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Título da pesquisa

Anne Caroline Santos Marques

Abril/ Maio de 2022

1. A FAMÍLIA ARECACEAE

As palmeiras (família Arecaceae) são angiospermas abundantes em climas tropicais,


que se destacam ao ponto de serem reconhecíveis até mesmo para alguém que pouco sabe
sobre botânica. São a terceira espécie vegetal mais importante para o ser humano (JOHNSON
apud SOUZA, LIMA, 2019, p. 98), e sua importância econômica relaciona-se aos seus
diversos usos: por exemplo como planta ornamental, ou pela comercialização dos seus
subprodutos, tornando-se assim uma importante fonte de renda no Brasil, especialmente no
Norte e Nordeste. A família possui também grande importância ecológica, visto que seus
frutos são fonte de alimento para diversos animais, além de ser utilizada como abrigo pelos
mesmos. Segundo Zucchi, na Mata Atlântica, a espécie ``Euterpe edulis'', mais conhecida
como juçara, é uma planta importante para preservar diversas outras espécies em uma
floresta, com a possibilidade de restaurar diversos biomas (apud. ALMEIDA, 2021).

A palavra “palmeira” deriva do latim palmae, que se refere à planta . Já a palavra


“Arecaceae” deriva do nome de uma importante palmeira encontrada em Madagascar, a
Areca-bambu. Para o povo mesopotâmico (séc XXXII a.C. a VI a.C.), a palmeira simbolizava
fartura, prosperidade e fertilidade. No Egito Antigo (séc XXXII a.C. a IV a.C.), simbolizava a
vida. Essa associação provavelmente surgiu do fato de que tal planta cresce em lugares com
água em abundância. Nos dias atuais, no entanto, as Arecaceae tiveram seu significado
modificado, simbolizando a tropicalidade.No Brasil, “Pindorama”, forma como as terras
brasileiras eram chamadas pelos nativos (pindó-retama), significa “região das palmeiras”, em
tupi (SAMPAIO, 1901). Na carta de Pero Vaz de Caminha, enviada ao rei de Portugal em
1XXX, é mencionada a abundância de palmeiras e a qualidade de seus palmitos: cita um
trechinho (FONTE, ano, p.). São apenas duas demonstrações de como tais plantas foram
importantes para o Brasil, mesmo antes da colonização portuguesa.

As palmeiras são uma planta antiga, que data do período Cretáceo (120 milhões de
anos atrás), e que crescia mesmo em lugares com climas frios. Atualmente, a família
Arecaceae conta com 2700 espécies, divididas entre mais de 240 gêneros (LORENZI, 2010,
p. 09), das quais a maioria está distribuída pelos climas tropical e subtropical em todo o
globo. No Brasil, essas plantas concentram-se principalmente na “zona dos cocais”, que se
estende desde o Norte e Nordeste até o Centro-Oeste. Contudo, as palmeiras podem ser
encontradas em todo o Brasil, mesmo no Sul, que abriga espécies mais resistentes a
temperaturas baixas.
Em relação à morfologia, todas as espécies de palmeiras apresentam raízes, estipe,
coroa, folhas, inflorescências e frutos, que podem ter diferentes tamanhos, formatos, texturas
-e, no caso das inflorescências e frutos, podem nascer a partir de pontos variados da planta.
As palmeiras possuem:

● Raízes: as raízes estão presentes nas palmeiras, e podem tanto estar sob o solo
quanto sobre ele, apresentando raízes aéreas.
● Estipe: é o “tronco” das palmeiras, que pode apresentar texturas, diâmetros e
formas variadas, porém quase nunca possui ramificações (com exceção da
espécie Hyphaene thebaica), e tem formato cilíndrico. O estipe pode ser solitário
ou crescer em aglomerados ou touceiras, dependendo da espécie. Antes de crescer
em altura, o estipe já toma sua largura máxima, sendo, portanto, impossível de
calcular sua idade como em uma árvore, já que não existem anéis.
● Palmito: fica logo acima do estipe de algumas palmeiras com folhas pinadas,
também possui formato cilíndrico, geralmente em cor verde claro. É resultado da
compactação das bainhas das folhas, que protegem o meristema da planta.
● Folhas: as folhas das palmeiras são diversas, no entanto ainda possuem uma
estrutura em comum: bainha, pecíolo, raque e limbo. A bainha é a base das
folhas, a qual se encontra com o palmito. O pecíolo é a continuação da bainha,
onde ainda não há a parte verde da folha. A raque é a continuação do pecíolo, de
onde sai o limbo. O limbo é a parte verde, que pode ser tanto inteira quanto
dividida em diversas partes. As folhas são classificadas em 5 categorias:
- Pinadas: é o tipo de folha mais conhecido e associado às palmeiras. Seu
limbo é dividido em folíolos, e seu desenho lembra uma pena. Os
folíolos são longos e estreitos.
- Bipinadas: assim como as folhas pinadas, tem o limbo dividido. A
diferença entre elas está no formato do limbo, que na folha bipinada
lembra uma espinha de peixe, com suas divisões em formatos
triangulares.
- Inteiras: como o nome denuncia, o limbo dessas folhas é inteiro, sem
divisórias naturais. Pode possuir uma divisa no meio, lembrando o
formato de uma seta.
- Palmadas: possuem limbo em formato circular ou semicircular, podendo
possuir ou não divisórias profundas, que partem de um mesmo ponto do
pecíolo, sendo este, a raque.
- Costapalmadas: são folhas palmadas nas quais o pecíolo continua no
limbo da folha, possuindo uma curvatura que as folhas palmadas comuns
não possuem.

-
À esquerda, esquema da morfologia de uma palmeira qualquer. À direita, esquema da morfologia da folha de
uma palmeira.
Desenho representando diferentes folhas de palmeiras. 1. Folha pinada; 2. Folha bipinada; 3. Folha
inteira; 4. Folha palmada; 5. Folha costapalmada; 6. Palmo humano para comparação.

● Inflorescências: as palmeiras são angiospermas, ou seja, produzem flores e frutos.


As inflorescências podem surgir de diversos pontos:
- Interfoliar: essas inflorescências surgem entre as folhas, e são as mais
comuns entre a família.
- Basal: surge da base do estipe, no nível do solo.
- Sub-foliar: surge na base do palmito.
- Terminal: cresce sobre a coroa, e é um tipo de inflorescência mais raro.

● Frutos: os frutos das arecaceae variam de forma, cor e tamanho, podendo muitas
vezes ser decorativos. Além disso, constituem uma fonte importante de alimentos,
como por exemplo o coco e o açaí.

Entre as diversas espécies de palmeira, interessa-nos, particularmente, a Roystonea


oleracea, mais conhecida como Palmeira imperial. Ela é originária do Caribe e norte
colombiano e venezuelano, e possui grande importância para a história do paisagismo
brasileiro. É de fácil identificação, por conta de seu porte e de sua morfologia inconfundível.
As raízes não são visíveis, escondidas sob o solo; o estipe é liso e esbranquiçado, tendo uma
base mais larga; seu palmito pode possuir mais de 2m de comprimento, e as folhas podem
chegar a mais de 5m; a coroa tem as folhas levantadas, o que possibilita uma boa visão do seu
palmito; sua inflorescência cresce na base do palmito, sendo sub-foliar; e por fim, sua
característica mais marcante é sua altura, podendo chegar a mais de 40m.
BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Gustavo. Versáteis e de importância ecológica, palmeiras nativas são objeto


de estudo na APTA Regional de Piracicaba. São Paulo, 19 out. 2021. Disponível em:
<http://www.apta.sp.gov.br/noticias/vers%C3%A1teis-e-de-import%C3%A2ncia-ecol%C3%
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Acesso em: 4 abr. 2022.

ENOKIBARA, Marta. Palmeira imperial: a palmeira do imperador que conquistou a


república, 2021. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kV6EY31deVY>.
Acesso em: 4 abr. 2022.

FERREIRA, Ana Paula. Composição da comunidade de palmeiras (arecaceae) e remoção


de frutos de Attalea attaleoides (barb. rodr.) wess. boer e Astrocaryum gynacanthum
mart. em uma floresta de terra-firme na amazônia central. 2011. Dissertação (mestrado
em diversidade biológica) - Universidade federal do Amazonas, Amazonas, 2011. Disponível
em:
<https://tede.ufam.edu.br/bitstream/tede/3612/1/Ana%20Paula%20Porto%20Ferreira.pdf>.
Acesso em: 4 abr. 2022.

LORENZI, Harri. Flora Brasileira: Arecaceae. São Paulo, Plantarum, 2010.

SAMPAIO, Theodoro. O tupi na geographia nacional. São Paulo: Casa Eclectica, 1901.
Disponível em:
<http://biblio.wdfiles.com/local--files/sampaio-1901-tupi/sampaio_1901_tupi.pdf>. Acesso
em: 11 abr. 2022.

SODRÉ, José Barbosa. Morfologia das palmeiras como meio de identificação e uso
paisagístico. 2005. Tese (especialista em plantas ornamentais e paisagismo) - Universidade
Federal de Lavras, Minas Gerais, 2005. Disponível em:
<https://www.ceapdesign.com.br/sodre.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2022.

SOUZA, Fábio Geraldo de; LIMA, Renato Abreu. A importância da família Arecaceae para
região Norte. Revista EDUCAmazônia: educação sociedade e meio ambiente, Amazonas,
ano 12, v.23, n.2, p.100-110, 2019. Disponível em:
<file:///C:/Users/annem/Downloads/snascimento,+Gerente+da+revista,+T6-+Jul-Dez,+2019,
+p+100-110.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2022.

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