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TÓPICO
CARACTERIZAÇÃO DAS
ANGIOSPERMAS (ANTHOPHYTA)
Déborah Yara A. C. dos Santos
Fanly Fungyi Chow Ho
8.1 Introdução
8.2 Origem das Angiospermas
8.3 As Apomorfias das Angiospermas
8.3.1 Flor
8.3.2 Estames
8.3.3 Gametófito masculino reduzido
8.3.4 Carpelos
8.3.5 Óvulo com dois tegumentos
8.3.6 Gametófito feminino reduzido
8.3.7 Formação do endosperma
8.3.8 Elementos de tubo crivado e células companheiras
8.4 Desenvolvimento da Flor
8.5 Inflorescências
8.6 Frutos
8.7 Ciclo de Vida das Angiospermas
8.7.1 Formação do gametófito masculino
8.7.2 Formação do gametófito feminino
8.1 Introdução
As angiospermas, ou plantas com flores, são, possivelmente, o mais diverso grupo de plan-
tas existente no planeta. Acredita-se que existam pelo menos 260.000 espécies vivas, as quais
ocupam praticamente todos os habitat da Terra, exceto ambientes extremos, como topos de
montanhas muito altas, regiões próximas aos polos ou as profundezas dos oceanos. Essas plantas
apresentam grande variedade de hábitos de vida, podendo ser lianas (trepadeiras), árvores, ervas,
plantas aquáticas, tanto de água doce como marinhas, até parasitas. Apresentam grande diversi-
dade morfológica, tanto do seu corpo como dos órgãos reprodutivos.
Assim como todas as espermatófitas, as angiospermas são heterosporadas, endospóricas com
desenvolvimento do gametófito dentro da parede do esporo, possuem megasporângio comple-
tamente envolvido por um tecido, nesse caso, duas camadas de tegumento, e são traqueófitas.
Apresentam ciclo de vida haplodiplobionte, com reprodução completamente independente da água
(sifonogamia). Assim como nas gimnospermas, não há formação de anterídios nas angiospermas.
Apesar de sua diversidade, as angiospermas formam um grupo monofilético (Figura 8.1)
sustentado por algumas apomorfias:
• Presença da flor, normalmente com perianto associado;
• Estames com duas tecas, cada uma com dois microsporângios;
• Gametófito masculino bem reduzido, com três núcleos;
• Presença de carpelos e formação de frutos;
• Óvulos envoltos por dois tegumentos;
• Gametófito feminino bem reduzido, com oito núcleos;
• Formação de um endosperma triploide decorrente da dupla fecundação;
• Presença de elementos de tubo crivado.
Você lembra?
Lembrando o capítulo anterior, as Gnetophyta apareceram como grupo-irmão das
Angiospermae (Anthophyta). No entanto, os detalhes da evolução das angiospermas a
partir de um precursor gimnospérmico ainda não são completamente esclarecidos.
Estudos cladísticos recentes, com representantes viventes, têm demonstrado Amborella tri-
chopoda (Amborellales) como sendo a linhagem mais basal das angiospermas (Figura 8.1).
Essa espécie não apresenta vasos, tem flores unissexuadas, perianto disposto em espiral, estames
laminares e carpelos não unidos.
A hipótese mais aceita atualmente para a origem das angiospermas é que elas tenham derivado
de algum membro do grupo das pteridospermas (Lyginopteridopsida ou Pteridosperma), um grupo
de plantas extinto, que apresentava sementes e folhas semelhantes às de samambaias. Características
presentes em fósseis de Caytoniales e/ou de Glossopteridales (representantes extintos de pteridos-
permas) fornecem apoio à ideia da origem das angiospermas a partir de membros desse grupo.
Um fóssil de angiosperma descoberto no início deste século na China tem possibilitado
novas discussões a esse respeito. Archaefructus, gênero com duas espécies, data de cerca de 130
milhões de anos e, aparentemente, eram plantas aquáticas com eixos reprodutivos longos,estames
localizados na parte inferior e carpelo mais acima. Alguns autores interpretam esse eixo longo
como uma única flor sem perianto, com um receptáculo alongado lembrando o que se tem
entre as magnólias. Considerando-se essa interpretação, esse poderia ser um tipo ancestral de flor
de angiosperma e Archaefructus seria grupo-irmão desse grupo. Uma interpretação alternativa
sugere que a estrutura desse fóssil corresponderia a uma inflorescência com flores masculinas e
femininas, como as de algumas plantas aquáticas atuais. Dessa forma, Archaefructus representaria
um grupo extinto dentro de uma linhagem existente de angiosperma.
Assim, fica evidente que a descoberta de novos fósseis é muito importante para o entendi-
mento do início da história evolutiva desse grupo.
8.3.1 Flor
tépalas. Em qualquer um dos casos, essas flores são ditas diclamídeas, pois contêm os dois
verticilos. Em algumas espécies, podem ser encontradas flores sem perianto ou aclamídeas; em
outras plantas, as flores podem apresentar apenas o cálice (ou, mais raramente, apenas a corola),
sendo essas flores monoclamídeas.
Internamente às pétalas, estão dispostos os verticilos que contêm a porção fértil da flor. O
primeiro deles (mais externo) é o androceu, formado por microsporofilos bastante modi-
ficados, conhecidos como estames. Os carpelos (apêndices florais que contêm os óvulos)
formam o verticilo mais interno da flor, denominado de gineceu. Essas estruturas são megas-
porofilos que se dobram ao longo de seu comprimento e portam um ou mais óvulos. Como
carpelos e estames são importantes apomorfias desse grupo, veremos suas características mais
detalhadamente a seguir.
De acordo com a posição de inserção das peças florais (perianto e androceu) no receptáculo
em relação à posição do gineceu, o ovário pode ser dito súpero, quando está livre e as demais
peças florais se localizam abaixo ou em torno do gineceu, ou ínfero, quando as sépalas, pé-
talas e estames se inserem, aparentemente, próximas ao topo do ovário (Figura 8.2). Muitas
plantas apresentam o perianto fusionado aos estames, formando uma extensão do receptáculo,
em forma de taça, chamada de hipanto. Flores com ovário súpero sem hipanto são ditas
hipóginas (peças florais inseridas abaixo do ovário). Quando há formação do hipanto, as flores
podem ser períginas(peças florais inseridas em um receptáculo côncavo livre da parede do
ovário ou aderido a ela até metade de seu comprimento) ou epíginas (peças florais inseridas
em um receptáculo côncavo completamente aderido àparede do ovário).
Assim como vimos para o cálice e a corola, nem todas as flores apresentam androceu e
gineceu. Quando as flores apresentam estames e pistilo, são ditas perfeitas (bissexuadas) ou
hermafroditas ou monoclinas (do grego mono = único; kline = cama ou leito). Quando so-
mente o androceu (flores estaminadas) ou somente o gineceu (flores pistiladas) está presente,
são chamadas de flores imperfeitas (unissexuais) ou diclinas (do grego di = dois; kline = cama
ou leito). A planta que apresenta flores estaminadas e pistiladas é denominada de monoica
(do grego monos = único; oikos = casa), porém, quando essas flores (estaminadas ou pistiladas)
ocorrem em plantas separadas, são chamadas de dioicas (do grego di = dois; oikos = casa).
Outro aspecto interessante relacionado às flores é sua simetria. Algumas flores apresentam suas
peças florais dispostas de maneira uniforme no receptáculo, permitindo mais de um plano de
simetria, sendo denominadas de actinomorfas. No caso de flores que apresentam uma ou mais
peças florais diferenciadas, permitindo um só plano de simetria, a flor é zigomorfa (Figura 8.2).
Quando não podem ser traçados planos de simetria, as flores são chamadas de assimétricas.
Uma flor é chamadade completa se todos os verticilos (cálice, corola, androceu e gineceu)
estão presentes. Se qualquer um deles estiver faltando, a flor é chamada de incompleta. Assim,
uma flor imperfeita (unissexuada) é também incompleta, porém nem toda flor incompleta é
imperfeita, pois estames e carpelos podem estar presentes.
a
b c
Figura 8.2: Representação esquemática da morfologia floral a) Vista geral de uma flor completa b) Classificação de acordo com o tipo
de posição do ovário c) Classificação de acordo com a simetria da flor. / Fonte: Modificado de a) CAMPBELL, N. A. et al. Biologia. 8ª ed.
Porto Alegre: Editora Artmed, 2010. 1.464 p. e b) GONÇALVES, E.; LORENZI, H. Morfologia vegetal. 2ª ed. Nova Odessa: Editora Instituto
Plantarum de Estudos da Flora, 2011. 416 p.; Elaborado por USP/Univesp.
8.3.2 Estames
Os estames, órgão reprodutivo masculino da flor, são formados por uma parte alongada,
denominada de filete, que porta em sua porção apical uma estrutura denominada de antera.
Esses estames são interpretados como microsporofilos modificados, que contêm microsporân-
gios, dentro dos quais os micrósporos originarão os grãos de pólen. As anteras das angiosper-
mas contêm dois pares de microsporângios (ou sacos polínicos), estando cada par localizado
em uma metade da antera chamada de teca (Figura 8.3A).
b c
Figura 8.3: a) Representação esquemática de uma flor com destaque para os estames b) Tipos de deiscência da antera c) Corte transversal
da antera indicando os microsporângios. / Fonte: Modificado de a) CAMPBELL, N. A. et al. Biologia. 8ª ed. Porto Alegre: Editora Artmed,
2010. 1.464 p. e b) GONÇALVES, E.; LORENZI, H. Morfologia vegetal. 2ª ed. Nova Odessa: Editora Instituto Plantarum de Estudos da Flora,
2011. 416 p.; Elaborado por USP/Univesp.
O número de estames por flor é bastante variável, existindo desde flores com um só estame
até flores com numerosos estames.
Apesar dessa variação, pode-se relacionar o número de estames com o de pétalas. Assim,
temos as flores isostêmones, quando o número de estames é igual ao número de pétalas; flores
oligostêmones, quando o número de estames é menor do que o número de pétalas; e flores
polistêmones, quando o número de estames é maior do que o número de pétalas. Os estames
podem ser livres entre si ou unir-se através dos filetes, formando um ou vários grupos. Os estames
são denominados de monadelfos quando todos estão unidos em um só grupo,diadelfos quando
estão unidos em dois grupos ou poliadelfos quando formam muitos grupos. Os estames podem
estar inseridos diretamente no receptáculo, sendo então denominados de estames livres, desde a
base, ou podem estar adnatos (unidos) às pétalas, denominados, então, de epipétalos.
A liberação do grão de pólen se dá através da deiscência (abertura) da teca, sendo uma fenda
longitudinal(deiscência longitudinal ou rimosa), ou poros localizados geralmente na porção
apical da teca (deiscência poricida), as formas mais comuns. Há também a deiscência valvar
por uma ou duas valvas em cada teca (Figura 8.3B).
Assim como vimos para as “gimnospermas”, a fecundação acontece por sifonogamia, ou seja,
o gameta masculino atinge o feminino sem a necessidade de água. O tubo polínico desenvolve-se
a partir do momento que o pólen alcança o estigma, crescendo através do estilete até atingir o
óvulo, onde está o gametófito feminino. A célula espermática não tem flagelo e, portanto, não é
móvel, uma condição derivada entre as plantas terrestres e presente também nas Coniferophyta.
Se necessário, reveja o tópico 7 da disciplina “Diversidade e Evolução das Plantas”.
Figura 8.4: Esquema do grão de pólen em desenvolvimento. / Fonte: Modificado de SIMPSON, M. G. Plant Systematics. 2ª ed. London:
Elsevier Academic Press, 2010. p. 169.; Elaborado por USP/Univesp.
8.3.4 Carpelos
Os carpelos são, de fato, a maior apomorfia das angiospermas. São definidos como megas-
porofilos conduplicados, ou seja, que se dobram ao longo de seu comprimento, envolvendo
um ou mais óvulos.
Assim como todas as partes da flor, os carpelos são considerados folhas modificadas (megas-
porofilos) que, nesse caso, portam os megasporângios (nas plantas com semente são os óvulos).
Esse megasporofilo apresenta suas margens modificadas, sendo fundidas em consequência da
dobradura da folha, com porções especializadas em receber o grão de pólen e em possibilitar o
crescimento do tubo polínico.
Algumas características evidenciam a estrutura foliar dos carpelos (Figura 8.5). São elas:
a. O início de seu desenvolvimento é semelhante ao de uma folha achatada dorsiventralmente;
b. O padrão de venação apresenta uma nervura mediana (nervura dorsal) correspondente
à nervura central das folhas, e duas nervuras próximas das margens dos carpelos (ner-
vuras ventrais). Essas nervuras são tipicamente colaterais, com o xilema voltado para a
superfície adaxial e o floema, para a superfície abaxial.
Figura 8.6: a) Representação esquemática de uma flor com destaque para o gineceu b) Sequência evolutiva da fusão de carpelos:
1) gineceu apocárpico 2) gineceu sincárpico com fusão parcial somente no nível do ovário 3) gineceu sincárpico. As linhas pontilhadas
correspondem às margens dos carpelos. c) Corte transversal do ovário mostrando diferentes padrões de placentação. s.t. = secção
transversal. / Fonte: Modificado de a) CAMPBELL, N. A. et al. Biologia. 8ª ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2010. 1.464 p.
b e c) GONÇALVES, E.; LORENZI, H. Morfologia vegetal. 2ª ed. Nova Odessa: Editora Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2011. 416 p.;
Elaborado por USP/Univesp.
geneticamente idênticos às células do estigma da flor (ou seja, provenientes do mesmo indi-
víduo) não germinam, evitando a autofecundação e promovendo diversidade genética.
b. A diferenciação de uma região especializada em conter os óvulos, ou seja, o ovário, levou a
possibilidade da formação dos frutos e abriu novas possibilidades em termos de dispersão
das sementes. O fruto corresponde ao ovário desenvolvido após a fecundação, que abriga
em seu interior as sementes (formadas pelo desenvolvimento dos óvulos após a fecundação).
antípodas. O restante do gametófito é formado por uma célula binucleada, chamada de célula
central, com dois núcleos polares. Não há formação de arquegônio (Figura 8.7A).
A vantagem adaptativa da redução do gametófito reduzido das angiospermas está relacionada
com a diminuição no tempo de desenvolvimento dessas plantas. Nas angiospermas, a fertiliza-
ção acontece rapidamente após a polinização. Essa característica temuma grande vantagem,pois
possibilitauma rápida dispersão das sementes e ocupação de novos nichos.
Figura 8.7: Esquema do desenvolvimento do gametófito feminino dentro do óvulo em angiosperma a) Após a meiose, há formação
de quatro megásporos, permanecendo somente um funcional. Este sofre mitose e origina o gametófito feminino com sete células,
sendo uma delas – célula central – binucleada b) Na fecundação há a união de uma célula espermática com a oosfera, originando um
novo embrião 2n, e a união da outra célula espermática com os dois núcleos polares da célula central (dupla fecundação), originando o
endosperma na semente. / Fonte: Modificado de SIMPSON, M. G. Plant Systematics. 2ª ed. London: Elsevier Academic Press, 2010.;
Elaborado por USP/Univesp.
Os elementos de tubo crivado junto com as células companheiras são encontrados somente
em angiospermas. Essas células estão envolvidas no transporte dos produtos da fotossíntese
nesse grupo. Há evidências de que os elementos de tubo crivado evoluíram a partir das células
crivadas presentes em todas as plantas vasculares que não produzem flores.
primórdios, que se desenvolvem em verticilos de fora para dentro, sendo os primórdios que
originarão as sépalas os primeiros a se formar, seguidos dos que originarão as pétalas, depois os
que formarão estames e, por último, os responsáveis pelos carpelos.
Estudos moleculares recentes, desenvolvidos em Arabidopsis thaliana, que é uma espécie modelo
muito importante para diversos estudos em plantas vasculares, têm possibilitado o entendimento da
base genética do desenvolvimento floral. Atualmente, o desenvolvimento das peças que formam
os verticilos florais (sépalas, pétalas, estames e carpelos) é explicado pelo modelo ABC. Nesse
modelo, os produtos de classes de genes designados A, B ou C são responsáveis pela formação de
um dos quatro verticilos florais. As sépalas são formadas quando somente A é expresso; as pétalas
desenvolvem-se na região do meristema onde A e B são expressos; os estames, onde B e C estão
ativos; e os carpelos desenvolvem-se quando somente C é expresso (Figura 8.8).
Figura 8.8: Esquema do modelo ABC de regulação genética do desenvolvimento das peças florais. / Fonte: Modificado de CAMPBELL,
N. A. et al. Biologia. 8ª ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2010. p. 761.; Elaborado por USP/Univesp.
Já vimos que fatores externos influenciam o padrão de florescimento das plantas,que são
diferencialmente sensíveis à duração do dia (exposição à luz) e da noite (exposição ao escuro).
Sabemos que, na verdade, algumas espécies apresentam um período crítico de exposição ao
escuro em seu fotoperíodo, para que haja o estímulo à floração. As substâncias sensíveis a essa
influência externa são os fitocromos.
Além da influência de fatores externos, há também o envolvimento de hormônios no pro-
cesso de desenvolvimento da flor. O controle hormonal da floração foi postulado a partir de
observações feitas por volta da década de 1930, quando alguns pesquisadores propuseram que
as folhas “percebiam” a luz, fazendo com que uma gema se desenvolvesse em flor e não em
um novo ramo. Na época, esse hormônio da floração foi denominado de florígeno, ou seja,
formador de flores. Mais tarde, outros estudos demonstraram que o tratamento com giberelina
pode estimular a floração, mesmo em plantas crescidas fora de seu fotoperíodo indutivo, suge-
rindo que o florígeno seria, na verdade, duas classes de hormônios: a giberelina e a “antesina”
(ainda não identificada). Atualmente, há fortes evidências de que existam, na mesma planta,
substâncias indutoras e inibidoras envolvidas no controle da floração.
8.5 Inflorescências
As flores podem ser solitárias ou estar agrupadas de diversas maneiras, em estruturas conheci-
das como inflorescências, que podem ser vistas como formas de maximização da reprodução,
aumentando, pelo menos virtualmente, a atração de polinizadores.
Esse conjunto de flores é categorizado segundo sua ontogênese. Existem muitos tipos de
inflorescências, sendo os mais comuns os racemos (conhecidos como cachos), que apresentam
crescimento indeterminado, e os capítulos, nos quais as flores se dispõem em um receptáculo
plano, sugerindo muitas vezes, em seu conjunto, uma única flor. A Figura 8.9 mostra o dese-
nho esquemático de alguns tipos comuns de inflorescências.
Figura 8.9: Esquema de alguns tipos comuns de inflorescências. / Fonte: Modificado de Raven, P.H., R.F. Evert & S.E.
Eichhorn. 2007. Biologia Vegetal.; Elaborado por USP/Univesp.
8.6 Frutos
Como já comentamos anteriormente, a diferenciação do ovário contendo os óvulos possi-
bilitou a formação dos frutos. O fruto corresponde ao ovário desenvolvido após a fecundação,
contendo, em seu interior, as sementes.
A parede do fruto é denominada de pericarpo. Em alguns casos, três camadas podem ser
distintas no pericarpo: epicarpo (mais externa), mesocarpo (entre o epicarpo e endocarpo)
e endocarpo (mais próxima à semente).
Com base em seu desenvolvimento, os frutos podem ser simples, ou seja, derivados de um
único pistilo de uma flor, ou compostos. Dentre os compostos, temos os frutos agregados,
derivados de vários pistilos de uma única flor (ou seja, uma flor com gineceu apocárpico), ou
múltiplos, derivados do desenvolvimento dos ovários de várias flores. Em alguns casos, outras
partes da flor, além do ovário, desenvolvem-se formando o fruto. Nesse caso, esses frutos são
chamados de pseudofrutos (Figura 8.10).
Fruto simples: derivado de Fruto agregado: derivado Fruto múltiplo: derivado Pseudofruto: derivado do
um único pistilo de uma flor. de vários pistilos de uma do desenvolvimento dos desenvolvimento de outras
Ex.: ervilha, laranja, goiaba. única flor. Ex.: fruta-do-conde, ovários de várias flores. Ex.: partes da flor que não o
framboesa, amora, morango. abacaxi, figo. ovário. Ex.: maçã, caju.
Figura 8.10: Classificação dos frutos com base em seu padrão de desenvolvimento. / Fonte: CAMPBELL, N. A. et al. Biologia.
8ª ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2010. p. 810.; Elaborado por USP/Univesp.
Outra forma de classificar esses frutos está relacionada a eles se abrirem (deiscentes) ou não
(indeiscentes) na maturidade. Os frutos também podem ser ditos secos ou carnosos. Outras
características derivadas da forma do ovário, como número de lóculos, presença ou não de septos,
número de sementes (derivadas dos óvulos), posição das sementes, entre outras, também podem
ser consideradas na descrição dos diversos tipos de frutos. Alguns exemplos são descritos abaixo:
Frutos agregados:
Como os frutos agregados são formados do desenvolvimento de vários pistilos da mesma
flor, as denominações são dadas com base nos tipos de frutos de cada pistilo.
Frutos múltiplos:
A denominação é dada da mesma forma que os frutos agregados.
É muito importante entender que, assim como acontece para todas as embriófitas, o
ciclo de vida das angiospermas é haplodiplobionte, ou seja, há alternância de gerações,
ou, há uma geração gametofítica (produtora de gametas e, nesse caso, efêmera) e outra
esporofítica (produtora de esporos e dominante).
Figura 8.11: Ciclo de vida completo de uma angiosperma. Clique no ícone para assistir. / Fonte: Elaborado por USP/Univesp.
Considerações finais
Neste tópico, apresentamos as características gerais de uma das linhagens das
Spermatophyta, as Anthophyta, que se diferenciam por serem as plantas com
flores. No próximo tópico, trataremos de sua classificação e apresentaremos seus
principais grupos.
Referências Bibliográficas
Campbell, N.A.et al. Biologia. 8ª ed.Porto Alegre: Editora Artmed, 2010. 1.464 p.
Gonçalves, E.; Lorenzi, H. Morfologia vegetal. 2ª ed. Nova Odessa: Editora Instituto
Plantarum de Estudos da Flora, 2011. 416p.
Raven, P.H.et al. Biologia vegetal. 7ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2007. 830 p.
Santos, D.Y.A.C.; Chow, F., Furlan, C.M. (Org.). A botânica no cotidiano. São Paulo:
Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Departamento de Botânica,2008.
Simpson, M.G. Plant Systematics. 2ª ed. London: Elsevier Academic Press, 2010.