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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A internação precisa ser breve. Quer isso dizer que deve alcançar o menor
período possível da vida do adolescente, o qual está em processo de
formação e tem no seu direito fundamental à liberdade um dos mais
relevantes fatores para a construção do seu caráter. A vida em sociedade,
os direitos de expressão, de se divertir e de participação na vida polícia são
exemplos da importância do gozo da sua liberdade, em um momento
singular da sua existência. A adolescência é a menor fase da vida, um
verdadeiro rito de passagem. Compreende a idade entre doze e os dezoito,
durante apenas seis de todos os anos da existência da pessoa. Por isso a
preocupação do legislador com a internação, limitando a sua duração a três
anos, o que já se constitui em metade deste período de amadurecimento. A
internação precisa ser excepcional.
Tal medida tem sido cumprida em lugares que claramente atentam tanto
contra o ideal da reeducação quanto com os elementares básicos de respeito à
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dignidade humana. “O sistema não defende a sociedade, não protege o menor, não
o recupera, encaminhando-o para a reincidência, o que é custoso para o Estado e
prepara o delinquente adulto” (MARQUES, 1976, p. 36).
Esses fatores fazem com que o Estatuto considere a internação como única
medida capaz de educar, procurando-lhe aplicar um caráter socioeducativo em que
se assegurarão aos menores privados de sua liberdade cuidados especiais, tais
como: proteção, educação, lazer, formação profissional, etc. Contudo, torna-se clara
a percepção de que o sistema é considerado falho na sua aplicação, motivo pelo
qual irá afetar o seu objetivo final, o qual seria a recuperação e tornar com que esse
adolescente volte ao seio social mostrando que realmente se recuperou e pode
progredir em meio ao convívio em comunidade (SILVA, 2016, p. 36-37).
Estabelecendo que as medidas devam ser cumpridas em estabelecimento
adequado, onde os adolescentes deverão ser separados por idade, aptidão física e
ainda, gravidade da infração. Percebe-se também a exigência da inclusão de
atividades pedagógicas para esses adolescentes, posto que através delas busca-se
proporcionar a eles uma melhor condição para a ressocialização. Porém esses
ditames descritos pelo Estatuto estão friamente “congelados” e esquecidos no dia a
dia dos estabelecimentos. Veja-se:
recursos humanos e materiais, sendo assim um dos fatores que contribuem para
ineficácia da medida socioeducativa da internação.
ordem social. Porém, do ponto de vista social, há certa falha na atuação do Estado
frente aos direitos do adolescente previsto no estatuto, provando-se com a ineficácia
da internação, visto que as unidades não estão adequadas às diretrizes previstas
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
O artigo 124 do estatuto dispõe dos direitos que os adolescentes privados de
sua liberdade têm, por exemplo: direito de ser tratado com respeito e dignidade;
habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade; realizar
atividades culturais, esportivas e de lazer, dentre outras. Contudo, a realidade
impossibilita que o objetivo seja alcançado em sua plenitude, pois no geral as
unidades carecem de estruturas físicas, instalações adequadas para atividades de
ensino, recreação e profissionalização.
O Conselho Nacional de Justiça fez um levantamento para identificar a atual
situação dos estabelecimentos de medidas socioeducativas no Brasil, quanto ao
aspecto da violência contra os adolescentes. Os números são alarmantes: 34
estabelecimentos registraram casos de abuso sexual; 19 estabelecimentos
registraram, pelo menos, uma ocorrência de homicídio; sete estabelecimentos,
mortes por doença preexistentes; dois estabelecimentos, mortes por suicídio.
Nesse ínterim, foi declarado que 28% dos adolescentes em conflito com a lei
sofrem algum tipo de violência por parte dos funcionários dos Centros Educacionais;
10%, por Policiais Militares. Enquanto, 19% dos adolescentes sofreram algum tipo
de castigo físico dentro da unidade de internação (CNJ, 2012).
Conforme o exposto acima há certa violação ao princípio da dignidade da
pessoa humana por parte do Estado, de modo que o princípio se projetou no
respeito e proteção à integridade física e psíquica da pessoa, não devendo o poder
público se desvincular de tal obrigação. Reiterando que o estatuto da criança e do
adolescente também dispõe em seu artigo 125 que é dever do Estado zelar pela
integridade física e mental dos infratores, cabendo adotar medidas adequadas para
sua proteção. Por fim, o descumprimento do estatuto da criança e do
adolescente por parte do Estado é evidente ao não criar estabelecimento
apropriados para a internação e atividades pedagógicas para ressocialização do
menor infrator, deixando-o aquém da reincidência infracional e um futuro criminoso.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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NISHI, Carolina. Medidas socioeducativas: o que são e para que servem. JusBrasil,
2016. Disponível em: <https://carolnishi.jusbrasil.com.br/artigos/398520805/medidas-
socioeducativas-o-que-sao-e-para-que-servem>. Acesso em: 12 jun. 2019.