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UNIVERSIDADE ONZE DE NOVEMBRO

FACULDADE DE ECONOMIA
DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO EM ECONOMIA

DESAFIOS PARA O CRESCIMENTO ECONÓMICO EM ANGOLA NA


PERSPECTIVA DO MODELO DE CRESCIMENTO NEOCLÁSSICO

TRABALHO DE FIM DO CURSO APRESENTADO PARA A OBTENÇÃO DO


TÍTULO DE LICENCIADO EM ECONOMIA

ELABORADO POR: TACAMARO JOÃO LUEMBA

CABINDA, AGOSTO DE 2022


UNIVERSIDADE ONZE DE NOVEMBRO
FACULDADE DE ECONOMIA
DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO EM ECONOMIA

DESAFIOS PARA O CRESCIMENTO ECONÓMICO EM ANGOLA NA


PERSPECTIVA DO MODELO DE CRESCIMENTO NEOCLÁSSICO

Trabalho de fim do curso apresentado à Faculdade De Economia, como parte das


exigências do curso superior em Economia, para a obtenção do título de Licenciado em
Economia.

ELABORADO POR: TACAMARO JOÃO LUEMBA

Orientado por: Professor Associado DR. Flaviano Luemba Capita, Ph.D.

CABINDA, AGOSTO DE 2022

Nº de Registo do trabalho________________
DEDICATÓRIA

Dedico esta obra monográfica aos meus pais e ao estimado amigo e irmão Francisco
Bernardo Romão.
AGRADECIMENTOS

À pessoa de Cristo Jesus, pela graça de sua obra consumadora na cruz a qual pela
aceitação me tornou Espírito Vivificante. Também lhe agradeço pela tamanha sabedoria
divina derramada sobre mim ao longo da minha formação e na produção desta obra de
grande estima para mim e minha família.

Aos meus pais, João Luemba e Joana Simba Massanga Sumbo, aos quais tenho grande
amor e admiração, pelo suporte multifacetado durante a minha formação superior.

Ao meu digníssimo tutor-mentor, Prof. Doutor Flaviano Luemba Capita, pela


esplêndida orientação na elaboração desta obra monográfica assim como pela completa
mentorização socio-académica.

Aos meus irmãos, Catarina Sumbo, Vicente Luemba, Herculano Custódio, Conde
Sumbo, Elsa Luemba, Aida Luemba, Jurema Luemba e Riana Luemba, pela crença
inabalável na minha formação e no meu potencial.

Ao meu admirável pai, António Manuel Mbunga dos Santos, em representação da


Escola da Palavra Viva, pelos ensinamentos e por me tornar parte dessa família de
Cristo.

À Direcção da Faculdade de Economia da Universidade 11 de Novembro, ao corpo de


docentes destacando o Dr. André Nduli Luemba pelo acompanhamento e apoio dado, e
ao corpo não docente pela contribuição indirecta que tiveram na minha formação.

Aos meus amigos e colegas, João Gama, Sérgio Babaca, Denilson Dumbi, Elias
Makila, Ramiro Nzau, David Macaia, Eduardo Liberal, Josué Macani, Mateus
Guala, Manuel Massiala, Ruth Hamuyela, David José, Francisco Lumbi, Clinton
Lubota, Eunice Tchicuata e Marlene Mbado, pela contribuição directa na minha vida
e formação.

A todos que contribuíram directamente ou de certa forma na minha formação superior.

O meu muito obrigado!


PENSAMENTO

Uns se dizem ricos não tendo nada; outros se dizem pobres tendo grandes riquezas.

Provérbios 13:7
ÍNDICE
LISTA DE QUADROS ..................................................................................................... I
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... II
LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................... III
RESUMO .......................................................................................................................... 1
ABSTRACT...................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3
REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 7
1.1 – Crescimento económico ........................................................................................... 7
1.1.1 – Crescimento versus desenvolvimento económico ................................................ 7
1.1.2 – O crescimento no pensamento clássico ................................................................ 8
1.1.3 – Retrospectiva ao modelo Keynesiano de Harrod-Domar ................................... 10
1.2 – Os neoclássicos e os determinantes do crescimento .............................................. 11
1.2.1 – O modelo de crescimento de Solow-Swan ......................................................... 12
1.2.2 – Avaliação do modelo .......................................................................................... 16
1.2.3 – Os problemas de Harrod-Domar e o modelo neoclássico................................... 16
1.2.4 – Extensões do modelo neoclássico ....................................................................... 17
1.2.4.1 – O modelo de Romer ......................................................................................... 18
1.2.4.2 – Breve noção do modelo de Lucas .................................................................... 26
1.2.4.3 – O modelo AK ................................................................................................... 27
1.3 – Crescimento exógeno versus endógeno ................................................................. 28
1.4 – O papel da infraestrutura no crescimento .............................................................. 29
CARACTERIZAÇÃO DA ECONOMIA ANGOLANA ........................................... 31
2.1 – Breve apresentação de Angola ............................................................................... 31
2.2 –Contexto macroeconómico ..................................................................................... 31
2.2.1 – Estrutura económica ........................................................................................... 31
2.2.1.1 – Sector primário ................................................................................................ 31
2.2.1.2 – Sector secundário ............................................................................................. 33
2.2.1.3 – Sector terciário ................................................................................................. 34
2.2.2 – A evolução do produto ........................................................................................ 35
2.2.3 – Os níveis de inflação ........................................................................................... 37
2.2.4 – A empregabilidade .............................................................................................. 39
2.3 – O estado das finanças públicas .............................................................................. 41
2.4 – Relações comerciais com o exterior – a balança de pagamentos .......................... 42
2.4.1 – Conta corrente ..................................................................................................... 43
2.4.2 – Conta capital e financeira ................................................................................... 44
2.4.3 – Erros e omissões ................................................................................................. 44
2.5 – Evolução dos determinantes do crescimento em Angola ...................................... 45
2.5.1 – A poupança ......................................................................................................... 45
2.5.2 – O investimento .................................................................................................... 46
2.5.3 – Progresso tecnológico ......................................................................................... 48
2.5.4 – Crescimento da população angolana................................................................... 49
2.6 – O estado da infraestrutura económica .................................................................... 50
DESAFIOS PARA O CRESCIMENTO ECONÓMICO EM ANGOLA ................ 53
3.1 – Pré-requisitos ......................................................................................................... 53
3.1.1 – Melhoria da qualidade de ensino ........................................................................ 53
3.1.2 – Investimento em infraestruturas económicas ...................................................... 56
3.1.3 – Fortalecimento das instituições ........................................................................... 57
3.2 – Desafios para o crescimento .................................................................................. 60
3.2.1 – Controlo do crescimento populacional ............................................................... 60
3.2.2 – Incentivos à poupança ......................................................................................... 61
3.2.3 – Fomento do investimento em capital .................................................................. 63
3.2.3 – Aposta no progresso tecnológico ........................................................................ 64
CONCLUSÕES ............................................................................................................. 67
SUGESTÕES................................................................................................................. 69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 70
LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Crescimento versus desenvolvimento ................................................. 09

Quadro 02 – Investimento directo líquido de Angola .............................................. 45

I
LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Função de produção neoclássica ........................................................... 13

Figura 02 – Modelo de Solow com progresso tecnológico ...................................... 15

Figura 03 – Um aumento na participação de P&D ................................................... 23

Figura 04 – Aumento da taxa de crescimento da tecnologia no tempo .................... 23

Figura 05 – Nível de tecnologia no tempo................................................................ 24

Figura 06 – Gráfico de Solow e Swan para o modelo AK ....................................... 27

Figura 07 – Contribuição da infraestrutura para o crescimento ............................... 30

Figura 08 – Crescimento do PIB real angolano (2020-2019) ................................... 35

Figura 09 – Evolução da inflação em Angola (2010-2019) ..................................... 38

Figura 10 – Taxa de desemprego angolana (2010-2019) ......................................... 40

Figura 11 – Dívida externa pública por países 2019 ................................................ 42

Figura 12 – Conta corrente angolana 2019 ............................................................... 43

Figura 13 – Balança de pagamentos de Angola 2019............................................... 45

Figura 14 – Razão poupança – renda disponível bruta (2010-2017) ........................ 46

Figura 15 – Taxa de investimento em Angola .......................................................... 47

Figura 16 – Taxa de crescimento populacional de Angola....................................... 50

II
LISTA DE ABREVIATURAS

Apud – Citado por

AK – Modelo de crescimento económico

ANGOSAT 1 – Primeiro Satélite Angolano

BAI – Banco Angolano de Investimentos

BM – Banco Mundial

BNA – Banco Nacional de Angola

BP – Balança de Pagamentos

BPC – Banco de Poupança e Crédito

CEIC – Centro de Estudos e Investigação Científica

COVID-19 – Doença por Coronavírus (em homenagem ao ano de descoberta do vírus e


da sua forma quando vista do microscópio)

CRA – Constituição da República de Angola

ENDE, EP – Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade

ENDIAMA – Empresa Nacional de Diamantes

et al – E outros (as)

Etc. – E o resto, outros (as)

EUR – Euro

FBCF – Formação Bruta de Capital Fixo

G20 – Grupo dos 20

HD – Harrod e Domar

IC – Investigação Científica

IGI – Índice Global de Inovação

INACOM – Instituto Nacional de Comunicação

INE – Instituto Nacional de Estatística

IV – Quarto

III
KZ – Kwanza

MINFIN – Ministério das Finanças

MINSA – Ministério da Saúde

p. – Página

PA – Progressão Aritmética

PAC – Programa de Apoio ao Crédito

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

PG – Progressão Geométrica

PhD – Philosophy Doctor (Doutor em Filosofia)

PIB – Produto Interno Bruto

PNB per capita – Produto Nacional Bruto por pessoa

p.p – Pontos Percentuais

PRODEL, EP – Empresa Pública de Produção de Electricidade

PRODESI – Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e


Substituição das Importações

PROPRIV – Programa de Privatizações

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OGE – Orçamento Geral do Estado

OIT – Organização Mundial Do Trabalho

OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo

SADC – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral

SARSCOV – 2 – Síndrome Respiratória Aguda Grave

SEITMES – Secretário de Estado para a Inovação e Tecnologia do Ministério do Ensino


Superior

SNET – Empresa do Grupo NCR Angola Informática, Lda

SS – Solow e Swan

TRM. – Trimestre

IV
USD – United States Dollar

% - Percentagem

V
RESUMO

Durante o contorno económico que se viveu entre 2014 e 2021, o país chegou a alcançar
um crescimento negativo de 2,58%. Diante disso, com o objectivo de produzir uma
reflexão visando determinar os principais desafios para o crescimento, a presente obra
monográfica com o título Desafios Para o Crescimento Económico em Angola na
Perspectiva do Modelo de Crescimento Neoclássico, foi orientada baseando-se na
seguinte questão científica: Quais os desafios para o crescimento económico em Angola
na perspectiva do modelo de crescimento neoclássico? Para a análise utilizou-se o método
observacional seguido das pesquisas descritiva e bibliográfica e para a colecta de dados
apegou-se à análise documental. Após a articulação entre as teorias defendidas pelo
Modelo de Crescimento Neoclássico e as características da economia angolana, ficou
evidenciado que os desafios para o crescimento económico em Angola passam pelo
controlo do crescimento populacional, pelo fomento do investimento em capital e pela
aposta ao progresso tecnológico. Nesse sentido, para a prossecução dos referidos
objectivos, viu-se necessário a criação de condições básicas aos quais denominou-se pré-
requisitos, nomeadamente, a melhoria da qualidade de ensino, o investimento em
infraestruturas económicas e fortalecimento das instituições.

Palavras-chave: qualidade de ensino, infraestrutura económica, fortalecimento das


instituições.

1
ABSTRACT

During the economic climate that took place between 2014 and 2021, the country reached
a negative growth rate of 2.58%. Therefore, with the aim of producing a reflection aimed
at determining the main challenges for growth, this monographic work entitled
Challenges for Economic Growth in Angola from the Perspective of the Neoclassical
Growth Model, was guided based on the following scientific question: What are the
challenges for economic growth in Angola from the perspective of the neoclassical
growth model? For the analysis, the observational method was used, followed by
descriptive and bibliographic research and for data collection, the document analysis was
used. After the articulation between the theories defended by the Neoclassical Growth
Model and the characteristics of the Angolan economy, it became evident that the
challenges for economic growth in Angola involve the contraction of population growth,
the promotion of investment in capital and the commitment to technological progress. In
this sense, in order to pursue the aforementioned objectives, it was necessary to create the
basic conditions which were called prerequisites, namely the improvement of the quality
of education, investment in economic infrastructure and strengthening of institutions.

Keywords: teaching quality, economic infrastructure, strengthening of institutions.

2
INTRODUÇÃO

Desde o histórico ano de 1776, marcado pela publicação da obra “A Riqueza das Nações”,
vários autores desenvolveram teorias entre elas propositivas e explicativas do crescimento
económico dos países, sobretudo depois da segunda guerra mundial.

A economia de Angola, bastante afectada pela guerra civil que durou quase trinta anos,
viu-se impedida de reunir os pré-requisitos fundamentais para o crescimento assim como
para alcançar níveis satisfatórios nos determinantes do crescimento, se olhar o que
defendem Robert Solow e Trevor Swan. Ainda assim, apresentou durante a década de
2000 excelentes taxas de crescimento económico sustentadas pelas exportações de barris
de petróleo a preços elevados, cujas jazidas estão localizadas em quase toda a extensão
da sua costa marítima.

Porém, nos últimos anos, a problemática do crescimento económico tornou-se, sem


dúvida, um dos objectos de análise mais instigantes que figuram entre prioridades da
população e do executivo actual. Os desafios do tal crescimento se tornam verdadeiras
ferramentas de exploração para que economistas discutam sua importância relativa na
contribuição para o desenvolvimento do país.

Junto às ideias de crescimento económico, não se pode deixar de mencionar o conceito


de desenvolvimento económico. Apesar de diferentes, ambos se relacionam na medida
em que o crescimento económico serve de impulso ao desenvolvimento. Porém, cabe
destacar que o foco deste trabalho se encontra no primeiro conceito.

SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA

A economia angolana, sustentada desde a sua constituição, fundamentalmente pelas


receitas provenientes da venda do crude no mercado internacional, apresentou em
diferentes períodos económicos níveis de crescimento satisfatórios chegando a figurar
entre os países que mais cresceram mundialmente entre 2001 e 2010 com uma
percentagem de 11,1 superior aos 10,5% registados pela China, segundo um estudo
revelado pela revista Britânica Economist1. Porém, os dias de grande prosperidade
chegaram ao fim e, entre 2016 e 2021, o país viveu mergulhado numa crise económica e
financeira fruto da instabilidade sucessiva do mercado onde se transacciona o seu

1
Angola com maior crescimento mundial na última década. Voa Português. 18 de Janeiro de 2011.
Disponível em «https://www-voaportugues.com/amp/article-01-18-angolaeconomy-voanews-
114130784/1259353.html».

3
principal produto assim como de questões de planeamento relacionadas à criação de
condições de base para o crescimento. Diante dessa problemática e para o alcance do
objectivo do trabalho, a presente obra foi orientada partindo da seguinte questão
científica:

Quais os desafios para o crescimento económico em Angola na perspectiva do


modelo de crescimento neoclássico?

OBJECTIVOS

Pelo problema em referência, pretende-se alcançar os seguintes objectivos com a


realização da presente obra monográfica:

Geral

Produzir uma reflexão visando contribuir na determinação dos principais desafios para o
crescimento económico em Angola na perspectiva do modelo de crescimento neoclássico.

Específicos

➢ Fazer uma incursão das teorias do crescimento económico;


➢ Caracterizar a economia angolana.

JUSTIFICATIVA

Através da realização de um trabalho da cadeira de Economia do Desenvolvimento


durante o período de frequência das aulas, surgiu grande interesse sobre as teorias do
crescimento económico e para aliciar esse interesse, o país na altura vivia uma recessão
económica que apresentava por um lado a petrodependência e por outro lado a
precariedade nos determinantes básicos para o crescimento. A situação observada incitou
o lançamento de um desafio pessoal que consistia em encontrar dentro das teorias do
crescimento um modelo que apresentasse postulados que o país necessita para o
crescimento. Por esse motivo, depois de uma análise dos diversos modelos e teorias,
elegeu-se como tema desse trabalho desafios para o crescimento económico em Angola
na perspectiva do modelo de crescimento neoclássico

METODOLOGIA

Tendo em vista o objectivo geral desta obra, qual seja produzir uma reflexão visando
contribuir na determinação dos principais desafios para o crescimento na perspectiva do

4
modelo de crescimento neoclássico, a metodologia para o alcance deste está formada do
seguinte modo:

1. Método
Método observacional: é um dos mais utilizados nas ciências sociais e apresenta alguns
aspectos interessantes. “Por um lado, pode ser considerado como o mais primitivo e,
consequentemente, o mais impreciso. Mas, por outro lado, pode ser tido como um dos
mais modernos, visto ser o que possibilita o mais elevado grau de precisão nas ciências
sociais.” (GIL, 2008, p. 16 apud PRODANOV e FREITAS, 2013, p. 37).

A utilização desse método permitiu captar com precisão os aspectos essenciais e


acidentais do processo de crescimento da economia angolana. Ou seja, sua utilização
permitiu, fruto da observação, a identificação e a compreensão das razões que estiveram
na base quer da não criação dos pré-requisitos assim como do não equilíbrio nos
determinantes do crescimento.

2. Tipos de pesquisa
Por pretensão, usou-se os seguintes tipos de pesquisa:

Pesquisa descritiva: procura descrever as características observadas de uma população,


de um grupo e de um fenómeno no intuito de as classificar ou conceptualizar. Uma
investigação descritiva procura responder as perguntas do tipo “como, onde, qual,
quando, quem (TAMO, 2012, p.57).

A pesquisa descritiva permitiu, de forma detalhada, fazer a caracterização da economia


do país apresentando os dados económicos dos 3 sectores de actividades e de outras
dimensões económicas e sociais. A caracterização mostrou qual foi o estado da economia
do país recentemente facilitando, desse jeito, a determinação dos desafios dentro do
contexto e do modelo básico de análise do trabalho.

Pesquisa bibliográfica: trata-se do levantamento de bibliografia publicada em forma de


livro, artigos científicos, publicações avulsas e imprensa escrita sobre o tema
(APPOLINÁRIO, 2004).

Permitiu o acesso aos materiais bibliográficos necessários e indispensáveis para a


realização da presente obra, destacando os livros económicos da teoria do crescimento,
artigos de produção local e internacional a respeito da problemática do crescimento e
outros assuntos que giram à sua volta, a Constituição da República de Angola,

5
monografias e publicações de cariz económico vocacionados a área de crescimento e
desenvolvimento económico.

3. Técnicas de recolha de dados


Análise documental: Vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento
analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objectos da pesquisa
(GIL, 2002).

Possibilitou a recolha de dados e a criação de uma série temporal de dados quantitativos


económicos, através da recorrência aos relatórios trimestrais e anuais do Banco Nacional
de Angola, aos relatórios de fundamentação dos Orçamentos Gerais do Estado do
Ministério das Finanças, aos relatórios do Instituto Nacional de Estatística, aos estudos
económicos de incidência local e regional da SADC do Centro de Estudos e Investigação
Científica, às publicações do Banco Mundial assim como as feitas pelo Fundo Monetário
Internacional e outros documentos.

Limite e delimitação do tema

Este projecto de pesquisa tem a sua visão na área da Economia do Desenvolvimento. O


mesmo, deposita o seu enfoque no estudo dos desafios para o crescimento económico em
Angola na perspectiva do modelo de crescimento neoclássico ao qual foi julgado
adequado para apresentar sugestões e explicações para o crescimento. A análise foi feita
usando uma série cronológica 2010-2019, todavia com a menção de algumas situações
mais recentes ocorridas nos anos de 2020 ou até 2021.

Estrutura do trabalho

A presente obra monográfica é formada por três capítulos para além da introdução e as
conclusões. O primeiro capítulo intitulado Referencial Teórico, apresentou uma
abordagem teórica dos aspectos centrais do crescimento a luz do modelo de crescimento
neoclássico com recurso às suas extensões e dos postulados dos clássicos economistas a
cerca do crescimento. Caracterização da Economia Angolana, segundo capítulo, expôs o
modo como os aspectos centrais mencionados no capítulo I se apresentavam durante o
período de análise e o terceiro e último capítulo, Desafios Para o Crescimento Económico
em Angola, fruto da relação entre os dois primeiros, procedeu a definição dos pré-
requisitos necessários e os desafios que precisam ser enfrentados e superados para o
crescimento.

6
CAPÍTULO I

REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 – Crescimento económico

Crescimento, segundo Siedenberg (2006, apud ACORDI, 2015, p. 13), é um processo


temporal que acarreta alterações de carácter predominantemente quantitativo na renda das
economias. Seu resultado diz respeito basicamente a incrementos na capacidade
produtiva e na produção de uma determinada economia sendo geralmente determinado
por meio do PIB.

Na data de atribuição do prémio Nobel em Estocolmo, Kuznets proferiu em sua lição que
o crescimento de um país é um incremento da sua capacidade de oferta de produtos
diversos sendo esta capacidade sustentada por uma tecnologia progressiva e nos acertos
institucionais bem como ideológicos que ela exige (KUZNETS, 1971 apud
FIGUEIREDO et al., 2008).

O primeiro autor em seu conceito, faz menção a aspectos como renda da economia,
capacidade produtiva e a mensuração feita pelo indicador denominado PIB ao passo que
o segundo, aponta sem equívocos para a identificação do crescimento em três aspectos
fundamentais: a dimensão temporal como primado da dinâmica de longo prazo; o
aumento da oferta de bens em quantidade e qualidade e as condições de viabilização do
processo nomeadamente o progresso tecnológico e os ajustamentos institucionais e
ideológicos. Portanto, observa-se que os dois autores convergem em suas abordagens do
aumento da capacidade produtiva ou oferta de bens económicos, não obstante o segundo
ter evidenciado as condições as quais as economias devem pautar para o alcance de tal
facto e o horizonte temporal do seu acontecimento.

1.1.1 – Crescimento versus desenvolvimento económico

Diniz (2010, p. 32), alerta que se pegarmos num dicionário veremos que o
desenvolvimento é descrito como o acto de desenvolver, ou seja, desenvolvimento
pressupõe crescimento a partir de uma situação inicial tendo presente a ideia de progresso.

Essa abordagem de Diniz demonstra-nos que nenhuma economia poderá desenvolver sem
antes crescer pois desenvolver pressupõe primeiramente crescer levando a encarar o
crescimento como um subconjunto do desenvolvimento sendo este multifacetado.

7
Quadro 01: crescimento versus desenvolvimento

Atributo Crescimento Desenvolvimento


1. Potencial explicativo Maior opacidade Maior capacidade analítica
2. Natureza Essencialmente quantitativo Essencialmente qualitativo na
na medida em que integra os medida em que se refere à
meios materiais capazes de satisfação real obtida com
produzirem bem-estar aos esses meios materiais, bem
indivíduos como a partir de meios não
transaccionáveis no mercado.
3. Relevância dos aspectos de Admissíveis embora não Constituem a essência do
transformação estrutural determinantes próprio processo
4. Relevância dos aspectos Nenhuma Total
normativos
5. Disciplinaridade Unidisciplinaridade Pluri e multidisciplinaridade
(predomínio económico)
6. Medida Um indicador global (taxa de Indicadores sintéticos ou
variação do PIB ou PNB per complexos que influenciam a
capita duração da vida.
Fonte: FIGUEIREDO et al, 2008, p. 22

1.1.2 – O crescimento no pensamento clássico

A teoria do crescimento económico propriamente dita parte do pensamento clássico com


destaque para a obra A Riqueza das Nações, de Adam Smith, expoente máximo da escola
clássica. Muitas das questões actuais que marcam os debates a cerca do crescimento
económico dos países foram enunciadas por Smith e seus seguidores, em atenção
específica para efeitos desse trabalho os ingleses Thomas Malthus e David Ricardo.

A visão de Smith

Em contraposição ao pensamento fisiocrata sobre ser a agricultura a única actividade


geradora de riqueza, Smith defendeu que tanto a agricultura quanto a indústria,
considerada estéril pelos fisiocratas, desempenham um papel preponderante no
crescimento económico sendo que a divisão social do trabalho proporciona vantagens
para ambos os sectores, todavia mais evidentes na indústria (DINIZ, 2010).

O autor defende rigorosamente um crescimento contínuo e indefinido das economias se


não houver empecilhos à especialização e à divisão social do trabalho tendo como
pressupostos a existência de economias de escala, um equilibrado rácio entre trabalho
produtivo e improdutivo, bem como um nível da taxa de acumulação de capital e uma

8
adequada repartição do rendimento. Convencido, Smith referiu que se a especialização
conduz ao progresso tecnológico, este chegará ao mercado caso exista no país uma defesa
institucional à protecção da propriedade intelectual. O sistema de transportes para facilitar
a ligação entre a produção e o mercado também foi destacado por Smith sendo que os
ganhos que se alcançam pela especialização repercutem em alterações positivas nas
instituições, no sistema de transportes e no conhecimento humano (DINIZ, 2010).

Os pressupostos de Malthus

A abordagem de Malthus é uma reflexão sobre o crescimento explosivo da população


destacando as suas implicações sociais e económicas. O rápido crescimento populacional
verificado nas colónias da América do Norte veio a materializar-se na duplicação da
população a cada 25 anos e por isso, para Malthus, a produção máxima de alimentos
cresceria numa progressão aritmética enquanto que a população teria um crescimento
expresso numa progressão geométrica. Malthus declarou que a produção é função do
trabalho e da terra sendo a terra um factor fixo pelo que o factor trabalho pode crescer
dependendo das taxas de natalidade e mortalidade, ou seja, essa abordagem leva a
concluir que o nível de produto é, assim, determinado pela quantidade de trabalho
combinada com um recurso fixo de terra fértil. O crescimento dependeria do nível do
produto per capita sendo que se a população vive melhor terá uma vida mais longa e mais
filhos que sobrevivem, suscitando essa melhoria de vida a uma expansão imediata da
população que fará baixar o padrão de vida para o nível de subsistência. É evidente que
segundo os pressupostos malthusianos, a humanidade estaria condenada a viver no limiar
da pobreza pois nessa abordagem negligenciou e de que maneira o papel do progresso
tecnológico como forma de superar os rendimentos decrescentes pela existência de
factores fixos de produção (DINIZ, 2010).

O crescimento na visão de Ricardo

Assim como em Malthus, a ideia de que as taxas de crescimento estavam ligadas as taxas
de crescimento da população é também um facto em Ricardo. Ricardo usou uma reflexão
básica determinando que o investimento faz crescer a produção do país e este depende da
taxa de lucro dos capitalistas, isto é, uma taxa de lucro maior pressupõe maior
reinvestimento. Sua lei de rendimentos decrescentes colocava uma estagnação ao
investimento e por conseguinte ao crescimento pois quando fossem explorar terras de
qualidade inferior, o acréscimo de renda que fosse pago para a utilização desta faria com

9
que os lucros dos capitalistas decaíssem. Ricardo introduziu uma definição inovadora de
salários em que os salários naturais seriam definidos fundamentalmente por termos
sociais. O crescimento da população estava estritamente ligado ao desenvolvimento do
país pois os preços de mercado dos salários estariam abaixo dos preços naturais toda vez
que a população excedesse a capacidade da indústria de absorver a mão-de-obra (HUNT;
LAUTZENHEISER, 2013).

Observamos que no pensamento clássico, Smith entre outros factores, destaca a


especialização e a divisão social do trabalho como determinantes do crescimento bem
como a ideia da existência de um tecido institucional de apoio à propriedade intelectual e
um sistema de transporte para facilitar a ligação entre a produção e o mercado.

Malthus, por sua vez, aponta que o crescimento económico de um país é função do
trabalho e da terra sendo este último fixo e, por este motivo, estará o crescimento sujeito
à lei dos rendimentos decrescentes «da terra» acrescentando que o referido crescimento
não será contínuo pois a população cresce numa PG enquanto a produção cresce em PA.
Ao referir-se da produção agrícola de alimentos, Malthus converge não só com Ricardo,
mas com Smith que, de forma activa, reconhece os ganhos resultantes da agricultura como
um sector de actividade económica. Em sua abordagem, Ricardo aponta o investimento
como sendo o grande determinante do crescimento o que não foge do pressuposto de que
os investimentos são a base do crescimento económico (crescimento que ocorra sem
intervenção do Estado) de Smith” bem como a denotação dos rendimentos decrescentes
da terra de Malthus.

1.1.3 – Retrospectiva ao modelo Keynesiano de Harrod-Domar

Desenvolvido por Harrod e Domar, o modelo é uma compilação de dois modelos em um


tendo como primícias os fundamentos de Keynes sobre o investimento.

Tal como Keynes, HD partiram do pressuposto de que há um


número ilimitado de desempregados disponíveis e assim a
produção poder ser aumentada sem o recurso ao aumento dos
custos e, por conseguinte, dos preços. O modelo de Harrod-
Domar parte de um outro pressuposto comum a muitos modelos
de crescimento: o investimento produtivo é sempre igual à
poupança. Este pressuposto simplifica a fórmula do crescimento
económico uma vez que cada unidade adicional de capital

10
aumenta o produto e que cada aumento de poupança se traduz
num aumento do investimento, então, um aumento de poupança
acarretará sempre um aumento da taxa de crescimento (DINIZ,
2010, p. 106).

HD representam o investimento como a variação do stock de capital sendo que este não
sofre perda de valor pelo que um aumento no investimento acarreta sempre um aumento
no stock de capital. O modelo tem como determinante do crescimento a poupança, ou
seja, HD assumem claramente que a taxa de crescimento do produto é directamente
proporcional à taxa de poupança conduzindo a ideia de que para a economia investir em
capital significa que antes teve lugar um acto de poupança (DINIZ, 2010).

A equação do crescimento de HD

∆𝑌 𝜎
= 𝑡𝑐𝑦 =
𝑌 𝛾
(1)

onde:

➢ tcy é a taxa de crescimento de Y;


➢ σ é a taxa de poupança ;
➢ γ é rácio capital produto.

O modelo de HD é um modelo de fácil compreensão, todavia não serviu muito para o


melhoramento do entendimento de como as economias cresciam assim como para o
auxílio aos fazedores de política económica na determinação de políticas de
desenvolvimento pois o modelo é rigoroso em não pôr limites ao crescimento da
economia pressupondo como condição única a existência contínua de um dado nível de
investimento (DINIZ, 2010, p. 108).

1.2 – Os neoclássicos e os determinantes do crescimento

É árduo ser preciso para a descrição da terminologia neoclássica, porém para esse trabalho
e segundo a abordagem de Jones (1979, p. 80), usaremos a noção de que se refere a
aqueles economistas que se apegaram aos conceitos de revolução marginalista, isto é,
utilidade marginal e produtividade marginal assim como na análise da formação de preços
dos bens singulares e factores de produção em mercados competitivos sem, de maneira
nenhuma, esquecer de fazer referência na possível existência de um conjunto de preços

11
que determinariam a igualdade entre oferta e demanda em todos os mercados da
economia. Quando nos referimos aos neoclássicos, estamos nos referindo de maneira
mais abrangente aos economistas que produziram teorias que enquanto não negam
necessariamente a validade das ideias de Keynes, assumiram a existência de um governo
que de maneira contínua manipula os instrumentos da política económica de modo que
se mantenha o nível de pleno emprego da demanda agregada.

1.2.1 – O modelo de crescimento de Solow-Swan

O modelo de crescimento de SS, também denominado modelo de crescimento


neoclássico, foi desenvolvido por Robert Solow e Trevor Swan com publicação no ano
de 1956 constituindo uma crítica ao modelo keynesiano de HD sobretudo na ideia da
variação do constante rácio capital-produto de modo que se evite a relação linear e
positiva entre a poupança e o crescimento.

O modelo é apresentado em 2, isto é, sem tecnologia e com tecnologia. O modelo sem


tecnologia não gera crescimento sustentado na economia e por essa razão, foi incorporado
ao modelo o progresso tecnológico alargando assim os determinantes do crescimento,
embora exógeno. Portanto, para o presente trabalho fez-se referência apenas ao modelo
com tecnologia por ser o mais completo e o que mais se adequa aos objectivos do estudo
realizado.

A função de produção

O modelo é definido por uma função de produção Cobb-Douglas Y como sendo a função
da quantidade de capital e de trabalho ao qual K corresponde ao capital e L ao trabalho
que apresenta as seguintes propriedades económicas (DINIZ,2010):

1. Permite a contínua substituição de factores um pelo outro e são perfeitamente


divisíveis;
2. Tal substituição contínua significa que o produto marginal de cada factor de
produção é variável, ou seja, cada factor de produção está sujeito à lei dos
rendimentos marginais decrescentes;
3. Os rendimentos técnicos são constantes à escala;
4. Tudo se passa como se na economia se produzisse um único bem homogêneo, que
pode ser afecto ao consumo como à formação de capital.

12
O progresso técnico pode assumir diversas formas, podendo de forma geral aumentar a
eficiência de ambos os factores como apenas de qualquer um deles. O progresso técnico
pode ser neutral à Hicks quando afecta com a mesma intensidade a eficiência de ambos
os factores, pode também o progresso técnico ser neutral a Harrod quando faz aumentar
apenas a eficiência do factor trabalho e ainda o progresso técnico a Solow quando
aumenta exclusivamente a eficiência do factor capital sendo que no modelo neoclássico
considera-se um progresso técnico neutral a Harrod resultando numa função de produção
𝒇(𝑲, 𝑨. 𝑳) = 𝑲𝜶 (𝑨𝑳)𝟏−𝜶 (FIGUEIREDO et al, 2008).

Figura 01: Função de produção neoclássica

y = f(k)

Fonte: DINIZ, 2010, p. 111


k
A equação de acumulação do capital escrita de forma diferente é

𝐾̇ 𝑌
= 𝑠 − 𝑑.
𝐾 𝐾
(2)

Para a observação das repercussões ao modelo importa primeiro pegar a função de


produção e reescrevê-la em termos per capita

𝑦 = 𝑘 𝛼 𝐴1−𝛼 .

(3)

Usando a técnica matemática de tirar o logaritmo e derivar tem-se

13
𝑦̇ 𝑘̇ 𝐴̇
= 𝛼 + (1 − 𝛼) .
𝑦 𝑘 𝐴

(4)

Se repararmos à equação de acumulação do capital veremos que a taxa de crescimento de


K será constante se e só se Y/K for constante e crescendo à mesma taxa. Alerta-se que a
situação em que capital, produto e consumo crescem a taxas constantes é denominada
trajectória de crescimento equilibrado (JONES, 2000, p. 31).

Para representar a taxa de crescimento de uma variável nova ao longo dessa trajectória
usaremos conforme Jones (2000), a notação gx. Ao longo dessa trajectória, gy=gk e
portanto, na função do produto por trabalhador depois de aplicar a técnica matemática

tendo em conta que A =g, tem-se gy=gk=g.

Equação de crescimento de Solow-Swan

Embora não se tenha apresentado o modelo sem tecnologia, a análise que é feita ao
modelo com tecnologia é semelhante ao que se faz ao modelo sem a incorporação do
progresso tecnológico. Todavia, é importante realçar que a diferença reside do facto da
𝐾
variável k deixar de ser constante no longo prazo e uma nova variável estacionária 𝑘̃ = 𝐴𝐿

onde 𝑘̃ representa a razão entre capital por trabalhador e a tecnologia pelo que mais
adiante fez-se referência a isso como razão capital tecnologia (JONES, 2000).

A função de produção reescrita em termos da nova variável estacionária 𝑘̃ será

𝑦̃ = 𝑘̃ 𝛼 ,

(5)

onde 𝑦̃ ≡ 𝑌 ∕ 𝐴𝐿 = 𝑦 ∕ 𝐴.

A equação matemática de acumulação do capital reescrita em termos de 𝑘̃ fazendo


recorrência à técnica matemática, observa-se que

𝑘̃ 𝐾̇ 𝐴̇ 𝐿̇
= − − .
𝑘 𝐾 𝐴 𝐿
(6)

e combinando com a equação de acumulação do capital obtem-se

̃̇ = 𝒔𝒚
𝒌 ̃.
̃ − (𝒏 + 𝒈 + 𝒅)𝒌

(7)

14
A figura 2 apresenta o diagrama de Solow com progresso tecnológico. Partindo dum rácio
capital-tecnologia que esteja a baixo do necessário ao estado estacionário admitindo um
ponto 𝑘̃0 , o rácio aumentará gradualmente ao longo do tempo pois o montante de
investimento que está sendo realizado é superior ao que é necessário para manter
constante o rácio. Este facto será verdadeiro até que 𝑠𝑦̃ = (𝑛 + 𝑔 + 𝑑)𝑘̃ no ponto 𝑘̃ ∗,
onde a economia entra no estado estacionário e cresce ao longo da trajectória de
crescimento equilibrado.

Figura 02: modelo de Solow com progresso tecnológico

̃
(n+g+d)𝒌

̃
𝒔𝒚

𝑘̃0 𝑘̃ ∗ ̃
𝒌

Fonte: JONES, 2000, p. 32

A solução para o estado estacionário

O rácio produto tecnologia no estado estacionário é estabelecido pela função de produção

e a condição 𝑘̃̇ = 0 em que resolvendo 𝑘̃̇ ∗ , vê-se que

𝑠 1⁄1−𝛼
𝑘̃̇ ∗ = ( ) .
𝑛+𝑔+𝑑

(8)

Pegando essa expressão e substituir na função de produção obtem-se

𝑠 𝛼⁄1−𝛼
̇𝑦̃ ∗ = ( ) .
𝑛+𝑔+𝑑

(9)

15
Agora, para se observar os efeitos para o produto por trabalhador, a equação é reescrita
do seguinte modo

𝑠 𝛼⁄1−𝛼
𝑦 ∗ = 𝐴(𝑡) ( ) ,
𝑛+𝑔+𝑑

(10)

em que claramente se vê nessa equação que y e A são dependentes do tempo e dela


conclui-se que o produto por trabalhador ao longo da trajectória de crescimento
equilibrado é determinado pela tecnologia, pela taxa de investimento e pela taxa de
crescimento populacional.

1.2.2 – Avaliação do modelo

O modelo recorre às diferenças nas taxas de investimento, nas taxas de crescimento


populacional e, segundo relata Jones (2000), talvez nas taxas de progresso tecnológico
exógenas para explicar as diferenças que existem nos rendimentos per capita. Uma
pergunta que muito se coloca no estudo do crescimento e do desenvolvimento é por que
somos tão ricos e eles tão pobres? O modelo neoclássico responde afirmando que uns são
mais ricos porque investem mais e apresentam menores taxas de crescimento
populacional, o que leva a um maior acúmulo do capital por trabalhador e numa maior
produtividade dos trabalhadores.

No modelo, as economias apresentam crescimento sustentado por causa do progresso


tecnológico pois sem tecnologia, o crescimento per capita extinguirá a medida que os
rendimentos decrescentes de capital se manifestarem (JONES, 2000).

1.2.3 – Os problemas de Harrod-Domar e o modelo neoclássico

O marco que o modelo de Solow representa para a evolução da teoria do crescimento só


pode ser plenamente compreendido por contraposição ao modelo Keynesiano dinamizado
de Harrod-Domar e aos pressupostos que conduzem este modelo a sustentar a visão
pessimista quanto à exequibilidade do equilíbrio dinâmico a curto prazo e a longo prazo.
Entre os problemas de HD destacamos:

➢ Os países em desenvolvimento tendem a achar complicado aumentar a poupança.


As taxas de poupança são baixas e, no status da economia, muitas pessoas estão
lutando por comodidades básicas;
➢ O modelo desconsidera muitos factores como a produtividade do trabalho,
inovação tecnológica, entre outros. O modelo de HD é, na melhor das hipóteses,
16
uma simplificação excessiva de aspectos complicados que entram no processo de
crescimento económico.
➢ Existem exemplos de países que encontraram taxas de crescimento rápido,
independentemente da falta de poupança, como a Tailândia e Angola. Isso
demonstra que pode não haver uma relação directa entre poupança e crescimento
económico.
➢ O aumento do stock de capital pode levar a retornos decrescentes. HD estavam
escrevendo durante os efeitos posteriores à Grande Depressão, onde eles poderiam
assumir que sempre haveria um excesso de oferta de trabalho disposto a usar as
máquinas, conforme defendido por Keynes. No entanto, na realidade, este nem
sempre é o caso.
➢ O modelo neoclássico estendeu o modelo de HD adicionando algumas variáveis
como a mão-de-obra que actua como factor de produção e a rigidez das relações
capital-trabalho foi removida. A curto prazo, SS referiram que o crescimento
poderia ser encontrado em estado estacionário criado pela mudança de
investimento em capital, crescimento da força de trabalho, da taxa de depreciação
do capital e da taxa de poupança. A longo prazo, o modelo de SS afirma que o
progresso tecnológico é que traz crescimento económico.

1.2.4 – Extensões do modelo neoclássico2

O modelo de crescimento neoclássico incorpora a tecnologia como uma variável exógena


predeterminada o que pode nos levar, por exemplo, ao levantamento de algumas questões
como:

➢ por que a taxa de crescimento económico é exógena?


➢ o que é tecnologia e como ela cresce?

Assim como Solow e Swan fizeram uma contraposição ao modelo de Harrod-Domar,


Romer, Rebelo e outros estavam insatisfeitos com as explicações exógenas da teoria
neoclássica e também, pelo facto do modelo não ser capaz de explicar a continuidade do
crescimento económico, embora se tenha apresentado uma adequada explicação para as
diferenças nas taxas de crescimento entre países. Estes autores, formularam modelos que
fruto da incorporação de alguns elementos tornam a taxa de crescimento endógena, ou

2
JONES, Charles I. Introdução à Teoria do Crescimento Económico. 19ª Tiragem. Elsevier Editora.
RJ. 2000.

17
seja, enquanto a teoria neoclássica do crescimento defende um crescimento resultante de
uma tecnologia exógena, esses autores sustentam um crescimento que ocorre em
decorrência de melhorias tecnológicas endógenas, procurando compreender as forças
económicas que estão por trás do progresso tecnológico3.

1.2.4.1 – O modelo de Romer

Desenvolvido por Paul Romer, por um lado o modelo torna endógeno o progresso
tecnológico por intermédio da introdução da busca por novas ideias por parte de
pesquisadores interessados em obter ganhos a partir de suas invenções e/ou ideias e por
outro, foca-se na explicação das razões que fazem com que os países avançados exibam
um crescimento sustentado sendo que nesse mundo o progresso tecnológico é movido
pela pesquisa e desenvolvimento (JONES, 2000).

Para efeitos desse trabalhado, ao modelo de Romer foi feito uma abordagem breve e geral
da ideia sustentada pelo autor de modo que se absorveu o essencial para suprimir a
insuficiência apresentada pelo modelo de crescimento neoclássico.

O modelo

Existe, no modelo de Romer, dois elementos de mudança tecnológica nomeadamente a


função de produção e um conjunto de equações que visam descrever como os insumos da
função de produção evoluem ao longo do tempo, ou seja, as fundamentais equações do
modelo coincidem com as do modelo neoclássico, porém com uma diferença importante
que reside no facto da função de produção agregada de Romer descrever a combinação
do stock de capital K e o trabalho LY para a produção fazendo recorrência ao uso de um
stock de ideias A como se observa
1−𝛼
𝑌 = 𝐾 𝛼 (𝐴𝐿𝑦 ) ,

(11)

onde 𝛼 é um parâmetro com valor entre o e 1.

3
Uma contribuição importante do modelo é reconhecer que o progresso tecnológico ocorre quando as
empresas ou os inventores maximizadores de lucro buscam desenvolver novos e melhores produtos. É a
possibilidade de auferir lucro que leva as empresas a desenvolverem um novo produto, processo ou ideia.
Assim, as melhorias tecnológicas e o próprio processo de crescimento econômico são compreendidos como
resultado endógeno da economia.

18
Um principal aspecto é que a função de produção apresenta retornos constantes à escala
para ambos os insumos, todavia com a admissão das ideias como insumo de produção
esse facto sofre um contorno, ou seja, a função de produção apresentará retornos
crescentes (JONES, 2000).

As pessoas abrem mão do consumo por uma determinada taxa sk, e se deprecia à taxa
exógena d constituindo a equação de acumulação do capital. O modelo assume que a
mão-de-obra é equivalente à população e essa apresenta um crescimento exponencial a
uma determinada taxa exógena constante n. As equações são apresentadas em seguida:

𝐿̇
𝐾̇ = 𝑠𝐾 𝑌 − 𝑑𝐾. = 𝑛.
𝐿

(12)

Em sua obra, Jones (2000) em relação ao modelo neoclássico, destaca que a equação que
descreve o progresso tecnológico é nova pois o termo de produtividade em Solow cresce
de maneira exógena a uma predeterminada taxa constante. O termo que foi tornado
endógeno constitui o número de ideias que foram geradas em qualquer ponto do tempo e
na versão simples do modelo ele é igual ao número de pessoas que fazendo pesquisas,
procuram descobrir novas ideias LA que multiplica pela taxa à qual elas descobrem novas
ideias, 𝛿 ̅:

𝐴̇ = 𝛿 ̅𝐿𝐴 .

(13)

Para o modelo, existem duas partes da mão-de-obra uma dedicada a gerar novas ideias e
outra a gerar produto estando sujeita a seguinte restrição

𝐿𝐴 + 𝐿𝑌 = 𝐿.

(14)

Conforme Jones (2000, p. 83), a taxa à qual os pesquisadores geram novas ideias é uma
constante ou ainda pensar-se que essa taxa é função das ideias que já foram produzidas
sendo que aquelas geradas no passado podem aumentar a produtividade dos
pesquisadores nos tempos actuais fazendo com que nesse caso 𝛿 ̅ seja uma função
crescente do termo de produtividade A. Podem ser apontados a descoberta do cálculo, a
invenção do laser e o desenvolvimento de circuitos integrados como exemplos de ideias
que aumentaram a produtividade da pesquisa posterior. Se as ideias mais óbvias sejam
descobertas primeiro e as que seguem sejam mais difíceis de gerar, para esse caso 𝛿 ̅ seria

19
uma função decrescente de A. Então, esse raciocínio nos sugere que a taxa para se gerar
novas ideias seja

𝛿 ̅ = 𝛿𝐴𝜙 ,

(15)

onde 𝛿 ̅ e 𝜙 são constantes.

➢ 𝜙 > 0 indica que a produtividade da pesquisa aumenta com o número de ideias já


geradas;
➢ 𝜙 < 0 corresponde ao caso em que a pesca se torna cada vez mais difícil no
decorrer do tempo;
➢ 𝜙 = 0 indica que a tendência a que as ideias mais óbvias sejam descobertas
primeiro compensa exatamente o facto de que as ideias antigas possam facilitar a
geração de novas ideias

É possível que a produtividade da pesquisa seja função do número de pesquisadores em


determinado período de tempo e uma via para modelar tal facto é pressupondo que, de
facto, ela é 𝐿𝐴 𝜆 onde 𝜆 é um parâmetro com valor entre 0 e 1 que é incluído na função de
produção de ideias substituindo 𝐿𝐴 . Portanto, articulando com as duas equações
anteriores, a função geral de produção de ideias será

𝐴̇ = 𝛿𝐿𝐴𝜆 𝐴𝜙 ,

(16)

fazendo suposição que 𝜙 < 1.

O crescimento no modelo de Romer4

Sabemos que uma parte da população é dedicada em produzir ideias e o crescimento é


consequência do progresso tecnológico sendo que ao longo da trajectória de crescimento
equilibrado

gy =gk =ga ,

(17)

4
JONES, Charles I. Introdução à Teoria do Crescimento Económico. 19ª Tiragem. Elsevier Editora.
RJ. 2000.

20
onde o gy é a taxa de crescimento do produto per capita, gk e ga a taxa de crescimento do

stock de capital e taxa de crescimento do progresso tecnológico, respectivamente.

Se voltarmos a escrever a equação geral da geração de ideias e posteriormente dividirmos


os dois lados por A teremos a taxa de crescimento do progresso tecnológico ao longo
dessa trajectória

𝐴̇ 𝐿𝐴 𝜆
= 𝛿 1−𝜙
𝐴 𝐴
(18)

Dessa equação, se for aplicado o macete matemático tirando os logaritmos e derivar os


dois lados, obtem-se

𝐿̇𝐴 𝐴̇
0=𝜆 − (1 − 𝜙) .
𝐿𝐴 𝐴
(19)

Nessa trajectória, o crescimento do pessoal pesquisador está obrigado a se proceder


igualmente com o da população pelo que se for maior, os pesquisadores superarão a
população revestindo-se numa impossibilidade. Substituindo a taxa de crescimento da
população na expressão veremos que

𝜆𝑛
ga = .
1−𝜙

(20)

A função de produção de ideias determina o crescimento da economia e desse modo


vemos que a taxa de crescimento da economia é determinada pelos parâmetros da função
de produção de ideias 𝜙 e pela taxa de crescimento de pesquisadores que, posteriormente,
é dada pela taxa de crescimento populacional (n). Pensemos em alguns casos especiais
que merecem análise:

➢ produtividade constante dos pesquisadores 𝜆 = 1 𝑒 𝜙 = 0

Neste caso especial, não se enfrenta a duplicação na pesquisa sendo que a produtividade
de um investigador não dependerá do stock de ideias que já existe o que levará a função
de produção ser

𝐴̇ = 𝛿𝐿𝐴

(21)

21
➢ 𝜆 = 1𝑒𝜙 = 1

Esse caso é o apresentado originalmente por Romer gerando a seguinte função de


produção de ideias

𝐴̇
= 𝛿𝐿𝐴 .
𝐴
(22)

Com essa situação, a produtividade dos pesquisadores cresce ao longo do tempo mesmo
que for constante o número de pessoas dedicadas à pesquisa.

Estática comparativa: um aumento permanente na participação de P&D5

Supondo que se aumente permanentemente o número de pesquisadores de 𝑠𝑅 para 𝑠´𝑅 ,


numa primeira fase em estado estacionário, veremos que a economia crescerá ao longo
da trajectória de crescimento equilibrado à taxa de progresso tecnológico g𝐴 assumindo
𝐿𝐴 g𝐴
ser igual a taxa de crescimento da população n, ou seja, é igual a .
𝐴 𝛿

Com uma população 𝐿0 , um certo aumento de 𝑠𝑅 , causará um incremento de


pesquisadores produzindo estes novas ideias e como resultado a taxa de crescimento da
tecnologia crescerá nesse ponto.

O ponto x representa a situação em que o progresso tecnológico supera a taxa a qual


𝐿𝐴
cresce a população provocando uma redução no rácio indicado pelas sectas no gráfico
𝐴

o que implica que a taxa de tecnologia reduz se o rácio reduzir até ao ponto em que a
economia retornar à sua trajectória de crescimento equilibrado onde g𝐴 = 𝑛 e observa-se
que o incremento permanente na proporção dos que se dedicam à pesquisa também
aumenta de forma temporária a taxa de progresso tecnológico, embora não o faça no longo
prazo (JONES, 2000).

5
JONES, Charles I. Introdução à Teoria do Crescimento Económico. 19ª Tiragem. Elsevier Editora.
RJ. 2000.

22
Figura 03: um aumento na partição de P&D

̇
𝐴/𝐴 𝐴/𝐴 = ̇ 𝛿𝐿𝐴 /𝐴

𝑔𝐴 = 𝑛

Fonte: JONES, 2000, p. 90. 𝑔𝑎 /𝛿 𝑠´𝑅 𝐿0 /𝐴0 𝑳𝑨 /𝑨

O nível de tecnologia aumenta mais depressa se houver um aumento do número de


pesquisadores na economia pelo que a taxa de crescimento económico acompanha esse
aumento. Todavia, a taxa de crescimento decai até que volte para g 𝐴 embora o nível de
tecnologia se manterá em um quadro permanentemente mais elevado fruto do aumento
do pessoal pesquisador.

𝑨̇
Figura 04: movimento de 𝑨 no tempo
̇
𝐴/𝐴

𝑔𝑎 = 𝑛

Fonte: JONES, 2000, p. 90. 𝑡=0 Tempo

No modelo de Romer, um aumento permanente em 𝑠𝑅 produz uma dinâmica de transição


semelhante àquela produzida pelo aumento do investimento no modelo de crescimento
neoclássico e agora conhecendo o que sucede com a tecnologia ao longo do tempo
sabendo que a taxa de crescimento no longo prazo é constante, podemos empregar a

23
álgebra usada ao analisar o modelo neoclássico como é o caso do rácio y/A dada pela
seguinte expressão
𝛼⁄1−𝛼
𝑦 ∗ 𝑠𝐾
( ) =( ) (1 − 𝑠𝑅 ).
𝐴 𝑛 + g𝐴 + 𝑑

(23)

Figura 05: nível de tecnologia no tempo

Log de A

Efeito de nível

t=0 tempo
Fonte: Jones, 2000, p. 91.

𝐴̇
= 𝛿𝐿𝐴 para o nível de A em termos de força de trabalho ao longo da trajectória de
𝐴
𝛿𝑠𝑅 𝐿
crescimento equilibrado pode ser encarada do seguinte modo 𝐴 = e articulando com
g𝐴

a equação supracitada chega-se a


𝛼⁄1−𝛼
∗ (𝑡)
𝑠𝐾 𝛿𝑠𝑅
𝑦 =( ) (1 − 𝑠𝑅 ) 𝐿(𝑡).
𝑛 + g𝐴 + 𝑑 g𝐴

(24)

Dessa equação, observa-se que aquelas economias que investem mais em capital serão
mais ricas e quanto mais pesquisadores houver, menor será o número de trabalhadores na
produção embora resulte numa quantidade maior de ideias que aumentam a produtividade
da economia (JONES, 2000).

Posteriormente, Romer apresentou 3 sectores para determinar a economia do seu modelo


onde encontra-se o sector de bens finais e bens intermediários, que são aqueles que geram
bens e serviços e o sector de pesquisa que é o encarregado pela produção de ideias.

24
Embora não se vá desenvolver a economia do modelo, importa referir que o sector de
pesquisa gera ideias novas que tomam a forma de novos bens de capital e o mesmo sector
de pesquisas vende o direito exclusivo de produzir um bem de capital específico para uma
empresa produtora de bens intermediários. Esta, por sua vez, como monopolista, fabrica
o bem de capital e o vende ao sector produtor de bens finais, que gera o produto da
economia (JONES, 2000, p. 93).

O modelo ainda apresenta algumas distorções, ou seja, a fracção da população que se


dedica à pesquisa não é óptima e esta situação acontece porque os mercados não induzem
a quantidade certa de mão-de-obra a se focalizar na pesquisa. A primeira distorção é que
o mercado determina um valor à pesquisa tendo em conta ao volume de lucros que se
obtém com os novos projectos, ou seja, o que o mercado não tem noção é que a invenção
nova pode influenciar a produtividade de uma pesquisa futura e a situação negativa é que
os pesquisadores não são remunerados pela contribuição no melhoramento da
produtividade dos futuros estudos. A segunda distorção é denominada de efeito de pisar
os pés pois os pesquisadores não têm em atenção o facto de que reduzem a produtividade
da pesquisa por causa da duplicação. A última distorção é que o inventor capta o lucro
monopolístico da sua invenção sendo que o ganho para a sociedade fruto da invenção é
maior, ou seja, o lucro monopolista é menor do que o ganho que a sociedade obtém e
deste modo geram-se menos invenções em relação ao desejado (JONES, 2000).

Em síntese, o crescimento económico é impulsionado pelo progresso tecnológico sendo


ele endógeno resultante da busca de novas ideias para a obtenção de lucros como parte
do ganho social alcançado pelas ideias novas. Novos produtos são gerados e em
qualidades relativamente melhores pois as pessoas estão dispostas a pagar um valor por
um produto melhor. Não há rivalidade nas ideias e isso pressupõe que a geração delas se
caracteriza por retornos crescentes à escala. Esta escala está relacionada ao crescimento
populacional, isto é, maior número de pesquisadores pode produzir mais ideias e
consequentemente produtos e invenções. O aumento de pesquisadores origina um
acréscimo na taxa de crescimento da economia, todavia temporariamente enquanto a
economia transita de um patamar para o outro. As novas ideias que se geram, são
financiadas pelos lucros que os inventores conseguem com a presença de patentes e
direitos do autor. Quando se protege os direitos de propriedade, as empresas dedicam-se
em pesquisa e desenvolvimento.

25
1.2.4.2 – Breve noção do modelo de Lucas

Macedo (2013, p. 31), declara que o modelo proposto por Lucas parte da premissa que a
educação é um factor determinante na taxa de crescimento de longo prazo. É baseado no
arcabouço de Beker que identifica o capital humano como o motor do crescimento.

Para Beker (1994, apud MACEDO, 2013, p. 31), os diferentes níveis de acumulação de
capital humano são a principal causa da diferença entre as taxas de crescimento
económico entre países.

Para explicar o elemento que tem maior impacto para o crescimento económico de longo
prazo, Lucas introduziu um conceito sustentado no efeito externo do capital humano
denominado externalidade positiva entre agentes.

O modelo considera a seguinte função de produção 𝑌 = 𝐾 𝛼 (ℎ𝐿)1−𝛼 , onde h é capital


humano per capita. Lucas supõe que o capital humano evolui de acordo com

ℎ̇ = (1 − 𝑢)ℎ,

(25)

onde u é o tempo despendido com trabalho e 1-u é o tempo dedicado à acumulação de


qualificações. Reescrevendo a equação, verifica-se que um aumento no tempo destinado
à a cumulação de capital humano aumentará a taxa de crescimento do capital humano:

ℎ̇
= 1 − 𝑢.

(26)

Observa-se que o h entra na função de produção dessa economia tal como a mudança
tecnológica aumentadora de trabalho do modelo de SS original. Assim, não precisamos
continuar resolvendo o modelo. Isto é, funciona exatamente como o modelo de SS em
que chamamos A de capital humano e fazemos g = 1-u.

Ao introduzir o capital humano na função de produção, Lucas indicou a possibilidade dos


agentes alterarem o nível de investimento em educação. Portanto, no modelo de Lucas,
uma política que conduz a um aumento permanente no tempo que as pessoas despendem
obtendo qualificações gera um crescimento permanente no crescimento do produto por
trabalhador.

26
1.2.4.3 – O modelo AK

O modelo tem como pressuposto a reprodução de todos os factores sendo assim uma
reminiscência do modelo de HD que também descreveu a economia pela equação Y=AK
embora o modelo AK admita a existência da depreciação do capital ignorada por HD. O
modelo defende que o investimento deve ser suficiente para a reposição do capital que
deprecia sob pena de não houver crescimento económico (DINIZ, 2010).

No modelo, a função que representa a economia é dada por 𝑦 = 𝐴𝐾 𝛼 𝐿1−𝛼 e admitindo


que 𝛼 = 1, a função de produção se torna 𝑦 = 𝐴𝐾 𝛼 𝐿1−𝛼 = 𝐴𝐾 1 𝐿0 = 𝐴𝐾. Se
trabalharmos cada elemento por trabalhador teremos

𝑌 𝐴𝐾 1 𝐿0 𝐾
𝑦= = = 𝐴 = 𝐴𝑘
𝐿 𝐿 𝐿
(27)

Figura 06: gráfico de SS para o modelo AK

sy

dk

Fonte: JONES, 2000; p. 135. 𝑘0 k

Supondo uma economia em que a situação inicial dada pelo ponto 𝑘0 , se o investimento
for maior que a depreciação, então o stock de capital aumenta. Com o tempo, o
crescimento continua, ou seja, à direita de k0, o investimento é maior que a depreciação
de capital e, portanto, o stock de capital sempre aumentará e, no modelo, o crescimento
nunca sessa (JONES, 2000, p.134).

Se comparar esta figura com o gráfico original de SS, veremos que em SS a acumulação
caracterizava-se pelos retornos decrescentes porque 𝛼 < 1, isto é, o incremento de uma
unidade de capital era um pouco menos produtiva que a anterior e esse facto significa que
finalmente o investimento cairia para o nível da depreciação, terminando com a

27
acumulação de capital (por trabalhador). Contudo, em AK há retornos constantes à
acumulação de capital, ou seja, o produto marginal de cada unidade de capital é sempre
A.

Dividindo ambos os membros da equação de acumulação de capital por K:

𝐾̇ 𝑌
= 𝑠 − 𝑑.
𝐾 𝐾
(28)

Da função de produção, Y/K = A, tem-se

𝐾̇
= 𝑠𝐴 − 𝑑.
𝐾
(29)

Usando a técnica matemática de tirar o logaritmo e derivar a função de produção, vê-se


que a taxa de crescimento do produto é igual à taxa de crescimento do capital e, portanto,

𝑌̇
gy ≡ = 𝑠𝐴 − 𝑑.
𝑌
(30)

1.3 – Crescimento exógeno versus endógeno

A versão tradicional da teoria neoclássica do crescimento económico atribui grande


importância à poupança e formação de capital na explicação do crescimento, numa
perspectiva de curto e médio prazo, mas, no longo prazo, as diferenças nas taxas de
crescimento económico são o resultado das diferenças tecnológicas exógenas conforme
Solow-Swan (1956, apud MACHAVA, 2018) e na oferta de factores como, por exemplo,
o crescimento populacional.

Já a teoria do crescimento endógeno defende que o crescimento é resultado, sobretudo de


forças endógenas sustentando que o investimento na inovação, em capital humano e em
conhecimento são determinantes para o crescimento. A teoria do crescimento endógeno,
de um modo geral, oferece grande importância à população pois é dela que encontramos
o conjunto de elementos destinados à investigação para a geração de ideias que se
constituem em bens de capital, ou seja, os modelos de crescimento endógeno
mencionados ao longo do trabalho atribuem grande importância à educação pois tanto o
progresso tecnológico quanto a qualificação do homem depende do sector educacional
dos países.

28
1.4 – O papel da infraestrutura no crescimento

A infraestrutura econômica é o conjunto de elementos básicos que fornece as condições


materiais mínimas necessárias a qualquer empreendimento público ou privado, de
interesse particular ou compartilhado6.

O Instituto de Pesquisa Económica Aplicada declara que a infraestrutura económica é a


estrutura sobre a qual se organizam as actividades produtivas, ou seja, a infraestrutura
destinada exclusivamente para as actividades produtivas.

O investimento em infraestrutura é tido como factor para despertar o crescimento


económico de um país. Infraestruturas desenvolvidas geram maior produtividade,
impulsionam investimentos, elevam a remuneração dos factores de produção, geração de
empregos, em resumo o bem-estar.

Influenciam no crescimento económico o saneamento, o transporte, a energia e a


telecomunicação. Esses elementos são fundamentais para o crescimento económico do
país e é necessário que esses elementos estejam de mãos dadas pois completam-se um ao
outro, ou seja, quando as vias estão em condições o tempo de viagem é reduzido levando
a redução do preço do produto, a estabilidade em energia torna viável o aumento da
produção e este causando o aumento de empregos, o saneamento em boa situação evita o
registo acentuado de doenças e a comunicação facilita as negociações como um todo.
Portanto, uma infraestrutura deplorável causa distorções a população e gera perdas
económicas.

6
PENA, Rodolfo F. Alves. Infraestrutura e desenvolvimento. Disponível em
<<<brasilescola.uol.com.br>>, consultado em 20 de Abril de 2021.

29
Figura 07: contribuição da infraestrutura para o crescimento

Infraestrutura

Benefícios às empresas
Benefício aos domicílios

Amplia os mercados Reduz custos

Aumento do bem-estar
Crescimento

Fonte: adaptado de Prudhomme, 2004.

30
CAPÍTULO II

CARACTERIZAÇÃO DA ECONOMIA ANGOLANA

2.1 – Breve apresentação de Angola

A República de Angola como é formalmente chamada, é um Estado Democrático de


Direito situado na região ocidental da África Austral com uma seperfície terrestre de
1 246 700 Km2 limitado a Norte pela República do Congo e a República Democrática do
Congo, a Leste pela República Democrática do Congo e República da Zâmbia, a Sul pela
República da Namíbia e ao Oeste pelo Oceano Atlânctico. Administrativamente é
composta por 18 Províncias sendo Luanda a sua capital. Tem o Portugês como a sua
Língua Oficial e a sua moeda oficial é o Kwanza. Fechou o ano de 2021 com uma
população estimada em 32 097 671 habitantes segundo os dados dispoinibilizados pelo
INE no seu site oficial, um valor superior aos 25 milhões estimados em 2014 referentes
ao primeiro Recensemaneto Geral da População realizado no país.

2.2 –Contexto macroeconómico

2.2.1 – Estrutura económica

Ao longo da sua existência, Angola experimentou dois modelos de orientação económica,


primeiramente o de economia centralizada e posteriormente, até aos dias actuais, o de
economia de mercado. Embora tenha um modelo em que os meios de produção estão a
disposição dos particulares, ela é predominantemente impulsionada pelo seu sector de
petróleo. A produção de petróleo e suas atividades de apoio, segundo o BNA em seu
Relatório e Contas de 2019, contribuem com cerca de 30% do PIB, mais de 70% da receita
do governo e mais de 90% das exportações do país. Angola é membro da OPEP e está
sujeita à sua orientação em relação aos níveis de produção de petróleo. A agricultura de
subsistência fornece o principal meio de subsistência para a maioria das pessoas, mas
metade da comida do país ainda é importada.

2.2.1.1 – Sector primário

O sector primário angolano é destacado pelos subsectores da agricultura, pescas e


derivados, diamantes e outros e pelo subsector do petróleo, produtor do principal produto
de exportação. O sector primário como um todo, contribuiu em 2019 segundo os dados
publicados pelo BNA em cerca de 36,96% do PIB constituindo-se no segundo sector com
maior peso no produto do país.
31
Agricultura

A agricultura tinha sido fortemente menosprezada em Angola, até pouco antes da crise
do petróleo no mercado internacional que conduziu o país a grandes distúrbios com
consequências drásticas, agravadas ainda mais pela pandemia da COVID-19. Em 2016,
ainda com a antiga administração executiva, foi lançado um programa que visa
diversificar a economia, que passa pela redução das importações e aumento da produção
a nível interno também para o aumento das exportações e uma das principais, se não a
principal aposta é a agricultura. Em Agosto de 2020, o ministro da economia e
planeamento, numa entrevista à revista China Investment, reforçou o papel do sector
agrícola e, no âmbito da cooperação com a China, demonstrou o desejo de ver um número
maior de empresários chineses a investirem no sector de agronegócios com ênfase na
produção de máquinas de produção agrícola e fertilizantes.

A agricultura em Angola ainda é maioritariamente de subsistência. A produção nacional


do sector agrícola compreendeu em 2019 a 5,7% do PIB conforme apurado pelo BNA,
revelando claramente a fraqueza desta actividade apesar do seu enorme potencial. Entre
os mais variados bens produzidos, destacam-se o café, o sisal, tabaco, banana, palma,
citrinos, algodão, cacau e sésamo.

Pescas

A pesca é uma actividade que tem sido uma aposta forte no país com grande destaque
para as províncias de Luanda, líder pela pesca industrial, e Zaire liderando a pesca
artesanal. Conforme apresentado pela revista EXPANSÃO, o país falhou a meta de
captura em 2019. O Ministério da Economia e Planeamento indicou, em Abril de 2021,
que 85% do peixe que é gerado no país é consumido internamente e que os outros 15%,
que constituem o excedente são exportados. Da produção nacional de peixe destacam-se
a lambula, carapau, entre outros. Embora de maneira superficial, vale mencionar que a
pesca e derivados representam um alto potencial de crescimento já com contribuição
anual de 2,70% do PIB em 2019, conforme apurado pelo BNA. A pesca é uma das
actividades que consta no PRODESI.

Diamante e petróleo

A produção de diamantes no país é conduzida pela ENDIAMA. Esse subsector também


tem estado em evidência tendo em 2019, segundo o BNA, contribuído para atenuar o

32
nível da recessão económica passando de -6,3% para 17,9% embora com um registo de
0,9% em termos de peso na estrutura do PIB.

Angola é um dos maiores exploradores de diamantes do mundo com uma produção


estimada em quase oito milhões de quilates por ano. A nível interno do continente
africano, relata-se que em termos de produção física, isto é, em quilates, é o quarto
principal produtor e em valores ocupa a quinta posição. O sector diamantífero não ficou
isento do impacto negativo causado pela pandemia da COVID-19, ou seja, em 2020 a
ENDIAMA previa uma meta de produção de 10,5 milhões de quilates equivalendo a uma
facturação de 1,4 mil milhões de USD registando uma quebra de 20% devendo-se
exactamente aos reajustes feitos no sector devido a pandemia.

O país vive essa conturbada situação económica fruto das alterações voláteis do mercado
internacional de petróleo, o principal produto de exportação e responsável da maior parte
da receita do país. A queda dramática do barril de petróleo conduziu não somente à
economia, mas primeiramente o sector petrolífero do país a uma crise interna que tem
resultado no despedimento constante de trabalhadores por parte das empresas do ramo.
Em 2019, o sector contribuiu com cerca de 27,80% no PIB segundo o relatório
apresentado pelo Banco Nacional de Angola. Em 2020, fruto da paralisação económica
global, muitos poços de exploração ficaram inoperantes por um tempo pelo facto de não
haver demandantes do produto e isso, sem dúvida, conduziu uma quebra significativa a
nível de sector.

2.2.1.2 – Sector secundário

O sector secundário é o responsável pela transformação de matérias em produtos


acabados e é caracterizado, sobretudo, pelos subsectores da indústria, construção e pelo
subsector da energia. Com 19,91%, o sector secundário é o sector com menor
contribuição na estrutura percentual do PIB de acordo aos dados apurados pelo BNA
relativos as contas nacionais de 2019.

Indústria transformadora

A industrialização é um problema em Angola embora, nos últimos tempos, já tenham


começado a surgir firmas do sector motivados principalmente pela crise e pelo próprio
processo de diversificação económica que está a ser levado a cabo a nível do país. Na
indústria, Angola é maioritariamente produtor de bebidas alcoólicas e esse aspecto pouco
tem contribuído quer economicamente quer socialmente.

33
A situação industrial do país é definida quando observamos, por exemplo, a contribuição
desse sector no PIB ao longo dos anos. Em 2016, 2017, 2018 e 2019 o sector contribuiu
muito pouco no produto gerado pelo país conforme nos ilustra o BNA no relatório e
contas de 2019 ao qual se fez referência que nos anos em evidência, o sector contribuiu
em 5,64%, 6,73%, 7,12 e 6,24%, respectivamente.

2.2.1.3 – Sector terciário

Também conhecido como sector de serviços, vamos caracterizá-lo em serviços mercantis


e outros. Esse sector é o com maior peso na estrutura percentual do PIB total e é
maioritariamente dependente das importações de produtos. O sector contribui em cerca
de 43,13% no PIB sendo 34,65% dos serviços mercantis e 8,48% dos outros serviços,
segundo os dados apurados pelo BNA no relatório e contas de 2019. A importação de
bens de consumo corrente representa 62,90% do total das importações de produtos sendo
24,30% e 12,80% para bens de capital e bens intermediários, respectivamente.

Construção e energia

Os resultados apresentados pela construção são animadores se considerarmos o seu


contributo na estrutura percentual do PIB. Porém, ainda é um sector em desenvolvimento
e o número de pessoas sem habitação também é um caso que pode ser associado. As
empreiteiras são excessivamente caras, segundo relatos da população, e esse aspecto tem
dado espaço a construções informais que na sua maioria não são contabilizadas e não
contribuem com receitas para o Estado pelo não pagamento de impostos. No país, em
algumas áreas, tem se construído residências pelo Estado, todavia são residências com
um custo relativamente alto para a população do país.

O país enfrenta sérios problemas de produção e sobretudo distribuição de electricidade


embora sejamos dotados de rios que possuem caudais que oferecem um grande potencial
hidroeléctrico. Segundo os dados publicados pelo BNA em 2020 relativo ao relatório e
contas de 2019, o sector energético contribuiu em 0,53% na estrutura do PIB e esta
percentagem demonstra claramente o estado actual do sector, não obstante se vem
verificado pequenas melhorias na distribuição. A PRODEL, EP e a ENDE, EP, empresas
responsáveis pela produção e distribuição da electricidade, vêm nos últimos tempos
desenvolvendo alguns esforços para a melhoria do fornecimento da luz a nível nacional
pois, infelizmente, grande parte do país ainda não se beneficia de corrente eléctrica e nas
áreas que já é um facto, o pagamento é um outro problema a ser solucionado. No país,

34
segundo relatos, está em curso o processo de diversificação económica e este precisa de
uma grande quantidade de energia para que a industrialização que se avizinha funcione
na sua plenitude.

2.2.2 – A evolução do produto

Analisar a evolução do produto de uma economia, pressupõe verificar como, ao longo de


um determinado tempo, tem sido o nível das actividades económicas da economia em
questão e, de forma clássica, usa-se o PIB para analisar tal situação.

O Produto Interno Bruto representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e


serviços finais, produzidos em uma determinada região podendo ser um país, estado ou
município, durante um determinado período de tempo expresso em ano, semestre,
trimestre ou mês, excluindo todos os insumos intermediários, ou seja, produzindo com
seus recursos de terra, capital e trabalho (SAMUELSON; NORDHAUS, 2005).

Como sabemos, Angola viveu, desde 2014, uma recessão económica fruto da
vulnerabilidade do sector impulsionador da sua economia. Deste modo, procuraremos
observar o comportamento do seu produto e as causas gerais que justificam tal
comportamento elegendo uma série temporal de 10 anos.

Figura 08: crescimento do PIB real angolano 2010-2019

10
8,54

6 4,86 4,95 4,82

3,47
4

2 0,94
-0,15
0 -1,1
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
-2,1
-2 -2,58

-4

Fonte: adaptado pelo autor com base nos dados do INE e Banco Mundial, 2019.

Como observamos no gráfico, no período em referência registou-se um crescimento real


do PIB com pico em 2012. No período 2013-2015, constatou-se uma desaceleração do

35
crescimento do PIB real para 4,95%, 4,82% e 0,94%, respectivamente, tendo caído para
terreno negativo em 2016, com -2,58%.

O referido crescimento, nos últimos 10 anos, nunca teve dias iguais aos 366 dias de 2012.
Nesse ano, conforme o gráfico demonstra, a economia nacional cresceu os incríveis 8,54
% o demonstrando que a economia já tinha superado o ajustamento económico causado
pela crise financeira de 2009. Aquele resultado foi impulsionado tanto pela performance
favorável do sector não petrolífero com um crescimento de 9,10% como pelo crescimento
do sector petrolífero com um crescimento de 4,30%, ou seja, o sector petrolífero
demonstrou um comportamento notável passando de um período contraccionista que
durava 3 anos para um crescimento, como já mencionado, de 4,30%. O comportamento
da economia nesse ano, reflectiu uma melhoria no preço do Barril de Petróleo assim como
a recuperação da produção petrolífera com a entrada em funcionamento de novos campos.
Como se não bastasse, o peso do sector petrolífero no PIB naquele ano reduziu para a
satisfação do Governo que tem, até aos dias de hoje, o objectivo de diversificar cada vez
mais a economia de modo a aumentar de maneira significativa o peso do sector não
petrolífero no PIB (BNA, 2012). No período 2013-2015, constatou-se uma desaceleração
do crescimento económico para 4,95%, 4,82% e 0,94%, respectivamente, tendo caído
para terreno negativo em 2016, 2017, 2018 e 2019. Pode-se dizer que, a partir de 2013,
os problemas económicos da economia nacional tinham começado. Nesse ano, a
economia cresceu 4,95% o que representava uma contracção de 3,59 em relação ao ano
anterior. Mais uma vez, o crescimento verificado nesse ano resultou, sobretudo, do
favorável crescimento do sector não petrolífero em termos reais de 11,54% compensando
o decrescimento verificado no sector petrolífero de 0,33%. Na evolução do sector não
petrolífero, destacou-se o desempenho do sector Agrícola com crescimento estimado em
47,61%, dos Diamantes e outros que terão passado de um crescimento de 0,33% em 2012
para 6,56% em 2013 assim como o sector energético que terá expandido 22,40% nesse
ano face aos 10,40% registados em 2010 conforme os dados do Relatório e Contas
Nacionais apresentado pelo BNA.

As projecções de crescimento para 2016 apontavam para um crescimento económico em


termos reais de 3,3%, tendo como pressupostos uma produção petrolífera de 1.888,8
milhões de barris/dia, a um preço do petróleo de 45 USD/ barril, uma taxa de câmbio de
USD/KZ 143,8 segundo o Relatório e Contas de 2015 do BNA. Porém, o que sucedeu,
na verdade, estava muito longe do que tinha sido projectado e, como sabemos, 2016 foi

36
o pior dos 10 últimos anos da economia nacional com uma taxa de crescimento negativa
de 2,6%.

No antepenúltimo ano, segundo o BNA (2019), a actividade económica manteve a sua


tendência contraccionista acentuada em 2016. Segundo dados preliminares do INE, a taxa
de crescimento em 2019 foi de -1,10% o que demonstra uma contracção menor em relação
ao ano de 2018 fruto da queda menos acentuada da produção petrolífera, sempre o sector
petrolífero. Vale destacar que a actividade não petrolífera não fez grande coisa associada,
sobretudo, à queda da actividade económica dos sectores da energia e da Indústria
transformadora que tinha registado um desempenho positivo em 2018. Estima-se que os
sectores que atenuaram o nível de recessão económica em 2019, foram os sectores
diamantífero e o de serviços mercantis.

Desde 2016, o país não mais apresentou taxas de crescimento positivas, uma situação que,
com a pandemia da COVID-19, parece não mostrar indícios de melhoria a curto prazo.

2.2.3 – Os níveis de inflação

Nos tempos modernos e, apesar do “sossego pouco habitual” a que se refere Samuelson,
o termo inflação saltou das páginas obscuras dos volumosos compêndios de Teoria
Económica para a realidade das preocupações quotidianas do cidadão comum.

A inflação é definida como o aumento persistente e generalizado no índice de preços, e


não podem ser confundidos com altas esporádicas de preços, devidas às flutuações
sazonais, por exemplo (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004).

Depois de um período em que a economia apresentou taxas de um dígito e, como se havia


de esperar, a inflação em Angola tem sido nos últimos anos assunto que tem
proporcionado debates e preocupação entre acadêmicos, economistas e políticos em
qualquer canto do país. Tal facto verifica-se porque temos estado a registar taxas de
inflação que tornam a vida da maioria dos angolanos cada vez mais difícil, sobretudo em
2016 quando atingimos a marca dos 40%. Esses números tornam-se realmente maiores
do que se vê uma vez que a maioria dos angolanos são pobres. Vale destacar também que,
a inflação angolana, geralmente, tem sido uma inflação importada pois como mostram os
dados, parte se não a maior parte do que se consome, nos mais variados sentidos, é
importada e com uma taxa de câmbio USD/KZ, EUR/KZ tão elevada como a que se
verificou em 2020 e a entrada do IVA no final de 2019, os importadores não têm
alternativa se não vender internamente com preços exorbitantes e uns ainda tirando

37
vantagem disso como pretexto para tais vendas. Uma situação muito difícil de ser contida
do dia a noite pelas autoridades e agentes económicos se não enfrentar os desafios que
temos pela frente, de acordo com a abordagem de Solow e Swan.

Figura 09: Evolução da inflação em Angola (2010-2020)

45
41,95
40
35
30
25
23,67
20
18,6
16,9
15 15,31 14,27 13,88
10 11,38
9,02
7,69 7,48
5
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 JUL/20

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do BNA, 2020.

Como nos demonstra o gráfico, no período 2010-2014 verificou-se um decrescimento na


taxa de inflação nacional, o que em linhas gerais pode ser justificado por várias razões.
Atingimos pela primeiríssima vez na história da economia nacional uma inflação de um
dígito, em 2012 e dentre as várias razões ao longo dos diferentes anos, destacamos as
seguintes a saber:

➢ A redução dos preços dos bens alimentares, dos bens energéticos no mercado
internacional e a redução dos preços nos produtos dos principais fornecedores do
país;
➢ Medidas de política adoptadas pelos decisores de política económica como é o
caso de uma maior disciplina no sector fiscal, do rigor da autoridade monetária
em manter a estabilidade dos preços a nível nacional;

Porém, após esse período de certa estabilidade nos preços com uma média de 10,18% na
taxa de inflação e com um registo triplo de um dígito, em 2015 a coisa começou a ficar
feia, tão feia que em 2016 não tínhamos como se não assistir o país a registar uma taxa
de inflação de 41,95% conforme os dados do INE e do BNA.

38
Essa mudança de comportamento registado em 2015 e a explosão da inflação em 2016
são fruto78:

➢ Da depreciação da moeda nacional nos dois anos em cerca de 31,55% e 22,6%,


respectivamente, para a liquidação de transacções com o exterior;
➢ Da expansão da base monetária em mais de 50% restrita em moeda nacional;
➢ Dos sucessivos cortes dos subsídios aos preços dos combustíveis que se
traduziram num aumento dos preços dos serviços de transporte bem como dos da
energia eléctrica que, pelo mecanismo de transmissão económico, tiveram
reflexos sobre os preços dos bens e serviços no mercado interno;
➢ Das restrições a importação tanto em bens finais como de intermediários; e
➢ Da actualização dos preços das telecomunicações.

Depois daquele 2015 e, sobretudo 2016, as políticas monetárias e cambiais destacando o


aumento da venda de divisas dirigidas aos importadores de bens alimentares desde o
segundo semestre de 2016 visando assegurar a oferta de bens alimentares essenciais, a
relativa estabilidade do mercado cambial, a contracção dos agregados monetários, a
regularização dos atrasos cambiais, a adopção de um regime cambial mais flutuante e a
melhoria da comunicação do BNA com os agentes económicos, contribuíram para a
redução em 3 anos consecutivos, isto é, 2017, 2018 e 2019.

Em 2020, a inflação acumulada até ao mês de Agosto, estava em 13,88% referente ao


mês de Julho, ou seja, a 4 meses do fim do ano já com uma diferença de 3,02%
apresentando uma tendência de superação.

2.2.4 – A empregabilidade

O emprego garante dignidade à pessoa. Garante a ela, por intermédio do rendimento, o


poder de haver sobre os bens e serviços necessários para a satisfação das suas
necessidades. Tal satisfação, ocorre, primeiramente, mediante dispêndio de moeda para
aquisição dos bens e serviços que aumenta assim a demanda agregada e, em última
instância o PIB gerando crescimento económico.

Existe uma correlação directa muito forte entre o emprego e crescimento económico
embora tal realidade já não se observe tanto em países de investimentos do tipo capital
intensivo. Em nossa realidade, o emprego continua tendo essa relação com os níveis de

7
BNA. Relatório e Contas 2015. Luanda.
8
BNA. Relatório e Contas 2016. Luanda.

39
crescimento pois somos um país com investimentos do tipo trabalho intensivo o que
demonstra a sua grande importância. Por isso, o desemprego é um problema que preocupa
os países pois afecta directamente a economia desperdiçando o produto potencial.

Para Dornbusch, Fischer e Startz (2013), a taxa de desemprego é a parte da força de


trabalho que não consegue empregos. Ela é obtida através do quociente entre a população
desempregada e a população economicamente activa e expressa-se em percentagem. Essa
definição de Dornbusch e Fischer, leva-nos, sem muito esforço, conceituar a taxa de
emprego como sendo a fracção da força de trabalho que tem emprego. Fracção essa que
será obtida pela divisão da quantidade de força de trabalho empregada e a população
economicamente activa.

Figura 10: Taxa de desemprego (2010 – 2019)

35

31,8
30
28,8
26 26 26 26
25 25 25

20 19,9 20

15

10

0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Fonte: adaptado pelo autor com base nos dados do INE, BM e OIT, 2020.

Se o desemprego era preocupante até Dezembro de 2019, nos dias subsequentes, fruto da
pandemia da COVID-19, a história tornou-se mais agravante. Quando um país tem uma
taxa de desemprego elevada, as implicações são directas e imediatas que se não for
combatida, se podem prolongar a médio ou até longo prazo sobre a capacidade das
famílias consumirem e, como sabemos, o consumo privado é uma variável
importantíssima do PIB. Numa conversa online promovida pelo BAI, Álves da Rocha fez
uma intervenção sobre o desemprego e realçou que uma taxa de 32,7% de desemprego

40
representa uma catástrofe lembrando que alguns países como Portugal após a intervenção
da troika alcançaram o crescimento económico graças ao consumo privado.

Sobre a taxa de desemprego juvenil que subiu para cerca de 58% naquele ano, Rocha
relacionou-a com a educação chamando atenção que um outro dado importante a reter
das estatísticas do INE, é que dessa percentagem de jovens desempregados há 50%,
sensivelmente, que não estuda nem trabalha, apontando que podem estar em situação de
pobreza.

2.3 – O estado das finanças públicas

As finanças do país apresentam uma volatilidade muito grande por ser demasiado
dependente de um sector instável como o do petróleo. Fruto da instabilidade que o
mercado internacional do petróleo tem apresentado, nos últimos anos o país tem passado
por sucessivas revisões dos orçamentos gerais de modo que se ajuste face ao preço do
petróleo, principal produto gerador de receitas para o país. Em 2020, com a pandemia da
COVID-19, houve uma redução da procura e isso compeliu a Rússia e a Arábia Saudita
a uma guerra de preços que pressionou o mesmo para o mínimo dos últimos 20 anos. Por
esse e outros motivos, houve necessidade de revisão do OGE de maneira que se atingisse
à prossecução dos objectivos macroeconómicos traçados e para atacar as necessidades
que a pandemia traria (MINFIN, 2020).

O OGE 2020 inicial, foi previsto a um preço de 55 USD por barril ao passo que as
estimativas que conduziram à revisão do orçamento foram de 33 USD por barril
apresentando um ajuste em baixa relativamente a projecção inicial. As projecções feitas
no OGE 2020 revisto apontaram para um défice fiscal de cerca de 4% do PIB. Essa
previsão mostrou um agravamento de 5,2 p.p relativamente ao projectado no OGE 2020
inicial (MINFIN, 2020).

A dívida pública

O ano 2020 arrancou com uma cifra histórica da dívida pública em Angola, ou seja, a
dívida pública angolana fechou o ano 2019 em exactos 113% do PIB. A depreciação
rápida do Kwanza face ás moedas internacionais no quarto trimestre do ano e a quebra na
produção de petróleo estiveram na base da subida do rácio da dívida pública (MINFIN,
2020).

As taxas de crescimento negativas sucessivas que marcaram o


período recessivo mais prolongado da história do país, coloram a

41
dívida numa trajectória de insustentabilidade tornando imperativo
a adopção de medidas para reverter a tendência. Por esta razão,
os esforços de consolidação fiscal não deixariam de ser
imprescindíveis para o Governo (MINFIN, 2020, p. 12).

O maior credor de Angola é indiscutivelmente a República da China, seguido do Reino


Unido e das Organizações Internacionais, para fechar o pódio. Com a pandemia e suas
consequências, em Setembro, o Ministério das Finanças declarou haver progressos na
renegociação da dívida com credores e aproveitando a Iniciativa de Suspensão do Serviço
da Dívida do G20 o país vai pedir a extensão da moratória da dívida bilateral não
garantida até ao final do ano 2021. Segundo os dados disponibilizados pelo BNA, a dívida
bilateral no final de 2020 era de 5.774, milhões de dólares.

Figura 11: Dívida externa pública por países 2019 (em milhões de USD)
22 424,50

12 750,00
4 356,10
2 264,70
970,6

896,1
776,6
766,9
609,9

557,4
471,3

442,8
297,4
269,6
213,8

168,1
111,2
890

72,4
47,6
36,4

27,4

21,4
13,4
0,6
0,4

1,6
1,6
0,1
0,1

0,3
1,6
Fonte: BNA-Dívida Externa Pública (Stock) 2012-2020.

2.4 – Relações comerciais com o exterior – a balança de pagamentos

A economia nacional assim como as outras economias do mundo não são autossuficientes
e, portanto, abertas estabelecendo relações económicas entre si. São nessas relações que
se consegue importar os bens e serviços que necessitamos e que, por si só, não se
consegue obter e são também nessas relações que se exporta o excedente gerando receita
para o país. O registo dessas transacções é realizado na Balança de pagamentos.

A balança de pagamentos é o registro contábil de todas as transações realizadas entre os


residentes do país com os residentes dos demais países num determinado período de

42
tempo (SOUZA, 2007 apud RODRIGUES, 2012). Ela, é constituída por 3 balanças
nomeadamente a corrente, a de capital e a financeira.

2.4.1 – Conta corrente

No terceiro trimestre de 2019, a conta apresentou um superavit de USD 1.461,5 milhões


e para a melhoria da situação, no quarto trimestre passou dessa cifra para USD 1.774,2
milhões e esse facto contribuiu para que o peso da conta no PIB aumentasse alcançando
os 9,6% em contraposição dos 6,7% do terceiro trimestre sustentado pelo aumento
verificado na conta de bens assim como a redução do défice na conta de serviços e dos
rendimentos secundários. Porém, face a 2018, a conta sofreu uma redução estimada em

30,6%, ou seja, passando dos USD 7.402,6 para os USD 5.137,4 milhões (BNA, 2020).

Figura 12: Conta corrente angolana 2019

Fonte: BNA-Relatório da BP IV trimestre 2019.

O gráfico ilustra por um lado o valor em milhões de USD e por outro o valor da conta
corrente em percentagem do PIB e com clarividência, observa-se o referido anteriormente
relativo ao aumento do peso da conta no PIB. Destacamos que o aumento verificado na
conta de bens foi fruto do incremento nas exportações no quarto trimestre de 2019
sustentado pelo aumento ligeiro do preço médio do petróleo bruto e também acréscimo
das exportações. Entre os principais destinatários das exportações de petróleo bruto
gerado pelo país, a China, como se havia de esperar, manteve-se na liderança com 71,1%
seguido da Espanha e da Índia com 6,2% e 4,5%, respectivamente (BNA, 2020).

43
2.4.2 – Conta capital e financeira

No quarto trimestre de 2019, a conta capital apresentou o saldo nulo em resultado da


periodicidade de concessão de licenças de exploração pesqueira aos armadores não
residentes e a tipologia de pagamento das mesmas, tendo em conta que estas operações
têm sido os únicos fluxos registados na conta de capital nos últimos anos (BNA, 2020,
p.16).

Embora tenha apresentado um saldo superavitário, a conta financeira registou uma


redução de 62% relativamente ao terceiro trimestre. O superavit foi motivado pelo
aumento dos activos de reserva e dos outros investimentos, todavia os passivos dos
investimentos em carteira tenham incrementado significativamente. O investimento
directo também registou um encolhimento no quarto trimestre de 2019 embora ainda com
saldo superavitário que se deveu pela entrada novos investimentos assim como a redução
da saída de investimento estrangeiro com destaque ao sector impulsionador da economia.
Os novos investimentos que o país recebeu naquele período foram, sobretudo do sector
do petróleo, mostrando uma vez mais a estrutura económica que o país tem e a
dependência dela pelo sector (BNA, 2020).

Quadro 02: Investimento Directo Líquido

III TRM. 2019 IV TRM. 2019


DESCRIÇÃO
Entrada Saída Saldo Entrada Saída Saldo
Investimento Directo no Estrangeiro 0,0 8,3 -8,3 0,0 33,8 -33,8
Sector Não Petrolífero 0,0 8,3 -8,3 0,0 33,8 -33,8
Sector Petrolífero 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Investimento Directo Estrangeiro 2 042,4 3 279,8 -1 237,5 2 216,8 2 857,2 -640,4
Sector Não Petrolífero 191,0 0,0 191,0 160,5 0,0 160,5
Sector Petrolífero 1 851,3 3 279,8 -1 428,5 2 056,4 2 857,2 -800,9
Total Geral 2 042,4 3 288,2 -1 245,8 2 216,8 2 891,1 -674,2
Fonte: BNA, 2020.

2.4.3 – Erros e omissões

É necessário analisar a discrepância estatística das fontes de informação que são usadas
na elaboração da balança de pagamentos. A rubrica apresentou um valor negativo
estimados em USD 689,5 milhões que no PIB representa 3,7% (BNA, 2020).

44
Figura 13: Balança de Pagamentos de Angola 2019 (em milhões de USD)

6 000,00
5 137,40
5 000,00
4 207,60
4 000,00

3 000,00

2 000,00

1 000,00
2
0,00
Conta corrente conta capital Conta financeira Erros e omissões
-1 000,00
-931,8
-2 000,00

Fonte: BNA, 2020.

2.5 – Evolução dos determinantes do crescimento em Angola

2.5.1 – A poupança

Os agentes econômico têm que decidir como será usada sua renda. A renda do trabalhador
é o seu salário, a do empresário é o lucro e a renda desses agentes econômicos pode ser
usada para o consumo ou para a poupança.

Segundo Rodrigues (2012, p. 49), a parte da renda das pessoas que não é gasta com o
consumo (compra de produtos e serviços) é destinada à poupança. A poupança é a parte
da renda que as pessoas poupam, ou seja, para realizar a poupança as pessoas não gastam
toda a sua renda em consumo.

Silva e Luiz (2001 apud RODRIGUES, 2012), afirmam que em relação ao sistema
económico, a formação da poupança significa investimento. O investimento para além de
significar a variação (aumento) de estoque, também é formado por despesas como compra
de máquinas e equipamentos e construção de novas unidades produtivas que visam
aumentar a capacidade produtiva das empresas.

Afirmar que a poupança é igual ao investimento no mesmo período é uma definição


fundamental da Macroeconomia. Portanto, está mais que claro que maiores níveis de
produção resultam de maiores níveis de investimento e esse de uma grande quantidade
de poupança, ou seja, uma economia que poupa pouco certamente investe pouco e esse é
uma característica comum dos países do terceiro mundo e Angola não é excepção.

45
Figura 14: Razão Poupança - Renda Disponível Bruta (2010-2017)

45 42,04 41,15
39,73
40
35,1
35 32,31
29,17
30 25,94 24,93
25

20

15

10

0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: adaptado pelo autor segundo os dados do BNA, 2018.

A figura é clara ao mostrar qual tem sido a parte da renda destinada à poupança. Os dados
mostram-nos que em 2017, do total da renda disponível apenas 24,93% é destinada à
poupança, ou seja, nem 30% da renda é poupada e essa situação demonstrada certamente
justifica a taxa de investimento verificada no país segundo dados fornecidos pelo BNA
sendo que a principal razão desse baixo rácio é, sem dúvida, o produto da economia que
é resultado de baixa produção e rendimentos baixos a nível do país.

2.5.2 – O investimento

O investimento é tido como a aplicação de recursos (dinheiro ou títulos) em


empreendimentos que renderão juros ou lucros, em geral a longo prazo. Num sentido
amplo, o termo aplica-se tanto à compra de máquinas, equipamentos e imóveis para a
instalação de unidades produtivas como à compra de títulos financeiros (letras de câmbio,
ações etc.). Nesses termos, investimento é toda aplicação de dinheiro com expectativa de
lucro. Em sentido estrito, em economia, investimento significa a aplicação de capital em
meios que levam ao crescimento da capacidade produtiva (instalações, máquinas, meios
de transporte), ou seja, em bens de capital (SANDRONI, 1999).

O INE disponibiliza os dados da taxa de investimento nacional cujo resultado é o rácio


entre a FBCF e o PIB e a situação não é agradável. Como mencionado anteriormente,
maiores níveis de poupança acarretam mais investimentos e vice-versa e a taxa de
investimento de Angola, para além de outros motivos conhecidos como a corrupção, o
nepotismo, a inflação ou até mesmo o ambiente de negócio, é justificada pela baixa

46
destinação da renda à poupança. A figura a seguir, mostra-nos as taxas de investimento
no período 2010-2017.

Figura 15: Taxa de investimento (FBCF/PIB) no período 2010-2017

30 28,24 27,48 28,21


26,39 26,68 26,16 26,21
23,24
25

20

15

10

0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: adaptado pelo autor segundo os dados do BNA, 2018.

Observa-se na figura acima que o investimento bruto corresponde a apenas exactos


23,24% do PIB. Essa situação não poderia ser diferente pois a poupança espelha esse
facto e, para além disso, grande parte desse investimento é realizado pelo sector público
por intermédio de empresas públicas o que, até certo ponto, impossibilita a expansão
desse rácio uma vez comprovada que o Estado não é um bom empresário.

Esse fraco investimento é resultado de muitos factores, destacando três fundamentais:

Baixo nível de poupança: como observado na figura anterior, do rendimento disponível


bruto apenas 24,93% é destinado à poupança ficando os outros 75,05% canalizados ao
consumo, ou seja, a nossa economia é, essencialmente, de consumo. Essa é a razão mais
clara para justificar os níveis de investimento insatisfatórios alcançados no nosso país.

Ambiente de negócio: segundo dados publicados pelo Banco Mundial nos finais do ano
2019, Angola ocupava em 2020 a 177ª posição em 190 países analisados com os melhores
ambientes de negócios do mundo, ou seja, é o 14º país do mundo com o pior ambiente de
negócios, uma situação que não ajuda em nada a actracção de investimentos, sobretudo
estrangeiros, para gerar crescimento económico ao país.

Dificuldade na obtenção de crédito: a obtenção de crédito por parte dos


empreendedores/investidores é naturalmente difícil, pese embora os esforços do
executivo actual na adopção de medidas que visam facilitar tal processo com destaque a
criação do PAC que, apesar de tudo, tem sido constestado por alguns economistas

47
nacionais como é o caso de Yuri Quixina que afirmou dizendo que o resultado deste é
uma incógnita pois a história mostra-nos que quando o banco público (BPC) entra nesse
processo, o crédito vai aos privilegiados9

2.5.3 – Progresso tecnológico

O modelo de crescimento neoclássico e suas extensões, demonstram-nos que o


crescimento económico e a tecnologia possuem uma relação directa e de importância
central. Depois de mais de dois séculos depois da primeira revolução industrial, a
generalista relação entre crescimento e tecnologia pode ser reconhecida de maneira
intuitiva por qualquer um e não precisa ser muito inteligente para tal.

De acordo com Sandroni (1999, p. 594), a tecnologia é ciência ou teoria da técnica.


Abrange o conjunto de conhecimentos aplicados pelo homem para atingir determinados
fins. As inovações tecnológicas determinam, quase sempre, uma elevação nos índices de
produção e um aumento da produtividade do trabalho.

Para a modernização do Estados, a investigação científica é uma ferramenta indispensável


e para a sua efectivação são necessárias, pelo menos, dois aliados nomeadamente a
existência de uma classe de investigadores bem identificados e apoiados bem como o
financiamento por parte das entidades púbicas e privadas. São exactamente esses dois
elementos que a Ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação reconheceu
em Março de 2019 constituírem-se os dois grandes obstáculos a IC em Angola, embora
custa, até certo ponto, crer firmemente no primeiro elemento uma vez observado que os
poucos que temos não são devidamente considerados e plenamente incentivados.

O BM publicou em 2019 o IGI 2019 e em 2020 o IGI 2020 e Angola nem sequer consta
na lista de 129 países mais inovadores do mundo. Numa entrevista exclusiva a O PAÍS,
Domingos da Silva Neto, SEITMES, afirmou que o país carece de um mecanismo
específico de financiamento da ciência. Observa-se que duas entidades do governo
coadjuvam da mesma ideia de que a falta de financiamento tem sido um problema, se não
o maior problema.

9
Yuri Quixina:“Sempre que o Governo tentou criar crescimento económico através de programas de crédito
esbanjou dinheiro”. Uma das razões que nos levaram à crise foram os programas de créditos. Nas últimas
décadas, sempre que o Governo tentou criar crescimento económico, através de programas de crédito,
estragou o crescimento ou esbanjou dinheiro. Quem vai pagar o diferencial da taxa de juros é o povo,
através dos impostos. Porque a taxa do PAC é de 7,5% e no mercado está acima de 15%. Devia-se evitar
os bancos públicos nesses processos. Ler mais em http://bit.ly/2unu8i4.

48
Segundo a revista Expansão (2020), a investigação científica em Angola é desvalorizada
por alguns pontos críticos que precisam ser analisados:

a) O primeiro é a falta de desenvolvimento de técnicas de investigação nas salas de


aulas das universidades. A universidade angolana baseia-se, principalmente, no
lema enino/aprendizagem, não possibilitando a activação de técnicas de
investigação nas aulas e desse jeito os estudantes são induzidos a uma mera
actividade de copiar e colar informações existentes.
b) O segundo ponto crítico é, certamente, a má interpretação do grau de PhD., termo
vinculado aos grandes filósofos gregos e romanos que eram também excelentes
pesquisadores.

Do lado das tecnologias de informação, o Governo preparava em 2015 uma legislação


sobre cibersegurança. O Secretário de Estado para as Tecnologias de Informação
assegurou que não se prevê qualquer controlo ou filtragem no acesso à internet garantindo
que o Estado não impõe qualquer restrição no acesso à informação e às novas tecnologias.
Em 2019, Angola e Portugal fortaleceram cooperação em cibersegurança.

Para termos uma ideia da situação tecnológica que é resultado do processo de investigação
científica de acordo com o modelo de crescimento endógeno de Romer, o OGE 2020
destina menos de 3% do PIB para pesquisa científica pelo que os desafios à investigação
científica são imensos.

Existem no país um número reduzido de centros de investigação científica com destaque


ao CEIC que é voltado para a área económica e que presentemente tem produzido ao
longo dos anos diversos estudos com o objectivo de se superar os resultados económicos
apresentados pelo país.

2.5.4 – Crescimento da população angolana

Segundo os dados apresentados pelo INE (2016), resultantes do Censo 2014, a população
de Angola naquele ano era de 25.789.024 habitantes sendo 12.499.041 homens e
13.289.983 mulheres. A população de Angola é composta por um conjunto de etnias.
Estima-se que 95% dos angolanos são africanos bantu. Nos países africanos de expressão
portuguesa, Angola é o país que está a crescer mais rapidamente, ou seja, a população
angolana triplicou nos últimos 15 anos de acordo com a observação baseada no relatório
anual das Nações Unidas sobre o Estado da População em 2019. A Observaçãor ainda

49
declara que a população angolana ascendeu a 31,8 milhões de pessoas apresentando uma
taxa média de crescimento populacional entre o período 2010-2019 de cerca de 3,4%.

Figura 16: taxa de crescimento populacional de Angola

3,8 3,76
3,72
3,68
3,7 3,64
3,59
3,6 3,53

3,5 3,46
3,41
3,4 3,35
3,31
3,3

3,2

3,1

3
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Fonte: Countrymeters.info/pt/Angola

2.6 – O estado da infraestrutura económica

No capítulo anterior ficou claro que a infraestrutura está intimamente ligada ao


crescimento económico, ou seja, o crescimento económico de um país passa pela
infraestrutura que esse país detém e por isso, observar o estado em que se encontra, nos
dará uma ideia da situação actual para a definição dos desafios que determinarão o estado
futuro das mesmas para a promoção de um crescimento sem sobressaltos.

Infraestrutura rodoviária, aeroportuária e portuária

A principal via de comunicação utilizada para a mobilidade de pessoas e bens no país é a


rede de transporte rodoviária. As estradas do país são maioritariamente antigas, isto é,
construídas pelos portugueses colonizadores. É um facto e por isso vemos que o executivo
tem levado a cabo uma série de manutenções e construções de estradas, porém essas
actividades são realizadas fundamentalmente em zonas urbanas deixando em plano mui
secundário as zonas rurais, que são produtoras de uma grande gama de produtos. Destaca-
se ainda que tanto as manutenções quanto as construções que ocorrem são, na maior parte,
de baixa qualidade e fruto disso constituem uma espécie de despesas plurianuais, ou seja,
despesas que se vão repetindo ao longo dos anos.

50
Nas zonas rurais há uma autêntica paragem nas infraestruturas rodoviárias, ou seja, há
zonas que de certo modo possuem estradas, mas em condições deploráveis, e outras zonas
que simplesmente não possuem e isso tem conduzido essas zonas a uma estagnação
produtiva acentuada.

A nível da infraestrutura portuária, o país apresenta três principais portos nomeadamente


os portos de Luanda, Lobito e Namibe. Pode-se ainda fazer referência aos portos do Soyo
e de Cabinda. Os três principais portos constituem a porta de entrada e saída dos produtos.

No lado da navegação aérea, o país dispõe de vários aeroportos domésticos que fazem as
ligações entre as diferentes províncias a nível do país e exclusivamente um aeroporto
internacional que, neste caso, é a primordial via de entrada e saída do país.

Energia e água

Nos últimos anos, o executivo tem construído ao longo do país uma série de centrais
eléctricas e barragens de modo que se melhore a produção e o fornecimento de energia à
população e, obviamente, aos agentes económicos que necessitam para o
desenvolvimento de suas actividades económicas. Todavia, é visível que existem
localidades em toda a extensão do país que não beneficiam de corrente eléctrica e como
consequência há sucessivas deteriorações de produtos conserváveis em frio e
desincentivo à produção industrial. Nas zonas urbanas, periféricas e rurais, os agentes
económicos são compelidos a serem proprietários de geradores de reserva para acudir aos
sucessivos cortes de luz que acontecem e em grande parte nos horários de trabalho.

Saneamento

O saneamento em Angola é um problema dos grandes. O lixo que é produzido pela


população não é recolhido com eficácia e fruto disso, montes de lixo são visíveis nas
zonas urbanas e rurais. As valas de drenagem são um outro problema, ou seja, é um hábito
verificar-se no país sucessivas áreas com águas paradas oriundas de residências
familiares, de empresas públicas e privadas assim como a própria água da chuva. Por
essas situações, verifica-se uma quantidade enorme de mosquitos e outras bactérias nas
comunidades e como consequência o nível de doenças cresce, fundamentalmente a
malária e febre tifoide fazendo com isso, crescer a taxa de mortalidade.

51
Telecomunicação

O sector de telecomunicação é regulado pelo INACOM adstrito pelo Ministro das


Telecomunicações e Tecnologias de Informação. O mercado de telecomunicações
começou a ganhar competitividade.

Existem no mercado quatro fornecedores de serviços de internet nomeadamente a


Netangola, Ebonet, SNET e Multitel, sendo este com capitais fundamentalmente de
privados. A nível de telefonia móvel, temos no país, actualmente, quatro operadoras
contando com a recém admitida Africell. O mercado é dominado pela Unitel, porém
espera-se muito mais sobretudo com a chegada da nova operadora. O serviço de
telecomunicação não chega em toda a extensão do país e nas áreas que chega, nem sempre
é fornecida com uma qualidade que facilite o desenvolvimento das actividades
económicas. O serviço 4G já é um facto em Angola, todavia com interrupções sucessivas
no seu fornecimento a nível de algumas províncias e áreas.

O lançamento do primeiro satélite angolano ANGOSAT 1, gerou uma expectativa enorme


aos consumidores dos serviços de telecomunicação que, como observamos, tem custado
cada vez mais e com decremento da qualidade de fornecimento. Todavia, embora a
expectativa tivesse no auge dos sentimentos dos agentes económicos angolanos, o
fracasso da sua instalação adiou o esperado.

52
CAPÍTULO III

DESAFIOS PARA O CRESCIMENTO ECONÓMICO EM ANGOLA

Na perspectiva do modelo de crescimento neoclássico, a caracterização da economia do


país apresentou um quadro clínico não favorável. Desta maneira, está claro que o país
deve encarar um conjunto de desafios necessários para que alcance um nível de
crescimento satisfatório. O terceiro capítulo desafios para o crescimento económico em
Angola é subdividido em duas partes importantes em que a primeira é caracterizada pelos
pré-requisitos necessários para enfrentar os determinantes-desafios e a segunda pelos
desafios para o crescimento sendo esta constituída pelas principais ideias do modelo de
crescimento neoclássico ao qual reside a visão da análise do trabalho.

3.1 – Pré-requisitos

Qualquer actividade humana, antes da sua prossecução necessita de uma preparação. Sem
preparação os resultados futuros são imprevisíveis podendo assumirem valores positivos
ou negativos, embora seja de quase certeza que o despreparo só resulta em colheita de
resultados negativos. Os pré-requisitos são fundamentais para a prossecução dos desafios
para o crescimento económico em Angola pois eles garantem ao país a reunião das
condições básicas para atacar tal objectivo, ou seja, os pré-requisitos se não satisfeitos
interpelam na capacidade do país para vencer os desafios que se seguem.

A introdução de pré-requisitos nesse capítulo é semelhante a análise de Rostow na


fundamentação do estágio “precedente a decolagem” em seu modelo dos estágios lineares
do crescimento. Assim como mencionado acima, em estágios lineares de crescimento
verifica-se que as economias que atacam o crescimento sem antes reunirem as condições
básicas de sustento do complexo processo de crescimento, retrocedem obrigatoriamente
sem se importar em que estágio estas estejam.

3.1.1 – Melhoria da qualidade de ensino

O ensino de qualidade é aqui analisado por um lado pelo ensino geral e por outro pela
qualidade da universidade do país. Numa visão de ensino superior, Capita (2021)
referenciou que o ensino de qualidade é aquele que se traduz pela intervenção, capacidade
de gerar consciência crítica e de entendimento. Concorrem para a qualidade de ensino
três agentes fundamentais e distintos com funções especificamente diferentes, isto é, o
Governo, os docentes e os estudantes sendo estes sujeitos activos ao passo que a nível do
ensino geral estes se apresentam como sujeitos passivos.

53
A melhoria da qualidade de ensino surge, segundo essa análise, como pré-requisito
fundamental pois, fica evidenciado desde os clássicos até aos economistas defensores da
teoria do crescimento endógeno que, a educação está estritamente ligada ao crescimento
económico dos países. Muitos países que, algumas décadas atrás eram tidas como pobres,
hoje alcançaram níveis soberbos de desenvolvimento sustentados sobretudo pelo
investimento em políticas educacionais que garantiram para si uma educação de
qualidade capaz de gerar para o país pessoas habilitadas para a superação dos desafios
económicos que enfrentavam. Para esse grupo de países, destacam-se os chamados tigres
asiáticos, a Finlândia10, a Alemanha11, Suécia e outros.

Sendo o Governo o agente responsável pela criação das condições gerais da educação,
desde as leis educacionais até a infraestrutura para o desenvolvimento do próprio sector,
a fatia destinada para a educação precisa de um incremento.

A Ministra da Educação durante a avaliação por videoconferência da possível cooperação


entre Angola e Ruanda com a Ministra da Educação do referido país, Valentine
Uwamariya, fez referência que o futuro da educação está ligado às tecnologias de
informação deixando claro que é necessário que as instituições de ensino apostem na
utilização de equipamentos informáticos.

É uma alternativa viável tornar o acesso à internet como um direito legal na


universidade12. Dentro desse pacote, as instituições de ensino superior podem apostar em
tornar seus serviços digitais através da criação de plataformas ou sites de modo a facilitar
a solicitação e prestação de serviços.

Realidades no resto do mundo mostram que uma educação com liberdade de expressão e
imprensa é geralmente uma educação competitiva e de qualidade. Ligado a isso, seria de
grande benefício expelir a expressão “não estou a falar política” nas salas de aulas do
país.

Na Finlândia, por exemplo, para ser professor é necessário que o candidato tenha pelo
menos o mestrado feito. Porém, como no nosso país o ensino obrigatório é a conclusão
do segundo ciclo, passa a ideia que o curso médio de professores precisa ser mais exigente

10
Destacado como o país com a melhor educação do mundo e um dos países que mais investe nesse sector.
11
Referência por ser um país pobre em recursos naturais e também por ser um país militarmente histórico
pelas derrotas nas guerras mundiais, desenvolveu por investir fortemente na educação e recentemente
aprovou um programa de investimento 2021-2030 de cerca de 160 bilhões de euros para a educação.
12
Medida adoptada pela Finlândia para facilitar os estudantes na realização de trabalhos de pesquisa, envios
de documentos, vídeo aulas e outros benefícios.

54
a todos os níveis pois a formação de professores de qualidade não consiste em
apresentação de teorias a respeito da educação.

É plausível dizer que os critérios de admissão nos concursos públicos da educação e do


ensino superior precisam ser aprimorados agregando ao processo elementos qualitativos
como a entrevista, checagem dos antecedentes estudantis ou até a realização de uma aula
simulativa. Junto a isso, os critérios de avaliação no país quer de alunos e quer de
professores necessitam de uma revisão. Por consequência, a criação de comissões de ética
escolar se apresentaria como uma medida de grande contributo.

Autores como Rabelo (2010), afirmaram que a remuneração docente torna competitiva a
profissão evitando sobretudo a compra e venda de notas que é um problema muito
recorrente no sistema de ensino do país e de muitos países do terceiro mundo. Por isso,
devotar atenção no rendimento que um professor aufere é pensar em qualidade de ensino.

Os órgãos de gestão académica, sobretudo a nível do ensino superior, demonstram que


precisam ser eleitos pelos membros da comunidade académica local. Realidades no resto
do mundo demonstram que a eleição dos órgãos de gestão académica resulta, geralmente,
na escolha da melhor alternativa para a condução dos destinos da instituição de ensino e
em Angola, embora esse facto já esteja aprovado, a sua concretização ainda é um
problema.

Corroborar para a uniformização da parte fundamental dos planos curriculares das


instituições de ensino superior no país é de grande interesse. Por outro lado, a parte
secundária pode ser determinada, em muitos casos, em função das características e
necessidades das localidades em que as instituições de ensino superior se encontram.

A alimentação escolar é fundamental sobretudo no Ensino Primário e Primeiro Ciclo do


Ensino Secundário. Deste modo, a criação de refeitórios escolares que funcionam é uma
alternativa viável para garantir a alimentação dos alunos e salvaguardar a boa disposição
dos alunos nas escolas.

Partindo da visão de Capita (2021), podemos chamar um quarto agente participante na


educação que são os pais e encarregados de educação. A esses, sugere-se a serem
pacientes e presentes fazendo uma permanente chamada de atenção, gerando estímulos
para exercitação e estudos em casa.

55
3.1.2 – Investimento em infraestruturas económicas

O primeiro capítulo fez-nos referência da importância da infraestrutura económica para o


crescimento e no segundo capítulo ficou claro que apesar dos esforços feitos pelo
executivo, até certo ponto, o estado da infraestrutura preocupa pois elas não estimulam a
produção a nível do país. Por esse motivo, o investimento em infraestrutura reveste-se
fundamental para o alcance do referido crescimento, pois toda a actividade económica
desenvolvida passa por uma infraestrutura e quanto melhor for a infraestrutura, coeteris
paribus, melhor é o desenvolvimento da actividade económica.

A diversificação económica que o país procura alcançar, se analisarmos o seu principal


programa, isto é, o Programa de apoio à produção, diversificação das exportações e
substituição das importações, observaremos primeiramente que a agricultura é a
actividade determinada primordial e ela é desenvolvida no país sobretudo nas zonas rurais
pelo que necessita-se de uma infraestrutura rodoviária capaz de permitir o transporte de
mercadorias a tempo necessário de modo que se evite a crescente deterioração como se
tem verificado ao longo dos anos. Portanto, é imperativo que se proceda a restruturação
qualitativa das vias para que se evite a realização de despesas plurianuais e a construção
de novas vias nas localidades que não possuem e desse jeito, o Orçamento Geral do
Estado assim como a própria administração pública deve começar a ganhar uma outra
tendência para que se ultrapasse essa situação ao longo da extensão territorial sob pena
de termos um investimento agrícola improdutivo e outros tipos de investimentos na
mesma situação. O investimento em redes de transportes públicos de circulação urbana e
rural é a aposta a ser feita para a facilitação do deslocamento dos variados agentes
económicos do país que ficam paralisados pela dificuldade de táxi e articulado a isso o
alto índice de congestionamentos resultantes da escassez de vias secundárias que podem
ser exploradas.

A produção de produtos manufacturados exige o consumo de uma grande quantidade de


energia e de estabilidade eléctrica. As zonas produtoras de bens do campo estão
concentradas em áreas rurais e para minimizar, até certo ponto, o custo de produção via
redução do custo de transporte, é necessário que as zonas industriais estejam próximas
das zonas de produção agrícola. Todavia, para isso é necessário que a energia chegue até
essas localidades e para isso, é necessário que se aumente a produção nacional de energia,
embora incrementada aos longos dos anos, porém insuficiente, sendo indispensável o
aumento e melhoria qualitativa da distribuição energética no país. Associada a esse

56
aspecto faz-se referência a água e sobre este, o projecto água para todos vem para
responder exactamente isso, não obstante ter-se em atenção que a instalação deve garantir
o fornecimento pois uma instalação sem fornecimento é nula. Para o fornecimento de
água, um basta deve ser dado às sucessivas interrupções noturnas no fornecimento de
água.

Uma população enferma não trabalha. Portanto, a restruturação da periferia é uma via de
reduzir o índice elevado de doenças causadas pelas águas paradas em valas e pela
quantidade excessiva de lixo que é produzida e alocada nas mesmas localidades de
produção. A construção de valas de drenagem adequadas e a criação de um sistema de
tratamento de resíduos eficiente baseado na recolha, separação, reciclagem e descarte
para aqueles resíduos não recuperáveis contribuirão para a minimização desse problema.

A construção de portos de águas profundas e aeroportos internacionais nos diferentes


pontos estratégicos do país, capazes de satisfazer o tráfego marítimo e aéreo de produtos
desfazendo a dependência de Luanda e Benguela e reduzindo assim, de certa forma, as
assimetrias regionais. Por exemplo, para Cabinda, resultará na redução do custo das
mercadorias que até então são altos por entrarem por intermédio das fronteiras com os
países vizinhos e transportados por longas horas em camiões.

Os espaços públicos incentivam a construção de infraestruturas privadas ao seu redor.


Portanto, proceder-se a construção de praças públicas e/ou largos em condições
favoráveis para estímulo da recreação e consigo suscitar o aparecimento de investimentos
associados aos espaços públicos de lazer é um modo a ser utilizado para promover a
construção de edifícios que ofereçam a possibilidade de inserção de negócios.

3.1.3 – Fortalecimento das instituições

As instituições são as grandes responsáveis pela criação de um ambiente de negócios


favorável para a economia do país. Os dados publicados pelo Banco Mundial nos finais
de 2019, mostraram que o país ocupava a posição número 177 de 190 países analisados
com os melhores ambientes de negócios do mundo, ou seja, o décimo quarto pior
ambiente de negócios do mundo, segundo aquele estudo realizado.

Para o fortalecimento das instituições, as responsabilidades recaem a distintos agentes


com responsabilidades diferenciadas. O fortalecimento das instituições é
fundamentalmente determinado pelas acções do Governo do país, pois cabe a ele a
produção de leis e normas de conduta institucionais que permitem ou impossibilitam a

57
existência de disfuncionalidades, incompetências, corrupção, nepotismo, peculato e
outros malefícios institucionais muito visíveis no nosso país. Para esse fortalecimento,
também entram em cena os funcionários, responsáveis pela operacionalização das
actividades diárias das instituições, e não funcionários das referidas instituições
constituída pelo resto da população, cujo papel consiste na exigência e avaliação
constante dos serviços prestados pelas instituições quer em caixas de sugestões ou
reclamações das referidas instituições, quer pela produção de textos críticos promulgados
nos sites informativos, redes sociais e outros canais de comunicação.

O fortalecimento das instituições do país está intrinsecamente ligado a melhoria da


qualidade de ensino e o nível de instrução geral da população. Alguns países no mundo
alcançaram níveis altos de performance institucional por terem investido fortemente
numa educação qualitativa e alguns estudos publicados defendem que essas realidades
demonstram ao mundo e sobretudo aos países do terceiro mundo que uma população com
educação de qualidade é mais ética e produtiva. O tratamento desrespeitoso dos
funcionários das instituições, a lentidão propositada, a incapacidade de esclarecimento,
etc. são também frutos de uma educação deturpada desde a base e com isso fica uma vez
mais visível a imprescindibilidade do pré-requisito melhoria da qualidade de ensino para
os objectivos económicos do país.

Aprimorar as medidas de combate a corrupção, nepotismo, impunidade e


improdutividade realizando avaliações aos funcionários das instituições públicas e
privadas. Combater esses vícios não é responsabilidade exclusiva do Governo, portanto
precisa-se torna-lo num processo participativo geral. Por exemplo, para combater a
improdutividade acentuada a nível das instituições públicas entre elas Governos
Provinciais e Administrações municipais, é plausível fazer despedimentos por
improdutividade e a admissão de novos candidatos para substituição.

Para questões como corrupção, nepotismo e impunidade, para a avaliação do desempenho


das instituições, uma estratégia que pode ser usada de modo a detectar a existência de tais
situações e com cláusulas de penalização mitigar a incidência desses males, passa pela
infiltração de agentes fiscalizadores e a realização de avaliações de periodicidade
aleatória sem aviso prévio.

As instituições precisam procurar fundir os passos necessários para a aquisição de um


bem ou serviço, ou seja, reduzir drasticamente a burocracia apostando em um modelo que

58
facilite evitando diversas voltas de uma instituição à outra instituição sendo que essa
fundição pode ser interna e externa, isto é, a nível interno consiste na redução dos passos
necessários para tal aquisição e a nível externo aproximar as instituições de serviços
complementares para que um assunto seja resolvido em tempo mínimo evitando que os
agentes percorram distâncias desnecessárias para o solucionamento de uma situação, por
vezes mínima.

As instituições devem optar a todo o momento pela transparência de informação, isto é,


produzir e promulgar atempadamente informações previsionais e reais quer elas para
adopção de medidas reactivas, quer para medidas proactivas pelos agentes económicos
de modo que eles não sejam pegados de maneira inesperada e despreparada, embora
alguns fenómenos se mostram imprevisíveis através das denominadas variáveis exógenas
e não económicas.

Os não funcionários das instituições públicas e privadas de cariz económica, possuem um


papel fundamental para o fortalecimento das instituições, mas não a desempenham. Esses
devem ser exigentes, competitivos, fiscalizadores e os primeiros elementos de reportação
das inconsistências verificadas nos serviços prestados pelos funcionários das instituições
a que nos referimos.

As enchentes nas instituições financeiras comerciais do país demonstram que as


instituições são frágeis sem um sistema de atendimento condigno. As instituições
bancárias devem superar a constante falta de cartões multi caixa em alguns pontos do
país, sobretudo nas cidades, emitindo-os em massa usando um processo menos demorado
que o actual, isto é, a adopção de realização de campanhas massivas de emissão de cartões
multi caixa junto a população conforme algumas vezes se procedem com a abertura de
contas bancárias. Emitindo em massa, agora torna-se muito importante a distribuição
sábia e estratégica dos caixas electrónicos nos mais diversos pontos do país e a
obrigatoriedade de carregamento das máquinas. Para os vencimentos, em alguns sectores
pode-se começar a pensar em pagamentos quinzenais.

As acções para o fortalecimento das instituições contribuirão para torna-las sérias,


transparentes e competitivas, alcançando um nível de eficiência sem grandes
desperdícios. Esse alcance, traduzindo-se na melhoria do ambiente de negócios gerando
estímulo através da confiança e fidelização para os agentes económicos internos e

59
externos, impulsionará o aumento do investimento interno e a atracção de investimentos
estrangeiros capazes de gerar riqueza para o país e pelos rendimentos, o crescimento.

3.2 – Desafios para o crescimento

Os pré-requisitos mostraram-nos que em primeira instância, é necessário satisfazer um


conjunto de situações de maneira que o processo de crescimento apresente uma base
sustentadora que evite a sua rotura. Satisfeitos os pré-requisitos, a luz do modelo de
crescimento neoclássico, a economia estará pronta para assumir os desafios, segundo essa
visão, determinantes para o seu crescimento económico. Denomina-se desafios para o
crescimento, o conjunto de desafios que o país tem em frente para superar de modo que
proporcione crescimento ao país, segundo as ideias defendidas por Solow e Swan, autores
do modelo de crescimento neoclássico.

O modelo neoclássico, como sabemos, apresenta fundamentalmente três determinantes


do crescimento aos quais constituímos desafios e, pela referência ao comportamento
consumidor em poupar ao invés de consumir e dessa constituindo-se uma fonte de
financiamento aos investimentos, chamamo-la como o quarto determinante-desafio para
o crescimento. A tecnologia segundo o modelo é exógena, todavia a aposta no progresso
tecnológico defendido por esse trabalho não encara tal determinante exclusivamente
desse jeito, por isso em sua base teórica, apresentou-se os modelos de crescimento
endógeno sobretudo o modelo de Paul Romer que apresenta especificamente a
endogeneização da tecnologia sustentada por uma função de produção de ideias.

3.2.1 – Controlo do crescimento populacional

O crescimento da população mundial conforme apresentado pelos pressupostos de


Malthus, duplicou a cada 25 anos. No país, o Instituto Nacional de Estatísitca projectou
que a população angolana duplicará até 2050, prevendo durante este período uma taxa de
crescimento de 3 por cento (CRISTÓVÃO, 2022).

De facto, o modelo de Crescimento Neoclássico apresenta a contracção do crescimento


populacional como determinante do crescimento. Porém, a teoria económica, por um
lado, apresenta que a população é um factor determinante do crescimento e, por outro
lado, a densidade populacional angolana não constitui um problema à produção, isto é,
problema que requer adoptar a sua contracção.

Neste sentido, pelo facto da taxa de crescimento populacional ser superior à taxa de
crescimento económico no país, é viável fazer um acompanhamento para garantir o

60
controlo do seu crescimento através da melhoria da qualidade de ensino, pois a esse ritmo,
num período próximo seria de todo necessário se considerar a contracção efectiva do
crescimento da população como firme desafio para o crescimento económico de Angola.

3.2.2 – Incentivos à poupança

É de conhecimento geral macroeconómico que a renda disponível é destinada ao consumo


e à poupança sendo o último a principal fonte de acúmulo de fundos para o investimento.
O modelo de crescimento neoclássico na equação da acumulação do capital no estado
estacionário é claro ao demonstrar que países que investem mais são os mais ricos e esse
investimento é resultado de uma acção de poupança prévia.

Segundo os dados disponibilizados pelo BNA até 2017, conforme ilustrado no capítulo
anterior, o país apresentava uma taxa de poupança, medida pelo rácio poupança-renda
disponível bruta, de 24,93%. Embora não hajam critérios específicos de determinação do
nível de poupança necessário para o sustento da economia se não a realidade local
determinada pelo diagnóstico territorial, o indicador apresentado pelo país remete-nos a
uma situação em que menos de 25% do rendimento disponível é destinado à poupança e
passa-nos que pelo quadro actual é necessário muito mais. A luz do defendido pelo
modelo de crescimento neoclássico, incentivar à poupança é um desafio para Angola e
num cenário caracterizado por baixos rendimentos e um nível de preços que coroe
substancialmente o poder de compra da população, o mesmo ainda se depara, por
exemplo, com a problemática do consumismo nacional, que é uma questão psicológica.
Deste modo, fica claro que os incentivos à poupança transcendem os aspectos
económicos, isto é, enquanto os modelos clássicos eram baseados exclusivamente em
factores económicos13, os modelos actuais fazem a inclusão de questões psicológicas e
sociodemográficas aos determinantes do comportamento de poupança. Nesta linha de
pensamento, para o incentivo à poupança se deve:

Proceder-se a criação de uma lei ou decreto que permita a geração de um plano de


poupança para os indivíduos de baixa renda e que garanta aos pequenos aforradores a
possibilidade de crescimento dos seus capitais com isenção de impostos. Nesse veículo,
é necessário que haja isenção de impostos e custos financeiros para os aforradores em
casos de resgaste do capital acumulado garantindo que tal resgaste aconteça a qualquer
momento independente da razão. Dentro desse plano, aos aforradores lhes devem ser

13
Rendimento disponível, nível de preços, investimentos e outros factores económicos.

61
concedidos a possibilidade de investimento em produtos financeiros de suas escolhas
como quiserem, pelo que a disponibilização de produtos financeiros para agentes de baixa
renda deve ocorrer correntemente e com informação de qualidade.

Fazer inclusão da matéria de educação financeira no plano académico do primeiro ciclo


de ensino secundário tornando-a uma disciplina com peso fundamental na aprovação do
aluno para que haja um despertar de atenção nos jovens alunos. A referida matéria, ela
deve ser ensinada regularmente com possível difusão nos meios de comunicação do país,
isto é, promover campanhas de ensino nos bairros, periferias e praças públicas. A nível
das instituições de ensino devem ser criados planos de poupança da instituição em que os
alunos participam activamente para o exercício dos ensinamentos recebidos.

Segundo a pesquisa feita, fruto de conversas, tomou-se conhecimento que grande


quantidade de dinheiro é mantido em entesouramento nas casas e residências familiares
por pais e mães, sobretudo actuantes do mercado informal, por falta de credibilização do
sistema financeiro do país que, para mero levantamento num caixa electrónico ou balcão
dum banco comercial é um processo que leva dias para muitos custando, por vezes, a
perda de oportunidades de negócios. Portanto, é necessário que se criem equipas
habilitadas para consciencializar em sensibilização nos bairros a população que a
poupança, ainda que em valores a vista insignificantes, é um veículo de produção de
receitas pessoais, de redução do risco de armazenamento e outros infortúnios sendo ela
de grande contribuição para o país.

Aqui fica visível, de novo, que é necessário que se elabore uma revisão dos pontos de
estabelecimento dos caixas electrónicos evitando a concentração nas cidades e fixando-
as em zonas estratégicas e mais distantes das cidades para que se corte significativamente
os custos de transporte dos moradores dessas localidades para as cidades, ao qual segundo
relatos, é um dos factores que contribui na tomada de decisão de entesouramento de
capitais.

Incentivar à poupança é um desafio para o país, segundo o que defendem Solow e Swan
se articulado com a caracterização da economia do país, e é claro que se vencido, haverá
uma quantidade considerável de meios monetários disponíveis para financiar um
determinado nível de investimentos. A literatura económica alerta que acções
conducentes ao aumento da poupança interna podem servir de alternativa plausível para
minimizar os níveis de endividamento, por isso o aumento dos níveis de poupança

62
asseguraria também a redução do alto nível dívida do país. Pela taxa apresentada em 2017
e pela necessidade do incremento considerável dos níveis de poupança, o desafio consiste
em fazer com que esse rácio cresça o suficiente para situar-se em torno dos 35%.

3.2.3 – Fomento do investimento em capital

Já foi referenciado que o investimento em capital é um determinante importante para o


crescimento do país segundo o modelo de crescimento neoclássico. Se fizermos uma
retrospectiva à equação do produto na óptica do dispêndio tendo em conta ao fluxo
circular da renda e da despesa, corroboraremos uma vez mais com essa ideia pelo facto
de que, em equilíbrio, a poupança é igual ao investimento14.

A caracterização da economia mostrou que em 2017, a formação bruta de capital fixo,


segundo os dados do BNA, correspondia a apenas 23,24% do PIB, facto sustentado
fundamentalmente pelo nível de poupança, situado em 24,93%, pelo próprio ambiente de
negócios e pela dificuldade de obtenção de crédito. Essa taxa também pode, até certo
ponto, passar-nos a ideia que quase a totalidade do valor poupado é investido.

Um dos paradoxos encontrados é a dificuldade de mensuração do investimento em capital


no país e, por isso como indicador de análise usou-se a taxa de investimento bruto.
Portanto, o desafio de Angola para o alcance de um nível de investimento satisfatório
para gerar crescimento será resultado das seguintes acções referidas a seguir.

Primeiramente será resultado dos incentivos à poupança referidos no ponto 3.2.2, pois
com uma fonte de financiamento mais alargada em quantidade monetária, a capacidade
de gerar investimentos também é agregada.

Do melhoramento do ambiente de negócios resultante da competência e transparência das


instituições do país em reger a actividade económica atraindo fundamentalmente
investidores estrangeiros ligados aos investimentos em capital conforme mencionado
pelo Ministro da Economia e Planeamento, citado no segundo capítulo em referência aos
investidores chineses na produção de máquinas de produção agrícola e fertilizantes.

Criação de um programa de assistência técnica e financeira às empresas e aos novos


investidores. Dentro desse programa deve pautar uma rede de crédito com taxas de juros
bonificadas, alguns incentivos ligados à actividade ou localização geográfica do
investimento como a redução da alíquota de certos impostos e/ou isenção em alguns

14
Y=C+I+G
S=I

63
casos. Para isso, procede-se a concessão obrigatória de assistência técnica às empresas,
método semelhante ao adoptado pelo FMI quando aprova um programa de financiamento
aos Estados, de modo que se evite o uso dos recursos financeiros de maneiras que não
produzam valores para o investimento e para a restituição dos financiamentos.

3.2.3 – Aposta no progresso tecnológico

O diferencial produtivo no mundo moderno é justificado pelo progresso tecnológico. A


ciência e tecnologia conduziram países considerados pobres do ponto de vista dos
recursos naturais exploráveis ao topo dos países mais ricos e industrializados do mundo.
Os tigres asiáticos assim como a Alemanha são o exemplo claro desse argumento. Os
modelos de crescimento neoclássico e de crescimento endógeno referenciados nesse
trabalho apresentam a tecnologia como o principal determinante do crescimento
económico embora no modelo neoclássico, como vimos, esse seja exógeno.

Schumpeter apresentou um modelo e referenciou que para o surgimento do crescimento


económico é chamada a especial atenção a função inovação destacando o empresário
como a personagem a que esta se deve (DINIZ, 2010).

O índice global de inovação de 2019 demonstrou que o país está numa precariedade em
termos de criatividade e produção de conhecimento científico capaz de gerar bens de
capital colocando-o numa posição em que não figura na lista dos 129 países mais
inovadores do mundo o que, de facto, desprestigia na totalidade a investigação científica
que é feita a nível do país. Para esse desafio assim como os outros, chega-nos a questão
como?

Primeiramente é necessário que haja aumento da percentagem do PIB destinado à


pesquisa e desenvolvimento. Para o desafio do progresso tecnológico, a famosa passagem
de desenvolvimento local “valorização das potencialidades locais” precisa ser a nova
visão dos fazedores da política acadêmica, económica e da população em geral para o
aproveitamento positivo das valências locais na criação e produção de bens e serviços de
alto valor.

O investimento em educação superior deve ser incrementado. Muitos países do mundo


como a Finlândia, Coreia do Sul ou a Singapura optaram por essa visão e obtiveram
resultados extraordinários. O cenário que desperta atenção é o facto de estes serem países
considerados pobres, se encararmos as suas propriedades em quantidades de recursos
naturais exploráveis. Investir em Ciência e tecnologia não é esbanjar dinheiro, é guardá-

64
lo para o futuro. É na universidade que reside o futuro da transformação económica
esperada pelo país e por isso, destinar valores significativos para a sua operacionalização
é um investimento sábio com reais certezas de resultados positivos futuros.

Produzir conhecimento não inibe nenhum país ou economia de adquirir tecnologia


externa que incremente os níveis de produção nacional, por isso o país deve fazer
aquisição de certa tecnologia necessária para os serviços indispensáveis e para os
programas de investigação científica que serão levados a cabo dentro do país de modo
que facilite os investigadores nacionais uma vez que essa fração da população destinada
à produção de ideias deve ser acompanhada por materiais que tornam o processo de
pesquisa e criatividade mais fácil.

Concentração de pesquisadores a nível do país. Nisso, procede-se a criação de um


programa de investigação científica avançada que consiste na selecção criteriosa dos
estudantes mais destacados do país para produção de conhecimento científico capaz de
gerar produtos de capital15. Existe no país um número considerável de profissionais e
estudantes formados no exterior em ciências e engenharia bem como formados dentro do
território nacional, capazes de liderarem projectos de investigação científica desafiadores
para a produção de bens de capital.

Criação de empresas públicas de tecnologia. Empresas dedicadas à informática e


electrónica, por exemplo, representam uma via de incremento da produção nacional. O
talento natural ou adquirido de jovens e adultos em áreas de informática e electrónica no
país é soberbo, esse talento incrementador deve ser

Criação de feiras de criatividade e inovação não para simples observação ou aplausos,


mas para aproveitamento e valorização das potencialidades locais e dos produtos gerados
por eles. Neste sentido, as feiras aparecem como forma de permitir os criadores,
inventores e inovadores de exporem as suas qualidades na presença de investidores
dispostos a financiarem projectos que virão a ser produtivos para o país.

O ensino obrigatório em Angola exige a conclusão do segundo ciclo de ensino secundário


denominado ensino médio. Nesse sentido, a universidade deve ser a aposta do Governo

15
Concentrar mentes é uma política que todos os Estados do mundo deveriam adoptar. Existem poucas
coisas mais poderosas do que meter duas mentes brilhantes trabalhando em grupo num projecto de
pesquisa. Essa política é adoptada por um conjunto de países do mundo liderados pela Dinamarca onde
uma quinta parte das suas pesquisas é citada em 10% das publicações mais relevantes dos países da
OCDE.

65
para a produção de conhecimento necessário para a inovação. O resultado da aposta na
ciência e inovação é quase inevitável no mundo e nos dias actuais em África, os resultados
são positivos, por exemplo na África do Sul, e começam a ser visíveis em países como
Ruanda que, pela maneira muito particular de pensar e ver as coisas de seu líder máximo,
está a ritmos muito bons rumo ao desenvolvimento tendo como uma fundamental aposta
a tecnologia.

É necessário estabelecer uma forte parceria entre o mundo corporativo e o mundo


académico, ou seja, o mundo empresarial deve ser um forte parceiro das universidades.
As empresas no país, desfalecem por não buscarem no mundo académico o conhecimento
necessário para o sucesso dos seus negócios. A universidade não está para produção de
artigos e trabalhos armazenáveis em bibliotecas e salas de leitura, ela está para responder
os problemas da sociedade e do país todo. Embora sua qualidade ainda seja questionável,
a universidade no país produz um determinado grupo de pessoas capazes de incrementar
a produtividade empresarial pelo que a sua aposta e valorização é um factor determinante.

A aposta na tecnologia proporcionará as empresas a possibilidade de realização de


controlos e monitoramentos das actividades, aumento da produtividade do grupo, redução
dos custos, melhoria da comunicação interna e fortalecimento da relação empresa-cliente.
Muitos aspectos mencionados ficaram visíveis durante o período de estado de emergência
decretado pelo PR João Lourenço motivado pela propagação do vírus SARSCOV – 19
fruto da utilização de meios tecnológicos digitais de natureza comercial assim como
meios digitais de natureza não comercial como o Facebook, o Whatsap e outros.

66
CONCLUSÕES

A observação da realidade do país evidenciou que em 4 anos sucessivos o país apresentou


taxas negativas de crescimento, isto é, -2,58; -0,15; -2,1 e -1,1 em 2016, 2017, 2018 e
2019, respectivamente. Deste modo, sabendo que as teorias do crescimento económico
dos variados autores apresentam explicações e hipóteses para o crescimento dos países
baseados na observação e na formulação de axiomas que se apresentam empiricamente
resultáveis, para a presente obra monográfica apurou-se que:

a) O crescimento é resultado das actividades desenvolvidas nos diferentes sectores


económicos com predominância o sector agrícola e a indústria, articulados por
uma especialização e divisão social do trabalho eficiente. Nesta conformidade,
este crescimento seria função do trabalho e da terra sujeita à lei dos rendimentos
decrescentes e, deste modo, dependente dos níveis de investimento que superam
esses rendimentos, segundo a visão clássica. Numa corrida de tentar explicar e
tornar o processo do crescimento mais simples, a taxa de crescimento foi visto
como directamente proporcional à taxa de poupança que se canalize ao
investimento, conforme Harrod e Domar. Para os neoclássicos, o diferencial e a
sustentabilidade do crescimento económico é gerado pelo progresso tecnológico
exógeno sendo este incorporado mais tarde através da produção de ideias
observada nas teorias do crescimento endógeno. Por isso, é firme dizer que o
crescimento económico dos países é uma problemática que pode se apresentar
bastante complexa quando não se criam as condições básicas que sustentam o
referido processo.
b) Existe uma fragilidade acentuada na estrutura económica do país fruto da
conhecida dependência do sector petrolífero. O crescimento do país é fortemente
influenciado pelas oscilações decorrentes nesse sector que causa uma depreciação
acentuada da moeda nacional que coroe significativamente a capacidade de
aquisição de bens básicos no exterior, que infelizmente não são produzidos
internamente. A teoria económica sugere que a depreciação da moeda nacional
torna os produtos nacionais mais competitivos no mercado internacional, porém
essa realidade não se verifica pela inexistência da geração de produtos
manufacturados. Possuindo uma economia de investimento do tipo capital
intensivo, a taxa de desemprego é alta sobretudo a partir de 2020 conforme nos
ilustra a figura 10. Os determinantes do crescimento na perspectiva do modelo de

67
análise estão a baixo do nível que se espera para proporcionar crescimento
contínuo ao país.
c) Pela precariedade dos determinantes do crescimento evidenciadas pela
caracterização da economia angolana em articulação com os pressupostos do
modelo de crescimento neoclássico, os desafios para o crescimento económico
em Angola consistem no controlo do crescimento populacional através da
melhoria da qualidade de ensino, no fomento do investimento em capital
resultante, principalmente, dos incentivos e captação de poupança das famílias e
na aposta ao progresso tecnológico através de investimentos em produção de
ideias que geram bens de capital. Porém, para isso, é necessário que a melhoria
da qualidade do ensino, o fortalecimento das instituições e o investimento em
infraestruturas económicas sejam alcançadas previamente.

68
SUGESTÕES

Os desafios para o crescimento económico em Angola apresentaram-se dependentes da


criação de condições básicas que sustentam o próprio processo de modo que não se
retroceda constantemente. Portanto, para salvaguardar o interesse de gerar crescimento
para o país, sugere-se:

a) A continuação e aceleração do processo de privatização da economia. O alcance


deste permitirá por um lado pôr à disposição dos particulares os meios de
produção nacional gerando competitividade económica, o aumento da eficiência
das empresas resultando no aumento dos níveis de emprego e por outro lado, fruto
do primeiro, permitirá o aumento da confiança nos negócios gerando um ambiente
de negócio muito melhor.
b) Continuar e melhorar o combate à corrupção, ao nepotismo e todos os malefícios
que ao longo dos anos predominaram dentro das instituições do país, sobretudo
das instituições públicas. Desse modo, as pessoas sentirão confiança renovando
ideias, projectos e terão uma maior contribuição pelo facto destas saberem que o
princípio de igualdade salvaguardada pela Constituição da República é real.
c) Incentivar à indústria do mesmo modo como a agricultura é incentivada ou numa
proporção maior. A teoria do crescimento económico apresenta através da
comparação entre o pensamento fisiocrata e o pensamento clássico que o papel
desempenhado pela agricultura no crescimento não supera o papel preponderante
da indústria através da transformação que agrega maior valor.
d) Basear-se em modelos e experiências económicas dos outros Estados, porém
nunca importar sem adequar à realidade local fruto do diagnóstico territorial.
e) Reformar as políticas educacionais básicas a nível do Ensino Primário,
Secundário e do Ensino Superior levando-as numa visão de geração de
consciência crítica e de discernimento.

69
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de programas de crédito esbanjou dinheiro. Disponível em: http://bit.ly/2unu8i4.
Acesso em 30/04/2020.

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