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Eu irei defender o sistema penal vigente, porque de fato ele possui muitas falhas, porém é a melhor opção
que temos. Acredito que o problema do sistema atual não é ter uma pena privativa de liberdade, por si só,
mas o problema gira em torno da desobediência legal com a inércia da sociedade em relação aos presos.
Na teoria, a LEP tem por finalidade proporcionar condições para ressocialização do condenado.
Se fosse efetivada integralmente, a Lei de Execução Penal poderia propiciar a reeducação e ressocialização
de uma parcela significativa da população carcerária atual. No entanto, ela permanece apenas no plano
teórico, não tendo sido cumprida pelas autoridades públicas.
Mudanças no nosso sistema prisional para que ele cumpra seu papel de ressocializar:
A LEP prevê que os detentos sejam mantidos em celas individuais de pelo menos seis metros quadrados.
Entretanto, a superlotação superou os planos originais: ao invés de manter um preso por cela, as celas
individuais são normalmente usadas para dois ou mais detentos. Além de celas individuais, grande parte dos
presídios possui celas grandes ou dormitórios que foram especificamente planejados para convivência em
grupo, todavia, o que vemos não é um grupo, mas um amontoado desordenado de seres humanos.
Além do problema material, a lei deixa bem claro que é pressuposto da ressocialização do condenado a sua
individualização, a fim de que possa ser dado a ele o tratamento penal adequado. Já se pode observar aqui
então a primeira dificuldade no processo ressocializador do preso, pois devido à superlotação das unidades
prisionais torna-se praticamente impossível ministrar um tratamento individual a cada preso.
De acordo com o já citado Relatório, apenas 26% dos estabelecimentos penais possuem atendimento
psicológico. 61% das unidades prisionais possuem módulos de saúde. 49% consultório odontológico. (Total
de estabelecimentos penais: 1.458).
Por oportuno, ainda de acordo com o mesmo Relatório, somente 67% dos estabelecimentos penais possuem
módulos de educação, ou seja, são 3.545 salas de aulas existentes com capacidade para 59.690.
De acordo com Marcão, a educação é muito importante para a ressocialização do preso, para a sua
reinserção na sociedade. É inegável, ainda, a sua contribuição na manutenção da disciplina prisional.
A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado ajustando-o ao convívio prisional,
mas, ao mesmo tempo, deixando-o próximo da sociedade, através de um trabalho de preparo para inserção
futura e de ressocialização.
Entretanto, apenas 27% dos estabelecimentos prisionais possuem sala de atendimento para serviço social.
Então, há uma incongruência da aplicação da Lei de Execuções Penais com o que ela verdadeiramente
dispõe.
O artigo 28 da Lei de Execução Penal aduz que "o trabalho do condenado, como dever social e condição de
dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva".
Falconi diz que sem dúvida, a laborterapia é uma das formas mais eficazes de reinserção social, desde que
dela não se faça uma forma vil de escravatura e violenta exploração do homem enclausurado. Há na
aquisição do hábito ao trabalho uma gama imensa de novas expectativas e perspectivas para o preso. De
partida, ele poderá propor uma nova forma de relacionamento com a sociedade, desde que esta não se
mostre tão arredia, como sói acontecer.
Lima Filho ainda diz que o reduzido número de detentos empregados é resultado da escassez de
oportunidades de trabalho, e não da falta de interesse da parte dos detentos. Porque na prática, a LEP cria um
incentivo para a redução de sentenças, então para cada três dias de trabalho, um dia deve ser debitado da
sentença do detento.
De acordo com o SIDESPEN apenas 75.207 presos trabalham. E apenas 38% (trinta e oito por cento) dos
estabelecimentos prisionais possuem oficinas de trabalho.
Além disso as oficinas existentes nos estabelecimentos prisionais resumem-se a exploração de mão-de-obra
barata, pois são raras aquelas que possibilitam autonomia profissional ao preso (como artesanato, costura
etc.), deixando-os dependentes de empresas, que, na maioria das vezes, não contratam egressos ou ex-
detentos.
Depen fez um relatório que revela que no período de 2010 a 2021 e 42,5% dos indivíduos que deixam uma
unidade de detenção voltam a ser presos. A reincidência se da principalmente no primeiro ano, quando
23,1% desses egressos reincide. Isso implica que as medidas precisam ser tomadas no primeiro ano para
que a taxa não atinja patamares de crescimento tão significativo ao longo do tempo.
Essas taxas de reincidência podem não só indicar a ineficiência da prisão, como também podem refletir as
transformações dos valores que se produzem na sociedade e na estrutura socioeconômica.
(BITTENCOURT, 2006.p.150)
Destarte, o índice de reincidência é um indicador insuficiente, visto que a recaída do delinquente se produz
não só pelo fato de a prisão ter fracassado, mas por contar com a atribuição sua rotulação/estigmatização.
- Os presos devem ser lotados apartados com base em seus respectivos delitos. Misturá-los em um
momento tão crítico quanto à entrada na cadeia é despertar outros comportamentos delinquentes.
(Resolve a questão da teoria da associação diferencial – o crime se aprende)
- Os agentes penitenciários devem ser qualificados e uma vez qualificados, devem ser melhor
remunerados pelo exercício de sua função;
- Mudança de postura da sociedade, então nós temos que entender que devem ser direcionados
melhores tratamentos aos presos, não porque merecem, mas porque é necessário.
O problema prisional não é o resultado de apenas um fator, mas a soma da desobediência legal com a
inércia da sociedade em relação a tais questões. Sim, a falência do sistema prisional é um problema
social. Vimos que a sociedade não colabora com a determinação do fim ressocializador da pena. Qualquer
melhor destinada ao preso é vista como regalia para delinquentes; por conseguinte, não admite a obediência
da função ressocializadora e, em contrapartida, desacredita do sistema prisional e usa deste argumento para
justificar a não colaboração na reinserção social do egresso.
Na Lei 9099 de 1995 (juizados especiais) há três institutos despenalizadores, que visam solucionar os
conflitos de modo consensual, quais sejam: composição cível, transação penal e suspensão condicional
do processo.
A composição civil está disposta no artigo 74 e ao ser realizada a composição dos danos civis, a vítima,
tacitamente, renuncia ao seu direito de representar ou oferecer queixa-crime, o que resulta na extinção da
punibilidade do infrator.
Por sua vez, a transação penal encontra-se no artigo 76, onde o Ministério Público poderá propor a aplicação
de penas restritivas de direitos ou multas, as quais, se aceitas, extinguirão a punibilidade do transgressor,
mas possibilitando a continuação da persecução penal em caso de descumprimento.