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Noções Introdutórias:
Os direitos da criança e do adolescente vêm previstos
primeiramente na Constituição Federal (art. 227), no capítulo destinado à
família, à criança, ao adolescente e ao idoso. Posteriormente, foi criado o
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (lei nº 8.069/1990), que
adotou a Teoria da Proteção Integral, com o reconhecimento de direitos
especiais e específicos de toda criança e adolescente.
Conceito de Criança : é a pessoa que possui até doze anos de
idade incompletos (artigo 2º, primeira parte, Lei 8.069/90)
Conceito de adolescente : É a pessoa que possui entre doze e
dezoito anos de idade incompletos (artigo 2º, segunda parte, Lei
8.069/90).
*Obs.: O menor de 18 anos emancipado continua sendo penalmente
inimputável.
Ato Infracional: O ato infracional é a conduta descrita como crime
ou contravenção penal.
Art. 103 Considera-se ATO INFRACIONAL a conduta descrita como CRIME ou
CONTRAVENÇÃO PENAL.
Parágrafo único. Para os efeitos desta lei, deve ser considerada a idade do
adolescente à data do fato. (Teoria da Atividade).
Liberdade assistida:
Art. 118 A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida
MAIS ADEQUADA para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o
adolescente.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a
qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo PRAZO MÍNIMO DE SEIS MESES,
podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por
outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
Não confunda!
Prestação de serviço à comunidade duração MÁXIMA 06
MESES.
Liberdade assistida duração MÍNIMA 06 MESES.
Art. 119 Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade
competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:
I – promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes
orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou
comunitário de auxílio e assistência social;
II – supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente,
promovendo, inclusive, sua matrícula;
III – diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua
inserção no mercado de trabalho;
IV – apresentar relatório do caso.
Informativo:
É possível expedição de mandado de busca e apreensão para
adolescente que descumpriu liberdade assistida . A expedição de mandado
de busca e apreensão para localizar adolescente que descumpriu medida
socioeducativa de liberdade assistida não configura constrangimento ilegal,
nem mesmo contraria o enunciado da súmula nº 265 do STJ. A expedição
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internação do menor infrator com fulcro no art. 122, II, do ECA (reiteração
no cometimento de outras infrações graves). Logo, cabe ao magistrado
analisar as peculiaridades de cada caso e as condições específicas do
adolescente a fim de aplicar ou não a internação. Está superado o
entendimento de que a internação com base nesse dispositivo somente
seria permitida com a prática de no mínimo 3 infrações.
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III (descumprimento
reiterado e injustificável da medida) deste artigo não poderá ser superior
a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido
processo legal. (INTERNAÇÃO SANÇÃO)
§ 2º Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra
medida adequada. (MEDIDA SUBSIDIÁRIA)
Art. 125 É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos
internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e
segurança.
SÚMULA SOBRE INTERNAÇÃO:
Súmula 492, STJ: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só,
não conduz, obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de
internação do adolescente”.
JURISPRUDÊNCIA SOBRE INTERNAÇÃO:
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Remissão:
Art. 126 ANTES DE INICIADO o procedimento judicial para apuração de ato
infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a
remissão, como forma de EXCLUSÃO DO PROCESSO, atendendo às
circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à
personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato
infracional.
Parágrafo único. INICIADO O PROCEDIMENTO, a concessão da remissão pela
autoridade judiciária importará na SUSPENSÃO ou EXTINÇÃO do processo.
Súmula 492, STJ. O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só,
não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de
internação do adolescente.
Art. 182 Se, por qualquer razão, o representante do Ministério Público não
promover o arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá
representação à autoridade judiciária, propondo a instauração de
procedimento para aplicação da medida socioeducativa que se afigurar a
mais adequada.
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Art. 189 A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que
reconheça na sentença:
I – estar provada a inexistência do fato;
II – não haver prova da existência do fato;
III – não constituir o fato ato infracional;
IV – não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato
infracional.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adolescente
internado, será imediatamente colocado em liberdade.
Art. 190 – C NÃO COMETE CRIME o policial que oculta a sua identidade para,
por meio da internet, colher indícios de autoria e materialidade dos crimes
previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C, e 241-D desta Lei e nos
arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal).
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a
estrita finalidade da investigação responderá pelos excessos praticados.
Prazo:
90 dias (sem prejuízo de eventuais prorrogações, que também
deverão ser precedidas de autorização judicial); total não pode exceder
720 dias.
Requerimento de Relatórios Parciais:
Poderão ser requisitado relatórios parciais antes do término do
prazo da medida, pelo Juiz e Ministério Público.
Sigilo:
Acesso apenas ao Juiz, Ministério Público e Delegado de Polícia
(antes da conclusão da operação).
Excludente de Responsabilidade Penal:
Não comete crime o agente policial infiltrado. Obs. Se deixar de
observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos excessos
praticados.
Medidas para ocultar a identidade falsa do policial:
O policial será obrigado a adotar uma identidade falsa. O juiz poderá
determinar aos órgãos de registro e cadastro público que incluam nos
seus bancos de dados as informações necessárias para efetivar a
identidade fictícia criada. Tal inclusão deverá ser feita por meio de
procedimento sigiloso numerado e tombado em livro específico.
Informativo:
Compete à Justiça Federal julgar os crimes dos arts. 241, 241 – A e
241 – B do ECA, se a conduta de disponibilizar ou adquirir material
pornográfico envolvendo criança ou adolescente tiver sido praticada pela
internet e for acessível transnacionalmente.
Redação anterior da tese do Tema 393:
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes
consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo
criança ou adolescente (arts 241, 241 – A e 241 – B da Lei nº 8.069/1990)
quando praticados por meio da rede mundial de computadores. (Info 805
STF).
Redação atual, modificada em embargos de declaração:
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes
consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico, acessível
transnacionalmente, envolvendo criança ou adolescente, envolvendo
criança ou adolescente, quando praticados por meio da rede mundial de
computadores (arts 241, 241 – A e 241 – B da Lei nº 8.069/1990). (Info
690 STF).
Competência para julgar o delito do art. 241 do ECA praticado
por meio de WhatsApp ou chat do Facebook: Justiça Estadual. O STJ,
interpretando a decisão do STF no RE 628624/MG acima, afirmou que,
quando se fala em “praticados por meio de rede mundial de computadores
(internet)”, o que o STF quer dizer é que a postagem de conteúdo
pedófilo-pornográfico deve ter sido feita em um ambiente virtual propício
ao livre acesso. Por outro lado, se a troca de material pedófilo ocorreu
entre destinatários certos no Brasil, não há relação de internacionalidade e,
portanto, a competência é da Justiça Estadual. Assim, o STJ afirmou que
a definição da competência para julgar o delito do art. 241 – A do ECA
passa pela seguinte análise: Se ficar constatada a internacionalidade da
conduta: JUSTIÇA FEDERAL. Ex: publicação do material feita em sites que
possam ser acessados por qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta,
desde que esteja conectado à internet. Nos casos em que o crime é
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configuram os crimes dos arts. 240 e 241 – B do ECA quando fica clara a
finalidade sexual e libidinosa de fotografias produzidas e armazenadas pelo
agente, com enfoque nos órgãos genitais de adolescente – ainda que
cobertos por peças de roupas -, e de poses nitidamente sensuais, em que
explorada a sua sexualidade com conotação obscena e pornográfica. (Info
577 STJ).
Crime de estupro conexo com pornografia infantil . Crimes de
pedofilia e pornografia infantil de caráter transnacional praticados no
mesmo contexto dos delitos de estupro e atentado violento ao pudor,
contra as mesmas vítimas, devem ser considerados conexos e julgados
conjuntamente na Justiça Federal. (Info 715 STF).
Troca, por e-mail, de imagens pornográficas de crianças entre
duas pessoas residentes no Brasil. Troca, por e-mail, de imagens
pornográficas de crianças entre duas pessoas residentes no Brasil:
competência da Justiça Estadual.
Art. 241 – C Simular a participação de criança ou adolescente em cena de
sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou
modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de
representação visual:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expões à venda,
disponibiliza, distribui ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou
armazena o material proibido na forma do caput deste artigo.
Art. 241 – E Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “CENA
DE SEXO EXPLÍCITO OU PORNOGRÁFICA” compreende qualquer situação que
envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente
para fins primordialmente sexuais.
*Obs. : Natureza jurídica: NORMA EXPLICATIVA OU INTERPRETATIVA
Art. 242 Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de
qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo.
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
O Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003) DERROGOU
TACITAMENTE o art. 242 do ECA quanto a arma de fogo.
Art. 243 Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que
gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida
alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam
causar dependência física ou psíquica:
Pena – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não
constitui crime mais grave. (CRIME SUBSIDIÁRIO).
Art. 255 Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo
órgão competente como inadequado às crianças ou adolescentes
admitidos ao espetáculo:
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