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A cultura da Pereira

Professor Dr. Paulo Afonso Lins Rossal

Sertão, novembro de 2022.


1.0 Origem da pereira.

A pereira originou-se na era terciária. Na Áustria e no Cáucaso foram encontrados


fósseis de Pyrus sp. . No processo evolutivo, após várias hibridações, ocorreram
segregações nos diferentes genótipos de pereira, que foram afetadas pelas diferenças
edafoclimáticas, dando origem às diversas espécies. As espécies de frutos pequenos
possivelmente, se originaram antes das de frutos grandes. É citada que a primeira espécie
utilizada na alimentação humana foi a Pyrus pirifolia, já que os frutos silvestres são
comestíveis (Faoro, 1999).
Evidências químicas indicam que as espécies de Pyrus possuem origem
monofiléticas. Sendo assim, do local de origem, que se acredita tenha sido a região
montanhosa do oeste e sul da china, a pereira disseminou-se para vários locais: para o
centro e o sul da china (P. calleryana e P. Koehnei), Japão (P. dimorphophylla), Coréia (P.
fauriei), centro e norte da China (P. betulaefolia), Índia (P. pashia), Europa e oeste da Ásia
(P. communis, P. nivalis, P. salicifolia, P. amygdaliformis e P.elaeagrifolia), norte da África(P.
longipes) e para o Oriente (P. ussuriensis, P. pyrifolia e P. hondoensis) (Faoro, 1991).
Figura 1. Possível seqüência de evolução do gênero Pyrus

Fonte: Faoro (1991)


Evidências arqueológicas indicam que P. pyrifolia tem sido cultivada na China há
mais de 2.000 a 3.000 anos (Faoro 1999).
Aproximadamente em 2750 a. C., a pêra já era citada como ingrediente medicinal, na
Mesopotâmia. A pereira européia já era cultivada na Grécia em 300 a.C., sendo que em 79-
23 a.C. Plínio descreve 35 cultivares existentes em Roma (Faoro 1999). Com as conquistas,
a pereira disseminou-se para a Europa Central e Oriental. Em 1515 a 1544, já era cultivada
na Alemanha. Nos séculos XVI a XVIII a França foi o maior produtor de pêra, possuindo no
ano de 1800 cerca de 900 cultivares. Também no século XVIII, na Bélgica foram
desenvolvidas as cultivares Beurre Bosc, Beurrre D’Anjou, Flemish Beauty e Winter Nallis.
Na Inglaterra, por volta de 1796, surge a cultivar Bartlett, e no século XIX é selecionada a
cultivar conference ( Faoro, 1991).
Nas Américas, a primeira introdução de plantas frutíferas é atribuída a Hernán Cortez,
durante a conquista de Honduras e descobrimento da Califórnia. Na América do Sul, as
primeiras frutíferas provavelmente vieram com Pizarro, ao fundar a cidade de Lima, em
1535, e com os primeiros colonizadores portugueses, alemães e italianos
( Epagri, 2001).
A Introdução no Brasil de cultivares derivadas de Pirus communis L. e seus híbridos
deu-se a partir das primeiras imigrações de italianos e alemães que aqui plantaram as
pereiras conhecidas como pêra d’água, pêra pau ou pêra pedra. É comum o cultivo dessas
pereiras,de baixa qualidade comercial em Santa Catarina, nas regiões do Vale do Rio do
Peixe, Rio do Sul, em Lages, São Joaquim e Itaiópolis.
As pêras européias com alta qualidade, atualmente recomendadas para o plantio na
regiões mais frias do estado de Santa Catarina, são “ Packam’s Triumph’, ‘Williams’ e ‘Max
Red Bartlett’. Em comparação às cultivares européias, as japonesas geralmente requerem
menor número de horas de frio para produzir, fazendo com que venha aumentando o
interesse para seu cultivo nos últimos anos, principalmente em Santa Catarina. No Brasil, os
primeiros plantios comerciais ocorreram aproximadamente por volta de 1960, realizados
pelas primeiras colônias de imigrantes japoneses, principalmente principalmente nos
estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Faoro, 1999).

1.1. Classificação

A pereira pertence à divisão Angiospermae, classe Dicotyledonae, Ordem Rosales,


família Rosaceae que está dividida em quatro subfamílias: Amygdaloideae, Maloideae,
Rosoideae e Spiraeoideae. Na subfamília Maloideae está inserido o Gênero Pyrus, que
contém cerca de 25 espécies(EPAGRI 2001).
Em termos de classificação comercial, a cultivares de pereira mais consumidas no
mundo podem ser divididas em dois tipos: As Européias que são variedades da espécie
Pyrus communis; As Asiáticas que são divididas em: Japonesas Pyrus pirifolia var. culta e
Pêra Chinesa: Pyrus bretschneideri, Pyrus ussuriensis, Pyrus pyrifolia var. faurei (Faoro,
1999).
Estudos indicam que há grande distância genética entre as cultivares asiáticas e as
européias. A Tabela (1) contém algumas diferenças entre as cultivares japonesas e
européias.
Tabela 1. Principais diferenças entre as cultivares européias e japonesas.
Características Européias Japonesas
Nome científico Pyrus communis: P. Triumph, Pyrus pirifolia Var.culta:
e cultivares William’s Housui, Nijisseiki
Local de plantio Países europeus e americanos Países asiáticos
mais comum
Início da produção Do 5o ao 6o ano Do 3o ao 4o ano
Adaptação Geralmente mais exigentes em Geralmente com média exigência
frio:(700 horas  7,2o C) em frio:(300 a 900 horas 7,2o C)
Folhas Pequenas Grandes
Condução da planta Comumente em líder central Comumente em latada ou 3 a 4
ramos principais
Compatibilidade com Geralmente compatíveis Geralmente incompatíveis
p.enxerto marmeleiro
Cálice da flor Com sépalas Essencialmente caduco
Frutos Piriformes aromáticos e com Arredondados, sem ou com pouco
polpa amanteigada aroma; polpa crocante doce
suculenta.
Cor da película do Verde amarela: Packam’s Verde/amarela: Nijisseiki
fruto Triumph Vermelha:MaxRed Russeting/brozeada: Housui,
Bartlett Russeting: Abate Fetel Kousui
Colheita Ainda verdes devendo ficar na Quando estão “maduros” podendo
câmara fria para posterior ser consumidos imediatamente
consumo
Resistência à danos Suportam mais Extremamente sensíveis
na colheita e comerc.
Armazenagem Frutos climatéricos Frutos pouco climatéricos, com
pouca produção de etileno
Fonte: Faoro (1999).

2.0. Morfologia e Fisiologia da Pereira.

A espécie (Pyrus communis L.) é uma planta de copa arredondada quando jovem
tornando-se ovalada quando adulta. Pode chegar a 20 metros de altura e viver até 65 anos.
Em cultivo, as rosáceas atingem geralmente a altura de 3 a 5 metros, dependendo do tipo
e porta – enxerto e sistema de cultivo.
O tronco é alto e grosso onde se destacam placas lenticelares. Os ramos se inserem
formando um ângulo agudo com o tronco de aproximadamente 45o.
O sistema radicular é profundo, com a raiz principal bem desenvolvida, o que permite uma
boa ancoragem e resistência à seca. As folhas são ovais, finamente dentadas, coriáceas,
glabras ou raramente tomentosas,com pecíolo do tamanho da largura da folha, ou menor. A
principio as folhas são pilosas, porém tornam-se lisas tendo a margem crenada-serreada
(www.infoagro.com).
As flores da pereira japonesa são geralmente hermafroditas se desenvolvendo
acropetalmemente. Estão dispostas em rácemos do tipo corimbo formado por cinco a onze
flores e um número similar de folhas. As flores possuem geralmente 5 pétalas, cinco sépalas,
2 a 5 pistilos, sendo mais comumente 5, e de 15 a 30 estames com anteras
avermelhadas(EPAGRI, 2001).O cálice é formado por sépalas lanceoladas, estreitas na
ponta, as pétalas medem geralmente 12-15 mm e são obovadas e livres, apresentando
coloração branca ou branco-rosadas (www.infoagro.com). O ovário é ínfero, com cinco
carpelos ligados no tecido do receptáculo,contendo 10 óvulos sendo 2 por carpelo(www.uga.
edu.fruit/Pear.htm).
Figura 2. Desenho esquemático dos órgãos florais da pereira.

Fonte: Epagri (2001)

O tamanho da inflorescência depende do número e volume individual das flores nela


contida, do comprimento e espessura dos pedúnculos e da posição da inflorescência no
ramo (EPAGRI,2001).
As flores nascem na parte terminal de esporões, mistura de gemas e esporões . Os
esporões são muito curtos, surgindo de ramos laterais de 2 anos de idade ou de ramos
velhos (www.uga.edu/fruit/pear.htm).
Na pereira ocorrem diferentes formas de abertura da inflorescência tais como:
Centripétala: Primeiramente abrem-se as flores externas e, posteriormente, as
situadas na região interna do rácimo;
Tipo intermediário ou divergente: Neste tipo algumas inflorescências são centripétalas
e outras são centrífugas.
Centrífuga: Neste caso, primeiramente abrem-se as flores internas e, por último, as
externas.
As flores podem sair antes das folhas (Kousui), ou junto com as folhas, na
inflorescência (Housui).
O fruto é uma baga ou pomo, com cinco septos e pericarpo carnoso e comestível. A
pêra é um pseudofruto, onde a parte comestível é o cálice. O formato é arredondado, sendo
a polpa crocante, muito suculenta e doce; a casca apresenta coloração marrom-bonzeada ou
verde-amarelada, conforme a cultivar.
O fruto da quarta a sexta semana após o florescimento realiza praticamente toda a
divisão celular, e após esta fase somente ocorre o crescimento das células, até a colheita. O
crescimento do fruto tende a ser mais intenso durante a noite, possivelmente devido à menor
diferença entre a umidade relativa do ar e a evapotranspiração (EPAGRI,2001).
A Figura (4) contém o fruto da pereira em um corte logitudinal esquemático
apresentando os componentes do pedúnculo à cavidade do cálice.
Figura 4- Corte longitudinal esquemático do fruto da pereira

Fonte: Epagri(2001)

As folhas são alternadas, simples, pecioladas, denteadas a lisas. Para uma boa
produção, são necessárias cerca de 20 a 30 folhas/fruto, sendo que estas não precisam
necessariamente estar situadas junto aos frutos. As sementes são responsáveis pela
produção do ácido giberélico, que inibe a formação de gemas florais em esporões próximos
aos frutos.
O fruto da pereira apresenta quatro estágios de desenvolvimento que compreende: a
divisão celular (estágio I) ; o pré-crescimento celular (estágio II); o aumento no peso e
tamanho do fruto (estágio III) e a entrada e senescência (estágio IV) (Tabela 6).
Tabela 6. Esquema ilustrativo do desenvolvimento do fruto da
pereira japonesa da floração à senescência.

Estágio I: Divisão celular, complementada até os 28 a 35 dias após o florescimento.


O potencial do tamanho final do fruto é determinado nesta fase.
Estágio II: Pré-crescimento celular, aumentando pouco o peso e tamanho do fruto.
Dura cerca de 20 (Shinsei) a 40~50 dias(Housui). Nesta fase ocorre
o desenvolvimento da cutícula nas células da casca.
Estágio III: É a fase de crescimento das células, ocorrendo o aumento no peso e
tamanho do fruto. É importante o acúmulo de água pelos frutos. Inclui a colheita.
Estágio IV: Cessa o crescimento e o fruto entra em senescência.
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Fonte: Epagri (2001)

3.0. Cultivares.
3.1. Cultivares copa.
As cultivares mais consumidas no mundo podem ser divididas em dois grupos que
são: as européias (Pyrus communis) e as asiáticas representadas pelas japonesas (Pyrus
pyriolia var . culta) e pelas chinesas (Pyrus bretschneideri e Pyrus ussuriensis).
As pereiras japonesas geralmente apresentam frutos de formato arredondado,
semelhantes à maçã. O diâmetro do frutos (Housui) é maior que o comprimento. A polpa é
crocante, mas macia, doce e muito suculenta, sendo que algumas cultivares apresentam
grãos arenosos. As cultivares Housui e Kousui apresentam polpa macia, de coloração
branca, textura fina, crocante, com médio a alto teor de açúcar, sem aroma e muito
suculentas quando maduras (Faoro&Shiba,1999). A colheita dos frutos das japonesas dá-se
quando estão maduros, podendo ser consumidos logo em seguida. Os frutos são
extremamente sensíveis à danos físicos, tanto durante a colheita quanto na
classificação, armazenamento e comercialização (EPAGRI,2001).
A pêra chinesa tem formato piriforme - ovalado, com sabor pouco
pronunciado, e pouco doce (EPAGRI 2001). A pereira chinesa, é cultivada em algumas
regiões do Brasil, tais como em Araucária (PR), Castro(PR), Campina Grande do Sul (PR), e
Itaiópolis (SC), e não apresenta frutos com alta qualidade comercial. No entanto, esse tipo de
pêra tem a vantagem de necessitar menor número de horas de frio durante o repouso
hibernal para quebra da dormência.
A pêra européia apresenta como característica mais importante no formato mais ou
menos piriforme, a polpa amanteigada quando maduras, sem grãos arenosos, suculentas e a
maioria com aroma. Comercialmente, a colheita ocorre quando os frutos estão ainda verdes,
devendo estes ser mantidos em câmara fria para completar o amadurecimento (Faoro 1999).
Tabela 7. Algumas características dos frutos de sete cultivares de pereira
Tipo e cultivar Fruto
Coloração Qualidade
Tipo Européia Verde coloração verde- Tendência a produzir frutos
Packam’s amarelado quando grandes em plantas com pouca
Triumph maduro.Pouco a médio carga. Polpa doce,
russeting amanteigada, sem adstringência,
suculenta
Max Red Bartlett Avermelhado,ficando verme Polpa doce, amanteigada,sem
lho amarelado quando adstringência, suculenta.
maduro.Sem ou com pouco
russeting
William’s Verde, ficando amarelado Polpa doce, manteigada, sem
(=Bartlett) quando maduro adstringência suculenta.
Tipo japonesa Marrom, ficando marrom- Polpa doce, crocante e macia, se
Housui dourado quando maduro m adstringência,extremamente
suculenta.
Nijisseiki Verde, ficando amarelado Polpa doce, crocante e macia,
quando maduro sem
adstringência, mutio suculenta.
Kousui Marrom, ficando marrom- Polpa doce, crocante e macia,se
dourado quando maduro m adstringência, muito suculenta
Tipo chinesa Verde com lenticelas Polpa menos doce,crocante, sucu
Ya li grandes, ficando verde- lenta e sabor pouco
Tsu li claro quando maduro. Com pronunciado.
russenting próximo ao
Pedúnculo
Fonte: Faoro (1999)

No Estado de São Paulo, os cultivares mais recomendados são: Híbridos IAC: Pêra
Seleta (IAC 16-28), Triunfo (IAC 16-34) e Tenra (IAC 15-20, polinizante). O Instituto
Agronômico lançou promissoras seleções de pereiras Primorosa (IAC 9-3) e Centenária (IAC
9-47), com bom comportamento, em condições de inverno de pouco frio. Peras rústicas
tradicionais: Pera D'Água (branca, d’água de Valinhos,d’água, de são roque) Pera Francesa
(Madame Sieboldt e Grazzine), e tipo dura ou d’água de outono (Kieffer, Schimidt e Parda).
Peras orientais: Okussankichi, Hossui, Kossui, Atago e Yari (para regiões mais frias). Pêras
européias: Packham’s e Triumph (para regiões frias) .
Apesar da existência de bons cultivares, para ter sucesso no cultivo da pereira, é
preciso ter bom nível técnico na condução da cultura e escolher um adequado porta-enxerto.
A pereira é uma planta que exige polinização cruzada, sendo por isso recomendável o plantio
de cultivares (10 a 20%) polinizadores que sejam compatíveis e tenham o ponto de floração
coincidente .
As pêras européias com alta qualidade recomendadas para o plantio em regiões frias
do estado de Santa Catarina são: “Packam’s Triumph”, “Williams” e Max Red Bartlett
(Faoro,1999). As japonesas recomendadas são Housui, Kousui e Nijisseiki (Século XX)
(Tabela 8).

Tabela 8. Recomendação de cultivares de pereira para regiões de Santa Catarina com


altitude superior a 1.220m, ou com média superior a 700 horas  7,2o C de maio a
setembro
Cultivares produtoras Cultivares polinizadoras
Pêras européias
Packham’s Triumph Winter Nelis, Housui e Red Bartlett
Red Bartlett Packham’s Triumph, Nijisseiki (Século XX) e Kousui
William’s Nijisseiki e Kousui
Pêras japonesas
Housui Packham’s Triumph, Winter Nelis e Kousui
Kousui Packham’s Triumph, Winter Nelis e Nijisseiki
Nijisseiki (Século XX) William’s, Red Bartlett e Kousui
Fonte: EPAGRI (1997)
O conhecimento do período de floração, início de maturação e produção das pereiras
européias e japonesas em cada região produtora, é importante para definir estratégias para
implantação de pomares e comercialização de frutos (Tabela 9).

Tabela 9. Dados de fenologia, produção e peso médio dos frutos da cultivares de pereira na
Estação Experimental de São Joaquim, SC.
Cultivar idad Período de Início de Peso Kg/planta
e floração maturaçã médio do
o fruto (g)
Packham’s Triumph (a) 20 14/09 a 02/10 17/02 280 138
Red Bartlett (a) 20 23/09 a 09/10 03/02 271 75
William’s (a) 20 28/09 a 16/10 03/02 241 68
Winter Nelis (b) 9 14/09 a 02/10 25/02 200 40
Nijisseiki (Século XX) (c) 16 28/09 a 14/10 07/02 211 56
Housui (d) 9 16/09 a 05/10 28/01 160 25
Kousui (d) 15 28/09 a 11/10 28/01 150 29
(a) Enxertadas sobre “seedlings” de Garber- dados médios dos últimos dez anos
(b) Enxertadas sobre “seedlings” - dados médios dos últimos dez anos
(c) Planta sobre-enxertadas - dados médios dos últimos cinco anos
(d) Planta sobre-enxertadas - dados médios dos últimos dez anos
Fonte: EPAGRI (2001).
As pereiras japonesas apresentam diferenças marcantes desde o local de plantio a
armazenagem, que precisam ser conhecidas para um bom manejo e produção.
Tabela 10. Principais diferenças entre pereiras tipo européias e tipo japonesas.
Características Européias Japonesas
Nome científico e Pyrus communis P.Triumph’ Pyrus pyrifolia var. culta: ‘Housui’,
exemplo de , ‘William’s’ ‘Nijisseiki’
cultivares
Local de plantio mais Países europeus e Países asiáticos
comum americanos
Início da produção Do 5o ao 6o ano Do 3o ao 4o ano
Adaptação Geralmente mais exigentes Geralmente com média exigência
em frio(700 horas  7,2o C) em frio (300 a 900 horas  7,2o C)
Folhas Pequenas Grandes
Condução da planta Comumente em líder central Comumente em latada ou 3 a 4
ramos principais
Compatibilidade com Geralmente compatíveis Geralmente incompatíveis
marmeleiro(P.enxerto
)
Cálice da flor Com sépalas Essencialmente caduco
Frutos Piriformes Arredondados
Colheita Frutos ainda verdes, Frutos maduros podendo ser
devendo consumidos imediatamente
ficar em câmara fria para
posterior consumo
Resistência a danos Suportam mais Extremamente sensíveis
na colheita e comerc.
Armazenagem Frutos climatéricos Frutos pouco climatéricos, com
pouca produção de etileno
Fonte: Faoro(1999)

3.2. Cultivares porta-enxertos.

O porta-enxerto tem forte influência sobre a cultivar copa, interferindo sobre a


precocidade de entrada em produção, vigor e tamanho da planta; absorção de nutrientes
pela raiz, qualidade do fruto,produtividade, tolerância à seca, resistência a pragas e doenças,
suscetibilidade aos danos de pesticidas (EPAGRI,2001).
No estado de São Paulo os porta-enxertos recomendados são: pereiras comuns
(Kieffer ou Parda);Pyrus betulaefolia bunge; Pyrus calleriana Decne e marmeleiros (protugal
e Provence ). Os porta-enxertos oriundos de sementes de Pyrus communis, principalmente
das cultivares Winter Nellis e Bartlett, por apresentarem boa resistência à baixas
temperaturas e serem adaptados à maioria dos tipos de solo e serem de fácil obtenção, são
muito utilizados no EUA e Canadá (Leite&Denardi 1992). Muitos clones de Pyrus communis
são difíceis de serem propagados vegetativamente. Mas devido ao melhoramento genético,
estão sendo obtidos novos porta-enxertos desta espécie, com baixo vigor e alta capacidade
de multiplicação vegetativa. Na tendência de plantio de pomares de alta densidade
destacam-se os porta-enxertos anões: Fox 11, Pyrodwarf e alguns clones da série OhxF
(EPAGRI, 2001).
No sul de Minas Gerais utiliza-se Schmidt (P. Communis) como porta-enxerto por
mostrar boa resistência a solos secos e relativa tolerância a solos argilosos e
úmidos (Leite&Denardi 1992).
O Pyrus betulaefolia adapta-se bem a diversas condições de solo, mas não tolera
temperaturas muito baixas. Apesar de se adaptar bem em tanto em solos secos como em
úmidos e argilosos, este não é muito tolerante a solos encharcados durante o período de
crescimento (Leite&Denardi,1992). Sendo que produz plantas mais vigorosas em relação à
P. calleriana,. e tem média a boa eficácia produtiva. Possui alta absorção de cálcio,boro, e
zinco, e é resistente ao declínio, nematóide, entomosporiose, míldio, pseudomonas, galha
de coroa, podridão do colo, ao fungo da podridão da madeira e ao pulgão lanígero e ao
nematóide; alta resistência ao declínio, ao míldio, à galha de coroa (Agrobacterium
tumefasciens), à podridão do colo (Phytophthora sp.) e ao fungo da podridão da madeira; e
resistência moderada ao fogo selvagem. Este porta-enxerto reduz a desordem fisiológica
denominada yuzuhada, que dá aspecto de película áspera do fruto (EPAGRI,2001).
O Pyrus calleriana é resistente a altas temperaturas e adapta-se bem a diversos tipos
de solo. Apresenta baixa capacidade de absorção de cálcio, zinco, e ferro (Leite & Denardi,
1992). É semelhante ao P. calleryana D-6, mas as plantas apresentam espinhos e por isso
é preferível o D-6. O crescimento é moderado em solos arenosos. O crescimento é
moderado em solos arenosos. Apresenta as mesmas características que P. betulaefolia
porém com resistência muito alta à entomosporiose (EPAGRI 2001). Tanto P.calleryana
como P. betulaefolia constituem-se em boas opções de porta-enxertos para a região do meio
oeste Catarinense por apresentarem boa adaptação a solos argilosos e
ácidos (Leite&Denardi 1992).
O marmeleiro Cydonia oblonga L. adapta-se muito bem em solos argilosos e ácidos e
tolera solos úmidos. Mas não apresenta resistência à temperaturas muito baixas. E parece
absorver bem o magnésio, mas deixa a desejar na absorção de nitrogênio, ferro e boro . É o
cavalo preferentemente escolhido quando se pretendem árvores de pequeno porte e rápida
frutificação, formando raízes superficiais e com moderada fixação ao solo. Não toleram o
calcário ativo, dado que denuncia facilmente cloroses mesmo em solos com baixo
teor (Nogueira,1985). Este porta-enxerto de modo geral apresenta alta resistência ao declínio
da pereira, à Agrobacterium tumefasciens, ao míldio e à podridão do colo. É também
resistente ao pulgão lanígero e aos danos causadospor nematóides. Sendo
suscetível ao fogo bacteriano e à entomosporiose (Leite&Denardi 1992).
Os porta-enxertos de marmeleiros não são recomendados para pereira japonesa por
apresentarem sérios problemas de incompatibilidade (EPAGRI,2001).

3.2.1 - Obtenção do porta-enxerto por sementes:

Para coleta de sementes, deve-se usar de preferência frutos de plantas matrizes de


Pyrus calleriana e P.betulaefolia. Esses frutos devem ser colhidos bem maduros, o que
acontece durante os meses de abril e maio. A grande vantagem dessas sementes em
relação as sementes de outras peras, é que permitem maior uniformidade das plantas, por
que o material tem capacidade de se autopolinizar. Na falta de frutos destes porta-enxertos
pode ser feita a coleta de sementes de frutos de qualquer outra cultivar de pereira japonesa
bem como européia. Esses frutos devem ser colhidos bem maduros, sendo retiradas as
sementes logo após a colheita ou então guardar durante um mês em câmara fria, só depois
fazer a coleta das sementes.
As sementes devem ficar dentro da água durante um dia, depois das primeiras 12 horas
trocar a água para eliminar os hormônios existentes na parte externa das sementes. Como
pode ocorrer o desenvolvimento de fungos durante a quebra da dormência, é indicado um
tratamento de desinfecção. Coloque as sementes em solução de 70% de álcool por 10 a 15
segundos, em seguida, lave as sementes em água por três vezes. Agora, deixe as sementes
durante um minuto em solução de 10% de hipoclorito de sódio. Mais uma vez, lave bem as
sementes.

3.2.1.1 - Quebra da dormência e germinação das sementes de porta-enxertos

Em uma bandeja forrada com algodão coloque as sementes e molhe bem com uma
solução à base de um fungicida de amplo espectro. Em seguida envolva a bandeja em um
plástico transparente, e, deixe na geladeira a uma temperatura de 2 a 4ºC durante três
meses, ou até o início da germinação, mantenha a bandeja sempre úmida. A germinação das
sementes foi um sucesso, é hora de fazer a semeadura, por que as pequenas raízes já
possuem um comprimento de 0,5 à 1,0 cm. Esta semeadura pode ser feita em bandejas,
sacos de papel, plástico ou em copinhos. O substrato para semeadura, pode ser composto
de nove partes de terra não contaminada com doenças ou pragas, e três partes de cama de
aviário de preferência de duas crias, e uma parte de areia de rio. Para cada metro cúbico de
substrato acrescente de 2 a 4 kg de adubo 5-20- 10, ou, se for preciso, 4 a 5 kg de cal
hidratada. Este substrato só pode ser usado, depois de ficar 30 dias em repouso.
Uma semana após a semeadura as plântulas já começam a emergir. Com 3 a 4 meses
possuem de 10 a 15 cm de altura, e, estão prontas para o plantio no viveiro. No ano seguinte
os porta-enxertos vão estar prontos para enxertia.

3.2.2 - Porta-enxertos por estaquia lenhosa.

A estaquia lenhosa é um método de propagação muito usado para produção


comercial de mudas, por que apresenta baixo custo e facilidade no trabalho. É importante o
uso de cultivares com bom potencial de enraizamento. No Brasil os porta-enxertos
disponíveis pereira japonesa, com possibilidade de propagação por estaquia lenhosa são
esses: Pyrus calleriana e Pyrus betulaefolia. As estacas são retiradas de plantas matrizes
cultivadas especialmente para esse fim. Devem ser sadias e nutricionalmente equilibradas.
Um erro básico é pensar que, como o objetivo dessas plantas não é a produção de frutos,
não há necessidade de adubar. Muito pelo contrário, como são matrizes, e todo ano
fornecem as estacas, é importante que recebam adubação adequada. A época certa para
retirada das estacas e durante o período de repouso vegetativo das plantas, ou seja, no
inverno entre julho e agosto.
O sucesso no enraizamento de estacas lenhosas de pereira começa com a escolha do
material a ser enraizado. Para tanto devemos realizar no ano anterior uma poda drástica
visando crescimento vigoroso de material juvenil, material novo. Após isso, nós vamos
escolher entre os ramos que cresceram no ano passado, aqueles com diâmetro ideal para se
proceder enraizamento. Este diâmetro ideal situa-se na faixa de ramo com diâmetro de um
lápis. Evitando-se retirar ramos muito finos, ou o oposto, ramos muito grossos. Estacas muito
finas não tem reservas suficientes para promover o enraizamento, e, estacas muito grossas
brotam rápido, antes da formação das raízes. Para fazer o corte das estacas o tamanho
adequado é de 25 cm, o corte deve ser feito logo acima de uma gema na parte superior, e,
logo abaixo de uma gema na parte inferior das estacas. Separe as estacas conforme o seu
diâmetro, assim você vai ter uma melhor uniformidade de plantas, e, consequentemente vai
ter maior facilidade nos tratos culturais. Antes do plantio, a base das estacas deve ser
tratada com regulador de crescimento. A finalidade do tratamento é promover um melhor
enraizamento e aumentar a qualidade do sistema radicular. Em primeiro lugar raspe
aproximadamente 2 cm de casca em dois lados opostos da base das estacas. Em seguida,
mergulhe a base das estacas em uma solução hidroalcoólica os cinco segundos. Esta
solução pode ser de ácido indolbutírico o ácido naftaleno acético, em uma concentração de
2000 mgL-1 e 3000 mgL-1 respectivamente.

Como se prepara um litro de solução de ácido indolbutírico:

Em primeiro lugar dilua 2 g de ácido indolbutírico em 100 ml de álcool etílico, adicione


mais 400 ml de álcool etílico, e, complete o litro com água destilada (ou álcool etílico). Esta
solução deve ser guardada em um vidro escuro, e, em local com pouca claridade.
Depois do tratamento com regulador de crescimento, deve-se deixar as estacas secarem à
sombra. Em seguida faça o plantio.
A aeração do solo é fundamental na fase de enraizamento, principalmente no início
da formação das raízes. Por isso que regiões de solo úmido e argiloso como é o caso do
meio Oeste Catarinense, o plantio das estacas deve ser feito em camalhões para que a base
fique acima do nível do solo. A distância entre uma estaca e outra depende do método de
enxertia de viveiro ou enxertia de mesa. Se a enxertia for feita diretamente no viveiro o
espaçamento entre estacas deve ser de: 20 à 25 cm. Já se a enxertia for de mesa o
espaçamento pode ser reduzido para 10 a 15 cm. No inverno seguinte essas estacas vão
estar prontas para a enxertia.

4.0 - Enxertia

A enxertia é um método de propagação vegetativa que consiste em se juntar partes de


plantas diferentes essas partes se soldam e continuam o crescimento como se fosse uma só
planta. Ela é usada por diversos motivos, entre os principais podemos citar: A multiplicação
daquelas cultivares de difícil propagação por outros métodos vegetativos. Em segundo lugar
muito importante é obtenção de benefícios dos portas enxertos, como resistência à doenças
e condições adversas do solo. E em terceiro lugar, a possibilidade de troca da cultivar copa
em produção, por uma mais nova, sem a necessidade de arrancar o pomar.
Métodos de enxertia para pereira: Borbulhia: T normal e invertido; de placa.

4.1 – Método de enxertia por garfagem:

O material que vai ser usado com enxerto deve ser retirado de plantas matrizes
sadias, livres de doenças e pragas, bem nutridas e vigorosas. Cortar os garfos com uma a
três gemas úteis. Tenha cuidado de fazer o corte superior logo acima de uma gema, a
enxertia de garfagem mais usada é a dupla fenda ganha conhecida como inglês complicado.
Esse tipo de enxertia pode ser feito em galpão, enxertia de mesa ou diretamente à campo,
no viveiro. Tanto na mesa como no campo o procedimento é o mesmo, para amarração use
de preferência fita especial, com o tempo essa vida vai se degradando e não há necessidade
de retirar o material depois da cicatrização do enxerto. A época indicada para prática da
enxertia é no inverno durante os meses de julho e agosto quando o porta-enxerto e a copa
ainda estão dormentes. Assim há tempo para enxerto cicatrizar antes do início da brotação.
Na garfagem dupla fenda, os garfos podem ser conservados em câmara fria por até 3
meses em to de 2 a 6 oC com 80% de UR para uma melhor brotação.
Depois do plantio no viveiro a muda vai ter até o próximo outono para se desenvolver.
No inverno seguinte esta muda vai ser arrancada e preparada para o plantio no pomar.

4.2 - Substituição da copa:


A sobre-enxertia é uma prática utilizada quando se deseja substituir uma variedade
copa em produção por uma outra de interesse do produtor, por exemplo: Substituir uma
Packams Triumph a variedade de pera européia, por uma variedade japonesa, mais
adaptada às condições do meio oeste de Santa Catarina.
Para fazer a sobre-enxertia em primeiro lugar é preciso cortar as plantas, os ramos que vão
ser substituídos. A sobre-enxertia pode ser feita tanto no tronco da pereira como nos ramos
laterais. O método é o de garfagem dupla fenda.
Qual a vantagem da sobre-enxertia sobre o método tradicional de arranquio e plantio de um
novo pomar:
Já a partir do segundo ano, a sobre -enxertia proporciona produções comerciais, que podem
auxiliar na redução das depesas de implantação da nova área. Enquanto que pelo método de
tradicional de plantio de um novo pomar, esta produção só estaria começando a partir do 4º
5º ano.

5.0 - Plantio das mudas:


A qualidade da muda é primordial para o sucesso do pomar. Na hora do plantio
devemos dar preferência para mudas vigorosas com altura superior a 1,50 metros e com
diâmetro 10 cm acima do ponto de enxertia ao redor de 15mm. Outro fator importante é o
sistema radicular, devemos dar preferência por plantas que apresentam de 3 a 4 raízes
estruturais, que são as mais grossas e maior número de raiz absorventes que são as mais
finas.

6.0 - Sistemas de condução e poda da pereira

A produtividade da pereira japonesa e a qualidade de seus frutos dependem muito da


maneira como um pomar é conduzido, principalmente nos três primeiros anos. A planta
precisa adquirir uma forma que permita a sustentação dos frutos e facilite as práticas de
manejo do pomar. Desde o plantio até o terceiro quarto ano você deve se preocupar com a
formação da planta. Uma planta bem formada produz mais frutos durante muitos anos.
Os cuidados com a pereira começam logo após o plantio das mudas. A muda após o plantio,
é uma muda que não foi despontada. É necessário nós fazermos o desponte da muda. A
altura que nós devemos cortar a muda ao plantio, vai depender de dois fatores: o vigor da
muda, e o sistema de condução que será adotado.
Uma muda com que que tem em torno a 20 mm de diâmetro, é uma boa muda, portanto ela
deve ser podada no primeiro ano em torno de 90 cm a 1,0 m do nível do solo.
Após o corte a mesmo deve ser protegido uma mistura de tinta plástica mais fungicida para
proteger da dessecação, e evitar também, a entrada de fungos. Esta mistura, para proteger
os cortes de poda pode ser feita na propriedade. Para isso deve-se misturar um litro de tinta
plástica branca ou um litro de cola branca, com 60 gramas de um fungicida de amplo
espectro. Estes produtos são encontrados em casas agropecuárias.

6.1 - Mudas de menor vigor:

No caso de plantar uma muda mais fraca, esta deve ser cortada mais baixo para que
origine uma ramo mais forte, para que no ano seguinte possa ser cortada na altura
certa. Não deve se esquecer de fazer o tutoramento da muda, que pode ser feito com
bambú.
Para manter a produtividade do pomar e a qualidade dos frutos, a pereira adulta
necessita de podas anuais. Esta poda mantém a planta equilibrada e renova os órgãos de
frutificação. Uma preocupação constante que você deve ter é de manter as plantas abertas e
evitar o sombreamento. Para isso é feito a poda verde que consiste na retirada de ramos
muito vigorosos e ramos que se encontram na posição vertical.

7.0 - Principais sistemas de condução da pereira japonesa:


O sistema de condução da pereira denominado líder central pode ou não, ser usada
uma estrutura de sustentação. Principalmente quando o porta-enxerto for Pyrus betulaefolia
ou Pyrus calleryana que apresentam um sistema radicular profundo. A característica do líder
central é a formação de um eixo central de onde saem as estruturas dos ramos de produção.
A planta adquire uma forma cônica com três a quatro camadas de ramos separados de 10 a
20 cm.

7.1 - Na forma de guia central, ou guia modificado:


O primeiro passo com já foi mencionado, devemos despontar a muda à um metro do
nível do solo. E, vamos escolher três ou quatro ramos permanentes de crescimento, a
medida que forem crescendo os ramos laterais. Estes devem ser os que estiverem mais bem
distribuídos ao redor da parte superior do tronco abaixo da primeira gema, para formação do
primeiro andar da copa. Fazer o arqueamento dos mesmos em um ângulo de mais ou menos
45 graus em relação ao líder central.
No segundo ano: é feito o desponte destes ramos laterais permanentes do primeiro ano.
Sempre devemos despontar os ramos laterais deixando a última gema na parte de cima do
ramo. Para que, posteriormente quando fizermos o arqueamento não ocorrer quebra destes
ramos.
O segundo andar de ramos será formado sobre o último ramo vertical de crescimento do ano
anterior. Sendo este podado à 90 cm do seu crescimento. E a medida que crescerem os
ramos laterais serão selecionados quatro destes bem distribuídos ao redor do tronco. E o
ramo mais alto, originado da primeira gema, logo abaixo do corte do ano anterior .
No terceiro ano: o ramo vertical será podado à 80 cm do seu crescimento. Ficando com 10
cm à menos que o central do ano anterior. Sempre podando os ramos laterais de
crescimento do ano anterior em 1/3 do seu tamanho
Com a sua formação quase concluída, a planta possui três andares de ramos, ou seja três
camadas de ramos. Nesta fase devemos continuar fazendo arqueamento dos ramos sempre
obedecendo a angulação de 45 graus. Para arqueamento podemos usar barbante de sisal,
pedaços de bambus. No quarto ano executamos as mesmas práticas realizadas no segundo
ano de corte de um terço dos ramos de crescimento do ano anterior e deve-se cortar o
terceiro ramo vertical da copa logo acima de um ramo lateral, para não haver mais
crescimento vertical. Ou ainda, pode-se curvar para baixo, o ramo vertical do quarto ano para
cessar o crescimento em altura. Deve-se cortar os ramos laterais bifurcando-os até a planta
tornar-se adulta, no quinto ano. As plantas então vão estar formadas, e, a partir dali se faz
somente a poda de frutificação. Que consiste no encurtamento dos ramos de produção e,
também deve ser eliminados os ramos em posição vertical, ou direcionados para o interior da
planta.
8.0 - Os principais ramos a serem eliminados na planta após a sua formação:
a) Ramos doentes, quebrados.
b) Ramos verticais: Pois são ramos vegetativos
c) Ramos voltados para baixo: Alimentam mal os frutos
d) Ramos na horizontal: Param de crescer mais cedo, são produtivos no inicio porém
transformam-se em portadores de ramos verticais e devem ser eliminados.
e) Ramos paralelos: competem por nutrientes, reduzem a fotossíntese, mantém a umidade e
aumentam as pragas e doenças
f) Ramos cruzados: competem por nutrientes, reduzem fotossíntese mantém a umidade
aumentam as pragas e doenças, danificam os frutos pelo atrito.

8.1 - Condução das plantas no sistema em vaso aberto:


O sistema vaso aberto permite uma melhor distribuição no crescimento da pereira,
principalmente porque as cultivares de pera japonesa são vigorosas e há falta de porta-
enxertos anões. O sistema é recomendado para espaçamentos maiores de 6 m entre filas, e
4 m entre plantas. Sendo que este sistema que entra em produção depois do terceiro ano. A
construção da planta em vaso aberto é feita da seguinte maneira:
* Depois do plantio selecione três a quatro ramos (60º taça, 45º vaso) bem distribuídos ao
redor do tronco. Estes devem ficar separados a uma distância de aproximadamente 10
centímetros entre eles. No primeiro ano durante a fase vegetativa conduza os ramos em um
ângulo de 45° com a vertical. Ao final do primeiro ano, depois que você definiu os primeiros 3
ou 4 ramos permanentes, desponte um terço do comprimento desses ramos. Elimine os que
se desenvolveram na parte superior do ramo. No segundo ano continue conduzindo os
ramos permanentes a um ângulo de 45 o. Os ramos da pera japonesa são muito frágeis
durante a fase vegetativa. Por isso, a medida que vão crescendo de 15 a 20 cm devem ser
amarrados em taquaras para evitar que quebrem. Ao final do segundo ano faça novamente a
poda de desponte em ramos permanentes e secundários. O mesmo procedimento deve ser
feito no terceiro ano e nos anos seguintes até que a planta esteja formada (5 anos).
O sistema em “V “ se adapta para plantios com densidades médias, com a entrada em
produção precoce, e com frutos de qualidade. Necessita de suporte para sustentação o que
aumenta o custo de implantação. As mudas neste sistema são plantadas com 60 a 80 cm de
altura. No primeiro ano selecione dois ramos que devem ser conduzidos no sentido entre fila,
um para cada lado, o ângulo de arqueamento deve ser de 60º . Sobre estes dois ramos
selecione três ramos de cada lado. Faça a condução no sentido horizontal. Destes ramos é
que vão sair os ramos de produção. Os ramos com inclinação de 60º ocorre a produção de
ramos verticais que devem ser eliminados durante o período vegetativo. Como material de
sustentação você pode usar o bambú, coloque três em cada lado. A medida que os ramos
vão crescendo devem ser amarrados nos bambus. A distância de plantio no sistema em V é
de 5 a 6 metros entre filas e 2,5 a 3 metros entre plantas. A altura não deve ultrapassar os
três metros para facilitar os trabalhos de manejo das plantas e a colheita.
Uma variação deste sistema é a condução de uma planta para cada lado, em vez de serem
usados dois ramos de cada planta. Este método tem como vantagem a antecipação da
entrada em produção. Além disso espaçamento pode ser menor de 5 m entre filas e 2m entre
plantas. Como cada planta é arqueada para um lado, o espaçamento para cada planta
equivale a 4 metros. No pomar adulto você deve fazer a renovação dos ramos através do
encurtamento e desponte.

8.2 - Sistema de condução em latada para pereira


O sistema latada é o mais usado no Japão, o objetivo deste é suportar os ventos
fortes que ocorrem na primavera e verão mantendo uma forte estrutura de sustentação. O
inconveniente deste sistema é o alto custo de implantação e o atraso na entrada em
frutificação. As plantas começam a produzir a partir do 4º ano. A grande vantagem que a
produção de frutas de tamanho grande e de alta qualidade e a diminuição dos trabalhos de
poda após a completa implantação do pomar. A densidade de plantio recomendada neste
sistema é de 6 m por 3 m ou até 6 por 6.
Como fazer a condução das plantas: selecione três a quatro ramos ao redor da planta
formando um ângulo de 360º. Depois do primeiro ano os ramos devem ser levados até os
arames com um ângulo de 45 a 60º . Para conduzir os ramos principais até o arame e evitar
quebras você deve usar bambus. De que cada ramo principal selecione 3 a 4 ramos
secundários de onde vão sair os ramos de produção. O cuidado que de ter no arqueamento,
é de deixar uma folga no barbante para que não ocorra o anelamento dos ramos. Quando
você precisar arquear ramos em posição vertical use e fita para evitar a quebra durante o
arqueamento. Depois da plena formação, todos os espaços horizontais devem estar
preenchidos.
Existem diversas variações do sistema latada, podem ser usadas estruturas únicas ou
estruturas isoladas para cada fila. Para diminuir o custo de implantação você pode substituir
a estrutura de arame por bambu. A altura dos arames deve ser de 1,80 a 2 m do solo.
Poda de inverno consiste no encurtamento dos ramos ou eliminação de ramos em excesso.
Sua intensidade depende do sistema de condução adotado e da cultivar. A pera japonesa
tem como característica produzir uma florada abundante em ramos de 1 ano. No caso da
cultivares Nijisseiki a floração se dá em esporões em geral em ramos de dois ou mais anos e
apresenta pouco crescimento dos ramos. Em função disso há necessidade de renovação dos
ramos a partir do terceiro ou quarto anos. No caso das cultivares Housui e Kousui a
frutificação acontece tanto em gemas terminais como em gemas axilares. Na cultivar
nijisseiki somente as gemas terminais e esporões produzem frutos de valor comercial.
Nessas condições na cultivar Nijisseiki é preciso formar o ramo para produção no ano
seguinte. Durante a poda é importante observar o local de corte sempre com a preocupação
de deixar a última gema da parte superior do ramo. Quando o ramo tiver 3 ou mais anos
você deve fazer a poda de renovação e a poda dos esporões. Os ramos com seis anos
devem ser trocados por que não produzem frutos de qualidade. As cultivares Housui e
Kousui que produzem frutos e gemas axilares devem ter seus ramos despontados para
manter a produção. Para isso é necessário reduzir o comprimento de 20 a 30 cm a fim de
induzir forte crescimento vegetativo. Esses ramos também podem ser cortados a duas
gemas para formação de um ramo de produção no ano seguinte. Alguns ramos devem ser
mantidos por dois a três anos para formarem esporões. Ramos na vertical ou em excesso
devem ser eliminados.

8.3 – Poda verde:

A poda verde quando realizada durante o período vegetativo da planta objetivo dessa
poda é eliminar os ramos na vertical ou que estejam competindo com os ramos escolhidos
como permanentes. A intensidade da poda verde vai depender do sistema de condução. No
sistema em “V” com a inclinação dos ramos ângulos em 45°, há um desenvolvimento maior
de ramos vigorosos, por isso a poda verde é necessária para eliminar todos os ramos que se
desenvolveram na parte central da copa. Nesta prática é recomendada a eliminação de todo
os ramos, e não é feito o desponte destes. Em Pomares adultos a poda verde pode ser
necessária para permitir a entrada de luz no interior da planta, principalmente nos sistemas
de condução de lider central e vaso aberto.
9.0 - Polinização:

A pereira japonesa para produzir seus frutos necessita de polinização cruzada quer
dizer os grãos de pólen de uma flor não conseguem fecundar os óvulos da mesma flor, nem
de outra flor de uma planta da mesma cultivar. Por isso, é preciso que você plante no mesmo
pomar duas cultivares que floresçam na mesma época. Para melhor entender como
acontece a formação de frutos na pereira, é preciso conhecer seus órgãos reprodutores, que
estão nas flores. Na pereira japonesa vamos encontrar os órgãos masculinos (antera, filete,
pólen) e femininos (estigma estilete ovário, óvulo), nos órgãos masculinos estão os grãos de
pólen que são liberados das anteras, quando a flor esta aberta. Os órgãos femininos que são
esses finos tubos(estiletes) localizados na parte central da flor, eles estão ligados ao ovário,
onde acontece a fecundação. A polinização que a fase onde você pode interferir, é a
transferência dos grãos de pólen das anteras para o estigma. Na pereira japonesa este
casamento deve ser feito entre cultivares diferentes e compatíveis. Para que os grãos de
pólen sejam transferidos, são necessários agentes polinizadores. No caso da pereira
japonesa este trabalho é feito pelos insetos principalmente abelha, ou pelo próprio homem,
através da polinização manual. Voando de flor em flor a abelha acaba transferindo os grãos
de pólen de uma cultivar para outra. Mas para que isso aconteça é preciso que as cultivares
floresçam na mesma época. Se a polinização for deficiente os frutos vão formar poucas
sementes e poderão ser deformados. Quanto maior o número de sementes mais bem
formado será o fruto assim dá para concluir que é muito importante a escolha das cultivares
polinizadoras, a distribuição destas plantas no pomar, e o manejo das abelhas para permitir
uma boa por polinização. Alguns produtos devem ser
evitados de serem aplicados na floração porque podem causar queda de flores, sendo estes
cobre e enxofre.
9.1 - Para você ter no seu pomar uma boa cultivar polinizadora é importante observar
essas características da planta:

Deve Florescer a mesma época daquela que vai ser polinizada


Deve ter floração intensa e constante
É necessário que o pólen seja viável e compatível
E que seus frutos tenham o valor comercial

9.2 - Distribuição das cultivares polinizadoras no pomar:

 Coloque no mínimo 10% de cultivares polinizadoras no pomar de pereira


 Essas plantas devem estar dispostas de preferência dentro das linhas, ou em linhas
alternadas, podendo ser simples ou duplas. Em um exemplo dentro das linhas: Em um
pomar como cultivar principal, as plantas polinizadoras são distribuídas na mesma linha em
todas as filas a cada sete plantas. É importante o uso de pelo menos duas cultivares
polinizadoras para garantir a perfeita polinização da cultivar principal. Neste caso as duas
cultivares polinizadoras devem ter valor comercial. A abelha é o principal agente polinizador,
por isso, você deve colocar de duas a quatro colméias no pomar. Estas colméias devem ser
levadas para o pomar logo no início da floração. E só devem ser retiradas depois que a
floração terminar. As colméias devem ser agrupadas em número de quatro a oito. Coloque a
saída das abelhas (alvado) voltadas para o nascente do sol.

9.3 - Polinização manual:


O primeiro ponto que você deve considerar na polinização manual é a compatibilidade do
pólen. É preciso que o pólen tenha uma alta taxa de germinação. Assim em primeiro lugar,
escolha a cultivar de onde vai ser coletado o pólen, e saiba em qual cultivar esse pólen vai
ser usado para polinizar as flores
A coleta do pólen deve ser feita nas flores em fase de balão, quando as pétalas ainda estão
fechadas. Também pode ser coletado o pólen em flores que acabaram de abrir, neste caso a
cor das anteras deve ser avermelhada. Não colete flores com as anteras já emagrecidas,
pois os grãos de pólen não apresentam mais condições para germinar. Depois da coleta, as
flores são levadas para um local protegido para retirada das anteras. Esse trabalho é feito
com o uso de uma peneira de tela metálica. As anteras devem ser secadas à sombra, em
temperatura de 24oC por um período de 48 horas. Para atingir essa temperatura, você pode
usar uma lâmpada de 60 Watts que deve ficar distante 50 cm do pólen. Depois da secagem
o pólen deve ser guardado em frascos com tampa de algodão, para permitir a respiração.
Não sendo usado o pólen dos próximos dias, ele pode ser guardado na geladeira. Para
períodos mais longos, o pólen deve ser armazenado em freezer à uma temperatura menor
que 18o C.
As flores da pereira são delicadas e podem ser facilmente ser danificadas durante a
polinização. Por isso, este trabalho deve ser cuidadoso. A polinização manual começa
quando a cultivar a ser polinizada estiver no início da floração. Você pode usar uma pluma de
penas de aves também chamada de pompom. Um pequeno pincel ou até mesmo máquinas
especiais para polinização.
O trabalho é rápido e simples, contamine a pluma com os grãos de pólen e passe nas flores,
de preferência na flor central. Só devem ser polinizadas as flores que abriram a menos de 24
horas. Em pomares onde existem falhas na polinização por deficiência de cultivares
polinizadoras você pode usar a técnica da sobre enxertia essa é uma medida corretiva
permanente, mas que começa a dar resultados dois a três anos depois quando inicia a
floração. A sobre enxertia deve ser localizada no terço médio da planta o sentido da fila e no
lado mais ensolarado.
Outra técnica para corrigir falhas na polinização é o uso de buquês, para isso coloque ramos
de outras cultivares em sacos plásticos ou outro vasilhame contendo água, distribua os
buquês a cada duas plantas dependendo da intensidade do problema.

10 - Raleio dos frutos

Para colher peras de alta qualidade você deve dedicar uma atenção especial durante
a fase de crescimento dos frutos. Uma característica da pereira japonesa é produzir vários
frutos por cacho. Se todos os frutos permanecerem na planta, o resultado final será a
produção de muitos frutos pequenos, e de baixo valor comercial. Por isso a prática do raleio
é fundamental para a produção de peras grandes e de excelente aparência. Na hora da
venda, este fruto vai ter o melhor preço. A queda natural dos frutos da pereira geralmente
acontece de 3 a 6 semanas depois da queda das pétalas das Flores. Nesta fase você já
pode identificar os frutos imperfeitos. Assim, o momento adequado para você iniciar a prática
do raleio em um pomar é cerca de três semanas depois da floração. Na pereira japonesa a
película dos frutos é muito sensível, eles não podem ficar encostados em ramos, ou em
outros frutos porque essa película pode manchar. Por isso é recomendado que você deixe
apenas um fruto por cacho, espaçados um do outro em aproximadamente 20 cm, ou um
palmo. Como os outros não se desprendem da planta com facilidade faça o raleio com uso
de uma tesoura. Retire os frutos afetados por pragas e doenças frutos deformados, de menor
tamanho, aqueles onde o cálice não caiu depois de seco e os frutos que estão de ponta
cabeça por que apresenta o menor teor de açúcar. O ideal é que a pera japonesa tem o fruto
o mais arredondado possível por isso. Por isso, procure sempre deixar o terceiro ou quarto
fruto no cacho, já que as primeiras flores tendem a produzir frutos mais achatados, e as
últimas, produzem frutos mais alongados. Seguindo esta orientação alguns produtores de
pera japonesa no município de Frei Rogério em Santa Catarina estão colhendo frutos com
peso médio de 270g.

11.0 - Ensacamento dos frutos

Logo depois do raleio é feito ensacamento dos frutos. O ensacamento dos frutos é
mais uma tecnologia usada no cultivo da pereira japonesa, para se obter frutos de alta
qualidade principalmente das cultivares de película amarela. O ensacamento dos frutos
representa o aumento no custo da mão de obra. Mas em compensação, a aparência final das
peras será bem melhor. A casca vai ficar mais lisa e com uma cor mais atrativa. Além disso,
você reduz praticamente a zero os danos causados pelos insetos. Outras vantagens que
você vai ter fazendo ensacamento dos frutos da Pedreira: Além na melhoria da qualidade,
essa prática evita os danos causados principalmente para mosca das frutas lagartas e
grafolita. Reduz o risco de infecção por algumas doenças. Evita o russeting especialmente
nas cultivares de casca verde. Diminui o uso de fungicidas e inseticidas. Protege os frutos
contra damos causados por pássaros, chuvas leves e granizo. As peras que possuem casca
verde ficando amarela quando maduras, necessitam do ensacamento, caso contrário os
frutos desenvolvem o russeting, e adquirem um aspecto machado e de má aparência
comercial. Este é o caso da cultivar Nijisseiki. Já as cultivares de película marrom como
Housui e Kousui o ensacamento não é obrigatório. Mesmo assim, alguns produtores estão
realizando esta prática cultural, para obter frutos de melhor aparência e, consequentemente,
de maior preço no mercado.

Russeting: Rugosidade formada pela presença de alta umidade e sol sobre a casca dos
frutos fazendo com que as células rompam formando uma superfície rugosa de células
mortas. Esta rugosidade começa aparecer um mês depois da polinização. A alta umidade e
sol nos frutos é a maior responsável pelo aparecimento do russeting. Para que isso não
aconteça no seu pomar, você deve fazer ensacamento dos frutos. Conforme a cor da casca
dos frutos os ensacamento é realizado em uma ou duas etapas. Para frutos com a casca
amarela, como cultivar Nijisseiki, você vai usar sacos pequenos e sacos grandes. Os sacos
pequenos são colocados cerca de 3 semanas depois da plena floração, quando os frutos
possuem em tôrno de 2 cm de diâmetro, ou o tamanho de uma noz. O tipo de saco mais
usado é o de papel manteiga transparente, de preferência parafinado para não aumentar
muito a temperatura interna. Para facilitar o fechamento, abertura dos saquinhos deve conter
uma fita adesiva ou um pequeno pedaço de arame. O trabalho de prender o saquinho frutos
se torna mais fácil. Os sacos grandes são colocados nos frutos depois de 2 meses da plena
floração. Nesta fase dos frutos já estão com tamanho de 3 a 3,5 cm de diâmetro. Os sacos
grandes devem ser colocados sobre os sacos pequenos antes que eles comecem a rasgar
pelo crescimento dos frutos. O ideal que nesta etapa você use sacos com comada dupla. Da
cor interna amarela, e externa bege. Mas pelo custo e dificuldade de encontrar no mercado
embalagens com essas características, você pode usar sacos de papel com uma só camada,
e de preferência de cor marrom. O importante é que estes sacos durem pelo menos três
meses na condição de campo. Sacos transparentes não devem ser usados por que não
evitam o desenvolvimento do russeting. Para facilitar o fechamento estes sacos devem ter
na abertura um pedaço de arame preso por uma fita adesiva. É importante que tenha uma
pequena abertura ou corte no fundo, para permitir o escoamento da água.
Como fazer ensacamento de frutos com película marrom como os das cultivares housui e
kousui. Para estes frutos são usados somente sacos grandes com uma camada de papel. O
ensacamento é feito na quarta e quinta semana após a polinização. Nesta fase os frutos
estão 2,5 a 3,0 cm de diâmetro. Os sacos são deixados nos frutos até o momento da
colheita, por isso deve-se evitar o uso de sacos de papel que podem ser facilmente
danificados pelo sol e pela chuva. Os sacos de cor marrom dão bons resultados. Para as
cultivares Housui e Nijisseiki
Deve-se usar sacos maiores por que os frutos crescem mais do que os da cultivar Kousui.

Qual é o rendimento no trabalho de uma pessoa fazendo ensacamento dos frutos? Em


Santa Catarina, em um Pomar comercial em plena produção, onde são produzidos em torno
de 110 mil frutos por hectare, uma pessoa bem treinada ensaca 1300 frutos por dia, isso
quando são usados os sacos pequenos.No caso de sacos grandes, uma pessoa pode
ensaca por dia em torno de mil frutos. Assim são necessários 85 dias por homem para
ensacar um hectare, se for em sacos pequenos, e 110 dias por homem, para um hectare,
quando ensacamento for com sacos grandes. Apesar de representar o aumento do custo de
mão de obra, e a compra de materiais, a prática do ensacamento dos frutos vale a pena.
Como resultado final você vai ter peras de melhor qualidade, ou, aparência mais bonita e,
consequentemente, maior valor de tempo.
Uma das grandes vantagens sem dúvida é economia no uso de agrotóxicos, principalmente
inseticidas, já que a mosca das frutas e a grafolita não conseguem penetrar os sacos, e
prejudicar os frutos. O que também compensa o custo do ensacamento é valorização do
produto no mercado. Pois sem agrotóxicos as peras obtém o maior preço, e a preferência do
consumidor.
E exemplo da macieira, a pereira é uma cultura de clima temperado bastante exigente em
horas de frio, para que haja um pouco desenvolvimento das plantas e boa produção de
frutos. Embora essa de fruta seja produzida em regiões bem mais frias que as encontradas
no sul do Brasil as peras japonesas tem apresentado bons resultados principalmente na
região do Planalto Catarinense. As pereiras européias necessitam mais de 900 horas de frio,
para que haja quebra natural de dormência. Já para as pereiras asiáticas, como é o caso da
pera japonesa, são necessárias de 300 a 800 horas de frio, que é quando a temperatura fica
abaixo de 7,2 graus centígrados. Essa quantidade de frio, acontece geralmente em regiões
situadas em altitude acima de 700 m do nível do mar.
As cultivares de pereira mais consumidas no mundo podem ser divididas em dois tipos
européias (chinesas) e asiáticas. As européias possuem o formato mais alongado a polpa e
amanteigada e bastante suculenta. A colheita é feita quando os frutos já estão desenvolvidos
(ponto de vez), mas ainda verdes para o consumo imediato. Eles são mantidos em câmara
fria para completar o amadurecimento. Quando os frutos amadurecem na planta (européias e
chinesas) há o risco de queda (pela produção de etileno), e podem ser danificadas durante o
transporte e a comercialização. Por isso é que são colhidas antes do amadurecimento
completo. As japonesas apresentam frutos de formato arredondado parecido com a maçã, a
polpa é crocante e macia, e muito suculenta. A colheita é feita quando os frutos estão
maduros (pela menor produção de etileno) podendo ser consumidos logo em seguida. Os
frutos são muito sensíveis à danos, tanto durante a colheita como na classificação,
armazenagem e comercialização. Na hora de consumir, é indicado retirar a casca. Já que
esta é muito áspera em comparação com a película da pera europeia.
As principais cultivares de pereiras japonesa indicadas para o plantio nas regiões mais
frias de Santa Catarina são três: Kousui, Housui, Nijisseiki. Vamos conhecer um pouco mais
de cada uma dessas cultivares.
A cultivar Kousui possui formato arredondado em uma cor marrom dourada quando o fruto
está maduro. Os frutos são pequenos com polpa doce crocante, macia e muito suculenta.
Essa cultivar suporta 45 dias em câmara fria, a florada é muito boa em regiões com 500 a
700 horas de frio.
A cultivar housui também apresenta um formato arredondado e cor marrom dourada quando
madura. Os frutos são grandes com polpa doce, crocante, macia e muito suculenta. Essa
cultivar suporta 60 dias em câmara fria, e apresenta uma florada média em regiões com 500
a 700 horas de frio.
Na cultivar Nijisseiki os frutos são arredondados e de cor amarela quando estão maduros. É
mais exigente em frio do que a housui e kousui, por isso, a florada reduzida em regiões com
500 a 700 horas de frio. O fruto da Nijisseiki é grande, com polpa doce, crocante, macia e
suculenta.
Em câmara fria suporta até 90 dias.

12.0 - Colheita da Pera japonesa

Em Santa Catarina, colheita da pera japonesa é feita geralmente nos meses de janeiro e
fevereiro. O amadurecimento provoca muitas mudanças nos frutos aumentando o teor de
açúcar, e, diminuindo a firmeza. O método mais simples de saber se os frutos estão maduros
é através das transformações que acontecem na sua cor. Os frutos de casca verde, depois
de maduros adquirem uma cor amarelada. Já nos frutos de casca marrom, a cor de fundo é
que fica amarelada, embora seja um excelente indicativo do ponto de colheita a cor da casca
não deve ser analisada isoladamente, pois pode ser influenciada pela luz, temperatura e teor
de nitrogênio. Existem tabelas de cor de fundo da casca desenvolvidas especialmente para
pera japonesa, essas tabelas representam a melhor cor para colheita, tanto para
armazenagem como para consumo imediato do fruto. O uso dessas tabelas é importante
para o produtor se acostumar com o ponto ideal de colheita da pera japonesa. Nos frutos de
cor verde, é fácil identificar o ponto de maturação, porque a película fica amarelada. No caso
dos frutos de casca marrom existem duas maneiras de saber o ponto ideal de maturação.
Raspe levemente a casca na região próxima ao cálice do fruto, que é o melhor local para
avaliação do ponto de colheita. E, faça a comparação com a cor de fundo da tabela geral de
cores, que possui 8 classes. Ou então, use a tabela específica da cultivar, e observe
diretamente a cor da casca. Além do uso de tabelas, é importante também que você observe
o tamanho do fruto, e o teor de açúcar, que é feito com o uso de um aparelho específico para
esse fim. Como existem diferentes cultivares de pereira japonesa com diferentes cores de
frutos, para que a colheita seja feita na época certa, observe nos frutos a mudança na cor da
película ficando amarela para Nijisseiki, e, marrom dourada para Houssui e Koussui. O
aumento no teor de açúcar para mais de 11 graus brix, a mudança da cor de fundo de verde
para amarelo, e o aumento no tamanho dos frutos.
A maturação não acontece de maneira igual em todos os frutos da planta, por isso você deve
fazer de duas a cinco colheitas no pomar no prazo de duas a três semanas. A colheita é uma
etapa de trabalho muito importante, os frutos devem ser colhidos com todo o cuidado para
não haver batidas que podem causar danos irreparáveis na polpa e na película desses
frutos. Maneira de colher a pera: Segure, o fruto com a palma da mão, e sem muita pressão
gire pera para cima até quebrar o pedicelo que é o local que prende o fruto à planta. Em
seguida, com uma tesoura sem ponta corte o pedúnculo o mais próximo possível da casca,
para evitar que ele machuque outros frutos nas caixas. As peras não devem ficar
sobrepostas em mais de duas a três camadas. Em regiões onde o clima é mais frio a
tendência é que a colheita da pera japonesa, seja feita mais tarde. Essa situação pode trazer
vantagens na hora de vender os frutos, proporcionando melhores preços.
No Brasil, cultivo de pera japonesa em escala comercial é pequeno. Por isso, não existe
ainda uma classificação oficial para essa fruta. Os produtores que precisam classificar o
maior número de frutos, estão adotando a mesma classificação da maçã, desde que fique
entre 90 a 135 frutos por caixa. Essas caixas são para 10 kg, por que a pera japonesa é mais
sensível a danos durante o transporte. As peras menores podem ser vendidas a granel, ou
em caixas contendo 18 Kg de frutos, e consequentemente o preço vai ser menor. Outros
produtores vendem a sua produção para mercados específicos e obtêm melhores preços.
Neste caso a classificação é feita por número de frutas por caixa de 5kg. Os frutos são
colocados em uma só camada. Cada caixa pode conter: 9, 12, 15, 18 ou até 21 frutos.
Normalmente os maiores preços são obtidos com frutos de maior tamanho mas o mercado
consumidor é menor. A preferência é para as caixas contendo 15 ou 18 frutos que apresenta
o peso médio de 270 a 280 gramas. Esse é o peso obtido pelos produtores que fazem raleio
no pomar. Dentro das Caixas os frutos podem ser colocados em bandejas, ou envolvidos
com papel ou redes de polietileno, esses cuidados evitam danos durante a armazenagem e
transporte. Uma boa armazenagem dos frutos resulta em maior retôrno econômico para o
produtor. Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que o pré-condicionamento
pode aumentar o preço final em até 30%. Já que leva o consumidor a comprar mais.
Depois da colheita é indicado que você deixe os frutos um dia à sombra e em temperatura
ambiente, antes de serem armazenados em câmaras frias. Frutos doentes, com danos e até
mesmo outros tipos de frutos não devem ser armazenados junto com a pera japonesa. Pois
provoca o escurecimento da película dos frutos sadios. Em câmaras de atmosfera normal, a
melhor temperatura para armazenagem é de 0 graus centígrados e a umidade maior que
90%. No Brasil existem poucas informações sobre armazenagem da pera japonesa em
atmosfera controlada. As primeiras informações indicam que há menor desenvolvimento da
cor amarelada.

13.0. Calagem e adubação da pereira

Conhecer as eventuais carências ou excessos de elementos químicos responsáveis


pelos processos do metabolismo das plantas e, em decorrência, pela vegetação e
produtividade das fruteiras, constitui um passo necessário para o conhecimento da situação
de cada nutriente, base indispensável, por sua vez, para qualquer medida corretiva a ser
tomada. Dos métodos utilizados para proceder ao diagnóstico do estado nutricional das
fruteiras, os de uso mais comum são os que lançam mão da análise do solo, da
sintomatologia foliar e da própria análise foliar (Nogueira, 1985).
A correção do solo e a adubação adequada são fatores fundamentais para obter
qualidade, produtividade e frutas com boa conservação em pós colheita. Para que as
aplicações de fertilizantes e corretivos atinjam esses objetivos, devem ser considerados o
máximo de informações sobre as condições do solo e da cultura. A análise do solo e o
diagnóstico foliar, devem ser feitos regularmente e são importantes para determinar as
necessidades de nutrição. Outros dados que devem ser observados são: a idade e porte da
planta, estado fitossanitário, produtividade, porta enxerto, espaçamento de plantio
(www.agrocasa.com.br).

13.1 - Calagem.
A correção da acidez tem como objetivo elevar o pH para níveis onde haja melhor
disponibilidade de nutrientes para as plantas e melhores condições de desenvolvimento
radicular. A quantidade de calcário aplicada deve ser a necessária para elevar o pH a 6 nos
40 cm superficiais de solo, incorporando o corretivo a essa profundidade sempre que
possível. Do total da CTC do solo, o Ca deve perfazer de 70 a 80% e o Mg, de 10 a 15%
(EPAGRI,2001), ou no mínimo 8 mmolc/dm3 (www.agrocasa.com.br). Para o estado de São
Paulo 9mmolc/dm3 (Van Raij et al 1996). Em culturas já instaladas deve ser feita a análise do
solo a cada 4 anos (Bartz 2000). Aplicando o calcário mais gesso em cobertura sobre o
terreno (www.agrocasa.com.br). A aplicação de gesso agrícola é uma prática viável como
fonte complementar de Ca, para correção da relação Ca:Mg ou para aumentar o Ca e
diminuir o Al na superfície (EPAGRI, 2001).
Para pereiras japonesas também recomenda-se fazer análise com o mesmo intervalo
para verificar a necessidade de calagem, bem como obter informações sobre a
disponibilidade de outros nutrientes, que servirão de subsídio à análise foliar para aplicação
dos adubos de manutenção.
Como fonte de corretivo da acidez, aplicar calcário dolomítico ou mistura de calcário
dolomítico e calcítico para que após a reação no solo resulte numa relação Ca:Mg de 3 a 5:1
para favorecer a absorção de cálcio (EPAGRI,2001). De acordo com Nogueira (1985),
sempre que a relação Ca/Mg estiver abaixo de 2,5 :1 deve-se optar por calcário calcítico. E
dolomítico, quando ultrapassar o valor 4:1.
A quantidade recomendada deve ser incorporada 50% antes da
subsolagem ou aração profunda e outras 50% na gradeação (agrocasa.com.br). O corretivo
pode ser aplicado por todo o terreno, antes do plantio ou mesmo durante a exploração do
pomar (www.guirra.com.br; www.ruralnews.com.br). Segundo Bartz (2000), com base no
índice SMP (para pH 6 em água) consta a aplicação de 3,2 toneladas por hectare de
calcário.
Nos pomares já instalados, apesar da correção feita antes do plantio, continua o
processo de acidificação dos solos. Este processo originado pela lixiviação do Ca e Mg, é
mais rápido nos solos leves e sob regimes de alta pluviosidade, e é ainda acelerado por
algumas adubações nitrogenadas, notadamente pelo uso de sulfato de amônio. Deste modo
as calagens anuais tornam-se imprescindíveis para a manutenção de um adequado pH do
solo (Nogueira,1985).
O método mais freqüente de aplicação de calcário em pomares implantados é a
aplicação superficial de 2 a 3 ton/ha ao ano, em linha sob a projeção da copa. Deve-se evitar
a aplicação de quantidades superiores a 6 ton/ha, pois ocorrerá supercalagem na superfície
do solo. Este efeito será mais intenso em solos arenosos de baixa CTC do que em solos
argilosos de alta CTC e elevado poder tampão (EPAGRI, 2001).

13.2. Adubação.
13.2.1 - Adubação de pré-plantio.

A adubação de pré-plantio tem como objetivo elevar a disponibilidade de nutrientes no


solo para níveis compatíveis com as necessidades da cultura. Considerando o hábito de
crescimento da pereira, o total a ser aplicado deve atender às necessidades nos 40 cm
superficiais do solo(EPAGRI,2001). Sendo realizada a aplicação de fósforo e potássio
preferentemente à lanço com incorporação. E juntamente com os macronutrientes, se
necessário, aplicar 30 a 50 kg de bórax/ha (Bartz,1994; EPAGRI,2000). Para garantir um
bom suprimento ao longo dos anos, recomenda-se que se aplique mais 80kg/ha de P 2O5
além do necessário para corrigir os 40 cm superficiais do solo. A presença de fósforo em
profundidade é essencial para o crescimento do sistema radicular da pereira (EPAGRI,2001).

13.2.2. Adubação de plantio


De acordo com o boletim técnico (100) do Instituto Agronômico de Campinas, a
recomendação consiste em aplicar por cova (50x50x50), 2 kg de esterco de galinha, ou 10 kg
de esterco de curral bem curtido, 1kg de calcário dolomítico, 200g de P 2O5 e 60 g de K2O.
Com antecedência de pelo menos 30 dias do plantio, incorporando bem os adubos à terra
retirada da superfície quando da abertura das covas. E a partir do início da brotação das
mudas, aplicar em cobertura ao redor da planta, 60 g de N, em quatro parcelas de 15 g, de
dois em dois meses (Van Raij et al, 1996). Em outra fonte observamos algumas diferenças
na recomendação, que vem a ser: 20 litros esterco curtido de curral ou 5 litros de galinha; de
200 a 300g de P2O5 e de 20 a 30 g de bórax. (www.agrocasa.com.br)

13.2.3. Adubação de crescimento.


Tem por objetivo fornecer os nutrientes necessários para o crescimento e boa
formação das plantas nos três primeiros anos, pois isto influi na capacidade produtiva das
plantas no anos subseqüentes. Desde que tenha sido feita uma boa correção do solo, o N é
o único nutriente a ser aplicado via solo nessa fase (EPAGRI, 2001)(Tabela 11). Deve-se
aplicar o fertilizante na área correspondente à projeção da copa. As doses de N podem ser
reduzidas ou aumentadas, considerando-se o crescimento vegetativo e o teor foliar de N,
visando um bom desenvolvimento das plantas (Bartz, 2000).

Tabela 11. Quantidade e época de aplicação da adubação nitrogenada de crescimento em


pomar de pereira japonesa.
Ano Nitrogênio Época de aplicação
(kg/ha)
Primeiro 8 30 dias após a brotação
8 60 dias após a primeira
8 45 dias após a segunda
Segundo 10 Próximo ao inchamento das gemas
10 60 dias após a primeira aplicação
10 45 dias após a segunda aplicação
Terceiro 15 Próximo ao inchamento das gemas
15 Na queda das pétalas
15 Logo após a colheita
Fonte: EPAGRI (2001)
No pomar em formação, pode-se aplicar 40 - 60g de cada um dos nutrientes (N, P2O5
e K2O) por ano de idade; efetuar a aplicação de N em quatro parcelas, de dois em dois
meses, a partir da brotação (www.guirra.com.br/).
Na adubação de formação pode-se aplicar anualmente quantidades que podem ir de
20 a 240 gramas por planta de NPK, de acordo com a análise do solo, e conforme a idade
da planta (Tabela 12).

Tabela 12. Nutrientes a serem aplicados na adubação de formação de acordo com a análise
do solo e idade das plantas.
Idade N P resina,(mg/dm3) K+trocável, (mmolc/dcm3)
(anos) (g/planta) 0-12 13-30 >30 0-15 1,6 – 3,0 >30
P2O5 g/planta K2O g/planta
1–2 40 60 40 20 60 40 20
2–3 80 100 60 40 100 60 40
3–4 120 150 100 50 150 100 50
4–5 160 200 120 70 240 160 80
Fonte:van Raij et al. (1996).

Os adubos devem ser aplicados em quatro parcelas, de dois em dois meses, a partir
do início da brotação. Se desejado, parcelar apenas o N, aplicando o P e K na primeira
adubação (van Raij et al 1996).

131.2.4. Adubação de manutenção


Tem como objetivo colocar a disposição das plantas os nutrientes necessários para o
crescimento e renovação da suas partes vegetativas, bem como suprir os nutrientes
necessários para a produção de frutos e repor nutrientes naturalmente perdidos, evitando o
depauperamento do solo (EPAGRI 2001).
Os nutrientes e as quantidades a serem aplicadas devem resultar de uma análise
conjunta: da análise foliar, análise periódica do solo, idade das plantas, crescimento
vegetativo, adubações anteriores, produções, tratos culturais e presença de sintomas de
deficiências nutricionais (Bartz et al 2000).
Não existe um plano de adubação de manutenção aplicável para todas as situações.
Cada pomar tem suas peculiaridades e, portanto, terá seu próprio plano de adubação, o qual
resulta das informações obtidas das análises e do conhecimento histórico acumulado sobre o
pomar (EPAGRI, 2001).
Para pomar convencional em produção, após a colheita, a partir do sétimo ano
(dependendo da análise de solo e da produtividade anual), distribuir o esterco, fósforo e
potássio, na dosagem anual em coroa larga, acompanhada a projeção da copa no solo. O
nitrogênio deve-se dividir em quatro parcelas aplicadas em cobertura, de dois em dois
meses, a partir do inicio da brotação. Também pode ser usada a fórmula NPK que aproxime
mais da proporção indicada e, nesse caso, parcelar em quatro aplicações (van Raij et al.,
1996).
Em plantios de pereira sobre marmeleiro (4x2, 1.250 planta por hectare)
Aplicar, anualmente, 3t/ha de esterco de galinha ou 15t/ha de esterco de curral bem curtido,
e as seguintes quantidades de nutrientes, de acordo com a análise do solo e produtividade
esperada (Tabela 13).

Tabela 13. Quantidades (N,P,K) recomendadas de acordo com a análise do solo e a


produtividade esperada.
Produtividade N P resina, mg/dm3 K+ trocável, mmolc/dm3
Esperada 0 -12 13-30 >30 0 -1,5 1,6-3,0 >30
Kg/ha P2O5 Kg/ha K2O kg/ha
<15 120 90 60 30 100 70 40
15-25 180 150 100 50 150 100 50
>25 240 180 120 60 200 140 70
Fonte: van Raij et al (1996)
Após a colheita, distribuir esterco, fósforo e potássio, na dosagem anual, misturados a
terra da superfície em coroa larga, acompanhando a projeção da copa da planta no solo.
Dividir o nitrogênio em quatro parcelas, aplicadas em cobertura, de dois em dois
meses, a partir do início da brotação. Também pode ser usada fórmula NPK que mais se
aproxime da proporção indicada de nutrientes e, caso, a aplicação se dará em quatro
parcelas, como descrito para o nitrogênio (van Raij et al., 1996).
Para plantios adensados ou com porta-enxerto de marmeleiro, aplicar os adubos no
pomar em formação e no adulto, de modo similar aos plantios convencionais, reduzindo as
dosagens proporcionalmente à área ocupada por planta (www.ruralnet.com.br).
Para copa enxertada em marmeleiro (anã), (também a partir do sétimo ano) aplicar
200-300g de N, 100-200g de P 2O5 e 120-240g de K2O. Se a copa for enxertada em pereira
(vigorosa), colocar 5kg de esterco de galinha, ou cinco a dez vezes mais de esterco de
curral, bem curtido.
Em plantios de pêra sobre pereira (7x5, 285 plantas por hectare) aplicar anualmente, 2
ton de esterco de galinha ou 10 toneladas por hectare de esterco de curral bem curtido, e as
quantidades de nutrientes , de acordo com a análise de solo e a produtividade esperada
(tabela 14). Sendo que as recomendações devem ser menores em 40% (van Raij et
al,1996).
Tabela 13. Quantidades (N,P,K) recomendadas de acordo com a análise do solo e a
produtividade esperada.
Produtividade N P resina, mg/dm3 K+ trocável, mmolc/dm3
Esperada 0 -12 13-30 >30 0 -1,5 1,6-3,0 >30
Kg/ha P2O5 Kg/ha K2O kg/ha
<15 70 60 40 20 60 40 20
15-25 110 70 50 30 80 50 30
>25 140 90 60 30 100 70 40
Fonte: Van Raij et al (1996)

Do ponto de vista da qualidade de frutos, a adubação nitrogenada deve ser aplicada


preferencialmente em pós-colheita e no inchamento das gemas, evitando a adubação no
período de floração à colheita.
A disponibilidade e absorção de K tem relações diretas com a nutrição de outros
elementos. Um adequado suprimento de K pode amenizar os efeitos negativos de uma
adubação nitrogenada excessiva. O K é um íon de efeitos antagônicos sobre a absorção e
translocação de Mg e Ca. O excesso de K deve ser evitado para não induzir deficiência
desses nutrientes e agravar a incidência de distúrbios fisiológicos, provocada pelo
desequilíbrio da relação K/Ca (EPAGRI,2001).

13.2.5. Adubação foliar


Tem por finalidade fornecer à planta, de maneira rápida, nutrientes para corrigir ou
evitar deficiências, bem como fornecer Ca aos frutos para controle de distúrbios fisiológicos.
Os nutrientes a serem aplicados via foliar normalmente são determinados pela análise foliar
(Epagri, 2001).
A nutrição foliar pode ser usada para correção das carências de nutrientes. Em
situações por exemplo quando a aplicação da adubações por via radicular demora vários
anos para fornecer uma resposta adequada. Em casos, onde há elevado poder de fixação
de alguns nutrientes, como sucede com o K nas argilas de tipo 2:1, que pode inviabilizar, por
longo tempo,a disponibilidade desses nutrientes para as plantas. Por outro tanto se poderia
dizer do P nos solos ácidos, ou dos desequilíbrios nos balanços dos nutrientes , como as
deficiências de Zn e Mn que freqüentemente se observam quando se efetuam calagens
inadequadas, ou a carência do Mg face a aplicações excessivas de K. Também em função
das perdas dos elementos por lixiviação nos solos arenosos ou pela ineficiência do sistema
radicular das plantas, pela falta de umidade, devido à seca, camadas impermeáveis ou
doenças em raízes. Por sua vez, a nutrição veiculada pelas folhas pode constituir um meio
prático de suplementar ou manter as necessidades dos macronutrientes, quando a sua taxa
de disponibilidade nas solos permite que atinjam níveis bastante próximos, seja abaixo ou
logo acima, do limite inferior da faixa normal (Nogueira,1985).

13.2.5.1. Diagnose foliar


A amostragem de folhas e diagnose foliar tem sido considerada uma das melhores
técnicas para conhecer o estado nutricional das plantas. Como regra básica a coleta deve
ser feita de folhas recém maduras, ou totalmente expandidas, recolhendo amostras de 25
plantas por talhão, sendo 4 folhas por planta, da porção mediana dos ramos, num total de
100 folhas. O material coletado deve ser seco à sombra e transportado em saco de papel. É
recomendável um intervalo de 15 dias entre a pulverização foliar com nutrientes e a coleta
de amostras.
Havendo suspeita de deficiência nutricionais, obter amostras das plantas normais e das
afetadas para comparar os resultados (www.agrocasa.com.br).
Segundo Bartz (2000) para o estado de Santa Catarina a recomendação é de coletar
folhas normais na parte mediana das brotações do ano, no período de 15 de janeiro a 15 de
fevereiro. Compor a amostra com aproximadamente 100 folhas oriundas de, no mínimo, 20
plantas representativas da área. As folhas devem conter pecíolo, livres de danos. A lavagem
prévia das amostras normalmente é dispensável. Resíduos de aplicação foliar de nutrientes
são difíceis de serem completamente removidos pela lavagem. O contato prolongado com a
água pode remover parte de certos nutrientes da superfície das folhas, como é o caso do K.
Recomenda-se a lavagem prévia em água limpa somente quando as folhas estão muito
sujas ou contaminadas. Evitar a coleta nos primeiros dez dias após uma aplicação foliar de
nutrientes (Epagri, 2001). A interpretação dos teores é feita através de uma tabela específica
de macro e micronutrientes em miligramas por kg, determinado por faixas de interpretação
que vão do insuficiente ao excesso (tabela 14).

Tabela 14. Interpretação de resultados de análise foliar para pereira


Faixa de interpretação Macronutrientes
N P K Ca Mg
(g/kg)
Insuficiente < 17,0 < 1,0 <8,0 < 8,0 <2,0
Abaixo do normal 17,0 a 19,9 1,0 a 1,4 8,0 a 11,9 8,0 a 10,9 2,0 a 2,4
Normal 20,0 a 25,0 1,5 a 3,0 12,0 a 15,0 11,0 a 17,0 2,5 a 4,5
Acima do normal 25,1 a 30,0 > 3,0 15,1 a 20,0 >17,0 >4,5
Excesso >30,0 - >20,0 - -
Faixa de interpretação Micronutrientes
Fe Mn Zn Cu B
(mg/kg)
Insuficiente - < 20 < 15 <3 < 20
Abaixo do normal < 50 20 a 29 15 a 19 3a4 20 a 40
Normal 50 a 250 30 a 130 20 a 100 5 a 30 25 a 50
Acima do normal > 250 131 a 200 > 100 31 a 50 51 a 140
Excesso - > 200 - > 50 >140
Fonte: Epagri (2001)
Considerando-se o teor foliar, deve-se proceder aplicações para correção do cálcio
com 5 a 10 pulverizações quinzenais com CaCl 2 0,6% em plantas em produção. Para
o Magnésio, 2 a 5 pulverizações quinzenais com MgSO4, 2 a 3%.
O Zinco, de 2 a 5 pulverizações quinzenais com ZnSO 4, 0,2% ou fungicidas a base de Zn. Ao
aplicar ZnSO4 com altas temperaturas, adicionar Ca (OH) 2, 0,2% para evitar fito toxidez. O
Boro realizar duas a três pulverizações com bórax 0,4%. O Magnésio e o Boro devem ser
aplicados somente quando o teor foliar for abaixo do normal. Iniciar as pulverizações quando
os frutos atingirem 1 cm de diâmetro (Bartz,2000).

Bibliografia

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VAN RAIJ. B.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; E FURLANI, A. M. C.-


Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo, Campinas, IAC.
Boletim Técnico nº 100, 2ªEdição, l996.
Questionário sobre a cultura da Pereira

1) Indique como é classificado o fruto da pereira.


2) Qual o período que o fruto forma o número máximo de células? A partir deste somente ocorre
crescimento das células?
3) Qual o período do dia em que o fruto tem o crescimento mais intenso e por que?
4) Indique quais os fatores que podem influenciar na diferenciação floral
5) Sobre a polinização, quais as ervas daninhas que devem ser evitadas próximo ao pomar, por
conterem alto índice de açúcares prejudicando a polinização.
6) Qual o parâmetro que caracteriza boa fertilidade entre cultivares cruzadas?
7) Quais os produtos que devem ser evitados durante a floração e por que?
8) Sobre frutos assimétricos em função do número de sementes por fruto, como podem ser divididos
os mesmos?
9) Sobre partenocarpia em pereira, quando ocorre? Quais as conseqüências? Quando e como se
resolve o problema?
10) Indique as diferenças entre pêras européias e asiáticas, quanto ao formato do fruto, ponto de
colheita; e horas de frio.
11) Quais são os porta-enxertos mais indicados para pereira japonesa, quais os problemas com
marmeleiro para estes cultivares?
12) Qual a temperatura e o tempo que devem ser colocadas as sementes de porta-enxertos em
geladeira, para germinação?
13) Quando porta-enxertos originados de sementes, devem ser levados ao campo para plantio?
14) Qual a época indicada para retirada de estacas lenhosas das plantas matrizes para produção de
porta-enxertos? E qual a condição fisiológica que as plantas devem ter no momento da retirada do
material?
15) Para o enraizamento de estacas, qual a concentração, e tempo de exposição para formulação
líquida de AIB?
16) Qual a erva daninha que condena o viveiro de mudas, quando encontrada?
17) O que consiste o método de quebra da dormência com frio artificial para mudas?
18) Como se faz incisão anelar e qual o objetivo deste?
19) Sobre o raleio responda:
* Qual a recomendação por gema floral?

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