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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

PRIVATIZAÇÃO PENITENCIÁRIA EM PROL DA RESSOCIALIZAÇÃO

Mateus Mendonça Sepúlveda¹


Tamile Silva Matos²

ITABUNA – BA
2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................2
2 PROBLEMA..........................................................................................................................4
3 JUSTIFICATIVA..................................................................................................................4
4 OBJETIVOS...........................................................................................................................3
4.1.Geral.............................................................................................................................3
4.2.Específicos....................................................................................................................3
5 METODOLOGIA..................................................................................................................5
6 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................................8
7 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................8

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil, a situação do sistema penitenciário é alarmante, uma vez que tem


ocupação maior de 50% acima da sua capacidade, e custodiados sem julgamento. Um fato que
não se pode negar, no âmbito prisional, é a existência da superlotação, um local insalubre e
sem condição de higiene básica, fugas, espancamentos, ausência no fornecimento de amparo
social, médico, psicológico, jurídico e odontológico, além do mais, o fato de o sistema
prisional favorecer para o recrudescimento das facções. Desse modo, a medida para
solucionar o problema seria a terceirização do sistema prisional por meio da cogestão.

Vale ressaltar que a presença do Estado não se faz ausente, uma vez que, tem
responsabilidade secundária e a Lei de Execução Penal nº 7.210/84, garante a figura da
Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos Penais. A figura do Estado direciona e coordena a
atuação da empresa de cogestão, na busca das garantias fundamentais do apenado, no intuito
de que a penitenciária seja um método de reeducação e ressocialização e não de punição,
garantindo também a sua integridade pessoal, conforme a busca a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).

O presente trabalho explora a evolução histórica do sistema prisional, que vem


desde a Idade Média até os dias atuais, se modificando e atualizando cada vez mais, em
consonância com sistema judiciário, além disso, analisa de forma crítica a realização de um
contrato de prestação serviços de ressocialização, segurança e assistência social, jurídica,
médica, psicológica, regido pela Lei de Licitações nº 8.666/93, entre o Estado e uma empresa
privada, com duração de 2 anos, podendo, possivelmente, ser prorrogado por mais cinco anos.

A problemática da terceirização deve ser aceita beneficamente, uma vez que são
inúmeras as vantagens apresentadas neste tipo de concessão, mas não se deve pensar somente
nas vantagens lucrativas e sim na preservação da dignidade e ressocialização dos apenados.

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2 PROBLEMA

Durante a antiguidade já existia a figura da penitenciária, porém de forma diversa


da atual, uma vez que não tinham o conhecimento da existência de penas privativas de
liberdade. No período da Idade Média, já se têm as penas estabelecidas nos Mosteiros da
época, neste tempo se falava em encarceramento como um local apropriado para custódia,
porém sem local específico.

Conforme Carvalho Filho (2002) as punições no período medieval eram: a


amputação dos braços, a degola, a forca, o suplício na fogueira, queimaduras a ferro
em brasa, a roda e a guilhotina eram as formas de punição que causavam dor
extrema e que proporcionavam espetáculos à população.

No decorrer da história existem diversos tipos de penalização e principalmente de


encarceramento. O primeiro estabelecimento prisional foi criado na Inglaterra, no século
XVIII, entretanto, somente foi aplicada a pena de privação de liberdade na penitenciária da
Holanda, no século XVI.

Segundo NILANDER:

Uma das primeiras instituições penitenciárias criadas foi a House of Correction, em


Bridwell, no ano de 1552, em Amsterdã, na Holanda, tendo por objetivo corrigir o
infrator por meio do trabalho e do ensino religioso. Essa casa de correção era
administrada mediante rígida disciplina, e tal experiência logo se alastrou por toda a
Inglaterra. (NILANDER, 2011, p. 45)

No Brasil, foi a partir do século XIX que se deu início ao surgimento de prisões
com celas individuais e oficinas de trabalho, bem como arquitetura própria para a pena de
prisão. O Código Penal de 1890 possibilitou o estabelecimento de novas modalidades de
prisão, considerando que não mais haveria penas perpétuas ou coletivas, limitando-se às penas
restritivas de liberdade individual, com penalidade máxima de trinta anos, bem como prisão
celular, reclusão, prisão com trabalho obrigatório e prisão disciplinar.

Atualmente, o setor prisional, no Brasil, é regulado pela Lei de Execuções Penais


(Lei 7210.84), a qual atribui aos Estados-membros da federação a responsabilidade pela
custódia dos internos visando reeducar pessoas privadas da liberdade para se adequarem às
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condições e leis da sociedade, punir os transgressores do ordenamento jurídico vigente,
proteger a sociedade de novos crimes e prover as condições necessárias à reinserção do
indivíduo ao convívio social, há outras envolvidas no processo de custódia, tais como o
Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) e os conselhos de política criminal e
penitenciária, ambos com funções consultivas e regulatórias.
Consentâneo está descrito no artigo 1º da lei 7210/84, Lei de Execução Penal, o
objetivo proporcionar harmonia e integração social dos presos, acontece que, com a grande
reincidência dos apenados isso não vem acontecendo.
Logo, a ideia de todo presidiário brasileiro é que sua vida acabou dentro das
paredes da cadeia e que não lhe resta mais nada, onde os presídios sem ocupação se tornam
uma escola contrária, formadora de criminosos mais perigosos.

3 JUSTIFICATIVA

O Estado, como detentor da responsabilidade sobre o sistema, não obtém êxito na


busca de soluções, levando, em algumas localidades no Brasil, ao processo de privatização.

Nesse sentido, afirma Maria Aparecida Fagundes (2001, apud NICOLI, 2007, p. 03),
a privatização “apresenta-se a alternativa de tornar mais flexível a Administração
Pública, surgindo como tema recorrente e ganhando especial destaque a ideia de
parcerias com o setor privado”. (CRUZ, 2011)

Até o presente momento, ficou evidente a importância de empresas privadas com


o Estado, efetivando as melhorias no sistema penitenciário brasileiro, conforme
posicionamentos de doutrinadores que acreditam nas vantagens trazidas.

O doutrinador Capez, posiciona-se sobre a privatização penitenciária da seguinte


forma:

O que se vê nos presídios brasileiros é um depósito de humanos, escolas do crime,


fábrica de rebeliões. O Estado não tem recursos para gerir e construir presídios,
sendo assim, a privatização deve ser enfrentada não do ponto de vista ideológico ou
jurídico, se sou a favor ou contra, tem que ser enfrentada como uma necessidade
absolutamente insuperável, ou “privatizamos” os presídios; aumentamos o número
de presídios; melhoramos as condições de vida e da readaptação social do preso sem

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necessidade do investimento do Estado, ou vamos continuar assistindo essas cenas
que envergonham nossa nação perante o 32 mundo. Portanto, a “privatização” não é
questão de escolha, mas uma necessidade indiscutível é um fato” (CAPEZ apud
VIEIRA, 2011, p. 61)

Sobre os fatores positivos, têm-se o pensamento do renomado doutrinador


Oliveira, que elencou em sua obra algumas das vantagens acerca da privatização do
sistema prisional:

a) o Estado não se mostrou capaz de administrá-los satisfatoriamente;


b) o estado não dá mostras de procurar solucionar os problemas dos presos;
c) a instituição privada, pela concorrência possui seu foco no objetivo proposto;
d) iniciativa privada tem mais experiência na redução de gastos;
e) possibilidade do egresso no mercado de trabalho;
f) benefício para o preso que ganhará dinheiro por sua produção;
g) a garantia de respeito aos direitos humanos é a maior, o advogado do preso pode
processar a empresa privada que violar os princípios presentes na Constituição do
preso, na LEP, na sentença de condenação e no contrato de adesão com o Estado.
(OLIVEIRA, 2002, p.62-63)

Existe também um grande apoiador que se posiciona a favor da privatização, o


criminalista Luiz Flávio Borges D’urso, atribuindo ao assunto o seguinte:

Registro que sou amplamente favorável à privatização, no modelo francês e as duas


experiências brasileiras, uma no Paraná há um ano e outra no Ceará, há dois meses,
há de se reconhecer que são um sucesso, não registram uma rebelião ou fuga e todos
que orbitam em torno dessas unidades, revelam que a ‘utopia’ de tratar o preso
adequadamente pode se transformar em realidade no Brasil [...] (D’URSO apud
ORTIGARA; PELISSARO, 2009, p. 04)

4 OBJETIVOS

4.1 Geral

Demonstrar, de forma exemplificada, os benefícios trazidos com a ressocialização


aplicada por terceirizadas no sistema prisional.

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4.2 Específicos

Desmistificar o fato de acreditar que só existem proveitos econômicos;


Mostrar projetos aplicados no processo de Ressocialização dos apenados;
Demonstrar a importância da terceirização no âmbito prisional.

5 METODOLOGIA

O termo metodologia vem do latim “methodus”, que denota caminho, percurso


com a finalidade de realização de determinado feito. Trata-se de um processo, cujo fim
específico é chegar a uma forma organizada do pensamento científico do pesquisador. Enfim,
metodologia redunda no estudo dos caminhos e da instrumentalização para que se possa fazer
ciência (DEMO, 1995).

Assim, no que se refere a metodologia aplicada, têm-se como método principal, a


revisão bibliográfica, tendo em vista que se buscará a análise de diversas fontes, a fim de
corroborar o pensamento esposado.

Destarte, para a devida organização do artigo científico e a fim de se levar a termo


o estudo em questão, nossa metodologia tomará um curso descritivo e exploratório, no intuito
de desenvolvermos argumentos colhidos em sites, artigos científicos, livros, legislações,
inclusive pertinentes ao direito penal e jurisprudências de tribunais voltados para o tema em
questão, além de explorar investigando possíveis dados coletados, se for o caso.

Ademais, o alcance da pesquisa possui caráter exploratório, a fim de consolidar o


entendimento alcançado com a doutrina e ordenamento pátrio, dando margem para maiores
considerações acerca desta temática, tendo em vista o raso arcabouço doutrinário, o que abre
para maiores considerações acerca desta temática.

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6 REFERENCIAL TEÓRICO

Primeiramente, temos que ter em mente que o tema aqui abordado, é disciplinado
na Lei de Execuções Penais (Lei 7210.84), apresenta-se como sendo o instrumento para dar
norteio ao tema ligado ao instituto prisional.

Assim, levando em consideração o teor do que iremos abordar, observamos e


destacamos que caso haja uma parceria entre o Setor Privado e o Estado se torna viável a
implementação da gestão privatizada do Sistema Prisional.

O tema avençado no presente trabalho, apresenta a preocupação da pessoa viver


com dignidade e aplicar o princípio da dignidade humana, disposto na Constituição Federal,
pois, os ambientes carcerários não atendem as necessidades básicas, tão pouco segurança dos
internos, assim, não há em que se falar em restringir os direitos, se não atende as necessidades
diárias fundamentais.

A título de exemplo, Almeida demonstra com um caso real de privatização já


existente no brasil:

[...] R$ 650,00 por preso, mesmo valor gasto nos presídios públicos, o
presídio implantou um sistema de vigilância com 64 câmeras, que
monitoram os detentos 24 horas. O Estado do Paraná paga a Humanitas
(empresa que administra a PIG) o valor de 1,4 mil, mensais por interno,
que é onde lucra a empresa. Mas segundo a ex-secretária nacional da
justiça Elizabeth Sussekind diz: “que o alto valor compensa”. Pois
oferece aos presos, apenas o que determina a LEP, mas que nenhuma
penitenciária consegue oferecer por inteiro. Sendo uma forma vantajosa
para reabilitar o detento e ser a verba bem aplicada em vez de aplicar e
não ter resultado eficaz. (ALMEIDA, 2013, online).

Neste sentido, a privatização de presídios, significa a utilização de meios


privados, (a participação de empresas) para a consecução de fins públicos. Assevera Chies:

A temática privatização penitenciária representa noção ampla que


engloba uma série de possibilidades ou linhas práticas de concretização,
sendo gênero do qual essas diversas formas e propostas concretas de
realização são suas espécies. (CHIES, 2000, p. 10)

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As áreas de pesquisar utilizadas neste projeto derivam-se do Direito Penal, Direito
Constitucional e no Direito Administrativo. No Direito Penal é a aplicação e o conhecimento
da LEP que informam as garantias e assistências que o preso tem e o dever do Estado em sua
aplicação, no Direito Constitucional o enfoque é voltado à normal garantindo a aplicação dos
princípios constitucionais e a não restrição de direito, e por fim, não menos importante, no
Direito Administrativo é levado em consideração a harmonia e a aplicação das normas gerais
nos processos de licitação com a parceria das empresas privadas.

Buscaremos refletir sobre o tema em comento, expondo de forma clara e objetiva


as conclusões alcançadas, no que concerne a privatização penitenciaria, apontando vantagens
e desvantagens, realizando um novo gerenciamento prisional e a consequente combate da
criminalidade nos presídios.

7 REFERÊNCIAS

CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2004
CARVALHO, FL. A Prisão. Publifolha. São Paulo, 2002.

Cruz, Ramon Aranha da. Os Benefícios da Privatização de presídios à luz da teoria ressocializadora da
pena - Trabalho Acadêmico Orientado (Graduação em Direito) – Universidade Estadual da Paraíba,
Centro de Ciências Jurídicas, 2011.
D’URSO, Luiz Flávio Borges. Direito criminal na atualidade. São Paulo: Atlas, 2009
MAURICIO, Célia Regina Nilander. A Privatização do Sistema Prisional. São Paulo, 2011.
Dissertação (Mestrado em Direito das Relações Sociais) - Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, 2011
OLIVEIRA, Edmundo. Revista Prática Jurídica. Propósitos científicos da prisão. Brasília, 2002, n.3, p.
60-63.
ALMEIDA, Lukas de; Presídios Privatizados no Brasil: Um Modelo a ser seguido.
BARROS, Suzana Toledo de. O Princípio da Constitucionalidade das Leis Restritivas de Direitos
Fundamentais.2. ed. Brasília Jurídica, 2000, p. 175-178.
CHIES, Luiz Antônio Bogo. Privatição Penitenciária e Trabalho do Preso. Pelotas: EDUCAT, 2000,
p.10.

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