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sistemas prisionais foram se constituindo de acordo com diferentes concepções e práticas punitivas.
Consideram-se como importantes para os estudos atuais: a) o sistema Pensilvânico, da Filadélfia ou
Belga; b) o sistema de Auburn e; c) o sistema Inglês ou Progressivo.
CONCLUSÃO
Todos estes sistemas visam o disciplinamento dos corpos e mentes dos sujeitos. Sua
proposição vincula-se à concepção do criminoso como um “anormal” ou
“desadaptado” que precisa ser “ressocializado” para se integrar a sociedade,
ignorando os processos de exclusão social e de criminalização que incidem sobre eles
(FOUCAULT, 1987, p.99-104).
De acordo com a Lei de Execução Penal (LEP), em seu art. 10, a assistência ao preso e ao internado
é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade. A
lei estabelece os tipos de assistência que terão, quais sejam: material; à saúde; jurídica; educacional;
social e religiosa.
A assistência material consiste no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas,
em obediência aos mandamentos internacionais sobre os direitos da pessoa presa, especialmente os
que decorrem das Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros, da ONU, de 1955.
A Assistência à saúde prevista na LEP, se consolida com a Constituição de 1988 que, em seu art.
196, assegura “a saúde como direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças”. Posteriormente, a instituição do
Sistema Único de Saúde (SUS) para efetivação do preceito constitucional e, mais recentemente,
com a elaboração da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de
Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), asseguram às pessoas privadas de liberdade a
integralidade da atenção à saúde da população privada de liberdade no conjunto de ações de
promoção, proteção, prevenção, assistência, recuperação e vigilância em saúde, executadas nos
diferentes níveis de atenção.
Atualmente, a assistência jurídica, por força do disposto da Lei Complementar Federal nº 80/1994,
deve ser prestada pela Defensoria Pública que atua de forma direta ou suplementar, fiscalizando os
direitos dos presos e prestando os necessários esclarecimentos.
A assistência educacional trata do acesso do preso à instrução escolar e formação profissional,
atendendo à obrigatoriedade do ensino fundamental e médio prevista no art. 208 da Constituição
Federal e ao disposto no art. 205 da Carta Magna que assegura: “a educação, direito de todos e
dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”.
A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à
liberdade.
A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos internados, sendo
permitido sua participação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a posse
de livros de instrução religiosa.
Diante da complexidade desta situação que envolve a individualização das penas e a garantia dos
direitos das pessoas privadas de liberdade, o Modelo de Gestão para a Política Prisional, de 2016,
sugere amplo debate e o:
Desenvolvimento de uma metodologia de inclusão e encaminhamento das pessoas
privadas de liberdade, com vistas à implantação de um mecanismo de singularização do
atendimento baseado no desenvolvimento de potencialidades e não mais na distinção e
adestramento da personalidade dos sujeitos” (BRASILa,2016, p.299).
Aos inimputáveis serão aplicadas as medidas de segurança, que são de dois tipos: I - Internação em
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; II -
Sujeição a tratamento ambulatorial.
Quanto às medidas de segurança, a reforma psiquiátrica (Lei Federal 10.216) trouxe mudanças na
atenção à saúde dos indivíduos com transtorno mental em conflito com a lei, sinalizando que o SUS
e a Rede de Atenção à Saúde Mental devem responsabilizar-se pelo tratamento destes (PORTARIA
MS nº 94/2014). Tais mudanças vem impondo transformações e alterando a realidade do
tratamento das pessoas consideradas inimputáveis.
Como se viu, a Lei de Execução Penal prevê diferentes tipos de estabelecimentos de modo a
promover a progressividade e a individualização das penas. No entanto, quando observamos a
realidade nacional, é fácil verificar a opção por unidades fechadas e de segurança máxima. De
acordo com o INFOPEN (2016), 49% dos estabelecimentos prisionais no Brasil foram concebidos
para o aprisionamento de presos provisórios, 24% para o regime fechado; 8% para o regime
semiaberto; 2% para o aberto; e 13% para diversos tipos de regime; 2% para cumprimento de
medida de segurança e 1% para outros tipos de estabelecimentos penais, como os patronatos.
Em seu capitulo destinado aos estabelecimentos penais, a LEP estabelece critérios para a estrutura
física das unidades.
A salubridade do ambiente, aplicado a todos os tipos de estabelecimento, implica na concorrência
dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana.
Determina que os estabelecimentos penais, conforme a sua natureza, deverão contar em suas
dependências com áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e
prática esportiva e que neles haja instalações destinadas ao estágio de estudantes universitários e
também à Defensoria Pública.
Especifica que os estabelecimentos destinados aos idosos e à mulher sejam adequados a sua
condição, impondo sua adequação ao gênero e consideração a questões de acessibilidade.
Quanto à localização, determina que os estabelecimentos penais, mesmo construídos em local
afastado do centro urbano, devem estar à distância que não restrinja a visitação, com exceção das
Cadeias Públicas e das Casas do Albergado, que devem situar-se próximas ao centro urbano. No
entanto, permite à União construir estabelecimento penal em local distante da condenação para
recolher os condenados, quando a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do
próprio condenado.
Além dos requisitos de salubridade, estabelece critérios para os alojamentos destinados às pessoas
privadas de liberdade:
• Alojamentos individuais - devem conter dormitório, aparelho sanitário e lavatório e que
tenham área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).
• Alojamentos coletivos - devem estar limitados à capacidade máxima que atenda os
objetivos de individualização da pena.
Quanto à capacidade, dispõe que as unidades devam ter lotação compatível com a sua estrutura e
finalidade e atribui aos Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, a definição do
limite máximo de capacidade dos estabelecimentos, atendendo a sua natureza e peculiaridades. Em
2011, o CNPCP editou a RESOLUÇÃO Nº 09/2011 que estabelece as Diretrizes Básicas para
Arquitetura Penal no país. Nela define a capacidade dos estabelecimentos Penais, da seguinte
forma: Tabela 1: Capacidade Geral dos Estabelecimentos Penais
Fonte:
Diretrizes básicas para a arquitetura. Brasília: CNPCP, 2011
As Diretrizes Básicas determinam ainda que, em nenhuma hipótese, um módulo de celas poderá
ultrapassar a capacidade de 200 pessoas presas. Prevê celas coletivas com capacidade máxima para
8 pessoas e define as áreas exigidas para estes locais, possibilitando o uso de três camas superpostas
(beliches de três camas).
A realidade das unidades prisionais no país nos coloca diante de um quadro muito diferente deste,
com uma taxa de ocupação na ordem de 197,8%, sendo que 52% da população prisional encontra-se
em estabelecimentos penais com mais de 2 pessoas por vaga e apenas 7% da população (51.235
pessoas) encontra-se em unidades sem superlotação.
Fonte: Relatório de subcomitê da ONU alertou para condições precárias dos presídios brasileiros.
Foto: EBC
Diante deste quadro, cabe refletir sobre o descompasso entre as previsões legais e normativos, os
reduzidos recursos disponíveis para a ampliação das vagas e à realidade prisional, violadora das leis
e dos direitos humanos das pessoas privadas de liberdade. Como aponta o PNPCP-2015, é possível
uma outra resposta para a superlotação que contemple o desencarceramento, ampliando a aplicação
de alternativas penais para o controle de infrações de modo a “abarcar mediação penal, a justiça
restaurativa e as medidas cautelares diversas da prisão e do monitoramento eletrônico”.
MODULO 2
DIREITO A SAÚDE
A história sobre o direito à saúde da pessoa privada de liberdade pode ser contada a partir do olhar
sobre o conjunto de declarações, tratados e outros instrumentos que tratam dos direitos humanos no
âmbito internacional. Isto, pela possibilidade de afirmarmos que antes mesmo da normatização do
direito a saúde a população prisional já estava amparada por regras de tratamento comprometidas
com a proteção e combate a quaisquer atos de cunho degradante e desumano.
O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966, tendo sido ratificado
pelo Brasil em 1992, traz em seu artigo 12 “Os Estados-partes no presente Pacto reconhecem o
direito de toda pessoa de desfrutar o mais elevado nível de saúde física e mental” (BRASIL, 1992a,
art. 12. 1), assegurando também assistência médica quando em situação enferma (BRASIL, 1992a).
Em 1969, a Convenção Americana de Direitos Humanos, conhecida como Pacto de San José da
Costa Rica, também ratificada pelo Brasil em 1992, apresenta em seu artigo 5º “Direito à
integridade pessoal” que:
1. Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral.
2. Ninguém deve ser submetido à tortura, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou
degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser tratada com o respeito devido à
dignidade inerente ao ser humano.
(...)
6. As penas privativas de liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a
readaptação social dos condenados. (BRASIL, 1992b, Parte I, Capítulo I, Art. 5º).
No Brasil o direito à saúde é previsto por lei. A Constituição Federativa do Brasil (CF) de 1988
prevê no capítulo “Dos Direitos Sociais”, Art.6º o direito a saúde, juntamente com o direito a
educação, o trabalho, a moradia, a alimentação, o lazer, a segurança dentre outros (BRASIL, 1988).
A Seção II, do capítulo “Da Seguridade Social”, discorre exclusivamente “Da saúde” entre os
artigos 196 e 200.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação. (BRASIL, 1988, Título VIII, Capítulo II, Seção II, Art. 196).
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado a partir da Constituição de 1988, nesta mesma seção,
sendo regulado posteriormente pela Lei Orgânica da Saúde, nº 8.080/90 (BRASIL, 1990a) e pela
Lei nº 8.142/90 que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS, recursos
financeiros e outras providências (BRASIL, 1990b).
[...] Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único. (BRASIL, 1988, Título VIII, Capítulo II,
Seção II, Art. 198).
O SUS tem dentre seus princípios a universalidade do acesso (acesso para todas as pessoas,
oferecendo todos os serviços públicos de saúde), a integralidade de assistência (tomando o ser
humano como ser integral que demanda atenção e cuidado integrais também, com a necessidade da
articulação na saúde) e a equidade da assistência (igualdade e justiça juntos) sem preconceitos
(BRASIL, 1990a; BRASIL, 1990c). Quanto à sua competência, dispõe-se acerca da direção do SUS
no âmbito nacional, estadual e municipal. No quadro abaixo destacam-se algumas atribuições a
nível nacional (BRASIL, 1990a).).
À DIREÇÃO DO SUS A NÍVEL NACIONAL COMPETE: (BRASIL, 1990a)
I - Formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; II - Participar na formulação e na
implementação das políticas envolvendo controle das agressões ao meio ambiente, o saneamento
básico e as condições de trabalho; III - Definir e coordenar os sistemas de redes integradas de
assistência de alta complexidade, de redes de laboratório de saúde pública, de vigilância
epidemiológica e vigilância sanitária; XI - Identificar serviços de referência nacional para o
estabelecimento de padrões técnicos de assistência à saúde; XII - Controlar e fiscalizar
procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde; XVIII - Elaborar Planejamento
Estratégico Nacional no âmbito do SUS em cooperação com as outras esferas;
A Constituição tem dentre seus fundamentos, a dignidade da pessoa humana e como um de seus
objetivos a promoção do bem geral sem quaisquer formas de discriminação (BRASIL, 1988),
constando que “Todos são iguais perante a lei” (BRASIL, 1988, Título II, Capítulo I, Art. 5º).
O direito à assistência a saúde para a população penitenciária foi instituído formalmente no Brasil a
partir da Lei de Execução Penal (LEP), nº 7.210 de 11 de julho de 1984, que previu, no Art. 10,
como dever do Estado a assistência à saúde ao preso, e definiu no seu artigo 14, que esta deve
compor de atendimento médico, farmacêutico e odontológico na unidade penal ou em qualquer
outro local, caso a unidade não seja capaz de prover a assistência necessária (BRASIL, 1984).
Conforme transcrito abaixo:
VEJA COMO ESTÁ DISPOSTO EM NOSSA LEGISLAÇÃO:
Lei de Execução Penal (LEP), nº 7.210, de 11 de Julho de 1984:
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e
orientar o retorno à convivência em sociedade. Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
Art. 11. A assistência será: I - material; II - à saúde; III - jurídica; IV - educacional; V - social; VI -
religiosa. (BRASIL, 1984, Título II, Capítulo II, Seção I, Art. 10).
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo,
compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico. § 1º (Vetado). § 2º Quando o
estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será
prestada em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento. § 3o Será assegurado
acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-
nascido. (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009). (BRASIL, 1984, Título II, Capítulo II, Seção III,
Art.14).
Na Constituição de 88 além da garantia a todas as pessoas do acesso à saúde, consta relativo à
população privada de liberdade (PPL) que “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
moral” (BRASIL, 1988, Título II, Capítulo I, Art. 5º, XLIX). Dessa maneira, podemos dizer que a
assistência em saúde para a população prisional foi novamente afirmada enquanto um direito. No
entanto, associado a esta garantia normativa encontramos também o desafio da construção de uma
política que seja capaz de enfrentar as diversidades de barreiras impostas ao acesso à saúde.
Todavia, somente em 2001, quase uma década e meia após a promulgação da CF/88, através da
publicação da Portaria Interministerial MS/MJ, nº 2.035, de 08 de novembro (BRASIL, 2001),
surgiu no Brasil a primeira iniciativa de definição de diretrizes para organização da assistência em
saúde da população presa no Sistema Penitenciário.
Tomando como justificativa as precárias condições de habitabilidade e salubridade das unidades
penais brasileiras, bem como a preocupação com as elevadas taxas de infecção pelo HIV e outras
doenças infectocontagiosas, a referida portaria tratou da instituição de uma Comissão
Interministerial composta pelos Ministérios da Saúde e da Justiça, sob a coordenação da Secretaria
de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde, com objetivo de “definir estratégias e alternativas de
promoção da assistência à saúde no âmbito do Sistema Penitenciário Nacional” (BRASIL, 2001,
Art. 1º).
Como consequência dos trabalhos desta Comissão Interministerial foi publicada, no ano seguinte, a
primeira versão do Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário (PNSSP), através da Portaria
Interministerial MS/MJ nº 628, de 2 de Abril de 2002 (BRASIL, 2002), sendo no ano seguinte
revogada pela Portaria MS/MJ nº 1.777, de 9 de Setembro de 2003 (BRASIL, 2003) da qual
trataremos mais a frente.
II - Atenção Básica (AB)*, Estratégia Saúde na Família (ESF) e Rede de Atenção à Saúde (RAS)
A ATENÇÃO BÁSICA
É o conjunto de ações de saúde individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção,
prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e
vigilância em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e gestão qualificada,
realizada com equipe multiprofissional e dirigida à população em território definido, sobre as quais
as equipes assumem responsabilidade sanitária.”.
(Portaria nº 2.436/2017, Art. 2º).
A AB é a principal porta de entrada e centro de comunicação da Rede de Atenção à Saúde (RAS), a
qual coordena o cuidado e ordena ações e serviços na rede de saúde (BRASIL, 2017, Art.2, § 1º).
A organização do SUS por meio da RAS tem o intuito de proporcionar maior integração e
consolidar os princípios do SUS a serem operacionalizados pela Atenção Básica (BRASIL, 2017).
PRINCÍPIOS DO SUS
II - Atenção Básica (AB), Estratégia Saúde na Família (ESF) e Rede de Atenção à Saúde (RAS)
Você sabe quais são os elementos que formam a estrutura operacional das RAS?
As RAS possuem cinco elementos que formam sua estrutura operacional (BRASIL, 2010;
MENDES, 2010). São eles:
• Centro de comunicação – a Atenção Básica realiza o primeiro contato dos/das usuários/as
com o sistema. Deve exercer ações no nível individual e coletivo;
• Pontos de atenção secundária e terciária – Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e
hospitais;
• Sistemas de apoio – sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico, de assistência
farmacêutica e sistema de informação em saúde;
• Sistemas logísticos – soluções em saúde apoiados nas tecnologias de informação, tais como
o sistema de identificação dos usuários, prontuário clínico, centrais de regulação e sistemas
de transportes em saúde;
• Sistema de governança – capacidade de intervir envolvendo diversas pessoas, mecanismos
e procedimentos para gestão compartilhada, por exemplo, realizar negociação, analisar a
realidade e buscar resolver os problemas e compartilhar recursos, monitorar e avaliar a RAS.
E como esses elementos se comunicam entre si?
Através dos sistemas logísticos, permitem o elo entre os pontos de atenção à saúde e os sistemas de
apoio, de modo a tornar mais fácil a comunicação por meio das tecnologias de informação, com
atenção e gerenciamento de toda a rede pelo sistema de governança (SCHMITT; BOLSONI;
CONCEIÇÃO; OLIVEIRA, 2014).
Relacionado a PPL, a lógica da RAS permanece. Faz-se necessário a cooperação entre as
organizações para atender os interesses desse público alvo, mas após articulação política e trâmites
legais, a Equipe de Saúde no Sistema Prisional (ESP) se responsabiliza por articular e prestar
atenção integral a PPL (BRASIL, 2017), podendo contar com um grupo de agentes de saúde
privados de liberdade, e também educadores populares em saúde, dentre outros (SCHMITT;
BOLSONI; CONCEIÇÃO; OLIVEIRA, 2014).
E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO?
e-SUS AB
“O e-SUS é uma das estratégias do Ministério da Saúde para desenvolver, reestruturar e garantir a
integração desses sistemas, de modo a permitir um registro da situação de saúde individualizado por
meio do Cartão Nacional de Saúde.”.
(DATASUS, s.d)
Em 2013, instituiu-se o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) em
substituição ao SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica), passando a ter um sistema
unificado que integrasse todos os sistemas de informação para Atenção Básica. O SISAB prevê sua
operacionalização através do e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB), uma estratégia do Departamento
de Atenção Básica (DAB/SAS/MS) (BRASIL, 2013b). Este, por sua vez, é composto por dois
sistemas de software de coleta de dados: Coleta de Dados Simplificado (CDS) (Figura 1) e
Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) (Figura 2) (BRASIL, 2013b).
E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO?
e-SUS AB
“O e-SUS é uma das estratégias do Ministério da Saúde para desenvolver, reestruturar e garantir a
integração desses sistemas, de modo a permitir um registro da situação de saúde individualizado por
meio do Cartão Nacional de Saúde.”.
(DATASUS, s.d)
Em 2013, instituiu-se o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) em
substituição ao SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica), passando a ter um sistema
unificado que integrasse todos os sistemas de informação para Atenção Básica. O SISAB prevê sua
operacionalização através do e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB), uma estratégia do Departamento
de Atenção Básica (DAB/SAS/MS) (BRASIL, 2013b). Este, por sua vez, é composto por dois
sistemas de software de coleta de dados: Coleta de Dados Simplificado (CDS) (Figura 1) e
Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) (Figura 2) (BRASIL, 2013b).
Nas normas para operacionalização da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas
Privadas de Liberdade no Ssitema Prisional (PNAISP) (BRASIL, 2014b) consta que “O registro dos
procedimentos das ações de saúde dos serviços será realizado no sistema e-SUS AB, quando estiver
aderido/implantado nos estados, Distrito Federal e municípios” (BRASIL, 2014b, Art. 8º, parágrafo
único). Esses e outros bancos de dados devem ser alimentados sistemática e mensalmente
(BRASIL, 2013b), sob suspensão de repasse de incentivos (BRASIL, 2014b).
Pensado para atender as demandas na AB e possibilitar integração, pode ser utilizado pelas equipes
da AB, como as dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), da
Atenção Domiciliar, do Consultório na Rua, do Programa Saúde na Escola, Academia da Saúde,
pelas Equipes de Atenção Básica Prisional (BRASIL, 2013b; BRASIL, 2014b; BRASIL, 2015a).
- A estimativa de que, em decorrência de fatores de risco a que está exposta grande parte
dessa população, ocorra um número significativo de casos de DST/AIDS, tuberculose,
pneumonias, dermatoses, transtornos mentais, hepatites, traumas, diarréias infecciosas,
além de outros problemas prevalentes na população adulta brasileira, tais como
hipertensão arterial e diabetes mellitus; (...) (BRASIL, 2003, p.1)
Pode ser observado que tanto na Comissão Interministerial quanto no Plano Nacional de Saúde no
Sistema Penitenciário, apesar da amplitude do escopo de ações elencadas no âmbito da atenção
primária em saúde, foi dado enfoque especial às doenças infectocontagiosas.
O PNSSP se aproximou da lógica de um subsistema de atenção à saúde para a população
penitenciária, uma vez que propunha um arranjo diferenciado de organização assistencial e de
responsabilidades intergovernamentais, sem no entanto, instituir instâncias diferenciadas e/ou
exclusivas de discussão e deliberação. Dessa forma, utilizando de ferramentas e instâncias de gestão
já existentes no SUS, forçando a formulação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das
Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional – PNAISP, instituído pela Portaria
Interministerial MJ/MS nº 1, de 2 de janeiro de 2014.
Com objetivo principal de “garantir o acesso das pessoas privadas de liberdade no sistema
prisional ao cuidado integral no SUS” (BRASIL, 2014a, Art. 5º), os objetivos específicos da
PNAISP (BRASIL, 2014a, Art. 6º) são:
• Promoção do acesso à Rede de Atenção à Saúde;
• Garantia da autonomia dos/das profissionais de saúde;
• Qualificação e humanização da atenção à saúde;
• Promoção das relações intersetoriais com políticas de direitos humanos, afirmativas e
sociais;
• Fomento e fortalecimento da participação e do controle social.
A política contempla em seu art. 8º, que as/os trabalhadoras/es em serviços penais, familiares e
outras pessoas envolvidas com a PPL, serão inseridas nas atividades de prevenção e promoção da
saúde (BRASIL, 2014a). Já no art. 20, afirma a possibilidade da PPL trabalhar nos serviços e
programas de saúde e educação implantados nas unidades prisionais, podendo ser concedido à
remição de pena (BRASIL, 2014a).
O Art. 15 ao 17 trata das competências atribuídas à União, Estados, Distrito Federal e aos
Municípios. Abaixo encontram-se algumas das competências da União por intermédio do Ministério
da Saúde (BRASIL, 2014a).
COMPETE À UNIÃO POR INTERMÉDIO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE: (BRASIL,
2014a)
- elaborar planejamento estratégico para implementação da PNAISP, em cooperação técnica com
Estados, Distrito Federal e Municípios, considerando as questões prioritárias e as especificidades
regionais, de forma contínua e articulada com o Plano Nacional de Saúde e instrumentos de
planejamento e pactuação do SUS;
- garantir fontes de recursos federais para compor o financiamento de programas e ações na rede de
atenção à saúde nos Estados, Distrito Federal e Municípios, transferindo de forma regular e
automática, os recursos do Fundo Nacional de Saúde;
- definir estratégias para incluir de maneira fidedigna as informações epidemiológicas das
populações prisionais nos sistemas de informação do Ministério da Saúde;
- apoiar a articulação de instituições, em parceria com as Secretarias de Saúde dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, para capacitação e educação permanente dos profissionais de
saúde para a gestão, planejamento, execução, monitoramento e avaliação de programas e ações da
PNAISP no SUS;
- apoiar e fomentar a realização de pesquisas consideradas estratégicas no contexto desta Política,
mantendo atualizada uma agenda de prioridades de pesquisa para o SUS;
- promover ações de informação, educação e comunicação em saúde, visando difundir a PNAISP;
OPTATIVO:
• Agente de Combate às Endemias (ACE);
• Equipe de Saúde Bucal (cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em saúde da
família, auxiliar e/ou técnico em saúde bucal).
ADESÃO À PNAISP
No que tange a adesão dos entes federativos à PNAISP, tem-se a adesão de todos os estados,
dispostos no quadro a seguir, com suas respectivas portarias a partir da data crescente de adesão. Os
municípios ainda se encontram em processo de adesão.
E AS POSSIBILIDADES?
Como possibilidade de solução, discorrem sobre solicitar ajudar do/da gestor/a e dialogar com
trabalhadores/as e outros/as gestores/as, de modo a firmar o compromisso do trabalho em rede
(SCHMITT; BOLSONI; CONCEIÇÃO; OLIVEIRA, 2014).
O Conselho Municipal de Saúde também pode ajudar a dirimir disputas. Sendo uma instância
deliberativa, pode tomar, de maneira legítima, as decisões importantes para o redesenho e a
adaptação da rede.
TRANSVERSALIDADE...
... de modo que a PNH esteja presente em todas as políticas e programas do SUS, com a intenção de
aumentar a interação e comunicação entre as pessoas, fora da relação de poder hierarquizada.
INDISSOCIABILIDADE...
... entre atenção e gestão, isto é, diálogo e inclusão entre trabalhadores/as, usuários/as e gestores/as
em todos os processos.
PROTAGONISMO, CORRESPONSABILIDADE E AUTONOMIA...
... dos sujeitos e coletivos, em que se reconhece e valoriza o papel de cada pessoa, bem como se
divide responsabilidades e incentiva uns aos outros (BRASIL, 2013c).
As diretrizes envolvem:
• O ACOLHIMENTO
reconhecer as necessidades de cada sujeito, através de uma escuta qualificada, por exemplo,
estabelece-se confiança e vínculo;
• A GESTÃO PARTICIPATIVA E COGESTÃO
inserir novas pessoas para analisar e decidir tarefas;
• A CLÍNICA AMPLIADA E COMPARTILHADA
instrumento teórico-prático que considera os sujeitos únicos e compreende a complexidade
do processo saúde/doença;
• VALORIZAÇÃO DO/A TRABALHADOR/A
reconhecer seu trabalho e inseri-los nas tomadas de decisões;
• DEFESA DOS DIREITOS DOS/DAS USUÁRIOS/AS
no qual, além de assegurar a execução de seus direitos, incentivam que as pessoas saibam
quais são seus direitos.
• Fonte: (BRASIL, 2013c).
4- Quanto às mudanças provocadas pela adoção da concepção de recuperação dos indivíduos no sistema de penas durante
o século XVIII, pode-se afirmar que: O sistema penal deixou de ser apenas punitivo, passando a visar a transformação dos
criminosos.
5- Uma das características do sistema progressivo brasileiro é: A progressão de regime decidida pelo juízo da execução
penal, considerando os critérios de tempo e de comportamento carcerário.
6- O direito à assistência a saúde para a PPL foi instituído formalmente no Brasil a partir de qual documento? Lei de
Execução Penal, No 7.210/1984
7- Conforme estabelecido na Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, compete à direção nacional do Sistema Único de
Saúde (SUS): Participar na formulação e na implementação das políticas envolvendo controle das agressões ao meio
ambiente, o saneamento básico e as condições de trabalho.
8- A respeito do e-SUS Atenção Básica (AB) todas as afirmativas abaixo se aplicam, EXCETO: Não está prevista
periodicidade para alimentar o SISAB, de modo que se leve em consideração a rotina intensa de trabalho.
9- Qual das políticas públicas abaixo tem como diretriz o acolhimento, a gestão participativa e cogestão, a ambiência, a
clínica ampliada e compartilhada, a valorização do/a trabalhador/a e a defesa dos direitos? Política Nacional de
Humanização
10- Segundo consta no PNSSP, a composição mínima da equipe de saúde deve ser: Médico, psicólogo, assistente social,
odontólogo, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e auxiliar de consultório dentário.
MODULO 2
Pensar sobre violência e saúde no contexto prisional é exemplar para entendermos a transição entre
questões sociais e problemas de saúde. Violência não é um problema médico típico, e sim um
problema social que acompanha toda a história e as transformações da humanidade. No entanto, a
violência afeta muito a saúde: ela provoca mortes, lesões e traumas físicos e inúmeros agravos
mentais e emocionais; diminui a qualidade de vida das pessoas e das coletividades; mostra a
inadequação da organização tradicional dos serviços de saúde; coloca novos problemas para o
atendimento médico; e evidencia a necessidade de uma atuação muito mais específica,
interdisciplinar, multiprofissional, intersetorial e engajada do setor, visando às necessidades dos
cidadãos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) define violência como:
O uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio,
contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha
grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de
desenvolvimento ou privação (KRUG et al., 2002 p.5).
O Ministério da Saúde brasileiro, desde 2001, adotou o enfrentamento da violência como uma de
suas diretrizes de atuação, particularmente em relação aos jovens e à população em idade produtiva
(BRASIL, 2001).
Você sabia, que na faixa de 5 a 49 anos, a primeira causa de morte são as violências? Importante
considerarmos que 55% da população prisional é formada por jovens de até 29 anos e que 97% dos
presos do país têm até 45 anos (INFOPEN, 2016).
Entre os homens jovens (de 15 a 29 anos), o percentual da mortalidade por agressão chega a 82%.
As ocorrências das várias expressões de violência têm um efeito universal, impactando jovens,
familiares, comunidade e sociedade, do ponto de vista físico e emocional. Também aumenta a
demanda aos serviços de atenção à saúde, para onde convergem as diferentes formas de agravos e
sequelas.
A Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências (BRASIL, 2001),
aprovada por portaria do Ministério da Saúde em maio de 2001, trata o tema em pauta como um
problema social e histórico e o situa nos marcos da promoção da saúde e da qualidade de vida.
Toda categorização sobre violência, tal como a proposta pela OMS, só pode ser compreendida com
base na complexa interação entre fatores individuais, relacionais, sociais, culturais e ambientais. A
OMS utilizou um modelo explicativo, denominado modelo ecológico, que mostra as conexões entre
o indivíduo, seu universo relacional, vivências comunitárias e o ambiente social a que está exposto.
Algumas violências acompanham os presos nos espaços extramuros e intramuros, outras são
potencializadas nesses espaços e ainda há aquelas promovidas pelo próprio encarceramento. Os
problemas e conflitos familiares se exacerbam no cárcere, o que deixa um percentual muito elevado
de presos e presas no mais total abandono e isolamento. O aprisionamento traz ainda situações
novas, como a convivência com outros presos, em que estratégias de sociabilidade e de precaução
se tornam necessárias. Novas vivências se impõem pela proximidade de corpos e por hierarquias
internas que exigem comportamentos submissos, dentro e fora das celas.
Dois conceitos nos ajudam a refletir sobre a violência intramuros: violência institucional e
violência interpessoal.
Entre as situações de violência, destacam-se a agressão psicológica e a agressão física. As mulheres
relataram, em maiores proporções que os homens, terem sido alvo de agressão verbal e sexual,
quedas, tentativas de suicídio e de homicídio e perfuração por arma branca; os homens
mencionaram mais que as mulheres terem sofrido e ainda sofrerem agressões físicas.
As proporções de tentativas de morte autoinfligida (suicídio) na população carcerária feminina
(9,4%), são muito mais elevadas que na população geral de mulheres brasileiras (2%), o que indica,
possivelmente, suas dificuldades de adaptação ao ambiente fechado, o maior abandono que sofrem
e a falta que sentem dos filhos e da família.
A OMS (2002) salienta que as mulheres nas prisões apresentam um índice maior de tentativas de
suicídio, mas os homens são indicados como os que mais concretizam o ato. Mulheres que estão na
cadeia, segundo a OMS, tentam se matar cinco vezes mais que a população feminina em geral e
duas vezes mais que os homens presos. Um estudo realizado por Pragosa (2012) em uma prisão em
Portugal, em que também se observaram taxas elevadas de tentativas de suicídio em relação à
população em geral, identificou que boa parte dos presos apresentava questões de saúde mental
(sofrimento psíquico) e fazia uso de medicação psicotrópica. Eram indivíduos introvertidos e
apresentavam sintomas depressivos. Entre os traços de vulnerabilidade, o autor encontrou ainda
ansiedade, hostilidade e impulsividade, problemas de sociabilidade e de desconfiança em relação ao
outro. Folino, Marchiano e Wilde (2003), em Buenos Aires, encontraram uma taxa anual de
suicídios 13 vezes maior que a da população em geral. Essas informações apontam para uma
necessidade premente de ações de prevenção e atenção em saúde mental nas unidades prisionais.
O Infopen é um sistema de informações estatísticas do sistema penitenciário brasileiro e
disponibiliza dados de mortes registradas entre a população prisional ao longo do primeiro semestre
de 2016. As informações obtidas acerca da mortalidade foram compiladas na tabela abaixo, de
acordo com o cálculo da taxa de mortalidade para cada grupo de 10 mil pessoas privadas de
liberdade.
Tabela 1 - Taxas de Mortalidade para cada 10 mil pessoas privadas de liberdade no primeiro
semestre de 2016 por natureza da morte e unidade da Federação
Para identificarmos fatores de prevenção, devemos avaliar os fatores de risco para o surgimento da
violência. Falamos sobre muitos deles ao longo do módulo.
Pensar em prevenção às violências que ocorrem no sistema prisional, vai diretamente ao encontro
da garantia de direitos da população encarcerada. Quando o foco é a prevenção da violência, o
conceito se alia diretamente ao de cidadania. Minayo (2009, p.40) aponta que, "do ponto de vista
social, o contrário da violência não é a não violência, mas sim a cidadania e a valorização da
vida humana em geral e de cada indivíduo." Nesse sentido, prevenção de violências no sistema
prisional necessariamente precisa considerar o intra e extramuros. Vamos pensar sobre os níveis de
prevenção:
A educação e a instauração da cultura de paz aparecem como os meios mais potentes de prevenir
eventos violentos. Nesse sentido, qualificar o tempo que a pessoa passa em privação de liberdade é,
por um lado, cumprir a função de ressocialização da prisão a fim de superar a dimensão meramente
punitiva e, por outro, garantir a possibilidade ao apenado de um futuro melhor. Desse ponto de
vista, a educação prisional é uma importante ferramenta de transformação social na medida em que
o sujeito em reclusão, por meio do estudo e do trabalho profissionalizante, pode alcançar outras
possibilidades que talvez não tenha tido.
O Brasil tem construído experiências no campo da educação prisional que são complexas e bem-
sucedidas, ainda que tímidas, dada a diversidade dos arranjos do Sistema Prisional Brasileiro em
cada Estado. Vale destacar que as iniciativas no campo da educação prisional partem do
reconhecimento da educação como valor humano universal e condição essencial para o exercício da
cidadania.
No campo jurídico destacam-se importantes marcos que colaboram para o êxito das ações
educativas no sistema prisional brasileiro:
A LEI DE EXECUÇÃO PENAL Nº 7.210/1984
Estabelece a educação escolar no sistema prisional apoiada em duas estratégias: a escolarização e a
educação profissional. A lei determina ainda que o sistema de ensino fundamental deve ser
integrado ao sistema escolar da unidade Federativa e assegura a existência de pelo menos uma
biblioteca por unidade prisional para uso das pessoas em privação de liberdade.
A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO
Para prevenir a violência, temos que assumir a sua complexidade e multicausalidade. Qualquer
mudança no quadro de violência requer ações intersetoriais e de toda a sociedade. Como nos
convoca Minayo (2005, p.25):
Por ser histórica e por ter a cara da sociedade que a produz, a violência pode aumentar
ou diminuir pela força da construção social. Suas formas mais cruéis – que ocorrem nos
níveis coletivos, individuais e privados – precisam ser analisadas junto com as
modalidades mais sutis, escondidas e simbólicas, de forma muito profunda e aberta,
para que todos possam colaborar. Afinal, todos são atores e vítimas.
Neste módulo, optou-se por utilizar o termo “ressocialização” por ser utilizado na grande maioria
das produções de conhecimento, por profissionais e população em geral. Contudo, há alguns anos o
termo vem sendo debatido, uma vez que a PPL mantém contato com outras pessoas, (internos,
familiares e/ou outros visitantes, profissionais do sistema, advogados/as, meios de comunicação
como TV e rádio, entre outros). O conceito “reintegração social” aparece na literatura como um
substituto (SANT’ANNA, 2014; IPEA, 2015).
COMO ERA O TRATAMENTO A UMA PESSOA CONDENADA ANTES?
Antigamente, com viés cruel e desumano, as penas empregadas variavam da frequente pena de
morte, penas corporais, terror psicológico, penitências abusivas e em locais inadequados ao ser
humano, sendo o crime considerado como um pecado (RODRIGUES, CAVALCANTI, 2017).
A partir do século XVIII, a pena de liberdade passa a compor as punições do Código Penal,
tornando o cumprimento de pena mais humanitário, com a finalidade de recuperar os indivíduos,
surgindo as penas privativas de liberdade (RODRIGUES, CAVALCANTI, 2017).
E AGORA COMO É?
A prisão nos dias de hoje, tem a missão de ressocializar o indivíduo e não pode ser vista apenas
como local de punição, mas sim de recuperação do/a apenado/a. Dispõe a Lei de Execução Penal
(LEP), no art. 1º, que a execução da pena tem por objetivo efetivar disposições de sentença ou
decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do
internado (BRASIL, 1984). Para isso, se utilizarão das políticas públicas e de direito para fornecer
aos privados de liberdade, meios de efetivação da sua reintegração social e autonomia no cotidiano.
Proclama a Lei de Execução Penal que “[...] ao egresso será prestada assistência que consistirá na
orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade, além da concessão, se necessário de
alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de dois meses (PRADO, 2005,
p. 590)”.
Dessa forma, as administrações prisionais e demais autoridades competentes devem oferecer:
• Educação;
• Formação profissional;
• Trabalho;
• Formas de assistência (incluindo assistência de natureza reparadora, moral, espiritual, social,
desportiva e de saúde) que devem ser facultados de acordo com as necessidades individuais
de tratamento dos reclusos).
Concernente aos dados sobre reincidência penal, há escassez de pesquisas e dados oficiais. Mídia e
autoridades públicas, como o ex-diretor do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN),
Maurício Kuehne (BRASIL, 2009), afirmam taxa em torno dos 70%, incluindo os/as presos/as
provisórios (IPEA, 2015). Na outra mão, uma pesquisa realizada em 2013, entre o Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), revelam uma taxa de
24,4% de reincidência, a partir de um “n” equivalente a 817 pessoas, abrangendo 5 estados
brasileiros, no intervalo de 5 anos, tendo como critério também àqueles/àquelas julgados/as e
condenados/as (IPEA, 2015).
A reincidência é reforçada pela falta de acesso da massa carcerária à educação, trabalho e políticas
de acompanhamento ao egresso que lhe forneça suporte para colocação no mercado de trabalho. A
sociedade mostra não estar de acordo com o processo de ressocialização do/da condenado/da,
impossibilitando seu retorno ao convívio em sociedade (GRECO, 2011).
Uma pesquisa realizada a partir de grupos focais e entrevistas individuais com privados/as de
liberdade de Minas Gerais, quando questionados acerca das razões que o/a fizeram reincidir no
delito, apontou a ausência de condições pós-prisão (FERREIRA, 2011).
Nesses estudos, as entrevistas revelam que:
• A reincidência no crime ocorre devido a ausência de condições dignas no retorno à
sociedade;
• A grande maioria não vislumbrava alternativas senão a prática de atos como o roubo, o
tráfico de drogas ou furto, em virtude das precárias condições de ingresso ao emprego
(inserção no mercado formal de trabalho).
CURIOSIDADE:
No Brasil, menos de 1/5 das pessoas privadas de liberdade trabalham e só uma em cada oito estuda.
Das 737.892 PPL, 139.511 exercem atividades laborais, correspondendo a 18,9% do total da massa
carcerária.
Fonte: VELASCO, Clara; REIS, Thiago; CARVALHO, Bárbara; LEITE, Carolline; PRADO,
Gabriel; RAMALHO, Guilherme. Menos de 1/5 dos presos trabalha no Brasil; 1 em cada 8 estuda.
2019. Clique aqui para acessar).
Um dos maiores problemas do sistema prisional é a superlotação. Condição desumana que provoca
situações de humilhações e tortura, sendo mais um fator para o distanciamento do processo de
ressocialização. Greco (2011) reitera que independente da infração cometida pelo sujeito, o mesmo
deve ser tratado humanamente, caso contrário, seu retorno ao convívio social será pior e fatalmente
reincidirá.
A superlotação inviabiliza a separação das pessoas privadas de liberdade para cumprimento de
sentença, submetendo-as a conviver com pessoas que cometeram diversos níveis de crime, as quais
cooptam sucessivamente os detentos, em troca de favores e apadrinhamento de seus familiares, que
muitas vezes encontram-se desestruturados financeiramente e desamparados, quando da prisão do
chefe de família.
CURIOSIDADE:
“As duas maiores organizações criminosas conhecidas no Brasil, comando Vermelho e Primeiro
Comando da Capital, nasceram provavelmente de um vácuo estatal. Supõe-se que o primeiro tenha
surgido para evitar a tortura de presos. O segundo, para auxiliar às famílias dos encarcerados.
Evidentemente, cooptaram muitos adeptos, que ao deixarem as prisões, retribuem a proteção e os
favores recebidos, associando-se definitivamente a uma carreira criminosa” (FRANCO, 2008, p. 1).
A superlotação se faz presente por questões que podem estar relacionadas com a ausência do Estado
na intensificação e melhoria das políticas públicas:
• Educacionais;
• De incentivo à criação de vagas de emprego;
• De condições de habitabilidade.
Associada a tudo isso, está o descaso com o sistema penitenciário proveniente da cultura velada de
marginalização das pessoas que cometeram crimes, somada à falta de investimentos em
infraestrutura, equipamentos, servidores em quantitativo suficiente para atendimento e promoção
das ações essenciais à ressocialização, agravada também, pela falta de servidores do Poder
Judiciário que agilize o julgamento dos processos.
Os projetos apresentados prevendo a ampliação e construção de unidades penais, caracterizam a não
preocupação com a oferta dos benefícios voltados à ressocialização, na medida em que não se prevê
o dimensionamento do aumento de vagas de celas na proporção de aumento das vagas para estudo e
para o trabalho.
Essa inversão, somada à superlotação crescente das unidades penais, incentivada pelo
endurecimento das penas de privação de liberdade e pela cultura do aprisionamento, reduz as
chances de participação dos privados de liberdade aos benefícios que proporcionam a redução de
pena e a reintegração do indivíduo ao meio social. “A reclusão penitenciária não pode ser um
‘espaço de quase-não direito’, uma obscura ‘relação especial de poder’ em que o Estado se
desvincula do respeito que deve à dignidade da pessoa e aos seus direitos fundamentais”
(RODRIGUES, 2002, p. 52), não devendo o condenado sofrer pelas negligências do Estado.
Nesse contexto do sistema prisional, surge um método alternativo para cumprimento de pena que
possibilita caminhos mais humanos e reais de ressocialização. É designado como APAC
(Associação de Proteção e Assistência aos Condenados), criado em 1972, pelo então advogado
Mário Ottoboni e aplicada pela Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC,
2019). Este sistema, hoje, transforma milhares de encarcerados/as em novos seres humanos,
ganhando reconhecimento tanto nacional como internacional, estando presente em 28 países
atualmente (FBAC, 2016).
IV – Diretrizes do Auxílio Reclusão
A Constituição Federal Brasileira de 1988 em seu art. 205 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional 9394/96, no art. 2º, estabelecem a educação como um direito de todo cidadão e um dever
do Estado.
A oferta do ensino fundamental e a formação profissional nas unidades penais são garantidas pela
Lei 7.210, de 1984, denominada de Lei de Execução Penal nos art. 17 a 21 e no art. 41, inciso VII,
que estabelece a assistência educacional como direito garantido à pessoa privada de liberdade e
dever do Estado, que deve ofertar a educação na forma de instrução escolar e formação profissional,
visando à reintegração da população prisional à sociedade.
A educação é valiosa por ser uma eficiente ferramenta para crescimento pessoal, com múltiplas
facetas sociais, econômica e cultural (CLAUDE, 2005, p.1). É tratado como Direito Humano, pois
revela algumas perspectivas:
• Direito social, pois no contexto da comunidade, promove o pleno desenvolvimento da
personalidade humana;
• Direito econômico, favorecendo a autossuficiência econômica por meio do emprego ou do
trabalho autônomo;
• Direito cultural, pois constrói uma cultura universal de direitos humanos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, em seu art. 26 estabelece: “1. Todo ser
humano tem direito à instrução. [...]; 2. A instrução será orientada no sentido do pleno
desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e
pelas liberdades fundamentais”. (ONU, 1948, p.14).
Em suma, os/as autores/as colocam a educação como pré-requisito para o indivíduo atuar
plenamente como ser humano na sociedade moderna.
Dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN/2016) (BRASIL,
2017a) revelam:
• 12% da população prisional está envolvida em algum tipo de atividade educacional, sejam
de ensino ou complementares;
• 50% estão em formação no nível do ensino fundamental.
Esse dado tem relação com o que preconiza a Lei de Execução Penal, que coloca a oferta do ensino
fundamental como obrigatória no sistema prisional, sendo que a oferta dos demais níveis depende
da demanda da população, da disponibilidade de professores e da infraestrutura
V – Educação e Trabalho ou Educação, Trabalho e Renda?
A pessoa privada de liberdade que estuda tem direito à remição pelo estudo. Para cada 12 horas
estudadas, um dia a menos de pena, direito regulamentado na LEP no art. 126, parágrafo 1º, inciso I
(BRASIL, 1984). Caso o privado de liberdade conclua o ensino fundamental ou médio durante o
cumprimento de pena, terá acrescido o desconto de mais 1/3 do total de horas estudadas. O mesmo
ocorre se concluir os estudos por meio de participação no exame nacional ENCCEJA (Exame
Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos).
O cálculo para a progressão pelo trabalho é correspondente, sendo a cada três dias de trabalho a
redução de um dia pena. A pessoa privada de liberdade poderá remir pena pelo trabalho e pelo
estudo, desde que haja intervalo de uma hora entre uma atividade e outra. O regime de trabalho
poderá corresponder a um turno de seis horas corridas ou de oito horas com intervalo de duas horas.
No caso de atividades exercidas em expediente de seis horas, é incentivado ao/a privado/a de
liberdade a investidura nos estudos, bem como a participação em projetos voltados à sua
qualificação.
A Educação e a qualificação profissional fazem interface com outras atividades de cunho educativo,
como incentivo a aprendizagem e valorização do processo de ressocialização, entre elas, projetos de
leitura que se pautam na Recomendação nº 44 do Conselho Nacional de Justiça (BRASIL, 2013) e
na Lei 12.433/11 (BRASIL, 2011) que regulamenta a remição pelo estudo e pela leitura.
Já para ler sobre a Recomendação n. 44 de 26/11/2013 que dispõe sobre atividades educacionais
complementares para fins de remição da pena pelo estudo e estabelece critérios para a admissão
pela leitura, clique aqui.
Para ler sobre a remição pela leitura você encontra neste artigo aqui: .
A oferta da Remição pela Leitura possibilita ao privado de liberdade a leitura de um livro por mês e
a produção de uma resenha ao final de 30 dias. Esta resenha será avaliada pela Comissão instituída
pelo diretor do estabelecimento penal, e presidida por este, e se aprovada, com nota igual ou
superior a 6,0 (seis), será remetida ao judiciário para ser proporcionado quatro dias a menos de
pena. A leitura de doze livros ao ano propicia ao detento a redução de 48 dias de pena.
VALE DESTACAR...
Os estados da Bahia, Espírito Santo e Tocantins, possuem os maiores percentuais de pessoas
envolvidas em atividades educacionais, acima da média nacional. Em relação às atividades
complementares, 2% da população prisional total do país, encontra-se envolvida em atividades de
remição pela leitura ou pelo esporte e demais atividades educacionais complementares. (BRASIL,
2017a).
A educação envolvendo a qualificação profissional é um dos dispositivos primordiais ao processo
de ressocialização.
Como ocorre essa oferta?
Ocorre por meio de diversificadas formas de financiamento, entre elas, com recursos do Governo
Federal, através de recursos do judiciário, parcerias com entidades públicas, privadas e
Organizações Não Governamentais (ONGs).
Há uma parceria de destaque entre o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério Extraordinário
da Segurança Pública, o qual utiliza o PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego) como estratégia para incentivar a formação e qualificação profissional das
PPL, cujo objetivo é estimular a cidadania e a reinserção social (BRASIL, 2018a). Algumas das
áreas abrangidas são de garçom, manicure e pedicuro, pedreiro, recepcionista, assistente
administrativo e barbeiro (OLIVEIRA, SANTINONI, 2019).
Outra oferta de qualificação profissional que ocorre por meio de recursos do Governo Federal é o
Programa de Capacitação Profissional e Implantação de Oficinas Permanentes (PROCAP),
implantada pelo Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN/MJ-SP. Prevendo futuras
colocações dos alunos no mercado de trabalho, os cursos são escolhidos pelas equipes de educação,
direção e segurança, atendendo às tendências do mercado regional e a disponibilidade de espaço
disponível para a estruturação das oficinas. Algumas das oficinas são: corte e costura, padaria e
panificação, construção civil e marcenaria e informática (BRASIL, 2015).
O Sistema Judiciário possui uma conta judicial mantida com recursos provenientes de arrecadação
de 10% do pagamento da mão de obra carcerária, provida por recursos retidos pelas empresas
conveniadas, denominada FUNPES e, algumas vezes, financia cursos por meio de
encaminhamentos de projetos elaborados pelas unidades penais e pela Divisão de Assistência
Educacional.
Apenas 1 em cada 10 presos no Brasil possui acesso à Educação Formal. Em 11 dos 27 estados
brasileiros esse direito é negado, o que corresponde, a mais de 90% dos presos. 50% das unidades
penais do Brasil possuem salas de aula e menos de 1% dos presos têm acesso ao ensino superior,
sendo que essa modalidade de ensino é inexistente em 19 das 27 unidades da Federação
(POLITIZE, 2017).
POLITIZE. Educação no sistema prisional. 2017.
A educação e o trabalho (dependendo da atividade exercida) quando ofertadas conjuntamente,
contribui efetivamente para o processo de reintegração do indivíduo, pois além de capacitá-lo para o
trabalho, amplia o nível de escolarização aumentando as possibilidades de contratação. Associada
ao trabalho, a educação, além de ajudar na ocupação do tempo ocioso dos/das custodiados/as, os/as
prepara para a reintegração social, melhorando suas chances de colocação no mercado de trabalho,
após sua libertação.
INICIATIVAS INOVADORAS
A Defensoria Pública da União criou o Concurso anual de Redação, que está na sua 5ª edição no
2019, a fim de incentivar à leitura e escrita, o qual contempla também a PPL. Premia os/as
vencedores/as do concurso com vários brindes e pela participação, os/as apenados/as recebem
certificado com carga horária de 12h correspondente às atividades de leitura e escrita, com o intuito
de aplicar à remição da pena (BRASIL, 2019c). Os/as estudantes do sistema prisional participam
ainda, anualmente, das Olimpíadas de Matemática como incentivo ao desenvolvimento de
habilidades na área de exatas.
E O TRABALHO PRISIONAL?
A oferta de trabalho no sistema prisional ocorre por meio de prestação de serviços em setores
variados, desde a faxina das unidades penais, até a contratação de mão de obra prisional por
empresas conveniadas com o Sistema Prisional.
A Constituição Federal no seu art. 6º reconhece o trabalho como um direito social e a Lei de
Execução Penal em seu art. 41, inciso II, estabelece o trabalho como direito do preso.
Art. 33 da LEP estabelece:
A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas,
com descanso aos domingos e feriados. Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário
especial de trabalho aos presos designados para serviços de conservação e manutenção
do estabelecimento penal (BRASIL, art. 33. 1964).
O trabalho prisional proporciona a remição de pena previsto no art. 126, parágrafo 1º, inciso II,
onde para cada três dias de trabalho, será descontado um dia a menos de pena (BRASIL, 1984).
As atividades de trabalho dentro do Sistema Prisional podem ser remuneradas ou não. Os serviços
destinados à faxina e manutenção diária da unidade penal, não são remunerados, sendo beneficiados
apenas com a remição de pena pelo trabalho que corresponde a cada três dias de trabalho, um dia a
menos de pena.
Dentro do Estabelecimento Penal existem empresas diversificadas como: fábricas de gelo,
serralherias, marcenarias, descasque e envasamento de mandioca e outras que contratam a mão de
obra prisional, dispendendo apenas o pagamento de um salário mínimo e o seguro de vida. O
privado de liberdade contratado por empresa conveniada com o sistema penitenciário, além de
receber a remuneração, recebe também a redução de pena, conforme especificado em Lei. No meio
externo, essas empresas remuneram a mão de obra com um salário mínimo, alimentação, vale
transporte e seguro de acidentes.
O Projeto Selo Resgata, baseado na concessão do Selo Nacional de Responsabilidade Social pelo
Trabalho no Sistema Prisional – RESGATA, é uma das experiências exitosas de incentivo às
empresas com maior número de contratações de pessoas privadas de liberdade ou egressas do
sistema prisional.
Segundo Kuehne (2013, p. 32), o trabalho, sem dúvida, além de outros tantos fatores, apresenta um
instrumento de relevante importância para o objetivo maior da Lei de Execução Penal, que é
devolver à sociedade, uma pessoa em condições de ser útil. Como anteriormente pontuado,
contribuindo para sua reinserção social e diminuindo a probabilidade de reincidência.
CURIOSIDADE:
No Estado de Mato Grosso do Sul, mais de 5,8 mil privados de liberdade desempenham atividades
laborais, correspondendo a mais de 37% da massa carcerária, índice que supera a média nacional.
São envolvidas 187 empresas públicas e privadas. (AGEPEN, 2017; GOMES, 2019).
Grande parte da massa carcerária não usufrui da oportunidade de trabalho e estudo dentro das
unidades penais, pois o crescimento da criminalidade e do número de apreensões, impede a
contemplação de vagas para a maioria dos presos. A Lei de Execução Penal prevê o benefício da
remição de pena, objetivando diminuir a população carcerária.
EXPERIÊNCIA INOVADORA:
No ano de 2019, o DEPEN/MJ implementou o I Curso para Otimização de Políticas Públicas no
Sistema Prisional [BRASIL. Departamento Penitenciário Nacional. Ministério da Justiça e
Segurança Pública].
Depen realiza I curso para otimização de políticas públicas no sistema prisional. 2019h. Clique
aqui para acessar
VII – Serviço Social e PPL
SAIBA MAIS...
Em 08 de dezembro de 1951, foi assinada a Lei nº 1651, que regulamentou o exercício da profissão
do Assistente Social nas casas prisionais, definindo as atribuições do Serviço Social no sistema
prisional.
Marques (2012) afirma que o papel do Assistente Social no sistema carcerário é voltado ao papel
ressocializador.
O/a assistente social é chamado a atuar de diversas formas, desde a produção de laudos e pareceres
para assessorar a decisão judicial de progressão de regime; a participação nas comissões de
classificação e triagem nos conselhos de comunidade e nas comissões disciplinares; o
acompanhamento das atividades religiosas, entre outros.
O Assistente Social deve atender à família com encaminhamentos à rede de serviços públicos,
programas sociais, benefícios do INSS, auxílio-reclusão, auxílio-doença e aposentadoria, efetivando
ainda a realização de registro dos filhos dos privados de liberdade e o reconhecimento de
paternidade.
A Lei de Execução Penal trouxe perspectivas no sentido de oferecer ao preso o acesso aos direitos
sociais durante o cumprimento de pena.
Os atendimentos aos custodiados ocorrem por meio de solicitações encaminhadas pelos privados de
liberdade e este auxílio pode se desdobrar em vários encaminhamentos: saúde, jurídico, psicológico,
educacional, religioso e de aquisição de material de higiene, assim como benefícios sociais, de
documentação pessoal e outros.
A atuação do Assistente Social, também condiz em atender ao poder judiciário com a produção de
laudos voltados ao subsídio judiciário na tomada de decisões e sentenças, desviando o profissional
do seu papel de atuação nas questões de cunho social, necessárias ao tratamento penal. A perícia
social é realizada por meio de um estudo social com objetivo de conhecer e interpretar a realidade
social do objeto da ação. Já o laudo social é o documento que contém as informações relevantes
obtidas por meio do estudo social, com a interpretação e análise (FAVERO, 2009).
Conforme Martinelli (2005), a perícia é o estudo social realizado com base nos fundamentos ético-
políticos (poder), teórico-metodológicos (saber), e técnico-operativos (fazer), próprios do Serviço
Social com finalidade relacionada às avaliações e julgamentos.
Devido ao volume de solicitações judiciais desses pareceres e laudos, o profissional reduz a sua
atuação à confecção de laudos, desprezando as questões do cotidiano prisional, sem desvendá-las no
valor humano e nas situações trazidas pelo privado de liberdade e pelo ambiente prisional.
O Assistente Social participa, também, de Comissão de Classificação Técnica (CTC) para o
Trabalho (avaliações para encaminhamento ao trabalho), Comissão de Avaliação Final (laudos
contendo aspectos sobre o desenvolvimento do cumprimento da sentença) e realiza Entrevista de
Inclusão do preso (entrevista que coleta dados sobre toda a história de vida do preso, familiar,
social, profissional, estendendo-se a infração cometida. Desta, surgem diversos encaminhamentos
conforme demanda).
O art. 6º da LEP explicita que as equipes da CTC deveriam acompanhar os presos através de um
programa individualizado (Tratamento Penal), porém a superlotação inviabiliza o acompanhamento
individual dos privados de liberdade.
Os/as Assistentes Sociais que atuam no sistema prisional têm que ter flexibilidade para lidar com os
gestores, equipes de segurança e demais envolvidos nas demandas do sistema, tornando-se um
interlocutor entre as equipes de servidores e privados de liberdade na garantia de direitos e deveres,
mantendo o equilíbrio do ambiente carcerário.
SAIBA MAIS...
Para conhecer sobre essa realidade assista:
- Documentário Cárcere e Maternidade - Histórias de grávidas do sistema penitenciário em Manaus.
Clique aqui para acessar
- Conexão repórter – Cabrini acompanha rotina de presidiárias. Clique aqui para acessar
A Lei de Execução Penal, (Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984) garante a separação dos
estabelecimentos prisionais femininos e masculinos, sendo essa separação um dever estatal, o que
facilitaria a criação e aplicação de políticas públicas específicas para a mulher.
O vídeo “Inclusão – Maternidade Encarcerada: Presídio Feminino – Bloco 2 - TV Senado”
demonstra uma experiência exitosa, no Estado de Minas Gerais, de implantação de uma unidade
penitenciária exclusiva para presas com filhos e grávidas. Clique aqui para acessar
CURIOSIDADE:
O Marco Legal da Primeira Infância (Lei 13.257/16) deu início, em 2016, a uma política que
favorece o desencarceramento de mães e pais. A Lei abre a possibilidade de o Juiz substituir a
prisão preventiva pela domiciliar em caso de gestantes, mulheres com filhos de até 12 anos e
homens com filho de até 12 anos, caso ele seja o único responsável pelos cuidados da criança.
Clique para acessar.
O fato de a mulher cumprir pena em estabelecimentos penais adaptados, agrava a situação de
atendimento de suas necessidades básicas de higiene e saúde. O abandono da mulher no sistema
prisional ocorre não só nas questões de invisibilidade da sua situação de gênero, como também na
negação de seus direitos enquanto mulher, esposa e mãe.
O direito à visita íntima nas penitenciárias femininas foi oficializado em lei em 1999.
No Brasil, foi consentida pela primeira vez em 1924, no Rio de Janeiro, então Distrito
Federal, àqueles encarcerados que fossem casados civilmente e tivessem bom
comportamento. Em 1929, já não era necessária a exigência do casamento civil e, em
1933, esse tipo de visita foi estendido aos presos provisórios. (...) A despeito disso, a
visita íntima foi regulamentada às mulheres pela primeira vez em 1999
(COLOMBAROLI, 2011).
Enquanto 86% dos presos homens recebem visitas das famílias, apenas 37,9% das presas mulheres
recebem visitas. Quase todos os estabelecimentos não apresentam condições para visitas íntimas
(BRASIL, 2009). Atreladas ao ostracismo, estão algumas necessidades pessoais cujo suprimento
constitui atribuição da família.
(...) ainda que formalmente garantido, o exercício do direito à visita íntima, com
observância à dignidade e privacidade da pessoa presa, encontra limitações
determinadas pela infraestrutura dos estabelecimentos penais. Em relação às unidades
femininas, 41% dos estabelecimentos contam com local específico para realização da
visita íntima e, no caso dos estabelecimentos mistos, apenas 34% das unidades podem
oferecer este espaço às pessoas privadas de liberdade (BRASIL, 2018b, p.26).
Segundo Ana Paula Galdeano, organizadora do estudo “Crianças e adolescentes com familiares
encarcerados”, publicado em 2018 pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, de acordo
com entrevista a 36 crianças e adolescentes com familiares encarcerados em quatro unidades da
Federação, nenhum disse que visitava a mãe. Quando o marido quem vai preso, a esposa insiste
nessa visita, mas quando é ela que está atrás das grades, e o marido a abandona, o restante da
família não consegue arcar com esse custo.
Conforme expõe Elen Geraldes em palestra no Plenário da Câmara dos Deputados pelo (SENADO
NOTÍCIAS, 2018, p.1):
A solidão é um tema de reflexão do projeto porque as mulheres são aquelas que mais
visitam, mas não são visitadas. Como as pessoas privadas de liberdade não têm acesso a
papel nem caneta para escrever reclamações e muitas não sabem escrever, são as
famílias que fazem as reclamações. Como as mulheres não recebem visitas, o desafio é
possibilitar espaços de escuta.
Em 2010, as Nações Unidas adotaram uma resolução sobre o tratamento de mulheres presas, que
ficou conhecida como Regras de Bangkok, que propõe um olhar atento para as demandas
específicas que compreendem universo feminino na prisão e a priorização de medidas não
privativas de liberdade (LIMA, 2019b).
Leia mais sobre as regras de Bangkok:
Clique aqui para ler
Em fevereiro de 2018, o Supremo Tribunal Federal, por meio de um Habeas Corpus coletivo,
determinou a substituição da prisão preventiva por domiciliar de mulheres presas, em todo o
território nacional, que sejam gestantes ou mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas com
deficiência. Não se enquadram nesse Habeas Corpus coletivo, os crimes que tenham sido cometidos
com violência ou ameaça contra os próprios descendentes e em situações excepcionalíssimas,
devidamente justificadas pelo juiz (STF, 2018).
CURIOSIDADE:
SisDepen: Informações penitenciárias consolidarão base de dados nacional
As informações penitenciárias da realidade prisional brasileira, fornecerão mecanismos de coleta de
dados segura e individualizada dos estabelecimentos penitenciários e de tratamento do país. Essa
ferramenta de gestão da informação do Depen, propiciará a partir dos dados coletados, a elaboração
de políticas públicas de saúde, educação, trabalho, cultura, esporte, assistência social e acesso à
justiça. Clique aqui para acessar
IX – Experiências Exitosas em Educação, Trabalho e Renda
O estado do Paraná é um dos estados referência, no qual 30% das PPL trabalham e 35% estudam. A
qualificação é ofertada nas áreas de agricultura, panificação, eletricista, mecânica, costura,
metalúrgica, construção civil, restauração de livros, fabricação de calçados, produtos de limpeza,
fraldas, entre outros. Os estudos e leitura de livros também funcionam como remição da pena
(AEN, 2018). Na Unidade de Progressão da Penitenciária Central do Estado, localizada em
Piraquara – PR, 100% das PPL estudam e trabalham, fato que colaborou para ser nomeada, modelo
na América Latina pela Organização dos Estados Americanos (OEA) (BRASIL, 2019d).
Em 2019, no estado do Mato Grosso do Sul, houve realizações de parcerias como a da Agência
Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (AGEPEN) – MS, que foram positivas. Em
janeiro, fora noticiado o projeto de transformação de bicicletas abandonadas em cadeiras de rodas
por detentos de Corumbá, as quais serão doadas para quem necessita, mas não tem condições
financeiras (AGEPEN, 2019a). Já em Campo Grande, no mês de abril, aconteceu a entrega da
reforma de mais uma escola realizada por detentos, ação integrante do projeto “Pintando e
Revitalizando a Educação com Liberdade”. Como resultado, culminou na economia de mais de 7
milhões de reais aos cofres públicos (AGEPEN, 2019b). Em maio, a parceria entre Agepen e
Funesp (Fundação Municipal de Esportes de Campo Grande), torna possível a realização do projeto
“Arte com Pneus” para praças da capital. Há dois anos, os/as detentos/as reciclam pneus
transformando-os em parques infantis que já contemplou mais de dez escolas municipais
(AGEPEN, 2019c).
Em escala nacional, podemos citar três ações do ano de 2019, que visam o debate sobre o sistema
penal, com especial foco em resultados positivos quanto à integração social do egresso na
sociedade. A primeira trata-se da criação da Revista Brasileira de Execução Penal (BRASIL,
2019e), a segunda refere-se ao 1º Encontro de Diretores de Unidades Prisionais realizado pelo
Ministério da Justiça e Segurança Pública no mês de abril em Brasília, no qual fora ressaltado o
incentivo a boas práticas (BRASIL, 2019f) e a terceira ao 2º Ciclo de Concessão do Selo de
Responsabilidade Social pelo Trabalho no Sistema Prisional, que este ano certificou 198 empresas
(BRASIL, 2019g).
Sobre o Manual de Boas Práticas do Sistema Penitenciário Nacional: BRASIL. Ministério da
Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Boas Práticas do Sistema Penitenciário Nacional.
[2010?]. Disponível em: Clique aqui para acessar
Humanitas360:
1. MACHADO, Leandro. Presas de SP criam cooperativa e empreender da cadeia “Tenho direito de
tentar mudar”. BBC News Brasil. 2019. Clique aqui para acessar
2. Filme “Tecendo a Liberdade” de 6 minutos, realizado pelo Humanitas360, ganhador do prêmio
Nelson Mandela da ONU 2017. Clique aqui para acessar
Penitenciária Central do Estado, Unidade de Progressão, Piraquara – PR. Clique aqui para acessar
Penitenciária de São Cristóvão do Sul: Clique aqui para acessar
PROVA 2
1- Em 13 de abril de 2017, entrou em vigor a Lei 13.434, que proibiu as mulheres aprisionadas de serem algemadas
durante o trabalho de parto. A Lei se constitui como um marco para a discussão sobre os direitos de gestantes aprisionadas,
por ratificar a Declaração Universal dos Direitos Humanos que assegura que “ninguém será submetido à tortura nem a
tratamento ou castigo, desumano ou degradante”, completava 69 anos de sua promulgação. No Brasil, entretanto, viver
com dignidade no sistema carcerário não é um direito. Segundo dados do Levantamento Nacional de Informações
Penitenciárias – Infopen/Mulheres, o Sistema prisional brasileiro dispõe de 27.029 vagas para mulheres, contudo a
população carcerária feminina em 2017, contava com 42.355, o que equivale a um déficit de 15.326 vaga : A resposta
correta é: Violência Institucional
2- Frederico é um jovem adulto de 18 anos de idade, negro, morador de um bairro popular de uma cidade do interior de
São Paulo. Frederico tem uma irmã de 21 anos e um irmão de 11 anos. Frederico cursa administração de empresa numa
faculdade particular com bolsa. Frederico sempre foi muito tímido e desde a infância seus colegas sempre fizeram
“brincadeiras” com seus óculos. Frederico era conhecido na escola como o garoto dos óculos fundo de garrafa e quatro
olhos. Ao entrar no curso Frederico ganhou um smartphone popular com o qual tira fotos e diz que fica impressionado por
registrar a forma que seus próprios olhos não percebem dado o grau de seu comprometimento visual. Frederico começou a
tirar fotos de objetos, e posteriormente, passou a fotografar seus colegas que ao perceberem sentiram-se incomodados e
diziam entre si que Frederico estava invadindo a privacidade deles. Em momento algum, os colegas indagaram Frederico a
respeito dos motivos pelos quais fez fotos e qual era o seu objetivo. Daí a turma começou a exclui-lo da dinâmica do grupo
de uma sala de aula, quando ele estava em algum espaço de convívio comum as pessoas se afastavam, quando eles iam
fazer trabalho a opinião de Frederico não era levada em consideração e a sua própria aceitação em um grupo era sempre
difícil.
O caso de Frederico é repleto de violência, uma delas, entretanto chama atenção. Marque a alternativa que melhor descreve
esse tipo de violência.: VIOLENCIA COMUNITARIA;
3-“(...) Do ponto de vista social, o contrário da violência não é a não-violência, mas sim a cidadania e a valorização da
vida humana em geral de cada indivíduo.” MINAYO (2009:40) :
A violência representa um desafio ao poder público, porém a sua redução é indissociável da expansão da cidadania, ou
seja, não há como pensar em redução da violência se não houver programas de valorização da vida humana que crie uma
cultura de direitos à educação, à saúde, ao trabalho, emprego, etc.
4-As afirmações abaixo se referem ao campo da educação nas unidades prisionais. Todas estão corretas, EXCETO: Ao
inscrever na Carta Magna a educação como um valor humano, isto é, um direito universal, o Brasil assegurou a todos o
direito de ter acesso ao ensino escolar mesmo para aqueles/aquelas que estão em prisão perpétua.
5- “O uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um
grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico,
deficiência de desenvolvimento ou privação.”. (KRUG et al., 2002, p.5) :
Violência Física; Violência Psicológica; Violência auto infligida; Violência Interpessoal; Violência Coletiva; Negligência e
abandono.
6- Em 2010, as Nações Unidas adotaram uma resolução sobre o tratamento de mulheres presas, que ficou conhecida como
_______________________, que propõe um olhar diferenciado para as demandas específicas das mulheres na prisão e a
priorização de medidas não privativas de liberdade, ou seja, que evitem a entrada de mulheres no sistema carcerário.
(LIMA, 2019). :
Regras de Bangkok
7- A atuação do Assistente Social também condiz em atender ao poder judiciário com a produção de _____________
voltados ao subsidio judiciário na tomada de decisões e sentenças, desviando o profissional do seu papel de atuação nas
questões de cunho social, necessárias ao tratamento penal. A perícia social é realizada por meio de um estudo social com
objetivo de conhecer e interpretar a realidade social do objeto da ação; já o ___________________ é o documento que
contém as informações relevantes obtidas por meio do estudo social, com a interpretação e análise (FAVERO, 2009).
8- O Auxílio Reclusão é um benefício concedido aos dependentes dos apenados, sendo considerado um mecanismo de
reinserção social. Este benefício sofreu mudanças significativas em 2019. Analise as afirmativas e assinale a alternativa
correta: I - Tem direito ao benefício os/as dependentes do/ segurado/a do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) preso
em regime fechado, durante o período de reclusão ou detenção, com período de carência de 24 meses de contribuição,
mediante comprovação de dependência, exigindo-se prova material de união estável e dependência econômica (BRASIL,
2019a).
II- Aplicar-se-á às/aos dependentes de baixa renda do/a segurado/a recolhido/a à prisão, quando não estiver recebendo
remuneração da empresa, nem usufruindo de auxílio-doença, abono de permanência em serviço, salário-maternidade,
pensão por morte ou aposentadoria (BRASIL, 2019a).
9-A Lei de Execuções Penais - LEP - nº 7.210 de 11 de julho de 1984, trouxe perspectivas no sentido de oferecer ao
apenado/a, acesso aos seus direitos sociais durante o cumprimento de pena. O assistente social norteia sua atuação na
perspectiva da garantia de direitos sociais e a ele cabe, EXCETO: A resposta correta é: Assistência psicológica por
intermédio de programas envolvendo o preso, a instituição e se possível familiares, nos processos de ressocialização e
reintegração social.
Paulo Cabral (2019) afirma que não se pode idealizar a família perfeita, assim, o servidor do sistema prisional deve:
A resposta correta é: Encarar a família real do interno e trabalhar a partir desse dado, sem pretender enquadrá-la,
transformá-la ou invadi-la, com respeito à sua integridade, buscando interagir com o propósito de favorecer o almejado
processo de ressocialização.
Modulo 3
O objetivo desta unidade é conhecer as pessoas privadas de liberdade (PPL) que ingressam no sistema prisional, cujas
características possam refletir no seu processo saúde e doença.
• PREVENÇÃO PRIMÁRIA
É a ação tomada para remover causas e fatores de risco de um problema de saúde individual
ou populacional antes do desenvolvimento de uma condição clínica. Inclui promoção da
saúde e proteção específica (ex.: imunização, orientação de atividade física para diminuir
chance de desenvolvimento de obesidade).
• PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
A ação realizada para detectar um problema de saúde em estágio inicial, muitas vezes em
estágio subclínico, no indivíduo ou na população, facilitando o diagnóstico definitivo, o
tratamento e reduzindo ou prevenindo sua disseminação e os efeitos de longo prazo (ex.:
rastreamento, diagnóstico precoce).
• PREVENÇÃO TERCIÁRIA
É a ação implementada para reduzir em um indivíduo ou população os prejuízos funcionais
consequentes de um problema agudo ou crônico, incluindo reabilitação (ex.: prevenir
complicações do diabetes, reabilitar paciente pós-infarto – IAM ou acidente vascular
cerebral).
• PREVENÇÃO QUATERNÁRIA
De acordo com o dicionário da WONCA (World Organization of Family Doctors) é a
detecção de indivíduos em risco de intervenções, diagnósticas e/ou terapêuticas, excessivas
para protegê-los de novas intervenções médicas inapropriadas e sugerir-lhes alternativas
eticamente aceitáveis.
Em um conceito ampliado, junto ao Caderno 29 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2010), a
prevenção de doenças compreende três categorias: manutenção de baixo risco, redução de risco e
detecção precoce.
• a) Manutenção de baixo risco tem por objetivo assegurar que as pessoas de baixo risco
para problemas de saúde permaneçam com essa condição e encontrem meios de evitar
doenças.
• b) Redução de risco foca nas características que implicam risco de moderado a alto, entre
os indivíduos ou segmentos da população, e busca maneiras de controlar ou diminuir a
prevalência da doença.
• c) Detecção precoce visa estimular a conscientização dos sinais precoces de problemas de
saúde – tanto entre usuários leigos como em profissionais – e rastrear pessoas sob risco de
modo a detectar um problema de saúde em sua fase inicial, se essa identificação precoce traz
mais benefícios que prejuízos aos indivíduos. Ela baseia-se na premissa de que algumas
doenças têm maiores chances de cura, sobrevida e/ou qualidade de vida do indivíduo quando
diagnosticadas o mais cedo possível.
Das estratégias para a detecção precoce de doenças, o diagnóstico precoce e o rastreamento são
importantes, e neste sentido podemos observe o quadro para melhor compreensão destas duas
estratégias:
VOCÊ SABIA...
O Ministério da Saúde, por meio do caderno 29 da Atenção Básica de Saúde, define alguns critérios
para um programa de rastreamento.
Desta forma, para a implantação de programas de rastreamento, o problema clínico a ser rastreado
deve atender a alguns critérios, a seguir:
• A doença deve representar um importante problema de saúde pública que seja relevante para
a população, levando em consideração os conceitos de magnitude, transcendência e
vulnerabilidade;
• A história natural da doença ou do problema clínico deve ser bem conhecida;
• Deve existir estágio pré-clínico (assintomático) bem definido, durante o qual a doença possa
ser diagnosticada;
• O benefício da detecção e do tratamento precoce com o rastreamento deve ser maior do que
se a condição fosse tratada no momento habitual de diagnóstico;
• Os exames que detectam a condição clínica no estágio assintomático devem estar
disponíveis, aceitáveis e confiáveis.
PARA REFLETIR...
• População mais vulnerável ao surgimento de determinadas doenças, em decorrência da situação de
conglomeração;
• Existência elevadas taxas de doença ativa e latente de tuberculose encontradas nas prisões
brasileiras.
Influenza
A influenza é uma infecção respiratória aguda, causada pelos vírus A, B e C. O vírus A está
associado a epidemias e pandemias. É um vírus de comportamento sazonal e tem aumento no
número de casos entre as estações climáticas mais frias, podendo haver anos com menor ou maior
circulação do vírus.
A vacinação é uma das principais medidas preventivas para influenza. Contudo, é recomendado
para evitar a gripe ou a sua transmissão fazer uso de medidas preventivas de etiqueta respiratória,
como: higienizar as mãos com água e sabão ou com álcool gel, principalmente depois de tossir
ou espirrar; depois de usar o banheiro, antes de comer, antes e depois de tocar os olhos, a boca
e o nariz; evitar tocar os olhos, nariz ou boca após contato com superfícies potencialmente
contaminadas (corrimãos, bancos, maçanetas etc.). Manter hábitos saudáveis, como
alimentação balanceada, ingestão de líquidos e atividade física. Pessoas com síndrome gripal
devem evitar contato direto com outras pessoas, abstendo-se de suas atividades de trabalho, estudo,
sociais ou aglomerações e ambientes coletivos.
Neste cenário, a propagação do vírus da influenza pode ocorrer de forma rápida e de difícil controle.
Neste sentido, o Ministério da Saúde, por meio de suas Notas Técnicas, inclui a População Privada
de Liberdade como Grupo de Risco para realização da Imunoprofilaxia anual contra a Influeza. Esta
medida pode contribuir para redução de agravos e o extravasamento da doença para comunidade
geral.
Tuberculose
A literatura científica, bem como os manuais de recomendações das Organizações Mundial de
Saúde (WHO, 2000) e do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011b) realizam abordagem para o
controle da TB nestes cenários. Entre as recomendações estão: intervenções ambientais na
arquitetura das prisões e o rastreamento da PPL, incluindo exames mais sensíveis como
Radiografia de Tórax e Teste Rápido Molecular.
Em 2003, o Brasil desenvolveu uma experiência pioneira de screening de massa utilizando unidade
móvel de Raio-X no Rio de Janeiro, que se refere à criação dos Centros de Diagnóstico Intramuros
para TB pelo Projeto Fundo Global TB Brasil em parceria com o PNTC/MS.
Dada a perspectiva de melhorar as condições ambientais de encarceramento, em 2012 o
Departamento Penitenciário Nacional publicou um manual que propôs soluções arquitetônicas para
a melhoria das condições de iluminação e ventilação, de forma que, respeitando os imperativos de
segurança, sejam incorporadas na construção de novas prisões e na reforma das atuais (DEPEN,
2012).
A estratégia recomendada internacionalmente (WHO, 2017) e adotada no Brasil consiste em
detecção passiva (demanda espontânea) e/ou por busca ativa. A busca ativa do Sintomático
Respiratório (SR) deve ser realizada permanentemente, de forma sistemática, entre os
ingressos ou indivíduos já encarcerados (rastreamento em massa) e tem sido uma estratégia
recomendada internacionalmente (BRASIL, 2011b).
Já a detecção passiva deve ser direcionada para aqueles casos que não acessam os serviços de saúde
de forma espontânea. Para tanto, deve-se sensibilizar a PPL e demais integrantes do sistema
prisional quanto a importância de identificação precoce dos sinais e sintomas da TB; promover
educação continuada sobre a temática; promover melhoria de acesso ao serviço de saúde e submeter
o suspeito aos exames de triagem (BRASIL, 2019).
Considerando como método de referência o rastreamento radiológico e o Teste Rápido para
Tuberculose, estudos nas prisões tem mostrado melhores resultados no diagnóstico da Tuberculose.
Esses resultados foram apresentados em estudos realizados no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul,
Mato Grosso do Sul e São Paulo (FOURNET et al., 2006; SANCHEZ et al., 2013; PELISSARI et
al., 2018; CARBONE et al., 2018).
Confirmando estudo anteriormente realizado no Rio de Janeiro (LEGRAND et. al., 2008) e que
contribuiu para elaboração das normas nacionais para o controle da TB nas prisões (BRASIL,
2011). Um estudo recente, que modelou matematicamente cinco estratégias para o controle da TB,
com redução da incidência dentro e fora das prisões, destaca o rastreamento na saída da prisão teria
maior impacto na redução da doença dentro e fora das prisões. Contudo, se houver uma força tarefa
e implementar as cinco medidas o impacto na redução da TB em dez anos seria uma redução de
79,2% (IC95%: 70,2%, 95,6%) nas prisões e em 40,0% (IC95%: 36,1%, 44,3%) na comunidade
geral (MABUD et al., 2019).
De acordo com o plano, são garantidas ações de saúde da Atenção Básica em unidades prisionais,
estendendo o acesso da população prisional aos demais níveis de complexidade do sistema de saúde
por meio da sua inclusão nas referências e no âmbito da programação da assistência à saúde.
Constitui-se, assim, um verdadeiro desafio à garantia da assistência orientada pelos princípios e
diretrizes fundamentais da saúde pública nacional a todos os brasileiros que se encontram privados
de liberdade (BRASIL, 2004).
O PNSSP foi instituído considerando justamente as condições desfavoráveis de higiene e
salubridade da maioria das unidades prisionais no país, bem como as elevadas taxas de prevalência
de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), infecção por HIV/aids, tuberculose, hepatites e
outras doenças sexualmente transmissíveis e infectocontagiosas no sistema penitenciário nacional.
Buscando garantir o acesso das pessoas privadas de liberdade no sistema prisional ao cuidado
integral no SUS, foi instituída, em 2 de janeiro de 2014, a Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP). Entre os princípios da
PNAISP, vale destacar a equidade, em virtude de reconhecer as diferenças e singularidades dos
sujeitos a que a política se destina, e a integralidade da atenção à saúde da população privada de
liberdade no conjunto de ações de promoção, proteção, prevenção, assistência, recuperação e
vigilância em saúde executadas nos diferentes níveis de atenção (BRASIL, 2014).
IV - Direito à Saúde - Política Nacional de Humanização
De acordo com a PNAISP, a atenção básica será ofertada por meio das equipes de Atenção Básica
das Unidades Básicas de Saúde definidas no território ou por meio das Equipes de Saúde no
Sistema Prisional (ESP). A atenção à saúde das pessoas privadas de liberdade deve buscar controlar
ou reduzir os agravos mais frequentes que acometem essa população, respeitando a diversidade
étnico-racial, a das limitações e necessidades físicas e mentais especiais, a das condições
socioeconômicas, a das práticas e concepções culturais e religiosas, a de gênero, a de orientação
sexual e a de identidade de gênero (BRASIL, 2014).
Precisamos refletir a respeito de que as pessoas privadas de liberdade, independentemente da
natureza de sua transgressão, mantêm o direito de gozar dos mais elevados padrões de assistência à
saúde. Afinal, apesar de estarem privadas de liberdade, preservam os demais direitos humanos
inerentes à sua cidadania.
Há duas importantes razões que devem pautar a atenção à saúde dentro do sistema prisional.
• A primeira é que a saúde das pessoas privadas de liberdade tem grande impacto na saúde
pública, porque algumas doenças e agravos são bem mais prevalentes nessa população em
comparação com a população geral, e refletirão na comunidade se não forem tratadas.
• A segunda razão se refere à possibilidade de reduzir as iniquidades em saúde, considerando
que as pessoas privadas de liberdade geralmente tiveram menos condições socioeconômicas
(OMS, 2014).
Para transpor esse desafio é necessário conhecer, além das políticas públicas referentes à atenção à
população privada de liberdade, quem é essa população no Brasil, como ocorre o processo de
trabalho no sistema prisional. Também é preciso conhecer as possibilidades de atenção
considerando as diretrizes do SUS, as vulnerabilidades a que mulheres e homens privados de
liberdade estão expostos, e como essas questões influenciam no acesso à saúde.
As dificuldades de acesso à saúde não marcam apenas as rotinas prisionais. São enfrentadas
também pelas pessoas privadas de liberdade quando estas se dirigem aos locais de atendimento fora
das prisões.
O processo enfrentado por essas pessoas, quando chegam escoltadas e algemadas a unidades de
saúde e hospitais da rede de saúde, muitas vezes reforça os estigmas sociais sobre a pessoa privada
de liberdade, que até desiste do atendimento para não ter de se submeter a essas situações.
Embora haja dificuldades para alcançar a atenção integral à saúde da população privada de
liberdade, profissionais de saúde que considerem e conheçam as peculiaridades envolvidas nessa
atenção contribuem para o desenvolvimento de uma sociedade mais saudável ao possibilitar
mudanças de comportamento e melhor qualidade de vida às pessoas que estão privadas de liberdade
(OMS, 2014).
Como fazer o acolhimento das pessoas privadas de liberdade ao entrar nas instituições penais?
No momento em que o sujeito entra na instituição penal, ele deixa pra trás sua rede de apoio e
disposições sociais. O sujeito é “admitido” na instituição, que é o procedimento de contato do
sujeito com os códigos institucionais. De modo geral, há uma ruptura com o modo de vida civil. O
acolhimento deve ser iniciado no momento em que o privado de liberdade chega na instituição
penal.
O acolhimento são os momentos iniciais, em que o privado de liberdade está sendo incorporado ao
espaço institucional. Estar com profissionais que possam oferecer uma escuta qualificada pode ser
um momento para iniciar uma transformação.
A admissão e o acolhimento deve ser feito na “porta de entrada”, no momento em que o sujeito
entra na unidade prisional. A Equipe de Saúde do Sistema Prisional que acolhe o sujeito entra em
contato com a história de vida e com as redes de relações, permeadas por afetividades, hábitos,
fragilidades sociais, violência, relações confluituosas, e claro, inúmeros problemas de saúde, que
são adquiridas ou desenvolvidas na sociedade ou dentro de instituições penais.
É fundamental que a construção da rede de saúde possa estar atenta nos processos de gestão, mas
principalmente nos processos de atenção das pessoas privadas de liberdade.
UNIDADE II
Object 2
Esse vídeo possui legenda. Ative-a clicando no primeiro ícone no canto inferior direito do vídeo.
Para compreendermos mais sobre o sistema prisional brasileiro, é importante conhecer suas
principais informações, sendo uma delas, que o Brasil tinha a terceira maior população privada de
liberdade do mundo em 2016, com 726.712 presos distribuídos em aproximadamente 1.400
unidades prisionais, com uma taxa de ocupação de 197,4%, o que indica a falta de 358.663 mil
vagas nas prisões brasileiras (BRASIL, 2017a; BORGES, 2018).
Figura 1 - Infográfico da Capacidade do Sistema Prisional e Déficit de Vagas por UF
Object 3
Esse vídeo possui legenda. Ative-a clicando no primeiro ícone no canto inferior direito do vídeo.
Para compreendermos mais sobre o sistema prisional brasileiro, é importante conhecer suas
principais informações, sendo uma delas, que o Brasil tinha a terceira maior população privada de
liberdade do mundo em 2016, com 726.712 presos distribuídos em aproximadamente 1.400
unidades prisionais, com uma taxa de ocupação de 197,4%, o que indica a falta de 358.663 mil
vagas nas prisões brasileiras (BRASIL, 2017a; BORGES, 2018).
Figura 1 - Infográfico da Capacidade do Sistema Prisional e Déficit de Vagas por UF
Object 4
Sabemos que o histórico de vida dos presos antes do encarceramento, muitas vezes é marcado por
situações de pobreza, desigualdades, falta de acesso à educação e aos serviços de saúde (UNODC,
2012; AILY, 2013) e, principalmente, as más condições na estrutura do confinamento, e com celas
superlotadas em ambientes com baixas condições higiênico-sanitárias. Assim, a falta de acesso às
ações e serviços de saúde, pode ser motivo para o aumento de doenças na população prisional
(RIBEIRO et al., 2013; PRELLWITZ et al., 2013).
Outras questões ainda podem piorar a situação de saúde dos detentos, como alimentação não
saudáveis, não realização de atividades físicas, baixo número de profissionais de saúde e materiais
para assistência no ambiente prisional. A união de todos estes elementos resulta em uma dupla
penalização ao sujeito encarcerado, que além da perda de sua liberdade, possuem uma diminuição
no direito à saúde e, por sua vez, uma piora no estado de saúde (MENEZES; MENEZES, 2014).
Para entender melhor a realidade das celas de convívio das unidades prisionais brasileiras, veja o
vídeo abaixo “Encarceramento em massa não é justiça”. Nele, você pode ter a visão do interior de
toda cela, mantendo pressionado o botão direito do mouse sobre o vídeo e arrastando para os lados.
O QUE É DIREITO À SAÚDE DAS POPULAÇÕES PRIVADAS DE LIBERDADE?
Essa resposta é mostrada em documentos internacionais sobre direitos humanos e pode ser vista no
quadro abaixo através de experiências bem-sucedidas realizadas no Brasil.
III - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Populações Privadas de Liberdade no
Sistema Prisional (PNAISP)
- Um médico;
- Um enfermeiro;
- Um cirurgião dentista;
- Um técnico/auxiliar de
enfermagem;
- Um técnico de higiene
- Um psiquiatra ou médico com
bucal/auxiliar de saúde bucal;
II experiência em saúde mental;
- Um assistente social;
ou - Dois profissionais selecionados
- Um psicólogo.
101 a 500 II com dentre: assistente social;
saúde enfermeiro; farmacêutico;
Mais um profissional selecionado
mental fisioterapeuta; psicólogo; ou
dentre:
terapeuta ocupacional.
assistente social; enfermeiro;
farmacêutico; fisioterapeuta;
nutricionista; psicólogo; ou
terapeuta ocupacional.
101 - 500 0 1 0
501 - 1200 0 0 1
1201 - 1300 1 0 1
1301 - 1700 0 1 1
1701 - 2400 0 0 2
2401 - 2500 1 0 2
2501 - 2900 0 1 2
2901 - 3600 0 0 3
3601 - 3700 1 0 3
Essa política aborda temas como exames ginecológicos de rotina para o controle do câncer de colo
de útero e mama, diagnóstico de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), imunizações,
planejamento familiar e atenção à saúde mental (CASTRO; SOARES, 2012; DELZIOVO et al.,
2014).
?
SAIBA MAIS...
Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC):
http://ittc.org.br/tag/maes-encarceradas/
Possui diversas postagens sobre a maternidade na prisão.
O ITTC lançou, em maio deste ano, o hotsite Mulheres Sem Prisão
(http://mulheresemprisao.org.br/), que busca trazer maior visibilidade ao encarceramento feminino e
sensibilizar o sistema de justiça para a aplicação de alternativas à prisão.
Em 2015, o Conselho Nacional de Justiça implementou a audiência de custódia, procedimento em
que a pessoa presa é apresentada a um juiz ou uma juíza em até 24 horas. As audiências foram fruto
de uma luta do ITTC e outras organizações da sociedade civil e são o momento em que o judiciário
pode ouvir essas mulheres e aplicar as recomendações das Regras de Bangkok ou o Marco Legal da
Primeira Infância, que permite substituir a prisão preventiva por domiciliar para mães de crianças
com até 12 anos.
Documentário C(Elas)
Gênero: Documentário
Diretor: Gabriela Santos Alves
Duração: 18 min Ano: 2017 Formato: indisponível
País: Brasil Local de Produção: ES
Cor: Colorido
Sinopse: Os meses finais da gravidez e os primeiros após o nascimento de um bebê são experiências
únicas na vida de uma mulher. E quando esse cotidiano é vivido dentro de uma penitenciária?
Espera-se também, políticas de incentivo ao aleitamento materno nas unidades prisionais nos seis
primeiros meses de nascimento da criança, com o objetivo de manter estável a saúde mental e o
bem-estar das mulheres presas e seus filhos. Em relação a isso, uma reportagem mostrou que no
Brasil existiam 622 mulheres grávidas ou lactantes nos presídios em janeiro de 2018 (CNJ,
2018) e outra mostrou a aquisição de espaços humanizados no presídio para mães e filhos
(AGEPEN, 2015).
Destaca-se o direito às ações voltadas ao planejamento familiar, sendo o serviço de saúde
prisional responsável pelo oferecimento de métodos contraceptivos (previnem a gravidez –
diafragma, dispositivo intrauterino, preservativos masculino e feminino, anticoncepcionais orais e
injetáveis; previnem IST – preservativos masculinos e femininos) fornecidos pelo SUS caso haja
procura pela mulher. Vale ressaltar que algumas das mulheres são incluídas no sistema prisional
após relação sexual desprotegida e podem receber visita íntima de seus parceiros durante o período
de privação de liberdade (BRASIL 2003, 2013a; CANNON et al., 2018).
A promoção à saúde dos detentos e o acompanhamento das doenças mais comuns no ambiente
prisional são de responsabilidade das equipes de saúde inseridas nas unidades prisionais, uma vez
que estas devem oferecer ações e serviços de Atenção Primária à Saúde (BRASIL, 2014b). Como
exemplos de doenças mais encontradas nos presídios, temos o combate à tuberculose (TB), ao
HIV/Aids e aos transtornos mentais e emocionais.
Para realização de ações de promoção e prevenção à saúde no contexto prisional, precisamos
lembrar que a prisão possui um cenário preferencial e capaz de realizar atividades que estimulem
uma maior independência dos detentos, uma vez que dispõem de equipes com vários profissionais
de saúde (WHO, 2014) e sua população é delimitada.
hipertensão arterial
diabetes mellitus
tuberculose, HIV
infecções sexualmente
transmissíveis
câncer no colo
ATIVIDADES
do útero
DIAGNÓSTICO FÍSICAS
PRECOCE
ALIMENTA
SAUDÁV
ATENDIMENTO
PSICOLÓGICO
Ações de Promoção
à Saúde e Prevenção
das Doenças voltadas à RE
População Privada
de Liberdade
VACINAÇÃO
EDUCA
SAÚ
ESTRATÉGIA DE
REDUÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE
DANOS PRESERVATIVOS
ÍNTIMOS
Entre as principais ações de promoção à saúde e prevenção de doenças que podem ser oferecidas à
população privada de liberdade, a prática de atividades físicas é uma delas, pois pode contribuir na
redução do peso corporal, na melhora da capacidade cardiovascular e respiratória e na prevenção do
aumento da pressão arterial sistêmica, também chamada de pressão alta, e da diabetes mellitus
(BRASIL, 2009; VERA-REMARTÍNEZ, 2016; GOMEZ; BRAVO, 2018). Evitar essas doenças por
meio da prática de atividades físicas diminui os custos com tratamento médico e hospitalizações,
gerando ganhos sociais (CARVALHO et al., 1996). Tal prática ainda beneficia a saúde mental,
fazendo com que haja diminuição da ansiedade, melhora do humor, aumento do autocontrole e
diminuição da agressividade (BRASIL, 2009; VERA-REMARTÍNEZ, 2016; GOMEZ; BRAVO,
2018).
Para a organização e supervisão das práticas de exercícios físicos no âmbito prisional, as equipes de
saúde podem contar com os fisioterapeutas ou terapeutas ocupacionais, uma vez que o educador
físico, profissional mais indicado para tal função, não é citado na PNAISP (BRASIL, 2014b).
Também existe a parceria com universidades, podendo ser uma alternativa para levar profissionais
capacitados ao desenvolvimento destas ações às unidades prisionais. Neste sentido, o estado do
Espírito Santo apresenta uma experiência exitosa de parceria entre o sistema prisional e as
universidades, visando a ampliação do atendimento à saúde e psicológico aos detentos.
A distribuição de uma dieta balanceada e individualizada nas prisões e o estímulo do consumo de
água junto às atividades físicas pode ser útil na prevenção de doenças no âmbito prisional
(BRASIL, 2013b; VERA-REMARTÍNEZ, 2016). De forma geral, a dieta deve ser composta por
todos os grupos alimentares (carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, fibras e minerais) e
deve ter um controle rigoroso em relação à quantidade de sal, açúcar e gordura para benefícios à
saúde e redução do risco de desenvolvimento de doenças como hipertensão arterial e diabetes
mellitus (BRASIL, 2014b). Outra ação importante é a educação em saúde aos detentos, estendendo-
se aos familiares, pois durante as visitas, alimentos são levados pelos mesmos. Leia a experiência
abaixo.
Estudo realizado em Porto Alegre, que descreveu como ocorre a alimentação das apenadas na
Penitenciária Feminina Madre Pelleti, observou-se que a presença de uma nutricionista, a realização
de treinamento em relação a cuidados com o alimento, higienização, além de uma dieta balanceada,
trouxe qualidade na comida servida e boa aceitação das presas. As detentas são treinadas e
trabalham na cozinha, recebendo um salário ou redução da pena. Além disso, existe ainda o cuidado
em relação à comida das crianças que vivem com suas mães no local. Nesse caso, se não recebam
leite materno, é oferecido leite em pó ao recém-nascido, entre outros alimentos, conforme a faixa
etária (RUDNICKO; PASSOS, 2012).
Ações de Prevenção e Promoção de saúde
No Canadá, por exemplo, há várias estratégias de redução de danos para usuários de drogas
injetáveis que podem ser realizadas nos presídios. São elas: acesso ao tratamento por medicações,
comunicação com os programas de troca de seringas e orientação da injeção segura e a
profilaxia pré-exposição (PrEP), que se resume no uso preventivo de medicamentos antirretrovirais,
antes da exposição sexual para reduzir a probabilidade de infecção pelo HIV e proporcionar uma
vida sexual mais saudável (BRINKLEY-RUBINSTEIN et al., 2018; BRASIL, 2019a).
Uma atividade que também pode ser incluída nas ações de promoção à saúde nas unidades
prisionais é a saúde bucal, pois há um alto número de casos de cáries e doenças relacionadas com a
saúde bucal nas pessoas privadas de liberdade (CINAR et al., 2017). Com isso, ações de educação
em saúde que incentivem a higienização bucal podem ser positivas, especialmente porque as
equipes de saúde contam com dentista e técnico de saúde bucal.
Para isso, a educação em saúde é importante para a prevenção das IST nas prisões, devendo abordar
temas voltados às práticas sexuais seguras, formas de transmissão e prevenção das doenças
infecciosas, importância do não compartilhamento de materiais que perfuram e cortam a pele como
alicates, giletes, além de agulhas e seringas para uso de drogas (UNODC, 2012).
Considerando que a ocorrência de IST está associada à falta do uso do preservativo nas relações
sexuais (STRAZZA et al., 2007; COELHO et al., 2009; STIEF et al., 2010; SILVA et al., 2017;
SOUZA; CABRAL; SALGUEIRO, 2018) e isso pode ocorrer durante as visitas íntimas e em outros
momentos, a oferta e distribuição de preservativos sempre que possível nas prisões é uma ação
importante. Dessa forma, auxilia na mudança do comportamento e contribui com a adoção de
práticas sexuais mais seguras dentro das unidades prisionais e na comunidade, quando os detentos
cumprem regime semiaberto e aberto.
Outras ações de prevenção à infecção ao HIV apoiam-se na prevenção combinada (Figura 4),
envolvendo outras estratégias para o enfrentamento da epidemia de HIV, além do uso somente de
preservativos. Entre as estratégias para a prevenção da transmissão do HIV, destacam-se o uso da
profilaxia pós-exposição (PEP) desde 1999 e a profilaxia pré-exposição (PrEP), que já era oferecida
nos Estados Unidos desde 2012 e no Brasil, passou a ser oferecida no SUS em 2017 (BRASIL,
2017b).
?
VOCÊ SABIA...
• PEP e PrEP consistem na tomada de medicamentos antirretrovirais para diminuir o risco de
infecção pelo HIV.
• A PEP é usada após relação sexual sem o uso de preservativos ou após acidentes com materiais
perfuro cortantes (UNODC, 2012, BRASIL, 2017b).
• A PrEP é usada para reduzir o risco de infecção pelo vírus antes das relações sexuais.
• Tais estratégias podem ser disponibilizadas às populações privadas de liberdade (BRASIL, 2018a).
Para saber mais sobre a PEP e PrEP, acesse os links abaixo:
http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/prevencao-combinada/pep-profilaxia-pos-
exposicao-ao-hiv
https://unaids.org.br/prevencao-combinada/
A prevenção combinada (Figura 4) ainda conta com outras estratégias: prevenção da transmissão do
HIV de mãe para filho durante a gestação; disponibilidade de vacina contra Hepatite B e do
Papiloma vírus humano (HPV) – esta última é aplicada a indivíduos vivendo com HIV ou com
histórico de transplante e idade até 26 anos; testagem regular, diagnóstico e tratamento precoce de
IST e HIV; distribuição de preservativos e gel lubrificante (BRASIL, 2018b).
Figura 4 - Elementos que compõem a estratégia de Prevenção Combinada
Para uma resposta positiva no controle do HIV, a prevenção combinada não se resume apenas ao
oferecimento de materiais e medicamentos antirretrovirais, mas também aborda a importância do
aconselhamento e testagem diagnóstica, bem como do vínculo entre população privada de liberdade
e equipes de saúde prisionais (BRASIL, 2017b). Além disso, o papel dos profissionais de saúde
prisional no diagnóstico e tratamento precoce da infecção é importante, pois a combinação dessas
ações reduz o número de vírus do HIV circulantes em um indivíduo infectado e criam meios para a
prevenção e controle da doença no âmbito prisional. Porém, os profissionais de saúde envolvidos
nessas ações devem respeitar a decisão da pessoa em realizar ou não o teste, além de manter o sigilo
quanto ao resultado (MAGGARD et al., 2014; VALERA; KATES-BENMAN, 2016).
Outra IST que merece atenção é a Hepatite C, pois apresenta alto número de sentenciados com a
doença. Uma pesquisa com 25 países da Europa sobre o programa de redução de danos, triagem e
tratamento do vírus da hepatite C (HCV), mostrou que os prisioneiros são identificados como
população de alto risco para o rastreamento do HCV, ou seja, as populações privadas de liberdade
devem ser investigadas para buscar possíveis sentenciados que podem ter HCV. No entanto, 21
países relatam que o teste, triagem e tratamento para HCV são fornecidos, mas apenas nove tiveram
disponibilidade ao tratamento, de modo que a extensão da cobertura desses programas de
tratamento varia muito; 21 países relatam que não há política específica de rastreamento, dois países
(8%) possuem programas de agulhas e seringas disponíveis nas prisões, onze (44%) relatam o uso
da terapia de substituição de opiáceos (BIELEN et al., 2018).
Estudo na Austrália, entre 2005 a 2013, avaliou os comportamentos de risco das pessoas com
histórico de uso de drogas injetáveis e observou que após a entrada na prisão, o uso de drogas
injetáveis diminuiu, mas o compartilhamento de seringas aumentou e os indivíduos mais jovens
apresentaram maior comportamento de risco. Os dados encontrados mostram a necessidade de criar
estratégias de prevenção ao vírus da Hepetite C, incluindo o acesso às seringas e ampliação da
terapia de Hepatite C, principalmente para sujeitos com risco aumentado de transmissão do vírus na
prisão (CUNNINGHAM et al., 2018).
Outra doença infecciosa, não considerada sexualmente transmissível, que precisa de atenção nas
prisões brasileiras é a TB, pois o número de casos é 28 vezes maior em relação à população geral
(SÁNCHEZ; LAROUZÉ, 2016; NAVARRO et al., 2016; VALENÇA et al., 2016; MACEDO;
MACIEL; STRUCHINER, 2017). Sabemos que as populações privadas de liberdade, antes do
encarceramento, apresentam situações de vida e moradia que contribuem para o desenvolvimento
da TB. No estudo realizado por Sánchez et al. (2012), a transmissão da TB era essencialmente
intrainstitucional/intramuros, mesmo que as pessoas presas fossem, em sua maioria, oriundas de
comunidades desfavorecidas. Reforçando que ao ser incluídos nas unidades prisionais, a
superlotação das celas e as condições precárias das prisões, alimentação inadeqiada e uso de drogas
mantém ambientes favoráveis para elevadas taxas (VALENÇA et al., 2016; MACEDO; MACIEL;
STRUCHINER, 2017).
Desta forma, é essencial a adoção de estratégias para o controle da TB no ambiente prisional em
busca de indivíduos com sintomas da doença e oferecimento de testes para os diagnósticos em
sujeitos com tosse há mais de duas semanas; e acompanhamento do tratamento das pessoas privadas
de liberdade com TB (BRASIL, 2019).
Acesse os arquivos abaixo para saber mais!
Para finalizar a temática sobre doenças infectocontagiosas, a atuação das equipes de saúde
prisionais é uma das medidas mais importantes para o controle das doenças citadas e outras na
comunidade prisional, uma vez que a população privada de liberdade está em contato frequente com
familiares e profissionais que atuam no sistema prisional (NAVARRO et al., 2016).
No que diz respeito à promoção da saúde mental, a realização de ações, como promover a prática de
atividades físicas, atividades de trabalho, oficinas de arte e outras práticas de lazer, podem
contribuir na melhoria da saúde mental dessa população. É importante reforçar a necessidade de
reconhecimento de problemas de intervenção imediata (psicose aguda, suicídio ativo, abstinência de
álcool ou outras substâncias); avaliação das necessidades de saúde mental do indivíduo;
manutenção de consultas psiquiátrica e desenvolvimento de um plano terapêutico individual;
encaminhamento e articulação entre o sistema prisional e serviços de saúde mental e, por fim,
planejamento para a reintegração do sujeito à comunidade e a continuidade do tratamento após a
soltura (FORRESTER et al., 2018).
Práticas como essa também ajudam na promoção e educação em saúde, pois facilitam a
troca de informações sobre doenças mais comuns nesses locais e fatores de riscos que
podem ser evitados, como o compartilhamento de produtos de higiene pessoal,
compartilhamento de seringas e sexo desprotegido.
Um estudo realizado na região de Ribeirão Preto avaliou a oferta de ações e serviços para o cuidado
às pessoas privadas de liberdade vivendo com HIV e identificou pontos positivos no diagnóstico da
infecção no ambiente prisional. Além disso, a maioria dos participantes realizavam tratamento
médico e estava em uso de medicamentos antirretrovirais com redução significativa do vírus a um
nível muito baixo no organismo (CATOIA, 2019). Esta redução é consequência do acesso efetivo ao
tratamento, melhorando a qualidade de vida da pessoa infectada, além de ser um elemento para a
diminuição da transmissão da doença (GRANGEIRO et al., 2011). Desta forma, identifica-se no
Sistema Prisional, um espaço capaz para execução do papel da equipe de saúde prisional, na oferta
de ações cujos objetivos são o diagnóstico e o cuidado compartilhado entre as pessoas que vivem
com HIV. Nesse sentido, é necessário refletir em “Como atuar como promotor de saúde?” ou ainda
“Como promover a saúde?” nestes espaços possíveis no ambiente prisional. A oferta de
preservativos, vacinas, exames para detectar a TB na presença de tosse, expressando os esforços
empreendidos ao diagnóstico para tratamento e controle da doença nas unidades prisionais
(CATOIA, 2019), são medidas que possibilitam a promoção de saúde e atuação como promotor.
CONCLUSÃO
Para finalizar, é importante destacar que apesar das equipes terem membros que podem realizar
ações específicas de promoção da saúde, tais atividades devem ser assumidas por todos. Em uma
atitude de responsabilização, incluir também detentos que fazem parte das equipes de saúde (os
promotores de saúde – de acordo com o art. 9º do Plano Nacional de Saúde no Sistema
Penitenciário) e o próprio indivíduo alvo das ações, o qual deve se tornar motivado a desenvolver e
manter uma rotina proativa de autocuidado e de transformação dos próprios comportamentos e dos
demais para a melhoria das condições de saúde do contexto prisional.
Além disso, com a oportunidade de equipes de saúde composta por diversos profissionais, algumas
atividades desenvolvidas podem contar com o apoio do agente carcerário após o treinamento e
capacitação, uma vez que esses profissionais muitas vezes estão em contato direto com os detentos.
Prova saude no sistema prisional
Habilidade/Objetivo: Conhecer as informações sobre diversos aspectos que envolvem a saúde mental nos presídios.
Em relação aos transtornos mentais, suicídio e uso de drogas em contexto prisional, leia as assertivas abaixo e assinale a
alternativa correta:
I - Há consenso na literatura do que seja a definição padrão sobre o que é um transtorno mental.
II - Diversos estudos têm mostrado que permanecer em cela solitária e apresentar algum transtorno mental está associado
a comportamentos suicidas na população privada de liberdade.
III - Alguns estudos apontam que muitas vezes os presos conseguem produzir álcool dentro das prisões.
IV - O uso prejudicial e a dependência de drogas nas prisões não está associado a desfechos negativos de saúde.
V - Segundo a Organização Mundial da Saúde, a ausência de assistência à saúde mental nas prisões não aumenta o risco
das Pessoas Vivendo em Privação de Liberdade de cometerem suicídio.
Escolha uma opção:
a.
Apenas a assertiva IV está correta
b.
Apenas as assertivas I e V, estão corretas
c.
Apenas as assertivas II e III estão corretas
CORRETA - Diversos estudos têm identificado que permanecer em cela solitária tem sido associado a ideação
suicida/suicídio entre pessoas privadas de liberdade que apresentam algum tipo de transtorno mental. Alguns estudos
também descrevem que os presos conseguem produzir álcool ilícito no interior das penitenciárias tanto no Brasil como em
alguns estados americanos.
Referências: Fazel S, Cartwright J, Norman-Nott A, Hawton K. Suicide in prisoners: a systematic review of risk factors. J
Clin Psychiatry. 2008; 69(11):1721-31.
Yasmin S, Adams L, Briggs G, Weiss J, Bisgard K, Anderson S, Tsang C, Henke E, Vasiq M, Komatsu K. Outbreak of
Botulism After Consumption of Illicit Prison-Brewed Alcohol in a Maximum Security Prison-Arizona, 2012. J Correct
Health Care. 2015; 21(4):327-34.
d
a
q
u
e
s
t
ã
o
a.
A População Privada de Liberdade não é considerada um grupo populacional prioritário para
receber intervenções em saúde mental, com o objetivo de reduzir o comportamento/os atos
suicidas.
b.
Sinais e sintomas tais como desesperança e desespero, pensamentos atuais, planos ou histórico de
tentativa de suicídio/autoagressão não são importantes na avaliação quanto ao ao risco de suicídio.
c.
Não há protocolos que orientem a prevenção e o manejo dos casos de ideação e tentativa de
suicídio.
d.
Perguntar sobre a tentativa de suicídio e/ou autoagressão, em geral, não estimula tais práticas.
CORRETA - Perguntar sobre autoagressão, em geral, reduz a ansiedade associada aos pensamentos
ou atos (potenciais ou pregressos) de autoagressão e ajuda a pessoa a se sentir compreendida e
amparada. Entretanto, é essencial que o profissional que fizer a pergunta tente estabelecer um bom
relacionamento (de empatia e apoio) com a pessoa, antes de perguntar sobre autoagressão e peça à
pessoa para explicar as razões subjacentes à autoagressão (potencial ou efetiva).
Referência: Organização Mundial de Saúde (OMS). National suicide prevention strategies:
progress, examples and indicators. Geneva: 2018. Disponível
em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/279765/9789241515016-eng.pdf?ua=1.
Acesso em 08 jul. 2019.
e.
A presença de transtornos mentais e sofrimento psíquico decorrente do uso de drogas não são
fatores importantes a se investigar durante a avalição do paciente quanto ao risco de suicídio.
FSua resposta está correta.
eA resposta correta é: Perguntar sobre a tentativa de suicídio e/ou autoagressão, em geral, não
eestimula tais práticas.
dQuestão 2
bIncorreto
a
Atingiu 0,00 de 1,00
c
Marcar questão
k
THabilidade/Objetivo: Conhecer os sistemas de classificação utilizados para o diagnóstico de
etranstornos mentais, no Sistema Único de Saúde.
xO sistema de classificação utilizado para diagnóstico de transtornos mentais no Sistema Único de
tSaúde (SUS), é:
oEscolha uma opção:
da.
aClassificação Internacional das Doenças (CID)
qb.
uSelf-Reporting Questionnaire-20 itens (SRQ-20)
e
sc.
Manual
t Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of
ãMental Disorders – DSM)
oINCORRETA. O DSM é um sistema de diagnóstico de transtornos mentais, porém é de uso
restrito, liberado para o seu eventual usuário, e mediante o pagamento de taxas.
Referência: Fazel S, Seewald K. Severe mental illness in 33,588 prisoners worldwide: systematic
review and meta-regression analysis. Br J Psychiatry. 2012; 200(5):364-73.
d.
Composite International Diagnostic Interview (CIDI)
F
e.
eÍndice de Bem-estar (WHO-5)
eSua resposta está incorreta.
d
A resposta correta é: Classificação Internacional das Doenças (CID)
b
a
c
k
Questão 3
Incorreto
Atingiu 0,00 de 1,00
Marcar questão
THabilidade/Objetivo: Identificar os marcos normativos e de funcionamento dos Hospitais de
eCustódia e Tratamento Psiquiátrico.
xLeia as assertivas abaixo relacionadas aos Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico e
tassinale a alternativa correta:
oI - A existência e permanência dos hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico (também
conhecido como manicômios judiciários), não evidencia limites postos à Reforma Psiquiátrica
d
abrasileira.
II - Dois Estados brasileiros conseguiram implementar programas de desinstitucionalização das
qpessoas com transtornos mentais em cumprimento de medida de segurança, nos HCTP.
uIII - A Portaria nº 94, de 14 de janeiro de 2014, institui a implantação de equipes de atenção básica
enos HCTP.
s
IV - Contribuir para a realização da desinternação progressiva de pessoas que cumprem medida de
t
ãsegurança em instituições penais ou hospitalares não é uma atribuição da Equipe de Avaliação e
oAcompanhamento das Medidas Terapêuticas (EAPs).
V - As EAPs são constituídas por um médico psiquiatra e um profissional com graduação em
enfermagem com especialização em saúde mental.
Escolha uma opção:
a.
Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
b.
Apenas as assertivas III e V estão corretas.
INCORRETA. Em relação à assertiva III, a Portaria nº 94, de 14 de janeiro de 2014, prevê a
implantação de um serviço de avaliação e acompanhamento das medidas terapêuticas/de segurança
aplicáveis à pessoa com transtorno mental em conflito com a Lei, através da implantação de uma
Equipe de Avaliação e Acompanhamento das Medidas Terapêuticas Aplicáveis à Pessoa com
Transtorno Mental em Conflito com a Lei (EAPs).
Quanto à assertiva V, as EAPs, devem ser constituídas por uma equipe interdisciplinar, composta
minimamente por: 1 (um) Enfermeiro; 1 (um) Médico Psiquiatra ou Médico com experiência em
Saúde Mental; 1 (um) Psicólogo; 1 (um) Assistente Social; e 1 (um) profissional com formação em
ciências humanas, sociais ou da saúde, preferencialmente Educação, Terapia Ocupacional ou
Sociologia.
Referência: Brasil. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 94, DE 14 DE JANEIRO DE 2014. Institui
o serviço de avaliação e acompanhamento de medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa com
transtorno mental em conflito com a Lei, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
c.
Apenas a assertiva I está correta.
d.
Apenas a assertiva II está correta.
e.
Apenas as assertivas I e IV estão corretas.
FSua resposta está incorreta.
eA resposta correta é: Apenas a assertiva II está correta.
eQuestão 4
dCorreto
bAtingiu 1,00 de 1,00
a
Marcar questão
c
THabilidade/Objetivo: Conhecer os atos normativos referente à saúde das Pessoas Privadas de
k
eLiberdade no Sistema Prisional.
xO ato normativo que instituiu a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas
tde Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), foi:
oEscolha uma opção:
da.
aA Resolução nº 113, de 20 de abril de 2010.
qb.
uA Portaria Interministerial nº 1, de 2 de janeiro de 2014.
eCORRETA - A Portaria Interministerial nº 1, de 2 de janeiro de 2014 institui a Política Nacional de
sAtenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no
t
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
ã
Referência:
o BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 1, DE 2 DE
JANEIRO DE 2014. Disponível
em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/pri0001_02_01_2014.html. Acesso em 08
julho de 2019.
c.
A Portaria nº 94, de 14 de janeiro de 2014.
d.
A Portaria Interministerial nº 1.777/MS/MJ, de 9 de setembro de 2003.
e.
A Portaria interministerial nº 1.679, de 12 de agosto de 2013.
FSua resposta está correta.
eA resposta correta é: A Portaria Interministerial nº 1, de 2 de janeiro de 2014.
eQuestão 5
dCorreto
bAtingiu 1,00 de 1,00
a
Marcar questão
c
TObjetivo/Habilidade: Comparar o estado de saúde dos filhos das mães privadas de liberdade com
k
ea dos filhos de mães em liberdade atendidas pelo SUS.
xComparando as condições de saúde dos bebês nascidos de mães privadas de liberdade com os
tnascidos de mães em liberdade do SUS, como mostrado na Tabela abaixo, podemos constatar que:
o
d
a
q
u
e
s
t
ã
o
a.
A proporção de bebês expostos a Sífilis Congênita é igual tanto nos filhos das mulheres privadas
de liberdade, quanto nos filhos das mães em liberdade do SUS;
b.
A proporção de bebês expostos ao HIV e Sífilis Congênita é maior nos filhos das mulheres privadas
de liberdade em comparação com os filhos das mães livres do SUS;
CORRETA - Nos recém-nascidos das mulheres privadas de liberdade foi maior a frequência de
Sífilis Congênita (4,6%) e a exposição ao HIV (2,6%) do que nas mulheres em liberdade do SUS
(0,4 e 0,1% respectivamente).
Referência: Domingues RMSM, Viellas EF, Dias MAB, Torres JA, Theme-Filha MM, Gama SGN,
Leal MC. Adequacy of prenatal care according to maternal characteristics in Brazil. Rev Panam
Salud Pública 2015; v.37, n.3:140-147.
c.
A proporção de bebês nascidos com menos de 37 semanas de gestação é maior nos filhos das
mulheres privadas de liberdade, porém a incidência de Sífilis Congênita foi maior nos filhos das
mães em liberdade do SUS.
d.
A proporção de bebês com baixo peso ao nascer é maior nos filhos das mulheres privadas de
liberdade, porém a utilização de UTI Neonatal foi maior nos filhos das mães em liberdade do SUS;
e.
A proporção de bebês expostos ao HIV é maior nos filhos das mulheres privadas de liberdade,
porém o número de internações é maior nos filhos das mães em liberdade do SUS;
FSua resposta está correta.
eA resposta correta é: A proporção de bebês expostos ao HIV e Sífilis Congênita é maior nos filhos
edas mulheres privadas de liberdade em comparação com os filhos das mães livres do SUS;
dQuestão 6
bIncorreto
a
Atingiu 0,00 de 1,00
c
k Marcar questão
Em
T relação ao atendimento dispensado à mulher privada de liberdade nos serviços de saúde, como
emostrado na tabela abaixo, constata-se que:
x
t
o
d
a
q
u
e
s
t
ã
oEscolha uma opção:
a.
A percepção da mulher privada de liberdade foi de que teve um bom atendimento, em comparação
com a percepção das demais mulheres atendidas no SUS;
INCORRETA. Nas mulheres privadas de liberdade a percepção foi de um atendimento pior. Em
relação às mulheres do SUS, foi menor a proporção de mulheres que classificou o atendimento
como excelente (15,1%) e maior a proporção que classificou como ruim e péssimo (13%). –
Referência: Leal et al. Nascer na prisão: gestação e parto atrás das grades no Brasil. Ciênc. saúde
coletiva vol.21 no.7 Rio de Janeiro. Jul. 2016
b.
O atendimento de saúde foi considerado regular em menor frequência pelas mulheres privadas de
liberdade em relação às do SUS que estavam em liberdade.
c.
A proporção de mulheres que consideraram o atendimento de saúde como excelente foi menor nas
mulheres privadas de liberdade do que nas demais mulheres atendidas no SUS.
d.
O atendimento de saúde foi classificado como ruim e péssimo por mulheres privadas de liberdade
em menor frequência do que por aquelas em liberdade atendidas pelo SUS;
e.
O atendimento de saúde foi classificado pelas mulheres privadas de liberdade como excelente em
maior frequência do que por aquelas em liberdade atendidas pelo SUS;
FSua resposta está incorreta.
eA resposta correta é: A proporção de mulheres que consideraram o atendimento de saúde como
eexcelente foi menor nas mulheres privadas de liberdade do que nas demais mulheres atendidas no
dSUS.
b
Questão 7
a
Correto
c
kAtingiu 1,00 de 1,00
Marcar questão
Considerando
T que o universo de mulheres privadas de liberdade é de 42.355 e o número de
egravidas e mães dentro do sistema carcerário é de 447, podemos afirmar que:
xEscolha uma opção:
t
oa.
Representaria 20%, portanto é um problema que deve ter a atenção dos gestores na formulação de
dpolíticas públicas.
a
b.
Representaria
q 10%, mas é um problema semelhante ao da população masculina privada de
uliberdade.
e
sc.
Representaria
t 1%, portanto é um problema insignificante para as políticas públicas.
ã
d.
o
Representaria 1%, porém exige atenção especial porque envolve os direitos reprodutivos
fundamentais da mulher, do recém-nascido e da família.
CORRETA - É um problema fundamental de política pública porque envolve a dissolução de laços
familiares entre mães e filhos, desestruturando famílias.
Referência: Leal et al. Nascer na prisão: gestação e parto atrás das grades no Brasil. Ciênc. saúde
coletiva v.21 n.7 Rio de Janeiro. Jul. 2016
e.
Representaria 10%, mas não é um problema que deva ser priorizado pelo poder público.
FSua resposta está correta.
eA resposta correta é: Representaria 1%, porém exige atenção especial porque envolve os direitos
ereprodutivos fundamentais da mulher, do recém-nascido e da família.
dQuestão 8
bIncorreto
a
Atingiu 0,00 de 1,00
c
Marcar questão
k
TObjetivo/Habilidade: Entender as variáveis envolvidas no acesso ao diagnóstico no contexto
ecarcerário.
xEm relação ao acesso ao diagnóstico da tuberculose no contexto carcerário, é correto afirmar:
tEscolha uma opção:
o
a.
dSão determinantes para o diagnóstico da tuberculose a percepção dos sintomas pelas pessoas presas
ae a existência de serviço de saúde na unidade prisional.
INCORRETA. Nesta alternativa dois fatores igualmente importantes foram omitidos: o papel dos
q
agentes penitenciários e da organização interna dos presos que modulam o acesso ao serviço de
u
esaúde segundo critérios próprios que, na maioria das vezes são alheios à saúde.
Referência:
s Diuana V, Lhuilier D, Sánchez AR, Amado G, Araújo L, Duarte AM, Garcia M,
Milanez
t E, Poubel L, Romano E, Larouzé B. Saúde em prisões: representações e práticas dos
agentes
ã de segurança penitenciária no Rio de Janeiro. Cad Saúde Pública. 2008; 24:1887-96).
o
b.
As pessoas presas têm grande preocupação com sua saúde, e quando se sentem doentes, procuram
rapidamente o serviço de saúde.
c.
Em um ambiente hierarquizado como o carcerário, o acesso ao serviço de saúde é controlado pelo
agente penitenciário.
d.
O medo das pessoas presas de serem vítimas de preconceito e de estigmatização contribui para que
busquem o diagnóstico e tratamento da tuberculose.
e.
A restrição da autonomia das pessoas presas e a limitação de sua participação nas decisões que
envolvem o tratamento e a prevenção geram ações de saúde essencialmente prescritivas e mal
adaptadas ao contexto carcerário.
FSua resposta está incorreta.
eA resposta correta é: A restrição da autonomia das pessoas presas e a limitação de sua participação
enas decisões que envolvem o tratamento e a prevenção geram ações de saúde essencialmente
dprescritivas e mal adaptadas ao contexto carcerário.
b
Questão 9
a
Incorreto
c
kAtingiu 0,00 de 1,00
Marcar questão
TObjetivo/Habilidade: Conhecer as indicações do isolamento respiratório de paciente com
etuberculose no contexto prisional
xA prática indiscriminada de isolamento dos casos de tuberculose nas prisões contribui de maneira
tsignificativa para a manutenção da transmissão, na medida que inibe a busca espontânea pelo
odiagnóstico. Portanto esta prática deve ser reservada aos casos em que sua indicação tem
a.
Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.
INCORRETA. A assertiva II está incorreta. Há necessidade de isolamento porque se trata de um
paciente cuja tuberculose foi identificada durante exame admissional. O exame de escarro positivo
impõe, neste caso, o isolamento do paciente visando prevenir a transmissão a outros detentos,
mesmo que o TRM não mostre resistência à rifampicina. Observe que, neste caso, ele ainda não
esteve em contato prolongado com outros detentos. O isolamento preconizado é de 15 dias após
início do tratamento regular, período que, estima-se, não haja mais risco de transmissão.
A assertiva III está incorreta. Há necessidade de isolamento porque o paciente apresenta MTB
resistente à Rifampicina. Todos os casos de resistência devem ser isolados e tratados no serviço de
saúde de referência. O isolamento se impõe até que seja obtido o perfil de resistência às outras
drogas e ocorra a negativação persistente da baciloscopia do escarro e da cultura para BK.
A assertiva IV está incorreta. Como o tratamento foi iniciado há poucos dias, há necessidade de
isolamento do paciente até que ele complete o período mínimo de 15 dias de tratamento regular.
Este procedimento visa proteger da exposição outros detentos com os quais o paciente ainda não
interagiu.
Referência: BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Recomendações para o Controle da
Tuberculose no Brasil. Brasília, DF, 2019.
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/marco/28/manual-recomendacoes.pdf.
b.
Apenas as assertivas III e V estão corretas
c.
Apenas a assertiva IV está correta.
d.
Apenas as assertivas I e IV estão corretas.
e.
Apenas a assertiva I está correta.
FSua resposta está incorreta.
eA resposta correta é: Apenas a assertiva I está correta.
eQuestão 10
dCorreto
bAtingiu 1,00 de 1,00
T
a
Marcar questão
ec
Objetivo/Habilidade: Reconhecer que a população privada de liberdade tem maior
xk
tvulnerabilidade a dermatoses como a escabiose (sarna).
Escabiose
o ou sarna é uma dermatose comum produzida por um ácaro. Seu tratamento pode ser
local e sistêmico (oral). Indica-se obrigatoriamente o tratamento oral àqueles/as em situação de
dprivação de liberdade devido às condições do próprio encarceramento. Em relação à escabiose no
a
sistema prisional as assertivas a seguir estão corretas, EXCETO:
Escolha uma opção:
q
ua.
e
s
t
ã
o
O sistema prisional é um ambiente insalubre, com pouca iluminação solar, carência de materiais
para higiene pessoal e das celas, o que colabora para a disseminação da escabiose.
b.
Todos que entraram em contato direto com o custodiado infectado devem ser tratados, mesmo que
não apresentem sintomas.
c.
A transmissão raramente ocorre através das roupas, colchões e roupas de cama dentro do sistema
prisional.
CORRETA. A transmissão da escabiose ocorre principalmente através de roupas, colchões e roupas
de cama da pessoa portadora da doença. O contágio e disseminação da doença ocorrem em maiores
proporções no sistema prisional devido a alguns fatores relacionados ao próprio encarceramento:
elevada taxa de ocupação dos presídios brasileiros, acarretando um aglomerado de pessoas em
celas mal ventiladas e com pouca iluminação solar, carência de roupa de cama e banho e materiais
para higiene pessoal, escassez de produtos apropriados para limpeza das celas, não disponibilizar
uniformes aos custodiados e presença de pessoas imunossuprimidas.
Referências: SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Escabiose (ou Sarna).
Disponível em: < https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/escabiose-ou-
sarna/5/>.
MORAES, A. L. Z. Tuberculose e Cárcere. In. RIGON, B. S; SILVEIRA, F. L.; MARQUES, J.
(Org.). Cárcere em Imagem e Texto. 1ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015.
d.
O diagnóstico é sugerido pelas lesões na pele, caracterizadas por túneis e pequenas vesículas. O
prurido (coceira) noturna é característica na escabiose.
e.
É transmitida por contato pessoal sem preferência por sexo, idade, raça ou condição social.
FSua resposta está correta.
eA resposta correta é: A transmissão raramente ocorre através das roupas, colchões e roupas de
ecama dentro do sistema prisional.
d
b
a
c
k