Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Lista de Abreviaturas:
LTE- Lei Tutelar Educativa
CPCJR- Comissão de Proteção a Proteção de Crianças e Jovens em Risco
IRS- Instituto de Reinserção Social
CE- Centro Educativo
Índice:
2
1. Medidas tutelares educativas
Há que ter em conta que: “Sempre que esteja em causa a aplicação de uma
medida de internamento, tem de haver lugar a uma audiência. Tem obrigatoriamente
de ser um tribunal coletivo constituído por três juízes, um de carreira, juiz do processo,
que preside, e por dois juízes sociais”. A sua deliberação é tomada por maioria votando
em primeiro lugar os juízes sociais e depois o juiz presidente artigo nº 118º e nº 119º
da LTE.
Na escolha da medida a aplicar: “o tribunal deve dar preferência de entre as que
se mostrem adequadas e suficientes à medida que represente menor intervenção na
autonomia de decisão e de condução da vida do menor”.
3
Existem três regimes de internamento em centro educativo, estando estes
previstos no artigo 4º, nº3 da LTE, sendo estes o regime aberto, regime semiaberto, e
por último, regime fechado.
2.1.1 Regime aberto
No regime aberto os menores residem no centro educativo, contudo, estão em
contacto constante com a sociedade, frequentando atividades escolares e lúdicas no
meio exterior. Para o menor ser aceite neste regime é necessário apenas a elaboração
prévia de um relatório social, com avaliação psicológica, pelos serviços de Reinserção
Social.
Há autores que consideram que este regime deveria ser extinto, uma vez que o
menor passa demasiado tempo fora do centro, considerando que este regime não será
eficaz.
Há, não obstante, opiniões contrárias que defendem a sua continuidade. O estudo
levado a cabo pelo Grupo de Trabalho à Proposta de Alteração à LTE, depois de alguma
discussão, foi a favor da manutenção deste regime.
O mesmo deverá ser aplicado: “quando o afastamento da família se mostrar
benéfico, não sendo necessário o afastamento de colegas e amigos, ou ainda, a sua
utilização como última fase de internamento”.
1
Vide, art. 168, da Lei Tutelar Educativa Comentada, (RODRIGUES, Anabela Miranda / FONSECA,
António Duarte)
4
Neste regime (fechado) exige-se a realização prévia de perícia sobre a
personalidade, pelos serviços de Reinserção Social.
3. Centros educativos
2
CUNHA, Conceição
5
Numa primeira fase, a sua integração requer um plano de intervenção, que leve o
jovem a uma inserção gradual na vida quotidiana do centro, e comece a perceber que
é preciso cumprir regras.
No que toca à segunda fase, esta deve servir para aquisição de competências e
conhecimentos, que o menor desconhecia ou não estavam bem sedimentados. Tem
por isso de ser incentivado a começar a saber estabelecer relações interpessoais,
tendo como finalidade uma aprendizagem de vida em sociedade, incutindo-lhe
sobretudo competências sociais.
Por último, a fase de autonomia, deverá ter como objetivo perceber se o jovem já
se sente preparado para respeitar os valores necessários para a vida em sociedade,
pondo em prática as competências, que adquiriu nas fases anteriores.
Em todo este processo, os jovens devem ser orientados por técnicos
especializados, que os acompanhem na sua aprendizagem.
Com vista a educar os jovens para o direito todos os centros educativos elaboram
o seu Projeto Educativo Pessoal (PEP): “instrumento, sob a forma de documento
escrito, de organização e registo da intervenção educativa a realizar ao menor, no
período de tempo da medida aplicada ou revista, durante o internamento” 3.
O referido projeto terá por base: “as motivações e aptidões do jovem, as suas
concretas necessidades educativas, formativas e de reinserção social, e ainda o regime
de execução e a duração da medida. Nos objetivos do referido projeto tem de incluir-
se forçosamente o encaminhamento do menor, findo o seu internamento”4.
Na orientação da primeira alteração da LTE, o artigo 162º dispõe que “O projeto
educativo deve ainda permitir uma programação faseada e progressiva da intervenção,
diferenciando os objetivos a realizar em cada fase e o respetivo sistema de reforços
positivos e negativos, dentro dos limites fixados pelo Regulamento Geral e de
harmonia com o Regulamento Interno.”
O PEP deve ser elaborado por técnicos de áreas distintas e sempre em
colaboração com o menor e se necessário com os representantes legais do mesmo.
Nesta perspetiva, há que referir a afirmação do Professor António Carlos Duarte
Fonseca, segundo o qual: “hoje entende-se que se deve dar a palavra aos menores e
aproveitar ao máximo a sua capacidade para se pronunciarem sobre os seus assuntos
pessoais e para tomarem decisões quanto à sua vida e ao seu futuro”. Procede ainda à
elaboração de relatórios, que informam da situação do menor quando deu entrada no
CE e da sua evolução”.
Em todo o processo de internamento deve haver articulação com as famílias,
sensibilizando-as e apoiando-as, para mais tarde acolherem o menor. Ora, este
trabalho deve ser realizado quer pelo CE, como pelas CPCJR e pelo IRS.
3
- FONSECA, António Carlos Duarte
4
- FONSECA, António Carlos Duarte
6
5. Educar para o direito
O principal objetivo do CE é: “Educar o jovem para o Direito”. Coloca-se a questão:
“Educar ou submeter?”
O conceito educar segundo a professora Anabela Miranda Rodrigues é “formar,
ensinar e instruir as crianças, por forma a conseguir o desenvolvimento integral da sua
personalidade. Educar é, pois, algo mais que ensinar. Já o conceito de submeter é
colocar alguém, geralmente pela coação, sob a autoridade ou o poder de outrem”.
Apesar de submeter e ensinar serem conceitos completamente distintos, num CE
estes podem ser confundidos na prática pois um menor que se encontre a cumprir
medida tutelar de internamento, com vista a ser educado para o direito, está
obrigatoriamente submetido às diretrizes de alguém, a fim de interiorizar e respeitar
as regras, bem como aprender valores.
Para combater esta dualidade e melhor direcionar o jovem há que ter em atenção
“a singularidade de cada menor, individualmente, a sua pluralidade e o seu
temperamento pessoal, ajudando-o a crescer e a valorar os próprios erros. As
diferenças devem ser sempre respeitadas, enaltecendo-se o valor da tolerância” 5. Pois
cada jovem tem particularidades distintas, devido à sua personalidade, religião, família
pais valores culturais e valores morais, entre outros fatores. Para além disso, estamos
perante menores, que já adquiriram certos hábitos e modelos de conduta pré-
concebidos, dificultando assim as aquisições dos valores que nunca conheceram.
O próprio Estado deve ter um papel interventivo, no que toca a este processo,
não de caráter protecionista, mas sim vocacionado para “a educação para o direito”.
5
RODRIGUES, Anabela Miranda
6
- RELATÓRIO, Ob. Cit.
7
Como já foi mencionado neste trabalho, a forma de acolhimento do jovem no CE
constitui um momento importante para preparar a sua correta adaptação e aquisição
de regras, com vista à inserção na sociedade, devendo ser-lhe de imediato
proporcionado um ambiente de empatia, contribuindo para que o jovem esteja
motivado para colaborar em todo o seu processo educativo.
8
solução, o jovem começaria a pôr em prática as aprendizagens adquiridas no CE e a
sua integração na sociedade seria feita de uma forma ponderada e gradual
Há vastas vantagens em tal período ser cumprido de preferência em casas de
autonomia, pois o cumprimento de regras implica mais responsabilidades e o jovem
pode dispor também de mais tempo para consolidar o trabalho realizado no CE.
Posto isto, o DL n.º 42/2018, de 12 de Junho sobre a Instalação e funcionamento
das casas de autonomia estabelece no seu artigo 1º que “O presente decreto-lei regula
as condições de instalação e funcionamento das casas de autonomia a que se refere o
n.º 12 do artigo 158.º-A da Lei Tutelar Educativa, aprovada em anexo à Lei n.º 166/99,
de 14 de setembro, alterada e republicada pela Lei n.º 4/2015, de 15 de janeiro”.
9
acompanhar os menores, mas a área da saúde mental continua a ser ainda bastante
desvalorizada.
Assim, no meu entender, o apoio psicológico deveria ser obrigatório no período de
transição do menor para a vida “normal” e mesmo depois como uma forma de, mesmo
fora do CE, o jovem ter sempre um apoio extra e, ao mesmo tempo, uma forma de
controlar o progresso do jovem.
Para além disso, no caso das famílias destruturadas que por vezes são a raiz do
problema, acho que seria benéfico sessões de grupo de maneira a ensinar as famílias a
melhor lidar com o jovem e a serem funcionais.
10
Bibliografia:
GUERRA. PAULO: “ A Lei Tutelar Educativa- Para Onde Vais?”, JULGAR Nº11-2010
11