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FACULDADE DE ECONOMIA
DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO EM ECONOMIA
Nº de Registo do trabalho________________
DEDICATÓRIA
Dedico esta obra monográfica aos meus pais e ao estimado amigo e irmão Francisco
Bernardo Romão.
AGRADECIMENTOS
À pessoa de Cristo Jesus, pela graça de sua obra consumadora na cruz a qual pela
aceitação me tornou Espírito Vivificante. Também lhe agradeço pela tamanha sabedoria
divina derramada sobre mim ao longo da minha formação e na produção desta obra de
grande estima para mim e minha família.
Aos meus pais, João Luemba e Joana Simba Massanga Sumbo, aos quais tenho grande
amor e admiração, pelo suporte multifacetado durante a minha formação superior.
Aos meus irmãos, Catarina Sumbo, Vicente Luemba, Herculano Custódio, Conde
Sumbo, Elsa Luemba, Aida Luemba, Jurema Luemba e Riana Luemba, pela crença
inabalável na minha formação e no meu potencial.
Aos meus amigos e colegas, João Gama, Sérgio Babaca, Denilson Dumbi, Elias
Makila, Ramiro Nzau, David Macaia, Eduardo Liberal, Josué Macani, Mateus
Guala, Manuel Massiala, Ruth Hamuyela, David José, Francisco Lumbi, Clinton
Lubota, Eunice Tchicuata e Marlene Mbado, pela contribuição directa na minha vida
e formação.
Uns se dizem ricos não tendo nada; outros se dizem pobres tendo grandes riquezas.
Provérbios 13:7
ÍNDICE
LISTA DE QUADROS ..................................................................................................... I
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... II
LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................... III
RESUMO .......................................................................................................................... 1
ABSTRACT...................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3
REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 7
1.1 – Crescimento económico ........................................................................................... 7
1.1.1 – Crescimento versus desenvolvimento económico ................................................ 7
1.1.2 – O crescimento no pensamento clássico ................................................................ 8
1.1.3 – Retrospectiva ao modelo Keynesiano de Harrod-Domar ................................... 10
1.2 – Os neoclássicos e os determinantes do crescimento .............................................. 11
1.2.1 – O modelo de crescimento de Solow-Swan ......................................................... 12
1.2.2 – Avaliação do modelo .......................................................................................... 16
1.2.3 – Os problemas de Harrod-Domar e o modelo neoclássico................................... 16
1.2.4 – Extensões do modelo neoclássico ....................................................................... 17
1.2.4.1 – O modelo de Romer ......................................................................................... 18
1.2.4.2 – Breve noção do modelo de Lucas .................................................................... 26
1.2.4.3 – O modelo AK ................................................................................................... 27
1.3 – Crescimento exógeno versus endógeno ................................................................. 28
1.4 – O papel da infraestrutura no crescimento .............................................................. 29
CARACTERIZAÇÃO DA ECONOMIA ANGOLANA ........................................... 31
2.1 – Breve apresentação de Angola ............................................................................... 31
2.2 –Contexto macroeconómico ..................................................................................... 31
2.2.1 – Estrutura económica ........................................................................................... 31
2.2.1.1 – Sector primário ................................................................................................ 31
2.2.1.2 – Sector secundário ............................................................................................. 33
2.2.1.3 – Sector terciário ................................................................................................. 34
2.2.2 – A evolução do produto ........................................................................................ 35
2.2.3 – Os níveis de inflação ........................................................................................... 37
2.2.4 – A empregabilidade .............................................................................................. 39
2.3 – O estado das finanças públicas .............................................................................. 41
2.4 – Relações comerciais com o exterior – a balança de pagamentos .......................... 42
2.4.1 – Conta corrente ..................................................................................................... 43
2.4.2 – Conta capital e financeira ................................................................................... 44
2.4.3 – Erros e omissões ................................................................................................. 44
2.5 – Evolução dos determinantes do crescimento em Angola ...................................... 45
2.5.1 – A poupança ......................................................................................................... 45
2.5.2 – O investimento .................................................................................................... 46
2.5.3 – Progresso tecnológico ......................................................................................... 48
2.5.4 – Crescimento da população angolana................................................................... 49
2.6 – O estado da infraestrutura económica .................................................................... 50
DESAFIOS PARA O CRESCIMENTO ECONÓMICO EM ANGOLA ................ 53
3.1 – Pré-requisitos ......................................................................................................... 53
3.1.1 – Melhoria da qualidade de ensino ........................................................................ 53
3.1.2 – Investimento em infraestruturas económicas ...................................................... 56
3.1.3 – Fortalecimento das instituições ........................................................................... 57
3.2 – Desafios para o crescimento .................................................................................. 60
3.2.1 – Controlo do crescimento populacional ............................................................... 60
3.2.2 – Incentivos à poupança ......................................................................................... 61
3.2.3 – Fomento do investimento em capital .................................................................. 63
3.2.3 – Aposta no progresso tecnológico ........................................................................ 64
CONCLUSÕES ............................................................................................................. 67
SUGESTÕES................................................................................................................. 69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 70
LISTA DE QUADROS
I
LISTA DE FIGURAS
II
LISTA DE ABREVIATURAS
BM – Banco Mundial
BP – Balança de Pagamentos
et al – E outros (as)
EUR – Euro
HD – Harrod e Domar
IC – Investigação Científica
IV – Quarto
III
KZ – Kwanza
p. – Página
PA – Progressão Aritmética
PG – Progressão Geométrica
SS – Solow e Swan
TRM. – Trimestre
IV
USD – United States Dollar
% - Percentagem
V
RESUMO
Durante o contorno económico que se viveu entre 2014 e 2021, o país chegou a alcançar
um crescimento negativo de 2,58%. Diante disso, com o objectivo de produzir uma
reflexão visando determinar os principais desafios para o crescimento, a presente obra
monográfica com o título Desafios Para o Crescimento Económico em Angola na
Perspectiva do Modelo de Crescimento Neoclássico, foi orientada baseando-se na
seguinte questão científica: Quais os desafios para o crescimento económico em Angola
na perspectiva do modelo de crescimento neoclássico? Para a análise utilizou-se o método
observacional seguido das pesquisas descritiva e bibliográfica e para a colecta de dados
apegou-se à análise documental. Após a articulação entre as teorias defendidas pelo
Modelo de Crescimento Neoclássico e as características da economia angolana, ficou
evidenciado que os desafios para o crescimento económico em Angola passam pelo
controlo do crescimento populacional, pelo fomento do investimento em capital e pela
aposta ao progresso tecnológico. Nesse sentido, para a prossecução dos referidos
objectivos, viu-se necessário a criação de condições básicas aos quais denominou-se pré-
requisitos, nomeadamente, a melhoria da qualidade de ensino, o investimento em
infraestruturas económicas e fortalecimento das instituições.
1
ABSTRACT
During the economic climate that took place between 2014 and 2021, the country reached
a negative growth rate of 2.58%. Therefore, with the aim of producing a reflection aimed
at determining the main challenges for growth, this monographic work entitled
Challenges for Economic Growth in Angola from the Perspective of the Neoclassical
Growth Model, was guided based on the following scientific question: What are the
challenges for economic growth in Angola from the perspective of the neoclassical
growth model? For the analysis, the observational method was used, followed by
descriptive and bibliographic research and for data collection, the document analysis was
used. After the articulation between the theories defended by the Neoclassical Growth
Model and the characteristics of the Angolan economy, it became evident that the
challenges for economic growth in Angola involve the contraction of population growth,
the promotion of investment in capital and the commitment to technological progress. In
this sense, in order to pursue the aforementioned objectives, it was necessary to create the
basic conditions which were called prerequisites, namely the improvement of the quality
of education, investment in economic infrastructure and strengthening of institutions.
2
INTRODUÇÃO
Desde o histórico ano de 1776, marcado pela publicação da obra “A Riqueza das Nações”,
vários autores desenvolveram teorias entre elas propositivas e explicativas do crescimento
económico dos países, sobretudo depois da segunda guerra mundial.
A economia de Angola, bastante afectada pela guerra civil que durou quase trinta anos,
viu-se impedida de reunir os pré-requisitos fundamentais para o crescimento assim como
para alcançar níveis satisfatórios nos determinantes do crescimento, se olhar o que
defendem Robert Solow e Trevor Swan. Ainda assim, apresentou durante a década de
2000 excelentes taxas de crescimento económico sustentadas pelas exportações de barris
de petróleo a preços elevados, cujas jazidas estão localizadas em quase toda a extensão
da sua costa marítima.
SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA
1
Angola com maior crescimento mundial na última década. Voa Português. 18 de Janeiro de 2011.
Disponível em «https://www-voaportugues.com/amp/article-01-18-angolaeconomy-voanews-
114130784/1259353.html».
3
principal produto assim como de questões de planeamento relacionadas à criação de
condições de base para o crescimento. Diante dessa problemática e para o alcance do
objectivo do trabalho, a presente obra foi orientada partindo da seguinte questão
científica:
OBJECTIVOS
Geral
Produzir uma reflexão visando contribuir na determinação dos principais desafios para o
crescimento económico em Angola na perspectiva do modelo de crescimento neoclássico.
Específicos
JUSTIFICATIVA
METODOLOGIA
Tendo em vista o objectivo geral desta obra, qual seja produzir uma reflexão visando
contribuir na determinação dos principais desafios para o crescimento na perspectiva do
4
modelo de crescimento neoclássico, a metodologia para o alcance deste está formada do
seguinte modo:
1. Método
Método observacional: é um dos mais utilizados nas ciências sociais e apresenta alguns
aspectos interessantes. “Por um lado, pode ser considerado como o mais primitivo e,
consequentemente, o mais impreciso. Mas, por outro lado, pode ser tido como um dos
mais modernos, visto ser o que possibilita o mais elevado grau de precisão nas ciências
sociais.” (GIL, 2008, p. 16 apud PRODANOV e FREITAS, 2013, p. 37).
2. Tipos de pesquisa
Por pretensão, usou-se os seguintes tipos de pesquisa:
5
monografias e publicações de cariz económico vocacionados a área de crescimento e
desenvolvimento económico.
Estrutura do trabalho
A presente obra monográfica é formada por três capítulos para além da introdução e as
conclusões. O primeiro capítulo intitulado Referencial Teórico, apresentou uma
abordagem teórica dos aspectos centrais do crescimento a luz do modelo de crescimento
neoclássico com recurso às suas extensões e dos postulados dos clássicos economistas a
cerca do crescimento. Caracterização da Economia Angolana, segundo capítulo, expôs o
modo como os aspectos centrais mencionados no capítulo I se apresentavam durante o
período de análise e o terceiro e último capítulo, Desafios Para o Crescimento Económico
em Angola, fruto da relação entre os dois primeiros, procedeu a definição dos pré-
requisitos necessários e os desafios que precisam ser enfrentados e superados para o
crescimento.
6
CAPÍTULO I
REFERENCIAL TEÓRICO
Na data de atribuição do prémio Nobel em Estocolmo, Kuznets proferiu em sua lição que
o crescimento de um país é um incremento da sua capacidade de oferta de produtos
diversos sendo esta capacidade sustentada por uma tecnologia progressiva e nos acertos
institucionais bem como ideológicos que ela exige (KUZNETS, 1971 apud
FIGUEIREDO et al., 2008).
O primeiro autor em seu conceito, faz menção a aspectos como renda da economia,
capacidade produtiva e a mensuração feita pelo indicador denominado PIB ao passo que
o segundo, aponta sem equívocos para a identificação do crescimento em três aspectos
fundamentais: a dimensão temporal como primado da dinâmica de longo prazo; o
aumento da oferta de bens em quantidade e qualidade e as condições de viabilização do
processo nomeadamente o progresso tecnológico e os ajustamentos institucionais e
ideológicos. Portanto, observa-se que os dois autores convergem em suas abordagens do
aumento da capacidade produtiva ou oferta de bens económicos, não obstante o segundo
ter evidenciado as condições as quais as economias devem pautar para o alcance de tal
facto e o horizonte temporal do seu acontecimento.
Diniz (2010, p. 32), alerta que se pegarmos num dicionário veremos que o
desenvolvimento é descrito como o acto de desenvolver, ou seja, desenvolvimento
pressupõe crescimento a partir de uma situação inicial tendo presente a ideia de progresso.
Essa abordagem de Diniz demonstra-nos que nenhuma economia poderá desenvolver sem
antes crescer pois desenvolver pressupõe primeiramente crescer levando a encarar o
crescimento como um subconjunto do desenvolvimento sendo este multifacetado.
7
Quadro 01: crescimento versus desenvolvimento
A visão de Smith
8
adequada repartição do rendimento. Convencido, Smith referiu que se a especialização
conduz ao progresso tecnológico, este chegará ao mercado caso exista no país uma defesa
institucional à protecção da propriedade intelectual. O sistema de transportes para facilitar
a ligação entre a produção e o mercado também foi destacado por Smith sendo que os
ganhos que se alcançam pela especialização repercutem em alterações positivas nas
instituições, no sistema de transportes e no conhecimento humano (DINIZ, 2010).
Os pressupostos de Malthus
Assim como em Malthus, a ideia de que as taxas de crescimento estavam ligadas as taxas
de crescimento da população é também um facto em Ricardo. Ricardo usou uma reflexão
básica determinando que o investimento faz crescer a produção do país e este depende da
taxa de lucro dos capitalistas, isto é, uma taxa de lucro maior pressupõe maior
reinvestimento. Sua lei de rendimentos decrescentes colocava uma estagnação ao
investimento e por conseguinte ao crescimento pois quando fossem explorar terras de
qualidade inferior, o acréscimo de renda que fosse pago para a utilização desta faria com
9
que os lucros dos capitalistas decaíssem. Ricardo introduziu uma definição inovadora de
salários em que os salários naturais seriam definidos fundamentalmente por termos
sociais. O crescimento da população estava estritamente ligado ao desenvolvimento do
país pois os preços de mercado dos salários estariam abaixo dos preços naturais toda vez
que a população excedesse a capacidade da indústria de absorver a mão-de-obra (HUNT;
LAUTZENHEISER, 2013).
Malthus, por sua vez, aponta que o crescimento económico de um país é função do
trabalho e da terra sendo este último fixo e, por este motivo, estará o crescimento sujeito
à lei dos rendimentos decrescentes «da terra» acrescentando que o referido crescimento
não será contínuo pois a população cresce numa PG enquanto a produção cresce em PA.
Ao referir-se da produção agrícola de alimentos, Malthus converge não só com Ricardo,
mas com Smith que, de forma activa, reconhece os ganhos resultantes da agricultura como
um sector de actividade económica. Em sua abordagem, Ricardo aponta o investimento
como sendo o grande determinante do crescimento o que não foge do pressuposto de que
os investimentos são a base do crescimento económico (crescimento que ocorra sem
intervenção do Estado) de Smith” bem como a denotação dos rendimentos decrescentes
da terra de Malthus.
10
aumenta o produto e que cada aumento de poupança se traduz
num aumento do investimento, então, um aumento de poupança
acarretará sempre um aumento da taxa de crescimento (DINIZ,
2010, p. 106).
HD representam o investimento como a variação do stock de capital sendo que este não
sofre perda de valor pelo que um aumento no investimento acarreta sempre um aumento
no stock de capital. O modelo tem como determinante do crescimento a poupança, ou
seja, HD assumem claramente que a taxa de crescimento do produto é directamente
proporcional à taxa de poupança conduzindo a ideia de que para a economia investir em
capital significa que antes teve lugar um acto de poupança (DINIZ, 2010).
A equação do crescimento de HD
∆𝑌 𝜎
= 𝑡𝑐𝑦 =
𝑌 𝛾
(1)
onde:
É árduo ser preciso para a descrição da terminologia neoclássica, porém para esse trabalho
e segundo a abordagem de Jones (1979, p. 80), usaremos a noção de que se refere a
aqueles economistas que se apegaram aos conceitos de revolução marginalista, isto é,
utilidade marginal e produtividade marginal assim como na análise da formação de preços
dos bens singulares e factores de produção em mercados competitivos sem, de maneira
nenhuma, esquecer de fazer referência na possível existência de um conjunto de preços
11
que determinariam a igualdade entre oferta e demanda em todos os mercados da
economia. Quando nos referimos aos neoclássicos, estamos nos referindo de maneira
mais abrangente aos economistas que produziram teorias que enquanto não negam
necessariamente a validade das ideias de Keynes, assumiram a existência de um governo
que de maneira contínua manipula os instrumentos da política económica de modo que
se mantenha o nível de pleno emprego da demanda agregada.
A função de produção
O modelo é definido por uma função de produção Cobb-Douglas Y como sendo a função
da quantidade de capital e de trabalho ao qual K corresponde ao capital e L ao trabalho
que apresenta as seguintes propriedades económicas (DINIZ,2010):
12
O progresso técnico pode assumir diversas formas, podendo de forma geral aumentar a
eficiência de ambos os factores como apenas de qualquer um deles. O progresso técnico
pode ser neutral à Hicks quando afecta com a mesma intensidade a eficiência de ambos
os factores, pode também o progresso técnico ser neutral a Harrod quando faz aumentar
apenas a eficiência do factor trabalho e ainda o progresso técnico a Solow quando
aumenta exclusivamente a eficiência do factor capital sendo que no modelo neoclássico
considera-se um progresso técnico neutral a Harrod resultando numa função de produção
𝒇(𝑲, 𝑨. 𝑳) = 𝑲𝜶 (𝑨𝑳)𝟏−𝜶 (FIGUEIREDO et al, 2008).
y = f(k)
𝐾̇ 𝑌
= 𝑠 − 𝑑.
𝐾 𝐾
(2)
𝑦 = 𝑘 𝛼 𝐴1−𝛼 .
(3)
13
𝑦̇ 𝑘̇ 𝐴̇
= 𝛼 + (1 − 𝛼) .
𝑦 𝑘 𝐴
(4)
Para representar a taxa de crescimento de uma variável nova ao longo dessa trajectória
usaremos conforme Jones (2000), a notação gx. Ao longo dessa trajectória, gy=gk e
portanto, na função do produto por trabalhador depois de aplicar a técnica matemática
Ȧ
tendo em conta que A =g, tem-se gy=gk=g.
Embora não se tenha apresentado o modelo sem tecnologia, a análise que é feita ao
modelo com tecnologia é semelhante ao que se faz ao modelo sem a incorporação do
progresso tecnológico. Todavia, é importante realçar que a diferença reside do facto da
𝐾
variável k deixar de ser constante no longo prazo e uma nova variável estacionária 𝑘̃ = 𝐴𝐿
onde 𝑘̃ representa a razão entre capital por trabalhador e a tecnologia pelo que mais
adiante fez-se referência a isso como razão capital tecnologia (JONES, 2000).
𝑦̃ = 𝑘̃ 𝛼 ,
(5)
onde 𝑦̃ ≡ 𝑌 ∕ 𝐴𝐿 = 𝑦 ∕ 𝐴.
𝑘̃ 𝐾̇ 𝐴̇ 𝐿̇
= − − .
𝑘 𝐾 𝐴 𝐿
(6)
̃̇ = 𝒔𝒚
𝒌 ̃.
̃ − (𝒏 + 𝒈 + 𝒅)𝒌
(7)
14
A figura 2 apresenta o diagrama de Solow com progresso tecnológico. Partindo dum rácio
capital-tecnologia que esteja a baixo do necessário ao estado estacionário admitindo um
ponto 𝑘̃0 , o rácio aumentará gradualmente ao longo do tempo pois o montante de
investimento que está sendo realizado é superior ao que é necessário para manter
constante o rácio. Este facto será verdadeiro até que 𝑠𝑦̃ = (𝑛 + 𝑔 + 𝑑)𝑘̃ no ponto 𝑘̃ ∗,
onde a economia entra no estado estacionário e cresce ao longo da trajectória de
crescimento equilibrado.
̃
(n+g+d)𝒌
̃
𝒔𝒚
𝑘̃0 𝑘̃ ∗ ̃
𝒌
𝑠 1⁄1−𝛼
𝑘̃̇ ∗ = ( ) .
𝑛+𝑔+𝑑
(8)
𝑠 𝛼⁄1−𝛼
̇𝑦̃ ∗ = ( ) .
𝑛+𝑔+𝑑
(9)
15
Agora, para se observar os efeitos para o produto por trabalhador, a equação é reescrita
do seguinte modo
𝑠 𝛼⁄1−𝛼
𝑦 ∗ = 𝐴(𝑡) ( ) ,
𝑛+𝑔+𝑑
(10)
2
JONES, Charles I. Introdução à Teoria do Crescimento Económico. 19ª Tiragem. Elsevier Editora.
RJ. 2000.
17
seja, enquanto a teoria neoclássica do crescimento defende um crescimento resultante de
uma tecnologia exógena, esses autores sustentam um crescimento que ocorre em
decorrência de melhorias tecnológicas endógenas, procurando compreender as forças
económicas que estão por trás do progresso tecnológico3.
Desenvolvido por Paul Romer, por um lado o modelo torna endógeno o progresso
tecnológico por intermédio da introdução da busca por novas ideias por parte de
pesquisadores interessados em obter ganhos a partir de suas invenções e/ou ideias e por
outro, foca-se na explicação das razões que fazem com que os países avançados exibam
um crescimento sustentado sendo que nesse mundo o progresso tecnológico é movido
pela pesquisa e desenvolvimento (JONES, 2000).
Para efeitos desse trabalhado, ao modelo de Romer foi feito uma abordagem breve e geral
da ideia sustentada pelo autor de modo que se absorveu o essencial para suprimir a
insuficiência apresentada pelo modelo de crescimento neoclássico.
O modelo
(11)
3
Uma contribuição importante do modelo é reconhecer que o progresso tecnológico ocorre quando as
empresas ou os inventores maximizadores de lucro buscam desenvolver novos e melhores produtos. É a
possibilidade de auferir lucro que leva as empresas a desenvolverem um novo produto, processo ou ideia.
Assim, as melhorias tecnológicas e o próprio processo de crescimento econômico são compreendidos como
resultado endógeno da economia.
18
Um principal aspecto é que a função de produção apresenta retornos constantes à escala
para ambos os insumos, todavia com a admissão das ideias como insumo de produção
esse facto sofre um contorno, ou seja, a função de produção apresentará retornos
crescentes (JONES, 2000).
As pessoas abrem mão do consumo por uma determinada taxa sk, e se deprecia à taxa
exógena d constituindo a equação de acumulação do capital. O modelo assume que a
mão-de-obra é equivalente à população e essa apresenta um crescimento exponencial a
uma determinada taxa exógena constante n. As equações são apresentadas em seguida:
𝐿̇
𝐾̇ = 𝑠𝐾 𝑌 − 𝑑𝐾. = 𝑛.
𝐿
(12)
Em sua obra, Jones (2000) em relação ao modelo neoclássico, destaca que a equação que
descreve o progresso tecnológico é nova pois o termo de produtividade em Solow cresce
de maneira exógena a uma predeterminada taxa constante. O termo que foi tornado
endógeno constitui o número de ideias que foram geradas em qualquer ponto do tempo e
na versão simples do modelo ele é igual ao número de pessoas que fazendo pesquisas,
procuram descobrir novas ideias LA que multiplica pela taxa à qual elas descobrem novas
ideias, 𝛿 ̅:
𝐴̇ = 𝛿 ̅𝐿𝐴 .
(13)
Para o modelo, existem duas partes da mão-de-obra uma dedicada a gerar novas ideias e
outra a gerar produto estando sujeita a seguinte restrição
𝐿𝐴 + 𝐿𝑌 = 𝐿.
(14)
Conforme Jones (2000, p. 83), a taxa à qual os pesquisadores geram novas ideias é uma
constante ou ainda pensar-se que essa taxa é função das ideias que já foram produzidas
sendo que aquelas geradas no passado podem aumentar a produtividade dos
pesquisadores nos tempos actuais fazendo com que nesse caso 𝛿 ̅ seja uma função
crescente do termo de produtividade A. Podem ser apontados a descoberta do cálculo, a
invenção do laser e o desenvolvimento de circuitos integrados como exemplos de ideias
que aumentaram a produtividade da pesquisa posterior. Se as ideias mais óbvias sejam
descobertas primeiro e as que seguem sejam mais difíceis de gerar, para esse caso 𝛿 ̅ seria
19
uma função decrescente de A. Então, esse raciocínio nos sugere que a taxa para se gerar
novas ideias seja
𝛿 ̅ = 𝛿𝐴𝜙 ,
(15)
𝐴̇ = 𝛿𝐿𝐴𝜆 𝐴𝜙 ,
(16)
gy =gk =ga ,
(17)
4
JONES, Charles I. Introdução à Teoria do Crescimento Económico. 19ª Tiragem. Elsevier Editora.
RJ. 2000.
20
onde o gy é a taxa de crescimento do produto per capita, gk e ga a taxa de crescimento do
𝐴̇ 𝐿𝐴 𝜆
= 𝛿 1−𝜙
𝐴 𝐴
(18)
𝐿̇𝐴 𝐴̇
0=𝜆 − (1 − 𝜙) .
𝐿𝐴 𝐴
(19)
𝜆𝑛
ga = .
1−𝜙
(20)
Neste caso especial, não se enfrenta a duplicação na pesquisa sendo que a produtividade
de um investigador não dependerá do stock de ideias que já existe o que levará a função
de produção ser
𝐴̇ = 𝛿𝐿𝐴
(21)
21
➢ 𝜆 = 1𝑒𝜙 = 1
𝐴̇
= 𝛿𝐿𝐴 .
𝐴
(22)
Com essa situação, a produtividade dos pesquisadores cresce ao longo do tempo mesmo
que for constante o número de pessoas dedicadas à pesquisa.
o que implica que a taxa de tecnologia reduz se o rácio reduzir até ao ponto em que a
economia retornar à sua trajectória de crescimento equilibrado onde g𝐴 = 𝑛 e observa-se
que o incremento permanente na proporção dos que se dedicam à pesquisa também
aumenta de forma temporária a taxa de progresso tecnológico, embora não o faça no longo
prazo (JONES, 2000).
5
JONES, Charles I. Introdução à Teoria do Crescimento Económico. 19ª Tiragem. Elsevier Editora.
RJ. 2000.
22
Figura 03: um aumento na partição de P&D
̇
𝐴/𝐴 𝐴/𝐴 = ̇ 𝛿𝐿𝐴 /𝐴
𝑔𝐴 = 𝑛
𝑨̇
Figura 04: movimento de 𝑨 no tempo
̇
𝐴/𝐴
𝑔𝑎 = 𝑛
23
álgebra usada ao analisar o modelo neoclássico como é o caso do rácio y/A dada pela
seguinte expressão
𝛼⁄1−𝛼
𝑦 ∗ 𝑠𝐾
( ) =( ) (1 − 𝑠𝑅 ).
𝐴 𝑛 + g𝐴 + 𝑑
(23)
Log de A
Efeito de nível
t=0 tempo
Fonte: Jones, 2000, p. 91.
𝐴̇
= 𝛿𝐿𝐴 para o nível de A em termos de força de trabalho ao longo da trajectória de
𝐴
𝛿𝑠𝑅 𝐿
crescimento equilibrado pode ser encarada do seguinte modo 𝐴 = e articulando com
g𝐴
(24)
Dessa equação, observa-se que aquelas economias que investem mais em capital serão
mais ricas e quanto mais pesquisadores houver, menor será o número de trabalhadores na
produção embora resulte numa quantidade maior de ideias que aumentam a produtividade
da economia (JONES, 2000).
24
Embora não se vá desenvolver a economia do modelo, importa referir que o sector de
pesquisa gera ideias novas que tomam a forma de novos bens de capital e o mesmo sector
de pesquisas vende o direito exclusivo de produzir um bem de capital específico para uma
empresa produtora de bens intermediários. Esta, por sua vez, como monopolista, fabrica
o bem de capital e o vende ao sector produtor de bens finais, que gera o produto da
economia (JONES, 2000, p. 93).
25
1.2.4.2 – Breve noção do modelo de Lucas
Macedo (2013, p. 31), declara que o modelo proposto por Lucas parte da premissa que a
educação é um factor determinante na taxa de crescimento de longo prazo. É baseado no
arcabouço de Beker que identifica o capital humano como o motor do crescimento.
Para Beker (1994, apud MACEDO, 2013, p. 31), os diferentes níveis de acumulação de
capital humano são a principal causa da diferença entre as taxas de crescimento
económico entre países.
Para explicar o elemento que tem maior impacto para o crescimento económico de longo
prazo, Lucas introduziu um conceito sustentado no efeito externo do capital humano
denominado externalidade positiva entre agentes.
ℎ̇ = (1 − 𝑢)ℎ,
(25)
ℎ̇
= 1 − 𝑢.
ℎ
(26)
Observa-se que o h entra na função de produção dessa economia tal como a mudança
tecnológica aumentadora de trabalho do modelo de SS original. Assim, não precisamos
continuar resolvendo o modelo. Isto é, funciona exatamente como o modelo de SS em
que chamamos A de capital humano e fazemos g = 1-u.
26
1.2.4.3 – O modelo AK
O modelo tem como pressuposto a reprodução de todos os factores sendo assim uma
reminiscência do modelo de HD que também descreveu a economia pela equação Y=AK
embora o modelo AK admita a existência da depreciação do capital ignorada por HD. O
modelo defende que o investimento deve ser suficiente para a reposição do capital que
deprecia sob pena de não houver crescimento económico (DINIZ, 2010).
𝑌 𝐴𝐾 1 𝐿0 𝐾
𝑦= = = 𝐴 = 𝐴𝑘
𝐿 𝐿 𝐿
(27)
sy
dk
Supondo uma economia em que a situação inicial dada pelo ponto 𝑘0 , se o investimento
for maior que a depreciação, então o stock de capital aumenta. Com o tempo, o
crescimento continua, ou seja, à direita de k0, o investimento é maior que a depreciação
de capital e, portanto, o stock de capital sempre aumentará e, no modelo, o crescimento
nunca sessa (JONES, 2000, p.134).
Se comparar esta figura com o gráfico original de SS, veremos que em SS a acumulação
caracterizava-se pelos retornos decrescentes porque 𝛼 < 1, isto é, o incremento de uma
unidade de capital era um pouco menos produtiva que a anterior e esse facto significa que
finalmente o investimento cairia para o nível da depreciação, terminando com a
27
acumulação de capital (por trabalhador). Contudo, em AK há retornos constantes à
acumulação de capital, ou seja, o produto marginal de cada unidade de capital é sempre
A.
𝐾̇ 𝑌
= 𝑠 − 𝑑.
𝐾 𝐾
(28)
𝐾̇
= 𝑠𝐴 − 𝑑.
𝐾
(29)
𝑌̇
gy ≡ = 𝑠𝐴 − 𝑑.
𝑌
(30)
28
1.4 – O papel da infraestrutura no crescimento
6
PENA, Rodolfo F. Alves. Infraestrutura e desenvolvimento. Disponível em
<<<brasilescola.uol.com.br>>, consultado em 20 de Abril de 2021.
29
Figura 07: contribuição da infraestrutura para o crescimento
Infraestrutura
Benefícios às empresas
Benefício aos domicílios
Aumento do bem-estar
Crescimento
30
CAPÍTULO II
A agricultura tinha sido fortemente menosprezada em Angola, até pouco antes da crise
do petróleo no mercado internacional que conduziu o país a grandes distúrbios com
consequências drásticas, agravadas ainda mais pela pandemia da COVID-19. Em 2016,
ainda com a antiga administração executiva, foi lançado um programa que visa
diversificar a economia, que passa pela redução das importações e aumento da produção
a nível interno também para o aumento das exportações e uma das principais, se não a
principal aposta é a agricultura. Em Agosto de 2020, o ministro da economia e
planeamento, numa entrevista à revista China Investment, reforçou o papel do sector
agrícola e, no âmbito da cooperação com a China, demonstrou o desejo de ver um número
maior de empresários chineses a investirem no sector de agronegócios com ênfase na
produção de máquinas de produção agrícola e fertilizantes.
Pescas
A pesca é uma actividade que tem sido uma aposta forte no país com grande destaque
para as províncias de Luanda, líder pela pesca industrial, e Zaire liderando a pesca
artesanal. Conforme apresentado pela revista EXPANSÃO, o país falhou a meta de
captura em 2019. O Ministério da Economia e Planeamento indicou, em Abril de 2021,
que 85% do peixe que é gerado no país é consumido internamente e que os outros 15%,
que constituem o excedente são exportados. Da produção nacional de peixe destacam-se
a lambula, carapau, entre outros. Embora de maneira superficial, vale mencionar que a
pesca e derivados representam um alto potencial de crescimento já com contribuição
anual de 2,70% do PIB em 2019, conforme apurado pelo BNA. A pesca é uma das
actividades que consta no PRODESI.
Diamante e petróleo
32
nível da recessão económica passando de -6,3% para 17,9% embora com um registo de
0,9% em termos de peso na estrutura do PIB.
O país vive essa conturbada situação económica fruto das alterações voláteis do mercado
internacional de petróleo, o principal produto de exportação e responsável da maior parte
da receita do país. A queda dramática do barril de petróleo conduziu não somente à
economia, mas primeiramente o sector petrolífero do país a uma crise interna que tem
resultado no despedimento constante de trabalhadores por parte das empresas do ramo.
Em 2019, o sector contribuiu com cerca de 27,80% no PIB segundo o relatório
apresentado pelo Banco Nacional de Angola. Em 2020, fruto da paralisação económica
global, muitos poços de exploração ficaram inoperantes por um tempo pelo facto de não
haver demandantes do produto e isso, sem dúvida, conduziu uma quebra significativa a
nível de sector.
Indústria transformadora
33
A situação industrial do país é definida quando observamos, por exemplo, a contribuição
desse sector no PIB ao longo dos anos. Em 2016, 2017, 2018 e 2019 o sector contribuiu
muito pouco no produto gerado pelo país conforme nos ilustra o BNA no relatório e
contas de 2019 ao qual se fez referência que nos anos em evidência, o sector contribuiu
em 5,64%, 6,73%, 7,12 e 6,24%, respectivamente.
Construção e energia
34
segundo relatos, está em curso o processo de diversificação económica e este precisa de
uma grande quantidade de energia para que a industrialização que se avizinha funcione
na sua plenitude.
Como sabemos, Angola viveu, desde 2014, uma recessão económica fruto da
vulnerabilidade do sector impulsionador da sua economia. Deste modo, procuraremos
observar o comportamento do seu produto e as causas gerais que justificam tal
comportamento elegendo uma série temporal de 10 anos.
10
8,54
3,47
4
2 0,94
-0,15
0 -1,1
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
-2,1
-2 -2,58
-4
Fonte: adaptado pelo autor com base nos dados do INE e Banco Mundial, 2019.
35
crescimento do PIB real para 4,95%, 4,82% e 0,94%, respectivamente, tendo caído para
terreno negativo em 2016, com -2,58%.
O referido crescimento, nos últimos 10 anos, nunca teve dias iguais aos 366 dias de 2012.
Nesse ano, conforme o gráfico demonstra, a economia nacional cresceu os incríveis 8,54
% o demonstrando que a economia já tinha superado o ajustamento económico causado
pela crise financeira de 2009. Aquele resultado foi impulsionado tanto pela performance
favorável do sector não petrolífero com um crescimento de 9,10% como pelo crescimento
do sector petrolífero com um crescimento de 4,30%, ou seja, o sector petrolífero
demonstrou um comportamento notável passando de um período contraccionista que
durava 3 anos para um crescimento, como já mencionado, de 4,30%. O comportamento
da economia nesse ano, reflectiu uma melhoria no preço do Barril de Petróleo assim como
a recuperação da produção petrolífera com a entrada em funcionamento de novos campos.
Como se não bastasse, o peso do sector petrolífero no PIB naquele ano reduziu para a
satisfação do Governo que tem, até aos dias de hoje, o objectivo de diversificar cada vez
mais a economia de modo a aumentar de maneira significativa o peso do sector não
petrolífero no PIB (BNA, 2012). No período 2013-2015, constatou-se uma desaceleração
do crescimento económico para 4,95%, 4,82% e 0,94%, respectivamente, tendo caído
para terreno negativo em 2016, 2017, 2018 e 2019. Pode-se dizer que, a partir de 2013,
os problemas económicos da economia nacional tinham começado. Nesse ano, a
economia cresceu 4,95% o que representava uma contracção de 3,59 em relação ao ano
anterior. Mais uma vez, o crescimento verificado nesse ano resultou, sobretudo, do
favorável crescimento do sector não petrolífero em termos reais de 11,54% compensando
o decrescimento verificado no sector petrolífero de 0,33%. Na evolução do sector não
petrolífero, destacou-se o desempenho do sector Agrícola com crescimento estimado em
47,61%, dos Diamantes e outros que terão passado de um crescimento de 0,33% em 2012
para 6,56% em 2013 assim como o sector energético que terá expandido 22,40% nesse
ano face aos 10,40% registados em 2010 conforme os dados do Relatório e Contas
Nacionais apresentado pelo BNA.
36
o pior dos 10 últimos anos da economia nacional com uma taxa de crescimento negativa
de 2,6%.
Desde 2016, o país não mais apresentou taxas de crescimento positivas, uma situação que,
com a pandemia da COVID-19, parece não mostrar indícios de melhoria a curto prazo.
Nos tempos modernos e, apesar do “sossego pouco habitual” a que se refere Samuelson,
o termo inflação saltou das páginas obscuras dos volumosos compêndios de Teoria
Económica para a realidade das preocupações quotidianas do cidadão comum.
37
vantagem disso como pretexto para tais vendas. Uma situação muito difícil de ser contida
do dia a noite pelas autoridades e agentes económicos se não enfrentar os desafios que
temos pela frente, de acordo com a abordagem de Solow e Swan.
45
41,95
40
35
30
25
23,67
20
18,6
16,9
15 15,31 14,27 13,88
10 11,38
9,02
7,69 7,48
5
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 JUL/20
➢ A redução dos preços dos bens alimentares, dos bens energéticos no mercado
internacional e a redução dos preços nos produtos dos principais fornecedores do
país;
➢ Medidas de política adoptadas pelos decisores de política económica como é o
caso de uma maior disciplina no sector fiscal, do rigor da autoridade monetária
em manter a estabilidade dos preços a nível nacional;
Porém, após esse período de certa estabilidade nos preços com uma média de 10,18% na
taxa de inflação e com um registo triplo de um dígito, em 2015 a coisa começou a ficar
feia, tão feia que em 2016 não tínhamos como se não assistir o país a registar uma taxa
de inflação de 41,95% conforme os dados do INE e do BNA.
38
Essa mudança de comportamento registado em 2015 e a explosão da inflação em 2016
são fruto78:
2.2.4 – A empregabilidade
Existe uma correlação directa muito forte entre o emprego e crescimento económico
embora tal realidade já não se observe tanto em países de investimentos do tipo capital
intensivo. Em nossa realidade, o emprego continua tendo essa relação com os níveis de
7
BNA. Relatório e Contas 2015. Luanda.
8
BNA. Relatório e Contas 2016. Luanda.
39
crescimento pois somos um país com investimentos do tipo trabalho intensivo o que
demonstra a sua grande importância. Por isso, o desemprego é um problema que preocupa
os países pois afecta directamente a economia desperdiçando o produto potencial.
35
31,8
30
28,8
26 26 26 26
25 25 25
20 19,9 20
15
10
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Fonte: adaptado pelo autor com base nos dados do INE, BM e OIT, 2020.
Se o desemprego era preocupante até Dezembro de 2019, nos dias subsequentes, fruto da
pandemia da COVID-19, a história tornou-se mais agravante. Quando um país tem uma
taxa de desemprego elevada, as implicações são directas e imediatas que se não for
combatida, se podem prolongar a médio ou até longo prazo sobre a capacidade das
famílias consumirem e, como sabemos, o consumo privado é uma variável
importantíssima do PIB. Numa conversa online promovida pelo BAI, Álves da Rocha fez
uma intervenção sobre o desemprego e realçou que uma taxa de 32,7% de desemprego
40
representa uma catástrofe lembrando que alguns países como Portugal após a intervenção
da troika alcançaram o crescimento económico graças ao consumo privado.
Sobre a taxa de desemprego juvenil que subiu para cerca de 58% naquele ano, Rocha
relacionou-a com a educação chamando atenção que um outro dado importante a reter
das estatísticas do INE, é que dessa percentagem de jovens desempregados há 50%,
sensivelmente, que não estuda nem trabalha, apontando que podem estar em situação de
pobreza.
As finanças do país apresentam uma volatilidade muito grande por ser demasiado
dependente de um sector instável como o do petróleo. Fruto da instabilidade que o
mercado internacional do petróleo tem apresentado, nos últimos anos o país tem passado
por sucessivas revisões dos orçamentos gerais de modo que se ajuste face ao preço do
petróleo, principal produto gerador de receitas para o país. Em 2020, com a pandemia da
COVID-19, houve uma redução da procura e isso compeliu a Rússia e a Arábia Saudita
a uma guerra de preços que pressionou o mesmo para o mínimo dos últimos 20 anos. Por
esse e outros motivos, houve necessidade de revisão do OGE de maneira que se atingisse
à prossecução dos objectivos macroeconómicos traçados e para atacar as necessidades
que a pandemia traria (MINFIN, 2020).
O OGE 2020 inicial, foi previsto a um preço de 55 USD por barril ao passo que as
estimativas que conduziram à revisão do orçamento foram de 33 USD por barril
apresentando um ajuste em baixa relativamente a projecção inicial. As projecções feitas
no OGE 2020 revisto apontaram para um défice fiscal de cerca de 4% do PIB. Essa
previsão mostrou um agravamento de 5,2 p.p relativamente ao projectado no OGE 2020
inicial (MINFIN, 2020).
A dívida pública
O ano 2020 arrancou com uma cifra histórica da dívida pública em Angola, ou seja, a
dívida pública angolana fechou o ano 2019 em exactos 113% do PIB. A depreciação
rápida do Kwanza face ás moedas internacionais no quarto trimestre do ano e a quebra na
produção de petróleo estiveram na base da subida do rácio da dívida pública (MINFIN,
2020).
41
dívida numa trajectória de insustentabilidade tornando imperativo
a adopção de medidas para reverter a tendência. Por esta razão,
os esforços de consolidação fiscal não deixariam de ser
imprescindíveis para o Governo (MINFIN, 2020, p. 12).
Figura 11: Dívida externa pública por países 2019 (em milhões de USD)
22 424,50
12 750,00
4 356,10
2 264,70
970,6
896,1
776,6
766,9
609,9
557,4
471,3
442,8
297,4
269,6
213,8
168,1
111,2
890
72,4
47,6
36,4
27,4
21,4
13,4
0,6
0,4
1,6
1,6
0,1
0,1
0,3
1,6
Fonte: BNA-Dívida Externa Pública (Stock) 2012-2020.
A economia nacional assim como as outras economias do mundo não são autossuficientes
e, portanto, abertas estabelecendo relações económicas entre si. São nessas relações que
se consegue importar os bens e serviços que necessitamos e que, por si só, não se
consegue obter e são também nessas relações que se exporta o excedente gerando receita
para o país. O registo dessas transacções é realizado na Balança de pagamentos.
42
tempo (SOUZA, 2007 apud RODRIGUES, 2012). Ela, é constituída por 3 balanças
nomeadamente a corrente, a de capital e a financeira.
30,6%, ou seja, passando dos USD 7.402,6 para os USD 5.137,4 milhões (BNA, 2020).
O gráfico ilustra por um lado o valor em milhões de USD e por outro o valor da conta
corrente em percentagem do PIB e com clarividência, observa-se o referido anteriormente
relativo ao aumento do peso da conta no PIB. Destacamos que o aumento verificado na
conta de bens foi fruto do incremento nas exportações no quarto trimestre de 2019
sustentado pelo aumento ligeiro do preço médio do petróleo bruto e também acréscimo
das exportações. Entre os principais destinatários das exportações de petróleo bruto
gerado pelo país, a China, como se havia de esperar, manteve-se na liderança com 71,1%
seguido da Espanha e da Índia com 6,2% e 4,5%, respectivamente (BNA, 2020).
43
2.4.2 – Conta capital e financeira
É necessário analisar a discrepância estatística das fontes de informação que são usadas
na elaboração da balança de pagamentos. A rubrica apresentou um valor negativo
estimados em USD 689,5 milhões que no PIB representa 3,7% (BNA, 2020).
44
Figura 13: Balança de Pagamentos de Angola 2019 (em milhões de USD)
6 000,00
5 137,40
5 000,00
4 207,60
4 000,00
3 000,00
2 000,00
1 000,00
2
0,00
Conta corrente conta capital Conta financeira Erros e omissões
-1 000,00
-931,8
-2 000,00
2.5.1 – A poupança
Os agentes econômico têm que decidir como será usada sua renda. A renda do trabalhador
é o seu salário, a do empresário é o lucro e a renda desses agentes econômicos pode ser
usada para o consumo ou para a poupança.
Segundo Rodrigues (2012, p. 49), a parte da renda das pessoas que não é gasta com o
consumo (compra de produtos e serviços) é destinada à poupança. A poupança é a parte
da renda que as pessoas poupam, ou seja, para realizar a poupança as pessoas não gastam
toda a sua renda em consumo.
Silva e Luiz (2001 apud RODRIGUES, 2012), afirmam que em relação ao sistema
económico, a formação da poupança significa investimento. O investimento para além de
significar a variação (aumento) de estoque, também é formado por despesas como compra
de máquinas e equipamentos e construção de novas unidades produtivas que visam
aumentar a capacidade produtiva das empresas.
45
Figura 14: Razão Poupança - Renda Disponível Bruta (2010-2017)
45 42,04 41,15
39,73
40
35,1
35 32,31
29,17
30 25,94 24,93
25
20
15
10
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
A figura é clara ao mostrar qual tem sido a parte da renda destinada à poupança. Os dados
mostram-nos que em 2017, do total da renda disponível apenas 24,93% é destinada à
poupança, ou seja, nem 30% da renda é poupada e essa situação demonstrada certamente
justifica a taxa de investimento verificada no país segundo dados fornecidos pelo BNA
sendo que a principal razão desse baixo rácio é, sem dúvida, o produto da economia que
é resultado de baixa produção e rendimentos baixos a nível do país.
2.5.2 – O investimento
46
destinação da renda à poupança. A figura a seguir, mostra-nos as taxas de investimento
no período 2010-2017.
20
15
10
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Ambiente de negócio: segundo dados publicados pelo Banco Mundial nos finais do ano
2019, Angola ocupava em 2020 a 177ª posição em 190 países analisados com os melhores
ambientes de negócios do mundo, ou seja, é o 14º país do mundo com o pior ambiente de
negócios, uma situação que não ajuda em nada a actracção de investimentos, sobretudo
estrangeiros, para gerar crescimento económico ao país.
47
nacionais como é o caso de Yuri Quixina que afirmou dizendo que o resultado deste é
uma incógnita pois a história mostra-nos que quando o banco público (BPC) entra nesse
processo, o crédito vai aos privilegiados9
O BM publicou em 2019 o IGI 2019 e em 2020 o IGI 2020 e Angola nem sequer consta
na lista de 129 países mais inovadores do mundo. Numa entrevista exclusiva a O PAÍS,
Domingos da Silva Neto, SEITMES, afirmou que o país carece de um mecanismo
específico de financiamento da ciência. Observa-se que duas entidades do governo
coadjuvam da mesma ideia de que a falta de financiamento tem sido um problema, se não
o maior problema.
9
Yuri Quixina:“Sempre que o Governo tentou criar crescimento económico através de programas de crédito
esbanjou dinheiro”. Uma das razões que nos levaram à crise foram os programas de créditos. Nas últimas
décadas, sempre que o Governo tentou criar crescimento económico, através de programas de crédito,
estragou o crescimento ou esbanjou dinheiro. Quem vai pagar o diferencial da taxa de juros é o povo,
através dos impostos. Porque a taxa do PAC é de 7,5% e no mercado está acima de 15%. Devia-se evitar
os bancos públicos nesses processos. Ler mais em http://bit.ly/2unu8i4.
48
Segundo a revista Expansão (2020), a investigação científica em Angola é desvalorizada
por alguns pontos críticos que precisam ser analisados:
Para termos uma ideia da situação tecnológica que é resultado do processo de investigação
científica de acordo com o modelo de crescimento endógeno de Romer, o OGE 2020
destina menos de 3% do PIB para pesquisa científica pelo que os desafios à investigação
científica são imensos.
Segundo os dados apresentados pelo INE (2016), resultantes do Censo 2014, a população
de Angola naquele ano era de 25.789.024 habitantes sendo 12.499.041 homens e
13.289.983 mulheres. A população de Angola é composta por um conjunto de etnias.
Estima-se que 95% dos angolanos são africanos bantu. Nos países africanos de expressão
portuguesa, Angola é o país que está a crescer mais rapidamente, ou seja, a população
angolana triplicou nos últimos 15 anos de acordo com a observação baseada no relatório
anual das Nações Unidas sobre o Estado da População em 2019. A Observaçãor ainda
49
declara que a população angolana ascendeu a 31,8 milhões de pessoas apresentando uma
taxa média de crescimento populacional entre o período 2010-2019 de cerca de 3,4%.
3,8 3,76
3,72
3,68
3,7 3,64
3,59
3,6 3,53
3,5 3,46
3,41
3,4 3,35
3,31
3,3
3,2
3,1
3
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Fonte: Countrymeters.info/pt/Angola
50
Nas zonas rurais há uma autêntica paragem nas infraestruturas rodoviárias, ou seja, há
zonas que de certo modo possuem estradas, mas em condições deploráveis, e outras zonas
que simplesmente não possuem e isso tem conduzido essas zonas a uma estagnação
produtiva acentuada.
No lado da navegação aérea, o país dispõe de vários aeroportos domésticos que fazem as
ligações entre as diferentes províncias a nível do país e exclusivamente um aeroporto
internacional que, neste caso, é a primordial via de entrada e saída do país.
Energia e água
Nos últimos anos, o executivo tem construído ao longo do país uma série de centrais
eléctricas e barragens de modo que se melhore a produção e o fornecimento de energia à
população e, obviamente, aos agentes económicos que necessitam para o
desenvolvimento de suas actividades económicas. Todavia, é visível que existem
localidades em toda a extensão do país que não beneficiam de corrente eléctrica e como
consequência há sucessivas deteriorações de produtos conserváveis em frio e
desincentivo à produção industrial. Nas zonas urbanas, periféricas e rurais, os agentes
económicos são compelidos a serem proprietários de geradores de reserva para acudir aos
sucessivos cortes de luz que acontecem e em grande parte nos horários de trabalho.
Saneamento
51
Telecomunicação
52
CAPÍTULO III
3.1 – Pré-requisitos
Qualquer actividade humana, antes da sua prossecução necessita de uma preparação. Sem
preparação os resultados futuros são imprevisíveis podendo assumirem valores positivos
ou negativos, embora seja de quase certeza que o despreparo só resulta em colheita de
resultados negativos. Os pré-requisitos são fundamentais para a prossecução dos desafios
para o crescimento económico em Angola pois eles garantem ao país a reunião das
condições básicas para atacar tal objectivo, ou seja, os pré-requisitos se não satisfeitos
interpelam na capacidade do país para vencer os desafios que se seguem.
O ensino de qualidade é aqui analisado por um lado pelo ensino geral e por outro pela
qualidade da universidade do país. Numa visão de ensino superior, Capita (2021)
referenciou que o ensino de qualidade é aquele que se traduz pela intervenção, capacidade
de gerar consciência crítica e de entendimento. Concorrem para a qualidade de ensino
três agentes fundamentais e distintos com funções especificamente diferentes, isto é, o
Governo, os docentes e os estudantes sendo estes sujeitos activos ao passo que a nível do
ensino geral estes se apresentam como sujeitos passivos.
53
A melhoria da qualidade de ensino surge, segundo essa análise, como pré-requisito
fundamental pois, fica evidenciado desde os clássicos até aos economistas defensores da
teoria do crescimento endógeno que, a educação está estritamente ligada ao crescimento
económico dos países. Muitos países que, algumas décadas atrás eram tidas como pobres,
hoje alcançaram níveis soberbos de desenvolvimento sustentados sobretudo pelo
investimento em políticas educacionais que garantiram para si uma educação de
qualidade capaz de gerar para o país pessoas habilitadas para a superação dos desafios
económicos que enfrentavam. Para esse grupo de países, destacam-se os chamados tigres
asiáticos, a Finlândia10, a Alemanha11, Suécia e outros.
Sendo o Governo o agente responsável pela criação das condições gerais da educação,
desde as leis educacionais até a infraestrutura para o desenvolvimento do próprio sector,
a fatia destinada para a educação precisa de um incremento.
Realidades no resto do mundo mostram que uma educação com liberdade de expressão e
imprensa é geralmente uma educação competitiva e de qualidade. Ligado a isso, seria de
grande benefício expelir a expressão “não estou a falar política” nas salas de aulas do
país.
Na Finlândia, por exemplo, para ser professor é necessário que o candidato tenha pelo
menos o mestrado feito. Porém, como no nosso país o ensino obrigatório é a conclusão
do segundo ciclo, passa a ideia que o curso médio de professores precisa ser mais exigente
10
Destacado como o país com a melhor educação do mundo e um dos países que mais investe nesse sector.
11
Referência por ser um país pobre em recursos naturais e também por ser um país militarmente histórico
pelas derrotas nas guerras mundiais, desenvolveu por investir fortemente na educação e recentemente
aprovou um programa de investimento 2021-2030 de cerca de 160 bilhões de euros para a educação.
12
Medida adoptada pela Finlândia para facilitar os estudantes na realização de trabalhos de pesquisa, envios
de documentos, vídeo aulas e outros benefícios.
54
a todos os níveis pois a formação de professores de qualidade não consiste em
apresentação de teorias a respeito da educação.
Autores como Rabelo (2010), afirmaram que a remuneração docente torna competitiva a
profissão evitando sobretudo a compra e venda de notas que é um problema muito
recorrente no sistema de ensino do país e de muitos países do terceiro mundo. Por isso,
devotar atenção no rendimento que um professor aufere é pensar em qualidade de ensino.
55
3.1.2 – Investimento em infraestruturas económicas
56
aspecto faz-se referência a água e sobre este, o projecto água para todos vem para
responder exactamente isso, não obstante ter-se em atenção que a instalação deve garantir
o fornecimento pois uma instalação sem fornecimento é nula. Para o fornecimento de
água, um basta deve ser dado às sucessivas interrupções noturnas no fornecimento de
água.
Uma população enferma não trabalha. Portanto, a restruturação da periferia é uma via de
reduzir o índice elevado de doenças causadas pelas águas paradas em valas e pela
quantidade excessiva de lixo que é produzida e alocada nas mesmas localidades de
produção. A construção de valas de drenagem adequadas e a criação de um sistema de
tratamento de resíduos eficiente baseado na recolha, separação, reciclagem e descarte
para aqueles resíduos não recuperáveis contribuirão para a minimização desse problema.
57
existência de disfuncionalidades, incompetências, corrupção, nepotismo, peculato e
outros malefícios institucionais muito visíveis no nosso país. Para esse fortalecimento,
também entram em cena os funcionários, responsáveis pela operacionalização das
actividades diárias das instituições, e não funcionários das referidas instituições
constituída pelo resto da população, cujo papel consiste na exigência e avaliação
constante dos serviços prestados pelas instituições quer em caixas de sugestões ou
reclamações das referidas instituições, quer pela produção de textos críticos promulgados
nos sites informativos, redes sociais e outros canais de comunicação.
58
facilite evitando diversas voltas de uma instituição à outra instituição sendo que essa
fundição pode ser interna e externa, isto é, a nível interno consiste na redução dos passos
necessários para tal aquisição e a nível externo aproximar as instituições de serviços
complementares para que um assunto seja resolvido em tempo mínimo evitando que os
agentes percorram distâncias desnecessárias para o solucionamento de uma situação, por
vezes mínima.
59
externos, impulsionará o aumento do investimento interno e a atracção de investimentos
estrangeiros capazes de gerar riqueza para o país e pelos rendimentos, o crescimento.
Neste sentido, pelo facto da taxa de crescimento populacional ser superior à taxa de
crescimento económico no país, é viável fazer um acompanhamento para garantir o
60
controlo do seu crescimento através da melhoria da qualidade de ensino, pois a esse ritmo,
num período próximo seria de todo necessário se considerar a contracção efectiva do
crescimento da população como firme desafio para o crescimento económico de Angola.
Segundo os dados disponibilizados pelo BNA até 2017, conforme ilustrado no capítulo
anterior, o país apresentava uma taxa de poupança, medida pelo rácio poupança-renda
disponível bruta, de 24,93%. Embora não hajam critérios específicos de determinação do
nível de poupança necessário para o sustento da economia se não a realidade local
determinada pelo diagnóstico territorial, o indicador apresentado pelo país remete-nos a
uma situação em que menos de 25% do rendimento disponível é destinado à poupança e
passa-nos que pelo quadro actual é necessário muito mais. A luz do defendido pelo
modelo de crescimento neoclássico, incentivar à poupança é um desafio para Angola e
num cenário caracterizado por baixos rendimentos e um nível de preços que coroe
substancialmente o poder de compra da população, o mesmo ainda se depara, por
exemplo, com a problemática do consumismo nacional, que é uma questão psicológica.
Deste modo, fica claro que os incentivos à poupança transcendem os aspectos
económicos, isto é, enquanto os modelos clássicos eram baseados exclusivamente em
factores económicos13, os modelos actuais fazem a inclusão de questões psicológicas e
sociodemográficas aos determinantes do comportamento de poupança. Nesta linha de
pensamento, para o incentivo à poupança se deve:
13
Rendimento disponível, nível de preços, investimentos e outros factores económicos.
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concedidos a possibilidade de investimento em produtos financeiros de suas escolhas
como quiserem, pelo que a disponibilização de produtos financeiros para agentes de baixa
renda deve ocorrer correntemente e com informação de qualidade.
Aqui fica visível, de novo, que é necessário que se elabore uma revisão dos pontos de
estabelecimento dos caixas electrónicos evitando a concentração nas cidades e fixando-
as em zonas estratégicas e mais distantes das cidades para que se corte significativamente
os custos de transporte dos moradores dessas localidades para as cidades, ao qual segundo
relatos, é um dos factores que contribui na tomada de decisão de entesouramento de
capitais.
Incentivar à poupança é um desafio para o país, segundo o que defendem Solow e Swan
se articulado com a caracterização da economia do país, e é claro que se vencido, haverá
uma quantidade considerável de meios monetários disponíveis para financiar um
determinado nível de investimentos. A literatura económica alerta que acções
conducentes ao aumento da poupança interna podem servir de alternativa plausível para
minimizar os níveis de endividamento, por isso o aumento dos níveis de poupança
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asseguraria também a redução do alto nível dívida do país. Pela taxa apresentada em 2017
e pela necessidade do incremento considerável dos níveis de poupança, o desafio consiste
em fazer com que esse rácio cresça o suficiente para situar-se em torno dos 35%.
Primeiramente será resultado dos incentivos à poupança referidos no ponto 3.2.2, pois
com uma fonte de financiamento mais alargada em quantidade monetária, a capacidade
de gerar investimentos também é agregada.
14
Y=C+I+G
S=I
63
casos. Para isso, procede-se a concessão obrigatória de assistência técnica às empresas,
método semelhante ao adoptado pelo FMI quando aprova um programa de financiamento
aos Estados, de modo que se evite o uso dos recursos financeiros de maneiras que não
produzam valores para o investimento e para a restituição dos financiamentos.
O índice global de inovação de 2019 demonstrou que o país está numa precariedade em
termos de criatividade e produção de conhecimento científico capaz de gerar bens de
capital colocando-o numa posição em que não figura na lista dos 129 países mais
inovadores do mundo o que, de facto, desprestigia na totalidade a investigação científica
que é feita a nível do país. Para esse desafio assim como os outros, chega-nos a questão
como?
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lo para o futuro. É na universidade que reside o futuro da transformação económica
esperada pelo país e por isso, destinar valores significativos para a sua operacionalização
é um investimento sábio com reais certezas de resultados positivos futuros.
15
Concentrar mentes é uma política que todos os Estados do mundo deveriam adoptar. Existem poucas
coisas mais poderosas do que meter duas mentes brilhantes trabalhando em grupo num projecto de
pesquisa. Essa política é adoptada por um conjunto de países do mundo liderados pela Dinamarca onde
uma quinta parte das suas pesquisas é citada em 10% das publicações mais relevantes dos países da
OCDE.
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para a produção de conhecimento necessário para a inovação. O resultado da aposta na
ciência e inovação é quase inevitável no mundo e nos dias actuais em África, os resultados
são positivos, por exemplo na África do Sul, e começam a ser visíveis em países como
Ruanda que, pela maneira muito particular de pensar e ver as coisas de seu líder máximo,
está a ritmos muito bons rumo ao desenvolvimento tendo como uma fundamental aposta
a tecnologia.
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CONCLUSÕES
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análise estão a baixo do nível que se espera para proporcionar crescimento
contínuo ao país.
c) Pela precariedade dos determinantes do crescimento evidenciadas pela
caracterização da economia angolana em articulação com os pressupostos do
modelo de crescimento neoclássico, os desafios para o crescimento económico
em Angola consistem no controlo do crescimento populacional através da
melhoria da qualidade de ensino, no fomento do investimento em capital
resultante, principalmente, dos incentivos e captação de poupança das famílias e
na aposta ao progresso tecnológico através de investimentos em produção de
ideias que geram bens de capital. Porém, para isso, é necessário que a melhoria
da qualidade do ensino, o fortalecimento das instituições e o investimento em
infraestruturas económicas sejam alcançadas previamente.
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SUGESTÕES
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
70
MACEDO, Moisés Suzarte Lima. Capital Humano em Modelo Neoclássico: Um
estudo Comparado da Produtividade Total dos Factores do Brasil e Chile. Brasília.
2013.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. Editora Best Seller. SP. 1999.
Documentos electrónicos
Countrymeters.info/pt/Angola
71
QUIXINA, Yuri. Sempre que o Governo tentou criar crescimento económico através
de programas de crédito esbanjou dinheiro. Disponível em: http://bit.ly/2unu8i4.
Acesso em 30/04/2020.
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