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Índice

Declaração de honra .................................................................................................................. vi

Dedicatória................................................................................................................................vii

Agradecimento.........................................................................................................................viii

Lista de siglas ............................................................................................................................ ix

Resumo ....................................................................................................................................... x

1. Introdução.......................................................................................................................... 11

1.2. Problematização ......................................................................................................... 12

1.3. Justificativa ................................................................................................................ 13

1.4. Objectivos do trabalho ............................................................................................... 14

1.4.1. Objectivo geral ....................................................................................................... 15

1.4.2. Objectivos específicos ............................................................................................ 15

1.5. Questões de partida .................................................................................................... 15

1.6. Localização, superfície do distrito de Lugela ............................................................ 15

1.7. Descrição dos aspectos físicos do distrito.................................................................. 16

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................... 18

2.1. Conceitos sobres a água ................................................................................................. 18

2.2. Crise de água .............................................................................................................. 18

2.3. Abastecimento de água .............................................................................................. 20

2.4. Abastecimento e crise de água em Moçambique ....................................................... 21

2.5. Gestão de Recursos hídricos em Moçambique .......................................................... 22

2.6. Abastecimento de Água Rural ................................................................................... 23

2.7. Desafios do abastecimento de água rural ................................................................... 24

2.8. Governação da água em Moçambique ....................................................................... 24

CAPÍTULO III: METODOLOGIAS DA PESQUISA ............................................................. 26

2.2. Tipos de Pesquisa....................................................................................................... 26


11

2.2.1. Quanto a forma de abordagem ............................................................................... 26

2.2.2. Quanto ao objectivo da pesquisa ............................................................................ 26

2.2.3. Quanto à Natureza .................................................................................................. 27

2.2.4. Método Indutivo ..................................................................................................... 27

2.2.5. Quanto aos Procedimentos de Recolha de Dados .................................................. 27

2.2.6. Instrumentos de Recolha de Dados ........................................................................ 28

2.2.6.1. Entrevista Semi-estruturada................................................................................ 28

2.2.6.2. Observação ......................................................................................................... 28

2.2.7. Técnicas de Análise e Interpretação de dados ........................................................ 28

2.2.8. Universo e população ............................................................................................. 29

2.2.9. Amostra .................................................................................................................. 29

2.2.10. Aspectos éticos ....................................................................................................... 29

CAPÍTULO IV: ANÁLISE, APRESENTAÇÃO, E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ...... 31

2.2. Razões da existência da crise de água nesta zona ...................................................... 31

2.3. Distância percorrida para encontrar a água potável em Mussengane ........................ 31

2.4. O tempo em que existe crise nesta região .................................................................. 31

2.5. Impactos da crise de água potável encontrados área em estudo ................................ 32

2.6. Influência do aquecimento global na escassez de água ............................................. 32

2.7. Serviços que abastecem o precioso líquido (água potável) no distrito ...................... 33

2.8. As fontes dispersas, ligações domésticas e fontenárias existem no local em estudo . 33

2.9. Plano para melhoramento no abastecimento de água no distrito ............................... 33

2.10. O nível de execução deste plano ............................................................................ 34

2.11. Avaliação do nível da gestão da sustentabilidade dos serviços de água potável ... 34

2.12. Estratégias para minimizar a situação da crise da água potável ............................. 34

CAPÍTULO V: CONCLUSÃO ................................................................................................ 36

5.1. Conclusão................................................................................................................... 36

5.2. Sugestões ................................................................................................................... 37


12

Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 38

Apêndices e anexo .................................................................................................................... 40


vi

Declaração de honra

Declaro que esta Monografia Cientifica é resultado das orientações recebidas pelo meu
supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro ainda que a mesma nunca foi apresentada em partes ou na sua totalidade em outras
instituições para aquisição de qualquer grau académico.

Quelimane, Julho de 2021


_______________________________
(Bernardo Victor)
vii

Dedicatória
Dedico este trabalho à minha família, em especial a minha esposa Laura Celestino que sempre
me apoiou em todas vertentes e de forma incondicional para que eu pudesse percorrer nessa
caminhada académica.
Aos meus filhos: Emir Bernardo, Kelvene Bernardo e Lene Bernardo pelo carinho, pela força
e vontade que sempre me deram para me empenhar na carreira estudantil, pelo afecto e moral
dado ao longo de formação.
Aos meus irmãos Adolfo Victor e Wilson Victor pelo encoramento que nunca deixaram de
me dar, pelas ideias e aconchego que sempre contei com eles e nunca me esqueceram como
irmão.
viii

Agradecimento

 Agradeço de viva voz em primeiro lugar a Deus, o criador da vida e de tudo, pela
companhia, protecção, que sempre me concede a saúde em toda minha vida, ilumina
sempre o meu caminho e me dá a força necessária para a concretizar deste maravilhoso
sonho em realidade;
 Aos meus carinhosos e amados pais, Victor Mecânico e Teresinha Mangala que – se
responsabilizaram em materializar a obra de Deus, dando me a vida, com amor,
simpatia…, esvaziam – se as palavras para poder descreve – los e dizer o quão eles são
muito importantes, o meu muito obrigado meus pais!
 Ao meu supervisor, Mestrando. Orlando José Ordem, pela sua grande, coragem,
delicadeza simplicidade, eficiência, dedicação na orientação metodológica para
efectivação deste trabalho, desde a fase de projecto até esta ultima etapa;
 Ao delegado e todos docentes do curso e Faculdade de Ciências Sociais e Politicas, pelo
seu grande apoio incondicional e carinho, e paciência demonstrado ao longo de toda
formação;
 À todos aqueles que participaram como amostra da pesquisa, os que facilitaram na colecta
de dados, aos que sempre me encorajavam, dando me força e moral, mim fizeram
merecer;
 A todos colegas e amigos que sempre me subsidiaram que fez diferença na minha vida
estudantil e para a realização desse trabalho, o meu muito obrigado.
ix

Lista de siglas

DNA – Direcção Nacional de Águas

ETA – Estações de Tratamento de Água

FIPAG – Fundo de Investimento e Património Abastecimento de Água

GIRH – Gestão Integrada de Recursos Hídricos

IDS – Instituto de Desenvolvimento Sustentável

INE – Instituto Nacional de Estatística

IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas

MAE – Ministério de Administração Estatal

MOPH – Ministério de Obras Públicas e Habitação

OMS – Organização Mundial da Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

PA – Posto Administrativo

PARPA – Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta

PNA – Politica Nacional de Águas

RQA – Regulamento sobre a Qualidade da Água

SDPI – Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estrutura


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Resumo
O objectivo primordial deste trabalho é de analisar osimpactos da crise da água potável na
localidade de Mussengane no posto Administrativo de Puthine, distrito de Lugela nos
períodos entre 2016 a 2020.A água é um recurso essencial para a existência da vida e foi nela
que tudo começou, portanto quando pensa-se em existência pode-se dizer que na ausência de
água não existiria nenhuma forma de vida (Grassi, 2001). Já para Faber (2011), o surgimento
das primeiras cidades ocorreu dentro de características próprias, a necessidade de praticar a
agricultura para sobrevivência obrigou o homem a fixar residência e os aproximou dos rios.
Desde então a água vem sendo de relevante importância para o homem, pois passou a ser
utilizada também em processos industriais, como por exemplo, para tocar moinhos, em
máquinas de cortar madeiras dentre outros fins. Portanto, a investigação apresenta um
problema preocupante, que move todas camadas (governamentais, não governamentais,
sociedade civil, os académicos, a saúde e principalmente a população em geral). Os gestores
locais parece não terem capacidades nem condições necessárias para desenvolver actividades
de fornecimento de água sem o suporte as estruturas ao mais alto nível. Como resposta, o
Governo tem expandido a gestão centralizada da água através do FIPAG, uma medida que
pode se traduzir na marginalização dos governos locais nos processos de tomada de decisão
relativamente a gestão dos recursos hídricos. O nível da gestão da sustentabilidade dos
serviços de abastecimento básico do meio e de água potável é não aceitável ainda é
preocupante e constrangedor, não existem se quer quaisquer empresas do governo ou mesmo
do privado para responder a necessidade de abastecimento de água potável. Gestão Integrada
de Recursos Hídricos, que busca administrar os recursos hídricos de uma maneira abrangente
e holística, levando em consideração o ciclo completo da água e os interesses de todos os
usuários de água, enquanto reconhecendo a variabilidade e a disponibilidade temporais e as
interacções com a qualidade da água e a ecologia.

Palavras-chaves: Impactos,Crise, Água potável, Mussengane, Administrativo de Puthine.


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1. Introdução

Grassi (2011), expõe que o planeta está cheio de água; um volume que chega perto de 1,4
bilhão dekm2 e cobre cerca de 71% da superfície da Terra. Contudo, muitas localidades ainda
não têm acesso à água potável adequada ao consumo humano.

Todavia, Rebouças (2001), baseando-se na datação das rochas mais antigas pode-se
conjecturar que a água existe no planeta terra há cerca de 3,8 bilhões de anos. O mesmo autor
ainda explica que nem toda água é encontrada disponível para ser utilizada pelos seres
humanos, pois ao mesmo tempo está presente nos três estados físicos, sólido nos pólos
compondo geleiras, fluida nos oceanos e formando corpos de água doce, como, rios, lagos,
humidade do solo, manancial subterrâneo e vapor de água na atmosfera. A carência de acesso
à água limpa/potável, e ao saneamento é grave, podendo ser considerada uma das questões de
direitos humanos mais urgentes do nosso tempo.

Assim, a Organização das Nações Unidas (ONU), refere que 884 milhões de pessoas não tem
acesso à água potável segura e 2,6 bilhões não dispõem de saneamento básico. Além disso,
para um alerta ao apontar que no ano de 2025, um terço da população mundial não terá acesso
à água potável para satisfazer suas necessidades básicas. Já Schmidt (2016, p. 8), defende que
aproximadamente 3,6 milhões de pessoas, 1,5 milhões delas crianças, morrem todos os anos
de doenças relacionadas à água, incluindo diarreia, febre tifoide, cólera e disenteria. Um
bilhão de pessoas ainda defecam em lugares inadequados e 2,5 bilhões vivem sem serviços de
saneamento básico. Em 2030, mais de 5 bilhões de pessoas – quase 70% da população
mundial corre o risco de viver sem saneamento adequado.

Contudo, o presente trabalho é composto por cinco capítulos: capítulo I refere-se aos
elementos de pesquisa (introdução delimitação, a problematização, os objectivos, as questões
da pesquisa, a justificativa); capítulo II diz respeito a fundamentação teórica, neste estão
várias informações a respeito do tema em alusão; capítulo III trata – se da apresentação da
metodologia usada nesta pesquisa, capítulo IV tem uma abordagem que trás a apresentação,
análise e interpretação dos resultados e finalmente o último capítulo fala de conclusão onde
também versa sobre a s sugestões, referência bibliográfica e apêndices e anexos.
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1.2.Problematização

Há um reconhecimento pelo Governo da problemática da sustentabilidade das fontes de água


rural, sendo que a questão da sustentabilidade afigura-se como um dos desafios para o
alargamento da cobertura nacional e capitalização dos investimentos. Assim sendo, a questão
da sustentabilidade das fontes passou a figurar no Plano Estratégico de Água e Saneamento
Rural2006-2015 como o primeiro dos quatro desafios do sector, nomeadamente:

i. Aumentar a sustentabilidade e acelerar a cobertura;


ii. Introduzir inovação tecnológica e dinamizar as instituições;
iii. Desenvolver estratégias e mecanismos eficientes de financiamento;
iv. Relacionar a descentralização com o melhoramento da planificação e das estratégias
de implementação (Coutinho e Mauro, 2017).

Numa perspectiva analítica do problema, vários são os estudos que procuram compreender a
questão da sustentabilidade das infra-estruturas de água e saneamento. O estudo sobre a
sustentabilidade do abastecimento de água rural na Província da Zambézia de 2015, aponta
questões como incapacidade técnica dos governos distritais e dos comités de gestão,
inexistência de apoio externo e o inadequado modelo de gestão comunitária como causas de
não sustentabilidade das fontes. O MOPH (2001) considera que a não operacionalidade ou o
estado obsoleto das fontes de água, é essencialmente o resultado do fraco envolvimento das
comunidades. Dai que a gestão comunitária é questionada no contexto actual.

Na óptica do International Water and Sanitation Centre (2012) o modelo de gestão


comunitária dos serviços da água foi incentivado em muitos países com o intuito de
proporcionar às comunidades um maior controlo e propriedade sobre os seus abastecimentos
de água. Todavia, este modelo apresenta problemas tais como: Em muitos locais, a
comunidade e, especialmente, o comité da água, acabam por ficar isolados logo que a infra-
estrutura é instalada e os técnicos de implementação dos programas originais partem após o
término das actividades dos programas.

O mesmo estudo indica ainda que em muitos casos, alguns dos princípios que fundamentam a
gestão comunitária, como a coesão das comunidades, participação para o bem comum e
responsabilidade informal de um comité da água, acabam por ser mais idealistas que práticos.
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Portanto, o que tem se verificado no distrito do Lugela, Posto Administrativo de Puthine,


concretamente na localidade de Mussengane é um absoluto e total sofrimento onde as
populações fazem grandes distâncias para encontrar o precioso líquido ou mesmo acabam em
preferir a abertura de poços caseiros que não garantem mínima confiança e segurança em
termos de saúde higiene e da própria água que não é potável ou própria para beber mesmo que
seja tratada com coloro e outros produtos.

Tudo isso nos faz avaliar que as condições para o futuro não são favoráveis. A questão é tão
complexa que há pesquisadores que afirmam que a água pode ser o estopim para uma terceira
guerra mundial, substituindo a posição do petróleo como substância mais valiosa do planeta.
Contudo, sabe-se que o petróleo (ouro negro) pode ser substituído por outras fontes
energéticas, inclusive renováveis, enquanto a água, recurso indispensável para a
sobrevivência, não possui sucedâneo (FUNASA, 2014).

Assim, buscar factores explicativos sobre a problemática da provisão sustentável dos serviços
de água no contexto rural, partindo da análise sobre o aumento nominal do investimento em
projectos de provisão destes através de construção de furos de água e paradoxalmente a sua
rápida degradação aliada a questões ligadas a gestão comunitária, levou – se a problematizar a
temática colocando a seguinte questão:

 Que implicações poderão ser causadas pela crise de água potável no distrito de Lugela,
posto administrativo de Puthine na localidade de Mussengane nos períodos entre 2016 –
2020?

1.3.Justificativa

A importância da água para a sobrevivência do indivíduo é facto bastante conhecido, pois tal
recurso é utilizado desde processos vitais, como o funcionamento biológico dos seres até o
equilíbrio do meio ambiente. Porém estimativas recentes informam que pessoas em todo o
mundo não têm acesso à água de boa qualidade.

De acordo com Castro, “estima-se que 80% das doenças e mais de um terço da mortalidade no
mundo inteiro são decorrentes, principalmente, da falta de esgoto sanitário e da má qualidade
da água utilizada pela população”. Ela completa, ainda, que o acesso ao saneamento diminui a
chance de mortalidade infantil em 32,46 %.
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Em termos pessoais, o que motivou a realização desta pesquisa é o facto de, ter observado
uma expansão populacional muito grande contudo, não acompanhada de uma expansão de
infra-estruturas básicas como um sistema de abastecimento de água, constatando – se que os
moradores locais percorrem grandes distâncias em busca de água que muitas vezes não é
própria para o consumo humano porque está é retirada dos poços abertos ou caseiros.

Observar o dilema dos moradores daquela região despertou curiosidade de compreender que
dinâmicas, que experiências e que representações a água produz em um contexto em que é
fornecida por operadores que abrem poços caseiros. Partiu-se da ideia de que as dificuldades
que enfrentam despertam neles um conjunto de ideias sobre a água e que são captáveis sob o
ponto de vista sociológico.

Ademais, sob mesmo ponto, este estudo justifica – se pertinente na medida em que produz
uma abordagem que procura captar os significados que os actores sociais constroem a volta
dos objectos com os quais lidam no quotidiano. Esta perspectiva ajuda a compreender como é
que os indivíduos entendem, a ausência do serviço público de abastecimento de água.

Defende-se ainda que aqui a integração da perspectiva local nas políticas públicas para o
sector de águas pode ajudar a tornar eficazes as estratégias e iniciativas do Estado. Este estudo
traz, em primeiro lugar, os impactos socioeconómicos das iniciativas privadas de
abastecimento de água ao nível das comunidades locais e, em segundo lugar, traz uma
abordagem local às questões relacionadas com o desenvolvimento anteriormente mencionado.

O conhecimento do tema em análise permite compreender as lógicas e as dinâmicas de


funcionamento dos comités de gestão de água como formas de organização social que podem
contribuir para o desenvolvimento comunitário.

Assim sendo, defende – se a ideia segundo a qual o Governo de Moçambique deve integrar os
operadores privados no desenho de políticas e estratégias que visam aumentar a
disponibilidade de água potável para a população a um preço que seja considerado justo e
acessível também para aqueles grupos com baixos rendimentos.

1.4.Objectivos do trabalho

Considerando que o tema deste trabalho é: Impactos da Crise da Água Potável na Localidade
de Mussengane no Posto Administrativo de Puthine no Distrito de Lugela, há necessidade de
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definir os objectivos do mesmo para encontrar a essência e desenvolve-lo. Portanto, abaixo


seguem os objectivos gerais e específicos do trabalho.

1.4.1. Objectivo geral

 Analisar os impactos da crise da água potável na localidade de Mussengane no posto


Administrativo de Puthine no distrito de Lugela nos períodos entre 2016/2020.

1.4.2. Objectivos específicos

 Identificar os impactos da crise de água potável em Lugela, posto Administrativo de


Puthine na localidade de Mussengane períodos 2016/2020;
 Avaliar a questão da gestão da sustentabilidade dos serviços de água potável na localidade
de Mussengane e
 Definir as estratégias capazes de minimizar a situação da crise da água potável no local
em estudo.

1.5.Questões de partida

 Quais são os impactos da crise de água potável encontrados no distrito de Lugela no posto
Administrativo de Puthine na localidade de Mussengane no período em estudo?
 Qual é o nível da gestão da sustentabilidade dos serviços de água potável na zona em
estudo?
 Que estratégias podem minimizar a situação da crise da água potável no local em estudo?

1.6.Localização, superfície do distrito de Lugela

O distrito de Lugela com Vila do mesmo nome, está localizado na zona centro-nordeste da
Província da Zambézia, situa – se entre os paralelos 15' 20' e 15' 18' de latitude Sul e entre 36'
8' e 36' 14' de longitude Este. Lugela confina a Norte com o distrito de Nhamarroi através do
rio Lu, a Sul e com os rios Lugela e Licungo que o separam do distrito de Mocuba, a Este
com o distrito do Ile e a Oeste com o distrito de Milange (MAE, 2005).

Ainda sim, ministério de Administração Estatal confere que a superfície do distrito de Lugela
é de 6110 km2 e uma população recenseada em 2017 de 165865 habitantes e estimada, o
distrito de Lugela tem uma densidade populacional de 37,8 hab/km2 .
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1.7.Descrição dos aspectos físicos do distrito

O distrito e influenciado pelo clima de tipo tropical chuvoso de savana onde as precipitações
medias anuais são acima dos 800mm, chegando na maioria dos casos 1200 ou mesmo
1400mm, concentrando – se no período compreendendo entre Novembro de um ano e finais
de Marco podendo localmente estender-se até Maio. A evapotranspiração potencial regista
valores médios na ordem dos 1000 a 1400mm e as temperaturas médias anuais variam de 24 a
26ºC, facto que possibilita a prática de agricultura de sequeiro com apenas uma colheita sem
riscos significativos de perda das culturas devido ao deficiente hídrico.

O ponto mais alto do distrito e o monte Mabo, localizado no PA (Posto Administrativo) de


Tacuane. Todavia, há ocorrência de tantalite, ouro, pedras preciosas, no PA de Munhamade,
localidade de Alto Ligonha nas margens do rio Namivolo.

Outrossim, o distrito é dominado por solos residuais derivados, na maioria de rochas


metamórficas e eruptivas do soco pré-câmbrico, em particular, do complexo gnaisso-granítico
do Moçambique Belt. O relevo apresenta declives que variam de suavemente ondulados a
fortemente dessecados.

Portanto, os são solos de textura variável profundos a muito profundo, localmente pouco
profundos, castanhos-avermelhados, sendo ainda ligeiramente lixiviados excessivamente
drenados ou moderadamente bem drenados, e por vezes localmente mal drenados. Ocorrem
ainda, solos aluvionares hidromórficos ao longo das linhas de drenagem natural associados
aos dambos.
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Figura 01: Localização do Distrito de Lugela

Fonte: INE
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CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Conceitos sobres a água

A água é um recurso essencial para a existência da vida e foi nela que tudo começou, portanto
quando pensa-se em existência pode-se dizer que na ausência de água não existiria nenhuma
forma de vida (Grassi, 2001).

Já para Faber (2011), o surgimento das primeiras cidades ocorreu dentro de características
próprias, a necessidade de praticar a agricultura para sobrevivência obrigou o homem a fixar
residência e os aproximou dos rios. Desde então a água vem sendo de relevante importância
para o homem, pois passou a ser utilizada também em processos industriais, como por
exemplo, para tocar moinhos, em máquinas de cortar madeiras dentre outros fins.

Portanto, conforme a Lei nº 16/91 de 3 de Agosto, água potável é aquela que se destina para a
alimentação, a preparação e conservação de alimentos e dos produtos destinados a
alimentação, a higiene pessoal, ao uso doméstico e ao fabrico de bebidas gasosas, águas
minerais e gelo.

A água disponível para o consumo humano e vegetal encontra-se nas camadas superficiais e
são chamadas de água superficiais, desta forma as plantas e animais podem obter água
directamente ou pela alimentação (Marczwski & Martin, 1999). Esta água disponibilizada, de
onde é retirada a maior parte para a realização de diversas funções é o mesmo local que são
lançados resíduos após a utilização, é a dos cursos de água, a de menor parcela no planeta.

2.2.Crise de água

A questão da qualidade da água apareceu associada às quantidades disponíveis: cada vez mais
gente no planeta, passava a dispor de cada vez menos água, já que as “exigências da
produção” consumiam e poluíam maior quantidade de água. É nesse contexto que surgiram as
grandes conferências internacionais dedicadas aos problemas dos recursos hídricos e, junto a
elas, diversas declarações e proclamações, pelas quais se tentava chamar a atenção de todos
para a urgência da reacção de todos para a urgência da reação (Caubet).

A falta de saneamento promove cenários de vulnerabilidade sócio-ambiental, especialmente


em áreas ocupadas por classes sociais menos favorecidas. Nesses locais há um grande risco de
degradação do meio ambiente, em virtude da contaminação dos recursos, o que acarreta em
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consequências generalizadas sobre a saúde da população. Isso acontece porque o esgoto acaba
sendo jogado às margens de rios, lagoas ou nascentes.

Com a soma do acúmulo do lixo e a falta de dragagem, em ocasiões de grande precipitação


ocorrem enchentes que contaminam as residências, tornando o ambiente insalubre e propício
para a proliferação de insetos e roedores que funcionam como vectores de doenças infecto-
parasitárias (Schmidt, 2016, p. 14).

Castro (2015), defende que a crescente transformação da água mundial em uma mercadoria
tornou-se cada vez mais inacessível aqueles sem dinheiro. Muitos países pobres foram
vigorosamente encorajados pelo Banco Mundial a contratar serviços de água de empresas
prestadoras de serviços privados e com fins lucrativos, uma prática que gerou uma resistência
feroz daqueles milhões de pessoas deixados do lado de fora devido à pobreza.

As pessoas mais afectadas são aquelas que vivem em condições deploráveis ou comunidades
rurais empobrecidas na América Latina, Ásia e África, onde Moçambique e principalmente a
província da Zambézia concretamente no distrito de Lugela onde ocorreu este estudo. Esses
“refugiados da água”, sem conseguirem acesso às suas fontes tradicionais de água, seja
porque elas desapareceram, ou foram poluídas, e incapazes de pagar as altas taxas impostas
pelos serviços de água recentemente privatizados, contam com fontes de água para beber
contaminadas por seus próprios dejetos não tratados, bem como venenos industriais (Schmidt,
2016, p. 12).

Petrella (2004, p. 159), menciona quatro grupos de razões, não exaustivas, para explicar a
crise hídrica. O primeiro deles, “distribuição desigual de recursos hídricos”, onde atenta para
o facto de 60% dos recursos estarem situados em apenas nove países (incluindo Brasil,
Rússia, China, Canadá, Indonésia, e os Estados Unidos), enquanto que oitenta países (40%)
da população mundial – enfrentam escassez de água. O Norte da África e o Oriente Médio são
as regiões mais afectadas.

Contudo, independentemente do nível total de recursos hídricos de um país, a escassez de


água afecta grupos sociais e regiões de forma diferente. Por isso que Wolkmar e Leite (2012,
p. 118) afirmam que na África do Sul, país rico em água, seiscentos mil fazendeiros brancos
que praticam irrigação consomem 60% dos recursos hídricos do país, e 15 milhões de negros
não tem acesso à água.
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A segunda categoria de razões diz respeito a todos os factores relacionados com o


desperdício e o mau gerenciamento dos recursos disponíveis que são a causa de uma
queda de 37% na captação. A agricultura absorve em média 60%, ficando 20% para a
indústria e 10% para usos domésticos, outros 10% perdidos devido aos vazamentos
nos canais de água. Tal desperdício somado ao aumento do consumo que se dá pelo
crescimento populacional, pela actividade económica e pela expansão da poluição,
tendem a agravar a crise. Esses factores trazem o terceiro grupo, o qual se refere ao
número crescente de factores que causam poluição, quais sejam os principais: uso
massivo de produtos químicos e metais pesados; incapacidade de tratar os resíduos
domésticos e industriais, sendo que a maior parte é lançada directamente nos rios;
exploração intensa de água subterrânea; falta de saneamento básico para metade da
população mundial; degradação do solo causado pelo desflorestamento e
desertificação, etc. e, por último, as enchentes e outros distúrbios, cada vez menos
“naturais”. Por fim, a quarta categoria principal é o crescimento populacional, ao
passo que cada vez menos a água estará disponível para uma quantidade cada vez
maior de pessoas. Estima-se que daqui a vinte e cinco anos haverá mais dois bilhões
de pessoas na terra. No entanto, Ricardo Petrella citado por Schmidt (2016, p. 24)
afirma que esse argumento não leva em conta a enorme desigualdade no consumo
entre os seres humanos e ressalta.

O IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) projectou, no Quarto Relatório


de Avaliação em 2007, que haveria redução na precipitação pluviométrica, especialmente nos
trópicos secos, o que aumentará o número de pessoas vivendo sob regime de estresse hídrico
(Confalonieri, 2010).

O autor aprofunda mais quando levanta a questão de que o aquecimento global incidirá na
redução no fluxo dos rios que perderão a qualidade da água devido à presença de
contaminantes, pois a água uma vez escassa perde automaticamente a capacidade de diluição.
Como conclusão, o trabalho do IPCC aponta que as alterações nos regimes de chuva e
temperatura provocadas pela mudança climática global tornarão mais difíceis os processos de
provisão de água limpa, drenagem e saneamento, acrescentou o autor.

2.3.Abastecimento de água

A água potável é a própria para o consumo humano. Porém, para ser assim considerada, ela
deve atender aos padrões de potencialidades. Se ela contém substâncias que desrespeitam
estes padrões, ela é considerada imprópria para o consumo humano. As substâncias que
indicam esta poluição por matéria orgânica são compostos nitrogenados, oxigénio consumido
e cloretos.

De acordo com Barros et al. (1995), o Sistema de Abastecimento de Água representa


o"conjunto de obras, equipamentos e serviços destinados ao abastecimento de água potável de
21

uma comunidade para fins de consumo doméstico, serviços públicos, consumo industrial e
outros usos".

A água constitui elemento essencial à vida. O homem necessita de água de qualidade


adequada e em quantidade suficiente para atender as suas necessidades, para protecção de sua
saúde e para propiciar o desenvolvimento económico.

Para o abastecimento de água, a melhor saída é a solução colectiva, excepto no caso das
comunidades rurais que se encontram muito afastadas. As partes do Sistema Público de Água
são: captação; adução (transporte); tratamento; reservação (armazenamento) e distribuição
(Leal, 2008).

Portanto, na visão de Rooke (p. 8 e 9), um sistema de abastecimento de água é composto pelas
seguintes unidades:

 Manancial: fonte de onde se retira a água.


 Captação: conjunto de equipamentos e instalações utilizado para a tomada de água do
manancial.
 Adução: transporte da água do manancial para a estação de tratamento de água ou da
água tratada para a reservação.
 Tratamento: melhoria das características qualitativas da água, dos pontos de vista físico,
químico, bacteriológico e organoléptico, a fim de que se torne própria para o consumo é
feito nas Estações de Tratamento de Água (ETA).
 Reservação: armazenamento da água para atender a diversos propósitos, como a
variação de consumo e a manutenção da pressão mínima na rede de distribuição.
 Rede de distribuição: condução da água para os edifícios e pontos de consumo, por meio
de tubulações instaladas nas vias públicas.

2.4.Abastecimento e crise de água em Moçambique

A política de águas em Moçambique, aprovada em 2007, diz que o crescimento das


necessidades de águas para diversos fins é uma fonte potencial de conflitos e o Estado tem a
responsabilidade de os prever e definir soluções justas e adequadas. O planeamento ao nível
da bacia hidrográfica é o principal instrumento para preparar e implementar em avanço as
medidas necessárias. (DNA, 2005).
22

A disponibilidade de media de recursos hídricos pode se considerar como boa, com


escoamento superficial anual médio de 216500 m𝑚3 /ano para uma população total de 25,53
milhões de habitantes, que se traduz numa media de 8.48𝑚3 /ano de agua per capta médio,
que se encontra muito acima dos níveis do chamado “stressˮ hídrico (<1.700𝑚3 /ano). Porém,
a sua distribuição inequitativa no espaço e no tempo faz com que existam épocas do ano e
locais geográfico de abundância e de escassez. As regiões Centro – Norte e Sul de maior
preocupação porque apresentam as disponibilidades per captam mais baixas.

Ademais, Moçambique dispõe de uma capacidade de armazenamento das mais baixas


de África, pois é de apenas 0,5% do seu escoamento medio anual. Para agravar a
situação, 90% desta capacidade está concentrada na barragem de Cahora – Bassa que
tem uma finalidade principal de produção de energia. O país já enfrenta os desafios de
armazenamento para a satisfação de necessidades básicas (abastecimento de agua) em
alguns dos seus principais centros urbanos, nomeadamente Lichinga, Cuamba, Pemba,
Nampula, Nacala, Quelimane, Beira/Dondo e região metropolitana de Maputo,
(Resolução nº 40/2018 de 24 de Outubro). Os dados do último levantamento do
Instituto Nacional de Estatísticas (IOF 2014/2015) mostram que a cobertura dos
serviços de abastecimento de água e de saneamento ainda é baixa. Apenas 50,3% da
população tem acesso aos serviços melhorados de abastecimento de água (urbano –
82,5% e rural – 36,1%) e apenas 26,9% tem acesso aos serviços melhorados de
saneamento (urbano – 57,% e rural – 13,2%).

2.5.Gestão de Recursos hídricos em Moçambique

Os desafios de Moçambique na gestão e desenvolvimento dos recursos hídricos para o


cumprimento das metas do PARPA, incluem água potável e saneamento, água para segurança
alimentar e desenvolvimento rural, prevenção da poluição da água, e conservação dos
ecossistemas, mitigação dos desastres e gestão do risco, gestão dos recursos hídricos
transfronteiriços e partilha de benefício.

Torna-se necessário e urgente desenvolver planos detalhados relativos ao desenvolvimento


dos recursos hídricos para promoção dos serviços de abastecimento de água e saneamento,
desenvolvimento da agricultura, gestão de desastres e protecção dos ecossistemas, incluindo a
prevenção da intrusão salina nos estuários dos rios, da produção industrial, e da produção de
energia hidroelétrica (DIRECÇÃO NACIONAL DE ÁGUAS - DNA, 2004)

Segundo a Politica Nacional de Águas, (PNA, 2007), A disponibilidade de água bruta através
de uma gestão integrada de recursos hídricos, optimizará os benefícios da comunidade, tendo
em conta os interesses, quer dos actuais, quer dos futuros beneficiários. Ter-se-ão em conta os
impactos ambientais e a conservação dos recursos hídricos para o futuro.
23

Nenhuma acção insolada permitira a melhoria adequada dos serviços do sector da água.
Muitos das acções requeridas estão relacionadas e a sua implementação necessitará de ser
coordenada e integrada com outras políticas adoptadas para a administração local, saúde,
agricultura, indústria e finanças.

2.6.Abastecimento de Água Rural

As metas para abastecimento de água na zona rural na província da Zambézia são de 37%.
Embora se verifiquem tendências de melhorias nos últimos anos, graças a um contínuo
esforço de investimento em novas fontes, persistem os desafios de manutenção dessas infra-
estruturas o que afecta a estabilidade e o crescimento da cobertura.

Portanto, os resultados do último estudo do INE, o IOF 2014/2015conjugados com os estudos


anteriores (Censo 2007, IOF 2008/2009 e IDS 2011) mostraram que há uma estagnação com
tendência de degradação no nível de uso de serviços melhorados de abastecimentos de água
nas zonas rurais. Apenas 23,9% tem acesso a água por fontes dispersas. Aparentemente as
fontes estão concentradas nos mesmos locais ou os assentamentos estão muito dispersos
resultando num número de utentes por fonte muito reduzido (160 utentes por fonte) quando
comparado com as 300 pessoas usadas na planificação.

Portanto, os dados do JMP (2015) mostram tanto uma baixa taxa de acesso para as famílias
rurais a um melhor abastecimento de água e saneamento básico, bem como um diferencial
considerável no acesso entre as famílias rurais e urbanas. Em relação ao nível de serviço,
apenas 1% da população rural goza de um abastecimento de água canalizada ao domicílio,
enquanto 25% da população urbana tem água canalizada ao domicílio.

Em outros termos, a população rural depende quase exclusivamente de sistemas de água


geridos pela comunidade e saneamento gerido ao domicílio e supervisionado pelas
autoridades distritais. Dai que há necessidade de adequar a estrutura de implementação dos
programas de água rural ao modelo de descentralização do estado.

Os estudos do MOPH (2012) revelaram que há 5 factores que devem ser considerados para a
sustentabilidade das fontes dispersas nomeadamente: Factores Institucionais, Técnicos,
Económicos, de Gestão, Ambientais e Factores Sociais. Os factores sociais que são os que nos
interessam neste estudo são descritos como sendo a forma como os indivíduos se relacionam
24

entre si e entre estes com os seus líderes para a condução do bem comum, destacando o papel
desempenhado pelos líderes comunitários na gestão comunitária e na manutenção da ordem.

De acordo com Carter (2016) os factores sociais podem nos sugerir uma dimensão mais
qualitativa de análise da sustentabilidade e deste modo fornecer mais informação do que os
indicadores quantitativos descritos através de dados sobre as diferentes tecnologias, a questão
financeira e o número das fontes funcionais ou não, as fontes abandonadas e o tempo de
funcionamento.

2.7.Desafios do abastecimento de água rural

 Necessidade de resolução das desigualdades geográficas e entre ricos – pobres no


acesso;
 Necessidade da adequação da estrutura de implementação dos programas de água rural
ao modelo de descentralização do estado;
 Necessidade de entender o custo da sustentabilidade dos investimentos e serviços;
 Adequação dos modelos de geração da procura, gestão e os níveis de serviços.

2.8.Governação da água em Moçambique

A governação da refere – se a um conjunto de sistemas políticos sociais, económicos e


administrativos existentes para desenvolver e gerir recursos e provisão de serviços
relacionados a todos níveis da sociedade (Rogers & Hall, 2003). No entanto, não existe um
modelo único prescrito para uma boa governação da água, para que esta seja efectiva, deverá
abordar correctamente as dinâmicas sociais, económicas e culturais de cada país devendo
tomar em conta alguns princípios universais tais como: inclusão e comunicabilidade,
coerência e integridade, equidade e ética, eficiência, responsabilidade, sustentabilidade e com
mecanismos claros de prestação de contas.

Por outro lado, Chiziane (2018, p. 16) defende que o país dispõe de vários dispositivos legais
que regulam a captação, armazenamento, distribuição e gestão de água. Estes dispositivos
regulam sobretudo as entidades que tem por responsabilidade executar a visão do Governo em
relação aos recursos hídricos. No contexto, a autor refere de quatro documentos legais
relevantes, nomeadamente:

 Lei nº16/91 de 3 de Agosto, a Lei de Águas;


 Decreto nº 73/98 que cria o Fundo de Abastecimento e Património de Águas;
25

 Diploma Ministerial nº180/2004 que aprova o Regulamento sobre a Qualidade da Água


para o consumo humano; e
 Decreto nº43/2007 que aprova o Regulamento de Licenças e Concessões de Águas.
26

CAPÍTULO III: METODOLOGIAS DA PESQUISA

A metodologia adotada para efectivação deste trabalho foi pesquisa bibliográfica, através da
observação directa e a entrevista como sendo as técnicas de recolha de dados que permitiu
organizar as seguintes categorias: a necessidade de uma proposta baseada no diálogo, fazer
com que os envolvidos sintam-se parte no que se refere a tomada de decisões.

2.2.Tipos de Pesquisa

2.2.1. Quanto a forma de abordagem

A forma de abordagem desta pesquisa foi realizada a partir de perspectiva qualitativa onde foi
a entrevista semi-estrutura dominou a fase de recolha de dados. Portanto, para Gil (2002),
considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. A interpretação dos
fenómenos e a atribuição dos significados são básicas neste tipo de pesquisa. O ambiente
natural é a fonte directa de colecta de dados e o pesquisador é o elemento chave.

É nesta perspectiva que Gunther (2006, p. 16) afirma que a pesquisa qualitativa permite a
proximidade entre o investigador e o objecto de estudo, centrando-se na construção de
sentidos tanto ao nível físico assim como no símbolo. Este método de pesquisa procura
auscultar a opinião duma pessoa ou um grupo de pessoas sobre um determinado assunto,
abordando o objecto de pesquisa com a preocupação de medir ou qualificar os dados
colectados.

Porém, o presente estudo (qualitativo), não foi necessário o uso de números e procedimentos
estatísticos para a interpretação e a resolução da problemática, mas sim uso de comentários
nas análises das perguntas da entrevista.

2.2.2. Quanto ao objectivo da pesquisa

Do ponto de vista dos objectivos este trabalho foi dominada por uma pesquisa descritiva, que
de acordo com Gil (1006, p. 45), afirma que este tipo de pesquisa, tem como objectivo
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a torna-lo mais explícito.

Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem levantamento bibliográfico e entrevista com
pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado.
27

Entretanto, a pesquisa é descritiva, procurou encontrar as causas que contribuem para a


ocorrência do fenómeno (crise ou falta do precioso recurso – hídrico para a sobrevivências
das comunidades do distrito de Lugela), para depois encontrar as possíveis soluções ou
medidas de mitigação.

2.2.3. Quanto à Natureza

Esta pesquisa é aplicada, visto que a investigação foi desenvolvida a partir de outras teorias já
elaboradas pelos outros autores e surge como uma necessidade de resolver e/ou contribuir
com soluções práticas sobre as empresas que não cumprem com o seu compromisso na
construção ou abertura de furos de água para as comunidades da área em estudo, pois,
segundo Teixeira (2000) apud Artur (2012, p. 58), “a pesquisa aplicada surge como
necessidade de resolver ou contribuir com soluções práticas para problemas que exigem uma
intervenção imediata”.

2.2.4. Método Indutivo

Para elaboração deste trabalho, usou – o método indutivo, que conforme Gil (1999) apud
Silva (2004, p. 26), no raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de casos da
realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações.

Por conseguinte, tendo em conta a natureza deste método, foi usado com vista a facilitar a
observação de um caso concreto, a crise de água potável na localidade de Mussengane, no
Posto Administrativo de Puthine distrito de Lugela e com base nas conclusões tiradas neste
local poderão ser aplicadas em outras zonas, regiões ou até mesmo país, com o mesmo
problema.

2.2.5. Quanto aos Procedimentos de Recolha de Dados

É uma pesquisa participante, uma vez que o pesquisador interviu de maneira activa para obter
dados, e haverá uma interacção directa entre o pesquisador e o grupo alvo ou a população
estudada. Este tipo de pesquisa, é aquela na qual o pesquisador: “Intervém de maneira activa
para obter dados, controla as variáveis em uma amostra aleatória, introduz um tratamento, ou
seja, um fenómeno da realidade é produzido de forma controlada, com objectivo de descobrir
os factores que o produzem, ou seja, que eles são produzidos.” (Teixeira apud Artur 2012, p.
61).
28

2.2.6. Instrumentos de Recolha de Dados

No tocante a instrumentos de recolha de dados, pautou-se pela pesquisa bibliográfica, que se


fez na base da leitura de vários manuais que versam sobre o tema em alusão. Por outro lado
usar-se-á a entrevista também.

2.2.6.1.Entrevista Semi-estruturada

Entrevista é uma técnica que visa obter informações de interesse a uma investigação onde o
pesquisador formula perguntas orientadas, com um objectivo definido, frente a frente com o
respondente e dentro de uma interacção social. Esta técnica permite colher informações junto
dos elementos seleccionados na amostra (Gil, 1999, p. 36).

Na perspectiva de Lakatos e Marconi (2007), afirma que a entrevista é “tipo de técnica de


colheita de dados com a finalidade de obtenção de informações e de compreender as
perspectivas e experiencias das pessoas entrevistadas.
A entrevista permitiu a elaboração um guião de orientações em jeito de respostas que o grupo
alvo ou os visados iam dando ao entrevistador/ pesquisador deste trabalho.

2.2.6.2.Observação

Nesta pesquisa privilegiou – se o uso de duas formas de observação: indirecta onde se


observou a partir de fotografias, imagens e a observação directa em que se optou por presença
do proponente da pesquisa viu in loco a crise de água na região em estudo.

Todavia, o estudo optou – se também pelo instrumento de recolha de dados como máquina
fotográfica que capturava algumas imagens de alguns furos que se encontram avariados,
deixando a população a consumir agua em locais impróprios.

2.2.7. Técnicas de Análise e Interpretação de dados

O processo de análise de acordo com Gil (2008, p. 57) “refere que análise de dados tem como
objectivo organizar e sumariar os dados de forma que possibilitem o fornecimento de resposta
ao problema proposto pela investigação”. Assim serão agrupadas as respostas aproximadas e
separadas das respostas contrárias, cada com seu fundamento. Posteriormente será efectuada
uma triangulação de dados que consistiu na análise da informação colhida, com
fundamentação de determinadas teorias e análise exaustiva do pesquisador. Também será feita
uma descrição dos dados conforme as respostas apresentadas pelos entrevistados.
29

Assim, com base num cronograma previamente estabelecido foram feitas deslocações sobre o
caso pesquisador ao campo de cada um dos membros do povoado de modo a verificar e
confirmar dos dados por ele fornecido na entrevista.

2.2.8. Universo e população

Na perspectiva de Lakatos e Marconi (2010, p. 206), afirma que população é o “conjunto de


seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum”.
Ainda frisou que consiste em explicar que pessoas ou coisas, fenómenos, etc. Foram
pesquisados enumerando suas características comuns, como por exemplo sexo, faixa etária,
comunidade, onde vivem entre outros.

Nesta pesquisa foram abrangidos residentes da localidade de Mussengane, aos representantes


do governo (lideres comunitários e religiosos da zona,) e comunidade em geral, o que cobre
toda população.

2.2.9. Amostra

Para Gil (2008) amostra, “é o subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se
estabelece ou se estimam as características deste universo ou população.

De acordo com o determinado critério, é escolhido intencionalmente um grupo de elementos


que foram compor a amostra Fonseca e Martins (1996, p. 183). Também realça que o
investigador se dirige intencionalmente a grupos de elementos dos quais deseja saber sua
opinião. No presente estudo, a amostragem foi extraída de forma probabilística não
intencional, pois a sua selecção foi posta de acordo sem algum critério.

Todavia, a investigação visou analisar dados qualitativos, onde a amostra foi reflectida em 20
indivíduos entre os representantes do governo desde a localidade de Mussengane, ao Posto
Puthine até ao distrito, os líderes comunitários religiosos e os moradores da região em estudo.

2.2.10. Aspectos éticos

A protocolagem deste estudo foi apresentada e comunicada às estruturas do Distrito de Lugela


e na localidade de Mussengane onde foram previamente informadas mediante apresentação de
um guia. Em relação aos objectivos da pesquisa, foi usado o consentimento, para garantir o
sigilo e confidencialidade das respostas e das informações prestadas pelos entrevistados.
30

Tendo em conta as dinâmicas socioculturais locais e a necessidade de respeito às


diversidades, foram observadas regras de convivência, hábitos, costumes das comunidades de
Mussengane. Nenhum interlocutor foi entrevistado sem expressar autorização para efeito daí
que, todas as entrevistas decorreram mediante a disponibilidade dos informantes.
31

CAPÍTULO IV: ANÁLISE, APRESENTAÇÃO, E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

No presente capítulo são abordados especialmente as informações obtidas a partir da colecta


de amostras no campo, concretamente na localidade de Mussengane e na sede do distrito de
Lugela. De referir que os dados aqui referenciados estão representados em discrição literária
conforme abordagem desta pesquisa.

2.2.Razões da existência da crise de água nesta zona

Dos 20 entrevistados correspondentes a 100%, 13equivalentes a 65% apontam a falta de


abertura e reabilitação de furos de água potável para o consumo da população; 3 entrevistados
com uma percentagem de 15% referem a falta de financiamento por parte de alguns
organismos não-governamentais e finalmente 4 pessoas representados por 20% dizem não
saber dizer, apontando o governo como culpado da crise de água potável.

Analisando os discursos dos entrevistados pode – se entender que a existência de crise de


água potável é devido a falta de abertura e reabilitação de furos de água como defende a
maioria dos entrevistados, apesar da deficiência de financiamentos por parte de parceiros,
onde alguns entendem que o governo não promove a abertura dos furos e parceiros para tal.

2.3.Distância percorrida para encontrar a água potável em Mussengane

Quanto a distância que a população percorre para encontrar o precioso líquido, 14


entrevistados com uma percentagem de 70% afirmaram que são grandes distâncias que a
população a faz a busca da água 5 entrevistados correspondentes a 30% defendem a que a
população recorre aos poços tradicionais caseiros sem nenhuma protecção e conservação,
dado que estes poços ficam totalmente abertos e as vezes cheio de capim ao redor ou mesmo
dentro.

Com os depoimentos acima e olhando aquilo que foi a observação é óbvio afirmar que para se
encontrar a água potável no distrito é necessário fazer uma distância muito grande ou usar
como alternativa a abertura de furos tradicionais caseiros que também há necessidade de cavar
profundidades maior para encontrar o lençol freático.

2.4.O tempo em que existe crise nesta região

Dos 20 entrevistados correspondentes a 100%, 14 indivíduos equivalentes a 70% são de


opinião de que o problema de crise é de sempre, ou se seja, desde da muito tempo4 pessoas
32

com uma percentagem de 20% não em mente o tempo em que a região se encontra em crise e
finalmente 2 indivíduos equivalentes a 10% dizem que a crise tem apenas pouco tempo e é
passageira.

Como pode se ver os depoimentos dos entrevistados acima, não há dúvidas afirmaram que a
crise da água potável na área em estudo está a bastante tempo naquele ponto do distrito e a
mesma ainda não tem data para a sua resolução. A população continuação a sofre por falta
deste precioso recurso natural.

2.5.Impactos da crise de água potável encontrados área em estudo

Como referem os 10 entrevistados correspondentes 50% da amostra, os impactos da crise de


água potável são grandes proliferações de várias doenças (coleira, diarreias, disenteria,
malária, febre), entre outras relacionadas com a falta de água própria para beber e lavagem de
alguns alimentos qualquer uso doméstico e outros 10 entrevistados equivalentes também a
50% indicam a falta de saneamento do meio que provoca outras doenças, como o caso de
giardíase; amebíase; ascaridíase (lombriga).

Todavia, os depoimentos dos entrevistados não mostram nenhuma dúvida quanto aos
impactos da crise de água potável, visto que a OMS citado por Ribeiro e Rooke afirma que as
doenças que os entrevistados mencionaram atrás estão relacionadas com a falta de água e a
higiene pessoal insuficiente que criam condições favoráveis para sua disseminação. E o autor
destaca: infecções na pele e nos olhos, como tracoma e o tifo relacionado com piolhos, e a
escabios e malária; febre-amarela; dengue; filariose (elefantíase).

2.6.Influência do aquecimento global na escassez de água

Quanto a influência de aquecimento global em relação a escassez de água, 12 entrevistados


com uma percentagem de 60% apontam que existe uma grande influência que o aquecimento
global causa na existência de água, principalmente água potável, 6 indivíduos correspondentes
a 30%dizem não saber se tem influência ou não e 2 respondentes representados com
10%afirmaram que não há nenhuma influência.

Olhando para os números dos entrevistados é notário que a maioria apontam na existência de
forte influência de aquecimento global para a escassez de água no geral e em particular a água
potável ou própria para beber. Dai que Correia (2017, p. 14), defende que o agravamento pela
33

escassez chuvas para reposição dos níveis de água dos reservatórios de armazenamento e
recarga dos aquíferos, originada pelas mudanças climáticas.

2.7.Serviços que abastecem o precioso líquido (água potável) no distrito

Para se referir dos serviços que abastecem água potável, própria para beber ou consumo
humano os 12 entrevistados equivalentes a 60% afirmaram que faz tempo que a empresa água
rural veio construir alguns furos de água e que depois não teve mas reparação quando estes se
avariaram; acabaram por se estragar, 6 com uma percentagem de 30% indivíduos revelaram
que nunca ouviram falar de nenhuma empresa interessada no abastecimento de água potável
na região em estudo; 2 entrevistados correspondentes a 10% apontam o SDPI como o único
órgão do governo distrital que já tentou em reparar os furos de abastecimento de água.

Nos argumentos anteriores constatou – se que na região em estudo não existe o abastecimento
do líquido vital como referiu o maior número dos respondentes, mesmo assim, dentro desta
grande maior existiram alguns que revelaram que apenas o Serviço de Infra-estrutura a nível
de distrito tem descoberto os furos com problemas mas sem dar nenhum seguimento para
responder a necessidade de água.

2.8.As fontes dispersas, ligações domésticas e fontenárias existem no local em estudo

Em relação ao número de fontes dispersas de água potável na zona em estudo, dos 20


indivíduos correspondentes a 100% afirmaram categoricamente que existem sim, mas na sua
maioria encontram – se avariadas e quanto a ligações domésticas e fontanárias não existem
em nenhum lugar na região em estudo.

Analisando os argumentos dos entrevistados e com base na observação que se efectuou no


local em estudo, constatou – se na região em estudo não existem condições de abastecimento
de água potável, o que provoca a proliferação de múltiplas doenças relacionadas ao
saneamento básico sanitário.

2.9.Plano para melhoramento no abastecimento de água no distrito

Quando se um questionamento relacionado com o plano de abastecimento de agua potável e


do saneamento básico sanitário, 10 entrevistados com uma percentagem de 50% afirmaram
que não existe, 7 respondentes equivalentes a 35% dizem não saber e se existe nunca ouviram
34

falar de plano 3 indivíduos representados por 15% disseram existe o plano mas não tem
adiamento.

Olhando os dados argumentados no parágrafo anterior e comparando com aquilo que foi a
observação, os elementos levam a concluir que o plano de melhoramento existe sim, mas este
nunca foi apresentado à população, apenas esta em papel para responder as obrigações do
governo.

2.10. O nível de execução deste plano

Para analisar o nível de execução do plano de abastecimento de água potável e saneamento do


meio básico sanitário, os entrevistados foram unânimes ao afirmarem que o plano está fixo ou
estático em papel.

Como se ouviu dos entrevistados e das observações feitas no campo em estudo, é de afirmar
que o plano para abastecimento de água potável não está sendo executado, o que parece que
ninguém está interessado no assunto.

2.11. Avaliação do nível da gestão da sustentabilidade dos serviços de água potável

De acordo com 17 entrevistados correspondentes a 85% o nível da gestão da sustentabilidade


dos serviços de abastecimento de água potável é não aceitável e 3 indivíduos com uma
percentagem de 15% defendem que o nível de abastecimento básico do meio e de água
potável ainda é preocupante por parte do governo.

Como pode se analisar os depoimentos da maioria dos respondentes acima, o nível de


abastecimento de água potável e saneamento básico do meio, é constrangedor, não existem se
quer quaisquer empresas, seja do governo ou mesmo do privado para responder a necessidade
de abastecimento de água potável.

2.12. Estratégias para minimizar a situação da crise da água potável

Quanto as estratégias para minimizar a crise dos 20 entrevistados correspondentes a 100% é o


total da amostra, são unânimes ao afirmar que o governo ao construir os furos ou fontenárias
de abastecimento de águas e infra-estruturas de saneamento do meio deve sempre fazer uma
revisão ou manutenção constante de modo a manter saudáveis.
35

Nesta perspectiva, Silva, et al, (2016), deve haver recurso a novas fontes localizadas distantes
dos locais a abastecer, construção de obras de represamento de água (barragens), construção
infra-estruturas para captação, tratamento e transporte da água até ao consumidor, com a
qualidade e quantidade requeridas e necessidade de investimentos no abastecimento de fontes
rurais orientadas para desenvolver mecanismos que incentivem e viabilizem investimentos do
sector privado na reabilitação, expansão, operação e gestão dos sistemas.
36

CAPÍTULO V: CONCLUSÃO

5.1.Conclusão

A necessidade de melhorar um factor comparado com outro em diferentes projectos de


abastecimento de água rural irá variar dependendo do contexto, no entanto será imperativo
considerar todos estes factores em conjunto, bem como as ligações entre eles” (Jansz, 2011; p.
45). Portanto, com a presente pesquisa conclui – se que:

Os gestores locais parece não terem capacidades nem condições necessárias para desenvolver
actividades de fornecimento de água sem o suporte as estruturas ao mais alto nível. Como
resposta, o Governo tem expandido a gestão centralizada da água através do FIPAG, uma
medida que pode se traduzir na marginalização dos governos locais nos processos de tomada
de decisão relativamente a gestão dos recursos hídricos.

O nível da gestão da sustentabilidade dos serviços de abastecimento básico do meio e de água


potável é não aceitável ainda é preocupante e constrangedor, não existem se quer quaisquer
empresas do governo ou mesmo do privado para responder a necessidade de abastecimento de
água potável.

Notou – se que existem sim fontes dispersas de água potável, mas na sua maioria encontram –
se avariadas e quanto a ligações domésticas e fontanárias não existem em nenhum lugar na
região em estudo.

A maioria dos entrevistados apontam que há existência de forte influência entre aquecimento
global e a escassez de água no geral e em particular a água potável ou própria para beber.
Onde também, Correia (2017, p. 14), defende que o agravamento de escassez das chuvas para
reposição dos níveis de água dos reservatórios de armazenamento e recarga dos aquíferos,
originada pelas mudanças climáticas.

Portanto, a água – um recurso escasso em algumas regiões do país – é utilizada como um


dispositivo de poder com o objectivo de penetrar nas sociedades; o fornecimento da água
politicamente aproveitado em esquemas de trocas de favores e na influência ao sentido de
votos dos beneficiários da mesma. Esta situação fragiliza as possíveis acções tendentes ao
melhoramento da gestão dos serviços de fornecimento de água.
37

5.2.Sugestões

Olhando a situação da população em relação o que ela passa no diz respeito ao abastecimento
e gestão de água e saneamento básico do meio como formas de satisfação das necessidade
básicas e organização social contribuição do desenvolvimento comunitário sugere-se:

 Necessidade de criação, execução e monitoramento do plano de abastecimento de água


potável e saneamento do meio básico sanitário por parte do governo local e este por sua
vez canalizar os resultados ao mais alto nível para tomar as providências ou decisões
satisfatórias;
 Para a água continuar a ser um recurso natural capaz de atender e satisfazer as demandas
da humanidade, deveria ser redefinida, passando a ser de domínio público e a ter
valoração económica;
 Existência de recursos a novas fontes de construção de obras de abastecimento de água
(barragens), infra-estruturas para captação, tratamento e transporte até ao consumidor,
com qualidade/quantidade requeridas e necessidade de investimentos no abastecimento
de fontes rurais orientadas para desenvolver mecanismos que incentivem e viabilizem
investimentos do sector privado na reabilitação, expansão;
 Necessidade de criar um modelo de gestão integrada dos recursos hídricosno sentido de
estabelecer uma segurança hídrica como meio de satisfazer as necessidades básicas e
reconhecer que o acesso à água e ao saneamento em quantidade e qualidade são
necessidades básicas essenciais à saúde e ao bem-estar do indivíduo;
 Controlar – se o impacto resultante da crise de água potável, e relacionadas com a falta
de higiene pessoal que cria condições favoráveis para sua disseminação de várias
doenças a destaca: infecções na pele e nos olhos, como tracoma e o tifo relacionado com
piolhos, e a escabios e malária; febre-amarela; dengue; filariose (elefantíase);
 Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH) – administrar os recursos hídricos de
uma maneira abrangente e holística, levando em consideração o ciclo completo da água
e os interesses de todos os usuários de água, enquanto reconhecendo a variabilidade e a
disponibilidade temporais e as interacções com a qualidade da água e a ecologia.
38

Referências Bibliográficas

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40

Apêndices e anexo
41

Apêndice I:

O presente guião de entrevista é dirigida aos representantes do governo desde a localidade de


Mussengane, ao Posto Puthine até ao distrito, os líderes comunitários religiosos e os
moradores da região em estudo.

No âmbito da pesquisa científica com o tema: Impactos da Crise da Água Potável no


Distrito de Lugela, Posto Administrativo de Puthine na Localidade de Mussengane nos
períodos entre 2016 – 2020, prepararam – se a presente entrevista que visa a colher alguns
dados a partir dos depoimentos do grupo alvo. De salientar que a identidade não será
revelada!

1. Porque razão existe crise de água nesta zona?

2. Que distância percorre para encontrar a água potável?

3. Há quanto tempo existe esta crise?

4. Quais são os impactos da crise de água potável encontrados nesta área?

5. Qual é o nível de execução deste plano?

6. Será que o aquecimento global influencia na escassez de água?

7. Que tipos de serviços abastecem o precioso líquido (água) no local em estudo?

8. Quantas fontes dispersas, ligações domésticas e fontenárias existem no distrito?

9. Existe um plano para melhoramento no abastecimento de água aqui no distrito?

10. Como é que avalia o nível da gestão da sustentabilidade dos serviços de água potável?
11. Que estratégias podem ajudar a minimizar a situação da crise da água potável?

Obrigado pela vossa máxima colaboração


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Apêndice II:

Imagens ilustrativas sobre as condições de abastecimento do precioso líquido vital na área em


estudo.
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Fonte: Autor (2021)

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