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Índice
Dedicatória................................................................................................................................vii
Agradecimento.........................................................................................................................viii
Resumo ....................................................................................................................................... x
1. Introdução.......................................................................................................................... 11
2.7. Serviços que abastecem o precioso líquido (água potável) no distrito ...................... 33
2.11. Avaliação do nível da gestão da sustentabilidade dos serviços de água potável ... 34
5.1. Conclusão................................................................................................................... 36
Declaração de honra
Declaro que esta Monografia Cientifica é resultado das orientações recebidas pelo meu
supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro ainda que a mesma nunca foi apresentada em partes ou na sua totalidade em outras
instituições para aquisição de qualquer grau académico.
Dedicatória
Dedico este trabalho à minha família, em especial a minha esposa Laura Celestino que sempre
me apoiou em todas vertentes e de forma incondicional para que eu pudesse percorrer nessa
caminhada académica.
Aos meus filhos: Emir Bernardo, Kelvene Bernardo e Lene Bernardo pelo carinho, pela força
e vontade que sempre me deram para me empenhar na carreira estudantil, pelo afecto e moral
dado ao longo de formação.
Aos meus irmãos Adolfo Victor e Wilson Victor pelo encoramento que nunca deixaram de
me dar, pelas ideias e aconchego que sempre contei com eles e nunca me esqueceram como
irmão.
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Agradecimento
Agradeço de viva voz em primeiro lugar a Deus, o criador da vida e de tudo, pela
companhia, protecção, que sempre me concede a saúde em toda minha vida, ilumina
sempre o meu caminho e me dá a força necessária para a concretizar deste maravilhoso
sonho em realidade;
Aos meus carinhosos e amados pais, Victor Mecânico e Teresinha Mangala que – se
responsabilizaram em materializar a obra de Deus, dando me a vida, com amor,
simpatia…, esvaziam – se as palavras para poder descreve – los e dizer o quão eles são
muito importantes, o meu muito obrigado meus pais!
Ao meu supervisor, Mestrando. Orlando José Ordem, pela sua grande, coragem,
delicadeza simplicidade, eficiência, dedicação na orientação metodológica para
efectivação deste trabalho, desde a fase de projecto até esta ultima etapa;
Ao delegado e todos docentes do curso e Faculdade de Ciências Sociais e Politicas, pelo
seu grande apoio incondicional e carinho, e paciência demonstrado ao longo de toda
formação;
À todos aqueles que participaram como amostra da pesquisa, os que facilitaram na colecta
de dados, aos que sempre me encorajavam, dando me força e moral, mim fizeram
merecer;
A todos colegas e amigos que sempre me subsidiaram que fez diferença na minha vida
estudantil e para a realização desse trabalho, o meu muito obrigado.
ix
Lista de siglas
PA – Posto Administrativo
Resumo
O objectivo primordial deste trabalho é de analisar osimpactos da crise da água potável na
localidade de Mussengane no posto Administrativo de Puthine, distrito de Lugela nos
períodos entre 2016 a 2020.A água é um recurso essencial para a existência da vida e foi nela
que tudo começou, portanto quando pensa-se em existência pode-se dizer que na ausência de
água não existiria nenhuma forma de vida (Grassi, 2001). Já para Faber (2011), o surgimento
das primeiras cidades ocorreu dentro de características próprias, a necessidade de praticar a
agricultura para sobrevivência obrigou o homem a fixar residência e os aproximou dos rios.
Desde então a água vem sendo de relevante importância para o homem, pois passou a ser
utilizada também em processos industriais, como por exemplo, para tocar moinhos, em
máquinas de cortar madeiras dentre outros fins. Portanto, a investigação apresenta um
problema preocupante, que move todas camadas (governamentais, não governamentais,
sociedade civil, os académicos, a saúde e principalmente a população em geral). Os gestores
locais parece não terem capacidades nem condições necessárias para desenvolver actividades
de fornecimento de água sem o suporte as estruturas ao mais alto nível. Como resposta, o
Governo tem expandido a gestão centralizada da água através do FIPAG, uma medida que
pode se traduzir na marginalização dos governos locais nos processos de tomada de decisão
relativamente a gestão dos recursos hídricos. O nível da gestão da sustentabilidade dos
serviços de abastecimento básico do meio e de água potável é não aceitável ainda é
preocupante e constrangedor, não existem se quer quaisquer empresas do governo ou mesmo
do privado para responder a necessidade de abastecimento de água potável. Gestão Integrada
de Recursos Hídricos, que busca administrar os recursos hídricos de uma maneira abrangente
e holística, levando em consideração o ciclo completo da água e os interesses de todos os
usuários de água, enquanto reconhecendo a variabilidade e a disponibilidade temporais e as
interacções com a qualidade da água e a ecologia.
1. Introdução
Grassi (2011), expõe que o planeta está cheio de água; um volume que chega perto de 1,4
bilhão dekm2 e cobre cerca de 71% da superfície da Terra. Contudo, muitas localidades ainda
não têm acesso à água potável adequada ao consumo humano.
Todavia, Rebouças (2001), baseando-se na datação das rochas mais antigas pode-se
conjecturar que a água existe no planeta terra há cerca de 3,8 bilhões de anos. O mesmo autor
ainda explica que nem toda água é encontrada disponível para ser utilizada pelos seres
humanos, pois ao mesmo tempo está presente nos três estados físicos, sólido nos pólos
compondo geleiras, fluida nos oceanos e formando corpos de água doce, como, rios, lagos,
humidade do solo, manancial subterrâneo e vapor de água na atmosfera. A carência de acesso
à água limpa/potável, e ao saneamento é grave, podendo ser considerada uma das questões de
direitos humanos mais urgentes do nosso tempo.
Assim, a Organização das Nações Unidas (ONU), refere que 884 milhões de pessoas não tem
acesso à água potável segura e 2,6 bilhões não dispõem de saneamento básico. Além disso,
para um alerta ao apontar que no ano de 2025, um terço da população mundial não terá acesso
à água potável para satisfazer suas necessidades básicas. Já Schmidt (2016, p. 8), defende que
aproximadamente 3,6 milhões de pessoas, 1,5 milhões delas crianças, morrem todos os anos
de doenças relacionadas à água, incluindo diarreia, febre tifoide, cólera e disenteria. Um
bilhão de pessoas ainda defecam em lugares inadequados e 2,5 bilhões vivem sem serviços de
saneamento básico. Em 2030, mais de 5 bilhões de pessoas – quase 70% da população
mundial corre o risco de viver sem saneamento adequado.
Contudo, o presente trabalho é composto por cinco capítulos: capítulo I refere-se aos
elementos de pesquisa (introdução delimitação, a problematização, os objectivos, as questões
da pesquisa, a justificativa); capítulo II diz respeito a fundamentação teórica, neste estão
várias informações a respeito do tema em alusão; capítulo III trata – se da apresentação da
metodologia usada nesta pesquisa, capítulo IV tem uma abordagem que trás a apresentação,
análise e interpretação dos resultados e finalmente o último capítulo fala de conclusão onde
também versa sobre a s sugestões, referência bibliográfica e apêndices e anexos.
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1.2.Problematização
Numa perspectiva analítica do problema, vários são os estudos que procuram compreender a
questão da sustentabilidade das infra-estruturas de água e saneamento. O estudo sobre a
sustentabilidade do abastecimento de água rural na Província da Zambézia de 2015, aponta
questões como incapacidade técnica dos governos distritais e dos comités de gestão,
inexistência de apoio externo e o inadequado modelo de gestão comunitária como causas de
não sustentabilidade das fontes. O MOPH (2001) considera que a não operacionalidade ou o
estado obsoleto das fontes de água, é essencialmente o resultado do fraco envolvimento das
comunidades. Dai que a gestão comunitária é questionada no contexto actual.
O mesmo estudo indica ainda que em muitos casos, alguns dos princípios que fundamentam a
gestão comunitária, como a coesão das comunidades, participação para o bem comum e
responsabilidade informal de um comité da água, acabam por ser mais idealistas que práticos.
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Tudo isso nos faz avaliar que as condições para o futuro não são favoráveis. A questão é tão
complexa que há pesquisadores que afirmam que a água pode ser o estopim para uma terceira
guerra mundial, substituindo a posição do petróleo como substância mais valiosa do planeta.
Contudo, sabe-se que o petróleo (ouro negro) pode ser substituído por outras fontes
energéticas, inclusive renováveis, enquanto a água, recurso indispensável para a
sobrevivência, não possui sucedâneo (FUNASA, 2014).
Assim, buscar factores explicativos sobre a problemática da provisão sustentável dos serviços
de água no contexto rural, partindo da análise sobre o aumento nominal do investimento em
projectos de provisão destes através de construção de furos de água e paradoxalmente a sua
rápida degradação aliada a questões ligadas a gestão comunitária, levou – se a problematizar a
temática colocando a seguinte questão:
Que implicações poderão ser causadas pela crise de água potável no distrito de Lugela,
posto administrativo de Puthine na localidade de Mussengane nos períodos entre 2016 –
2020?
1.3.Justificativa
A importância da água para a sobrevivência do indivíduo é facto bastante conhecido, pois tal
recurso é utilizado desde processos vitais, como o funcionamento biológico dos seres até o
equilíbrio do meio ambiente. Porém estimativas recentes informam que pessoas em todo o
mundo não têm acesso à água de boa qualidade.
De acordo com Castro, “estima-se que 80% das doenças e mais de um terço da mortalidade no
mundo inteiro são decorrentes, principalmente, da falta de esgoto sanitário e da má qualidade
da água utilizada pela população”. Ela completa, ainda, que o acesso ao saneamento diminui a
chance de mortalidade infantil em 32,46 %.
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Em termos pessoais, o que motivou a realização desta pesquisa é o facto de, ter observado
uma expansão populacional muito grande contudo, não acompanhada de uma expansão de
infra-estruturas básicas como um sistema de abastecimento de água, constatando – se que os
moradores locais percorrem grandes distâncias em busca de água que muitas vezes não é
própria para o consumo humano porque está é retirada dos poços abertos ou caseiros.
Observar o dilema dos moradores daquela região despertou curiosidade de compreender que
dinâmicas, que experiências e que representações a água produz em um contexto em que é
fornecida por operadores que abrem poços caseiros. Partiu-se da ideia de que as dificuldades
que enfrentam despertam neles um conjunto de ideias sobre a água e que são captáveis sob o
ponto de vista sociológico.
Ademais, sob mesmo ponto, este estudo justifica – se pertinente na medida em que produz
uma abordagem que procura captar os significados que os actores sociais constroem a volta
dos objectos com os quais lidam no quotidiano. Esta perspectiva ajuda a compreender como é
que os indivíduos entendem, a ausência do serviço público de abastecimento de água.
Defende-se ainda que aqui a integração da perspectiva local nas políticas públicas para o
sector de águas pode ajudar a tornar eficazes as estratégias e iniciativas do Estado. Este estudo
traz, em primeiro lugar, os impactos socioeconómicos das iniciativas privadas de
abastecimento de água ao nível das comunidades locais e, em segundo lugar, traz uma
abordagem local às questões relacionadas com o desenvolvimento anteriormente mencionado.
Assim sendo, defende – se a ideia segundo a qual o Governo de Moçambique deve integrar os
operadores privados no desenho de políticas e estratégias que visam aumentar a
disponibilidade de água potável para a população a um preço que seja considerado justo e
acessível também para aqueles grupos com baixos rendimentos.
1.4.Objectivos do trabalho
Considerando que o tema deste trabalho é: Impactos da Crise da Água Potável na Localidade
de Mussengane no Posto Administrativo de Puthine no Distrito de Lugela, há necessidade de
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1.5.Questões de partida
Quais são os impactos da crise de água potável encontrados no distrito de Lugela no posto
Administrativo de Puthine na localidade de Mussengane no período em estudo?
Qual é o nível da gestão da sustentabilidade dos serviços de água potável na zona em
estudo?
Que estratégias podem minimizar a situação da crise da água potável no local em estudo?
O distrito de Lugela com Vila do mesmo nome, está localizado na zona centro-nordeste da
Província da Zambézia, situa – se entre os paralelos 15' 20' e 15' 18' de latitude Sul e entre 36'
8' e 36' 14' de longitude Este. Lugela confina a Norte com o distrito de Nhamarroi através do
rio Lu, a Sul e com os rios Lugela e Licungo que o separam do distrito de Mocuba, a Este
com o distrito do Ile e a Oeste com o distrito de Milange (MAE, 2005).
Ainda sim, ministério de Administração Estatal confere que a superfície do distrito de Lugela
é de 6110 km2 e uma população recenseada em 2017 de 165865 habitantes e estimada, o
distrito de Lugela tem uma densidade populacional de 37,8 hab/km2 .
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O distrito e influenciado pelo clima de tipo tropical chuvoso de savana onde as precipitações
medias anuais são acima dos 800mm, chegando na maioria dos casos 1200 ou mesmo
1400mm, concentrando – se no período compreendendo entre Novembro de um ano e finais
de Marco podendo localmente estender-se até Maio. A evapotranspiração potencial regista
valores médios na ordem dos 1000 a 1400mm e as temperaturas médias anuais variam de 24 a
26ºC, facto que possibilita a prática de agricultura de sequeiro com apenas uma colheita sem
riscos significativos de perda das culturas devido ao deficiente hídrico.
Portanto, os são solos de textura variável profundos a muito profundo, localmente pouco
profundos, castanhos-avermelhados, sendo ainda ligeiramente lixiviados excessivamente
drenados ou moderadamente bem drenados, e por vezes localmente mal drenados. Ocorrem
ainda, solos aluvionares hidromórficos ao longo das linhas de drenagem natural associados
aos dambos.
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Fonte: INE
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A água é um recurso essencial para a existência da vida e foi nela que tudo começou, portanto
quando pensa-se em existência pode-se dizer que na ausência de água não existiria nenhuma
forma de vida (Grassi, 2001).
Já para Faber (2011), o surgimento das primeiras cidades ocorreu dentro de características
próprias, a necessidade de praticar a agricultura para sobrevivência obrigou o homem a fixar
residência e os aproximou dos rios. Desde então a água vem sendo de relevante importância
para o homem, pois passou a ser utilizada também em processos industriais, como por
exemplo, para tocar moinhos, em máquinas de cortar madeiras dentre outros fins.
Portanto, conforme a Lei nº 16/91 de 3 de Agosto, água potável é aquela que se destina para a
alimentação, a preparação e conservação de alimentos e dos produtos destinados a
alimentação, a higiene pessoal, ao uso doméstico e ao fabrico de bebidas gasosas, águas
minerais e gelo.
A água disponível para o consumo humano e vegetal encontra-se nas camadas superficiais e
são chamadas de água superficiais, desta forma as plantas e animais podem obter água
directamente ou pela alimentação (Marczwski & Martin, 1999). Esta água disponibilizada, de
onde é retirada a maior parte para a realização de diversas funções é o mesmo local que são
lançados resíduos após a utilização, é a dos cursos de água, a de menor parcela no planeta.
2.2.Crise de água
A questão da qualidade da água apareceu associada às quantidades disponíveis: cada vez mais
gente no planeta, passava a dispor de cada vez menos água, já que as “exigências da
produção” consumiam e poluíam maior quantidade de água. É nesse contexto que surgiram as
grandes conferências internacionais dedicadas aos problemas dos recursos hídricos e, junto a
elas, diversas declarações e proclamações, pelas quais se tentava chamar a atenção de todos
para a urgência da reacção de todos para a urgência da reação (Caubet).
consequências generalizadas sobre a saúde da população. Isso acontece porque o esgoto acaba
sendo jogado às margens de rios, lagoas ou nascentes.
Castro (2015), defende que a crescente transformação da água mundial em uma mercadoria
tornou-se cada vez mais inacessível aqueles sem dinheiro. Muitos países pobres foram
vigorosamente encorajados pelo Banco Mundial a contratar serviços de água de empresas
prestadoras de serviços privados e com fins lucrativos, uma prática que gerou uma resistência
feroz daqueles milhões de pessoas deixados do lado de fora devido à pobreza.
As pessoas mais afectadas são aquelas que vivem em condições deploráveis ou comunidades
rurais empobrecidas na América Latina, Ásia e África, onde Moçambique e principalmente a
província da Zambézia concretamente no distrito de Lugela onde ocorreu este estudo. Esses
“refugiados da água”, sem conseguirem acesso às suas fontes tradicionais de água, seja
porque elas desapareceram, ou foram poluídas, e incapazes de pagar as altas taxas impostas
pelos serviços de água recentemente privatizados, contam com fontes de água para beber
contaminadas por seus próprios dejetos não tratados, bem como venenos industriais (Schmidt,
2016, p. 12).
Petrella (2004, p. 159), menciona quatro grupos de razões, não exaustivas, para explicar a
crise hídrica. O primeiro deles, “distribuição desigual de recursos hídricos”, onde atenta para
o facto de 60% dos recursos estarem situados em apenas nove países (incluindo Brasil,
Rússia, China, Canadá, Indonésia, e os Estados Unidos), enquanto que oitenta países (40%)
da população mundial – enfrentam escassez de água. O Norte da África e o Oriente Médio são
as regiões mais afectadas.
O autor aprofunda mais quando levanta a questão de que o aquecimento global incidirá na
redução no fluxo dos rios que perderão a qualidade da água devido à presença de
contaminantes, pois a água uma vez escassa perde automaticamente a capacidade de diluição.
Como conclusão, o trabalho do IPCC aponta que as alterações nos regimes de chuva e
temperatura provocadas pela mudança climática global tornarão mais difíceis os processos de
provisão de água limpa, drenagem e saneamento, acrescentou o autor.
2.3.Abastecimento de água
A água potável é a própria para o consumo humano. Porém, para ser assim considerada, ela
deve atender aos padrões de potencialidades. Se ela contém substâncias que desrespeitam
estes padrões, ela é considerada imprópria para o consumo humano. As substâncias que
indicam esta poluição por matéria orgânica são compostos nitrogenados, oxigénio consumido
e cloretos.
uma comunidade para fins de consumo doméstico, serviços públicos, consumo industrial e
outros usos".
Para o abastecimento de água, a melhor saída é a solução colectiva, excepto no caso das
comunidades rurais que se encontram muito afastadas. As partes do Sistema Público de Água
são: captação; adução (transporte); tratamento; reservação (armazenamento) e distribuição
(Leal, 2008).
Portanto, na visão de Rooke (p. 8 e 9), um sistema de abastecimento de água é composto pelas
seguintes unidades:
Segundo a Politica Nacional de Águas, (PNA, 2007), A disponibilidade de água bruta através
de uma gestão integrada de recursos hídricos, optimizará os benefícios da comunidade, tendo
em conta os interesses, quer dos actuais, quer dos futuros beneficiários. Ter-se-ão em conta os
impactos ambientais e a conservação dos recursos hídricos para o futuro.
23
Nenhuma acção insolada permitira a melhoria adequada dos serviços do sector da água.
Muitos das acções requeridas estão relacionadas e a sua implementação necessitará de ser
coordenada e integrada com outras políticas adoptadas para a administração local, saúde,
agricultura, indústria e finanças.
As metas para abastecimento de água na zona rural na província da Zambézia são de 37%.
Embora se verifiquem tendências de melhorias nos últimos anos, graças a um contínuo
esforço de investimento em novas fontes, persistem os desafios de manutenção dessas infra-
estruturas o que afecta a estabilidade e o crescimento da cobertura.
Portanto, os dados do JMP (2015) mostram tanto uma baixa taxa de acesso para as famílias
rurais a um melhor abastecimento de água e saneamento básico, bem como um diferencial
considerável no acesso entre as famílias rurais e urbanas. Em relação ao nível de serviço,
apenas 1% da população rural goza de um abastecimento de água canalizada ao domicílio,
enquanto 25% da população urbana tem água canalizada ao domicílio.
Os estudos do MOPH (2012) revelaram que há 5 factores que devem ser considerados para a
sustentabilidade das fontes dispersas nomeadamente: Factores Institucionais, Técnicos,
Económicos, de Gestão, Ambientais e Factores Sociais. Os factores sociais que são os que nos
interessam neste estudo são descritos como sendo a forma como os indivíduos se relacionam
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entre si e entre estes com os seus líderes para a condução do bem comum, destacando o papel
desempenhado pelos líderes comunitários na gestão comunitária e na manutenção da ordem.
De acordo com Carter (2016) os factores sociais podem nos sugerir uma dimensão mais
qualitativa de análise da sustentabilidade e deste modo fornecer mais informação do que os
indicadores quantitativos descritos através de dados sobre as diferentes tecnologias, a questão
financeira e o número das fontes funcionais ou não, as fontes abandonadas e o tempo de
funcionamento.
Por outro lado, Chiziane (2018, p. 16) defende que o país dispõe de vários dispositivos legais
que regulam a captação, armazenamento, distribuição e gestão de água. Estes dispositivos
regulam sobretudo as entidades que tem por responsabilidade executar a visão do Governo em
relação aos recursos hídricos. No contexto, a autor refere de quatro documentos legais
relevantes, nomeadamente:
A metodologia adotada para efectivação deste trabalho foi pesquisa bibliográfica, através da
observação directa e a entrevista como sendo as técnicas de recolha de dados que permitiu
organizar as seguintes categorias: a necessidade de uma proposta baseada no diálogo, fazer
com que os envolvidos sintam-se parte no que se refere a tomada de decisões.
2.2.Tipos de Pesquisa
A forma de abordagem desta pesquisa foi realizada a partir de perspectiva qualitativa onde foi
a entrevista semi-estrutura dominou a fase de recolha de dados. Portanto, para Gil (2002),
considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. A interpretação dos
fenómenos e a atribuição dos significados são básicas neste tipo de pesquisa. O ambiente
natural é a fonte directa de colecta de dados e o pesquisador é o elemento chave.
É nesta perspectiva que Gunther (2006, p. 16) afirma que a pesquisa qualitativa permite a
proximidade entre o investigador e o objecto de estudo, centrando-se na construção de
sentidos tanto ao nível físico assim como no símbolo. Este método de pesquisa procura
auscultar a opinião duma pessoa ou um grupo de pessoas sobre um determinado assunto,
abordando o objecto de pesquisa com a preocupação de medir ou qualificar os dados
colectados.
Porém, o presente estudo (qualitativo), não foi necessário o uso de números e procedimentos
estatísticos para a interpretação e a resolução da problemática, mas sim uso de comentários
nas análises das perguntas da entrevista.
Do ponto de vista dos objectivos este trabalho foi dominada por uma pesquisa descritiva, que
de acordo com Gil (1006, p. 45), afirma que este tipo de pesquisa, tem como objectivo
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a torna-lo mais explícito.
Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem levantamento bibliográfico e entrevista com
pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado.
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Esta pesquisa é aplicada, visto que a investigação foi desenvolvida a partir de outras teorias já
elaboradas pelos outros autores e surge como uma necessidade de resolver e/ou contribuir
com soluções práticas sobre as empresas que não cumprem com o seu compromisso na
construção ou abertura de furos de água para as comunidades da área em estudo, pois,
segundo Teixeira (2000) apud Artur (2012, p. 58), “a pesquisa aplicada surge como
necessidade de resolver ou contribuir com soluções práticas para problemas que exigem uma
intervenção imediata”.
Para elaboração deste trabalho, usou – o método indutivo, que conforme Gil (1999) apud
Silva (2004, p. 26), no raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de casos da
realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações.
Por conseguinte, tendo em conta a natureza deste método, foi usado com vista a facilitar a
observação de um caso concreto, a crise de água potável na localidade de Mussengane, no
Posto Administrativo de Puthine distrito de Lugela e com base nas conclusões tiradas neste
local poderão ser aplicadas em outras zonas, regiões ou até mesmo país, com o mesmo
problema.
É uma pesquisa participante, uma vez que o pesquisador interviu de maneira activa para obter
dados, e haverá uma interacção directa entre o pesquisador e o grupo alvo ou a população
estudada. Este tipo de pesquisa, é aquela na qual o pesquisador: “Intervém de maneira activa
para obter dados, controla as variáveis em uma amostra aleatória, introduz um tratamento, ou
seja, um fenómeno da realidade é produzido de forma controlada, com objectivo de descobrir
os factores que o produzem, ou seja, que eles são produzidos.” (Teixeira apud Artur 2012, p.
61).
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2.2.6.1.Entrevista Semi-estruturada
Entrevista é uma técnica que visa obter informações de interesse a uma investigação onde o
pesquisador formula perguntas orientadas, com um objectivo definido, frente a frente com o
respondente e dentro de uma interacção social. Esta técnica permite colher informações junto
dos elementos seleccionados na amostra (Gil, 1999, p. 36).
2.2.6.2.Observação
Todavia, o estudo optou – se também pelo instrumento de recolha de dados como máquina
fotográfica que capturava algumas imagens de alguns furos que se encontram avariados,
deixando a população a consumir agua em locais impróprios.
O processo de análise de acordo com Gil (2008, p. 57) “refere que análise de dados tem como
objectivo organizar e sumariar os dados de forma que possibilitem o fornecimento de resposta
ao problema proposto pela investigação”. Assim serão agrupadas as respostas aproximadas e
separadas das respostas contrárias, cada com seu fundamento. Posteriormente será efectuada
uma triangulação de dados que consistiu na análise da informação colhida, com
fundamentação de determinadas teorias e análise exaustiva do pesquisador. Também será feita
uma descrição dos dados conforme as respostas apresentadas pelos entrevistados.
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Assim, com base num cronograma previamente estabelecido foram feitas deslocações sobre o
caso pesquisador ao campo de cada um dos membros do povoado de modo a verificar e
confirmar dos dados por ele fornecido na entrevista.
2.2.9. Amostra
Para Gil (2008) amostra, “é o subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se
estabelece ou se estimam as características deste universo ou população.
Todavia, a investigação visou analisar dados qualitativos, onde a amostra foi reflectida em 20
indivíduos entre os representantes do governo desde a localidade de Mussengane, ao Posto
Puthine até ao distrito, os líderes comunitários religiosos e os moradores da região em estudo.
Com os depoimentos acima e olhando aquilo que foi a observação é óbvio afirmar que para se
encontrar a água potável no distrito é necessário fazer uma distância muito grande ou usar
como alternativa a abertura de furos tradicionais caseiros que também há necessidade de cavar
profundidades maior para encontrar o lençol freático.
com uma percentagem de 20% não em mente o tempo em que a região se encontra em crise e
finalmente 2 indivíduos equivalentes a 10% dizem que a crise tem apenas pouco tempo e é
passageira.
Como pode se ver os depoimentos dos entrevistados acima, não há dúvidas afirmaram que a
crise da água potável na área em estudo está a bastante tempo naquele ponto do distrito e a
mesma ainda não tem data para a sua resolução. A população continuação a sofre por falta
deste precioso recurso natural.
Todavia, os depoimentos dos entrevistados não mostram nenhuma dúvida quanto aos
impactos da crise de água potável, visto que a OMS citado por Ribeiro e Rooke afirma que as
doenças que os entrevistados mencionaram atrás estão relacionadas com a falta de água e a
higiene pessoal insuficiente que criam condições favoráveis para sua disseminação. E o autor
destaca: infecções na pele e nos olhos, como tracoma e o tifo relacionado com piolhos, e a
escabios e malária; febre-amarela; dengue; filariose (elefantíase).
Olhando para os números dos entrevistados é notário que a maioria apontam na existência de
forte influência de aquecimento global para a escassez de água no geral e em particular a água
potável ou própria para beber. Dai que Correia (2017, p. 14), defende que o agravamento pela
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escassez chuvas para reposição dos níveis de água dos reservatórios de armazenamento e
recarga dos aquíferos, originada pelas mudanças climáticas.
Para se referir dos serviços que abastecem água potável, própria para beber ou consumo
humano os 12 entrevistados equivalentes a 60% afirmaram que faz tempo que a empresa água
rural veio construir alguns furos de água e que depois não teve mas reparação quando estes se
avariaram; acabaram por se estragar, 6 com uma percentagem de 30% indivíduos revelaram
que nunca ouviram falar de nenhuma empresa interessada no abastecimento de água potável
na região em estudo; 2 entrevistados correspondentes a 10% apontam o SDPI como o único
órgão do governo distrital que já tentou em reparar os furos de abastecimento de água.
Nos argumentos anteriores constatou – se que na região em estudo não existe o abastecimento
do líquido vital como referiu o maior número dos respondentes, mesmo assim, dentro desta
grande maior existiram alguns que revelaram que apenas o Serviço de Infra-estrutura a nível
de distrito tem descoberto os furos com problemas mas sem dar nenhum seguimento para
responder a necessidade de água.
falar de plano 3 indivíduos representados por 15% disseram existe o plano mas não tem
adiamento.
Olhando os dados argumentados no parágrafo anterior e comparando com aquilo que foi a
observação, os elementos levam a concluir que o plano de melhoramento existe sim, mas este
nunca foi apresentado à população, apenas esta em papel para responder as obrigações do
governo.
Como se ouviu dos entrevistados e das observações feitas no campo em estudo, é de afirmar
que o plano para abastecimento de água potável não está sendo executado, o que parece que
ninguém está interessado no assunto.
Nesta perspectiva, Silva, et al, (2016), deve haver recurso a novas fontes localizadas distantes
dos locais a abastecer, construção de obras de represamento de água (barragens), construção
infra-estruturas para captação, tratamento e transporte da água até ao consumidor, com a
qualidade e quantidade requeridas e necessidade de investimentos no abastecimento de fontes
rurais orientadas para desenvolver mecanismos que incentivem e viabilizem investimentos do
sector privado na reabilitação, expansão, operação e gestão dos sistemas.
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CAPÍTULO V: CONCLUSÃO
5.1.Conclusão
Os gestores locais parece não terem capacidades nem condições necessárias para desenvolver
actividades de fornecimento de água sem o suporte as estruturas ao mais alto nível. Como
resposta, o Governo tem expandido a gestão centralizada da água através do FIPAG, uma
medida que pode se traduzir na marginalização dos governos locais nos processos de tomada
de decisão relativamente a gestão dos recursos hídricos.
Notou – se que existem sim fontes dispersas de água potável, mas na sua maioria encontram –
se avariadas e quanto a ligações domésticas e fontanárias não existem em nenhum lugar na
região em estudo.
A maioria dos entrevistados apontam que há existência de forte influência entre aquecimento
global e a escassez de água no geral e em particular a água potável ou própria para beber.
Onde também, Correia (2017, p. 14), defende que o agravamento de escassez das chuvas para
reposição dos níveis de água dos reservatórios de armazenamento e recarga dos aquíferos,
originada pelas mudanças climáticas.
5.2.Sugestões
Olhando a situação da população em relação o que ela passa no diz respeito ao abastecimento
e gestão de água e saneamento básico do meio como formas de satisfação das necessidade
básicas e organização social contribuição do desenvolvimento comunitário sugere-se:
Referências Bibliográficas
Brasil: naturezas e perspectivas: uma visão básica das novas conflituosidades jurídicas. 2.
Castro, R. (2015). Água como direito humano: ferramenta de mobilização e redução das
desigualdades. Brasil, p. 64.
Lima, A. M. et al. (2012). “Intensidade das chuvas na bacia de Caçu-Go”. Revista Geonorte.
2ª. Ed. Volume 2, Nº 5, Disponível em: https://labgeologiaambiental.jatai.ufg.br/p/4498-
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Nhaurire, A. F. (2017). Uma análise de factores que condicionam a provisão sustentável dos
serviços de água nas Áreas Rurais em Moçambique - Estudo de Caso do Posto
Administrativo de Maua – Sede. Maputo, P. 42 e 223.
Petrella, Ricardo (2004). O Manifesto da Água: Argumentos para um contrato mundial. 2. Ed.
____________ (2010). Saneamento Básico e Sua Relação com o Meio Ambiente e a Saúde
Pública Juiz de Fora. São Paulo, 2010.
Wolkmar, A. C.; & Leite, J. R. M. (2012). Os " Novos" Direitos no abastecimento de água
potável. 1ª Ed. Portugal.
40
Apêndices e anexo
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Apêndice I:
10. Como é que avalia o nível da gestão da sustentabilidade dos serviços de água potável?
11. Que estratégias podem ajudar a minimizar a situação da crise da água potável?
Apêndice II: