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Introdução

O Objectivo do trabalho é analisar a lei aplicada na teoria e na prática. A


realidade dos acontecimentos dos presídios e compreender os procedimentos do sistema
penitenciário na recuperação, correcção e ressocialização do poder punitivo, bem como
na redução da criminalidade e os objectivos específicos, analisando a legislação, e a
evolução da aplicação da pena e consequentemente o retorno de reincidentes ao cárcere,
a metodologia de tratamento aplicado ao apenado

A prisão no modelo como a sociedades compreende é mais perigosa na medida


em que o sistema penitenciário é caracterizado por uma fragilidade e inoperância do
ponto de vista for tratamento e aspecto psíquico social dos reclusos. Existem vários
problemas que cercam o sistema penitenciário, nomeadamente: estrutura física
inadequada, superlotação, maus-tratos, e violências, rebeliões, fugas, corrupção dos
agentes/guardas prisionais, carências de políticas, publica, etc

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1.Sistema penitenciário

Sistema prisional é o conjunto dos estabelecimentos de regime aberto, fechado e


semiaberto, masculinas e femininas, incluindo os estabelecimentos penais em que o
recluso ainda não foi condenado, sendo estas unidades chamadas de estabelecimento
penal.

1.2. História do Sistema Prisional

Na Antiguidade, desconhecia-se a privação de liberdade total, sendo considerada


sanção penal. O encarceramento de delinquentes não tinha carácter de pena, mas o de
preservar os réus até seu julgamento ou execução.

Para Hipócrates, todo o crime, assim como o vício, era fruto da loucura. Nas
civilizações mais antigas, a prisão servia de contenção com a finalidade de custódia e
tortura. Não existia uma arquitectura penitenciária própria, por isso os acusados eram
mantidos em diversos lugares até o julgamento, como conventos abandonados,
calabouços, torres, entre outros.

Nesta época, o direito era exercido através do Código de Hamurabi ou a Lei do


Talião, tendo como um de seus princípios o "olho por olho, dente por dente", cuja base
era religiosa e moral vingativa. Na Idade Média o crime era considerado um grande
peccatum". Para São Tomás de Aquino, a pobreza era geralmente uma incentivadora do
roubo. Para Santo Agostinho, a pena de talião significava a justiça dos injustos.

2.Sistema Penitenciário Angolano

2.1.Principio Doutrinário

Doutrinas penitenciárias universais e modernas, bem como os princípios


contidos nos instrumentos jurídicos internacionais, ratificados pelo nosso País
nomeadamente a Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das
Nações Unidades (ONU) 1948, as Regras Mínimas para tratamento dos Reclusos da
ONU de 1955 e o Pacto dos Direitos Civis e Políticos da ONU de 1977.
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2.2.Missão

O Serviço Penitenciário é o Órgão Executivo Central do Ministério do Interior,


aprovado pelo Decreto Presidencial n° 209/14, de 18 de Agosto, “Estatuto Orgânico do
Ministério do Interior” (MININT), ao qual compete executar as medidas privativas de
liberdade dos cidadãos, determinadas por autoridades Judiciais competentes, bem como
o controlo dos sujeitos a prisão preventiva, garantindo a sua reeducação e reinserção na
sociedade e tem a sua acção baseada na Lei Penitenciária (Lei n.08/2008, de 29 de
Agosto). No estrito cumprimento da sua missão e nos termos da Lei 08/08 executa as
suas atribuições obedecendo os quatro princípios fundamentais:

 Princípio da Ressocializacão do recluso: a execução das medidas privativas de


liberdade deve orientar-se de forma a reintegrar os reclusos na sociedade,
prepara-lo para no futuro conduzirem a sua vida de modo socialmente
responsável.
 Princípio da Não descriminação: na execução das medidas privativas de
liberdade, não há qualquer distinção de natureza social, religiosa, ideológica ou
em razão do sexo, da instrução, da situação económica, origem, língua ou raça.
 Princípio do Reconhecimento da Dignidade do recluso: na execução das
medidas privativas de liberdade, o recluso deve ser tratado com dignidade,
inerente à pessoa humana, sendo-lhe reconhecido os seus direitos fundamentais.
 Princípio da Prevenção geral e especial: a execução das medidas privativas de
liberdade deve orientar-se também na defesa da sociedade e do Estado, bem
como evitar que o recluso volte a prática de crimes.

2.3.Organização
 Director Geral -1
 Directores Gerais Adjuntos – 2
 Direcções Provinciais -18
 Estabelecimentos Penitenciários - 40:
 Classificada·1ª, 2ª e 3ª Classes
 EP Feminino (Luanda - Benguela) -2
 Hospitais Penitenciários (São Paulo e Psiquiátrico) -2

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 Centro Penitenciário para Jovens, (Waco-Kungo) -1

2.4. Órgãos executivos centrais

No âmbito do tratamento penitenciário, existem 4 (quatro) Órgão executivos


Centrais que lidam directamente com os reclusos, nomeadamente:
 Departamento de Reeducação/Reabilitação;
 Departamento de Controlo Penal;
 Departamento de Segurança Penitenciária;
 Departamento de Produção.

3.Desafios para a Prática do Psicólogo no Sistema Prisional

3.1.Primeiras aproximações

Um dos aspectos mais comuns do sistema prisional angolano é a falta de


condições estruturais que garantam condições adequadas para o cumprimento das penas
privativas de liberdade. O alto índice de doenças transmissíveis, a tuberculose, as
hepatites e as doenças dermatológicas, representam um risco constante tanto para os
detentos quanto para os funcionários dos presídios e os familiares que regularmente
fazem visitas às prisões. Dessa forma, contribuir para a melhoria das condições de vida
nas prisões é um dos grandes desafios para a prática do psicólogo no sistema prisional.

Um primeiro ponto importante a ser destacado é a necessidade de um


conhecimento aprofundado acerca do ambiente prisional e dos problemas concretos que
atingem aqueles aos quais se destinarão as intervenções. Dessa forma, poderemos
elaborar intervenções que considerem não apenas nossas demandas a partir do que
constatamos, enquanto profissionais da equipe técnica e pesquisadores, mas também as
demandas dos sujeitos que são atingidos diretamente pelo poder punitivo do Estado, de
maneira que estes sejam estimulados a participar ativamente das transformações que
almejam.

No plano internacional, a questão da saúde penitenciária é objeto de atenção da


Organização Mundial de Saúde (OMS) desde os anos 1990, tendo iniciado o Projeto
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Saúde no Sistema Prisional em 1995. Este projeto tem por objetivo promover a saúde
pública e o cuidado nas prisões, articulando políticas de saúde e justiça a nível nacional
e internacional. Outro objetivo é oferecer consultoria especializada para seus Estados-
Membros para o desenvolvimento de sistemas de saúde nas prisões, além de oferecer
apoio técnico voltado para doenças transmissíveis, em especial a tuberculose, o HIV, as
hepatites e o uso de drogas ilícitas, incluindo pressupostos da redução de danos e da
saúde mental.

Em 2007, a OMS divulgou o “Guia Saúde nas Prisões”, no qual se consolidaram


normas internacionais para a implementação de serviços de saúde em prisões de todo o
mundo. Apesar das regulamentações existentes, a garantia do direito à saúde encontra
sérios problemas para ser efetivada nas prisões do País e ao redor do mundo.

3.2. Saúde penitenciária: desafios para a práxis psicológica

Considerando a complexidade dos problemas abordados, a prática psicológica se


situa no contexto de alguns paradoxos e tensões: castigar ou “reeducar”,
avaliar/examinar ou prestar assistência, fomentar autonomia no espaço de privação de
liberdade, dentre outros. Estes paradoxos fundamentam diferentes perspetivas para a
prática psicológica no sistema prisional, mais ou menos afeitas à garantia de direitos.

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Conclusão

Quando se trata de pessoas privadas de liberdade, (detidos ou condenados), o


Estado por via dos seus serviços, devem dar um tratamento digno que corresponda o
mínimo em relação ao respeito dos direitos humanos e dignidade do indivíduo como ser
humano, de acordo as recomendações das organizações internacionais no alcance da
ressocialização que o mundo moderno prossegue, no contexto do sistema penitenciário
universal.

O nível de reincidência no país é elevadíssimo, seguindo sentido contrário à


função social da pena, que consiste na reeducação e reinserção do condenado à vida fora
da penitenciária. Problema esse que deve ser resolvido pelo Estado, analisando de forma
precípua os princípios constitucionais, principalmente, a dignidade da pessoa humana, a
partir de métodos como a justiça restaurativa, que vem crescendo de forma gradativa no
país.

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Referências Bibliográficas
 www.google.com
 Fascículo de sistema penitenciário angolano
 SERVIÇOS Prisionais - Ministério do Interior da República de
Angola. Cartilha de Procedimentos dos Reclusos nos Estabelecimentos
Prisionais.
 Bandeira, M. M. B. (2003). “Seu castigo é este”: Comissão Técnica de
Classificação, Gestão Prisional e prática (interdisciplinar?) do
Psicólogo (Monografia). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil.
 Bandeira, M. M. B (2012). Sistema prisional: Contando e recontando
histórias: As oficinas de contação de histórias como processos inventivos
de intervenção. Curitiba, PR: Juruá.
 Bandeira, M. M. B., Almeida, O., Santos, V. (2014). A inserção, trajetória e
práticas dos psicólogos do sistema prisional do Rio de Janeiro: Um resgate
histórico. São Paulo, SP: Lexia.
 Bandeira, M. M. B., Camuri, A. C., Nascimento, A. R. (2011). Exame
criminológico: Uma questão ética para a psicologia e para os
psicólogos. Mnemosine, 7(1), 27-61.

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