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RESUMO
O presente artigo pretende discutir a existência de uma relação direta entre a qualidade das
obras públicas e a interpretação e aplicação dos fundamentos da legislação brasileira que regu-
lam o planejamento, o acompanhamento, o controle e a fiscalização da execução destas obras,
principalmente no que tange à Lei Federal 8.666/93.
O autor defende que o arcabouço legal e normativo existente pode assegurar que as obras pú-
blicas sejam executadas dentro de padrões adequados de custo, de qualidade e de efetividade,
sem as excessivas e prejudiciais alterações projetuais e contratuais que as descaracterizam e
dificultam as ações de controle e fiscalização. Também entende que o atendimento aos princí-
pios legais, ao planejamento consistente, à normalização técnica e demais disposições regula-
mentares existentes, acompanhados de ações objetivas de controle e fiscalização, se estabeleci-
das sobre parâmetros de excelência de engenharia, dão suporte à não aceitação da má qualida-
de e dificultam a elaboração de projetos deficientes em seus desenhos e textos que, na maioria
dos casos, são responsáveis por resultados impróprios.
Por fim, junta elementos de apoio às etapas de concepção, planejamento, execução e acompa-
nhamento, controle e fiscalização das obras públicas, sob os aspectos analisados.
1. INTRODUÇÃO
Parte-se do pressuposto de que conhecer a Lei é o fundamento basilar para cumprir a Lei.
A legislação pátria, mesmo que considerada por muitos como carente em elementos efetivos para
funcionarem como “freios e contrapesos” e apresentando deficiências sistêmicas no que pertine à
eficácia de punibilidade – elemento essencial à sua realização, traz um conjunto de regramentos
que permite, se bem interpretados e praticados, dar-lhe efetividade plena e consistente.Em favor
do conhecimento e disseminação desta legislação, da doutrina e da jurisprudência, conta a possi-
bilidade atual do amplo acesso que os sistemas de informação proporcionam.
A existência de disponibilidade de material de boa qualidade e de forma gratuita, permite aos
técnicos e ao cidadão comum, conhecer o estado da arte e manter-se razoavelmente informado do
que ocorre no meio jurídico.
No sentido contrário, a normalização técnica da ABNT, apresenta custo elevado de aquisição e
restrições significativas em seu acesso não oneroso, ainda mais se considerarmos que seria preci-
so a manutenção de um conjunto das normas técnicas pertinentes junto a cada projetista, em cada
setor de fiscalização, em cada órgão público, mesmo naqueles de menor porte, tais como nos
pequenos municípios ou setores regionalizados dos entes estatais. Este é um entrave a ser venci-
do, visto sua relevância.
Num primeiro momento, a deficiência no domínio das leis não atinge aos técnicos de controle
externo, que, por força de sua atuação, acabam por conhecer amplamente a legislação no que
tange esta forma de fiscalização. É bem verdade que muitas vezes o foco deste conhecimento
está centrado sobre os processos licitatórios ou sobre a análise a posteriori, sem a avaliação mais
amiúde da fase executiva, que é aquela que, se não determina totalmente, influi significativamen-
te sobre a qualidade na materialização das obras.
Também pouco se aborda, via de regra, sobre a qualidade dos projetos, justificando-se, em de-
terminados casos, ser esta uma etapa de decisão discricionária, sem perceber que esta é a fase
onde se define objetivamente a qualidade desejada das obras a empreender, existindo regras bem
definidas e de cumprimento compulsório.
De outro modo, o saber legal adquirido não pode prescindir da integração dos diferentes disposi-
tivos legais existentes, abrangendo a totalidade das etapas do processo. Aqui, de forma similar ao
que se afirmou quanto aos projetos, a verificação fragmentada do todo, pode deixar em aberto
vários pontos de auditoria, principalmente quando essas são executadas sem a presença de equi-
pes multidisciplinares.
Considerando que a normalização técnica é de cumprimento obrigatório, conforme estabelece a
Lei de Licitações (art. 6º, inc. X e art. 12, inc. VI), veremos da premência da interpretação inte-
grada do sistema legal e do sistema normativo vigentes.
Por sua vez, os profissionais de engenharia e arquitetura que atuam na elaboração de projetos e
na execução de obras públicas necessitam ter conhecimentos que perpassam aqueles de sua for-
mação profissional original. Mesmo não podendo exigir que estes profissionais tenham pleno
domínio da legislação, é necessário àqueles que atuem na área pública, um conhecimento básico
sobre os textos legais que atinjam suas atividades. Da mesma forma para as normas técnicas, de
atenção obrigatória, como já se viu.
Desconhecemos qualquer esforço sistemático e eficaz, visando ao preenchimento desta lacuna do
conhecimento. Este esforço poderia sem empreendido desde os bancos acadêmicos, recebendo
apoio no sistema profissional e estímulo nos meios associativos dos distintos entes públicos en-
volvidos, chegando efetivamente aos envolvidos diretamente nas obras públicas: servidores pú-
blicos, empresários e profissionais de engenharia e arquitetura.
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Do confronto entre os instrumentos regulatórios existentes, conceitos tais como os de projeto
básico, projeto executivo, diário de obras, fiscalização, formas e regimes de execução de obras,
devem resultar consolidados no intuito de uma adequada uniformização de procedimentos e das
exigências que deverão ser feitas tanto para os terceiros, quanto para as próprias estruturas dos
entes públicos.
Conforme tratado anteriormente, a consolidação das disposições legais e normativas, de forma
resumida, deverá estar aposta, de acordo com suas finalidades específicas, dentro dos instrumen-
tos regulatórios internos aos entes públicos, tais como cadernos de encargos, manuais ou proce-
dimentos de execução, sendo incorporada nos anexos dos instrumentos convocatórios das licita-
ções, além da inserção pontual nos contratos, nas cláusulas referentes à fiscalização e aceitação
das obras e serviços.
Apesar de sermos um país ainda considerado com pouca cultura (ou tradição) de planejamento,
há alguns anos temos evoluído em termos de legislação, no sentido de regulamentação de proce-
dimentos e da obrigatoriedade de ações de planejamento. Sem aprofundarmos esta discussão,
sobre a qual diversos autores discorrem com maestria, cabe dizer que, no âmbito das obras públi-
cas a Lei 8.666/93 e a Lei Complementar 101/00, trazem importantes avanços que podem subsi-
diar uma atuação planejada e consistente na execução e controle das obras públicas.
A aplicação integrada e consistente das distintas leis, normas técnicas e regulamentos vigentes,
nas diferentes esferas governamentais, pode ser a base de um redirecionamento de condutas e
ações de controle e fiscalização – externos e internos, que gerem aumento na eficácia e na efeti-
vidade das ações para concretização de obras públicas com qualidade.
Certamente, algumas “ilhas” de excelência existem e não podem ser desprezadas. Mas a regra
não tem sido esta.
As obras públicas, neste contexto, deverão ser planejadas de forma que integrem todas as suas
fases internas. A título de classificação, definiremos as etapas do processo global de realização
das obras quatro fases: conceitual estratégica, de viabilização financeira, de planejamento execu-
tivo e de materialização. Estas fases não serão estanques e terão interação constante entre si.
A fase conceitual estratégica, seria a percepção da necessidade da execução da obra, confron-
tada com as prioridades de governo e a sua inserção como meta de gestão.Consiste no processo
de decisão de fazê-la. Nesta fase já deve haver o primeiro contato com os projetistas ou técnicos
que coordenarão a elaboração dos projetos técnicos, visando à estimativa aproximada dos custos
e dos prazos, além da definição das opções tecnológicas disponíveis. Define-se aqui a concepção
ampla da obra.
Essa concepção estratégica deve considerar um consenso social mínimo, que garanta a sua conti-
nuidade quando a execução das obras perpassarem aos governos subseqüentes, evitando-se, desta
maneira, a descontinuidade futura das mesmas, com todas as suas nefastas conseqüências.
A fase de viabilização financeira consiste no planejamento financeiro e do momento da efetiva
realização da obra - seria uma espécie de planejamento teórico de execução da meta, iniciando
com uma estimativa mais acurada dos custos e dos prazos de execução das obras, dentro das pos-
sibilidades de recursos disponíveis – ou mesmo da busca de fontes externas de recursos, e a de-
terminação dessa obra, ao longo dos prazos pertinentes, nos instrumentos legais de planejamento:
o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei do Orçamento Anual.
Se houver necessidade de captação externa de recursos, pode ser preciso um projeto com um
bom nível de detalhamento, para que se tenha confiabilidade nos montantes envolvidos. Aliás,
4
mesmo para a inserção da obra no PPA, se faz necessário ter dados bastante consistentes quanto
ao seu custo, visando evitar imprevistos ao tentar executá-la, posteriormente.
A fase de planejamento executivo consiste na conclusão efetiva dos projetos técnicos e da viabi-
lização de sua execução através do processo de licitação. A atuação passa a ter cunho de opera-
cionalidade, executada de forma quase que exclusiva por parte de técnicos.
Cabe frisar que o processo licitatório somente deverá ser aberto após a concepção projetual defi-
nitiva da obra.
Nesta fase, não é incomum a elaboração de projetos de forma acelerada, em função das deficiên-
cias de planejamento nos diferentes níveis hierárquicos. O resultado disso é a desastrosa qualida-
de das obras e os transtornos significativos no processo de execução das mesmas.
Como exemplo, citamos os municípios que sofrem sobremaneira com liberações de recursos or-
çamentários federais em final de exercício, quando precisam apresentar projetos de última hora
às suas demandas (emendas parlamentares, por exemplo). Sem julgamento de mérito sobre essa
forma de repasse de recursos, constata-se que, muitas vezes os valores envolvidos são liberados
parcialmente, fazendo que, mesmo naqueles municípios onde existiam bons projetos, seja neces-
sário reduzi-los em tempo diminuto, ocasionando projetos incompletos, imprecisos e com forte
tendência à obras de má qualidade.
A fase de materialização consiste na execução, acompanhamento, controle e fiscalização da obra
através dos instrumentos usuais de engenharia e arquitetura, embasados nos termos pactuados
nos instrumentos contratuais e no conjunto de projetos e documentos técnicos existentes.
Nessa fase, merece atenção a maior necessidade de integração entre os diferentes setores técnicos
e administrativos, em função da interligação e agilização dos procedimentos de cada um. A de-
mora de liberação de pagamentos, a burocratização excessiva e o desconhecimento dos passos
necessários ao correto andamento dos processos, nas instâncias internas (ou externas, quando
envolvem recursos de convênios ou repasses), geralmente determinam o encarecimento dos pre-
ços iniciais das propostas, em função da assunção de custos financeiros por parte dos contrata-
dos, que os repassarão, de forma estimada, aos preços de suas propostas.
Todas essas fases devem integrar-se harmônica e eficientemente. Importa que haja a participação
efetiva dos profissionais adequados a cada ato, sem que lhes sejam delegadas tarefas fora de seu
campo de saber.
Apesar da existência de uma maior complexidade, quando de empreendimentos de porte signifi-
cativo, deve-se atentar para a necessidade de coordenação centralizada das atividades, para que o
eventual “excesso” de etapas não resulte em prazos demasiados no processamento da análise de
confirmação de adimplemento das condições contratuais, por exemplo.
Nesse ponto, deve-se dar atenção consistentemente para disposições da chamada Lei de Respon-
sabilidade Fiscal e aos demais instrumentos pertinentes, que estabelecem objetivamente o plane-
jamento como princípio fundamental da Administração Pública. Quanto a isso, o princípio cons-
titucional da Eficiência, insculpido na Carta Maior, já bastaria para nortear as ações dos agentes
públicos.
Nunca é demais lembrar que o serviço público, por sua natureza, somente tem sentido se realiza-
do com eficácia, eficiência e efetividade, mesmo que, no dia-a-dia, esse dever público seja visto
como utópico.
Um exemplo prático de regramento é o artigo 45, da LRF, que pode e deve influir diretamente
sobre as licitações, visto vedar o início de novas obras antes de atendidas aquelas iniciadas ante-
riormente e cumpridas as ações de conservação do patrimônio existente.
O cumprimento rigoroso desta disposição legal não permitiria a existência de obras inacabadas,
pois somente após o andamento pleno das obras existentes, sem a interrupção do plano estabele-
cido, novas obras públicas poderiam ser empreendidas. Da mesma forma, a manutenção dos pré-
dios públicos, das rodovias, dos parques, dos recursos ambientais, dentre outros bens constantes
do patrimônio público estaria garantida.
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Nem mesmo as licitações poderiam ser realizadas, uma vez que ao final do processo, seria con-
tratada nova obra, prática essa vedada, quando desatendida a disposição citada.
No entanto, há que se observar a interpretação adequada da lei. Não se estabelece que as obras
existentes deveriam estar concluídas, antes de iniciarem as obras novas, como se entendeu, inici-
almente. O que se obriga é que não seja modificado o planejamento anterior, tanto nos prazos
originais, quanto no volume de recursos aportados. Por isso da importância de cronogramas físi-
co-financeiros precisos e objetivos.
A Lei 8.666/93, por sua vez, privilegia os projetos como instrumentos de garantia de qualidade,
como veremos no capítulo posterior. Some-se a isso, a obrigatoriedade de atendimento às normas
da ABNT e teremos o caminho para assegurar a qualidade das obras públicas.
Um dos pressupostos básicos do presente artigo é que a existência de projetos bem elaborados
influenciam de forma decisiva na qualidade das obras públicas e ajam na eliminação dos termos
aditivos indevidos, que podem ocasionar, conforme já mencionado, os sobre-preços e outras im-
propriedades relevantes.
O senso comum entende que licitações pelo menor preço obrigam à realização de más aquisi-
ções, o que é totalmente inverídico. Isso por que, a Lei 8.666/93 insiste vigorosamente em senti-
do contrário, quando exige, em vários de seus artigos, especificações claras, precisas e objetivas.
O importante é saber especificar e, por conta disto, exigir a entrega de bens e serviços apropria-
dos ao interesse público. Entende-se que isto não seja exclusivo às obras e serviços de engenharia
–objeto deste estudo, mas a todas as aquisições da Administração Pública.
Pertine observar, quanto aos profissionais que participam das diferentes etapas das obras públi-
cas, que o Responsável Técnico, tal como define a própria denominação, deve ser: responsável,
porque deve cobrir todos os pontos e quesitos necessários ao bom projeto (desenhos e parte escri-
ta), e, técnico, porque deve usar todas as técnicas disponíveis (as melhores técnicas) sem optar
por decisões que não atendam a esses requisitos. Isso, desde a concepção, passando pelas etapas
de projeto, de execução e acompanhamento, pelo controle e pela fiscalização.
Diante disto, importa discorrer sobre os conceitos e definições relevantes que, combinados, le-
vam à plena compreensão da hipótese inicial.
1
GOMES, Márcia Menezes de Assis. Obras Públicas: Projeto Básico x Execução Contratual, artigo apresentado no
VIII SINAOP, Gramado, 2003.
8
O uso indiscriminado de custos obtidos de fontes inconsistentes com o local e a realidade das
obras ou serviços, a inadequada inserção do BDI2 nos preços, dentre outros erros, geram enormes
prejuízos ao bom andamento das atividades de arquitetura e engenharia, ensejando a necessidade
de efetivo aperfeiçoamento de muitos dos profissionais atuantes na área pública.
É na precisão dos orçamentos que se eliminam discrepâncias que acabam por ser “corrigidas” em
termos aditivos contratuais, freqüentemente impróprios, legalmente. Também é nos orçamentos
que podem se configurar situações de fraudes e desvios de recursos públicos, através do jogo de
planilhas, uso de “verbas” e outros artifícios que tantos danos têm causado.
Na combinação da interpretação com o teor da alínea b), acima, percebe-se a necessidade de bons
orçamentos até para que se evitem futuras alterações, “reformulações e variantes”, dispensáveis
na existência de boas planilhas.
Por outro lado, a Lei de Responsabilidade Fiscal, no artigo 50, § 3º estabelece a obrigatoriedade
de manutenção de sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão or-
çamentária, financeira e patrimonial. No caso das obras públicas, portanto, a partir desta obriga-
ção positivada, não há como aceitar a existência de maus orçamentos, sobre-preços e dos termos
aditivos para correção quantitativa, uma vez que exista este sistema implantado. Como sua ine-
xistência, a partir da LRF, passou a ser ilegal, salvo melhor entendimento, todos os entes públi-
cos, em curto prazo, deverão ter disponível um instrumento de extrema valia.
A importância dos projetos adequados (equivalente à especificação adequada nas compras) foi
considerada tão relevante pelo legislador que sua inexistência ou má elaboração pode ocasionar a
nulidade dos atos e a responsabilização dos responsáveis (art. 7º, § 6º).
2
Benefícios e Despesas Indiretas: consiste num percentual que se aplica ao custo da obra em função de despesas
administrativas e gerenciais, além de outras que não são mensuráveis diretamente sobre a produção e do lucro
previsto. Deve ser auferido caso a caso, em funções das características de cada empreendimento, normalmente va-
riando entre 20% a 40%. Para maiores informações recomenda-se ler: Benefícios e Despesas Indiretas (BDI),
MENDES, André Luiz e BASTOS, Patrícia Reis Leitão, Revista do TCU, nº 88, abr-jun/2001, pg. 13.
3
A NBR 13531/95 entende o Projeto Básico como aquele suficiente para licitar uma obra, enquanto que o Projeto
de Execução seria aquele com informações completas e definitivas, que permitem licitar e executar à obra.
9
“é o conjunto de elementos que define a obra, o serviço ou o complexo de obras e
serviços que compõem o empreendimento, de tal modo que suas características bási-
cas e desempenho almejado estejam perfeitamente definidos, possibilitando a estima-
tiva de seu custo e prazo de execução”, sendo uma inserida em “um conjunto mais
abrangente de projetos e estudos, precedido por estudos preliminares, anteprojeto,
estudos de viabilidade técnica, econômica e avaliação de impacto ambiental, e suce-
dida pela fase de projeto executivo ou detalhamento”.
A mesma resolução define um conjunto de atividades projetuais muito similares àquelas elenca-
das na NBR 13.531/95, que a seguir reproduzimos:
Levantamento;
Programa de necessidades;
Estudo de viabilidade;
Estudo preliminar;
Anteprojeto;
Projeto legal;
Projeto básico;
Projeto executivo.
Mesmo que definidas para “edificações”, essas etapas são, em sua essência, a base para qualquer
tipologia de obra ou serviço de engenharia. Porém, o que resta claro é a plena definição do pro-
cesso projetual, que não se resume ao conjunto de plantas e memoriais, mas insere toda uma ló-
gica de planejamento, não claramente declarada no escopo da lei.
Diante do conjunto das atividades listadas – de atenção obrigatória, como mencionado, descabe
qualquer justificativa para a não elaboração de projetos qualificados e suficientes para planejar a
boa qualidade das obras públicas.
Visando complementar a conceituação necessária, mesmo que entendendo a diferença entre um e
outro esteja apenas no nível de detalhamento, apresentamos o conceito de Projeto Executivo,
conforme o Estatuto das Licitações:
“conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de
acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT.”
Nota-se, aqui, que as definições e a abrangência da totalidade da obra devem constar do Projeto
Básico, uma vez que o Projeto Executivo refere-se apenas à fase de materialização da obra, do
“como fazer”, ainda mais se associado ao conceito normatizado de Projeto de Execução, que
reforça este entendimento.
Vale considerar, ainda, o Projeto Legal que serve, a priori, apenas para atender às exigências dos
órgãos públicos que lhes conferem regularidade com os padrões da legislação vigente, sem que
se confunda sua aprovação (obrigatória, pela Lei 8666, art. 7º, §2º, inc.II), com sua adequação
técnica à execução da obra (ou, mesmo, do seu uso como Projeto Básico, o que, freqüentemente
se vê, de forma equivocada).
Além das exigências mínimas que foram elencadas no momento da “conceituação legal”, diver-
sos outros requisitos deverão ser contemplados, visando a consecução de um projeto adequado.
Vejamos um exemplo.
De acordo com o manual do TCU4, um projeto básico bem elaborado para contratação de servi-
ços de manutenção preventiva e corretiva, deve fornecer, dentre outras informações essenciais:
- detalhamento do objeto;
- periodicidade das visitas: se diária, semanal, quinzenal, mensal, etc.
4
TCU, Licitações e Contratos: Orientações Básicas, p.46.
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- horário das visitas de manutenção;
- prazo para atendimento às chamadas;
- equipe mínima/composição da equipe técnica, com registro na entidade profissional
competente;
- existência de plantonistas, quando for o caso;
- relação do material de reposição que deverá estar coberto pelo futuro contrato;
- material mínimo necessário para estoque no local dos serviços;
- local para consertos de equipamento, quando estes não puderem ser feitos no pró-
prio prédio;
- exigência de oficina, quando for o caso.
Esse exemplo é bastante pertinente porque, muitas vezes, a manutenção das obras não é tratada
de forma planejada, através de planos de manutenção preventiva, ocorrendo apenas a manuten-
ção corretiva e, em significativa parcela dos casos, quando as edificações, as rodovias, as obras
de arte, estão gravemente comprometidas, resultando em gastos excessivos de recuperação.
Outra disposição legal que freqüentemente é negligenciada é a que firma que as obras e serviços
destinados aos mesmos fins terão projetos padronizados por tipos, categorias ou classe, exceto
quando o projeto-padrão não atender às condições peculiares do local ou às exigências do empre-
endimento. Esta disposição do artigo 11,visa evitar retrabalhos e criar condições propícias à a-
quisição de bens e serviços de mais fácil especificação e controle de aquisição, além de manuten-
ção simplificada, uma vez que o objeto é padronizado. Como exemplo, poderíamos citar a pa-
dronização de salas de aula ou conjunto delas, onde a unidade de demanda é o número de alu-
nos/sala.
Ao finalizar a análise dos projetos, cabe apresentar a brilhante comparação feita pelo arquiteto
Rasmussen5, quando diz que o projetista “fornece um certo número de desenhos e plantas intei-
ramente impessoais, acompanhados de especificações datilografadas. Este conjunto de instru-
ções deve ser tão inequívoco a ponto de não haver a menor dúvida sobre a construção. O arqui-
teto compõe a música que os outros tocarão”. E vai mais adiante, na precisão de sua compara-
ção, quando menciona que, ao contrário de uma orquestra de músicos gabaritados, normalmente
os operários ou empreiteiros executam sua parte dentro do todo sem compreenderem bem a inter-
ligação das partes que compõem esse todo, e que eventuais falhas individuais poderiam compro-
meter toda a obra.
O cumprimento de todas as exigências projetuais garantiria a qualidade teórica da obra, restando
ao acompanhamento, controle e fiscalização a garantia da boa execução. Por óbvio, que as exi-
gências relativas à qualificação dos profissionais que executarão a obra, somadas à estrutura for-
mal e econômico-financeira, além experiência de demonstração obrigatória pela empresa contra-
tada, darão suporte à materialização adequada das mesmas. Sobre este tema, trataremos adiante.
Há diversas dispositivos legais que apontam no sentido de garantir a qualidade das aquisições
públicas. Afora a elaboração de bons projetos, algumas dela aplicam-se, direta ou indiretamente,
ou mesmo em parte, às obras públicas.
5
RASMUSSEN, Steen Eiler. Arquitetura Vivenciada., pg. 12.
11
A padronização, que é recomendação para as compras públicas, será cabível quando houver ne-
cessidade e conveniência de se estabelecerem critérios uniformes para as aquisições da Adminis-
tração. Via de regra, é aplicável às compras de veículos, de máquinas e de equipamentos, mas
pode ser possível nas obras e nos serviços, ou mesmo para materiais, componentes ou elementos
construtivos que venham a ser incorporados nas obras, desde que em função do interesse público.
Isso poderá ocorre de forma positiva ou negativa. Por exemplo: se determinada marca de cimento
não mantiver resistência mecânica compatível com as normas técnicas pertinentes, de forma
comprovada por ensaios de laboratório, poderá ter seu uso descartado. Da mesma forma, se ape-
nas um tipo de equipamento alcançar desempenho suficiente para a realização de determinada
tarefa – repete-se: de forma suficientemente comprovada, o mesmo poderá ser considerado como
o único a ser empregado nas obras. Esta é uma das possibilidades de especificação de marca.
A previsão da Lei 8666, no que tange às obras, é específica à padronização de projetos, desde que
possam ter repetitividade em suas especificações/características (art. 11).O que não pode variar é
que a escolha deve ser objetiva e técnica, fundamentada em estudos, laudos, perícias e pareceres
que demonstrem as vantagens econômicas e, sobretudo o atendimento ao interesse público. Esse
é o ponto fundamental para o estabelecimento dos “produtos/serviços” padronizados. Não basta à
vontade ou a preferência do administrador. É preciso justificativa técnica e justificativa econômi-
ca. Uma não prescinde da outra, mesmo que, em algum momento uma suplante a outra.
Para habilitação nas licitações públicas, é exigida dos licitantes a comprovação documental rela-
tiva à regularidade fiscal, qualificação técnica e qualificação econômico-financeira. Esse conjun-
to de exigências visa assegurar que os interessados em contratar com o Poder Público possuam
condições econômicas e técnicas para realizarem o objeto contratado de forma adequada, com
um mínimo de riscos aos cofres públicos.
A documentação referente à regularidade fiscal pode trazer os primeiros indícios de solidez da
empresa, uma vez que a inexistência de débitos tributários e fiscais demonstra que inexistem
indisponibilidades imediatas de recursos.
Quanto à qualificação técnica da empresa, no caso das obras públicas, há que se demonstrar o
registro no CREA respectivo; comprovar aptidão para a realização de obra compatível em carac-
terísticas, quantidades e prazos com o objeto da licitação; e indicar as instalações, os equipamen-
tos e o pessoal técnico qualificado e disponível para a realização das mesmas.
A capacidade técnico-profissional diz respeito à comprovação de que a empresa possui em seu
quadro permanente, um profissional detentor de conhecimento técnico – isto comprovado por
atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviços de características seme-
lhantes às do objeto licitado, em suas parcelas relevantes.
No caso de obras de grande vulto e de alta complexidade técnica, a Administração pode exigir
dos licitantes a metodologia de execução. Para efeito de sua aceitação ou não, será efetuada antes
a análise dos preços mediante critérios objetivos definidos no ato convocatório. Essa disposição
enriquece a lógica de detalhamento das atividades de engenharia a empreender e corrobora a hi-
pótese inicial desse trabalho. Não se pode olvidar que na definição de projeto básico, mesmo
para outros portes de obra, é necessário que a metodologia a empregar deva ser passível de en-
tendimento através de especificações e desenhos minimamente definidos.
Enquanto a exigência de capacidade técnica–profissional está relacionada com o pessoal experi-
mentado para execução da obra, a exigência de capacidade técnico-operacional refere-se à expe-
riência da empresa como gestora de meios que lhe possibilitaram executar empreendimento simi-
lar em complexidade ao em licitação, ou seja, demonstra a capacidade operativa da empresa.
Mesmo com a ocorrência do veto presidencial à exigência positiva da capacidade técnico-
operacional, restam mecanismos que a exigem de forma parcial, quer pela demonstração da dis-
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ponibilização de uma estrutura mínima da empresa, quer pela exigência de prova de experiência
anterior.
Essa exigência legal sobre a experiência e habilidade das contratadas é essencial à qualidade das
obras públicas, mesmo que dentro de limites restritos na própria lei das licitações.
Outras disposições da Lei 8.666/93 referem-se à possibilidade de verificar a certificação de pro-
dutos, exigência de amostras, ensaios ou laudos técnicos, que poderão ser utilizadas com eficácia
na execução qualificada das obras públicas.
De todo o exposto, já se percebe a existência de inúmeros instrumentos que são freqüentemente
subutilizados, mas que se tiverem suas potencialidades exploradas adequadamente, em muito
contribuirão para a melhoria no produto “obra pública”.
A primeira garantia de que as obras públicas terão qualidade, ao menos em tese, é a elaboração
de bons projetos, como configurado anteriormente.
A efetiva materialização desta qualidade, no entanto, ocorrerá na fase da execução dos contratos,
que inclui substancialmente o acompanhamento, o controle e a fiscalização da realização materi-
al destas obras. Aqui, acompanhamento, tem o sentido de supervisão das atividades, monitoran-
do o processo como um todo; controle, significa regular a manutenção das condições de execu-
ção das obras dentro de parâmetros aceitáveis e previamente estabelecidos; e,fiscalização, tem a
característica de uso do poder de “superveniência” que o Poder Público traz como prerrogativa
sua, no que tange aos contratos firmados com terceiros.
Na fiscalização, deve-se considerar o art. 54, § 1º, da Lei 8.666/93, onde se estabelece que os
contratos devem ser claros e precisos nas condições de sua execução, não deixando oportunidade
para dúvidas. Se assim não ocorrer, o contrato é impróprio e foi mal formulado.
As exigências de toda a lei, das normas técnicas e dos demais instrumentos regulatórios vincula-
dos, além das condições editalícias e contratuais específicas, dão o suporte à fiscalização efetiva
dos serviços realizados.
Os próprios termos de recebimento de etapas estabelecerão os parâmetros de aceitação dos servi-
ços, além do prazo de observação que deverá ser estabelecido, visando à verificação da ocorrên-
cia de vícios detectáveis a curto prazo. Tudo isso sem que a contratada se escuse, no futuro, de
tender às exigências do Código de Defesa do Consumidor e do Código Civil Brasileiro, que tra-
zem recomendações de significativo impacto sobre obras de qualidade insuficiente.
Como instrumento complementar e obrigatório, tem-se o diário de obra, exigido na Lei 8.666/93,
que, ao serem preenchidos corretamente e revisados com pertinência, podem detectar a ocorrên-
cia de falhas que podem resultar em má qualidade ou orientar às soluções que devem ser adota-
das na prevenção de transtornos futuros.
Conforme se afirma na introdução desse estudo, a cultura dos aditivos contratuais também deve
ser contrariada. Uma, porque denota falta de plena atenção às regras de planejamento e projeto;
outra, por que inova numa relação que estabeleceu parâmetros que passam a ser modificados sem
o conhecimento dos proponentes inicialmente envolvidos. Não que se defenda a impossibilidade
dessas alterações, mas advoga-se pela elaboração destes instrumentos pós-contratuais apenas em
condições onde sejam estritamente necessários e imprescindíveis.
Mesmo quando formalmente anotadas, vemos justificativas que não seriam aceitáveis perante o
espírito da lei, motivando prorrogações nos contratos, aumentos de quantidades em itens especí-
ficos, além da cobertura indevida de falhas de planejamento.
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Por sua posição firme e que merece reflexão, transcreve-se parte de palestra ministrada por Mar-
cos Moreira de Carvalho6, no VI SINAOP, em Florianópolis:
“Consoante a premissa (...) segundo a qual os contratos devem ser cumpridos integralmente
pelas partes, constata-se que as alterações contratuais possuem três origens distintas:
dolo –vontade livre de fazê-lo (via de regra com atuação de má fé);
culpa –quando há constatação de atitude com imperícia, imprudência ou negligência;
caso fortuito ou força maior.”
Essas afirmações incisivas do autor denotam a necessidade de firmeza pelos agentes de fiscaliza-
ção e controle, para que esta “cultura” nociva seja eliminada do dia-a-dia das licitações públicas.
A atuação com dolo é a mais prejudicial das formas de ação, uma vez que, intencionalmente, são
feridos os princípios basilares da administração pública. Na ocorrência de dolo, maior a necessi-
dade de rigorosa punição e responsabilização dos agentes que assim atuaram. Neste sentido, tor-
na-se própria a sentença que assevera ser a certeza da pena o maior desestímulo ao delito.
Importa ressaltar que a Resolução 391/90, do CONFEA, fixa um parâmetro não acompanhado
pela Lei 8.666 e que poderia equacionar diversos questionamentos práticos pós-contratuais: trata-
se da precisão de mais ou menos 15% para a determinação das quantidades e custos dos serviços,
além do custo global da obra. Poder-se-ia entender que, se trazidas à nossa lei, a justificativa de
extrapolação desses limites não seria cabível, se atribuída a imprecisões de projeto.
De outra sorte, a NBR 12.219 (item 3.31) exclui a margem de elaboração de termos aditivos devi-
dos a incorreções projetuais, tais como discrepâncias de especificações ou erros quantitativos. Da
mesma forma, a mesma norma define a entrega do todo contratado como características deste
regime (empreitada por preço global). Dessa forma, a interpretação conjunta com disposição da
Lei das Licitações, onde se prevê a manifestação dos interessados quanto às disposições do ins-
trumento convocatório previamente à fase externa dos certames, estariam sanadas as eventuais
controvérsias “suscitadas” após o início das obras. Não tendo sido manifestadas aprazadamente,
essas discrepâncias deveriam ser assumidas pelo contratado, como ônus de sua desatenção.
As considerações acima, mesmo que não diretamente ligadas à qualidade das obras, por via indi-
reta lhe afeta, pois alteram as condições contratadas, dificultando, em diversas situações reais, a
execução total do objeto que se quis executar, tanto pela falta de recursos para sua complementa-
ção, quanto pelas alterações no seu ritmo de execução e, mesmo, por sua paralisação em função
de demandas judiciais daí advindas.
6.2. Obras que se estendem por mais de um exercício financeiro ou mandato eletivo
Quanto àquelas obras que, em seu planejamento conste a execução em mais de um exercício fi-
nanceiro, além da efetiva previsão de recursos para todo o período de sua duração, há que se a-
tentar para a perfeita concepção das mesmas, para que se evitem erros que comprometam sua
economicidade e sua qualidade ao longo de sua construção.
A consideração de seu processo construtivo, da manutenção e da conservação, além da eficiência
já foi feita no item relativo aos projetos. No que se refere à paralisação de obras, tangenciou-se a
análise, quando do estudo do artigo 45, da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Sobre a existência de cronogramas físico-financeiros elaborados em sintonia com os instrumen-
tos de planejamento previstos na legislação brasileira, foram tecidas breves recomendações. En-
tão, como uma contribuição adicional, serão mencionados dois exemplos que podem balizar os
projetos com duração mais demorada.
Nesses exemplos, a execução por etapas deverá considerar os recursos disponíveis, os fluxos de
caixa disponíveis e sua efetividade imediata.
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Obras Públicas –A Cultura dos Aditamentos Contratuais, VI SINAOP, Florianópolis, 2002
14
Uma escola com “x” salas de aula (x = m + n), tendo sua execução prevista em dois exercícios
subseqüentes, poderia ser planejada de tal forma que se executassem, em sua totalidade, “m”
salas de aula no primeiro ano e as restantes “n” salas no seguinte, visando dar efetividade imedia-
ta (disponibilidade à utilização) das primeiras “n” salas ao final do primeiro ano, somadas às “m”
salas ao final das obras. De forma diferente, seriam feitas, por exemplo, todas as fundações, as
estruturas, as alvenarias e cobertura da totalidade das salas no primeiro ano e das instalações, dos
pisos, dos revestimentos e demais acabamentos no segundo ano, resultando na disponibilidade de
uso apenas ao final de toda a obra.
A paralisação das obras, entre a primeira e a segunda fase da obra, se justificável, não prejudica-
ria a utilização dos recursos aplicados, dando-se efetividade total das primeiras salas, aguardando
a liberação de novos recursos sem a perda dos investimentos iniciais.
Da mesma forma, para construção de rodovias com pavimentação asfáltica, onde seja prevista a
execução completa de trechos específicos, em vez da execução de todos os serviços de terrapla-
nagem, seguidos da execução de toda a sub-base, depois de toda a base e, por fim de todo o re-
vestimento final, seria recomendável que os lotes fossem compostos de trechos menores, porém
completos em suas etapas. Este “fracionamento” do objeto total, traria vantagens na efetividade
dos serviços executados, na conservação das “partes” conclusas, além da conseqüente economia,
por não haver necessidade de repetição –imprópria, diga-se- de etapas já tidas por encerradas.
São bastante conhecidas as rodovias que se arrastam “inacabadas” por muitos anos, recebendo
aportes financeiros a cada novo ano, sendo reiniciadas e tendo necessidade de recuperação de
serviços executdos anteriormente. São bueiros reconstruídos, obras de arte abandonadas, terra-
planagens refeitas, enfim, um inesgotável sumidouro de dinheiro público que precisa ser estanca-
do.
Essa forma de execução, por “etapas efetivas”, reduziria de forma substancial, principalmente
nas obras que perpassam mandatos políticos, as malfadadas obras inacabadas, de tanto custo aos
cofres públicos.
Cabe, ainda, mencionar a NBR 5675/80, que apresenta conceitos importantes sobre a fiscalização
de serviços e obras de arquitetura e engenharia que podem, e devem, ser considerados, visando
reforçar a eficácia dos atos fiscalizatórios.
Normas internas dos entes públicos também são de relevância significativa à instrumentalização
dos agentes que atuarão nos processos que englobam todos os níveis de produção das obras pú-
blicas. Porém, nenhuma ação poderá ser mais efetiva do que a participação qualificada dos técni-
cos envolvidos, se possuidores de conhecimento consistente sobre a legislação, as normas técni-
cas e os demais regulamentos pertinentes às suas atividades, tanto de projeto, quanto de execução
ou de fiscalização.
7. CONCLUSÕES
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS