Você está na página 1de 162

Aviso Legal

O escritor esforçou-se para ser tão exato e completo quanto


possível na criação deste relatório, em todo o caso ele não
garante em qualquer altura o conteúdo descrito devido às
mudanças rápidas que existem na internet.

Apesar de se ter feito todas as tentativas de se verificar toda


a informação nesta publicação, o editor não assume
qualquer responsabilidade por erros, omissões ou
interpretações erradas deste livro. Quaisquer referencias a
pessoas específicas, organizações não são intencionais.

Nos livros de conselhos práticos, tal como na vida, não


existem garantias para um rendimento. Os leitores são
avisados de fazer o seu próprio julgamento sobre as suas
circunstâncias e agir de acordo com isso.

Este livro não tem a intenção de ser usado como conselheiro


legal. Todos os leitores são aconselhados a procurar serviços
de profissionais competentes nos campos legais.

02
SUMÁRIO
MÓDULO 1. ......................................................................... 04
Introdução – Bonsai Acer

MÓDULO 2. ......................................................................... 12
Ambiente de cultivo de Acer

MÓDULO 3. ......................................................................... 20
Elementos da composição

MÓDULO 4. ......................................................................... 30
O substrato

MÓDULO 5. ......................................................................... 20
Adubação

MÓDULO 6. ......................................................................... 65
Rega

MÓDULO 7. ......................................................................... 74
Poda

MÓDULO 8. ......................................................................... 83
Transplante

MÓDULO 9. ......................................................................... 106


Aramação

03
MÓDULO 10. ....................................................................... 115
Métodos de reprodução

MÓDULO 11. ....................................................................... 140


Desfolha

MÓDULO 12. ....................................................................... 151


Pragas e doenças

04
MÓDULO INTRODUÇÃO
BONSAI
ACER
INTRODUÇÃO:
BONSAI ACER

No Japão o Acer é conhecido como Momiji (紅葉). A Terra do


Sol Nascente é um dos lugares mais lindos no Outono, uma
abundância de cores que nos brindam com as mais
deslumbrantes imagens, e grande parte delas vindas da
beleza de cores das folhas do Acer. A tonalidade das folhas
começa a mudar em meados de setembro e dura até
dezembro, que é o período do outono no Hemisfério norte. As
árvores ganham tons do amarelo ao laranja e, por fim,
avermelhado. Essa mudança é tão valorizada pelos japoneses
que tem até um nome, “kōyō” (紅葉).

A árvore que mais se destaca é o “momiji”, também conhecida


como bordo em português ou maple tree em inglês.
Multidões aproveitam o espetáculo das cores da folhagem
durante o Outono, também chamada “Momijigari”, para
apreciar este fenômeno anual.

No Japão eles chamam de “Rota dourada” a rota exclusiva


para apreciar e explorar estas maravilhas naturais, onde há
pontos de observação da estação. Conhecida
internacionalmente, a popular rota inclui cidades como Osaka,
Tokyo, Kyoto, Hakone e Nara, entre outros destinos por todo
Japão, igualmente espetaculares.

O Acer, ou maple japonês, é de longe a árvore que mais


simboliza o Outono no Japão. A associação é tão forte, que as
duas palavras são escritas com os mesmos caracteres (紅葉)
que significam “vermelho” e “folha”, respectivamente. Do
verde para o mais profundo tom escarlate, passando por tons
levemente alaranjados, não é à toa que essa árvore seja tão
admirada. Durante o período, ocorre a mudança de coloração
das folhas das árvores, o famoso “kōyō”.

06
As cores vermelhas que caracterizam muito o Acer (fonte: site Pixabay).

O Japão possui várias espécies de maple nativo, cada uma


com características de Outono distintas. A mudança de
coloração inicia na parte onde é mais atingida pelos raios
solares, até estender-se por completo. É tanta beleza, que
durante séculos inúmeros poemas foram compostos
louvando a beleza das folhas de Outono.

A mudança de cores nas folhas é gradativa (fonte: site Pixabay).

07
Por que o Acer?
A grande variedade de cores de suas folhas, variação de seus
recortes, profundidade dos lóbulos, texturas e cores do tronco,
delicadeza de seus ramos, cores das novas brotações,
capacidade de cicatrização de cortes, formação de belíssimos
nebari (alargamento superficial das raízes ligado ao início do
tronco), enfim, são muitas as razões que fazem despertar um
apreço pela espécie, e um grande interesse no seu cultivo.

Todas essas características tornam o Acer uma espécie única


em qualquer coleção. São facilmente notados em meio a uma
diversidade de outras espécies, justamente por sua
capacidade de adquirir cores diferentes a cada nova estação.

Acer Palmatum Shishio Hime na primavera. Novas cores a cada estação.

Sem dúvida, o grande momento anual que se espera de um


Acer, o ápice de sua apreciação pela maioria das pessoas,
principalmente os que não são cultivadores ávidos, é a sua
troca quase súbita de cores nas estações de frio, onde as bai-

08
xas temperaturas fazem com que as folhas adquiram as cores
outonais mais espetaculares da natureza, como é o caso da
variedade Acer Palmatum ‘Summer Gold’, com seus tons
intensos de vermelhos, outras como o Deshojo, que apresenta
variações de matizes de cores rosadas, entre outras
variedades, cada uma com suas peculiaridades, com cores
variando entre amarelos e alaranjados, migrando para os
avermelhados, antes da queda de suas folhas no inverno,
quando então continuam seu atrativo, por revelar toda sua
delicada formação de galhos e ramificações finas.

Não tenho aqui a pretensão de esgotar todo o conteúdo


possível sobre o cultivo de Acer. Quero apenas, da melhor
forma que eu conseguir, expor todo o conhecimento que
adquiri nos 25 anos de cultivo dedicados à espécie, e tentar
da melhor forma possível, mostrar todo o encanto que a
envolve, e porque razão muitos são apaixonados por esta
espécie. Isto me inclui!

Acer desperta paixões ao redor do mundo todo, onde há


diversas comunidades que se reúnem somente para tratar de
assuntos relacionados à espécie. O prazer em se ter no jardim
ou em um vaso um único exemplar, apresentando todas as
cores ao longo do ano, ou uma coleção de 5, 6 ou mais
exemplares é intensamente vivido quando começamos a
entender a espécie e descobrir exatamente do que ela
necessita para se manter saudável, nos dando em troca todo
seu esplendor ao longo do ano, seja plantado no solo, seja
plantado em vaso, como arbusto crescendo naturalmente, ou
como bonsai.

Os Aceres juntamente com os Pinheiros representam as


espécies mais importantes do cultivo de bonsai no Japão. Há,
naquele país, rituais de apreciação da intensa troca de cores
nas estações de frio, onde o povo se reúne nas ruas, fazem
expedições a montanhas, exclusivamente para apreciação
deste fenômeno.

09
O cultivo de Acer se torna uma paixão tão viva, que em pouco
tempo somos capazes de ter uma coleção muito grande
unicamente de Acer. E o que parece é que nunca temos Acer
suficiente, sempre precisamos adquirir outro, e mais outro,
mais um… É um vício de folhas muito delicadas!

É possível se ter uma coleção espetacular de bonsai


exclusivamente a partir de diferentes variedades de Acer.
Estou profundamente convencido da importância do estudo e
aprendizado das técnicas de cultivo e manutenção do Acer,
pois isto constitui um estímulo à apreciação da espécie, visto
que toda sua beleza se manifesta verdadeiramente numa
planta bem cuidada, e que recebe tudo o que precisa para
viver sua plenitude. E tenha certeza de que o Acer entregará a
você todo o seu potencial e beleza, que é de tirar o fôlego!

Muitas formas e cores distintas unicamente a partir de cultivares diferentes de Acer.

10
Lamentavelmente minha falta de informação acerca da
espécie no início da minha jornada de cultivo, bem como
minha ansiedade gerada a partir da euforia de ter conseguido
adquirir meu primeiro Acer em 1997, me fizeram cometer
diversos erros no cultivo. Há algo que preciso dizer: Acer não
perdoa ansiosos! Controle sua ansiedade no cultivo de Acer,
do contrário você perderá sucessivas árvores por esta razão.
Eu cometi este e muitos outros erros no aprendizado. Erros
que me fizeram perder aquele primeiro exemplar, e tantos
outros adquiridos ao longo dos anos. E a cada novo
aprendizado, perder Acer começou a ser algo menos
frequente.

É querendo que você evite estes erros que escrevi este livro.

Acer Deshojo, 17 anos,


hibernando no inverno.

Todas as técnicas aqui descritas se aplicam tanto ao Acer


Palmatum quanto ao Acer Buergerianum.

11
MÓDULO AMBIENTE
DE CULTIVO
AMBIENTE DE
CULTIVO DE ACER
O Acer é naturalmente uma planta de clima temperado. Acer
Palmatum é originário do Japão, já o Acer Buergerianum é
natural da China. No Japão temos um clima tipicamente
temperado, caracterizado por estações do ano bem definidas. Já
a China, um país com dimensões continentais, apresenta oito
tipos de climas diferentes, e inclui-se aí o clima temperado.

Neste tipo de clima os verões são quentes, e os invernos


gelados, com temperaturas abaixo de zero. Por essa razão, no
Brasil, o local mais recomendado para cultivo de Acer é na
Região Sul, que apresenta um clima mais próximo do clima
natural do Acer, incluindo os estados do Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e Paraná. Na região sudeste, incluindo São Paulo
e Minas Gerais, temos um clima um tanto quanto desfavorável
para cultivo de Acer, sendo recomendado nestas regiões o
cultivo de Acer Buergerianum, que é a variedade mais resistente
à falta de frio intenso. Em São Paulo ainda é possível cultivar
Palmatum, preferencialmente as variedades de folha verde, mas
em Minas Gerais é bem mais difícil, principalmente próximo ao
norte do Estado, onde nem o Buergerianum é recomendado. Em
regiões para além destas fronteiras, não recomendo o cultivo de
nenhuma variedade de Acer. Você pode tentar e obter êxito, mas
não recomendo.

Quando cultivado em local propício, o


Acer completa seu ciclo naturalmente.

13
Acer aprecia ambientes úmidos e frescos. Não é a presença
do calor que torna seu cultivo difícil, mas a falta de frio em
uma estação do ano. Nestas estações de frio, o Acer hiberna,
perdendo todas as suas folhas, e isto faz parte do seu ciclo de
vida. Quando cultivada em uma região sem frio onde ela não
caduca (Acer é uma caducifólia, árvore que perde as folhas
em clima frio), ou seja, não perde as folhas, ela estará sempre
em atividade, e em pouco tempo estará estressada, por não
completar seu ciclo, que inclui uma temporada de hibernação.
E em algum momento ela morrerá. E isto normalmente não
demora a acontecer, em cerca de 3 a 4 anos já é o suficiente
para ela morrer por estresse. Num primeiro momento você
notará que ela estagnou, e perdeu o brilho das folhas. Este é
um sinal de que ela está em esgotamento físico.

Na tentativa de adaptação do Acer a um clima onde o frio não


ocorre, em regiões mais quentes do Brasil, em determinada
época do ano muitas pessoas aplicam gelo sobre o substrato,
regam com água gelada e borrifam completamente o Acer
diversas vezes ao dia com essa mesma água gelada. Eu
realmente não tenho conhecimento se isto tem adiantado, de
modo que prefiro não opinar sobre este procedimento. No Sul
do Brasil, procedimentos como estes podem ser dispensados,
já que nestas regiões o frio ocorre naturalmente no inverno.

O sol
O local de cultivo ideal é no exterior, onde seu Acer possa
pegar sol diretamente em suas folhas. Ele depende disso para
realizar a fotossíntese, que é a transformação da luz solar em
alimento próprio. Acer é uma árvore, e mesmo que esteja
sendo cultivado em vaso, ele continuará necessitando de tudo
o que uma árvore necessita: sol, chuva, vento. É possível
cultivar no interior, desde que ele fique próximo a uma janela,
ou numa varanda, onde possa pegar sol diretamente em suas
folhas, por pelo menos 3 horas diárias. Se cultivar no interior,
evite ar-condicionado.

14
Este tende a retirar a umidade do ar, o que é ruim para o Acer.
Evite exposição solar direta nos horários de sol mais intenso
de verão, entre as 11 e 14hs. Se estiver cultivando a sol pleno,
providencie uma tela tipo sombrite sobre eles nesses horários,
principalmente no verão. Pode ser sombrite 50%, que fará uma
boa sombra sobre seu Acer.

Sombrite ajuda a filtrar os raios solares, gerando sombra sobre o Acer.

A chuva
Normalmente, depois de uma chuva longa, percebemos que
nossas plantas estão revigoradas. E a razão disso é que a
água da chuva é rica em Nitrogênio.

Deixe seu Acer exposto à chuva sempre que possível. A água


da chuva é realmente revigorante para seu Acer.

15
O vento
É comum acontecer de as pontas das folhas do Acer sofrerem
queimaduras, e muitas vezes isto é confundido com alguma
doença. O que ocorre é que as folhas do Acer, principalmente as
do Palmatum, são muito sensíveis e delicadas, sofrendo
queimaduras rapidamente por desidratação, quando submetidas
a correntes de vento seco e quente. Cuidado com esta
exposição. Manter o substrato úmido ajuda a evitar essa
ocorrência, mas mesmo assim pode ocorrer. Evite deixar o
substrato do Acer secar completamente entre uma rega e outra,
para diminuir as chances de essas queimaduras ocorrerem.

Evite corredores onde há circulação intensa de vento. Isto fará


secar rapidamente o substrato, e desidratará rapidamente as
folhas do seu Acer. Se este for seu único local possível para
mantê-lo, certifique-se de proteger da incidência massiva do
vento.

Mudança de cor nas folhas do Acer


No outono, os dias são quentes e luminosos. A atividade da
clorofila na produção de açúcares é contínua. À medida que as
noites começam a esfriar, a atividade noturna de nossa planta
vai parando. Em números, dizemos que uma planta começa a
diminuir o envio de açúcares das folhas até às raízes a partir
dos 9°C. O envio cessa totalmente aos 7°C.

Quando isso acontece, o açúcar produzido durante as horas de


exposição ao sol fica parado nas folhas, podendo aumentar a
pressão intercelular, ameaçando a vida das células. Para evitar
essa autodestruição, as folhas transformam os açúcares em
pigmentos inofensivos às células chamados flavones e
antocianinas. Esses pigmentos são os responsáveis pelas
colorações maravilhosas em tons vermelho e púrpura. Para que
isso ocorra são necessárias cinco noites frias e secas em folhas
maduras.

16
Acer Rubrum exposto a baixas temperaturas.

No caso de um Acer em vaso, se você quiser produzir estes


efeitos, evite molhar em excesso suas plantas nesta época. O
excesso de água ajuda no transporte dos açúcares para fora
do caule da planta, em direção às raízes e, por consequência,
a produção de flavones é reduzida e as cores não ficam tão
espetaculares.

17
Cultivares mais comuns para cultivo de
Acer como bonsai

 Acer Palmatum ‘Yamamomiji’ (o Acer mais comum


encontrado no Brasil, também chamado Acer Palmatum
Comum)
 Acer Palmatum ‘Dissectum’
 Acer Palmatum ‘Deshojo’
 Acer Palmatum ‘Seigen’
 Acer Palmatum 'Kiyohime
 Acer Palmatum ‘Orange Dream’
 Acer Palmatum ‘Bihou’
 Acer Rubrum
 Acer Buergerianum (nomes populares: Acer kaede, Acer
tridente, Acer trifidum)
 Acer Campestre

Acer Palmatum ‘Seigen’ era largamente utilizado como


bonsai, mas foi grandemente substituído pelo Acer Palmatum
‘Deshojo’. Ambos são semelhantes, mas as brotações do
Deshojo tem uma coloração vermelho mais intenso que as do
Seigen, que tem brotações rosadas carmesin.

Acer Palmatum ‘Atropurpureum’ não é adequado para cultivo


como bonsai. Suas folhas são grandes, de difícil redução,
principalmente para iniciantes, e os entrenós desta variedade
são muito longos. Isto faz dessa variedade excelente para
adornar jardins, mas não adequada para bonsai. Seu
engrossamento de tronco também é bastante difícil e
demorado.

18
Acer Palmatum Atropurpureum. Lindo, cultivar, mas pouco usual para bonsai.

19
MÓDULO
ELEMENTOS DA
COMPOSIÇÃO
ELEMENTOS DA
COMPOSIÇÃO

A composição de um bonsai é uma relação de harmonia entre:


o estilo, tamanho, forma e acabamento do vaso e a relação
entre a árvore e o vaso que estabelece a impressão geral da
composição. Qualquer que seja o Acer escolhido e a forma em
que seja orientado, há alguns elementos da composição que
podem ser aplicados a fim de obter sucesso em todos os
bonsai.

Há três fatores principais que devemos considerar na escolha


de uma árvore para orientar como bonsai, e que estão
intimamente ligados à estrutura básica da planta: as raízes, a
forma do tronco e a disposição dos galhos.

Se você pretende cultivar um Acer no jardim apenas como um


arbusto ou árvore decorativa por sua beleza, tão somente,
estas regras dos elementos a seguir talvez não façam muita
diferença, mas é importante observar cada um deles.

Raízes
Uma formação de raízes interessante, exposta acima do solo,
também chamado de nebari, é um dos fatores de maior
importância e que conferem uma impressão de maturidade e
de idade ao bonsai. Quando as árvores crescem na natureza,
as raízes de uma árvore jovem encontram-se em geral ocultas
sob o solo. Com o passar do tempo, começam a ficar
expostas na superfície, e a formação de raízes acima do solo
de uma árvore rugosa e com muitos anos pode transformar-
se na sua característica de maior impacto, dando
imediatamente a impressão das características da árvore
quando é observada ao nível do solo.

21
Da mesma forma, no bonsai, as formas interessantes e a
textura das raízes visíveis acima do solo dão uma impressão
de idade, e de que a planta está plenamente estabelecida.

O ideal é que as raízes partam do tronco em todas as


direções, radialmente, mas isto não significa que tenham de
ter um espaçamento regular ou uma disposição simétrica.
Devemos sempre procurar um bom equilíbrio visual. E isto
muitas vezes é conseguido com a combinação de elementos
irregulares, que, dispostos em observados em conjunto,
garantem uma composição visualmente atraente. Por
exemplo, as raízes podem dar uma boa impressão de
estabilidade e equilíbrio, mesmo sendo mais pesadas de um
lado da árvore do que do outro ou tendo texturas complexas e
divisões que cortem as linhas estruturais. O que importa é a
impressão geral em cada aspecto da composição e a forma
como os diferentes aspectos se conjugam. Outro elemento
que contribui para a impressão natural e artística do Acer é a
forma como as raízes se ligam ao tronco, partindo de sua
base, demonstrando uma fixação firme.

Formação de
raízes: um
elemento
importante na
composição do
bonsai.

22
Tronco
A característica mais importante do tronco é um bom
afunilamento, que também chamamos de conicidade,
significando que a grossura do tronco diminui suavemente até
o ápice da árvore. A grossura na base do tronco ajuda a dar a
impressão de maturidade da planta, mas um tronco de linhas
paralelas atingindo o topo da árvore destrói o equilíbrio e a
elegância da composição. A grossura do tronco deverá
também se aproximar das outras características da espécie.
Se por um lado as folhas delicadamente recortadas e
coloridas do Acer Palmatum podem ser representadas por um
tronco fino, por outro lado um Acer Buergerianum pode
necessitar ter um tronco mais robusto e pesado, que
reproduza a característica de grandeza desta variedade mais
robusta e menos delicada. Em certos casos, o material para
bonsai necessita de vários anos de crescimento e orientação
para desenvolver a forma de tronco ideal. Há muita
feminilidade no Acer Palmatum, e esta característica deve ser
levada em consideração ao formarmos o tronco desta espécie.

A forma, a textura e a cor da casca do tronco caracterizam a


árvore. O tronco deverá sugerir a verdadeira natureza, na qual
a aparência de idade e exposição às intempéries possam ser
identificadas, sendo isto um grande atrativo. Um tronco
visivelmente ferido ou danificado pode ter estes defeitos
transformados numa característica atraente, como por
exemplo um tronco oco, também chamado Uro.

É importante conseguir obter uma boa visão da linha do


tronco, mesmo que as massas de folhagem possam
atravessá-lo. Como na natureza, o tronco de um Acer
cultivado em vaso como bonsai pode ser reto, curvo ou
anguloso ou mesmo dividido, tal como um tronco duplo. Não
há modelo particular de tronco que impeça uma árvore de ser
adaptada para bonsai. O mais importante é a relação geral do
tronco com os ramos, suas proporções.

23
Os aspectos do tronco caracterizam uma árvore.

24
Galhos
Tal como o desenvolvimento das raízes, também a disposição
dos galhos e a forma como partem do tronco deve criar um
bom equilíbrio na árvore, em harmonia com o seu aspecto
geral e formando um bom complemento visual para a linha do
tronco.

Os galhos formam a estrutura básica da silhueta da árvore.


Embora as técnicas de poda e aramagem, possam ser usadas
para ajustar a estrutura e silhueta quase radicalmente, há
algumas características que deve procurar quando pondera
na possibilidade de determinada árvore ou arbusto se adaptar
a bonsai. E no Acer, a graciosidade está em manter ramos
delicados partindo do tronco, que não competem em grossura
com o tronco da árvore. É comum encontrarmos pré-bonsai
com esta característica, de tronco e galhos com grossuras
semelhantes. Neste caso, é preciso retirar estes ramos muito
grossos que partem do tronco, que não estão em proporção
com a grossura do tronco. Ao fazer isto, deixe um pequeno
cepo do galho, e aplique pasta selante no corte, deste modo
novas brotações poderão surgir nas laterais do galho cortado,
de onde poderemos iniciar a estrutura do galho da forma
correta.

Uma boa analogia para a correta disposição dos ramos é uma


escada em espiral. Os ramos deveriam criar um padrão
equilibrado em torno e pelo tronco acima, embora, uma vez
mais, este padrão não tenha de ser simétrico. Como regra de
ouro, o primeiro nível de ramos deveria ficar a um terço do
tronco, desde a base até ao topo. Os ramos mais pesados
encontram-se nos níveis mais baixos. Os ramos são
normalmente mais grossos junto ao tronco, afinando-se até
sua extremidade.

25
O bonsai é geralmente podado com um formato
aproximadamente cônico, porque a poda impede os ramos de
engrossar muito, o que poderia comprometer a escala e
equilíbrio da composição. O ápice da árvore deveria
apresentar os galhos mais delicados, e os ramos junto ao
topo são podados com maior frequência. Os ramos inferiores,
de modo geral, são deixados crescer bastante antes de serem
podados, o que lhes permite engrossar junto ao tronco.
Resumindo: o ápice é podado com mais frequência, a base, ou
galhos mais baixos, são podados com menor frequência,
favorecendo seu engrossamento junto ao tronco.

Certos tipos de crescimento dos ramos não são considerados


bons elementos da composição, mas estes podem ser
cortados na poda. Os ramos que se cruzam não são
desejáveis no bonsai, e quebram a aparência visual. Os ramos
que brotam do mesmo ponto no tronco não são considerados
agradáveis no bonsai, nem os ramos que crescem
diretamente em oposição um ao outro na mesma linha do
tronco. A direção dos ramos pode muitas vezes ser ajustada
usando-se as técnicas de aramagem. Os ramos que crescem
para cima, por exemplo, podem ser orientados para se
voltarem para baixo com a aplicação de arame. Embora seja
bom começar com um material que tenha uma boa
distribuição dos galhos, a aramagem pode ser utilizada para
alterar a posição de um ramo para preencher uma espaço na
estrutura dos galhos ou redefinir a forma geral da árvore.

À medida que um bonsai envelhece a


estrutura de galhos se torna
ramificada.

26
Tamanhos de bonsai
O bonsai normalmente é classificado de acordo com seu
tamanho:

 Shito Bonsai (7 cm)


 Mame (8 - 14 cm)
 Shohin (15 - 25 cm)
 Kifu (25 - 40 cm)
 Chu (41 - 60 cm)
 Dai (61 - 100 cm)
 Bonju (acima de 101 cm)

Estas medidas não consideram o vaso, ou seja, é a medida


apenas da árvore, desde a sua base até o ápice. Na literatura
encontramos essas classificações com algumas variações
nas medidas de cada tamanho. A menos que você pretenda
participar de concursos, estas medidas não devem ser
levadas com rigidez, e ficar preso a elas. Eu as sigo apenas
como base para nortear a classificação.

O vaso para Acer


No bonsai, tão importante quanto o cuidado com a forma da
árvore, é a escolha do vaso adequado para compor o
conjunto. A palavra “bonsai”, vem do japonês, e é formada por
duas palavras:

“BON” = BANDEJA OU VASO; “SAI” = PLANTA

Em tradução livre, temos que bonsai é “árvore na bandeja (ou


vaso)”. Desta forma, percebemos que o vaso de bonsai é parte
do conjunto e deve ser um componente do conjunto,
escolhido baseado em alguns critérios, sem que se destaque
mais do que a planta.

27
Ideograma de “Bonsai”

A escolha do vaso definitivo adequado valoriza muito o bonsai.


Por outro lado, uma escolha errada pode comprometer a
qualidade visual do conjunto, sobressaindo demais o vaso em
relação à planta, ou a planta em relação ao vaso. E o que
buscamos é o equilíbrio, onde tanto vaso quanto a planta
sejam complementares.

É comum cultivarmos nosso Acer durante muitos anos em


vasos de plástico, ou até mesmo de cerâmica, mas em vasos
que dizemos ser vaso de treinamento. Isso quer dizer que
durante este tempo, enquanto estamos treinando nossa árvore,
nosso futuro bonsai, o vaso utilizado ainda não é um vaso que
será aquele utilizado para compor o conjunto. É um vaso usado
enquanto estamos educando a nossa árvore, buscando o
objetivo ou a forma que pretendemos, só então escolhemos o
vaso que fará a composição do conjunto. Chamamos então de
“vaso definitivo” aquele vaso adequado no tamanho, cor e
forma, que formará o conjunto árvore-bandeja, o nosso bonsai.

Formatos de vasos
Existem muitos formatos de vaso, e nem todos servem à
qualquer árvore. Vamos aos principais:

 Vaso retangular: Adequado para árvores de grande porte,


robustas, cuja imponência requer um vaso capaz de
transmitir estabilidade ao conjunto. Ideal para árvores de
grande porte ou coníferas.
 Vaso oval: Adequados para a maioria dos estilos e
espécies. Muito utilizado para árvores de folhas caducas,
como o Acer.

28
 Vaso redondo: Muito utilizado no estilo “bunjingi” (literati).
Adequado tanto para coníferas como para caducas.

Escolha do vaso
O Acer Palmatum é essencialmente uma árvore feminina.
Toda a delicadeza de suas folhas, os finos recortes das folhas,
textura de tronco, a sutileza com que as cores das estações
são representadas em sua folhagem, bem como sua fina
ramificação fazem desta uma árvore muito feminina. Ao
contrário do Acer Buergerianum, que já demonstra grande
robustez até mesmo em árvores de pequeno porte, o Acer
Palmatum mantém sua delicadeza ao longo de todo seu
crescimento e desenvolvimento.

Por estas características do Acer Palmatum, este requer em


sua grande maioria um vaso oval, com bordas delicadas,
cores suaves, podendo ter acabamento envernizado
(vitrificado). Vasos com estas características são sempre
bem-vindos, e dificilmente erramos na escolha. Tons azuis,
esverdeados ou em tom pastel são ótimas cores para se usar
num Acer. Isto não quer dizer que não se possa usar um vaso
retangular num bonsai de Acer Palmatum. Mas os vasos ovais
são praticamente à prova de falhas neste cultivar. Outra
característica muito marcante nos vasos ideais para Acer é
que estes são extremamente baixos, suas laterais são muito
baixas.

Se sua árvore for de tamanho muito pequeno, tal como mame


bonsai (de 8 a 14 cm de altura), abuse de vasos coloridos,
para que estes realmente se destaquem, dado seu tamanho
diminuto. Mas à medida que trabalhamos com árvores
maiores, as cores dos vasos devem ser mais sutis, para que
estes não se sobressaiam no conjunto.

29
MÓDULO
SUBSTRATO
O SUBSTRATO

Aqui está o grande segredo do sucesso do cultivo de Acer. É


aqui que quero que você tenha foco para obter êxito no cultivo
de Acer. Não é exagero: é no acerto do substrato que
podemos afirmar que o Acer vai ter um excelente
desenvolvimento de raízes e em pouco tempo, mostrar muito
vigor, entregando a você toda a beleza que o faz tão especial.

É importante sabermos que todos os aspectos do cultivo de


Acer se relacionam entre si. Mas ao longo dos anos de
aprendizado no cultivo, percebi que o substrato tem uma
importância crucial, e que temos que observar
cautelosamente para termos sucesso no cultivo de Acer.
Acertar o substrato é o segredo do caminho para ter um Acer
saudável e esbanjando beleza.

Este módulo é todo dedicado a este assunto.

O que é substrato
Substrato é a mistura de componentes que usamos para
plantar nossas árvores. É, vulgarmente falando, a “terrinha” do
bonsai. É onde as raízes se desenvolvem, fornecendo à planta
a água e os sais minerais que ela necessita para crescer e se
manter saudável.

Um bom substrato deve ter as seguintes características: ser


de tamanho de partícula igual (homogeneidade), isto é, a
granulometria deve ser controlada, ter a capacidade de
absorver e liberar água, não ter matéria orgânica de
granulação fina, não se decompor facilmente, ser tão leve
quando seco quanto possível, de preferência barato, poroso e

31
drenante para permitir que as raízes respirem, acumular
umidade, mas não água em excesso, reter nutrientes e ter
uma aparência estética agradável. Eles podem ser: caqueira
de tijolo ou telha de barro, pedrisco, carvão, casca de pinus
triturada, casca de côco triturada, casca de arroz carbonizada,
vermiculita (este deve ser usado com cautela, pois acumula
muita água) e alguns outros que você pode encontrar. Como o
substrato tem que ser leve, você pode usar até mesmo
pedaços de isopor (sem brincadeiras!). Observe que alguns
desses materiais podem não estar disponíveis em sua região.
Então pode ser preciso improvisar.

“O SUBSTRATO PRECISA
SER LEVE E GRANULADO”

Ao longo dos anos percebi que Acer aprecia muito um


substrato composto por boa parte de matéria orgânica, mas
este tipo de material na composição do nosso substrato é
preciso usar com muito cuidado, tanto na quantidade como
na qualidade, visto que ele tende a compactar em pouco
tempo, tornando nosso substrato um local difícil para o bom
desenvolvimento das raízes. Evitar a compactação poder ser
conseguida através do uso de outros componentes, como
veremos a seguir.

De modo geral temos os seguintes componentes


normalmente utilizados para a composição dos substratos:

 Componentes orgânicos: turfa, húmus de minhoca, casca


de arroz, casca de pinus, carvão, pó de xaxim, estercos,
composto de folhas, pó de serragem, entre outros;
 Componentes inorgânicos: pedrisco, caqueira, akadama,
vermiculita. Estes ajudam a evitar a compactação,
garantindo alta drenagem.

32
A akadama é um composto japonês, gerado a partir de rochas
vulcânicas. Já utilizei akadama normal, e é excelente, mas não
é insubstituível. Ela se decompõe facilmente com o passar do
tempo. Pode se tornar um barro no vaso, impedindo o fluxo de
ar e água para o substrato, o que pode ser fatal para o Acer.
Muitos ainda têm o akadama como o melhor substrato para
cultivo de bonsai, mas eu não tive uma boa experiência com
seu uso. Talvez eu tenha usado uma marca de qualidade
duvidosa, e pode ocorrer de ter no mercado marcas melhores,
mas esta foi minha experiência. Já me foi sugerido fazer a
queima da akadama em forno, a uma temperatura de 150ºC
por cerca de 1 hora, o que a tornaria menos sujeita a essa
decomposição, mas nunca fiz o teste.

Os substratos não úteis são os seguintes: solo, pedras, areia


de construção, brita de tamanho grande, etc. As árvores
crescem na areia e no solo do jardim, é claro, mas não é um
meio de cultivo ideal para o cultivo de Acer em vaso de modo
saudável. Eu evito a areia de construção: sua granulometria é
pequena, não atingindo o mínimo tamanho de grão necessário
para a composição de um bom substrato. Um tamanho de
grão que normalmente uso seria algo do tamanho da cabeça
de um palito de fósforo, entre 3 e 4mm. O tamanho do grão é
até mais importante que a medida de Ph do solo. Com esta
medida eu não me preocupo. Acer aprecia solos ligeiramente
ácidos, e eventualmente uso esterco de frango curtido, que
garante essa acidez.

Todos os substratos podem ser misturados de acordo com


suas preferências. É importante levar em conta sua
possibilidade de frequência de rega, pois os substratos muito
drenantes tendem a secar rapidamente, principalmente no
verão, ou em dias quentes, necessitando de regas muito
frequentes, em alguns casos 4 vezes em um único dia.

Quando você usa componentes inertes (que não reagem, não


se modificam com a água ou entre si), estes componentes po-

33
dem ser usados novamente. Mas nunca se esqueça de lavar
bem todos os materiais reciclados quando reutilizar. Pedrisco
e caqueira são bons exemplos.

Não existe um substrato ideal de bonsai, perfeito,


insubstituível. Na verdade, existem milhares de substratos
ideais. Acho que não importa o que usar ou o tipo de mistura,
desde que seja um substrato moderno. Muito se estudou a
respeito das composições de substrato, e hoje, quando
recorremos à uma literatura mais antiga, vemos o quanto os
substratos utilizados nos dias de hoje são diferentes em
relação aos usados há um tempo atrás. Substratos modernos
são exatamente o que mencionei anteriormente: porosos,
drenantes, leves e em grãos.

Como evitamos solo (a terra de barranco, de chão), nossos


substratos contêm poucos organismos vivos. Eles secam
facilmente e devem ser regados várias vezes ao dia em climas
quentes, especialmente se forem usados materiais puramente
inorgânicos. Portanto, adiciono turfa misturada com os
substratos mencionados acima. É o tipo de turfa que é
vendido em agropecuárias ou Pet shop. Certifique-se de não
usar turfa de granulação fina ou musgo Sphagnum, mesmo
que a embalagem diga "livre de poeira", pois as partículas
serão muito pequenas. Se você não conseguir encontrar o tipo
certo de turfa, use pequenos pedaços de casca sem partículas
de poeira ou fibra de coco picada. Esses componentes
orgânicos devem representar 15-20% do volume total.

Materiais orgânicos são bons para manter a umidade elevada


no substrato e para facilitar a colonização da flora microbiana
benéfica na composição do solo. A pesquisa também parece
indicar que a turfa tem hormônios vegetais que são benéficos
para as árvores. Existem materiais orgânicos que
normalmente não teriam que ser usados em um substrato de
bonsai, mas os mencionados levam cinco anos para se
decompor.

34
Você deve levar isso em consideração ao planejar seus
programas de transplante. A matéria orgânica também teria
de ser removida peneirando qualquer substrato reciclado.

O solo contém macro e microporos, solos arenosos por


possuírem partículas maiores, apresentam maior espaço
poroso constituído por macroporos (poros maiores), já os
solos de textura argilosa apresentam maior quantidade de
microporos (poros menores). Os poros de menor diâmetro,
estão relacionados com a retenção de água e habitat de
fungos, e os poros de maior diâmetro, estão relacionados às
trocas gasosas de oxigênio e gás carbônico, ao fluxo de água
por infiltração, e ao crescimento radicular. O crescimento das
raízes está diretamente ligado ao número de macroporos, uma
vez que o sistema radicular necessita de oxigênio para a
respiração das raízes e nas reações que ocorrem no solo para
absorção de nutrientes. Por isso, solos compactados
apresentam uma redução na porosidade, afetando assim o
desenvolvimento radicular, e além disso, raízes mal
desenvolvidas irão absorver menos nutrientes e
consequentemente a parte aérea será afetada nesse
processo.

Compostos mais utilizados


Pedrisco é um composto inorgânico, que dá estabilidade ao
substrato, evitando a compactação e garantindo ótima
drenagem, além de ter uma boa aparência, o que dá ao bonsai
um bom aspecto quando cultivado em vasos definitivos. Este
é um fator importante, como já mencionamos anteriormente.
Temos grãos de dois tipos: o liso, do tipo cascalho de rio
lavado e os ásperos. O grão mais áspero tem uma área de
superfície muito maior que o grão mais liso e isso proporciona
uma capacidade de retenção de líquidos muito maior que no
grão liso.

35
Portanto, os grãos ásperos são muito mais apropriados na
utilização em bonsai. Outra vantagem do grão áspero, é que
ele "irrita" as raízes, fazendo que ela se divida aumentando a
ramificação.

1) akadama, 2) Pedrisco 3) Caqueira.

Caqueira é um composto com ótimas propriedades para uso


no substrato. Tem boa capacidade de retenção de umidade e
compostos da adubação, liberando gradativamente às raízes,
graças à sua porosidade. Também torna o substrato menos
sujeito à compactação, tal como o pedrisco.

36
Apresenta uma grande vantagem em relação à outros
compostos inorgânicos: normalmente apresenta cantos vivos,
arestas nos seus grãos, sendo este um bom fator para a
ramificação das raízes. É um ótimo substituto da akadama,
tão aclamada no universo do bonsai, com a vantagem de não
se decompor com a mesma facilidade que ocorre com o
composto japonês. Infelizmente não é acessível em todas as
regiões, e fazê-la manualmente dá bastante trabalho, pois
exige horas de marretadas em telhas de barro. Se pra você
isto não é algo tão trabalhoso assim, siga em frente!

Turfa é um material vegetal que se decompôs na presença de


um baixo teor de oxigênio. Nestas condições a decomposição
bacteriana foi muito lenta e frequentemente a turfa é retirada
de turfeiras com muitos milhares de anos, localizadas nos
países frios do norte da Europa e do Continente Americano.
Existe também turfa em países tropicais mas esta tem origem
em depósitos geralmente mais recentes, e encontra-se menos
decomposta. A turfa de diferentes origens varia muito em
função do tipo de vegetação que a originou, do estado de
decomposição e do seu teor em minerais. Toda a turfa tem
uma elevada capacidade de retenção de água, baixo nível de
nutrientes disponíveis. Seu pH é baixo (3-4,5).

Casca de árvores são uma alternativa à turfa porque conferem


propriedades semelhantes às misturas na formulação de
substratos. A mais comum é a casca de pinus. A parte
orgânica que tenho utilizado para compor meus substratos, o
Biomix, já contém tanto a casca de pinus quanto a turfa. A
casca de árvores é um material barato mas que tem de ser
triturado/moído, peneirado e compostado (4-6 meses), visto
que podem conter propriedades químicas que, se não
liberadas antes de seu uso, podem ser fitotóxicos. A elevada
temperatura durante a compostagem também reduz a
presença de patógenos e de sementes de infestantes. A casca
de árvores retêm pouca água, mas a sua capacidade de
retenção pode aumentar com a diminuição do tamanho das

37
suas partículas (tem capacidade para reter água em 60% da
sua porosidade total.). Contribui para uma boa drenagem do
substrato, e tem um valor de pH baixo a neutro (4-7). A casca
de árvores mais utilizada na formulação de substratos é a de
pinheiro (pinus) que possui uma densidade muito variável e
dependente da granulometria. O ideal é que seja bem triturada
para se aproximar do tamanho de grão que normalmente
utilizamos nos substratos, como veremos mais adiante neste
módulo a respeito da granulometria do substrato.

Casca de pinus. Quanto mais triturada, menor o tamanho de grão, e melhor


para compor o substrato.

38
Terra vegetal, também chamada terra preta. É uma
denominação popular e comercial de solos com grande
quantidade de matéria orgânica. É rica em húmus, é bastante
fértil. O húmus ajuda a reter água no solo, torna-se poroso e
com boa aeração e, através do processo de decomposição
dos organismos, produz os sais minerais necessários às
plantas. Os solos mais adequados para a agricultura possuem
uma certa proporção de areia, argila e sais minerais utilizados
pelas plantas, além do húmus. Essa composição facilita a
penetração da água e do oxigênio utilizado pelos
microorganismos.. Possui a grande desvantagem de se
decompor rapidamente, compactando o solo e impedindo a
aeração das raízes. Eu dispenso seu uso nas minhas
composições.

Vermiculita é um silicato hidratado de magnésio, ferro e


alumínio, que existe em grandes depósitos nos EUA e na
África do Sul. É um material com uma estrutura tipo mica que
expande quando aquecida a temperaturas superiores a 1000
°C. Depois de processada fica com uma densidade muito
baixa, e possui uma elevada porosidade. É insolúvel em água
mas pode absorver água numa quantidade cinco vezes
superior ao seu próprio peso. Deve ser usada com cautela, e
em pequenas quantidades, visto sua grande capacidade de
retenção de líquido.

Vermiculita tem grande capacidade de retenção de umidade.

39
Carvão, um melhorador de solos. Deve ser usado em
pequenas quantidades, tal como “uma pitada de sal”. Muitos
trabalhos de pesquisa recentes, brasileiros e estrangeiros, têm
avaliado o uso de carvão de origem vegetal como
condicionador de solos, com o objetivo de aumentar os teores
de matéria orgânica e a capacidade de troca de cátions do
solo, melhorar a eficiência no uso de fertilizantes, promover o
crescimento de microrganismos benéficos ao crescimento
vegetal, entre outras características agronomicamente
desejáveis. Quando incorporado ao solo, o carvão demonstra
notável resistência à decomposição devido a características
químicas. Este é um dos grandes problemas do uso de
matéria orgânica no substrato: sua decomposição, tornando o
substrato compactado. Componentes inorgânicos inertes
ajudam a evitar este problema. Importante: não use o carvão
que sobrou na churrasqueira depois de você ter feito um
churrasco, ele contém sal e gordura da carne, e não serve.

Carvão triturado é um melhorador de solos. Use moderadamente.

40
Composto orgânico é a decomposição natural de fontes de
matéria-orgânica, como por exemplo, restos de alimentos
(frutas, verduras, hortaliças, etc.), palhadas de plantas (milho,
cana,arroz, etc), tortas vegetais (mamona, algodão, etc.), etc.
Esse composto passa por um processo de fermentação, com
adição de umidade, misturas constantes e por fim,
estabilização da temperatura para liberação de uso. É uma
fonte rica em nutrientes, porém em baixos percentuais, pois a
liberação se dá pela atividade dos micro-organismos contidos
no composto. Desvantagens: decompõe-se rapidamente,
compactando o solo e impedindo a aeração das raízes.

Biomix, excelente para compor A composição do Biomix totalmente


a parte orgânica do substrato. granular e porosa, é um ótimo composto
É este que eu uso. orgânico.

Sugestões de composições de substrato


Descrevo agora duas possibilidades de mistura de substrato
que podem ser utilizadas. Você pode adaptar à sua realidade,
e estas composições são apenas orientações, uma forma de
você se guiar pelas misturas que faço ou faria em determina-

41
Entenda que os percentuais mencionados podem ser obtidos
usando um pote de medida padrão que você adapte, sendo o
percentual uma parte. Use medida de volume e não de peso
nestes percentuais. Por exemplo: 60% de componente A + 40%
de componente B, seria igual a 6 partes do componente A + 4
partes do componente B. Cada parte dessas seria um pote de
medida que você adotou como padrão. Aqui estão os 3 únicos
componentes que utilizo em todas as minhas composições de
substrato:

 Composto orgânico Biomix


 Pedrisco
 Carvão

MISTURA 1: Esta mistura é para o caso de você não ter muito


tempo para efetuar regas constantes:

 Parte orgânica: condicionador de solo Biomix = 60%


 Parte inorgânica: pedrisco = 40%
 Carvão: uma pitada (para 10 kg de substrato, algo como
uma mão cheia)

Esta mistura absorve bastante umidade, podendo manter o


substrato úmido por bastante tempo. É melhor utilizado por
alguém que não disponha de muito tempo para regar com
frequência o Acer em vaso.

MISTURA 2: Esta é a mistura que eu tenho utilizado. Por conter


uma quantidade maior de matéria inorgânica, necessita de
regas mais frequentes. No verão, aqui no viveiro, nos dias mais
quentes, preciso regar até quatro (4) vezes os meus Aceres, em
razão da alta drenagem proporcionada por este substrato.

 Parte orgânica: condicionador de solo Biomix = 40%


 Parte inorgânica: pedrisco = 60%
 Carvão: uma pitada (para 10 kg de substrato, algo como
uma mão cheia)

42
MISTURA PARA APÓS A GERMINAÇÃO DE SEMENTES: Utilize
esta mistura para as mudas de sementes já germinadas, que
já desenvolveram suas primeiras folhas verdadeiras (ver
Módulo 10 “Métodos de Reprodução”). Não é a mistura para
germinar sementes. A mistura ideal para germinar sementes
você pode ver no Módulo 10 “Métodos de Reprodução”.
Vamos então para a mistura do pós germinação de sementes:

 Parte orgânica: condicionador de solo Biomix = 40%


 Parte inorgânica: pedrisco 2mm = 60%
 Carvão: uma pitada (para 10 kg de substrato, algo como
uma mão cheia)

Basicamente é o padrão da mistura 2, mas utilize pedrisco de


2mm, pois as sementes ainda terão seu sistema radicular
muito fino e pouco desenvolvido (ver Módulo 10 “Métodos de
Reprodução”).

MISTURA PARA ESTAQUIA: Ver Módulo 10 “Métodos de


Reprodução”.

Caqueira de tijolo ou telha


Muitos me perguntam o porquê de eu não utilizar a caqueira,
visto que é um composto muito utilizado. Basicamente uma
escolha particular minha. É um componente excelente, mas
não está acessível a todos, e por esta razão fiz muitos testes
sem a sua utilização, para poder compartilhar experiências, e
venho obtendo excelentes resultados, provando que não há
um componente que seja insubstituível, nem um substrato
ideal, mas há sim que se experimentar, e a mistura de
compostos, os testes e o tempo de uso, nos mostrará o
caminho de um substrato que adapte bem à nossa realidade
particular, nosso microclima de cultivo, e possibilidade de
regas. Apenas a sua experiência lhe dirá qual o melhor
substrato para você utilizar.

43
Uma outra razão é o fato de o composto da Biomix que venho
utilizando conter boa quantidade de casca de pinus triturada,
que acumula umidade suficiente, deixa minhas composições
bastante porosas e evita a compactação do substrato. Acabei
dispensando a caqueira, com baixo custo.

Lembrando que a parte orgânica deve ser criteriosamente


selecionada e peneirada, de modo a ficar apenas com a parte
mais granular deste componente, para evitar ao máximo a
compactação do substrato. Este processo de escolha pode
levar algum tempo, requer alguns testes, requer a compra de
mais de uma marca (fabricante) diferente, e quando algum
destes adquiridos não servir, não tenha receio de descartar.
Este processo faz parte da busca pela excelência na
composição do nosso substrato para Acer..

O Biomix, que mencionei, é até o momento o melhor composto


orgânico que já utilizei, e venho utilizando com ótimos
resultados. Sua composição contém bastante casca de pinus
triturada e é capaz de se manter sem compactar-se por
bastante tempo. Ao passar pela peneira fina, pouco pó é
deixado por este composto, então pouca perda temos, o que
deve ser levado em conta economicamente. Um substrato
com muito pó, muito material é perdido, que será descartado,
tornando caro o nosso substrato. Com este substrato da
Biomix tenho tido pouca perda, sendo descartado apenas a
parte mais grossa resultante da peneira de maior
granulometria, que é basicamente a casca de pinus de
tamanho de grão maior.

Como já mencionei anteriormente, Acer aprecia muito um


substrato orgânico, mas para fins de evitar a compactação,
seu uso deve ser controlado. Como o substrato contém pouca
matéria orgânica, compenso isso usando bastante esterco de
frango curtido (também conhecido como cama de frango),
que traz uma boa carga de material orgânico para nossa
composição.

44
Já que nosso substrato é bastante drenante, dificilmente me
preocupo com excessos de adubo. Todo o excesso é
facilmente eliminado na rega. Então, sempre leve em
consideração este fato no momento de compor sua mistura
de substrato para seu Acer. Uma boa razão para usar apenas
adubos baratos.

A parte orgânica que utilizo na composição do substrato, o


Biomix, contém turfa, casca de pinus moída e composto
orgânico. Este componente foi o melhor que já encontrei, e o
venho utilizando há algum tempo, com ótimos resultados. Ele
é bastante poroso e drenante, e a presença de casca de pinus,
garante que o substrato não se compacte com facilidade, e é
capaz de reter bastante umidade, e também nutrientes,
estando disponíveis às raízes gradativamente. Este composto
já vem pronto, com uma boa composição de Turfa, casca de
pinus e composto orgânico, eu apenas peneiro para obter
homogeneidade no tamanho de grão.

Nunca utilize um substrato 100% orgânico, pois este tende a


compactar-se com muita facilidade, e o acúmulo de umidade
poderá ser excessivo.

Substrato 100% inorgânico


Utilizar um substrato 100% inorgânico é muito bom, funciona.
Mas não recomendo para iniciantes, muito menos o uso de
100% pedrisco, onde a drenagem é imediata e o acúmulo de
umidade é mínimo. Considere misturar ao pedrisco a caqueira
ou akadama, neste caso. Nos transplantes, a facilidade em
desprender as raízes e podar, é muito grande o que melhora
em muito a poda correta de raízes. Mas é um substrato onde
há que se ter um cuidado severo com as regas, visto que a
drenagem é quase total, e a adubação tem que ser feita com
muito mais frequência.

45
Substrato 100% inorgânico.

MISTURA 100% INORGÂNICA: Esta é uma sugestão mistura


100% inorgânica que pode ser utilizada. Como mencionado
anteriormente, o controle da rega deve ser severo, visto que a
drenagem é imediata.

 Pedrisco: 50%
 Caqueira = 50%
 Carvão: uma pitada (para 10 kg de substrato, algo como
uma mão cheia)

Outra opção:

 Pedrisco: 50%
 Akadama: 50%
 Carvão: uma pitada (para 10 kg de substrato, algo como
uma mão cheia)

Você pode variar conforme sua vontade o uso e percentuais


entre estes componentes: pedrisco, caqueira e akadama.

46
Granulometria
Nunca se esqueça de peneirar TODOS os componentes do seu
substrato. Alguns componentes requerem menos atenção a
isso, mas para ter certeza, peneire todos os componentes, e
de preferência, isoladamente, antes de compor a mistura. A
saúde do seu Acer depende da vitalidade das raízes, e a
vitalidade das raízes depende da qualidade do substrato. Em
um vaso essa relação é muito mais crítica, por isso é
fundamental usar um substrato adequado.

“CONTROLAR O TAMANHO DO GRÃO DO SUBSTRATO NO


ACER É O SEGREDO PARA O SUCESSO”

Por que o tamanho do grão é importante? Entre os grãos do


substrato há espaços que retêm água e ar. Portanto, mesmo
que o termo “substrato” seja usado, na realidade significa
água, ar e substrato juntos. Como regra geral, quanto maior o
tamanho do grão, maior a porcentagem de água e ar. O
tamanho dos grãos também afeta diretamente o crescimento
das raízes e a forma que elas tomam. Vamos supor que
tenhamos substratos com a mesma capacidade de reter
umidade: quanto maior a porcentagem de ar, mais
rapidamente as raízes crescerão (surgirão raízes longas e
grossas com facilidade); pelo contrário, quanto menor a
porcentagem de ar, mais lentamente as raízes crescerão.

Utilizo duas peneiras para a homogeneização do tamanho do


grão. Uma grossa, de modo a ficar com partículas menores
que 4mm, e uma peneira bem fina, para retirar o pó e as
partículas menores que 3mm. O que passar pela peneira
grossa, utilizarei no substrato, já o que passar pela peneira
fina, descarto, pois é muito pequeno ou é apenas pó. Deste
modo tenho um substrato com tamanho de grão entre 3 e
4mm, ou o mais próximo disso.

47
Este é o tamanho de grão que tenho mais utilizado nas
minhas composições. Não leve tão ao pé da letra em ficar
medindo exatamente cada partícula da composição, mas este
número vai nortear nossa busca na composição, e utilizar
peneiras que nos dêem grãos próximos a esta medida é o que
buscamos.

O que passar por esta peneira O que passar por esta peneira é o
é descartado. que será utilizado.

Deduz-se, portanto, que se uma árvore é jovem e se deseja


que cresça rapidamente, um substrato de grãos grossos
deveria ser utilizado, enquanto que para manter a árvore, é
usado um substrato de grãos mais finos. Naturalmente, grãos
finos, não quer dizer pó, porque o pó não permite a passagem
de ar no substrato e, portanto, causa asfixia nas raízes, e
entupimento das raízes do Acer. No momento do transplante,
o substrato é trocado, pois com a rega frequente os grãos são
consumidos gradualmente até se tornarem pó. Por esta razão,
os maiores grãos são colocados no fundo do vaso como uma
camada de drenagem. Se não houvesse essa camada, com os
grãos decompostos, a água tenderia a estagnar e mais tarde
não molharia o centro do torrão, mas apenas os lados,
fazendo as raízes centrais morrerem.

48
As raízes capilares do Acer tem os poros (as “boquinhas” de
sucção) muito pequenas, e são facilmente entupidas pelo pó
presente no substrato não peneirado. Isso pode ser fatal para
seu Acer. Este pó é mais severo no caso da caqueira, onde,
após a rega, este pó se torna um barro grudento, que se
agarra facilmente às raízes. Peneira-lo se torna vital. O pó da
caqueira é extremamente fino. Regar generosamente pode
ajudar a eliminar o pó no pós-transplante quando utilizar
caqueira.

Há muitos outros compostos que podem ser utilizados, e que


não foram citados aqui. Mas estes são os principais, e que
normalmente são mais vistos e utilizados pela maioria dos
cultivadores. São também os mais acessíveis em diversas
regiões.

A formação do substrato deve levar em conta os seus hábitos


de cultivo. Se você não tem muito tempo disponível para regar
sua planta, talvez você deva considerar utilizar um pouco
mais de matéria orgânica, para que haja mais retenção de
umidade. Por outro lado, se você dispõe de tempo para os
cuidados, pode utilizar um substrato 100% inorgânico, em
uma mistura de pedrisco com caqueira, em percentuais que
você mesmo poderá definir, ou somente com o uso de
caqueira mesmo. Não recomendo o uso de 100% pedrisco,
pois este não apresenta porosidade, não retendo umidade
nem compostos de adubação. Nestes casos, o cuidado com a
rega deve ser severo, podendo ser necessário até 4 regas, ou
mais, num único dia. E a adubação, extremamente frequente.

A compactação do substrato é algo que devemos evitar. Sua


ocorrência torna difícil a permeabilidade da água, a respiração
das raízes, e consequentemente seu desenvolvimento fica
comprometido. As raízes precisam de oxigênio circulando no
substrato para seu bom desenvolvimento. E raízes que não se
desenvolvem deixam a planta fraca. Quando você utiliza
componentes peneirados, com tamanho de grão controlado, a

49
compactação é mais difícil ocorrer, mas o uso do composto
orgânico não granulado, a terra preta, pode fazer o solo se
compactar, então é importante ter controle no seu uso.

Benefícios de um substrato de composição e granulometria


controlados:

 Oxigenação das raízes;


 Melhor drenagem;
 O transplante é mais fácil, sem os danos às raízes
capilares;
 Mais fácil de expor e limpar as raízes durante a poda;
 A área de superfície em que as raízes possam crescer é
maior;
 Aumento na ramificação das raízes;
 Menor elevação de temperatura do substrato em nível
danoso à planta;
 pH do solo correto para a espécie;
 Condições ideais para a troca de íons;
 Facilita o desenvolvimento de bactérias benéficas à planta;
 Aparência agradável;
 Facilidade em aplicar e controlar nutrientes;
 Melhora da saúde do Acer;
 Aumento da longevidade do bonsai.

Nada substitui sua experiência e observação da planta para


compor um bom substrato. Testes nunca serão demais, e
nunca teremos a composição perfeita, que seja insubstituível.
À medida em que vamos entendendo o que realmente deve
conter num bom substrato, quais suas características
principais e o que a planta realmente precisa na composição
deste, vamos entendendo que, apesar de ser uma ciência que
requer estudo, não há dificuldades em formarmos uma boa
composição, capaz de se adaptar à realidade de cultivo de
cada um e que seja de baixo custo.

50
MÓDULO
ADUBAÇÃO
ADUBAÇÃO

O Acer, assim como outros tipos de plantas cultivadas em


vasos, necessita de reposições periódicas de nutrientes para
que possa se desenvolver em sua plenitude. No caso
específico dos bonsai, ou Aceres cultivados em vasos, mesmo
que não sejam bonsai, as fertilizações devem receber
cuidados especiais pelo tamanho reduzido do vaso e a
pequena quantidade de substrato contida nestes vasos.

Os nutrientes do substrato são absorvidos pelas raízes, e


dada a pequena quantidade de substrato contida num vaso,
estes nutrientes se esgotam com grande rapidez, então
devemos estar atento a este detalhe, e adubar com frequência
nosso bonsai, principalmente quando usamos muita matéria
inorgânica no substrato, que tendem a acumular menos
nutrientes em sua composição.

Os fertilizantes podem ser orgânicos ou inorgânicos


(químicos ou minerais). No caso dos adubos orgânicos,
podemos utilizar esterco, tal como de frango, desde que seja
curtido; podemos usar ainda uma mistura de farinha de osso
e torta de mamona. Há no mercado diversas opções muito
boas de adubos orgânicos, sejam farelados, em pastilhas
(pellets) de liberação lenta, todos eles cumprem bem a
função, como o Ecoadubo, TaeGold ou BioGold. Podemos
seguir a recomendação de uso e frequência do fabricante.

Adubo orgânico peletizado de


liberação lenta.

52
A melhor forma de aplicação é enterrá-los, visto que desta
forma serão melhor absorvidos pelo substrato, evitamos que
pássaros os retirem, e evitamos o mal cheiro que alguns
destes adubos liberam nos primeiros dias em contato com a
água. Este mal cheiro tende a desaparecer em alguns dias. Se
utilizar porta adubos, prepare-se para vez ou outra enxergar
larvinhas de mosca passeando sobre o substrato. Apesar de
ser algo desagradável, estas larvas não são prejudiciais à
planta.

Adubo orgânico peletizado sendo enterrado no substrato.

Nos adubos orgânicos temos um nível de segurança maior


com relação a possíveis excessos, pois estes são absorvidos
pelo substrato e liberados gradativamente para a planta. Já os
inorgânicos essa preocupação é válida. No entanto, em
substratos muito drenantes, como é o caso do que
recomendo aqui, essa preocupação tende a não ter tanta
importância, dado que todo excesso é eliminado pelo orifício
do vaso.

A intenção deste módulo não é fornecer um texto exaustivo


sobre os prós e contras de adubos químicos e orgânicos de
qualquer natureza, nem pretende ser um catálogo para
fertilizantes, uma vez que cada tipo de adubo pode ter
características únicas, e estão disponíveis online. Quero
apenas fornecer um guia prático para obter o melhor de suas
árvores, dando-lhe um regime de fertilização eficiente.

53
Minha opinião pessoal é que, em termos de adubar
regularmente uma coleção inteira de bonsai durante toda uma
temporada, não há muita diferença entre os mais diversos
adubos existentes. É suficiente seguir uma rotina de
adubação simples e direta. Podemos dizer que qualquer
ligeira vantagem de um produto em relação a outro pode ser
facilmente perdida para o clima, chuvas intensas ou práticas
de irrigação inadequadas.

Tipos de adubos
Há no mercado uma gama muito grande de opções de
adubos, e eles podem ser líquidos, sólidos de liberação lenta
ou absorção imediata. Vamos falar sobre alguns deles, os
mais utilizados.

01 Adubos orgânicos de liberação lenta

Os fertilizantes orgânicos de liberação lenta estão disponíveis


como pastilhas (ou pellets) que são colocados na superfície
do solo ou enterrados. À medida que a árvore é regada, os
grãos se dissolvem e são absorvidos pelo próprio solo. Isso
significa que eles não ficam exatamente na superfície do solo,
atraindo a vida selvagem, que fazem uma verdadeira bagunça
no substrato.

Embora os adubos orgânicos de liberação lenta sejam


relativamente fracos, com baixa carga de NPK (falaremos
sobre isso mais a frente), cerca de 3-3-3 (como é o caso do
BioGold), eles são compostos de ingredientes naturais que
são decompostos pela atividade bacteriana e fúngica no solo,
liberando lentamente seus nutrientes de forma contínua. Isso
significa que os nutrientes estão sempre disponíveis para seu
Acer.

54
Comparando com os adubos químicos líquidos, estes podem
ter concentrações da ordem de 20-20-20, ou mais, mas são
rapidamente dispersos de nossos substratos altamente
drenantes, mais ainda em grandes composições inorgânicas,
durante a chuva e irrigação.

Os fertilizantes orgânicos adicionam um elemento orgânico e


microbiano aos nossos substratos modernos, que podem ser
em grande parte inorgânicos e isso ajuda a criar um
ecossistema mais saudável dentro de um vaso de bonsai.

Um fator importante a se considerar é a temperatura. As


plantas não absorvem nitrogênio se a temperatura não estiver
acima de 12°C. Isto leva a uma série de conclusões
interessantes. Em primeiro lugar, os adubos podem ser
aplicados ao solo no momento da abertura das folhas,
normalmente quando as temperaturas durante o dia chegam
a esta temperatura, mas ainda não são utilizados até que a
árvore esteja pronta. Em segundo lugar, o fertilizante orgânico
ainda estará presente no solo à medida que as temperaturas
caem abaixo dos 10~12ºC no outono, após a estação de
crescimento, mesmo se não utilizado pela planta, e
permanece presente no solo até a primavera seguinte. Não há
necessidade de usar um adubo com baixo teor de nitrogênio
(0-8-8, por exemplo) no final da estação de crescimento, pois
a árvore cessa a absorção de nitrogênio de qualquer maneira.

Adubos peletizados não necessitam ser usados muitas


pastilhas, visto que elas aumentam bastante de tamanho. Eu
descarto o uso de porta adubos de plásticos com este tipo de
adubo, mas eventualmente utilizo pequenos saquinhos (do
tipo saquinhos de organza), onde o adubo é depositado
dentro, e este permite uma grande área de contato da água
com o adubo, e com o substrato. São ótimos, pois as
pastilhas não saem para fora do substrato e evitam que
pássaros, por exemplo, os retirem do vaso, garantindo a
permanência do adubo no substrato o tempo todo.

55
Dois tipos de porta adubo: 1) saquinho de organza e 2) plástico com tampa.

02 Adubos químicos líquidos de liberação rápida

São adubos que eu já descartei seu uso nos meus Aceres.


Vou fazer uma rápida explanação sobre eles, mas já não tenho
mais utilizado. Eu prefiro o uso de adubos orgânicos, que têm
me mostrado melhores resultados no Acer, tanto foliares
quanto via substrato.

Os adubos químicos líquidos de liberação rápida vem em altas


concentrações, são diluídos em água e aplicados ao substrato
normalmente. Como nossos substratos devem ser altamente
drenantes, pode-se usar normalmente um fertilizante normal
com alto teor de nitrogênio destinado a árvores e plantas e
disponível em supermercados e centros de jardinagem. Não
há necessidade de se gastar fortunas com fertilizantes
importados, todos funcionam bem.

Os adubos líquidos são aplicados em intervalos regulares de


acordo com as recomendações dos fabricantes. Poucas horas
após a aplicação, os níveis do adubo em um solo inorgânico
moderno (veja mais no Módulo 04 - Substrato) terão
começado a se esgotar. Isto se acentua após a rega ou
chuvas.

56
É possível que em poucos dias o nível de adubo químico fique
muito baixo e os nutrientes não estejam mais disponíveis para a
árvore até a próxima aplicação.

Observe que, adubar uma árvore em excesso ao utilizar


fertilizantes orgânicos de liberação lenta, não causará qualquer
problema ao seu Acer. O mesmo não se pode dizer com
produtos químicos de liberação rápida, pois uma concentração
maior do que o recomendado pode causar queima de raízes.
Aumentar a frequência pode ser possível, mas aumentar a
concentração pode ser problemático. Eu prefiro adubos
orgânicos em Acer.

Adubo orgânico líquido. Serve para


aplicação tanto via foliar como via
solo.

03 Adubos químicos de liberação lenta

Mesmo sendo de liberação lenta, eu não recomendo seu uso em


Acer. A alta carga de Nitrogênio normalmente contida neste tipo
de adubo pode comprometer fortemente o trabalho de
compactação da copa de sua árvore. O mais comum deste tipo
de adubo é o Osmocote, e seus derivados de nomes
semelhantes disponíveis no mercado. São adubos em cápsulas
onde a liberação dos nutrientes ocorre toda vez que a água da
rega ou da chuva entra em contato com a superfície destas
cápsulas.

57
O uso deste tipo de adubo normalmente está associado a um
crescimento demasiado do tamanho das folhas do Acer e a
um alongamento dos entrenós.

Frequência de adubação
A rotina de adubação mais simples e regular pode ser aplicar
um fertilizante orgânico de liberação lenta na superfície do
solo a cada 6 a 8 semanas durante a estação de crescimento
(primavera - verão). Isso fará com que uma mistura saudável
de nitrogênio, fósforo e potássio, além de micronutrientes
(veremos sobre eles mais a frente), esteja disponível para seu
Acer da primavera até o outono.

De uma forma bem básica, uma aplicação de adubo em todas


as suas árvores na primavera e uma segunda no meio do
verão as manterá adubadas adequadamente por toda a
estação de crescimento. Esta rotina alimentar básica pode ser
considerada essencial para manter qualquer coleção de Acer
saudável e vigorosa.

Mas você pode utilizar diferentes combinações de adubação


para diferentes estágios de desenvolvimento da sua árvore.
Vejamos então para dois momentos diferentes como
podemos proceder.

Acer em desenvolvimento

Se seu Acer ainda precisa de crescimento e desenvolvimento


para melhorar e engrossar o tronco ou os ramos primários e
secundários, uma rotina de adubação mais forte em
nitrogênio pode ser usada. Como mencionado, eu uso adubo
orgânico de NPK 3-3-3, aplicado na superfície do substrato
(ou levemente enterrado) a cada 6 semanas, desde o
despertar das brotações, no início da primavera, até o início do
outono.

58
Uma adubação líquida com alto teor de nitrogênio 10-10-10 ou
mesmo 20-20-20 pode ser aplicada a cada 15 dias (além do
adubo orgânico de liberação lenta). Fazemos a aplicação desde
a quebra da dormência (fim do inverno, quando as gemas
despertam) até o final do verão, quando o crescimento em
árvores caducas normalmente diminui. Esta
“superalimentação” vai incentivar um crescimento vigoroso e
um desenvolvimento muito rápido em árvores saudáveis. Como
a ideia aqui é um desenvolvimento mais forte, pode ocorrer um
crescimento do tamanho de folhas, e um alongamento do
tamanho do entrenó, mas isto pode ser controlado com o
passar do tempo, nas adubações de refinamento, como
veremos a seguir.

Acer em refinamento

Acer com desenvolvimento já mais adiantado, em fase de


acabamento, requer um crescimento muito mais refinado com
entrenós curtos. Porém, é desejável que as brotações ainda
sejam vigorosas e ofereçam ondas repetidas de crescimento a
cada ano, de modo a responder bem às podas e desfolhas.

Neste momento, para Acer que esteja naturalmente muito


vigoroso, evito usar qualquer qualquer adubo até que as
primeiras ondas de crescimento da primavera terminem, então
uma rotina de adubação orgânica pode ser aplicada a cada 6
semanas durante o restante da temporada de crescimento.
Uma vez que o meio do verão foi alcançado e qualquer desfolha
tenha sido feita, eu então começo a fertilizar adicionalmente
com um fertilizante de boa carga de nitrogênio para incentivar
mais ondas repetidas de crescimento.

BioGold é um excelente adubo de liberação lenta para


Acer em refinamento.

59
Caso você ache que o alongamento dos entrenós estão
excessivos em uma determinada árvore, suspenda o uso do
adubo líquido. Adubos não são remédios para plantas doentes.
Árvores fracas, doentes, recém transplantadas ou recém
coletadas não devem ser adubadas. Aguarde até que a planta
tenha se recuperado, e mostre sinais de atividade, para só
então iniciar uma rotina de adubação.

Recomendações básicas e práticas de


adubação:
 Siga sempre a frequência e diluição (adubação líquida)
recomendada pelo fabricante. Isso evita queima de raízes.
 Ecoadubo, TaeGold, BioGold, todos eles funcionando muito
bem, e alguns deles são peletizados, como é o caso do
Ecoadubo e do BioGold.
 A mistura de 70/30 de torta de mamona/farinha de ossos
pode ser usada a cada 30 dias. Se utilizar algum dos adubos
mencionados, ou outro a sua escolha, e decidir pelo uso da
TM/FO, alterne entre um ou outro a cada aplicação.
 No geral, estas adubações podem ser feitas a cada 30 ou 40
dias. Como adubos foliares, tenho usado Biobokashi +
Alquifish, com ótimos resultados.
 Prefira adubos orgânicos em Acer. Minha experiência tem
mostrado melhores resultados com este tipo de adubo. Já
utilizei adubos químicos, de liberação lenta, tal como
Osmocote, e o resultado foi uma planta com folhas grandes
e entrenós longos, aspectos pouco desejáveis no Acer. Isto
não ocorreu com o uso de adubos orgânicos.
 Adubos em pastilhas (pellets) normalmente incham
bastante após entrar em contato com a água. considere
regar novamente após a adubação para facilitar que estes
entrem no substrato.
 Nunca devemos adubar plantas doentes, fracas ou recém
transplantadas. Após um transplante, principalmente
naqueles onde houve poda de raízes, aguardamos pelo
menos de 20 a 30 dias antes de iniciarmos as adubações.

60
 No inverno eu evito adubar Acer. Neste período a planta está
em dormência, e aqui temos dois pontos:
 A planta está hibernando, então o adubo será
desperdiçado;
 A planta pode receber estímulo, e despertar
precocemente da dormência, e este efeito é
indesejado. Geadas podem ocorrer, e estas novas
brotações submetidas à geadas podem facilmente
queimar, gastando desnecessariamente a energia da
planta, que terá que despender nova energia para
brotar novamente no momento certo.

Na época de hibernação não é necessário adubar.

61
O que é NPK?
Tanto os fertilizantes orgânicos como os inorgânicos contêm
uma série de elementos essenciais para o bom
desenvolvimento do nosso bonsai. Estes elementos estão
divididos em Primário, Secundário e Microelementos.

É muito comum encontrarmos esta nomenclatura quando


falamos em adubos. NPK é a abreviação de Nitrogênio -
Fósforo - Potássio, e os seus percentuais revelam a
concentração que estes elementos estão presentes no adubo.
Eles são os macronutrientes do adubo. Vamos agora ver as
funções de cada um deles na sua planta.

Elementos primários (macronutrientes)

 Nitrogênio: as suas principais funções são o desenvolvimento


vegetativo, a melhoria do aspecto da clorofila, a resistência a
pragas e doenças. A carência causa crescimento lento e
desequilibrado, clorose (descoloração das folhas), uma má
floração e frutificação. O excesso causa aumento do
crescimento do tamanho das folhas e entrenós, atrasa a
lignificação dos tecidos e a frutificação.
 Fósforo: ativa o desenvolvimento vegetativo inicial, promove a
criação de novas raízes e a floração, antecipa a maturação dos
frutos e aumenta a resistência à seca. A deficiência causa um
crescimento desequilibrado, atraso no amadurecimento dos
frutos, enfraquecimento geral e coloração verde-azulada. O
seu excesso não causa problemas apreciáveis devido à sua
baixa mobilidade no solo.
 Potássio: aumenta a resistência dos tecidos, ajuda na
maturação dos frutos, aumenta a resistência à seca e à geada,
reduz a transpiração das folhas. A deficiência causa
descoloração na margem da folha e queda da folha, aumento
da susceptibilidade a doenças e raquitismo. O seu excesso
bloqueia a absorção de magnésio e manganês e aumenta a
salinidade do solo.

62
Elementos secundários (micronutrientes)

 Enxofre: atua no desenvolvimento das folhas, a sua deficiência


causa descoloração dos nervos das folhas mais jovens. O
excesso de enxofre não tem consequências.
 Cálcio: corrige a acidez do solo, promove o desenvolvimento
radicular e incentiva a absorção de nitrato de amônio, fósforo e
potássio. A carência causa fraqueza geral e acidez do solo. O
seu excesso cria um solo alcalino e bloqueia a absorção de
microelementos e a função clorofílica.
 Magnésio: melhora a função da clorofila e ativa a época de
crescimento. A deficiência provoca o enfraquecimento geral e a
descoloração das folhas. O seu excesso não tem
consequências.
 Ferro: ativa a criação de clorofila (cloroplastos) e melhora a
coloração característica das folhas. A carência causa
descoloração das folhas, secagem e queda das folhas. O
excesso causa uma toxicidade geral muito elevada.
 Manganês: atua sobre a função clorofílica e a sua deficiência
causa descoloração amarelo-avermelhada das folhas. O
excesso causa uma elevada toxicidade geral.
 Boro: ativa o desenvolvimento de brotações e folhas. A
deficiência provoca a secagem das folhas mais novas e a
secagem e morte do botão apical. O excesso causa uma
elevada toxicidade geral.
 Cobre: contribui para o processo de respiração das folhas ao
ativar a absorção de ferro. A sua deficiência causa sintomas
difíceis de determinar, e o seu excesso, como acontece com
todos os oligoelementos, causa uma elevada toxicidade geral.
 Zinco: tem uma influência significativa no crescimento, e sua
deficiência provoca raquitismo nas brotações terminais. O seu
excesso, tem alta toxicidade geral.

Aparentemente, alguns elementos podem ser substituídos por


outros, sem prejuízo algum para a planta. Mas este não é o
caso, cada um deles é necessário, se não essencial às
funções vitais da planta.

63
Ao adquirir algum adubo, veja no rótulo se o mesmo contém
macro e micronutrientes. Normalmente os rótulos trazem
informações como: “Contém Nitrogênio, fósforo e potássio +
micronutrientes”. Este é o caso de um adubo que contém os
elementos primários e os elementos secundários, que é
exatamente o desejável.

Mesmo em pequenos vasos, seguindo uma rotina de adubação, o Acer


mostra toda sua beleza.

Espero que estas recomendações tenham sido úteis. O que


trouxe aqui foram relatos práticos de tudo que venho
utilizando ou já utilizei, e os resultados, testei na prática. A
melhor maneira de obter bons resultados é sempre testar, e
observar a resposta da planta às suas aplicações, replicando
aquilo que trouxe mais êxito no seu Acer.

64
MÓDULO
REGA
REGA

Como, quanto, quando molhar o Acer?


A água é fundamental para a manutenção da vida de um Acer
e mantê-lo em boas condições. Na maioria das vezes, quando
alguém tem seu Bonsai morto, houve descuido na rega:
esquecimento, viagem, pensamento como "achei que estava
molhado", etc... De fato não existe nenhum complicador para
molharmos o nosso Bonsai. A água que utilizo não é de
nenhum tipo especial, é água da torneira mesmo, da empresa
prestadora de abastecimento de água encanada local.

Se você mora em uma região onde o clima é muito quente na


maior parte do ano, pode ser necessário molhar a sua planta
mais de uma vez ao dia. O tamanho do vaso e material de que
é feito (cerâmica, concreto) também são importantes. Bonsai
de tamanho pequeno tem menor quantidade de substrato,
portanto o cuidado com a rega deve ser redobrado, isto
propicia um enxugamento mais rápido. A cerâmica esmaltada
conserva mais umidade que um vaso de concreto, este último
é mais poroso e absorve bastante água. Arvores em vaso de
concreto precisam de regas mais frequentes.

O local onde vamos deixá-la e o tempo de exposição ao sol


devem ser levados em conta. Dependendo do local onde
colocamos a nossa planta irá acontecer uma variação na
exposição; portanto é importante observarmos qual o tempo
de incidência de sol. É com este tipo de observação que
vamos controlando a rega do Bonsai.

A época do ano também afeta a rotina de rega. Quando


acontece uma mudança de clima deverá acontecer uma
mudança na quantidade de água.

66
No período de Inverno nossa planta precisará de regas menos
frequente. Se estivermos em um dia quente, rega-se pela manhã
e também à tarde. Como foi dito acima, em dias
excepcionalmente quentes devemos regar mais vezes, isso
também inclui ter que regar ao meio do dia, se necessário. Uma
boa hora para climas normais é na parte da tarde, sua planta vai
aproveitar a umidade durante a noite. Em dias seguidos de
muito frio, pode não ser necessário regar todos os dias. Observe
sempre a umidade no substrato. Faça sempre uma inspeção da
necessidade de regar seu Acer.

Como regar?
A rega deve ser feita até a água escorrer pelo orifício no fundo
do vaso. Muitas vezes, por esquecimento ou outra razão,
deixamos de molhar nossa planta por um dia. Quando isto
ocorrer, a terra do vaso pode endurecer, e neste caso, pode ser
necessário insistir algum tempo na rega, até notarmos que a
água penetrou o substrato e escorreu pelo orifício no fundo do
vaso. Se você estiver usando um substrato moderno (ver
módulo 04 sobre Substrato) este problema não ocorre. Observe
que quando você molha um vaso com o substrato totalmente
seco, ou seja, onde não existe umidade, a água não penetra de
imediato, ela escorre como se fosse um piso. A pouca água que
permanece sobre a superfície do vaso vai dilatando e abrindo
poros que absorverão a água; por isto devemos molhar cada
vaso demoradamente e com regador de crivo fino.

Uma vez mais eu lembro que, se estiver utilizando um substrato


moderno, isto não ocorre, a água penetra facilmente.
Importante: o vaso para Bonsai tem um furo de bom tamanho na
parte de baixo que é para escoar o excesso de água que
porventura tenhamos usado, fica então subentendido que não
se deve usar um prato para apoio do vaso, pois isto criaria um
acúmulo de água dentro do prato e, consequentemente, no vaso,
um facilitador para o apodrecimento de raízes.

67
No período de Inverno nossa planta precisará de regas menos
frequente. Se estivermos em um dia quente, rega-se pela
manhã e também à tarde. Como foi dito acima, em dias
excepcionalmente quentes devemos regar mais vezes, isso
também inclui ter que regar ao meio do dia, se necessário.
Uma boa hora para climas normais é na parte da tarde, sua
planta vai aproveitar a umidade durante a noite. Em dias
seguidos de muito frio, pode não ser necessário regar todos
os dias. Observe sempre a umidade no substrato. Faça
sempre uma inspeção da necessidade de regar seu Acer.

A maneira correta de regar é até a água sair pelos orifícios do vaso.

68
Frequência de rega
Aqui no viveiro onde cultivo meus Aceres, no inverno é normal
eu não regar diariamente, mas diariamente inspeciono cada
um deles para verificar a necessidade de rega. À medida que a
primavera vai se aproximando, e os dias vão ficando mais
quentes, a frequência de rega se torna maior, sendo
necessário regas diárias em dias não chuvosos, e em dias
quentes, mais de uma rega por dia. Nos dias muito quentes,
principalmente com a chegada do verão, é comum eu regar
quatro vezes num único dia cada Acer! Isso mesmo: 4 vezes
num dia, principalmente em situações de muito vento seco.
Quando as temperaturas superam os 30ºC, é comum regar
pelo menos 3 vezes ao dia, principalmente na presença de
correntes de vento. Nestas situações, usar musgo esfagno
sobre o substrato ajuda a manter a umidade.

Não é por ser um bonsai que devemos manter a umidade, é


que as raízes devem estar em um substrato com alguma
umidade. Como o seu Bonsai não tem como levar as suas
raízes até um solo úmido, você deve proporcionar esta
condição. ÚMIDO, NÃO ENCHARCADO.

Dicas gerais de irrigação do seu Acer

 Regue seu Acer sempre que estiver seco ou com as folhas


murchas. O solo de bonsai nunca deve estar completamente
seco, mesmo durante o replantio.
 Não deixe o substrato secar completamente. As pequenas
raízes responsáveis pela utilização da água morrem quando o
substrato secar completamente e por muito tempo. Melhor
regar quando o solo ainda está ligeiramente úmido.
 É impossível dar a uma árvore muita água durante qualquer
irrigação, pois o excesso de água será drenado pelos orifícios
do vaso. Evite regar muitas vezes por dia se não for
necessário. Mantenha o solo úmido apenas.

69
 Não é necessário regar o bonsai mergulhando-o em uma
banheira ou bacia.
 Aprenda a distinguir um substrato úmido de um substrato
seco. Perceba a aparência entre essas duas situações. Isso
ajuda a saber se uma árvore precisa de água novamente.
 É bom regar a folhagem ao regar o bonsai, pois isso pode lavar
a poeira e os insetos, e Acer aprecia ambientes úmidos e
frescos. Mas tenha cuidado caso a presença de fungos seja
constante no seu viveiro. Ainda sobre os fungos, talvez seja
melhor molhar a folhagem apenas pela pela manhã, mas não à
noite, pois a folhagem úmida tem menor probabilidade de secar
à noite em climas úmidos, sendo um atrativo para fungos. Caso
seu Acer esteja em algum tratamento contra fungos, deve
suspender totalmente a rega da folhagem.
 Em toda sua coleção de Acer, eles não vão necessariamente
secar ao mesmo tempo. Mesmo que tenham o mesmo
tamanho, idade semelhante, tenham sido plantados em
substrato idêntico e vasos semelhantes, cada planta tem uma
necessidade individual diferente. Muitas vezes pode ser
necessário regar uma árvore, mas a outra não. Não regue se
não for necessário.
 Acer normalmente requer bastante água, mas considere manter
umidade, e não água. Acer aprecia ambientes frescos e
úmidos.
 Árvores com mais raízes secam mais rápido do que árvores,
recém transplantadas, por exemplo, onde as raízes ainda têm
espaço para crescer e ocupar espaço no vaso.
 Árvores em tratamento contra alguma doença normalmente
precisam de menos água do que árvores saudáveis.
 Árvores que crescem no solo se misturam com grãos de
grande tamanho secam mais rápido do que aquelas que
crescem se misturam com grãos de tamanho pequeno.
 Lembre-se que o vaso não pode ficar com o fundo totalmente
encostado na superfície, pois isto isolará o orifício do fundo do
vaso, evitando que a água escorra para fora. Isto também ajuda
na aeração do substrato pela parte inferior.
 Encher uma bandeja com areia (pode ser de construção, média
ou grossa, ou pedrisco de 2mm) e colocar o vaso sobre esta
bandeja ajudará a manter umidade no vaso. É uma prática
recomendada para vasos muito pequenos. Faça furos no fundo
da bandeja para evitar que a água fique parada, causando
apodrecimento das raízes.

70
Uma bandeja com areia ajuda a manter umidade em vasos pequenos.

Se o seu local de cultivo tem muito vento e isso faz o


substrato secar muito rapidamente, pode usar uma camada
de musgo esfagno sobre todo o substrato. Isto ajuda a manter
a umidade.

Esfagno cobrindo a superfície ajuda a manter a umidade no substrato.nos.

71
Como regar se eu precisar viajar
Se você precisar viajar e não tiver como regar seu bonsai de
Acer, ou não puder contar com alguém que faça isso, existe
um procedimento simples que pode te ajudar. Afinal, levar seu
bonsai junto com você muitas vezes será impossível.

Procedimento:

 Junte uma bacia que seja mais larga e profunda que o vaso
do seu bonsai;
 Encha a bacia de água pura (a mesma água que você rega
normalmente) até cerca de 2 cm acima do nível do
substrato do bonsai, pelo menos;
 Mergulhe seu bonsai nesta bacia, e deixe na sombra, pode
até mesmo deixar dentro de casa;

Mergulhe seu Acer numa Quanto mais tempo você se


bacia com água pura. ausentar mais água deve conter
na bacia.

72
Este procedimento garante que seu bonsai permaneça vivo
sem prejuízos por vários dias. Eu testei, e a planta esteve
muito bem por cerca de 7 dias. Quanto mais tempo você
permanecer fora, mais profunda deve ser a bacia, contendo
mais água, superando os 2 cm acima do nível do substrato.

Lembre-se que se deixar no sol ou no vento, a água vai


evaporar mais rapidamente. A água dentro da bacia não pode
secar completamente antes de você voltar. Pode deixar dentro
de casa: um bonsai dentro de casa vive perfeitamente por
uma semana sem prejuízos. Mas tão logo você tenha voltado,
retire da bacia, leve-o novamente para fora de casa, e volte
sua rotina normal de cultivo e rega.

73
MÓDULO
PODA
PODA

Como podar a copa do seu Acer


Quando o Acer está em pleno desenvolvimento, é tentador
manter uma forma perfeita e podar repetidamente a árvore
inteira desde o início da primavera até o outono, toda vez que
um pequeno galho “fuja” da silhueta da copa, e deixe a árvore
sem a forma pretendida.

Mas é fundamental levarmos em conta que podas repetidas,


de modo que não deixamos os novos ramos se estenderem,
podem levar a uma árvore mais fraca, principalmente nos
galhos mais baixos. Para uma árvore responder melhor às
diversas intervenções, incluindo principalmente a desfolha no
meio do verão, e responder bem ao crescimento mais fino e
ramificado, devemos permitir que as brotações se estendam
um pouco, e produzam mais folhas, e então teremos mais
força na árvore toda.

Quando podar
O Acer tem picos de brotação, desde o despertar no início da
primavera. As brotações são lançadas com muita força, logo
em seguida estagna por uns dias, depois novas brotações são
lançadas e um novo alongamento das já existentes ocorre, e
então há nova pausa. Este processo acontece durante todo o
período de crescimento vegetativo, que são os meses de
primavera e verão. Algumas brotações iniciais da primavera
podem chegar a quase 1m de comprimento, até início do
verão.

Quando vamos podar, escolher o momento certo para isso é


importante.

75
O Acer irá sangrar muito se a poda for feita nas primeiras
semanas da primavera, ou seja, logo que notamos o inchaço
das gemas. Isto pode ser crítico, pois mesmo que uma pasta
selante seja aplicada, é difícil conter este sangramento, e
muita seiva é perdida. Haverá então retração de seiva
excessiva, podendo perder uma boa parte da madeira ou até
mesmo galhos mais finos. A entrada do inverno, logo após a
perda de todas as folhas, seria o melhor momento para podas
de galhos mais finos, a poda que irá manter a forma da árvore,
depois dos alongamentos do ramos no final do verão.
Também no inverno, após a queda das folhas, fica mais fácil a
avaliação da estrutura dos galhos e a determinação dos
melhores locais para o corte.

Uma observação importante é que a primavera de calendário


não é a mesma primavera sentida pela planta. Normalmente a
atividade de primavera acontece antes nas plantas, e isto
pode ser visto pela intensidade de gemas inchando ainda no
final do inverno, ou seja, antes da chegada da primavera,
propriamente dita.

Podas radicais, também chamadas de podas drásticas, tem


seu melhor momento para execução no meio do verão. Neste
momento a circulação de seiva é intensa, mas já bem menor
do que na primavera. Teremos menor perda de seiva, se
comparado ao procedimento feito na primavera, no entanto a
planta ainda estará com metabolismo apto a iniciar o
processo de formação de lábios de cicatrização da ferida
antes da chegada do outono, que é um período onde o
metabolismo tem forte desaceleração, até a chegada do
inverno, quando então hiberna, e o metabolismo para. Este
início do fechamentos das feridas é fundamental para não
correr o risco de a planta ser contaminada por fungos ou
bactérias nas feridas. Sempre utilize pastas
selantes/cicatrizantes em ferimentos grandes, acima de 0,5
cm de diâmetro. Grandes cortes na primavera, estação de
intensa circulação de seiva, causam uma grande perda de e-

76
nergia da planta, pois a perda de seiva é grande, então além
dessa perda de energia, grande parte da madeira no entorno
do corte pode ser perdida devido à forte retração de seiva no
local.

Usando as ferramentas certas


Tesouras de poda são tudo que você precisa para cultivar um
Acer jovem. Se a sua árvore tiver galhos mais grossos do que
um lápis, um alicate lateral pode ser considerado ter. Então,
inicialmente, uma tesoura de poda e um alicate lateral são as
ferramentas principais que você deve buscar.

Ferramentas são fundamentais para executar um bom trabalho no bonsai.

Procure ter ferramentas bem afiadas, antes de começar a


podar. O corte deve ser limpo, evitando “mastigar” o ramo a
ser cortado. Isto facilita a cicatrização e evita a entrada de
agentes patógenos que causam doenças em sua planta.

77
Ferramentas básicas: 1) alicate lateral; 2) tesoura de poda.

Meu método habitual é podar as áreas apicais mais fortes com


mais frequência, a partir das brotações das folhas no início da
primavera. Isso garante que os galhos no ápice tenham seu
engrossamento mais controlado, e que tenhamos ramificações
mais finas, não grosseiras. Também garante que os ramos
inferiores, que são naturalmente mais fracos, não tenham seu
crescimento suprimido pelas auxinas do ápice, o hormônio de
crescimento contido no ápice das árvores. Como regra geral, deixo
os novos ramos crescer até 6 a 7 pares de folhas, e então faço a
poda. Ramos mais baixos podem ser deixados crescer mais para
maior engrossamento, e ramos superiores podem ser podados
antes, para evitar um engrossamento demasiado.

Deixe os ramos crescer até 6 ou 7 O mesmo galho após a poda.


pares de folhas antes de podar.

78
Quanto aos galhos mais baixos, podemos deixar que se
desenvolvam por mais tempo antes de podar, crescendo até que
a árvore desacelere e faça uma pausa no crescimento no meio
do verão. Isso leva a uma aparência sem forma definida por
cerca de 4 a 6 semanas, mas os benefícios vão justificar esta
aparência nada atraente.

Resumindo: os galhos do ápice são podados com mais


frequência, para evitar engrossamento indevido. Galhos baixos
são deixados crescer e se alongarem mais antes de serem
podados, visto que estes podem engrossar mais, buscando
melhor proporção da árvore como um todo. Deixar crescer entre
6 e 7 pares de folhas é uma boa média, mas você deve ter um
senso crítico sobre o momento certo, e sobre o projeto para seu
Acer. Lembre apenas que quanto mais tempo você deixar o
galho com folhas na árvore, mais força a árvore terá. Algumas
dicas rápidas:

 Esterilize suas ferramentas antes de utilizar em seu Acer. Isto


pode ser o diferencial para a saúde do seu Acer, evitando
contaminação por algum agente patógeno vindo de outra
planta.
 Remova quaisquer ramos mortos ou com casca escurecida,
num corte limpo. Vá devagar para evitar cortar
despropositadamente um galho adjacente.
 Os ramos inferiores que se aglomeram próximos ao tronco
devem ser removidos.
 Dois ou mais galhos nunca partem do mesmo ponto no bonsai.
Escolha apenas um.
 Dois galhos não devem se cruzar a uma mesma linha, na
mesma altura do bonsai, isto quebra a linha de apreciação da
árvore como um todo.
 Para reduzir o congestionamento de galhos, mova o olhar pela
árvore removendo alguns pequenos galhos que saem
lateralmente. O desbaste bem-sucedido deixará todos os
espaços ainda com folhagens, mas com menos galhos. Isto
facilita a entrada de sol no interior da copa e acentua a força
da planta nos ramos que realmente importam.
 Galhos que brotam totalmente para cima devem ser orientados
para baixo com o uso de arame, ou devem ser removidos.

79
Patamares - a copa em camadas
À medida que sua árvore se torna madura com a idade, você
pode encorajar o desenvolvimento de camadas para criar a
forma de uma árvore madura de Acer, os chamados
patamares. Na natureza normalmente vemos Acer com copa
bastante densa, mas à medida que sua árvore vai
envelhecendo, buscar a formação de patamares se torna
interessante, e acentua a aparência de idade da árvore.

Inicialmente trabalhamos o Acer com uma copa inteira, densa.

80
Para criar essa aparência, remova todos os ramos que
penetram na camada acima ou abaixo dela. Verifique sua
árvore com muito cuidado antes de iniciar a poda de formação
de camadas. Se necessário aguarde mais de um dia antes de
retirar algum galho, isto te dará tempo para decidir. Não tenha
pressa nesse processo.

Com o desenvolvimento dos galhos principais que formam a


estrutura principal da árvore, as ramificações finas vão
tornando mais evidente cada patamar de seu Acer. Isto pode
ser obtido com a ajuda de arames, além das podas de
formação. Como dito anteriormente, não tenha pressa nesse
processo, tudo acontece lentamente, e é no tempo de sua
árvore, não no seu tempo. Respeite isso, e seu Acer entregará
a você o que de melhor ele tem para oferecer. E o que ele
entrega vale o tempo de espera!

Galho líder
Um recurso muito utilizado no cultivo de bonsai de Acer
chama-se galho líder, também chamado de galho de
sacrifício. Este líder é um galho que deixamos crescer
livremente por um longo período de tempo, em comparação
com o restante da árvore, onde as podas são mais frequentes.
Muitas vezes o líder pode chegar a 1 metro de altura ou até
mais.

Galho líder usado como galho de sacrifício.

81
Normalmente é um galho do ápice que deixamos crescer e se
alongar para cima. Mas pode ser feito nas extremidades de
galhos laterias, ou da base do bonsai, quando buscamos um
ou mais de um dos seguintes benefícios obtidos pelo galho
líder:

1. Acelerar o fechamento das cicatrizes de grandes feridas;


2. Melhorar a conicidade da árvore, que é o afunilamento do
tronco a partir da base;
3. Diminuir a força de brotação dos galhos laterais, fazendo
com que estes tenham entrenós mais curtos.
4. Aumentar a força da árvore como um todo, já que ela terá
um galho forte que não será podado, e que tem presente
sua gema apical, onde está concentrado a maior
quantidade de auxinas, o hormônio de crescimento.

O galho líder não exige conhecimento técnico algum, basta


deixar um galho crescendo isoladamente. O corte deste deve
ser feito quando o objetivo buscado for atingido, ou então
quando este se estiver engrossando muito. Neste caso,
fazemos a troca do líder, cortando o já existente, e deixando
uma nova brotação crescer e se desenvolver, tornando-se o
novo líder. Este é um ponto muito importante: cuidado com o
engrossamento demasiado do líder, isto pode fazer com que o
objetivo de conicidade seja perdido, caso perca o tempo de
corte, e ele acabe engrossando mais do que o previsto. Se o
galho líder tiver a grossura do tronco principal, este objetivo
de melhorar a conicidade não será buscado, uma vez que esta
finalidade só pode ser obtida quando há diferença de diâmetro
entre o galho líder e o tronco principal.

82
MÓDULO
TRANSPLANTE
TRANSPLANTE

O transplante é o processo pelo qual fazemos a troca de vaso


e/ou a troca de substrato, podendo haver poda de raízes.
Havendo poda de raízes, haverá a troca ou reposição de
substrato. Idealmente replantamos utilizando um substrato
renovado, para o bom desenvolvimento de novas raízes, visto
que o substrato anterior já terá perdido suas melhores
propriedades de plantio de nosso Acer.

O termo “falso transplante” é muitas vezes utilizado, mas


considero este termo um erro. Quando fazemos um
transplante, há a troca de algo, seja de vaso ou substrato,
caracterizando o transplante.

O que ocorre é que muitas vezes não há poda de raízes, o que


faz muitas pessoas assumirem o termo “falso transplante”. O
transplante, quando feito, é com ou sem poda de raízes, mas
não que isso seja “falso”. O transplante é, portanto, com ou
sem poda de raízes, mas não “falso”.

Como as árvores vivem nos vasos


Os bonsai (é no singular mesmo, "bonsai" não tem plural)
vivem confinados em vasos, a superfície disponível e a
quantidade de terra são limitados. Portanto, com o passar do
tempo, as raízes começarão a ter dificuldades no
desenvolvimento. É verdade que o tempo necessário até que
as raízes comecem a apresentar problemas varia muito, e
depende de muitos fatores, entre eles a espécie da árvore.

Os principais problemas apresentados pelas árvores que


vivem em vaso são:

84
1. Quando as raízes crescem tanto que ocupam todo interior
do vaso, começando a envelhecer;
2. Os grãos de terra se degradam, e o substrato começa a
compactar. Essa condição é acentuada tanto pelo
desenvolvimento das raízes quanto pelo acúmulo de
matéria orgânica;
3. Com o tempo a terra torna-se ácida pela ação dos ácidos
orgânicos resultante do apodrecimento das raízes finas e
da matéria orgânica restante do adubo;
4. Se a água que regamos é calcárea, os sais se acumulam
sobre a terra. A água evapora, porém, os sais se
acumulam sobre o substrato, acabando por dificultar a
absorção de nutrientes pelas raízes;
5. As más condições das raízes diminuem sua capacidade
de absorção. Com o tempo surgirão inúmeros problemas
relacionados à falta de nutrientes.

Poda de raízes
Este é o processo vital que garante o vigor das raízes durante
a remoção das partes antigas e inativas. As raízes são
estimuladas bem ao redor do tronco, permitindo que a árvore
cresça em um meio limitado. À medida que as raízes se
desenvolvem, os galhos refletem sua atividade e apresentam
uma profusão de brotos. O reenvasamento/poda de raízes é
feito quando a árvore se torna abundante em raízes.

Muitas raízes. Alguns Aceres sendo


transplantados ao mesmo tempo.

85
No caso do Acer a cada 2 anos seria uma boa recomendação
de transplante com poda de raízes:

 No primeiro ano da poda de raízes o Acer reinicia o


processo de emissão de novas raízes. Neste período é
comum termos o desenvolvimento da copa bastante
irregular, com folhas e entrenós sem um tamanho
homogêneo. Não devemos nos preocupar com isso neste
momento, é normal.
 No segundo ano a planta já adquiriu estabilidade, e começa
então a desenvolver a copa de maneira regular, com folhas
em tamanhos semelhantes e entrenós com distâncias
homogêneas. Isso é o que queremos.

Poda radical ou poda drástica

Quando fazemos uma poda radical da copa da árvore, o ideal


é fazermos uma boa poda de raízes, porque, ao retirarmos
grande parte da copa, muitas raízes que antes alimentavam
esta copa, agora serão inúteis à planta, já que a copa foi
radicalmente diminuída. A planta então acaba não tendo mais
a necessidade da mesma quantidade de raízes, e ela faz então
um “aborto” de grande quantidade de raízes, ficando o
substrato um ambiente inóspito, já que haverá apodrecimento
destas raízes, e devem ser removidas. Por esta razão, podas
drásticas da copa requerem idealmente podas de raízes.

Poda radical em troncos mais velhos


normalmente brotam aleatoriamente.

86
Cerca de 2 meses após o início da brotação. O Acer respondeu muito bem.

Função do transplante

Quando as raízes preenchem o vaso e envelhecem, elas passam a


trabalhar com dificuldade, e não conseguem absorver a água com
a mesma eficiência. Nestas difíceis condições, sobrevivem apenas
as raízes mais fortes, e as raízes mais finas secam e apodrecem.
Se não intervirmos a árvore começará a ter dificuldades para viver.

No transplante retiramos todo substrato antigo, que já perdeu


parte de suas melhores propriedades, e cortamos as raízes para
renová-las, eliminando as que estão em mal estado e as mais
velhas. Ao podar um ramo, vemos que surgem muitas brotações.
Com raízes grossas acontece algo parecido: ao podar, novas
raízes finas são emitidas pela planta.

A poda de raízes é muito importante para renovar a força das


árvores. Naturalmente o crescimento dos bonsai se regula
também pela frequência da rega e pela aplicação de adubos,
porém nada poderemos fazer se as raízes não estiverem em boas
condições. A renovação das raízes é a melhor maneira para
renovar a força de um velho bonsai. Dessa maneira também
podemos conter o crescimento de raízes que estejam muito
fortes.

87
O nebari, que é a formação de raízes na base do tronco, é um
dos elementos mais valorizados no bonsai. Se deixarmos as
raízes longas, ou altas demais no vaso, o nebari não se
desenvolverá corretamente, então, por outro lado,
desvalorizará o bonsai.

Embora o tronco e os ramos mais grossos sejam antigos, se


as raízes e ramos mais finos são jovens, podemos considerar
que na realidade a árvore é jovem. Embora um bonsai tenha
um aspecto envelhecido e uma casca rugosa, se o plantarmos
em um jardim e o deixarmos crescer livre, em poucos anos se
transformará em uma árvore jovem, desaparecendo inclusive
sua casca rugosa. As árvores possuem a capacidade de
rejuvenescer depois de podadas. Geralmente para que a
árvore possa rejuvenescer, o tronco e as raízes tem que ter um
tamanho que lhes permita continuar crescendo. Por isso não
somente os bonsai bem trabalhados, como também qualquer
árvore antiga coletada, se mantém jovens. É dessa forma que
o transplante prolonga a vida dos bonsai. Podemos dizer
então que o transplante rejuvenesce a árvore.

A poda de raízes
rejuvenesce um bonsai.

88
Cuidados pós transplante

Tão importante quanto a execução correta do passo a passo


do transplante são os cuidados pós transplante. Isto é
fundamental para o sucesso deste procedimento e garantir a
recuperação do seu Acer.

Dependendo da estação (veremos mais a frente sobre o


transplante em cada estação do ano) em que o procedimento
for executado, há menores ou maiores preocupações com
relação a estes cuidados. Os principais cuidados que
devemos ter é a exposição solar, exposição ao vento e
presença de agentes externos, como pássaros.

01 Exposição solar: Uma planta recém transplantada e que fique


exposta ao sol muito quente pode se desidratar com grande
facilidade. Cuidado com as horas de sol mais quente. Use
musgo esfagno para proteção do substrato, isto manterá o
substrato úmido por mais tempo. No outono este risco é
drasticamente reduzido.

O uso do musgo esfagno ajuda na estabilização da árvore após o transplante.

89
02 Exposição ao vento: correntes de vento seco e quente são um
grande problema para as folhas do Acer, e tendem a
desidratá-las rapidamente, causando queimaduras nas
folhas. Após um transplante este risco é acentuado. Cuidado
com o local onde deixará seu Acer. Não descuide da rega.

A exposição ao vento desidrata rapidamente as folhas do Acer, causando queimaduras.

03 Pássaros: a presença de pássaros é um risco, pois eles se


sentem atraídos pelo substrato, e, procurando por minhocas,
cavocam o solo do vaso, expondo raízes, que podem secar
rapidamente, principalmente as mais fininhas. Colocar uma
tela sobre o substrato pode ajudar a evitar isto.

Uma tela de proteção mantém o substrato longe da ação de pássaros.

90
Dica:
Pendure um CD (uma mídia antiga de compact disc) próximo
à sua planta. Ao girar com a força do vento, a luz solar
refletida espantará os pássaros.

Um CD pendurado sobre as árvores ajuda a espantar pássaros.

Adubações podem ser iniciadas cerca de 20 a 30 dias após o


transplante, caso efetue o transplante em outras estações que
não no outono. Se feito no outono, as adubações só serão
iniciadas no início da primavera.

Temperatura para crescimento das raízes

O ambiente influencia muito no desenvolvimento e


crescimento das raízes, e um dos fatores importantes é a
temperatura no interior do vaso, no substrato.

91
As raízes crescem continuamente através das pontas e
teoricamente seu desenvolvimento não tem limite.
Normalmente o maior crescimento das raízes ocorre a partir
dos 20°C, e começa a reduzir quando a temperatura no vaso
passa dos 30°C. O crescimento das raízes começa ao final do
inverno, chega ao máximo em meados da primavera e começa
a reduzir no final da primavera. No verão o crescimento das
raízes estagna, e recomeça ao final do verão atingindo seu
máximo em meados do outono. No inverno não há
crescimento.

O crescimento das raízes depende do desenvolvimento dos


brotos, o mesmo acontece de forma inversa: o crescimento
dos brotos depende do desenvolvimento das raízes. A maior
parte das plantas brotam primeiro para depois começar a
crescer as raízes. Porém, para crescer com força, os brotos
dependem diretamente do fornecimento de água das raízes
novas. Por isso, as condições das raízes no vaso são tão
importantes para o desenvolvimento do bonsai.

O transplante em cada estação do ano

O melhor momento para se fazer um transplante com poda de


raízes, será nos períodos de temperatura mais amena no ano,
que é outono ou primavera. Sobretudo no outono. Embora
muitos autores possam discordar disso, meus resultados
falam por si, e justifico logo a seguir.

. Transplante no verão

Esta é sem dúvida a pior época para transplantar seu Acer. As


temperaturas dos dias são muito altas, e a potência solar é
muito alta.

92
Fazer transplante nesta época não significa que sua planta vai
morrer, mas os cuidados pós transplantes devem ser
rigorosos. Logo após transplantar coloque sua planta à
sombra, tendo o cuidado de mantê-la sempre fresca,
borrifando as folhas com água pura. Evite exposição solar
direta nos primeiros 15 dias, principalmente nos horários
entre as 11 e 14hs, onde o sol é muito intenso. As folhas do
Acer são muito sensíveis e delicadas, e desidratam com muita
facilidade. Considere isso ao escolher o local de
acondicionamento após o transplante, de modo a evitar
correntes de vento seco e quente também. Volte a exposição
solar gradativamente após 20 dias, escolhendo os horários de
sol menos intenso, no início da manhã ou final da tarde.

. Transplante no outono

Este é o melhor momento para transplantar seu Acer. As


noites começam a ser frias, mas os dias ainda são quentes,
mas não tanto como no verão que acabou de terminar. Os
cuidados pós transplantes já não precisam ser rigorosos
como no verão, e a planta poderá ser exposta ao sol
imediatamente após o transplante.

Mas não descuide: em dias de temperatura muito alta, evite


esta exposição. No outono os dias ainda tem uma
temperatura que faz com que a planta tenha algum
desenvolvimento, favorecendo o fechamento dos cortes nas
raízes após o transplante, evitando que fiquem muito tempo
abertas. Feridas abertas são uma porta de entrada para
fungos e bactérias que podem debilitar e até levar nosso Acer
à morte. Fazendo o transplante nesta estação, ao chegar a
primavera, época de novas e intensas brotações, seu Acer já
estará plenamente recuperado da poda de raízes, não
perdendo tempo, portanto, para emitir novas raízes quando as
novas brotações surgirem.

93
. Transplante no inverno

É uma época que requer algum cuidado com as feridas nas


raízes. Nesta estação, o Acer praticamente para totalmente
seu metabolismo, cessa seu desenvolvimento, e hiberna.

Deste modo, uma poda de raízes deixará feridas que


possivelmente só iniciarão a sua cicatrização no início da
atividade de primavera, sendo necessário a aplicação com
muito cuidado de uma pasta selante nas feridas maiores. Mas
mesmo após a aplicação da pasta, ao acomodar a planta no
novo vaso e substrato, pode haver descolamento da pasta,
ficando a ferida aberta, um alvo fácil para entrada de fungos e
bactérias, que poderá debilitar sua planta.

. Transplante na primavera

Boa estação para transplante. A planta está iniciando suas


atividades do período de crescimento (primavera/verão), e
responde muito bem a muitas intervenções feitas neste
momento.

No entanto, quando podamos as raízes da planta neste


momento, poderemos causar um retardo no crescimento das
novas brotações, uma vez que a planta iniciará a emissão de
novas raízes, ao passo que, se já estivesse com o sistema
radicular recuperado, não haveria esta perda do tempo do
início da estação, e as brotações iniciariam o seu crescimento
imediatamente, tão logo a planta percebesse sua chegada.

A primavera é onde temos a mais intensa atividade


metabólica da planta. E é muito bom apreciar o Acer iniciando
sua atividade sem qualquer intervenção nas primeiras
semanas desta estação.

94
O passo a passo do transplante

Vamos ver o passo a passo do trabalho de transplante de um


bonsai. Lembre-se que toda e qualquer intervenção só deve
ser feita em uma planta saudável, que não esteja sendo
tratada de alguma doença.

O processo de transplante é praticamente o mesmo, seja um


vaso comum de plástico, de bonsai, em cerâmica, ou mesmo
em uma lasca de pedra, compondo os típicos Penjing, que são
bonsai em forma de paisagens.

Importante:
Esterilize a lâmina da sua ferramenta antes de fazer qualquer
corte no Acer, seja nas podas de raízes ou nos galhos, a fim de
evitar possível contaminação por agentes patógenos
provenientes de outras plantas. Utilize álcool para esterilizar.

Vaso comum

Primeiramente é colocado um pouco de substrato no fundo


do vaso, depois coloca-se a planta e por fim é completado o
vaso com substrato até o nível máximo da borda do vaso,
cobrindo a massa de raízes da planta, deixando exposto o
nebari, quando for o caso.

Retirando a planta do vaso em que está:

1. Retire o Acer do vaso e para isto use uma faca ou


espátula para desprender a massa de raízes das laterais
do vaso;

95
2. Caso não seja possível desbastar o torrão de terra com
um garfinho ou hashi, com auxílio de uma espátula ou
serra, corte fora o terço inferior da terra com raízes (linha
pontilhada);
3. Com auxílio de um garfinho ou gancho, desmanche um
pouco o torrão, desembaraçando as raízes.

Retirando a planta do vaso inicial.

Plantando no vaso (este passo já deve estar previamente


pronto antes de retirar o Acer do vaso em que estava, no
passo anterior):

1. Prepare o substrato;
2. Escolha o vaso;
3. Coloque uma tela cobrindo o furo de drenagem do vaso;
4. Passe um arame através dos furos, estes arames vão prender
a planta ao vaso, para evitar que se mova enquanto
desenvolve novas raízes;
5. Coloque um pouco de substrato no fundo do vaso;
6. Acomode a planta dentro do vaso e a amarre com o arame;
7. Complete o vaso totalmente com o substrato;
8. Com a ajuda de um palito tipo hashi acomode o substrato
entre as raízes, evitando grandes espaços vazios;
9. Regue devagar e abundantemente até que escorra bastante
água pelos furos de drenagem do vaso, pode exagerar na rega.
Esta rega generosa ajuda a eliminar o pó que tenha restado
quando peneiramos o substrato.

96
Coloque o seu Acer em um local sombreado e fresco (sem sol)
por aproximadamente 30 dias para que regenere as suas
raízes. Não falhe na rega neste período, pois poderá ser fatal.

Passo a passo de plantio em vaso comum.

Vaso de bonsai

Após desbastar o torrão e consequentemente reduzir sua


altura, podar as raízes mais ou menos no ponto da linha
pontilhada. Tenha sempre em mente que você deve preservar
o máximo possível de raízes finas, pois são elas as
responsáveis pela absorção de água e nutrientes. Se o torrão
se desfaz por completo, poderá ocorrer de arrebentar também
as raízes finas, por isso faça este trabalho com muito cuidado
e paciência. Coloque uma tela mosquiteiro sobre cada orifício
de drenagem do vaso e em seguida espalhe um pouco de
substrato para Bonsai em seu fundo. A quantidade de
substrato depende da altura que o torrão ficou, normalmente
colocamos uma camada de 1 cm mais ou menos.

Forma de cortar num transplante para vaso de cerâmica.

97
Por último, acomode o Bonsai no vaso, um pouco fora do
centro do vaso e complete com substrato. Use algum tipo de
palito ou hashi do diâmetro de um lápis, por exemplo (pode
ser de bambu), para preencher os espaços vazios no interior
do vaso, para acomodar o substrato entre as raízes, e
preencher espaços vazios.

Logo após o plantio, faça uma rega generosa. Esta rega ajuda
a eliminar o pó que tenha restado quando peneiramos o
substrato. Coloque o seu Acer em um local sombreado e
fresco (sem sol) por aproximadamente 30 dias para que
regenere as suas raízes. Não falhe na rega neste período, pois
poderá ser fatal.

Plantio definitivo. Por questões estéticas, a árvore


não deve ficar no centro do vaso.

Após estes 30 dias, você pode e deve colocar o Bonsai em um


local ensolarado, mas faça isto gradativamente. Nos primeiros
15 dias: num local em que o mesmo receba apenas 1 hora de
luz direta do sol. Passados esses 15 dias vá aumentando aos
poucos a incidência direta de luz solar. Esta regrinha serve
como base sobre como deve ser gradativa a exposição solar.

Adubações podem ser feitas 20 a 30 dias após o plantio.

O Acer aceita a lavagem total das raízes, e este procedimento


é muito bom, pois elimina vestígios de substrato ruim usado
anteriormente.

98
Porém use este procedimento somente em plantas já bem
estabelecidas, com bom desenvolvimento de suas raízes. Não
faça em Acer jovem, tais como os adquiridos no mercado com
cerca de 1,5 a 2 anos de idade. Estes ainda não estão prontos
para receber este procedimento de lavagem total das raízes.

Qual é a posição correta do Bonsai no


vaso?

Posições erradas: 1) No centro do vaso; 2) Muito para a lateral.

Posição correta de plantio do bonsai no vaso.

O tronco do Bonsai deve se situar entre as linhas A e B. Por


diversas razões, pode ocorrer de você não conseguir
posicionar o Bonsai corretamente no vaso quando for plantá-
lo pela primeira vez, seja na altura em relação à borda do vaso
ou na horizontal. Isto é bem comum. Mas não se preocupe, o
processo de aperfeiçoamento do seu bonsai de Acer é
gradativo, e a cada nova intervenção vamos conseguindo
melhores resultados e corrigindo defeitos que ficaram.
Plante-o assim mesmo.

99
A superfície do solo do Bonsai deve ser um pouco superior à
borda do vaso. Nas primeiras vezes comece plantando no
mesmo nível ou ligeiramente mais alto do que a borda do
vaso. Com a prática você saberá posicionar a planta
corretamente.

1) Plantado muito alto. 2) Plantado muito baixo. 3) Altura correta.

Qual é o tamanho do vaso devo usar?

O tamanho do vaso deve ser de 2/3 a um pouco mais de 2/3


do que a altura da planta ou Bonsai. - Exemplo se a planta
mede 30 cm, o tamanho do vaso deve ser de mais ou menos
20 a 23 cm. - Observe que o vaso de tamanho adequado nos
passa uma melhor impressão de proporcionalidade.

Tamanho do vaso: 1)Vaso muito pequeno; 2) Vaso muito grande; 3) Vaso de


tamanho adequado.

100
No primeiro ano após o transplante, o Acer tem crescimento
irregular dos ramos, tamanhos de folhas podem ser
irregulares e os entrenós ficam com um crescimento desigual,
uns longos e outros mais curtos. Isso se deve ao fato de que,
no primeiro ano, o Acer está repondo seu sistema radicular,
emitindo novas raízes, então é de se esperar este crescimento
irregular da copa da planta.

Já no segundo ano pós transplante, a planta já estará com


seu sistema radicular bem formado, as raízes recompostas, e
então o desenvolvimento da copa começa a ser uniforme, com
entrenós em crescimento homogêneo, folhas no tamanho
regular da espécie, e ramos sendo emitidos de forma
adequada. A copa então fica bastante densa e tende a crescer
bastante frondosa, fechando-se quase totalmente, típico do
acer.

Temos então o seguinte:

1. No primeiro ano pós transplante a planta estará


restabelecendo seu sistema radicular, o crescimento da
copa é irregular, não devemos nos preocupar com isso
neste momento, mas devemos manter as podas corretas a
fim de evitar engrossamento descontrolado de alguns
ramos;
2. No segundo ano, sistema de raízes restabelecido, copa se
desenvolvendo como seria o esperado.

Deste modo percebemos que o melhor para o Acer é o


transplante a cada 2 anos, pelo menos, para termos uma boa
formação da estrutura aérea da planta, a copa.

101
Engrossamento de tronco: A Fórmula do
Engrossamento
Transplantes muito frequentes fazem com que o Acer precise
com mais frequência emitir suas raízes mais finas, as
capilares, que são as raízes de alimentação, que absorvem os
nutrientes e a água. Se mantemos uma frequência menor de
transplantes com poda de raízes, algo em torno de 2 a 3 anos
entre transplantes, ao invés de fazer a cada ano,
proporcionamos à árvore que ela permaneça mais tempo com
suas raízes capilares, ganhando força em menos tempo, desta
forma, engrossando o tronco mais rapidamente. Então temos:

“A fórmula do engrossamento de tronco”


[Bacia larga + substrato poroso e drenante + pouca frequência
de transplante + podas menos frequentes da copa =
engrossamento rápido]

Onde:

 Bacia larga = uma bacia comum, barata, com muitos furos


no fundo e na lateral, de um tamanho que garanta o
desenvolvimento das raízes por alguns anos sem precisar
trocar, cuja profundidade não seja maior do que o vaso
atual do seu Acer;
 Substrato poros e drenante = é o substrato visto no
Módulo 04 “O Substrato”;
 Pouca frequência de transplante = pelo menos 2 anos
entre um transplante e outro;
 Podas pouco frequentes da copa darão força ao seu Acer,
garantido crescimento vigoroso (leia mais sobre o assunto
no Módulo 07 "Poda").

Dê tempo e espaço para as raízes do seu Acer crescer, e o


desenvolvimento dele será algo surpreendente.

102
Providenciar uma bacia mais larga, mas não muito profunda,
fará com que as raízes se desenvolvam lateralmente, que é
tudo o que precisamos no bonsai. Aliado a um tempo maior
entre transplantes, utilizando um substrato moderno drenante
e leve, tem-se um engrossamento substancial de um Acer em
menos tempo.

Para um engrossamento ainda mais rápido considere plantar


no solo, no campo. Este sim é o meio mais rápido de
engrossamento. Uma árvore sem o crescimento contido pelo
vaso engrossa mais rápido do que uma árvore que é
frequentemente podada. Mas se não houver controle através
de podas, rapidamente você perderá a forma pretendida de
bonsai da árvore. E os galhos engrossam muito rápido se não
forem podados na frequência certa.

As raízes podem ter seu crescimento controlado, nesta


situação, através do método conhecido como Sangria, onde
cortamos todas as raízes com a ajuda de uma pá de corte
bem afiada.

Com a planta no local, e sem removê-la de onde está, crave a


pá em todo o entorno da planta como se fosse removê-la,
mas não a remova, faça isso apenas para romper as raízes,
forçando a árvore a emitir novas raízes e novas ramificações
de raízes.

Transplante de mudas de Acer jovens


Em mudas jovens, tal como os pré-bonsai de Acer de 2 anos,
no primeiro trabalho nas raízes não deve ser feito o
desmanche do torrão de terra, elas podem se romper com
facilidade. Estas mudas normalmente são feitas a partir de
alporquia ou estaquia, e seus sistemas radiculares ainda são
pouco desenvolvidos, e normalmente, bastante frágeis.

103
Ao adquirir mudas deste tipo, o início do trabalho de raízes deve
ser feito com a retirada do pequeno pote, e o plantio num vaso
maior, mais largo, e de preferência não mais profundo, sem
desmanchar o torrão de terra, e preenchendo as laterais do torrão
com um substrato moderno, próprio para cultivo. Isto vai favorecer
o desenvolvimento radial das raízes, e fortalecer o sistema
radicular que parte do tronco, tendo em pouco tempo, um sistema
forte, capaz de aguentar, no próximo transplante, a manutenção
correta do torrão, sendo então possível desmanchar o torrão, lavar
e selecionar raízes e direcioná-las corretamente. Neste momento
seu pré-bonsai já estará com cerca de 3 a 4 anos, e as raízes já
estarão mais desenvolvidas, fortalecidas, tanto em ramificações,
quanto o ponto de partida delas, na base do tronco. Agora já é
possível mexer no torrão sem medo de danificá-las, executando
um transplante como mencionado anteriormente.

Muda Jovem de Acer Palmatum com 2 anos. 1) Transplante para um vaso


maior; 2) Pouco mais de 1 ano após o transplante para um vaso maior, com
substrato moderno, a árvore mostra um excelente desenvolvimento.

104
Resumindo o procedimento:

1. Use uma bacia ou vaso comum mais largo que o vaso em


que a planta está;
2. Retire a planta do vaso SEM DESMANCHAR O TORRÃO DE
TERRA;
3. Insira uma camada de substrato no fundo do vaso ou
bacia (use o substrato visto no Módulo 04);
4. Posicione a planta no vaso;
5. Preencha o restante do espaço com o substrato, usando
um hashi para acomodar o substrato e preencher
completamente os espaços;
6. Jamais lave as raízes deste tipo de muda, elas ainda são
muito jovens para receber este tratamento. Você pode
lavar raízes de Acer, mas não em mudas jovens como as
destes caso;
7. Neste procedimento não corte, não mexa, não puxe, não
faça nada nas raízes. Apenas preencha os espaços do
vaso com o substrato.

Este procedimento é crucial para o sucesso do cultivo quando


estamos começando com uma muda jovem, cuja massa de
raízes ainda é pouco desenvolvida. Fazendo isto você ganhará
tempo no desenvolvimento do seu Acer, ao invés de aguardar
mais 1 ano para o procedimento. O uso do substrato correto o
quanto antes, vai trazer para o seu Acer os melhores
resultados rapidamente.

Experimente, faça testes. O cultivo de Acer realmente requer


isto!

105
MÓDULO
ARAMAÇÃO
ARAMAÇÃO

Esta é a técnica que permite dar forma a uma árvore através


da mudança de direção do tronco ou dos ramos. Pode ser
usada para criar ou aperfeiçoar a composição de um bonsai.
Depois de dominada a técnica da aramagem, outras
possibilidades começam a aparecer. Por exemplo, os ramos
com crescimento naturalmente vertical podem ser aramados
para crescerem horizontalmente ou no sentido descendente,
dando uma impressão de maturidade numa árvore
relativamente jovem.

Inicialmente, a aramagem é feita para orientar o tronco e os


ramos principais. O crescimento seguinte exige nova
aramagem para manutenção e aperfeiçoamento.

Aramação nos galhos.

107
A aramagem é uma competência técnica que exige prática,
mas com algum cuidado aprende-se facilmente. Para alguns
iniciantes pode ser difícil aceitar a necessidade de aramagem,
no entanto, os mais belos e famosos bonsai talvez não
existissem sem o uso desta importante técnica.

Quando aramar
Teoricamente, a aramagem pode ser feita em qualquer época,
embora as árvores estejam mais sujeitas a sofrer danos com
o processo no início da Primavera e no início do Verão,
quando estão cheias de seiva e têm brotos novos e macios, ou
no começo do Outono, quando é natural a madeira estar
engrossando.

Com árvores de folha caduca, é mais fácil ao iniciante verificar


quais mudanças são necessárias na estrutura durante o
Inverno, quando os ramos estão despidos, mas no tempo frio,
é provável que a madeira esteja quebradiça e suscetível a
sofrer danos. A melhor época para árvores de folha caduca é
antes de os delicados botões abrirem na primavera, ou no
Outono, antes do período de repouso. Contudo, o Acer que
tenha sido desfolhado no verão, são melhor aramados
imediatamente depois de as folhas terem sido cortadas. Os
ramos estão mais flexíveis nesta época, e há menos chances
de o arame cortar, quando o crescimento não é tão vigoroso
como na Primavera.

Dica:
Deixe de regar dois ou três dias antes da aramagem. Um
tronco ou ramo que esteja hidratado é mais difícil de
manipular, por isso a árvore é mais flexível se não tiver sido
regada recentemente. CUIDADO! Faça isso com cautela: em
alguns casos, dois dias sem regar pode causar danos
irreversíveis em seu Acer.

108
Durante quanto tempo manter o arame
O período para manter o arame na árvore varia de acordo com
vários fatores: a grossura do tronco ou galho, o tipo de árvore,
a idade da madeira. Um tronco grosso é mais resistente à
orientação do que um fino; os troncos ou galhos jovens e
flexíveis são trabalhados mais facilmente do que a madeira
madura.

Verifique regularmente a aramagem para ter certeza de que


não está começando a marcar a casca enquanto a árvore
continua se desenvolvendo e engrossando. Nas árvores de
folha caduca, a aramagem pode ser mantida durante três a
seis meses. Verifique regularmente se o arame não está
estrangulando o galho. Algumas marcas demoram muitos
anos para se tornarem imperceptíveis.

Galho estrangulado pela aramação que ficou tempo demais.

109
Dica:
É comum no Acer deixarmos o arame marcar os galhos antes
de retirar. Estas marcas estimulam a árvore a formar uma
casca sobre as marcas, formando pequenas cicatrizes que
dão um aspecto de maturidade ao Acer. Neste caso, usamos
um arame mais grosso que o recomendado. Aplique esta
técnica com cuidado, e com algum projeto prévio, para não
deixar o arame estrangular o galho.

Tronco propositalmente marcado pelo arame, de modo a deixar cicatrizes.

Retirar o arame

Pode retirar o arame desenrolando-se ou, preferencialmente,


cortando-o em pequenos pedaços. O corte diminui o risco de
danificar a árvore. Caso tenha deixado o arame por muito
tempo e este tenha penetrado na casca, desenrole-o
cuidadosamente, seguindo a direção que usou ao enrolá-lo.
Se a casca estiver cortada profundamente, aplique uma pasta
cicatrizante.

110
Depois de retirar o arame, tenha atenção novamente, pois é
natural que alguns troncos ou galhos voltem à sua posição
original. Isso acontece lentamente, mas desde que comece a
acontecer, terá que aramar novamente. A segunda aramagem
pode seguir a direção da primeira, mas se a árvore estiver
ferida, terá de enrolar o arame na direção oposta à da
aramagem anterior.

Tipos de arame
Os dois tipos mais comuns de arame usados para bonsai são
o de alumínio e o cobre. O arame de cobre tem de ser
temperado para permitir a resistência, de forma que fique
mais fácil de dobrar. É possível encontrar arame de cobre pré-
temperado à venda.

O arame não temperado é facilmente encontrado: o processo


de temperar o arame implica o seu aquecimento a uma
temperatura baixa até que ele ganhe uma cor rubro-cereja
brilhante, sendo depois resfriado lentamente. Se aquecer
excessivamente, torna-se quebradiço.

O arame de cobre é recomendado para aramar coníferas


porque sustentam bem a madeira bastante elástica que estas
possuem. Este também tem desvantagens: com o tempo,
tende a endurecer, aumentando o risco de danificar o bonsai
quando o arame for retirado. Ao retirar, se tiver interesse em
reutilizar, pode ser necessário temperar novamente o arame.

O arame de alumínio é o mais recomendado para Acer. É


menos suscetível de danificar a casca, sendo mais leves e
macio do que o arame de cobre, mas é menos resistente e, por
isso, tem que ser usado um calibre mais grosso para
conseguir o controle necessário do tronco ou do ramo. No
entanto, a maciez faz com o alumínio seja mais fácil de
remover do que o arame de cobre, podendo ser reutilizado.

111
A cor brilhante e prateada do alumínio não é apropriada à cor
natural das árvores, por isso é preferível usar arame de
alumínio que tenha sido tratado para retirar o brilho e ficar
com um colorido acobreado. É facilmente adquirido e é o mais
utilizado.

Espessura e comprimento do arame


Há arames de muitas e diferentes espessuras, e deve adaptar
cuidadosamente seu calibre ao tamanho e vigor do tronco ou
ramo a ser aramado. É recomendável uma espessura
aproximadamente entre um sexto e um terço do diâmetro da
madeira, mas tem que levar também em conta a idade e
resistência da madeira e a torção que tem de fazer ao modelar
o bonsai.

Para avaliar o comprimento do arame de que necessita,


calcule uma a três vezes o comprimento do tronco ou ramos
que vai aramar. Isto permite enrolar o arame à volta de um
ramo num ângulo de 45º, o melhor ângulo para uma
aramagem eficaz. É muito importante não cruzar o arame, não
só porque é feio, mas também porque se por acaso o arame
penetrar na madeira, o cruzamento cria um torniquete que
corta o fornecimento de seiva, matando o tronco ou o galho
acima desse ponto.

Técnicas de aramagem

É importante aprender a aramar uma árvore com destreza e


precisão. Há muita gente que parece não se preocupar com a
destreza, mas a falta de cuidado na aramagem se refletirá
numa modelagem da árvore insatisfatória. Quando começar a
praticar a técnica da aramagem, levará algum tempo para
conseguir fazê-la bem feita, mas uma vez adquirida a
destreza e a precisão, passará a fazê-la rapidamente.

112
No caso do Acer, a aramagem normalmente é feita buscando
formar uma árvore de copa densa. Enquanto numa conífera se
busca formação de patamares até mesmo em árvores
relativamente jovens, este efeito no Acer normalmente só é
buscado em plantas já desenvolvidas, que tenham maturidade.
Acer, na natureza, é uma planta que desenvolve copa densa e
cheia, então procuramos representar isto em vaso.

Antes de começar, tenha certeza de que tem arame suficiente


para concluir o trabalho. Providencie ferramentas adequadas
para cortar o arame, alicates suficientemente fortes e que não
marquem a casca da árvore. Pode também necessitar de
alicates para pegar o arame e ajudá-lo a dar acabamento nas
pontas. Um simples alicate de bico resolve este trabalho.

Um simples alicate de bico pode ajudar. Mas um alicate de cortar arames


deve ter o ponta arredondada para um corte sem causar danos ao galho.

Se for trabalhar numa árvore com ramos fortes que tenham que
ser muito torcidos, pode precisar de ráfia para enrolar em volta
dos ramos antes de os aramar, o que protegerá a casca. É
também aconselhável por vezes envolver o arame com papel
quando se trabalhar com galhos delicados.

113
O arame tem que ficar bem ancorado e firme para ser eficaz.
Para um tronco com um ramo baixo, o arame pode ser preso
na terra. Com ramos altos, é costume aramar dois ramos com
o mesmo arame, dando uma volta em torno do tronco para o
prender. A aramagem é feita iniciando da parte mais forte da
árvore para a mais delicada. Se precisar aramar o tronco,
comece por ele mesmo. Faça a aramagem dos galhos,
começando pelo nível mais baixo para os níveis mais altos. Há
pessoas que preferem aramar todos os ramos no seu
comprimento até toda a árvore estar aramada, depois voltam
aos galhos mais finos para se dedicarem aos detalhes. Há
outros cultivadores que preferem completar um ramo de cada
vez tanto com o arame principal como com o auxiliar antes de
passarem adiante.

Há outros métodos de modelagem, incluindo o de prender os


ramos com cordas ou arames, suspendendo pesos neles, ou
ancorando no vaso e nas raízes. Todos eles são ótimos e
funcionam muito bem.

114
MÓDULO MÉTODOS DE
REPRODUÇÃO
MÉTODOS DE REPRODUÇÃO

Neste capítulo veremos os métodos mais utilizados para a


reprodução de Acer. Todos os procedimentos mostrados aqui,
eu realizo com sucesso no viveiro.

Alporquia
A alporquia é um método de reprodução que consiste em
provocar um enraizamento em uma parte madura de uma
planta adulta. Este procedimento pode ser realizado em um
galho apenas ou no tronco de uma árvore. A alporquia tem
muitas vantagens sobre outros métodos, como estaquia, por
exemplo, e uma delas é a possibilidade de você encontrar em
uma planta adulta, um galho ou uma parte desta planta, que,
se você conseguir reproduzir ou enraizar, em pouco tempo
terá um ótimo bonsai. É um procedimento muito gratificante,
dada a sua facilidade de execução e rapidez na obtenção de
uma nova muda.

Este é o melhor método de obtenção de mudas em Acer. Eles


aceitam muito bem este procedimento, sendo o método mais
indicado para galhos com diâmetros superiores a 1cm. É
muito seguro, obtém-se bom material para bonsai
rapidamente e é possível obter um bom enraizamento já nos
primeiros meses da extração da nova muda, se comparado ao
método de estaquia.

Alporquia em um galho com boa formação.

116
Outra aplicação da alporquia é a correção do nebari, quando a
planta apresenta uma formação de raízes com pouca atração
visual para bonsai. Podemos então recorrer à alporquia para
consertar um nebari defeituoso, refazendo-o completamente,
o que de outra forma talvez fosse mais difícil ou até mesmo
impossível corrigir. Chamamos isto de alporquia baixa. É um
alporque feito logo acima do nebari da planta.

Alporquia em mais de um galho em uma mesma árvore.

117
No método da alporquia, o galho escolhido para fazer o
anelamento (ver a seguir), durante processo de enraizamento
do galho, o ideal é que se tenha bastante massa verde (galhos
e folhas), para que haja mais incentivo e estímulo para
enraizamento. Portanto, neste período, evite fazer podas no
galho onde a alporquia foi executada.

Como fazer a alporquia


Materiais necessários:

 Musgo esfagno (um de tipo de musgo que se parece


estopa encontrado em florais);
 Plástico transparente (melhor visualização quando
surgirem novas raízes) ou opaco, ou então filme de
alumínio;
 Barbante;
 Canivete bem afiado, ou estilete.

Procedimento:

1. Com auxílio de um canivete ou estilete, retire a casca do


galho no ponto que você deseja que surjam as novas
raízes. Faça um anelamento de casca retirada neste
ponto. Este anel deve ter pelo menos 1 cm de largura, mas
para galhos mais grossos, pelo menos 2 cm de largura.
Este corte se chama Anel de Malpighi;

O método da alporquia.

118
2. Junte neste local o esfagno bem úmido conforme a figura.
Você deve colocar o musgo em todo o entorno do corte;
3. Passe o plástico transparente (ou filme em alumínio) em
volta do esfagno e amarre bem para manter a umidade
constantemente. Pode usar um plástico opaco ou preto. Um
plástico transparente facilita a visualização quando há
emissão de raízes.O filme de alumínio facilita o
envolvimento do musgo, e dispensa o uso de barbantes nas
extremidades.
4. De 40 a 45 normalmente as raízes já poderão surgir. Evite a
curiosidade de ficar abrindo constantemente para verificar
se já enraizou. Pode verificar, eventualmente, mas evite a
frequência;
5. Após o aparecimento das raízes, cerca de 120 dias depois,
retire o plástico, corte logo abaixo do local do enraizamento
e plante com muito cuidado em um vaso qualquer, para que
aumente a quantidade de raízes.
6. O substrato utilizado já pode ser o definitivo para bonsai,
aquele que vimos no Módulo 4 “O Substrato”.
7. Pode ser usado hormônio enraizante. Neste caso, passe o
hormônio sobre o corte superior, e em toda a casca acima
do corte superior em cerca de 2 cm. Eu não uso qualquer
tipo de hormônio nos alporques que faço.

Quanto tempo é necessário para ocorrer o


enraizamento?
No Acer é comum aparecer as primeiras raízes em torno de 45
dias após o procedimento. O corte, ou separação da planta-mãe,
só deve ser feito cerca de 4 meses depois do aparecimento das
raízes.

Atenção:
Embora seja o método de reprodução mais seguro, com alto
índice de sucesso, ele não garante uma eficácia de 100%,
podendo falhar, não ocorrendo o enraizamento. Isto é comum de
acontecer. Em alguns casos, ao invés de formar raízes, a planta
forma um calo lenhoso no corte. Se isto ocorrer, repita o
procedimento desde o início.

119
Qual época do ano fazer o procedimento?
Uma boa época para se fazer alporquia é quando a planta está
com atividade metabólica acelerada, para estimular a
formação de raízes o mais rápido possível no corte. Então,
uma boa época seria no início da primavera, que é quando a
planta está em intensa atividade de brotação, podendo ser
executada durante todo o período de crescimento (primavera
e verão), mas quanto mais cedo na primavera, melhor. Evite
fazer a alporquia no final do verão, que é quando a atividade
da planta já começa a dar sinais de desaceleração pela
proximidade do outono.

Este procedimento só deve ser feito em plantas saudáveis. Se


perceber que sua planta está com alguma debilidade, não faça
alporquia.

Observações:

1. Quando você retirar a casca, não tenha medo, e é preciso


que se retire a casca completamente, ou seja, até a parte
dura, o cerne do tronco ou galho.
2. Nunca esqueça que o musgo esfagno já deve estar
previamente úmido para realizar o procedimento.
3. Depois de enraizado, abra o plástico evitando mexer no
musgo esfagno, corte o galho ou tronco logo abaixo do local
do enraizamento, e plante em um vaso comum. Não se
preocupe com o vaso neste momento, use um de plástico,
desses normais de cultivo. O substrato já pode ser o de
cultivo, aquele que você usaria normalmente em um bonsai
(ver Módulo “O Substrato”).
4. Após separar da planta-mãe, e plantar em um vaso, não
aperte a terra, pois poderá ocorrer o rompimento destas
raízes recém formadas. Use um hashi para acomodar
corretamente o substrato, apenas isso, e regue
generosamente. Isto fará o substrato ocupar todos os
espaços. Se houver necessidade, complete com mais
substrato após este se acomodar.

120
5. Tome muito cuidado com as primeiras raízes, elas são muito
frágeis e se rompem com extrema facilidade.
6. Durante o processo de enraizamento, se perceber que o
musgo esfagno secou, você pode injetar água utilizando
uma seringa com agulha. Se o musgo esfagno estiver bem
vedado nas extremidades, dificilmente secará. Mas é bom
ter esse cuidado, e observar. O musgo esfagno seco pode
ser fatal para sua nova muda, se ela já tiver emitido raízes.

Dica:
Abrir a massa de raízes recém formada com as raízes enroladas
ao musgo esfagno pode ser bem difícil, pelo emaranhado que
fica entre as raízes e o musgo. Isto deve ser feito com muito
cuidado para evitar o rompimento destas raízes. Uma forma de
facilitar este trabalho é usar o musgo esfagno picado antes de
iniciar o procedimento da alporquia. Picar o musgo com uma
tesoura facilita este procedimento pós-enraizamento.

A partir de agora o cultivo segue normalmente, como uma planta


independente, com uma rotina de adubação em 20 a 30 dias
após o plantio. Agora é possível fazer podas na copa, e todos os
procedimentos de cultivo normalmente. Não faça novo
transplante antes de 2 anos, que é um tempo suficiente para o
bom desenvolvimento das raízes do seu novo Acer.

Dica:
No segundo ano após separar a alporquia da planta-mãe, faça
um transplante e aparafuse uma madeira logo abaixo das raízes.
Chamamos isto de madeirite. Isto incentivará um
desenvolvimento de raízes totalmente radial (para as laterais,
em direção às bordas do vaso), e não axial (para o fundo do
vaso), formando assim um nebari correto para seu futuro bonsai
de Acer. E então plante a nova muda em um vaso largo, e de
preferência pouco profundo para o bom e correto
desenvolvimento das raízes.

121
Estaquia
Este é sem dúvida o procedimento mais fácil e rápido de
execução. Trata-se do processo de corte e plantio de uma
parte, ou pequeno galho de uma planta, que seria jogado fora,
e que pode servir para obtenção de uma nova planta, através
do plantio em substrato adequado, de modo a favorecer o
desenvolvimento de novas raízes neste galho. É a forma mais
rápida de se obter material para novas mudas, visto que
qualquer poda pode gerar material para obter dezenas de
novas mudas, apenas fazendo o plantio destas estacas.

É um procedimento que tem muitas vantagens, mas também,


suas desvantagens. É bastante rápido na execução, não
requer nenhum conhecimento técnico, e pode ser feito a
qualquer tempo, em qualquer momento, com as podas de
rotina de um Acer. Por outro lado, havendo demora no
enraizamento, a estaca pode secar ou apodrecer antes de as
raízes serem emitidas. Se o substrato escolhido não tiver as
características corretas, o enraizamento da estaca fica
comprometido.

Acer tem baixa assertividade neste método. Tenho feito


muitos testes com diferentes tipos de substrato. Nas últimas
tentativas e testes, consegui elevar minha taxa de
enraizamento, de cerca de 40%, para percentuais próximos a
70%, o que, no caso do Acer, é algo relevante, graças ao
substrato que testei e venho utilizando. E sem o uso de
hormônios enraizadores, tais como AIB (ácido indol butírico),
entre outros. Dispenso o uso destes. Numa escala comercial,
para grandes produtores talvez fosse interessante, mas não é
o meu caso.

Qual melhor época para obter estacas


A estaquia pode ser executada a qualquer tempo, independen-

122
te da estação, porque numa eventual poda de rotina é possível
obter o material adequado para o procedimento. Mas de modo
geral, aqui no viveiro, a época que mais obtenho estacas é no
inverno, quando todos os Aceres estão ainda dormentes,
completamente sem folhas. Neste período, faço podas em
todas as plantas (ver módulo “Poda”), gerando o maior
número de estacas no ano, a fim de preparar as plantas para
as novas brotações da primavera, que se aproxima. É então o
momento que obtenho a maior quantidade de material para
estaca.

Prefiro as estacas colhidas no inverno, a partir de brotações


de verão que não foram podadas, porque estas já estão
lignificadas, visto que deixo-as desenvolver-se por mais
tempo. As estacas muito verdes, geradas de pequenas podas,
não servem, são estacas que não lignificaram, então descarto.
No verão o crescimento não é tão intenso quanto na
primavera, então posso deixar para podar somente no inverno.
No outono o crescimento é quase nulo. Desta forma é no
inverno que obtenho as melhores estacas.

Dica 01:
Só servirão de estacas aqueles materiais já lignificados, ou
seja, aqueles que já atingiram uma maturidade de madeira na
sua estrutura. Estacas de ponteiras pouco desenvolvidas, com
a sua estrutura ainda macia, não servem para estaquia.

Dica 02:
Ao cortar as estacas, se não for possível plantá-las
imediatamente no substrato adequado, seja por estar longe
do recipiente, ou qualquer outra razão, tenha uma bacia cheia
de água ao seu lado, e coloque as estacas dentro, para que
elas não se desidratem até que você leve para o local onde
vão ser plantadas. Seja breve neste momento! São minutos
cruciais para o sucesso.

123
Substrato para estaquia
Muitos foram os testes que fiz a fim de encontrar o melhor
substrato para estaquia, aquele que me entregasse o melhor
aproveitamento do material resultante das podas. A principal
característica que busquei foi a de que fosse barato, ou seja,
economicamente viável, visto que tenho o interesse de
divulgar para o maior número de pessoas, e sendo este muito
caro, acabaria sendo inacessível para muitos, desencorajando
os cultivadores a terem a felicidade de obter suas próprias
mudas de Acer, a partir de um procedimento barato.

Acabei conhecendo uma mistura que já vem pronta: substrato


para cultivo de morangos. É um substrato muito barato, e
pode ser encontrado na CEASA de sua cidade e em
agropecuárias, vendido em pacotes chamados “slab”, ou seja,
slab para cultura de morangos. A característica principal
deste substrato é sua porosidade e leveza. Embora seja um
substrato de muita matéria orgânica, é de difícil compactação,
e se mantém assim até o momento de a estaca estar pronta,
já enraizada, dada a sua composição leve e porosa.

Substrato para morangos já vem pronto, e é até o momento o substrato que


venho utilizando. Note a presença da casca de arroz.

124
Caso você não encontre este substrato pronto de cultivo de
morangos, é possível montar o seu próprio. Ele é composto
pelos seguintes componentes:

 Casca de pinus triturada;


 Casca de arroz carbonizada;
 Cinza de arroz;
 Composto orgânico granular de boa procedência.

A casca de arroz e o pinus são capazes de tornar a mistura


muito porosa e menos suscetível à compactação, e se manter
úmida por um bom período, que é exatamente o que
precisamos para nossas estacas de Acer. Ele já vem com um
bom tamanho de grão de modo que o substrato mantém um
contato superficial em grande porção da estaquia, o que é
fundamental para o sucesso no enraizamento.

Você pode utilizar o mesmo composto orgânico Biomix


recomendado no Módulo 04 “Substrato” e acrescentar a casca
de arroz, que é facilmente encontrada na internet em sacos de
1kg ou semelhantes. Pesquise em sites como Petz ou
MercadoLivre onde poderá encontrar com facilidade.
Inicialmente você pode testar assim:

 Substrato Biomix: 60 a 70%;


 Casca de arroz: 40 a 30%.

Vá adaptando, adicionando ou reduzindo um ou outro


componente. Aqui também vale o teste. Não é necessário
adicionar carvão nesta mistura, nem pedrisco. Também não é
necessário peneirar o substrato.

Caso você não consiga encontrar estes substratos prontos


(Biomix nem de morangos), nem a casca de arroz, você
poderá montar a sua própria composição.

125
Você pode utilizar o mesmo substrato utilizado para bonsai,
conforme falamos no Módulo 04 “Substrato”, também vai
funcionar bem. Mesmo assim, caso pretenda compor sua
própria mistura para estaquia, se atente às seguintes
características que o substrato deve conter:

 Deve ser leve e poroso;


 Deve ser capaz de acumular umidade suficiente para manter
úmida a estaca;
 Não pode acumular água, apenas umidade
 Deve ser de difícil compactação, o que garante a umidade
correta e a facilidade da colheita.

Evite usar areia de construção. Mesmo as mais grossas, não


têm características ideais para enraizamento de estacas de
Acer. Se for muito grosseira, tipo o pedrisco utilizado em
substratos para bonsai (mencionado no capítulo “O Substrato”),
ela não acumula umidade suficiente, e logo seca, deixando sua
estaca vulnerável.

Nunca deixe que o substrato seque totalmente onde as


estaquias estão plantadas. Isto pode ser fatal para sua
estaquinha, principalmente se ela já tiver emitido raízes.

Tomando estes cuidados consegui elevar o percentual de


pegamento para valores próximos a 70%, sem o uso de
hormônios enraizantes, tipo AIB. Desde que comecei a utilizar
este tipo de substrato para estaquia, deixei de usar
completamente hormônios enraizantes, pois apenas o uso deste
substrato já me trouxe resultados extremamente satisfatórios.

Preparando as estacas
Ao cortar os galhos para obter as estacas, corte em diagonal. A
estaca deve ter pelo menos 15 cm de comprimento. Dê
preferência para estacas com diâmetro inferior a 1cm, caso seja
de diâmetro superior, prefira o método da alporquia.

126
As estacas têm pelo menos 15 cm de comprimento e diâmetro menor que 1 cm.
O corte em diagonal aumenta o lábio de contato com o substrato.

Em muitas estacas que houve enraizamento, percebi que as


raízes surgiram em vários pontos a partir da porção enterrada
do galho, não exatamente no lábio do corte. De qualquer modo,
o corte em diagonal visa aumentar a região de contato do lábio
da estaca com o substrato, aumentando nossas chances de
enraizamento.

Enquanto estiver cortando as estacas da planta matriz, deixe as


estacas cortadas de molho em água pura até o momento em
que for plantá-las no substrato. Evite deixar que as estacas
fiquem fora da água ou do substrato por muito tempo.

127
Alguns minutos fora destas condições, já são suficientes para o
sucesso ou fracasso do método. É válido deixar de molho por
alguns minutos numa solução de SuperThrive de 2 ml/litro de
água. Eu dispenso totalmente o uso deste fertilizante, mas seu
uso pode ser válido. Eu julgo ser um material muito caro para o
resultado conseguido. Use apenas se já tiver, caso não tenha,
não se preocupe.

Antes de cortar as estacas, certifique-se de que o substrato já


está pronto, e já adicionados nos potes ou caixas de mudas que
serão utilizados para plantar as estacas e previamente
umedecido para melhor inclusão das estacas.

Caixa de mudas previamente preparadas com substrato já umedecido.

Não há necessidade de deixar folhas na estaca colhida. Sua


presença não aumenta o índice de pegamento da estaca. Como
faço o procedimento no inverno, que é quando faço muitas
podas de manutenção nos meus Aceres, dificilmente tenho
estacas com folhas, provando que as folhas não aumentam as
chances de enraizamento da estaca.

128
As estacas vão sendo inseridas na caixa com substrato previamente umedecido.

Local de cultivo de estacas


Um bom local de cultivo de suas estacas será um local abrigado
do vento e da luz solar direta. O vento tende a secar
rapidamente o substrato, então é um cuidado extra a ser ter,
caso não seja abrigado. O sol, da mesma forma, pode secar
rapidamente o substrato. Evite que o substrato seque
totalmente. Mantenha a umidade.

129
Exposição solar somente quando você notar após 3 a 4 meses
a emissão de novas brotações. Caso não seja possível fazer
uma estufa, mantenha na sombra de outras árvores, tendo o
cuidado de manter sempre uma boa umidade no substrato.
Há estudos que indicam que as estacas enraízam melhor em
temperaturas acima de 20ºC. Portanto, o final do inverno é
realmente uma boa época para colher estacas.

Como saber se a estaca já enraizou


Evite a curiosidade de mexer na estaca. Qualquer toque nela
que a faça balançar, poderá quebrar eventuais raízes que a
estaca esteja emitindo. Evite ao máximo isso.

Se a estaca não secar nem apodrecer em até 60 dias, é


possível que ela esteja emitindo raízes. Quando ela seca, sua
coloração é marrom acinzentada, e quando apodrece, uma
coloração preta começa a aparecer a partir da base, na parte
que está enterrada. Em ambos os casos a estaquinha falhou,
pode retirar e descartar.

É comum a estaca emitir novas brotações muito rapidamente


poucos dias após a termos enterrado. Não se precipite! Isto é
brotação de energia acumulada. Apenas deixe como está, não
retire, não interfira, e continue acompanhando e mantendo a
umidade do substrato normalmente. Estas brotações de
energia acumulada, normalmente são sem brilho, de uma
coloração verde meio desbotada.

Em quanto tempo retirar as estacas


É esperado um período de pelo menos seis (6) meses para
que a estaca já tenha bom enraizamento, mas não deve ser
mexida ainda. Podemos esperar de 10 meses a 1 ano para
que seja retirada a estaca, e plantada em um vaso de cultivo.

130
Após retirar a estaca do recipiente de enraizamento,
providencie um vaso onde você vai deixá-la pelos próximos 12
meses, pelo menos, para um correto e eficaz enraizamento.
Neste período sua estaca fortalecerá as raízes que partem do
tronco, e desenvolverá todo o sistema radicular. O substrato
para plantio pode ser o mesmo usado para bonsai (ver
módulo 04 "Substrato"). Pode iniciar uma rotina de adubação,
tal como se faz com um bonsai (ver módulo 05 “Adubação”).
A partir de agora você já poderá tratá-la como uma muda de
Acer normalmente, mantendo todos os cuidados de rega,
adubação e exposição solar.

Semente
Este é um grande desafio, e uma busca incessante de alguns
cultivadores apaixonados pelo Acer. Vou tentar aqui
reproduzir fielmente o procedimento que me fez ter sucesso
na germinação de sementes de Acer Palmatum. Mas antes,
vou fazer algumas considerações.

Sementes de Acer são em pares, providas de uma hélice cada.

131
Germinar sementes de Acer depende de alguns fatores: época do
ano, a qualidade da semente, a temperatura à qual a semente foi
anteriormente exposta, a forma como foi coletada e armazenada e
também dos requisitos de dormência da semente. São aspectos
difíceis de controlar se estiver em uma região pouco propícia para
o cultivo de Acer.

Dê preferência às sementes frescas que amadureceram e foram


coletadas na safra anterior. As sementes de Acer podem ter uma
vida útil relativamente curta em comparação com as sementes de
hortaliças. Sementes velhas podem não ser germináveis. Isto
pode explicar porque muitas sementes adquiridas na internet, na
maioria das vezes, não germinam.

Sementes são naturalmente programadas para germinar em seu


habitat natural, quando as condições de cultivo são favoráveis,
isso é um fator biológico. Para muitas espécies, sementes
emitidas no final do verão e no outono ficam dormentes durante o
inverno e germinam quando a temperatura do solo aumenta na
primavera. Ou seja, as sementes não germinam imediatamente
quando caem no solo, no outono. Isso resultaria em mudas jovens
que morreriam pelas primeiras geadas do inverno. Mas se ela
germinar na primavera, uma muda jovem tem uma estação inteira
para crescer e se fortalecer, preparando-se para seu primeiro
inverno como uma muda jovem.

Essa é a lógica que justifica a importância de entender a


necessidade de buscarmos proporcionar o mais próximo possível
as condições naturais de crescimento do Acer para fazê-lo
germinar por semente. As espécies mais fáceis de germinar são
quase sempre aquelas encontradas localmente. O fato de essas
espécies serem capazes de se reproduzir por sementes também
significa que seu clima local é favorável para a germinação. Se
uma árvore é capaz de germinar suas sementes simplesmente
deixando-as cair no chão, você também pode, mas terá que dar a
ela as condições ideais. Em algumas regiões do Sul do Brasil, a
germinação é capaz de acontecer naturalmente, com as sementes
caindo no chão, mas a maior parte do país não tem esta condição
naturalmente. É preciso, então, criar esta condição artificialmente,
como veremos a seguir.

132
Procedimento para germinar sementes
de Acer
Todo o processo descrito a seguir foi exatamente o que fiz, e
que obtive sucesso na germinação de sementes de Acer
Palmatum, mas o procedimento pode ser reproduzido para
qualquer cultivar de Acer. A maior parte do Brasil não tem um
clima favorável para cultivo de Acer, por essa razão é preciso
imitar as condições climáticas do habitat natural do Acer para
tornar possível a germinação de sementes. E o procedimento
que descrevo a seguir faz exatamente isso.

Coleta de sementes

As sementes de Acer surgem no início da primavera, junto


com as novas brotações. Pequenas flores surgem, e se
tornam sâmaras (um fruto seco) poucos dias depois, e então
se tornarão as sementes. Essas sementes permanecem
verdes, e à medida que os dias passam, vão amadurecendo. O
ponto ideal de maturação para o plantio da semente é quando
ela está marrom, tanto a hélice quanto a sâmara. Este ponto
costuma ser entre início e meio do verão, época ideal para
colher. Pode ser colhida na árvore, ou mesmo coletada no
solo, mas deve estar com a coloração marrom para nos
certificarmos de que está no ponto ideal para a germinação.
Aqui no Sul do Brasil o período de colheita é a partir de meio
de dezembro.

Semente madura, colhida no final de dezembro.

133
Não descarte sementes baseado no tamanho dela, visto que
umas são bem menores que outras, e isto é visto também
pelo tamanho da hélice: semente pequena, hélice pequena.
Isto não tem relação com a possibilidade de germinação.

Seleção das sementes

Após feita a coleta, é o momento de verificarmos quais destas


sementes contém o embrião e quais estão ocas. Para fazer
esta seleção, encha um pote com água, corte com uma
tesoura as hélices da semente, e coloque as sementes no pote
com água. Deixe descansar por um período de 24 horas.
Depois de 24 horas, verifique quais afundaram e quais
flutuaram. As sementes que estiverem flutuando deverão ser
descartadas, são cascas vazias, estão ocas. As sementes que
afundaram, utilizaremos para fazer a germinação, são as que
estão aptas.

As sementes são colocadas em um recipiente com água por 24hs.

134
Um detalhe interessante diz respeito às sementes muito
pequenas. Deve-se ter cuidado com elas, pois todas podem
acabar flutuando devido à tensão superficial. Então este é um
caso onde é melhor contar com elas, como se estivessem
aptas, e utilizarmos para tentar germinar.
Preparação do substrato

O substrato que utilizei para germinação de sementes é o


pedrisco de 2mm, semelhante ao pedrisco utilizado para
plantio de bonsai, mas em tamanho de grão menor. Evite areia
fina, esta costuma reter umidade em excesso. Junto com o
pedrisco, usei vermiculita fina, que tem cerca de 2mm de
tamanho de grão, na proporção de 50% / 50% de vermiculita e
pedrisco.

Substrato para semente: partes iguais de pedrisco 2mm e vermiculita 2mm.

Esta é a mistura que utilizo: meio a meio pedrisco 2mm e


vermiculita 2mm. São dois componentes inorgânicos e ambos
juntos são capazes de acumular umidade suficiente para
manter a semente úmida. Alguns autores julgam interessante
borrifar a mistura com fungicida a base de cobre antes do
próximo passo. Eu dispenso este cuidado. Não uso fungicida
no preparo das sementes no substrato.

135
Prepare pequenos potes com tampa, de preferência
transparentes, com esta mistura de substrato. Borrife com
água toda a mistura de modo que toda ela fique úmida. Não
há necessidade de água especial, é água da torneira mesmo.
Deixe o substrato bem úmido para receber as sementes.
Coloque as sementes no pote com o substrato e cubra com
uma fina camada do mesmo substrato. Tampe o pote.

As sementes selecionadas são colocadas nos carreiros do substrato, nos potes, e


cobertas com o próprio substrato.

136
Estratificação

O pote plástico com as sementes é então colocado na parte


mais baixa da geladeira onde a temperatura gira em torno de 4 °
C. Após 60 dias na geladeira, os potes contendo as sementes
podem então ser retirados e colocados num local sem luz solar,
a temperatura ambiente. Se o procedimento foi feito
corretamente, e se as sementes estiverem aptas, a germinação
começa a ocorrer cerca de 2 semanas após a retirada da
geladeira.

Os potes com as
sementes no substrato
são armazenados na
parte mais baixa da
geladeira.

Ambiente após a retirada da geladeira


Após retirar os potes com as sementes de dentro da geladeira,
estes podem ser deixados dentro de casa, evitando que peguem
luz solar até que deem sinais de germinação. Para germinar, a
maioria das sementes precisa de temperaturas entre 12 a 20°C.

137
Eu germinei sementes de Acer deixando os potes no meu
estúdio, que é um local totalmente isento de luz solar, com
paredes espessas que mantiveram a temperatura em torno de
18ºC nos dias que antecederam a germinação. Os potes
ficaram totalmente fechados, com as tampas, tal como
quando foram retirados da geladeira. Não mexi neles até que
vi as primeiras sementes germinando.

Após a germinação
O período entre o tempo na geladeira e o início das
germinações é em torno de 90 dias, sendo 60 dias na
geladeira, e cerca de 30 dias até iniciar a germinação. Ao
germinar, as mudinhas exibirão duas pequenas folhinhas
chamadas cotilédones. Elas vão nutrir a muda até que ela
tenha emitido suas primeiras folhas verdadeiras. Após a
emissão destas folhas verdadeiras, podemos retirar com
muito cuidado as mudas da sementeira (os potes plásticos) e
plantá-las em vasos individuais, usando um substrato de
bonsai, já com uma parte de composto orgânico (ver Módulo
04 “O Substrato”), usando um pedrisco de 2mm. Este
substrato deve ser bastante drenante, tal como o utilizado
para bonsai. O substrato deve ser mantido úmido o tempo
todo, mas evite que fique encharcado, pois isso pode resultar
na perda das mudas.

Primeiros instantes de vida de


um Acer após germinação da
semente.

138
Não adube as mudas até 5 ou 6 semanas após o replantio. E
quando iniciar a rotina de adubação, faça suavemente, pois o
sistema radicular das mudas ainda é muito imaturo, e
queimará facilmente. Prefira adubos orgânicos, como
recomendo no Módulo 5 “Adubação”.

Após o surgimento das primeiras folhas verdadeiras, podemos providenciar o


replantio. Nesta foto ainda não foram replantadas.

Com o crescimento contínuo, as mudas logo estarão mais


desenvolvidas, e o processo de troca de substrato, adubação
e troca de vaso se tornará tão frequente quanto o de uma
muda já estabelecida. Agora, então, que já estão se tornando
grandes o suficiente, podem ser cultivadas no solo ou usadas
imediatamente para serem treinadas como bonsai. O
substrato será aquele visto no Módulo 04 “O Substrato”.

139
MÓDULO DESFOLHA
DESFOLHA

Um dos mais polêmicos assuntos no cultivo de Acer merece


um módulo exclusivo sobre ele. A desfolha é sem de longe o
assunto que mais gera dúvidas entre os cultivadores.

É muito comum as pessoas que iniciam o cultivo de Acer, já


no primeiro contato com a planta, terem a vontade de fazer
uma desfolha sem terem claro a razão de estarem fazendo
isso. Como sempre digo: se você está em dúvida sobre fazer
ou não uma desfolha, não faça! É grande a chance de você
não saber o que está fazendo, e acabar fazendo algo que mais
vai debilitar sua planta do que trazer benefícios a ela.

A desfolha requer objetivos antes de sua execução.

É uma técnica que, em termos práticos, tem efeitos e


benefícios poderosíssimos para sua planta, mas deve ser
usada apenas quando você sabe o que está fazendo. Do con-

141
trário, você pode falhar miseravelmente com seu Acer,
retardando seu crescimento, tornando a planta fraca e até
mesmo debilitando-a, sendo um alvo fácil para doenças,
podendo causar a morte de sua árvore.

Neste módulo vou mostrar o que é a desfolha, como fazer e


porque fazer o procedimento, e em quais situações esta
técnica não deve ser aplicada.

A desfolha no Acer
Desfolha é a retirada das folhas de uma árvore através de
métodos manuais ou químicos. O método químico pode ser
feito através do uso da uréia concentrada, por exemplo, mas
aqui vamos tratar apenas do processo manual, com o uso de
tesouras. O processo manual também pode ser feito com a
mão, arrancando a folha com pecíolo inteiro. Não recomendo
fazer desta forma, pois no caso do Acer Palmatum,
principalmente, isto pode resultar no arrancamento da gema
dormente junto com a folha, prejudicando as novas brotações.
O ideal é usar uma tesoura bem afiada, e cortar o pecíolo na
metade. A desfolha pode ser total ou parcial dependendo do
objetivo que estamos buscando.

A desfolha deve ser feita cortando o pecíolo na metade.

142
Normalmente as pessoas que estão iniciando no cultivo de
Acer, têm bastante dúvidas e medos sobre a técnica. Mas à
medida que forem estudando sobre a técnica e entendendo
sobre a planta, as dúvidas deixam de existir, junto com os
medos. Espero conseguir passar aqui o meu conhecimento
sobre a técnica de forma clara e didática.

Finalidades da desfolha
Os principais motivos que nos levam a realizar a desfolha são
os seguintes:

01 Aumentar a ramificação fina dos galhos

Em cada folha do Acer, na base dela, na axila, existe uma


gema de brotação que sempre está ali, dormente enquanto a
folha estiver saudável no galho. Uma forma de aumentarmos
as ramificações é estimular estas gemas dormentes a
despertarem. Quando retiramos a folha, encorajamos
diretamente o desenvolvimento destas gemas e muitas delas
se transformam em novos galhos. Para aumentar a chance
destas gemas dormentes despertarem, devemos eliminar a
extremidade do galho que foi desfolhado, onde está a gema
apical, que contém a maior concentração de hormônios de
crescimento, desta forma estimulando o desenvolvimento dos
brotos localizados em toda a extensão do galho. Do contrário,
se não eliminarmos a brotação da ponta do galho, a força de
crescimento irá para sua extremidade fazendo com que
cresça em comprimento, o que inibirá a brotação no
comprimento todo do galho.

Dica:
Quanto maior a ramificação secundária e terciária da árvore,
maior será a tendência desta planta em produzir folhas
menores.

143
02 Reduzir o tamanho da folha

Este é um dos principais motivos de fazermos a desfolha,


principalmente se nosso intuito no cultivo do Acer seja o
treinamento como bonsai: a redução do tamanho das folhas.
Com esta redução de tamanho conseguimos obter melhor
proporção, principalmente se estivermos trabalhando bonsai de
pequeno e médio porte. Como normalmente a desfolha é feita no
verão onde o vigor da brotação é inferior ao que ocorre na
primavera, as folhas se desenvolvem naturalmente menores.
Depois de alguns anos consecutivos utilizando o método da
desfolha é possível conseguirmos folhas com um tamanho
consideravelmente menor, em alguns casos até dez vezes
menor, ou até mais.

03 Estimular o crescimento de certas regiões da planta,


inibindo o desenvolvimento de outras

Utilizamos também a desfolha para favorecer o crescimento em


algumas zonas da planta, restringindo ao mesmo tempo o
crescimento em outras partes, para desta forma equilibrarmos o
desenvolvimento da planta como um todo. Se por exemplo,
queremos engrossar um galho de um Acer, quando realizamos a
desfolha, eliminamos as folhas de toda a planta, menos do galho
que queremos engrossar, desta forma, esta região da planta
continuará crescendo continuamente, enquanto o resto da
planta, ficará com o crescimento parado, até que se inicie a nova
brotação. É muito comum utilizarmos este tipo de desfolha
quando queremos corrigir o diâmetro do ápice, quando este é
demasiado fino em relação ao restante do tronco.

04 Adaptação do Acer a um clima desfavorável para cultivo

A desfolha neste caso serve para buscarmos adaptar um Acer a


um clima pouco favorável, onde o inverno não é frio o suficiente,
forçando a árvore a entender que naquele determinado
momento da desfolha, anualmente, é o momento de entrar em
dormência.

144
A grande dificuldade climática de cultivo de Acer não é a
presença dos dias de alta temperatura, mas a ausência dos
dias de frio intenso. Lembre-se que Acer é uma árvore natural
de climas temperados. Isto não é garantia de que será
possível a adaptação, mas é uma tentativa, e muitas vezes
funciona, principalmente com o Acer Buergerianum, que é
uma variedade mais resistente à falta de frio intenso.

A época para fazer isso é no inverno daquela região de cultivo,


onde as temperaturas estão mais amenas no ano. Não posso
dizer aqui qual seria o mês para isso, pois cada região tem as
suas particularidades, seu microclima. E você deve conhecer o
clima de sua região para aplicar esta técnica a fim de buscar a
adaptação do Acer.

Em alguns casos as árvores cultivadas nestes climas perdem


apenas parte das folhas, e o restante deve ser eliminado
manualmente. Este processo ajuda um pouco na adaptação
da árvore. Porém, sem o frio intenso necessário para o Acer,
dificilmente esta planta se desenvolverá em sua plenitude,
como, por exemplo, apresentando as belíssimas cores de
outono.

05 Acentuar as cores de outono

Um outro motivo pelo qual desfolhamos um Acer é para


obtermos uma intensa cor outonal, e garantir que a folha
permaneça por mais tempo na árvore quando chega a época
de caducar. Se mantivermos as folhas que brotam na
primavera, muitas vezes, ao passar pelo verão as folhas ficam
com algumas queimaduras e quando chegam no outono,
estas folhas estão envelhecidas e feias. Elas então secam
parcialmente ao invés de assumirem as belas cores outonais.
Mas fazendo a desfolha no verão, o Acer brotará novamente
até o final do verão, e as folhas chegam no outono mais
novas, renovadas e muito mais bonitas, tendo melhores
condições de assimilarem os açúcares necessários para a
mudança de cor.

145
06 Aramar no verão

Quando desfolhamos no verão, podemos aramar com mais


facilidade. A ausência das folhas facilita muito a colocação do
arame e visualização das ramificações da planta, e também
porque o crescimento da brotação que está por vir até o final
do verão, já não é tão intensa, o que propiciará que o arame
fique muitas vezes até o final do inverno.

Um Acer delicado para desfolhar


Praticamente todas as variedades de Acer aceitam a desfolha
muito bem. Mas existe uma variedade de Acer que não é
recomendado fazer a desfolha, principalmente para iniciantes,
devido a dificuldade que esta tem em brotar após a retirada
total das folhas. Estamos falando do Acer Palmatum
Atropurpureum. Esta variedade de Acer tem um pouco de
dificuldade de desenvolver as gemas dormentes, então se a
desfolha dela não for feita exatamente no momento certo,
poderá haver perda de galhos ou até mesmo da própria planta,
por haver muito enfraquecimento desta. Por esta razão, para
se fazer desfolha no Atropurpureum, você precisa conhecer
bem sua planta e conhecer o tempo exato de realizar a
desfolha.

O momento certo para fazer desfolha


O que precisamos entender na desfolha, o momento ideal para
a realização é na pausa de brotação da planta. O Acer tem uma
explosão de brotação na primavera, e segue com o
desenvolvimento dessas brotações até o início do verão,
quando então faz uma pausa neste desenvolvimento, como se
estivesse descansando, e isto dura até meio do verão,
reiniciando com menos força. É nessa pausa de crescimento,
de desenvolvimento no meio do verão, que devemos fazer a
desfolha.

146
Por isso dizemos que a melhor época para se realizar este
procedimento é entre janeiro e fevereiro, que é mais ou menos
este o período. Quando fazemos a desfolha no verão,
encorajamos a planta a pensar que está diante de uma nova
primavera.

Se você for um cultivador observador, poderá perceber esta


pausa na sua árvore. Mas isso requer alguns anos de
observação e cultivo do seu Acer, e conhecimento da planta.
Em poucos anos de cultivo, você conseguirá perceber este
momento. E desta forma você se tornará apto a desfolhar até
mesmo sem observar o calendário, apenas observando a
planta, notando quando esta estiver com as folhas já
completamente maduras, e estiver em um momento de uma
pausa de crescimento.

Como a capacidade de brotação da maioria dos Aceres é


muito boa, não se preocupe em acertar exatamente este
momento da pausa de verão, mas é importante que você faça
em torno desse período, para que esteja o mais próximo do
momento certo possível.

Importante:
Não faça duas desfolhas seguidas no período de 1 ano.
Principalmente se você está começando agora. Desfolhar na
época errada poderá enfraquecer muito seu Acer.

Desfolha em Acer que não caducou


Em se tratando do clima frio da região Sul, se a planta recebeu
uma desfolha no verão, brotou novamente, mas não
apresentou as cores outonais, dificilmente ela vai caducar.
Isso pode acontecer, e neste caso, não faça nova desfolha.
Deixe que a planta siga seu ciclo normalmente. No próximo
verão, se ela estiver bem de saúde, você pode ou não
desfolhar.

147
Será uma questão de escolha. Como ela já terá cumprido um
ciclo inteiro, e pelo menos 12 meses já terão se passado da
desfolha anterior, você poderá desfolhar normalmente no
verão.

Caso a árvore venha a apresentar as cores outonais, ela já


iniciou o processo de perda de folhas, então ela vai caducar
naturalmente no momento certo, não havendo com o que se
preocupar.

Se o seu caso for a desfolha de adaptação ao clima, volte no


item 4 sobre as “Finalidades da Desfolha” neste Módulo.

Desfolha parcial
A desfolha parcial deve ser feita quando buscamos uma
harmonia entre todas as áreas de uma árvore. Quando
queremos engrossar uma determinada zona da árvore,
deixamos esta área se desenvolver, e desfolhamos o restante do
Acer. O que é feito então, é uma desfolha em apenas uma parte
do Acer, não em todo ele.

Na desfolha parcial, toda a parte da planta que não foi


desfolhada seguirá se desenvolvendo, em relação a toda a área
que foi desfolhada, seja galho baixo, ápice ou um lado inteiro da
planta. A zona que não for desfolhada se beneficiará pela
presença das folhas em relação à zona que foi desfolhada. Com
isso conseguimos equilibrar partes da árvore que requerem
maior engrossamento ou melhor ramificação para obtermos
harmonização da árvore.

É muito comum que alguns Acer desenvolvam mais uma


determinada área, e outras fiquem sem o mesmo
desenvolvimento, causando uma desproporcionalidade na
nossa árvore. Recorremos então à desfolha parcial para
buscarmos este equilíbrio, esta proporção entre as zonas da
planta.

148
Desfolha em plantas
Jamais aplique a desfolha em um Acer doente, fraco ou
debilitado. Mesmo que você saiba exatamente como fazer a
desfolha, conheça a técnica em profundidade e saiba o
momento exato de aplicar, se sua árvore não estiver em
condições de receber a técnica, de nada adianta. A árvore que
receber a desfolha e não estiver em condições, poderá perder
galhos ou até mesmo morrer. A brotação das folhas após a
desfolha requer uma grande energia da planta, e se ela não
estiver em plena saúde, não conseguirá brotar novamente.

Isso serve também para plantas em recuperação de alguma


doença recém curada. Evite fazer a desfolha, deixe que ela se
desenvolva e se fortaleça, se preciso esperar 1, 2 ou 3 anos,
ou até mais, aguarde. Não tenha pressa.

A desfolha não é uma solução para plantas com algum


doença, como muitos normalmente perguntam: “meu Acer
está meio estranho, parece fraco, posso desfolhar?” NÃO!
DOENTES
Nunca, jamais recorra à desfolha para tentar curar um
problema ou doença. A desfolha é uma técnica para plantas
saudáveis, não para plantas debilitadas. Ao menor sinal de
que algo não está bem com seu Acer, não desfolhe.

Cuidados antes e depois da desfolha


Para realizar a desfolha, devemos cuidar os seguintes pontos:

1. Plantas debilitadas ou doentes devem ser tratadas


anteriormente para podermos aplicar a técnica. Evite
desfolhar árvores em estágio de recuperação de alguma
doença. Isto serve para outras técnicas, como a poda e
transplante, não só a desfolha.

149
2. A última adubação do seu Acer deve ocorrer de duas a três
semanas antes de desfolhar. Se estiver utilizando adubo
peletizado de liberação lenta, faça a previsão deste período.
Se adubamos uma planta logo após a desfolha, há uma
grande chance de as novas folhas virem grandes, podendo
ser até maiores que as anteriores à desfolha. Para
evitarmos isto é que fazemos este controle da adubação
antes de desfolhar. Voltamos a adubar somente se
necessário depois do amadurecimento das novas folhas.
3. Aplicar a desfolha na época certa. No Sul do Brasil deve ser
aplicado no meio do verão, como visto anteriormente. Se
desfolhar muito tarde, próximo à entrada do outono, a
planta enfraquecerá. Portanto, se você perdeu o momento
certo para desfolhar, não desfolhe.
4. Após a desfolha, com a planta sem folhas, a absorção de
água pela planta é muito baixa. Então é importante
controlarmos as regas. Neste momento, podemos deixar o
substrato secar levemente entre uma rega e outra. Com o
surgimento das novas brotações a rega se normaliza.
5. Uma das finalidades da desfolha é a redução das folhas,
DOENTES
como visto anteriormente. Para conseguirmos otimizar a
busca por este resultado, após a desfolha o melhor é
colocarmos o Acer em exposição a pleno sol. Como de
costume, proteja nas horas mais quentes, entre as 11 e
14hs. Se deixarmos na sombra, a planta tenderá a
aumentar o tamanho das folhas na tentativa de buscar
mais luminosidade.
6. Após a desfolha poderemos aramar, pois com a planta sem
as folhas, este trabalho fica muito facilitado. E também sem
as folhas conseguimos enxergar melhor a estrutura da
planta, e definir quais galhos necessitam de aramação e
definir o posicionamento correto. Estas duas técnicas
(desfolha e aramação) normalmente são feitas juntas.

À medida que vamos entendendo a técnica da desfolha,


percebemos o quanto ela é funcional e pode se tornar
indispensável no cultivo de Acer.

150
MÓDULO PRAGAS E
DOENÇAS
PRAGAS E DOENÇAS

O Acer, seja ele Palmatum, Buergerianum ou qualquer outra


variedade é uma espécie que tem poucos problemas
associados a pragas comuns. São árvores muito resistentes
quando estão em plena saúde, mesmo assim pode ocorrer
algum problema relacionado a algum agente patógeno.

Vamos agora falar das principais doenças e pragas que


podem ocorrer no Acer, bem como seus respectivos
tratamentos.

Cochonilhas
Surgem como pequenas bolinhas brancas no Acer, que são
praticamente estáticas na planta, principalmente as de
carapaça. Sugam a seiva da planta deixando-a enfraquecida.
Excretam uma cera que pode atrair fungos, tal como a
fumagina (uma espécie de capa escura que vai cobrindo a
folha, impedindo a fotossíntese) e formigas doceiras.
Portanto, se vir algumas formiguinhas doceiras no seu Acer,
investigue, pois pode ser que ele esteja sendo atacado por
cochonilhas. Algumas apresentam um corpo mole e peludo,
normalmente não ultrapassam 3 mm de comprimento.

Cochonilha estrela. Apenas uma entre


tantas variedades existentes.

152
Como combater: a cochonilha, quando identificada no início,
pode ser retirada com a mão mesmo ou a ponta de uma
tesoura, mas em casos de ataques mais severos, passe um
algodão embebido em álcool na região atacada, e depois
pulverize a planta com óleo de neem ou um óleo mineral. Caso
um ataque ocorra, siga as recomendações de aplicação do
fabricante.

Pulgão
Este pequeno inseto, que não ultrapassa 5 mm de
comprimento, multiplica-se rapidamente em dias de altas
temperaturas. São normalmente pretos, verdes ou marrons,
mas podem aparecer em outras variações de cores. Atacam
principalmente as novas brotações, sugando a seiva e
impedindo o desenvolvimento da planta. Podem causar um
engruvinhamento das folhas, que ficam retorcidas. Tal como a
cochonilha, excretam uma substância adocicada, atraindo
fungos (fumagina) e formigas doceiras.

Os pulgões atacam normalmente as novas brotações.

153
Como combater: são facilmente combatidos com inseticida
comum, do tipo SBP, ou algum outro de diluição em água. Há
no mercado inseticidas específicos para pulgão que também
podem ser usados. Depois da primeira aplicação, repita dentro
do prazo de 7 dias. Normalmente são totalmente eliminados
já na primeira aplicação. Caso um novo ataque ocorra, aplique
novamente.

Lagartas
É um inseto de hábito noturno. As lagartas normalmente
alimentam-se à noite, ficando durante o dia agrupadas no
tronco das árvores. Causam grandes estragos nas folhas
rapidamente se não combatidos logo.

Os Lagartas podem fazer um grande estrago nas folhas em pouco tempo.

154
Como combater: pode ser combatido com inseticidas. Há no
mercado diversas opções específicas para o combate de
lagartas. Não espere conseguir enxergá-la para iniciar o
combate. Quando perceber algumas folhas perfuradas, sem
identificar o causador, provavelmente seja ataque de lagartas,
que muitas vezes se escondem durante o dia. Aplique o
inseticida em toda a planta, mesmo sem visualizar a lagarta.
Caso um ataque ocorra, siga as recomendações de aplicação
do fabricante.

Ácaro
Talvez esta seja a praga que mais acomete o Acer. Aqui no
viveiro tenho problemas anuais com eles, se não usar
combatentes preventivos. São pequenos aracnídeos que
atacam normalmente em temperaturas altas as novas
brotações, causando enormes estragos, impedindo o
desenvolvimento da árvore. Em muitos casos não é possível
vê-los a olho nu.

Ataque de ácaros. A folha se retorce: 1) folha saudável; 2) folha atacada

155
Como combater: seu controle pode ser feito através do uso de
acaricidas. No mercado há opções disponíveis, normalmente
à base de bifentrina. Em casos de grandes culturas, em
ataques mais severos, pode ser necessária a recomendação
de um agrônomo, que poderá receitar acaricida a base de
abamectina, que são mais potentes. Não espere que um
ataque ocorra para então usar o combatente. Use
preventivamente antes da chegada do verão, que é quando os
ataques são mais recorrentes, na brotação de verão. Faça
duas aplicações com intervalo de 15 dias, preventivamente,
antes da chegada do verão. Caso um ataque ocorra, siga as
recomendações de aplicação do fabricante.

Oídio
O fungo mais comum no Acer, o Oídio é um fungo que forma
uma fuligem branca sobre a folha, como se fosse uma geada,
impedindo que a planta faça a fotossíntese. É muito comum
de ocorrer no verão em ambientes úmidos e quentes. Ataca
principalmente as novas brotações. O Acer mais comum de
sofrer o ataque deste fungo é o Deshojo.

Fungo oídio bastante comum no Acer Palmatum Deshojo.

156
Como combater: apesar de ser um fungo recorrente em Acer,
principalmente no Deshojo, é facilmente combatido com um
fungicida a base de cobre, encontrado no mercado com
facilidade. Siga as recomendações de aplicação do fabricante.
Não demore em identificar e iniciar o combate a este fungo,
visto que ele rapidamente se espalha pela planta, podendo
atingir outras plantas próximas a esta que está sendo
atacada. Uma boa medida preventiva é isolar a planta atacada
das demais, para evitar a disseminação do fungo em outras
plantas. Se não combatido logo, pode debilitar gravemente
seu Acer. Como preventivo, antes das brotações de primavera,
pode-se fazer duas aplicações com intervalo de 15 dias ao
final do inverno, com um fungicida à base de cobre.

Atenção:
Não há necessidade de desfolhar seu Acer quando notar o
ataque deste fungo. Recorra primeiro aos métodos de
combate. Na hora de regar, não molhe as folhas, e só depois
de aplicar o fungicida, retire algumas folhas que estejam mais
fortemente comprometidas pelo fungo.

Fungo Phoma
Este fungo costuma atacar com mais frequência no Acer
Buergerianum, mas é também ataca o Palmatum. Os
sintomas de seu ataque são as folhas ficando secas e
marrons a partir das bordas, e curvando-se, e pode haver
queima das novas brotações, daí seu ataque ser muitas vezes
confundido com ácaros. A grande diferença é que no caso do
fungo, as lesões avançam para folhas já maduras, enquanto
que no caso de ácaros, é mais comum seu ataque em
brotações.
O tratamento deve ser feito com fungicidas à base de
Pyraclostrobin, um fungicida sistêmico. E pode ser usado
Clorotalonil como preventivo. Ambos os casos deve-se seguir
as recomendações do fabricante quanto à aplicação.

157
Ataque de Phoma muitas vezes é
confundido com ataque de ácaro.

Formigas cortadeiras
Costumam atacar a planta não deixando uma única folha no
galho. Em ataques parciais, podemos confundir com ataque
de lagartas, já que as folhas ficam com recortes semelhantes.
Se não controladas, podem destruir uma coleção inteira em
poucos dias. Elas têm o hábito de atacar a noite.

Formigas podem acabar com uma


coleção de árvores em pouco tempo.

158
Como combater: pode-se usar inseticida como repelente, mas
o ideal é que se identifique os carreiros por onde elas passam
e se coloque ali iscas que as atraem, e levam para o ninho,
exterminando todo o formigueiro. Essas iscas são facilmente
encontradas em agropecuárias.

Podridão negra
Um problema muito recorrente no Acer, normalmente causado
por alguns erros no cultivo. Pode ocorrer desde as raízes,
surgindo da base da árvore, ou em alguns galhos. Onde este
problema for detectado já terá seus tecidos vegetais
comprometidos, não tendo mais como recuperar, sendo
necessária a eliminação completa. Se notar o problema em
algum galho, retire o galho ou a porção do galho
imediatamente, cortando logo abaixo desta parte necrosada,
pegando um pouco da parte verde da madeira e aplique uma
pasta selante. Se o problema for identificado na base, a
solução pode ser mais complicada, visto que pode ser um
problema generalizado de raízes. Neste caso, retire
imediatamente sua planta do vaso, busque cortar toda esta
parte necrosada, até onde apareça madeira verde. Isso poderá
deixar seu Acer completamente desconstruído, mas é a única
forma de tentar salvá-lo.

Um pré-bonsai de Acer com um princípio


de podridão negra.

159
Possíveis causas e soluções da podridão
negra
1. Uso de ferramenta não esterilizada para fazer cortes no Acer,
seja poda de galhos, raízes ou até mesmo desfolha. Esterilize
sempre a lâmina de sua ferramenta antes de fazer qualquer
intervenção no Acer. Sua ferramenta pode estar contaminada
com algum agente patógeno que pode não prejudicar um
ficus, por exemplo, mas que pode contaminar com fungos ou
bactérias seu Acer, causando a podridão. Esterilizar com
álcool pode ajudar a minimizar o problema.
2. Substrato impregnado de pó, numa preparação inadequada,
causando entupimento das raízes do Acer. Veja no módulo 04
como preparar corretamente seu substrato para Acer.
3. Corte exagerado das raízes, enfraquecendo a planta.
Transplante muito frequente. A podridão surge a partir das
raízes. Este é o típico caso de um trabalho executado movido
pela ansiedade em fazer a árvore caber em determinado vaso
definitivo. Não cometa este erro. Um Acer dificilmente se
recupera de uma poda excessiva de raízes, vindo a morrer por
este erro.
4. Não usar pasta selante nas feridas grandes após uma poda de
raízes, ficando expostas, sendo contaminadas por fungo ou
bactérias. Aplique pasta selante sempre em grandes feridas.
5. Uso de substrato inadequado por muito tempo, que não tenha
uma drenagem correta, mantendo um encharcamento
frequente, causando apodrecimento das raízes. Veja no
módulo 04 como preparar corretamente seu substrato para
Acer.
6. Ao identificar o problema, corte imediatamente o local até o
tecido vivo, eliminando totalmente a parte necrosada. Muitas
vezes isto é capaz de salvar seu Acer. Em alguns casos,
eliminar um ou mais galhos inteiros pode ser necessário.
Passe pasta selante no corte logo em seguida. Não esqueça
de esterilizar a ferramenta antes de fazer o corte.

Um Acer de modo geral, quando seca um galho, ou morre


completamente, adquire uma coloração escura, praticamente
preto, ou em tons de marrom.

160
Aspecto de um Acer completamente sem vida.

161
Podridão Radicular
Verifique se há dessecação de ramificações que aparecem
como linhas enrugadas na casca, correndo em linhas
paralelas ao longo do galho. Estas linhas são geralmente
sinais de podridão da raiz e, se encontradas, um cuidado extra
deve ser tomado para limpar as raízes. Plante a árvore numa
mistura leve ou mesmo no pedrisco puro, usando uma grande
caixa de madeira ou bacia erguida bem acima do solo para o
fluxo de ar. Até que as raízes possam crescer normalmente,
elas podem ser ajudadas pela rega com uma solução de
vitamina B1. Coloque a árvore na sombra e retarde a rega
novamente até que o solo esteja seco, depois repita o
tratamento com vitamina B1. Se o tratamento foi bem
sucedido, um novo crescimento deve aparecer em cerca de
quatro semanas ou mais. O melhor momento para o
tratamento é a primavera, mas se, fora desse período, a árvore
for transplantada para uma grande caixa de madeira com solo
de alta drenagem, muitas vezes a salvará. Pense na árvore
como um grande corte que precisa de apoio até que as raízes
apareçam.

Estas são algumas possíveis causas do aparecimento deste


problema, bastante frequente nos Aceres de alguns iniciantes
no cultivo, e às vezes até mesmo nos mais experientes
cultivadores. O fato é que nunca estaremos completamente
livres de ocorrer este problema. É realmente entristecedor
quando notamos uma mancha escura surgindo na casca de
nosso Acer, mas seguindo essas dicas podemos diminuir
drasticamente a incidência do problema.

162

Você também pode gostar