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Prof.

Paulo Perússolo

ECA
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
ECA
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo

A Lei n. 12.594, de 2012, instituiu o Sistema Nacional de


Atendimento Socioeducativo e preencheu uma importante lacuna,
ao regulamentar a execução das medidas socioeducativas.

O que é o Sinase? (art. 1º, §1º)


“Entende-se por Sinase o conjunto ordenado de princípios, regras e
critérios que envolvem a execução de medidas socioeducativas,
incluindo-se nele, por adesão, os sistemas estaduais, distrital e
municipais, bem como todos os planos, políticas e programas
específicos de atendimento a adolescente em conflito com a lei.”
Objetivos das medidas socioeducativas (art. 1º, § 2º)

• a responsabilização do adolescente quanto às consequências


lesivas do ato infracional, sempre que possível incentivando a sua
reparação;

•a integração social do adolescente e a garantia de seus direitos


individuais e sociais, por meio do cumprimento de seu plano
individual de atendimento;

• a desaprovação da conduta infracional, efetivando as disposições


da sentença como parâmetro máximo de privação de liberdade ou
restrição de direitos, observados os limites previstos em lei.
Princípios que regem a execução das medidas socioeducativas
(art. 35, Lei n. 12.594/2012)

- Legalidade: é vedado ao adolescente receber tratamento mais gravoso do que


aquele destinado aos imputáveis;
- Excepcionalidade da intervenção judicial e imposição de medidas
socioeducativas: sempre que possível, devem ser priorizados os meios de
autocomposição de conflitos;
- Prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas: em linha com a
priorização às técnicas de autocomposição, observando-se, também, as
necessidades das vítimas;
- Proporcionalidade em relação à ofensa cometida: para a aplicação de medida
socioeducativa devem ser ponderadas as circunstâncias e consequências do
fato;
- Brevidade da medida em resposta ao ato cometido: especialmente no
que se refere à medida de internação, a medida deve perdurar apenas
pelo tempo necessário ao atingimento de seus objetivos;
- Individualização: através do PIA, observadas idade, capacidades e
circunstâncias pessoais do adolescente;
- Mínima intervenção: atuação restrita ao necessário para a realização
dos objetivos da medida;
- Não discriminação do adolescente: respeito às etnias, gêneros,
nacionalidade, classe social, orientação religiosa, política ou sexual, ou
associação ou pertencimento a qualquer minoria ou status;
- Fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários: a integração
social deve ser garantida no cumprimento da medida socioeducativa.
Competência para a execução de medidas
socioeducativas (art. 36, Lei n. 12.594/2012 c/c art.
146 e ss. do ECA)

Compete ao Juiz da Infância e da Juventude a execução


das medidas socioeducativas, observando-se o local de
residência dos pais ou responsável pelo adolescente, ou
do local onde estiver localizada a entidade de
atendimento.
Direitos individuais do adolescente em cumprimento de medida
socioeducativa (art. 49, Lei n. 12.594/2012)

- Acompanhamento pelos pais ou responsável e por seu defensor em


qualquer fase do processo;
- Inserção em programa de meio aberto diante de inexistência de vaga
em estabelecimento educacional para medidas com restrição de
liberdade, salvo nos casos de ato infracional cometido mediante violência
ou grave ameaça, quando deverá ser inserido na unidade mais próxima
de sua residência;
- Respeito à personalidade, intimidade, liberdade de pensamento e
religião e todos os outros direitos não expressamente limitados na
sentença;
- Direito de petição, escrita ou oral, devendo obrigatoriamente
receber resposta em até 15 dias;

- Informação, inclusive por escrito, das normas e funcionamento


do programa de atendimento, incluídas as regras disciplinares;

- Receber, ao solicitar, informações sobre a evolução de seu PIA,


participando de sua elaboração e de eventual reavaliação;

- Receber assistência integral à sua saúde;

- Atendimento garantido em creche e pré-escola aos filhos de 0


(zero) a 5 (cinco) anos.
Procedimento de execução de medida socioeducativa

Medidas executadas no processo de conhecimento, desde


que aplicadas de forma isolada (art. 38, Lei n.
12.594/2012):
- Medidas de proteção;
- Advertência;
Obrigação de reparar o dano.
Medidas que dependem de formação de autos próprios de execução:

- Prestação de Serviços à Comunidade;


- Liberdade Assistida;
- Semiliberdade;
- Internação.
Para a formação dos autos de execução, deve ser expedida Guia de
Execução pelo Juízo do processo de conhecimento, nos moldes
determinados pelo Conselho Nacional de Justiça.
É vedado o processamento da execução por carta Precatória (art. 11,
§ 1º, Resolução n. 165 do CNJ)
Plano Individual de Atendimento (PIA) – (art. 52, Lei n.
12.594/2012)

O cumprimento das medidas socioeducativas de Prestação


de Serviços à Comunidade, de Liberdade Assistida, de
Semiliberdade e de Internação dependem da confecção do
Plano Individual de Atendimento, que deve contemplar a
participação dos pais ou responsável, e deve ser elaborado
pelo programa de atendimento.
Composição mínima do PIA:

- resultados da avaliação interdisciplinar;


- objetivos declarados pelo adolescente;
- previsão de suas atividades de integração social e/ou
capacitação profissional;
- atividades de integração e apoio à família;
- formas de participação da família para efetivo
cumprimento do plano individual;
- as medidas específicas de atenção à sua saúde.
No caso das medidas de Semiliberdade e de
Internação, o PIA deve conter ainda:

- a designação do programa de atendimento mais


adequado para o cumprimento da medida;
- a definição das atividades internas e externas, individuais
ou coletivas, das quais o adolescente poderá participar;
- a fixação das metas para o alcance de desenvolvimento de
atividades externas.
Prazos

Prazos para a elaboração do PIA: 45 dias para os casos de


Semiliberdade e Internação, e 15 dias para as medidas de
Prestação de Serviços à Comunidade e Liberdade Assistida

Apresentado o PIA, o Juiz dará vistas ao defensor e ao


Ministério Público pelo prazo sucessivo de 3 dias, que poderão,
fundamentadamente, impugná-lo ou solicitar complementação
(art. 41, Lei n. 12.594/2012). Inexistindo impugnação, o PIA
será considerado homologado.
Reavaliação das medidas socioeducativas (art. 42)

Devem ser avaliadas, no máximo a cada 6 meses, as


medidas de Liberdade Assistida, Semiliberdade e
Internação.

Isoladamente, não justificam a não substituição por medida


menos gravosa a gravidade do ato infracional, os
antecedentes e o tempo de duração da medida.
Substituição por medida mais gravosa

Considera-se mais grave a internação, em relação a todas as demais


medidas, e mais grave a semiliberdade, em relação às medidas de meio
aberto (art. 42, §3º)

A substituição por medida mais gravosa é excepcional e somente pode ser


decretada após o devido processo legal (art. 42, §4º), pautada em parecer
técnico e mediante oitiva prévia do adolescente.

Súmula nº 265 STJ


“É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão
da medida sócio-educativa.”
Unificação de medidas socioeducativas (art. 45, Lei n. 12.594/2012)

Quando, no transcurso da execução, for aplicada por sentença nova


medida socioeducativa ao adolescente, haverá a unificação, após oitiva do
Ministério Público e da defesa, sendo vedado, no entanto, o reinício do
cumprimento de medida, devendo ser observados os prazos máximos de
cumprimento.
É vedada, ainda, a aplicação de nova medida de Internação por atos
praticados anteriormente a adolescente que já tenha concluído o
cumprimento de medida desta natureza.

Determinada a unificação, deve ser expedida Guia Unificadora, com


registro no Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a Lei (CNJ)
Extinção das medidas socioeducativas (art. 46, Lei n.
12.594/2012)

As quatro principais formas de extinção da medida socioeducativa


são:

- Pela morte do adolescente;


- Pela realização de sua finalidade;
- Pela aplicação de pena privativa de liberdade, a ser cumprida em
regime fechado ou semiaberto, em execução provisória ou
definitiva;
- Pela condição de doença grave, que torne o adolescente incapaz de
submeter-se ao cumprimento da medida.

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