recebemos do nosso cliente Sr. João Pedro, em dinheiro, a
importância correspondente à Duplicata de nossa emissão n. 666, no valor de R$
4.000, com 10% de desconto.

Veja como fica o esquema para raciocínio:

<Local e data> D C
D Caixa 3.600
D Descontos concedidos (despesas) 400
C Duplicatas a receber 4.000
Recebimento da duplicata nº 666 do nosso cliente João Pedro,
com concessão de desconto de 10% pelo pagamento antecipado.

Note que a conta duplicatas a receber será creditada por R$ 4.000, que
correspondem ao valor da referida duplicata a ser baixada; a conta descontos
concedidos será debitada por R$ 400, que correspondem ao valor da despesa com
o desconto; e, finalmente, a conta Caixa será debitada por R$ 3.600, porque essa
importância está sendo recebida.

Por que Descontos Obtidos e Descontos Concedidos?

Quando damos o desconto para terceiros, será despesa para nós. Logo, a
conta representativa do elemento da despesa será descontos concedidos, pois nós
concedemos os descontos.

Quando recebemos o desconto de terceiros, ocorre uma receita para nós.


Logo, a conta representativa do elemento da Receita será descontos obtidos, pois
nós obtivemos o desconto.

137
RESUMO DO TÓPICO 1

Estudamos nesse tópico:

● Os dois principais livros obrigatórios exigidos para que haja uma adequada
escrituração. O livro Diário, que dá origem a todo o registro dos fatos
administrativos, seguido pelo Livro Razão, que dá um detalhamento maior dos
registros realizados no livro Diário.

● Aprofundamos um pouco mais nossos estudos, aprendendo um pouco sobre


operações que provocam variações no Patrimônio e a forma como se originam
as fórmulas dos lançamentos contábeis.

● Observe que os juros e descontos, que provocam as variações no Patrimônio


Líquido, podem ocorrer em quatro situações:

a) Pagamento com juros = Despesa (conta Juros Passivos).

b) Recebimento com juros = Receita (conta Juros Ativos).

c) Pagamento com descontos = Receita (conta Descontos Obtidos).

d) Recebimento com descontos = Despesa (conta Descontos Concedidos).

138
AUTOATIVIDADE

1 Dados os seguintes fatos, contabilize as operações no livro Diário, transfira


os saldos para os razonetes, apure o resultado (registrando no livro Diário) e
elabore as Demonstrações Contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração
do Resultado de Exercício).

Item Data Movimentações Contábeis


1 03/12/2010 Constituição da Empresa Cia. Serviçal, com capital social no valor
de 20.000, representado por 15.000 em dinheiro e 5.000 em móveis
e utensílios. O contrato social foi registrado na Junta Comercial sob
número 123456789. A empresa foi constituída em imóvel locado.
2 05/12/2010 Prestamos serviços pelo valor de 2.000, 50% a prazo, mediante
emissão da Nota Fiscal n. 001 a nosso cliente ABC. Foram emitidas 2
duplicatas 001/A (500 reais) e a 001/B (500 reais). A outra metade foi
paga em dinheiro.
3 07/12/2010 Compramos um veículo usado, ano 2008, marca Renault, modelo
Cangoo, pelo valor de 8.000. Pagamos 50% à vista e o restante foi a
prazo. Compramos da concessionária Campograndense, conforme
nota fiscal nº 525 com as duplicatas 525/A (2.000 reais) e 525/B (2.000
reais).
4 08/12/2010 Recebemos a duplicata 001/A e concedemos 10% de desconto.
5 12/12/2010 Pagamos a duplicata 525/A e ganhamos 10% de desconto.
6 15/12/2010 Recebemos a duplicata 001/B e cobramos 10% de acréscimo.
7 16/12/2010 Pagamos a duplicata 525/B com 10% de acréscimo.
8 23/12/2010 Pagamos a energia elétrica do mês no valor de 400.
9 28/12/2010 Pagamos o salário dos funcionários no valor de 600.
10 31/12/2010 Pagamos aluguel do mês no valor de 500.

Assista ao vídeo de
resolução da questão 1

139
Livro Diário fl.01

D C

140
Livro Diário fl.02

D C

141
Livro Razão - Razonetes

D C D C D C

D C D C D C

D C D C D C

D C D C D C

D C D C D C

142
BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. Serviçal – __/__/____
ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Ativo Não Circulante (ANC) Patrimônio Líquido (PL)

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


DRE – Cia. Serviçal
01/12/2010 a ___/___/____
RECEITAS
Receita de Serviços ...............
Receita de............................... ...............
Receita de............................... ...............
Receita de............................... ...............
Receita de............................... ...............
(-) DESPESAS
Despesas com (................)
Despesas com (................)
Despesas............................... (................)
Despesas ............................... (................)
Despesas............................... (................)
Despesas ............................... (................)
Despesas ............................... (................)
Despesas............................... (................)
Despesas .............................. (................) (..............)
RESULTADO – ............................ .................

143
2 Identifique, em cada operação do exercício anterior, se são Lançamentos de
Primeira, Segunda, Terceira ou Quarta Fórmula:

Item Data Movimentações Contábeis (Fórmulas)


1 03/12/2010
2 05/12/2010
3 07/12/2010
4 08/12/2010
5 12/12/2010
6 15/12/2010
7 16/12/2010
8 23/12/2010
9 28/12/2010 Primeira Fórmula
10 31/12/2010

Assista ao vídeo de
resolução da questão 2

144
UNIDADE 3
TÓPICO 2

INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

1 INTRODUÇÃO

Vimos na unidade anterior que uma das formas das empresas ganharem
dinheiro é através da venda ou prestação de serviços. Esse tipo de receita é
específico em empresas que exploram a atividade de prestação ou execução de
serviços.

As empresas do setor industrial obtêm suas receitas pela venda dos


produtos fabricados por elas mesmas. Já as empresas do setor comercial obtêm
suas receitas pela revenda de mercadorias adquiridas de fornecedores.

Nesta Unidade iremos tratar da apuração de resultados de empresas que


exploram a atividade comercial, ou seja, de empresas que compram e revendem
mercadorias.

As mercadorias compreendem todos os bens que as empresas comerciais


compram para revender. As operações que envolvem as compras e as vendas de
mercadorias constituem a atividade principal das empresas comerciais.

Assim, basicamente, existem dois sistemas de controle de estoques e


apuração de resultados. A apuração de resultados pelo sistema de Inventário
Periódico e Inventário Permanente.

2 INVENTÁRIO PERIÓDICO
Caro(a) acadêmico(a), é muito comum encontrarmos na porta das empresas,
normalmente no final do ano, uma placa com os seguintes dizeres: “Fechado para
balanço”.

Na verdade, as empresas não estão fazendo o nosso conhecido Balanço


Patrimonial, mas, sim, identificando a quantidade de mercadorias existentes nos
estoques. Essa identificação é denominada de levantamento do inventário físico,
ou seja, está ocorrendo a contagem dos estoques de mercadorias.

145
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

O sistema de Inventário Periódico pressupõe a não existência de controle


permanente dos estoques feito em fichas para acompanhamento mediante registro
de todas as transações de entradas e saídas, mas apenas se faz um levantamento
físico das quantidades estocadas em determinados períodos de tempo. Assim,
as quantidades e os valores exatos estocados só serão conhecidos após um
levantamento e contagem física dos itens estocados.

Notaremos que o sistema de inventário Periódico deixa um pouco a desejar.


Basicamente, o sistema vem de antigamente, quando se fazia apenas um balanço
anual, e naquele momento fazia-se também o levantamento dos estoques. Nos
tempos atuais, com as modernas ferramentas de gestão e, principalmente, com
auxílio de sistemas informatizados, o controle permanente dos estoques tornou-se
imprescindível.

Voltando à metodologia de funcionamento do Sistema de Inventário


Periódico, a contagem dos estoques é feita com duas finalidades:

a) a primeira é identificar o saldo de mercadorias em estoque na data da elaboração


do balanço patrimonial;

b) a segunda é permitir a determinação do Custo das Mercadorias Vendidas –


CMV durante o período que está se encerrando.

O Custo das Mercadorias Vendidas – CMV é denominado como sendo


o custo das mercadorias adquiridas para revenda que foram vendidas. Assim, é
importante salientar que o Custo das Mercadorias Vendidas – CMV é uma despesa
avaliada pelo “custo” ou valor de compra. Cabe ressaltar que o CMV é despesa.

2.1 APLICAÇÃO DA FÓRMULA DO CMV


A determinação do saldo da conta de Mercadorias em estoque é feita
diretamente pela contagem e avaliação dos produtos existentes. A determinação
do Custo das Mercadorias Vendidas é feita pela aplicação da seguinte equação:

CMV = EI + C – EF

Onde:
CMV  Custo das Mercadorias Vendidas
EI  Estoque Inicial de Mercadorias
C  Compras de Mercadorias
EF  Estoque Final de Mercadorias

146
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

A utilização da fórmula vem ao encontro da utilização do sistema de


Inventário Periódico. Partindo do pressuposto de que as quantidades estocadas,
tanto no início quanto no fim do período, são significativamente inferiores às
quantidades compradas ou vendidas durante o ano. O sistema de Inventário
Periódico é muito mais fácil de ser efetivado e muito menos custoso para a empresa.

Sabemos que as informações de quantidades e valores comprados (as


compras do período) são fáceis de se obter porque temos os documentos de
aquisição (notas fiscais de compra das mercadorias). O difícil é obtermos as
quantidades e os custos das vendas. Porém, sabemos que não é demorado
contarmos as quantidades que ficaram no estoque final ao fim do exercício, através
do inventário de mercadorias. Assim, tendo um estoque inicial e sendo simples
obtermos os dados das compras e do estoque final, “por diferença” obtém-se as
quantidades vendidas e, consequentemente, o Custo das Mercadorias Vendidas
(CMV).

Suponhamos que a empresa “ABC” seja constituída em 20/04/2007 com


um capital no valor de 5.000,00, sendo este composto por dinheiro – 4.000,00 e
mercadorias – 1.000,00. Suponhamos ainda que durante o ano houve aquisições
(compras) de mercadorias para revenda no valor de 3.000,00 em dinheiro. No final
do ano (em 31/12/07) ela verifica que as suas vendas (também realizadas à vista)
totalizaram 4.000,00 e que existem ainda 800,00 de mercadorias em estoque.

Pergunto a você: é possível saber qual é o Custo das Mercadorias Vendidas?

É possível saber também se houve lucro ou prejuízo com as transações


comerciais efetuadas pela empresa (compra e venda das mercadorias)?

Vamos então verificar. Para respondermos à primeira pergunta necessitamos


identificar os elementos a serem substituídos na fórmula: CMV = EI + C – EF.

CMV = ?  É o que estamos procurando.


EI  Nossa empresa iniciou suas atividades com estoque deixado à disposição
pelos sócios no momento da constituição da empresa, no valor correspondente a
1.000,00.
C  Compramos durante o período 3.000,00 em mercadorias.
EF  Nosso estoque no final do período é de 800,00.

Então temos:

CMV = EI + C – EF
CMV = 1.000,00 + 3.000,00 – 800,00
CMV = 3.200,00

147
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Assim, temos então um custo de 3.200,00, relativo a vendas de mercadorias


no valor de 4.000,00. É possível calcular o lucro?

O lucro observado diretamente nas operações de compra e venda de


mercadorias pode ser calculado mediante a aplicação da seguinte fórmula:

RCM = V – CMV

Onde:

RCM  Resultado da Conta Mercadorias (correspondente ao lucro bruto).


V  Receita obtida com as VENDAS de mercadorias.
CMV  Custo das Mercadorias Vendidas.

Assim, teremos:

RCM = V – CMV
RCM = 4.000,00 – 3.200,00
RCM = 800,00

ATENCAO

Muito bem! Agora que aprendemos a calcular, aplicando as fórmulas, precisamos


entender os efeitos provocados na contabilidade. Então vamos contabilizar as operações
vistas anteriormente.

2.2 CONTABILIZAÇÃO PELO INVENTÁRIO PERIÓDICO


Vamos nos reportar ao exemplo anterior para contabilizar os seguintes fatos
ocorridos:

a) Constituição da empresa “ABC” em 20/04/2010 com um capital em dinheiro no


valor de 5.000,00, composto por 4.000,00 em dinheiro e 1.000,00 em mercadorias
para estoque.

b) Durante o ano houve aquisição (compras) de mercadorias para revenda no valor


de 3.000,00 em dinheiro.

c) No final do ano (em 31/12/2010) verificou-se que as suas vendas (também


realizadas à vista) totalizaram 4.000,00.

d) Houve a avaliação dos estoques e que se concluiu que existem 800,00 de


mercadorias no estoque final.
148
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

Mercadorias em
Caixa – AC Capital – PL
estoque - AC
D C D C D C
a 4.000 3.000 b 5.000 A a 1.000 1.000 1
c 4.000 5.000 3 800
8.000 3.000
Saldo
5.000

Compras de Mercadorias
–R Vendas (receita) – R
D C D C
b 3.000 3.000 2 4.000 4.000 C

2.3 CONTABILIZAÇÃO DO CMV, RCM E RESULTADO: PASSO


A PASSO
O início do processo de apuração, no final do período, se dá com a adoção
dos seguintes procedimentos:

ATENCAO

Acompanhe passo a passo a solução nos razonetes, seguindo a numeração


indicada.

● Primeiramente, a abertura das contas CMV, RCM e Resultado deve ser realizada
para possibilitar a transferência dos valores já contabilizados anteriormente.

● Posteriormente, os seguintes passos devem ser adotados:

1) Transferir o valor da conta de Mercadorias em Estoque (representativo do


estoque inicial) para a conta CMV. Essas transferências se darão com lançamentos
a débito na conta CMV e a crédito na conta de Mercadorias em Estoque.

149
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

2) Transferir o valor da conta “compras de mercadorias” para a conta “CMV”.


Essas transferências se darão com lançamentos a débito na conta CMV e a
crédito na conta de Compras. Após o lançamento, note que a conta de Compras
permanecerá com saldo zero.

3) Reconhecer na contabilidade o valor de 800,00, que é o estoque final de


mercadorias. Esse reconhecimento se dá em função da não existência desses
valores na contabilidade. Será assim realizado com um lançamento a débito,
em uma conta do Ativo Circulante que representará o valor desses estoques, e a
crédito em CMV. A conta utilizada é a mesma que representa o Estoque Inicial,
pois o estoque no final de um período (31/12/2010) representará com o mesmo
valor do estoque no início de um novo período (01/01/2011). Neste momento
temos, então, como apurar o saldo final da conta CMV. Constatamos que seu
valor é igual ao calculado com a aplicação da fórmula (CMV = EI+C-EF).

4) Neste momento, podemos então iniciar a contabilização do RCM com a


transferência do valor das vendas. Faz-se com um lançamento a débito na de
vendas e a crédito na conta de RCM, no valor de 4.000,00. Após o lançamento,
note que a conta de Vendas permanecerá com saldo zero.

5) Agora é o momento de transferir o saldo da conta CMV, no valor de 3.200,00,


para a conta RCM. Esse lançamento se faz a débito em RCM e a crédito em
CMV. Com isso, também a conta CMV permanecerá com saldo zerado. Temos,
assim, o saldo de 800,00 na conta RCM, que equivale ao valor encontrado pela
aplicação da fórmula matemática (RCM = V – CMV). Cabe destacar que se o
saldo for credor, teremos um lucro (lucro bruto) e, se for devedor, teremos um
prejuízo (prejuízo bruto). É “bruto”, pois resta ainda o confronto deste valor
com as despesas que normalmente ocorrem em uma empresa, as quais são
confrontadas na conta Resultado.

6) O saldo apurado na conta RCM, de 800,00, deverá ser transferido para a conta
Resultado. Com esse lançamento a conta RCM também ficará com saldo nulo.
Esse lançamento será feio a débito na conta. Neste momento, havendo mais
contas de receitas e despesas, estas também deverão ser confrontadas na conta
Resultado, possibilitando a identificação do resultado líquido obtido pela
empresa.

7) Não havendo demais contas de resultado a serem confrontadas, basta apenas


transferir o saldo de 800,00 da conta Resultado para a conta do Balanço Patrimonial
chamada Lucros ou Prejuízos Acumulados. Neste caso, o lançamento será a
débito na conta Resultado e a Crédito na conta Lucros ou Prejuízos Acumulados
do Patrimônio Líquido.

150
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

CMV–R RCM–R Resultado – R


D C D C D C
1 1.000 800 3 5 3.200 4.000 4 7 800 800 6
2 3.000 6 800 800
4.000 800
3.200 5

Mercadorias em Lucros/Prejuízos
estoques – AC acumulados – PL
D C D C
2 800 800 7

Após todos os lançamentos terem sido efetuados, iremos notar que todas
as contas de resultado estão com saldo zerado ou nulo. Isso permitirá, no período
seguinte, novamente o acúmulo de valores nas contas de receitas e despesas,
proporcionando novamente a apuração do resultado, e assim sucessivamente.

Notamos que apenas as contas patrimoniais (ativo, passivo e patrimônio


líquido) estão com saldo, e isso irá permitir a elaboração do Balanço Patrimonial
seguido da Demonstração de Resultados, os quais seguem:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. ABC – 31/12/2010


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC)
Disponibilidades
Caixa 5.000 Patrimônio Líquido (PL)
Estoques Capital Social
Mercadorias em estoques 800 Capital 5.000
Lucros ou Prejuízos Acumulados
Lucros acumulados 800

TOTAL DO ATIVO 5.800 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 5.800

151
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


DRE – CIA. ABC
20/04/2010 a 31/12/2010
VENDAS 4.000,00
(-) CMV (3.200,00)
Lucro Bruto 800,00
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas com................. (0,00)
Despesas com................. (0,00) (0,00)
RESULTADO – Lucro Líquido 800,00

Na Demonstração de Resultados apresentada anteriormente, notamos


que ela passa a apresentar uma nova informação. Essa nova informação é o CMV,
que é diminuído das Vendas, proporcionando o RCM ou Lucro Bruto. Este,
posteriormente, é diminuído das despesas operacionais (no exemplo apresentado
não havia despesas), que irá então proporcionar o resultado final.

AUTOATIVIDADE

Nesta atividade iremos desenvolver um caso completo envolvendo tudo o que


aprendemos até aqui. Para facilitar a solução do caso, descrevemos, após as
operações contábeis, todos os passos (dicas) que deverão ser seguidos. Então,
mãos à obra.

1 – Constituição da empresa Comercial XYZ com capital de 10.000 em dinheiro.

2 – Compra de mercadorias à vista por 3.000.

3 – Venda de mercadorias à vista por 4.000.

4 – Compra de mercadorias a prazo por 2.000.

5 – Venda de mercadorias a prazo por 1.000.

6 – Pagamento de despesas de salários no valor de 650.

7 – Pagamento de despesas com propaganda no valor de 250.

8 – Pagamento de despesas de juros no valor de 150.

Obs.: O valor do estoque final de mercadorias corresponde a 1.500.

152
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

Passos a seguir:

1) Lançar todas as operações contábeis apresentadas anteriormente (8 lançamentos)


nos razonetes a seguir, numerando-os;

2) Após os lançamentos acima, calcular mediante a aplicação da fórmula, o CMV:

CMV = EI + C – EF
CMV =

3) Após os cálculos acima, os lançamentos do CMV deverão ser feitos nos razonetes.

4) Após os lançamentos acima, calcular mediante a aplicação da fórmula, o RCM:

RCM = V - CMV
RCM =

5) Após os cálculos acima, os lançamentos do RCM deverão ser feitos nos razonetes.

6) Agora transfira o RCM e as Despesas para a conta de Resultado.

7) Por fim, transfira o saldo da conta “Resultado” e o saldo desta conta para
“lucros ou prejuízos acumulados”.

Caixa – AC Capital – PL Compras – R


D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

153
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Fornecedores a pagar Clientes (dupl. a rec.)


Vendas – R
– PC – AC
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

Despesas com salários Despesas com


Despesas com Juros – R
–R propaganda - R
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

CMV – R RCM – R Resultado – R


D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

Lucros ou Prejuízos Mercadorias em


acumulados – PL estoque – AC
D C D C
............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ...............

154
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

Após a contabilização anterior, elabore as demonstrações contábeis a


seguir:

BALANÇO PATRIMONIAL – Cia. XYZ - ___/___/___


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Fornecedores
Disponibilidades Fornecedores a pagar .................
Caixa .............. Patrimônio Líquido (PL)
Clientes Capital Social
Duplicatas a receber .............. Capital .................
Estoques Lucros ou Prejuízos
Acumulados
Mercadorias em estoques .............. Lucros acumulados .................

TOTAL DO ATIVO .............. TOTAL DO PASSIVO E P. .................


LÍQUIDO

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


DRE – CIA. XYZ
__/__/__ a __/__/__

VENDAS .................

(-) CMV .................

Lucro Bruto .................

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com ......................... (...............)

Despesas com........................... (...............)

Despesas com ......................... (...............) (..............)

RESULTADO – Lucro Líquido ................

155
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

3 INVENTÁRIO PERMANENTE
O inventário permanente é um sistema de controle de estoques que
proporciona informações para a apuração de resultados. Consiste no controle
de forma contínua e permanente das mercadorias, registrando as entradas pelas
compras, dando baixa em cada venda, pelo custo dessas mercadorias vendidas –
CMV. O inventário permanente permite que a empresa controle todas as entradas
e saídas de mercadorias por meio de fichas desenvolvidas especificamente para
esse fim.

Assim, o inventário permanente apresenta vantagens de permitir à


empresa determinar, a qualquer momento, o valor de seus estoques e o custo das
mercadorias vendidas. Vantagem essa que supera também o sistema de inventário
periódico, o qual permite essa apuração apenas no final de cada período.

O sistema de inventário permanente possui basicamente três métodos de


controle: o PEPS, UEPS e a Média Ponderada Móvel.

3.1 PEPS
O método PEPS – Primeiro que Entra, Primeiro que Sai tem por objetivo
avaliar o estoque final pelas aquisições mais recentes (últimas) e o Custo das
Mercadorias Vendidas (CMV) pelas aquisições mais antigas (primeiras). Esse
método pressupõe que as primeiras mercadorias que entraram no estoque da
empresa serão as primeiras a serem vendidas.

Neste método, em uma economia inflacionária, existe a preservação do


valor do estoque final (EF) avaliado pelas aquisições mais recentes, mas subavalia
o valor do CMV avaliado pelas aquisições mais antigas.

Cabe destacar que em todos os métodos (PEPS, UEPS e Média) que serão
estudados, o mecanismo de funcionamento de cada um é especificamente para
a geração de informações para a apuração dos Estoques e do CMV e não para o
controle e organização física dos estoques.

Para termos um entendimento do funcionamento do inventário permanente


pelo método PEPS, vamos exemplificar, de acordo com o que segue:

Exemplo:

No dia 03/03/2006 houve a constituição da empresa Comercial Pescador,


que se dedica à comercialização de motores para barcos de pesca modelo XR8 da
marca Pacu. A Comercial Pescador foi constituída com Capital de 50.000,00 em
dinheiro.

156
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

Ord. Dia Operação V. Un. Total


1 3 Constituição da Empresa Comercial Pescador 50.000
2 5 Compra de 20 unidades a prazo 1.000 20.000
3 9 Compra de 10 unidades à vista 1.300 13.000
4 12 Venda de 15 unidades à vista 2.000 30.000
5 16 Venda de 3 unidades a prazo 2.500 7.500
6 18 Compra de 2 unidades à vista 1.800 3.600
7 21 Compra de 4 unidades a prazo 1.875 7.500
8 28 Venda de 8 unidades a prazo 1.687,50 13.500
9 29 Pagamento de despesas de fretes na entrega das vendas 5.500
10 30 Pagamento dos salários do mês. 16.200

Para entendermos o que ocorre com as transações de compra e venda


das mercadorias em empresas que utilizam o sistema de inventário permanente,
necessitamos preencher e analisar a ficha abaixo:

Ficha de Estoques Método: PEPS


Mercadoria: Motor para Barco Marca: Pacu Modelo: XR8
A ENTRADAS SAÍDAS SALDO
Preço Preço Preço
DATA Quant. Total Quant. Total Quant. Total
Unit. Unit. Unit.
05/03 20 1.000 20.000 20 1.000 20.000
09/03 10 1.300 13.000 20 1.000 20.000
10 1.300 13.000
30 33.000
12/03 15 1.000 15.000 5 1.000 5.000
10 1.300 13.000
15 18.000
16/03 3 1.000 3.000 2 1.000 2.000
10 1.300 13.000
12 15.000
18/03 2 1.800 3.600 2 1.000 2.000
10 1.300 13.000
2 1.800 3.600
14 18.600
21/03 4 1.875 7.500 2 1.000 2.000
10 1.300 13.000
2 1.800 3.600
4 1.875 7.500
18 26.100
28/03 2 1.000 2.000 4 1.300 5.200
6 1.300 7.800 2 1.800 3.600
8 9.800 4 1.875 7.500
10 16.300
Total 36 44.100 26 27.800 10 16.300

157
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

E
IMPORTANT

É importante destacar que a cada venda a baixa na ficha de estoques, vista na


coluna de saídas, é feita iniciando-se pelos custos mais antigos, seguindo a baixa pela
orientação das setas, baixando as vendas pelos custos de cima para baixo.

É também importante destacar que nas vendas existem dois preços:

● O primeiro é o preço de venda (receita de vendas) acordado na ocasião da venda


entre a empresa e o cliente que adquire as mercadorias. Na venda do dia 12/03,
esse preço é de 30.000 (15 unidades vendidas a 2.000,00 cada uma).

● O segundo é o preço de custo (CMV), calculado na ficha de estoques, pelo valor


das saídas das 15 unidades a 1.000,00 cada uma, totalizando 15.000,00.

Assim, também é necessário dar atenção especial à operação que gera o


lançamento contábil na venda, pois essa operação irá resultar em dois lançamentos,
que são:

● O primeiro lançamento é relacionado ao lançamento da receita da venda (pelo


preço da venda) pelo valor de 30.000,00, o qual será feito a débito de caixa, pois
foi à vista, e a crédito de receita de vendas (nos razonetes a seguir, corresponde
ao número 4a).

● O segundo lançamento é relacionado à baixa do estoque, pois entregamos as


mercadorias vendidas ao cliente, e o reconhecimento do custo das vendas.
Esse lançamento é feito pelo preço de custo a débito na conta CMV e a
crédito na conta de Estoques, no valor de 15.000,00 (nos razonetes a seguir,
corresponde ao número 4b).

ATENCAO

Preenchida a ficha, vamos à contabilizacão das operações obedecendo à ordem


da tabela anterior:

158
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

Caixa Capital ESTOQUES


D C D C D C
1 50.000 13.000 3 50.000 1 2 20.000 15.000 4b
4a 30.000 3.600 6 3 13.000 3.000 5b
5.500 9 6 3.600 9.800 8b
16.200 10 7 7.500

Fornecedores
Vendas CMV
(duplicata a pagar)
D C D C D C
30.000 4a 20.000 2 4b 15.000
7.500 5a 7.500 7 5b 3.000
13.500 8a 8b 9.800
a 51.000 27.800 b

Duplicata a receber
Despesas c/ fretes Despesas c/ salários
(clientes)
D C D C D C
5a 7.500 9 5.500 5.500 d 10 16.200 16.200 e
8a 13.500

Muito bem. O passo seguinte é apurar o saldo de cada conta; faça isso.

Após identificar o saldo das contas, iremos iniciar o processo de apuração do


resultado. Como pelo sistema de inventário permanente já temos o CMV calculado
e contabilizado instantaneamente, basta apenas apurar o RCV e o Resultado Final.

E
IMPORTANT

Então vamos abrir as contas necessárias e contabilizar, seguindo a sequência de


lançamentos da letra “a” a “f”:

159
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Lucros/Prejuízos
R CM Resultado
acumulados
D C D C D C
b 27.800 51.000 a d 5.500 23.200 c 1.500 f
c 23.200 e 16.200

f 1.500

Muito bem. Feito isso, podemos elaborar as demonstrações contábeis:


o balanço patrimonial com as contas que apresentam saldo nos razonetes e a
demonstração de resultados com as contas de resultado, as quais estão com saldo
nulo ou zerado.

BALANÇO PATRIMONIAL – Comercial Pescador – 31/03/2006


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Fornecedores
Disponibilidades Fornecedores a pagar 27.500
Caixa 41.700 Patrimônio Líquido (PL)
Clientes Capital Social
Duplicatas a receber 21.000 Capital 50.000
Estoques Lucros ou Prejuízos Acumulados
Mercadorias em estoques 16.300 Lucros acumulados 1.500

TOTAL DO ATIVO 79.000 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 79.000

160
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE COMERCIAL


PESCADOR (03/03 A 31/03/2006)
VENDAS 51.000
(-) CMV (27.800)
Lucro Bruto 23.000
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas com fretes (5.500,00)
Despesas com salários (16.200,00) (21.700)
RESULTADO – Lucro Líquido 1.500

3.2 UEPS
O método UEPS – Último que Entra, Primeiro que Sai tem por objetivo
avaliar o estoque final (EF) pelas aquisições mais antigas (primeiras) e o custo
das mercadorias vendidas (CMV) pelas aquisições mais recentes (últimas). Esse
método funciona da forma oposta ao PEPS, ou seja, as últimas mercadorias que
entraram no estoque serão as primeiras a saírem.

Aqui, numa economia em processo inflacionário, ou seja, com o preço das


mercadorias em constantes mudanças, o estoque final (avaliado pelas aquisições
mais antigas) fica subavaliado, enquanto o CMV (avaliado pelas aquisições mais
recentes) mantém-se atualizado pelo valor corrente.

Para exemplificarmos o método UEPS, trataremos aqui o mesmo exemplo


desenvolvido anteriormente, o qual segue:

Ord. Dia Operação V. Un. Total


1 3 Constituição da Empresa Comercial Pescador 50.000
2 5 Compra de 20 unidades a prazo 1.000 20.000
3 9 Compra de 10 unidades à vista 1.300 13.000
4 12 Venda de 15 unidades à vista 2.000 30.000
5 16 Venda de 3 unidades a prazo 2.500 7.500
6 18 Compra de 2 unidades à vista 1.800 3.600
7 21 Compra de 4 unidades a prazo 1.875 7.500
8 28 Venda de 8 unidades a prazo 1.687,50 13.500
9 29 Pagamento de despesas de fretes na entrega das vendas 5.500
10 30 Pagamento dos salários do mês. 16.200

161
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Ficha de Estoques Método: UEPS


Mercadoria: Motor para Barco Marca: Pacu Modelo: XR8
A ENTRADAS SAÍDAS SALDO
Preço Preço Preço
DATA Quant. Total Quant. Total Quant. Total
Unit. Unit. Unit.
05/03 20 1.000 20.000 20 1.000 20.000
09/03 10 1.300 13.000 20 1.000 20.000
10 1.300 13.000
30 33.000
12/03 10 1.300 13.000 15 1.000 15.000
5 1.000 5.000
16/03 3 1.000 3.000 12 1.000 12.000
18/03 2 1.800 3.600 12 1.000 12.000
2 1.800 3.600
14 15.600
21/03 4 1.875 7.500 12 1.000 12.000
2 1.800 3.600
4 1.875 7.500
18 23.100
28/03 4 1.875 7.500 10 1.000 10.000
2 1.800 3.600
2 1.000 2.000
8 13.100
Total 36 26 10 10.000

E
IMPORTANT

É importante destacar que a cada venda a baixa na ficha de estoques, vista na


coluna de saídas, é feita iniciando-se pelos custos mais recentes, seguindo a baixa pela
orientação das setas, baixando as vendas pelos custos de baixo para cima.

É também importante destacar que nas vendas existem dois preços:

● O primeiro é o preço de venda (receita de vendas) acordado na ocasião da venda


entre a empresa e o cliente que adquire as mercadorias. Na venda do dia 28/03
esse preço é de 13.500 (8 unidades vendidas a 1.687,50 cada uma).

● O segundo é o preço de custo (CMV), calculado na ficha de estoques, pelo valor


das saídas das 8 unidades (primeiro as 4 unidades mais recentes em estoque
vistas na coluna “saldo” do dia 21/03 a um custo unitário de 1.875,00, depois
outras duas unidades seguindo a ordem de baixo para cima, que custam cada
uma 1.800,00 e, por último, para completar a baixa das 8 unidades vendidas, as
outras duas unidades a 1.000,00 cada). Correspondendo assim ao custo total das
8 unidades no valor de 13.100,00.

162
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

Assim, também é necessário dar atenção especial ao lançamento contábil


na venda, pois essa operação irá gerar dois lançamentos, que são:

● O primeiro é relacionado ao lançamento da receita da venda (pelo preço da


venda) pelo valor de 13.500,00, o qual será feito a débito de caixa, pois foi à vista,
e a crédito de receita de vendas (nos razonetes a seguir, corresponde ao número
8a).

● O segundo lançamento é relacionado à baixa do estoque, pois entregamos as


mercadorias vendidas ao cliente, e o reconhecimento do custo das vendas. Esse
lançamento é feito pelo preço de custo a débito na conta CMV e a crédito na
conta de Estoques, no valor de 13.100,00 (nos razonetes a seguir, corresponde ao
número 8b).

ATENCAO

Preenchida a ficha, vamos à contabilizacão das operações obedecendo à ordem


da tabela anterior:

Caixa Capital ESTOQUES


D C D C D C
1 50.000 13.000 3 50.000 1 2 20.000 18.000 4b
4a 30.000 3.600 6 3 13.000 3.000 5b
5.500 9 6 3.600 13.100 8b
16.200 10 7 7.500

Fornecedores
Vendas CMV
(duplicata a pagar)
D C D C D C
30.000 4a 20.000 2 4b 18.000
7.500 5a 7.500 7 5b 3.000
13.500 8a 8b 13.100
a 51.000 34.100 b

163
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Duplicata a receber
Despesas c/ fretes Despesas c/ salários
(clientes)
D C D C D C
5a 7.500 9 5.500 5.500 d 10 16.200 16.200 e
8a 13.500

Muito bem. O passo seguinte é apurar o saldo de cada conta; faça isso.
Após isso, iremos iniciar a apuração do resultado. Como pelo sistema de inventário
permanente já temos o CMV calculado e contabilizado instantaneamente, basta
apenas apurar o RCV e o Resultado Final.

ATENCAO

Então vamos abrir as contas necessárias e contabilizar, seguindo a sequência


das letras “a” a “f”:

Lucros/Prejuízos
RCM Resultado
acumulados
D C D C D C
b 34.100 51.000 a d 5.500 16.900 c f 4.800
c 16.900 e 16.200

4.800 f

Muito bem. Feito isso, podemos elaborar as demonstrações contábeis: o


Balanço Patrimonial com as contas que apresentam saldo e a demonstração de
resultados com as contas de resultado, as quais estão com saldo nulo ou zerado.

164
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

BALANÇO PATRIMONIAL – Comercial Pescador – 31/03/2006


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Fornecedores
Disponibilidades Fornecedores a pagar 27.500
Caixa 41.700 Patrimônio Líquido (PL)
Clientes Capital Social
Duplicatas a receber 21.000 Capital 50.000
Estoques Lucros ou Prejuízos Acumulados
Mercadorias em estoques 10.000 Lucros ou Prejuízos acumulados (4.800)

TOTAL DO ATIVO 72.700 TOTAL DO PASSIVO E P. 72.700


LÍQUIDO

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE COMERCIAL PESCADOR (03/03 A


31/03/2006)
VENDAS 51.000
(-) CMV (30.600)
Lucro Bruto 20.400
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas com fretes (5.500,00)
Despesas com salários (16.200,00) (21.700)
RESULTADO – Prejuízo Líquido (1.300)

3.3 MÉDIA PONDERADA MÓVEL


O método Média Ponderada Móvel – MPM tem por objetivo avaliar o
Estoque Final (EF) com relação ao custo das mercadorias vendidas (CMV) pela
média entre as primeiras e as últimas aquisições.

Neste método, em economia inflacionária, tanto o Estoque Final (EF)


quanto o CMV são avaliados pelo preço médio ponderado.

Vamos ao mesmo exemplo desenvolvido anteriormente, que segue:

165
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Ord. Dia Operação V. Un. Total


1 3 Constituição da Empresa Comercial Pescador 50.000
2 5 Compra de 20 unidades a prazo 1.000 20.000
3 9 Compra de 10 unidades à vista 1.300 13.000
4 12 Venda de 15 unidades à vista 2.000 30.000
5 16 Venda de 3 unidades a prazo 2.500 7.500
6 18 Compra de 2 unidades à vista 1.800 3.600
7 21 Compra de 4 unidades a prazo 1.875 7.500
8 28 Venda de 8 unidades a prazo 1.687,50 13.500
9 29 Pagamento de despesas de fretes na entrega das vendas 5.500
10 30 Pagamento dos salários do mês. 16.200

Ficha de Estoques Método: M.P.M.


Mercadoria: Motor para Barco Marca: Pacu Modelo: XR8
A ENTRADAS SAÍDAS SALDO
Preço Preço Preço
DATA Quant. Total Quant. Total Quant. Total
Unit. Unit. Unit.
05/03 20 1.000 20.000 20 1.000 20.000
09/03 10 1.300 13.000 30 1.100 33.000
12/03 15 1.100 16.500 15 1.100 16.500
16/03 3 1.100 3.300 12 1.100 13.200
18/03 2 1.800 3.600 14 1.200 16.800
21/03 4 1.875 7.500 18 1.350 24.300
28/03 8 1.350 10.800 10 1.350 13.500

Total 36 26 30.600 10 13.500

E
IMPORTANT

Na Média Ponderada Móvel, destacamos que o saldo final é composto por um


cálculo que encontra o custo médio de cada unidade adquirida.
Note que no dia 05/03 possuíamos um saldo de 20 unidades a um preço de custo médio
de 1.000,00 por unidade. Com a aquisição do dia 09/03, passamos a ter mais 10 unidades,
que somadas às 20 em estoque, passamos a ter um total de 30 unidades. Foram adicionados
aos 30.000,00 do dia anterior (05/03) os 13.000,00 adquiridos, totalizando 33.000,00 que,
divididos pelas 30 unidades, perfazem um custo médio de 1.100,00 cada uma.

166
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

A baixa na ficha de estoques, vista na coluna de saídas na venda do dia


12/03, é feita pelo custo médio de 16.500,00 (15 unidades a 1.100,00).

Destacamos que nas vendas existem dois preços:

● O primeiro é o preço de venda (receita de vendas) acordado na ocasião da venda


entre a empresa e o cliente que adquire as mercadorias. Na venda do dia 12/03
esse preço é de 30.000 (15 unidades vendidas a 2.000,00 cada uma).

● O segundo é o preço de custo (CMV), calculado na ficha de estoques, pelo valor


das saídas das 15 unidades a 1.100,00 cada, correspondendo a 16.500,00.

Assim, também é necessário dar atenção especial ao lançamento contábil


na venda, pois essa operação irá gerar dois lançamentos, os quais são:

● O primeiro é relacionado ao lançamento da receita da venda (pelo preço da venda)


pelo valor de 30.000,00, o qual será feito a débito de caixa, pois foi à vista, e a
crédito de receita de vendas (nos razonetes a seguir, corresponde ao número 4a).

● O segundo lançamento é relacionado à baixa do estoque, pois entregamos as


mercadorias vendidas ao cliente, e o reconhecimento do custo das vendas. Esse
lançamento é feito pelo preço de custo a débito na conta CMV e a crédito na
conta de Estoques, no valor de 16.500,00 (nos razonetes a seguir, corresponde ao
número 4b).

Preenchida a ficha, vamos à contabilizacão das operações, obedecendo à


ordem da tabela anterior:

Caixa Capital ESTOQUES


D C D C D C
1 50.000 13.000 3 50.000 1 2 20.000 16.500 4b
4a 30.000 3.600 6 3 13.000 3.300 5b
5.500 9 6 3.600 10.800 8b
16.200 10 7 7.500

167
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

Fornecedores
Vendas CMV
(duplicata a pagar)
D C D C D C
30.000 4a 20.000 2 4b 16.500
7.500 5a 7.500 7 5b 3.300
13.500 8a 8b 10.800
a 51.000 30.600 b

Duplicata a receber
Despesas c/ fretes Despesas c/ salários
(clientes)
D C D C D C
5a 7.500 9 5.500 5.500 d 10 16.200 16.200 e
8a 13.500

Muito bem. O passo seguinte é apurar o saldo de cada conta. Faça isso.

Após a apuração do saldo de cada conta, iremos iniciar a apuração do


resultado. Como pelo sistema de inventário permanente já temos o CMV calculado
e contabilizado instantaneamente, basta apenas apurar o RCV e o Resultado Final.

ATENCAO

Então vamos abrir as contas necessárias e contabilizar. Observe a sequência


das letras:

Lucros/Prejuízos
RCM Resultado
acumulados
D C D C D C
b 30.600 51.000 a d 5.500 20.400 c f 1.300
c 20.400 e 16.200

1.300 f

168
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

Muito bem. Feito isso, podemos elaborar as demonstrações contábeis: o


Balanço Patrimonial com as contas que apresentam saldo e a demonstração de
resultados com as contas de resultado, as quais estão com saldo nulo ou zerado.

BALANÇO PATRIMONIAL – Comercial Pescador – 31/03/2006


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Fornecedores
Disponibilidades Fornecedores a pagar 27.500
Caixa 41.700 Patrimônio Líquido (PL)
Clientes Capital Social
Duplicatas a receber 21.000 Capital 50.000
Estoques Lucros ou Prejuízos Acumulados
Mercadorias em estoques 13.500 Lucros ou prejuízos acumulados (1.300)

TOTAL DO ATIVO 76.200 TOTAL DO PASSIVO E P. LÍQUIDO 76.200

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE COMERCIAL PESCADOR


(03/03 A 31/03/2006)
VENDAS 51.000
(-) CMV (30.600)
Lucro Bruto 20.400
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas com fretes (5.500,00)
Despesas com salários (16.200,00) (21.700)
RESULTADO – Prejuízo Líquido (1.300)

4 COMPARAÇÃO ENTRE OS TRÊS MÉTODOS


No estudo desenvolvido anteriormente, para os três métodos apresentados,
as vendas totalizaram 51.000. Comparando os resultados obtidos em cada um
deles, temos:

169
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO PEPS UEPS MÉDIA


COMERCIAL PESCADOR (03/03 A 31/03/2006)
VENDAS 51.000 51.000 51.000
(-) CMV (27.800) (34.100) (30.600)
Lucro Bruto 23.000 16.900 20.400
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas com fretes (5.500) (5.500) (5.500)
Despesas com salários (16.200) (16.200) (16.200)
RESULTADO – Prejuízo Líquido 1.500 (4.800) (1.300)

Assim temos condições de ver que a empresa, no exemplo desenvolvido,


pode obter resultados diferentes, muito embora todos se baseiem no mesmo custo
de aquisição.

Contudo, caro(a) acadêmico(a), pergunto a você:

Qual o resultado que retrata melhor a realidade?

Com a utilização do PEPS, vamos notar que estaremos dando baixa nas
vendas pelo custo da primeira unidade em estoque. Neste caso, o valor do estoque
(balanço patrimonial) estará sempre avaliado pelas últimas compras, ou seja, mais
próximo de seu valor real. No caso de uma economia inflacionária (comportamento
de alta de preços), o CMV será calculado pelo preço mais antigo, ou seja, com
preços menores. Assim, o resultado será menor.

Já com a utilização do UEPS, vamos notar um CMV mais atualizado, pois a


baixa do estoque é feita pelas últimas compras. Por outro lado, o valor dos estoques,
no balanço patrimonial, estará sendo calculado com o valor mais antigo. Vamos
notar, na tabela comparativa apresentada anteriormente, que com o UEPS temos
o pior resultado, porém em uma economia de alta de preços, é o melhor método
a ser utilizado, pois compara as receitas de vendas com o custo mais próximo do
praticado pelo mercado.

Cabe destacar aqui que a legislação brasileira não permite que as empresas
usem o UEPS para controle dos estoques e apuração dos custos, exatamente porque
ele traz dentro de si o conceito de “lucro menor” na comparação entre os três
métodos. Como a maioria das empresas no Brasil tem a tributação do Imposto de
Renda – IR a partir de seu lucro contábil, quanto menor o lucro, menor o imposto,
razão da proibição do fisco para a utilização do método UEPS.

É importante destacar que contabilmente a adoção do método UEPS é


permitida. Se uma empresa assim o fizer, não estará infringindo nenhum princípio
contábil. Terá apenas que fazer uma adaptação de sua Demonstração do Resultado
para fins de pagamento do Imposto de Renda.

170
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

Dentro desse aspecto de consideração fiscal, os empresários brasileiros


praticamente optam pelo método da Média, influenciados pelo longo período de
inflação de aconteceu na economia brasileira até o ano de 1995, no qual os preços
dos produtos subiam consideravelmente a todo o momento, e o preço médio,
nessa situação, traz vantagens temporárias de ordem fiscal, porque os estoques
ficam menos valorizados que o método PEPS.

Em função de oferecer um lucro menor a ser tributado pelo Imposto de


Renda, o Fisco permite apenas o uso do PEPS ou da Média. Porém, para fins
gerenciais, o UEPS é o que apresenta um resultado melhor.

171
UNIDADE 3 | ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA DE MERCADORIAS

LEITURA COMPLEMENTAR

VOCÊ CONFIARIA A ADMINISTRAÇÃO DE SEUS ESTOQUES AOS SEUS


FORNECEDORES?

George T. Milkovich
John W. Boudreau

Quais seriam os motivos pelos quais você não confiaria o controle e a


reposição de seus estoques pelos fornecedores? 

Talvez eles fossem sobrecarregar seus estoques para faturar mais ou


talvez colocar produtos de baixa qualidade ou próximo da data de vencimento
se fosse um supermercado, ou não iria atender com quantidade suficiente nas
sazonalidades ou iriam sobrecarregar com produtos de baixa rotatividade.

Mas, se tudo isso ocorresse, qual seria o comportamento do cliente


ou consumidor final; hora tem produto hora não, qualidade baixa, tanto no
consumo ou produto final no caso de indústria. Será que esse fornecedor teria
venda por muito tempo? Para a cultura brasileira este processo ainda criaria
alguma desconfiança, mas acredite, isto em breve será largamente adotado.

A cadeia de lojas Wal-Mart nos Estados Unidos já pratica isso, pois existe
confiança de ambos os lados, é uma parceria bem sucedida. A Wal-Mart trabalha
com muitos de seus fornecedores dessa maneira, vamos citar como exemplo o caso
do fornecedor Pepsi Cola, que faz a administração dos estoques, combinando as
informações das caixas registradoras automáticas de cada loja da Wal-Mart com os
padrões habituais dos varejistas de todo o país. A Pepsi assumiu a responsabilidade
de entregar para a rede a quantidade de produtos necessária; produtos em excesso
tomam espaço no armazenamento; produtos de menos causam prejuízos de
vendas e desapontamento dos clientes.

Deixando de administrar o controle de seus estoques e passando essa


função para fornecedores escolhidos e confiáveis, tanto a Pepsi como a Wal-Mart
obtiveram vantagens.

A Wal-Mart eliminou os custos do monitoramento e manutenção de seus


estoques, e o armazenamento de refrigerantes é gerenciado mais eficazmente pela
Pepsi, que é melhor nisso, pois é o seu negócio e é a maior interessada. O espaço
foi liberado no centro de distribuição da Wal-Mart e sobra dinheiro para financiar
os estoques de outras mercadorias.

A Pepsi agrega valor ao refrigerante que fornece á Wal-Mart por meio da


administração do processo de controle de estoque. E o que ela ganha com isso?

172
TÓPICO 2 | INVENTÁRIO PERIÓDICO E PERMANENTE

Como fornecedor preferencial, a Pepsi consegue melhores pontos nas lojas e total
cooperação para promoções especiais.

Com as informações conseguidas sobre a  Demanda  de seus produtos,


a Pepsi pode organizar suas operações de engarrafamento e distribuição mais
eficiente. Em vez de grandes carregamentos, o refrigerante chega às lojas em lotes
menores, porém mais frequente. Os consumidores potencialmente beneficiam-se
com preços mais baixos e produtos mais frescos.

O Faturamento é gerenciado pela própria Pepsi, sem a necessidade de uma


ordem de compra antecipada pela Wal-Mart. Esse procedimento evita incontáveis
horas de trabalho burocrático, especialmente para produtos cujos preços são
flutuantes.

Quando as empresas brasileiras, fornecedores e clientes, entenderem que a


parceria é a única solução para bons negócios e satisfação do cliente final, então as
coisas começarão a mudar.

Este processo com pequenas adaptações poderá ser implantado com muito
sucesso também nas indústrias, onde o lucro dos empresários será maximizado e
os clientes beneficiados com preços mais acessíveis.

FONTE: MILKOVICH, G.T.; BOUDREAU, J.W. Administração de recursos humanos. Tradução de


Reynaldo C. Marcondes. São Paulo: Atlas. p. 77. Disponível em: <http://classecontabil.uol.com.br/
artigos/ver/602>. Acesso em: 20 out. 2010.

173
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico aprendemos que:

● As empresas, em suas transações comerciais envolvendo a compra e a venda de


mercadorias, podem utilizar dois sistemas para controlar seus estoques, avaliar
seus custos e apurar seus resultados.

● São os sistemas de Inventário Periódico e Inventário Permanente. São sistemas


que possibilitam a apuração do Custo das Mercadorias que foram Vendidas
(CMV) em um determinado período. Com a apuração do CMV, temos condições
de verificar o resultado envolvendo as Vendas (RCM), chamado também de
Lucro Bruto.

174
AUTOATIVIDADE

1 A empresa Comercial Indaiá dedica-se à comercialização de televisores


42”, marca “Toshia”, modelo “Xuvisco”. Em 01/04/2010 seu estoque estava
constituído de 200 unidades ao custo unitário de 100,00, totalizando
20.000,00. Possui, ainda, dinheiro em Caixa no valor de 40.000,00 e seu capital
é de 60.000,00. Durante o mês de novembro foram realizadas as seguintes
operações com produtos:

Item Data Operação


1 05/04 Compra de 300 unidades a 120,00 cada uma, a prazo.
2 07/04 Aquisição de um veículo por 15.000,00, a prazo, para entrega das
mercadorias que serão vendidas.
3 09/04 Venda de 100 unidades a 150,00 cada uma, à vista.
4 15/04 Venda de 300 unidades a 140,00 cada uma, a prazo.
5 18/04 Compra de 200 unidades a 130,00 cada uma, a prazo.
6 20/04 Venda de 100 unidades a 140,00 cada uma, à vista.
7 25/04 Pagamento de despesas com combustíveis no valor de 4.500,00.
8 28/04 Pagamento de despesas com aluguel da loja no valor de 1.300,00.
9 29/04 Pagamento de despesas com propaganda da loja no valor de 950,00.
10 30/04 Pagamento dos salários dos funcionários no valor de 8.400,00.

Pede-se:

Efetuar o controle dos estoques pelos métodos PEPS, UEPS e Média Ponderada
Móvel (MPM).

Contabilizar as operações nos razonetes.

Contabilizar o CMV, RCM e Resultado nos razonetes.

Elaborar o Balanço Patrimonial e a DRE.

Solução pelo método PEPS:

Ficha de Estoques pelo método PEPS:

Assista ao vídeo de
resolução da questão 1

175
Ficha de Estoques Método: PEPS
Mercadoria: Televisor 29” Marca: Toshia Modelo: Xuvisco

A ENTRADAS SAÍDAS SALDO


DATA Quant. Preço Total Quant. Preço Total Quant. Preço Total
Unit. Unit. Unit.

01/04 saldo inicial nesta data  200 100, 20.000,


05/04

09/04

15/04

18/04

20/04

Total

Contabilização nos razonetes pelo método PEPS:


Caixa Capital ESTOQUES
D C D C D C
Si 40.000 ............... ............... 60.000 Si Si 20.000 ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

* Si = Saldos iniciais

Fornecedores
Vendas CMV
(duplicata a pagar)
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

176
Duplicata a receber Despesas c/
Veículos
(clientes) combustíveis
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

Despesas com
Despesas com aluguel Despesas c/ salários
propaganda
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

Lucros/Prejuízos
RCM Resultado
Acumulados
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

177
Demonstrações Contábeis:

BALANÇO PATRIMONIAL – Comercial Indaiá – 30/04/2010


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Fornecedores
Disponibilidades Fornecedores a pagar ..............
Caixa .............. Patrimônio Líquido (PL)
Clientes Capital Social
Duplicatas a receber .............. Capital ..............
Estoques Lucros ou Prejuízos
Acumulados
Mercadorias em estoques .............. Lucros ou prejuízos ..............
acumulados

Ativo Permanente
Imobilizado
Veículos ..............

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO E P.


LÍQUIDO

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE COMERCIAL Indaiá


(01/04 A 30/04/2010)

VENDAS ..................

(-) CMV (................)

Lucro Bruto ..................

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com Combustíveis (................)

Despesas com Propaganda (................)

Despesas com Aluguel (................)

Despesas com Salários (................) (................)

RESULTADO – Lucro Líquido ..................

178
Solução pelo método UEPS:

Ficha de Estoques pelo método UEPS:

Ficha de Estoques Método: UEPS


Mercadoria: Televisor 29” Marca: Toshia Modelo: Xuvisco
A ENTRADAS SAÍDAS SALDO
DATA Quant. Preço Total Quant. Preço Total Quant. Preço Total
Unit. Unit. Unit.

01/04 saldo inicial nesta data  200 100, 20.000,


05/04

09/04

15/04

18/04

20/04

Total

Contabilização nos razonetes pelo método UEPS:


Caixa Capital ESTOQUES
D C D C D C
Si 40.000 ............... ............... 60.000 Si Si 20.000 ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
* Si = Saldos iniciais

Fornecedores
Vendas CMV
(duplicata a pagar)
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

179
Duplicata a receber Despesas c/
Veículos
(clientes) combustíveis
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

Despesas com
Despesas com aluguel Despesas c/ salários
propaganda
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

Lucros/Prejuízos
RCM Resultado
Acumulados
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

180
Demonstrações Contábeis:

BALANÇO PATRIMONIAL – Comercial Indaiá – 30/04/2010


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Fornecedores
Disponibilidades Fornecedores a pagar ..............
Caixa .............. Patrimônio Líquido (PL)
Clientes Capital Social
Duplicatas a receber .............. Capital ..............
Estoques Lucros ou Prejuízos
Acumulados
Mercadorias em estoques .............. Lucros ou prejuízos ..............
acumulados

Ativo Permanente
Imobilizado
Veículos ..............

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO E P.


LÍQUIDO

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE COMERCIAL Indaiá


(01/04 A 30/04/2010)

VENDAS ..................

(-) CMV (................)

Lucro Bruto ..................

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com Combustíveis (................)

Despesas com Propaganda (................)

Despesas com Aluguel (................)

Despesas com Salários (................) (................)

RESULTADO – Lucro Líquido ..................

181
Solução pelo método da Média Ponderada Móvel – MPM:

Ficha de Estoques pelo método Média Ponderada Móvel – MPM:

Ficha de Estoques Método: MPM


Mercadoria: Televisor 29” Marca: Toshia Modelo: Xuvisco
A ENTRADAS SAÍDAS SALDO
DATA Quant. Preço Total Quant. Preço Total Quant. Preço Total
Unit. Unit. Unit.

01/04 saldo inicial nesta data  200 100, 20.000,


05/04

09/04

15/04

18/04

20/04

Total

Contabilização nos razonetes pelo método Média Ponderada Móvel –


MPM:

Caixa Capital ESTOQUES


D C D C D C
Si 40.000 ............... ............... 60.000 Si Si 20.000 ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
* Si = Saldos iniciais

Fornecedores
Vendas CMV
(duplicata a pagar)
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

182
Duplicata a receber Despesas c/
Veículos
(clientes) combustíveis
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

Despesas com
Despesas com aluguel Despesas c/ salários
propaganda
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

Lucros/Prejuízos
RCM Resultado
Acumulados
D C D C D C
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............
............... ............... ............... ............... ............... ...............

183
Demonstrações Contábeis:

BALANÇO PATRIMONIAL – Comercial Indaiá – 30/04/2010


ATIVO R$ PASSIVO R$
Ativo Circulante (AC) Fornecedores
Disponibilidades Fornecedores a pagar ..............
Caixa .............. Patrimônio Líquido (PL)
Clientes Capital Social
Duplicatas a receber .............. Capital ..............
Estoques Lucros ou Prejuízos
Acumulados
Mercadorias em estoques .............. Lucros ou prejuízos ..............
acumulados

Ativo Permanente
Imobilizado
Veículos ..............

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO E P.


LÍQUIDO

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE COMERCIAL Indaiá


(01/04 A 30/04/2010)

VENDAS ..................

(-) CMV (................)

Lucro Bruto ..................

(-) DESPESAS OPERACIONAIS

Despesas com Combustíveis (................)

Despesas com Propaganda (................)

Despesas com Aluguel (................)

Despesas com Salários (................) (................)

RESULTADO – Lucro Líquido ..................

184
REFERÊNCIAS
CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade. São Paulo: Atlas,
2010.

IUDICIBUS, Sergio de. Contabilidade introdutória. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

KIYOSAKI, Robert T; LECHTER, Sharon L. Pai rico pai pobre. São Paulo:
Elsevier, 2004.

MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

______. Contabilidade empresarial. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

______. Contabilidade empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 1.

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ANOTAÇÕES

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