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DOI: 10.1590/1413-81232021267.

08782021 2663

O insustentável peso da autoimagem:

artigo article
(re)apresentações na sociedade do espetáculo

The unsustainable weight of self-image:


(re)presentations in the spectacle society

Michelle Rodrigues de Oliveira (https://orcid.org/0000-0003-1536-6315) 1


Jacqueline Simone de Almeida Machado (https://orcid.org/0000-0003-0161-2300) 1

Abstract This study aimed to identify adoles- Resumo Este estudo teve por objetivo identificar a
cent self-image in the face of a society forged by autoimagem apresentada pelos adolescentes, fren-
perfect image-body standards, understanding the te à uma sociedade tecida pela exigência de ima-
influence of social relationships and the media in gem e padrões corporais considerados perfeitos,
constructing their identities. This is qualitative compreendendo a influência das relações sociais e
research based on Oral History involving 13 male da mídia na construção de suas identidades. Tra-
and female and adolescents aged 15-19, students ta-se de uma pesquisa qualitativa, alicerçada na
from a public school in Minas Gerais. We em- História Oral, envolvendo 13 adolescentes de 15
ployed interviews with a semi-structured road- a 19 anos, dos sexos feminino e masculino, alunos
map to collect data, which were later interpreted de uma escola pública de Minas Gerais. Utilizou-
by thematic content analysis proposed by Bardin. se de entrevistas com roteiro semiestruturado para
The findings were arranged into two categories: 1 a coleta dos dados, que posteriormente foram in-
- Self-image in the construction of the adolescent’s terpretados por análise temática de conteúdo, pro-
identity and 2 - The aesthetic ideal of the specta- posta por Bardin. Os achados foram dispostos em
cle society. The reports show a strong influence of duas categorias: 1 - A imagem de si no processo de
technology in forming their identities and possib- construção da identidade do adolescente e 2 - O
le consequences that the search for a spectacular ideal estético da sociedade do espetáculo. Os rela-
image to meet the aesthetic standards of the vir- tos demonstram a forte influência das tecnologias
tual or real world can bring to adolescents. This na formação de suas identidades e possíveis conse-
idealized self-image reveals the new way of being quências que a busca de uma imagem espetacular
and living, the values, and the fragile and superfi- para atender aos padrões estéticos do mundo vir-
cial relationships in the spectacle society. tual ou real podem trazer aos adolescentes. Esta
Key words Adolescent, Self-image, Body image, autoimagem idealizada revela o modo de ser e
Social identification, Beauty culture viver da contemporaneidade, os valores, a fragili-
dade e a superficialidade das relações estabelecidas
na sociedade do espetáculo.
1
Universidade Federal de Palavras-chave Adolescente, Autoimagem, Ima-
São João Del-Rei. Praça
Frei Orlando 170, Centro. gem corporal, Identificação social, Cultura à be-
36307-352 São João del-Rei leza
MG Brasil.
michelle_rodrigues7@
hotmail.com
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Oliveira MR, Machado JSA

Introdução Na sociedade de consumo há uma espetacu-


larização da vida, de tendências fluidas, que traz
A adolescência é uma etapa compreendida por como consequência a alienação e a redução do
mudanças biopsicossociais, caracterizado por sujeito à imagem3. A adolescência constitui o
comportamentos próprios, questionamentos so- grupo mais vulnerável às influências e à mídia.
bre regras e valores advindos da família, distan- Sustentar essa imagem ideal, principalmente
ciamento desse ciclo familiar e aproximação dos para o adolescente que está em processo de mu-
grupos de amigos com os quais se identifica. É dança é bastante complexo, porque vai além da
nesse momento de descoberta que o adolescente questão do corpo8.
busca se inserir na sociedade, se conhecer e reco- Por ser um período vivencial caracterizado
nhecer no meio em que vive1. por peculiaridades que estão além das transfor-
As transformações vivenciadas, como a per- mações biológicas, o adolescente está em busca
da do corpo infantil e a reestruturação corporal do reconhecimento social que ultrapasse o nú-
podem trazer sofrimento ao adolescente na busca cleo familiar. Há necessidade de uma reconfigu-
pela aceitação social, gerando preocupações com ração dos papéis sociais e individuais. A comple-
a imagem corporal, a forma como se apresenta e xidade das mudanças vividas torna-o vulnerável
se relaciona, o corpo que tem e como ele é reco- frente às mídias e exigências sociais, que impõem
nhecido. A influência sociocultural das mídias e determinados padrões de comportamento e esti-
do mercado de consumo, ligada à indústria do lo de vida. Essas exigências os enlaçam em uma
corpo, definem o padrão de beleza ideal e atuam condição existencial, com o risco de se reduzir à
como importante fator de risco para insatisfação imagem numa sociedade na qual os valores sub-
corporal2. jetivos se desfazem. O culto ao corpo transforma
No mundo contemporâneo, a imagem ga- -o em um objeto de consumo, e alcançar o ideal
nha extrema relevância, o espetáculo constitui o estético torna-se mais relevante que pensar, sen-
modelo atual de vida, como afirma Debord3. A tir, criar ou ser saudável9.
sociedade do espetáculo diz respeito ao cenário Na adolescência é imperativo a construção de
capitalista, no qual capital e consumo significam uma identidade, que por sua vez é influenciada
satisfação pessoal, e se traduz numa nova estética pelo grupo social e por valores culturais da socie-
que envolve corpo e relacionamentos, permeados dade contemporânea. Associa-se ainda a mídia,
ainda por novas tecnologias, onde a imagem me- que oferece recursos simbólicos para a constru-
dia a relação social. Nesta sociedade de aparên- ção de padrões sociais, influenciando as identi-
cias, o adolescente arrisca volatizar-se na imagem dades individuais e sociais10.
em sua busca por aceitação e pertencimento. Por identidade, utiliza-se o conceito de iden-
O espetáculo está disseminado por toda a so- tidades fluidas de Bauman11, construídas com
ciedade, seja por meio de mercadorias, comporta- todo tipo de materiais disponíveis, relacionadas
mentos que seguem um padrão determinado ou às comunidades em que estão inseridas, para se-
imagens de contentamento subjetivo, com pre- rem usadas e exibidas. Os indivíduos modernos
disposição a se tornar regulamentário3,4. A vida é são frágeis e inseguros, vivem de forma superfi-
transformada em show e as relações se baseiam cial e precisam se esconder atrás das facilidades
na imagem, valores subjetivados e validados pelo tecnológicas e mercadológicas, construindo as-
adolescente. É a visão atual do mundo, onde se sim várias identidades utilizadas para esconder
destacam a credulidade e a utopia baseadas na fi- um rosto e trazer maior satisfação.
losofia de “o que aparece é bom, o que é bom apa- Numa perspectiva Debordiana, os valores
rece”3. Há uma progressiva exibição do eu, onde simbólicos da sociedade do espetáculo, represen-
a apreciação do que é intrínseco e as reflexões de tados pelo consumo e pela imagem são consti-
aspecto retrospecto se tornam dispensáveis5. tutivos desta identidade3. Nas palavras de Tostes
Concomitante ao mercado consumista, tem- e Sanches12, “o consumo, nesse processo, nos
se uma mídia de poder exacerbado pelo advento aproxima e distância do que queremos ter ou nos
da internet e das redes sociais, que exercem um tornar, já que está em constante mudança de pa-
papel persuasivo na fixação pelos padrões de be- drões. O valor simbólico do que consumimos é o
leza preconizados6. Além disso, existe o proces- que expressa a nossa identidade”.
so de estigmatização advindo de uma sociedade A imagem é formada através de questões in-
embasada em padrões estéticos que contribuem e trínsecas e das vivências cotidianas do sujeito, é
reforçam a desvalorização do sujeito quando não uma condição de arranjo individual onde ele se
corresponde a essas perspectivas7. conhece e é reconhecido, ou seja, se dá a partir da
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fusão dos padrões sociais e das relações constru- minino e 3 do sexo masculino, alunos de uma
ídas. Destaca-se a relevância crucial da autoima- escola pública estadual localizada no centro oes-
gem na construção desta identidade. te de Minas de Gerais. A escolha da amostra foi
A autoimagem pode ser compreendida como intencional, considerando os critérios de inclu-
a forma como o sujeito se vê, como acha que é ou são: estar regularmente matriculado na escola,
se sente. Trata-se de “um fenômeno psíquico que apresentar a autorização do responsável através
possibilita ao sujeito representar e registrar os do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
eventos vividos e/ou percebidos. Forma-se como (TCLE) e assinar o Termo de Assentimento Livre
representação visual, que interfere na maneira e Esclarecido (TALE). Os critérios de exclusão
como o sujeito percebe, reage e interage com o foram não cumprir as condições descritas. O re-
meio social”. Pode-se dizer que a construção des- corte considerou a faixa etária (adolescência), e
ta imagem se dá na interação do sujeito com o questões como gênero, raça ou etnia não foram
mundo, nas suas relações afetivas e espaços so- analisadas, embora os adolescentes apresentas-
cioculturais13. sem alguns marcadores sociais comuns, como
A percepção de sua imagem corporal reflete serem alunos de escola pública.
sua relação com o ambiente, relação esta que per- Os adolescentes foram convidados a partici-
mite se conhecer e construir uma identidade14. par da pesquisa, após uma breve apresentação do
Sugere-se que na contemporaneidade a identida- tema em sala de aula. Os interessados, maior par-
de se constitui pela imagem (o que nos captura e te do sexo feminino, preencheram um formulá-
nos projeta) e pelo consumo (o que consumimos rio com nome, endereço, nome e telefone do res-
e como consumimos). Ao expressar ideais estéti- ponsável. Após contato e autorização por meio
cos e modos de viver, a mídia influencia a cons- do TCLE e assinatura do TALE, foi feita uma
trução de um padrão de corpo no inconsciente entrevista individual com cada adolescente, em
do sujeito. Na adolescência esta imagem é intro- dia e horário acordados, em uma sala da escola,
jetada e validada, constituindo um valor9. fora do horário das aulas, garantindo um espa-
Nesta perspectiva, o estudo teve por objeti- ço de privacidade que favoreceu a aproximação
vo identificar a autoimagem apresentada pelos com o adolescente e a escuta de suas percepções,
adolescentes, frente a uma sociedade tecida pela sentimentos e escolhas, impregnadas de subjeti-
exigência de imagem e padrões corporais consi- vidade. O adolescente foi identificado como “A”,
derados perfeitos, compreendendo a influência seguido do número que representa a ordem em
das relações sociais e da mídia na construção de que foram realizadas, o sexo F (feminino) e M
suas identidades. (masculino) e a idade.
Para coleta de dados foram utilizadas entre-
vistas semiestruturadas, com questões nortea-
Percurso metodológico doras sobre percepção da autoimagem, padrões
de corpo e beleza ideal e influências das mídias
Trata-se de um estudo qualitativo, atento à plu- sociais na autoimagem, realizadas no período de
ralidade das vozes compartilhadas, permitin- maio a julho de 2019, gravadas em aparelho digi-
do conhecer situações que perpassem números tal e transcritas na íntegra para análise e interpre-
considerando a subjetividade, dinamismo e pe- tação das narrativas, seguindo as etapas: pré-en-
culiaridades das opiniões15. As narrativas foram trevista, entrevista e pós-entrevista16.
obtidas com base no referencial metodológico da As entrevistas foram encerradas por satura-
história oral, conjunto de procedimentos que uti- ção teórica, quando se percebeu que não havia
liza fontes orais e revela as experiências dos sujei- mais acréscimo nas informações obtidas, dessa
tos envolvidos, possibilitando uma nova versão forma tornou-se validado o conjunto de dados
dos fatos a serem considerados socialmente16,17. possibilitando a compreensão do fenômeno pes-
Utilizou-se história oral híbrida, que promove quisado19. Ressalta-se que os achados da pesquisa
um diálogo entre os depoimentos orais coletados destacam o conteúdo das entrevistas, indepen-
e outros documentos já existentes, e história oral dentemente do número de participantes, e per-
temática como gênero narrativo, o que permite mitem a compreensão dos significados, sentidos
ao participante, aqui denominado colaborador, das ações e experiências dos adolescentes, em sua
revelar sua percepção sobre si mesmo, sobre a in- (re)apresentação social.
fluência da mídia e suas relações sociais16,18. A interpretação qualitativa dos dados utilizou
A pesquisa envolveu 13 adolescentes, com a análise temática de conteúdo, seguindo as eta-
idade entre 15 e 19 anos, sendo 10 do sexo fe- pas propostas por Bardin20: pré-análise, explora-
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ção do material e tratamento dos resultados. A cem importante papel na construção da identi-
utilização desta técnica se justifica devido à for- dade do sujeito10. É importante salientar que o
ma com que trata as informações coletadas, além uso indiscriminado das tecnologias pode trazer
de favorecer a análise do contexto das mensagens consequências negativas como problemas rela-
e caracterizar sua influência social, o que vem ao cionais e ou psicológicos21.
encontro dos objetivos do estudo. A análise com- Considerando a relação do adolescente hoje
preendeu: a organização e transcrição das narra- com a tecnologia e a mídia, a imagem é, portanto,
tivas na íntegra; a leitura vertical, que compreen- um ponto importante neste contexto. Questiona-
de a leitura estafante de cada narrativa individual dos sobre a importância da imagem no mundo
para captação das idéias centrais; e as leituras atual, eles afirmaram que ela é bastante valoriza-
horizontais para determinar discursos que se as- da pela sociedade:
semelham, a fim de organizá-los em grupos que [...] tem muitas pessoas que, tipo, um carinha,
deram origem às categorias e subcategorias. ele vai ligar mais pra beleza agora do que pro cará-
O estudo foi aprovado pelo CEPES-UFSJ, em ter, eu acho isso muito errado, não só ele, também
consonância com a Resolução 466/2012/CNS. muitas meninas fazem isso [...] eu acho estranho
porque ninguém vai ter a beleza pra sempre, então
não sei porque... - A 5 (F, 17).
Resultados e discussão Infelizmente é. Vamos supor, se você só vai ser
levado a sério, perante a sociedade, se você tiver
A imagem de si no processo de construção bem arrumado, se você tiver bonito, essas coisas...
da identidade do adolescente O que é uma coisa muito ruim, porque tipo assim,
a gente tem que avaliar o que a pessoa tem pra fa-
Na contemporaneidade, a imagem ganha lar, o conteúdo, não essa parte externa, sabe? E tipo,
novos contornos e exige dos sujeitos uma outra eu acho erradíssimo, tanto no meio do... mercado
forma de se apresentar. Neste contexto, em sua de trabalho é assim, entende? No meio social, pra
travessia para o mundo adulto, o adolescente, você fazer amigos, no meio de relacionamentos, en-
considerado “nativo digital” por ter nascido num tende? E a sociedade cobra muito isso de você. - A
mundo de novas tecnologias e mídias digitais21, 6 (M, 16).
manifesta esta influência em seu comportamen- Sim, na sociedade sim. Cobra muito né? Mas
to e características, como se vê na definição de si eu acho que isso é errado do mesmo jeito. - A 10
mesmos, fortemente associada a elementos ele- (F, 15).
trônicos, direta ou indiretamente: Em relação à imagem no mundo contempo-
Não tem uma coisa fixa tipo... eu gosto... que râneo, os resultados se assemelham a outro estu-
tem gente que... tipo eu gosto de praticar esporte do8 onde as narrativas apontam uma obrigatorie-
tal, eu não gosto tipo de fazer nada, só ficar no tele- dade do sujeito em atender aos padrões impostos
fone mesmo sabe? - A 4 (F, 16). para que possa ser inserido em determinados es-
[...]eu gosto de ver bastante televisão, de dan- paços. O fato de não seguir os padrões preconiza-
çar, ouvir música... sou uma menina bem amiga, dos interfere nas relações com os outros e reflete
o que precisar pode contar comigo. - A 11 (F, 17). de forma significativa no olhar sobre si, gerando
Sobre mim... Eu levo menino na escola, che- por vezes, desconforto e insatisfação com o pró-
go, arrumo lá em casa, depois eu vou ver série, aí prio reflexo no espelho.
quando acaba a série eu vou ver novela, depois da Ao falar sobre sua percepção ou sentimento
novela eu vejo mais um pouco de série, aí depois é frente ao espelho, alguns adolescentes trouxeram
outra novela. - A 13 (F, 18). a problemática no seu relato, mencionando sen-
Os relatos apontam que os adolescentes são timentos negativos:
extremamente ligados à tecnologia e ao falar de [...] uma frase que me define quando eu me
si mesmos, tem dificuldade de separar suas ca- vejo no espelho é tipo assim... DE NOVO... só isso,
racterísticas pessoais dos seus hábitos, interesses tipo, quando eu olho assim, eu só escuto uma frase:
ou desejos. De novo. Mas eu não sei... falar o que eu... tipo, de
Com a ascensão da internet e dos meios vir- novo você, de novo você vai passar pelas mesmas
tuais, a comunicação tem sido cada vez mais coisas, de novo você vai viver as mesmas coisas, e
rápida, associada à capacidade de realização de tal... ah ... e... você vai ver as mesmas pessoas. Você
multitarefas em poucos ‘cliques’, fatores atrativos vai passar pelas mesmas coisas, as mesmas piadi-
para o público adolescente, caracterizado pelo nhas de sempre você vai escutar... as pessoas vão te
imediatismo e impaciência. Tais influências exer- julgar sem te conhecer... isso. - A 4 (F, 16).
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Nossa ... Feia. Não sei. Só queria ficar no mé- contexto é reforçado nas falas dos adolescentes,
dico o dia inteiro, só pra ele tirar tudo que eu tenho ao referirem a insatisfação com alguma parte do
de defeito. - A5 (F, 17). corpo e a vontade da realização de alguma cirur-
[...] tipo assim, as vezes eu fico pensando assim, gia estética, como a rinoplastia.
“a tal pessoa é mais bonita que eu” a gente tenta Secundariamente às questões da imagem cor-
melhorar, mas não bate muito às vezes... acho que é poral, o desejo pela mudança em aspectos subje-
mais falta de aceitação... - A 7 (F, 17). tivos também foi relatado:
Cabe ressaltar que se vive um contexto his- Eu mudaria meu jeito de ser, eu sou muito an-
tórico que traça o modelo de corpo e padrões sioso... sou muito ansioso... e eu acho que eu sou
de beleza ideais, que trazem repercussões que muito, como é quando a pessoa é... possessivo... sou
ultrapassam a subjetividade do indivíduo, estan- muito possessivo. Tanto em relacionamento quan-
do envoltas em um contexto amplo de poder da to em minhas coisas. Isso eu acho que em partes é
sociedade sobre o sujeito, que busca atender às bom, mas em partes me atrapalha. - A 2 (M, 17).
necessidades desta8. Eu me colocaria uma pessoa mais extrovertida,
Os moldes do corpo ideal têm se apresentado sabe? Com mais facilidade de falar com todo mun-
inatingíveis, sendo que até os indivíduos que se do e tal. - A 4 (F, 16).
aproximam das exigências e dos padrões sociais As narrativas confirmam a perspectiva de De-
de beleza sentem-se aborrecidos por não con- bord3 de uma sociedade do espetáculo, na qual
templar a perfeição em sua totalidade22. O que se a imagem é supervalorizada em detrimento dos
assemelha ao estudo2 onde mesmo adolescentes valores ou aspectos subjetivos. O desejo de uma
eutróficos apresentavam insatisfação corporal, mudança estética se sobrepõe às outras, pois bus-
ou seja, o corpo que tenha o peso satisfatório não ca-se uma imagem ideal, espetacular.
é suficiente e corrobora com os achados do pre- Atualmente nas mídias ocorre a ascensão das
sente estudo, no qual a grande maioria dos ado- influências nominadas “transgressoras” que são
lescentes mencionam insatisfação corporal. as que fogem do normativo, do estereotipado e
Diante da possibilidade de modificação na modificam o adágio social de forma a defender as
imagem, o desejo de mudança estética aparece diferenças e empoderar os sujeitos e suas caracte-
nas narrativas, sendo o nariz o que mais incomo- rísticas, muitas vezes relegadas24. É um movimen-
da seguido do peso, cicatrizes, manchas de espi- to de valorização das diferenças que se contrapõe
nha, estrias e altura: ao modelo ideal, ressaltando a diversidade. En-
[...] meu nariz... rinoplastia e acho que eu só tretanto, esta influência não foi identificada na
e tiraria minha cicatriz, que foi eu caí brincando narrativa dos adolescentes.
com a minha irmã e caí, e essa aqui eu fui atrope- O que se percebe ainda é que as mídias sociais
lada. Hoje em dia, nem tanto me prejudica, mas e demais meios de comunicação tem contribuído
quando eu era mais nova eu tentava esconder ao significativamente para essa busca incessante da
máximo. Cortava franjinha, só para não aparecer, beleza, somado ao comércio de fabricação inten-
hoje em dia não prejudica muito não, porque eu siva que segue rigorosamente à moda, aos pa-
já tô meio que aceitando. Mas eu não gosto muito drões e ofuscam a beleza individual do sujeito22.
não. - A 7 (F, 17). Bauman25 alega que a sociedade tem se tornado
Eu queria mudar minha altura, porque eu não líquida, na qual as relações são fluidas e não há
gosto de ser pequena e mudaria a minha gordice. concretização de ideologias individuais, a identi-
Mas eu já tô um pouco tranquila, que eu já ema- dade é passageira seguindo a mudança contínua
greci um pouquinho, é inchaço. - A 10 (F, 15). dos padrões sociais.
Meu corpo, tentar mudar, as manchas, marcas Observa-se o imediatismo presente na ado-
(estrias). Tirar um pouco da barriga e tirar as es- lescência, pois apenas um colaborador trouxe em
trias da vida. Esses dias eu tava no banheiro fui seu relato planos futuros:
olhar pra elas, comecei a chorar lá dentro... elas é [...] tô no 2° ano do ensino médio, pretendo aí
feia... fica um trem feio. - A 13 (F, 18). me entender pra ver o que eu quero fazer ainda,
Na busca incessante pela satisfação e cumpri- porque eu não sei o que eu quero fazer, estou em
mento da ditadura da beleza, o comércio avassa- dúvida em ser tatuador, maquiador ou mexer com
lador de cosméticos, adereços, vestuário, ativida- a área da moda. - A 6 (M, 16).
des físicas, dietas, e sobretudo, os procedimentos A vivência do adolescente é fundamentada
estéticos têm ganhado espaço, pois contribuem em suas demandas particulares, caracterizada
de forma rápida para o cumprimento das exi- pela dificuldade em determinar seu lugar no
gências normativas que envolvem o corpo23. Tal tempo e espaço, apresentando uma oposição ao
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futuro com tendência a evitar atitudes que abre- imagem que os adolescentes têm de si mesmos
viem a concretização do amadurecimento, con- em relação aos padrões estéticos ideais difere, as-
sequentemente, da fase adulta10. O que justifica a sim como difere a relação que estabelecem entre
ausência, quase unânime, de relatos que abordem os padrões de beleza e avaliação da autoimagem:
planos futuros ou projetos de vida. [...] nem cheguei nem perto nem na portinha,
Observa-se que a tecnologia e os meios virtu- mas né. Assim, já me incomodou mais, mais sabe
ais têm exercido influências nos vínculos sociais, a ponto de sei lá... eu pensar assim que que eu vou
no fortalecimento ou não das relações interpes- fazer? Porque eu tô presa numa casca que tipo por-
soais e na percepção do indivíduo nas questões que né? A pessoa você tem por dentro fica presa na
que envolvem a autoimagem, o que nos instiga pessoa você tem que por fora quando você não se
a uma reflexão sobre a influência das relações encaixa, aí você fica tipo como é que eu vou fazer?
sociais e da mídia na construção do sujeito ado- - A 4 (F,16).
lescente. Eu reconheço meu lugar de fala, eu sei que estou
dentro dos padrões porque eu sou alto, sou loiro, en-
O ideal estético da sociedade do espetáculo tende? Mas, ao meu ponto de vista, tem muitas coi-
sas que eu não gosto em mim. Que muitas pessoas
Dentro dos padrões de beleza impostos pela falam tipo “nossa mas porque você não gosta disso,
sociedade, os adolescentes pontuaram o corpo você tá tão bonito, tá tão dentro do padrão” sabe?
magro ou musculoso, cabelo grande e/ou liso, Mas eu me vejo e não gosto, entende? - A 6 (M, 16).
ser branco, ter olhos claros. Ainda que esse artigo Ahh, eu me acho bonita. Eu não importo muito
não tenha pretendido fazer uma análise acerca da assim não. - A 11 (F, 17).
racialização da beleza na sociedade do espetácu- O adolescente busca atender às expectativas
lo, tampouco foram aprofundadas estas questões do grupo à qual pertence, incluindo os padrões
com os participantes, não se pode deixar de men- de beleza e quando não há satisfação com a pró-
cionar a relevância dessas discussões em relação pria imagem, tende a recorrer à procedimentos
à valorização de certos traços racializados e as estéticos “milagrosos” que podem comprometer
tentativas de apagamento de outros considerados sua saúde9. Os relatos demostram que a insatisfa-
desvalorizados26: ção corporal está ligada à comparação do corpo
Uai, um corpo perfeito, sem tipo... um corpo es- real com o dito ideal e mesmo quando o sujeito
tilo Barbie, é... um nariz fininho, um cabelo longo, está dentro do padrão esperado, ainda lhe falta
liso, nem precisa ser liso, um cabelo longo sabe? Ah algo.
e precisa ser uma pessoa extrovertida também né? A exigência social em relação a imagem é cor-
precisa conversar com todo mundo. - A 4 (F, 16). relacionada pelos adolescentes com os padrões
Em contrapartida, um adolescente relatou estéticos da contemporaneidade, onde a adequa-
sobre os padrões impostos sobre a raça negra: ção é imperativa:
Agora ficou na moda ser negro sabe?... e ago- Então... o mundo cobra que a gente seja do pa-
ra se você é negro, você tem que ser forte, alto, en- drão deles né? Com o corpo assim... sarado, no caso
tendeu?... sorriso branco... e quando não tem isso, do homem. corpo sarado, forte, entendeu? - A 2 (M,
quando é baixinho... essas coisas... é favelado, é 17).
sujo... entendeu? - A 2 (M, 17). Assim, como eu sou adolescente, cobram mui-
Reafirmando o poder das mídias sociais na to né? Porque adolescência, acho que é a fase que
ditadura da beleza, sua influência aparece na dis- as pessoas mais querem aparecer, sei lá... Aparecer
torção da autoimagem corporal que o adolescen- para o mundo mais bonito, entendeu? Acho que
te tem de si: sim. Super. - A 6 (M, 16).
[...] o mundo depois que começou esse trem de Os relatos apresentados se assemelham ao es-
internet, blogueirinhas, essas coisas, acabou muito. tudo8 no qual observou-se uma obrigatoriedade
Porque todo mundo ligou muito, tipo pra aparên- dos adolescentes se adequarem às necessidades
cia sabe? ‘Aí eu tenho que ficar igual àquela fulana do meio em que vivem e convivem para que se-
de tal ali porque fulana de tal é bonita e porque jam socialmente aceitos.
fulana de tal usa aquela roupa. - A 9 (F, 18). Espera-se que o adolescente não fuja às nor-
Os relatos condizem com o estudo27 que afir- mas e se ajuste ao padrão, desconsiderando sua
ma que a sociedade ditava regras sobre concei- singularidade. Somado a esta imagem existe ain-
tos de padrões ideais, desde os séculos passados, da uma pressão familiar que fez questionamentos
numa busca incessante pelo fantasioso corpo a quem esse adolescente é e como seu corpo se
perfeito, rotulando os que fugiam à norma. A apresenta em um momento de transformação:
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Cobram. Porque na minha família... fora as- dos outros com os quais se relaciona, e suprir o
sim, na rua, não... mas na minha família, eles co- que é padronizado e regulamentado socialmen-
bram muito porque às vezes eu tô um pouquinho te. Nesse sentindo, os sujeitos tendem a se tor-
gordinha, ai eles falam “nossa mas você tá muito nar reféns das cobranças intrínsecas e externas e
gorda, tá fazendo alguma relação?”, “Ah, mas você de um artifício insalubre de seus sentimentos e
tá muito magra, você tá vomitando?”, “ah você tá atitudes17. Ao incorporar o discurso midiático, a
feia”, ah faz isso, faz aquilo, é ruim também. Ainda sociedade valida e reproduz o ideal estético. Na
mais de família, pai, mãe, é ruim né? Aí você fica busca de alcançar este ideal, o sujeito se submete
assim, será? É verdade? Deixa eu ver o que eu faço. a procedimentos e práticas transformadoras que
- A 10 (F, 15). comprometem a saúde, desenvolvendo doenças
Frente à sociedade espetacularizada, na qual como anorexia e bulimia, ou consome produtos
a imagem é o valor dominante, o adolescente e serviços veiculados na mídia com promessas de
aposta no ideal estético, reconhecendo-o como satisfação corporal e inserção social, ignorando o
válido para si. Na tentativa de ser aceito social- aspecto comercial por trás deste apelo, resultan-
mente, ele reconhece que está fora deste ideal e se do em frustração e sofrimento psíquico9,28.
cobra, buscando uma imagem perfeita, adaptada A sociedade do espetáculo é também a socie-
aos padrões estéticos. Pressionados por expecta- dade de consumo, o que estabelece uma relação
tivas sociais e familiares, as cobranças aparecem entre a imagem com a qual o sujeito se apresenta
relacionadas ao corpo: e o que ele consome. Mergulhado nas imagens
Cobro. Muito. Tudo. Se eu não conseguir fazer ideais, o adolescente é bombardeado pela mídia
eu vou lá e cobro, porque eu sou uma pessoa muito que garante sucesso a partir da compra de mer-
perfeccionista, eu não gosto de nada de mim. Nada. cadorias. Para se (re)apresentar, o consumo pode
Tipo meu peso, que emagreço, engordo, emagreço, ser excessivo:
engordo... tipo o rosto, a beleza, acho que só. - A 5 Compro muita roupa. Muito mesmo, eu gosto
(F, 17). de roupa, tipo assim, de sair à noite. Roupa preta,
Já cheguei a me cobrar muito. Muito mesmo. roupa, não muita roupa colorida, calça flare, saia,
Tipo de olhar no espelho... eu ainda tenho essas pa- sabe? Essas coisas... Anabela, esses calçados, sabe?
ranoias sabe? Porque eu fico com medo, eu tenho Anabela, salto, essas coisas, tudo que eu quero mi-
medo de engordar. Acho que eu fiquei com tanto nha mãe dá. A minha mãe dá tudo. Olha ela pega
medo, com tanto negócio na cabeça, sabe? Que eu o cartão com a minhas tias compra, ela nunca nega
fiquei um pouquinho paranoica. - A 9 (F, 18). nada. Ela paga, ela compra trem caro. - A 3 (F, 17).
As redes sociais, assim como a mídia, têm um O consumo, estimulado por fatores como au-
papel ativo na construção dos ideais de existên- toestima, necessidade de pertencer a algum gru-
cia. Importa dizer que esta análise é um recorte po ou apelo midiático, especialmente em indiví-
parcial, existem outras possibilidades de leituras duos em formação da identidade, tem um valor
e discursos acerca da diversidade da beleza, que simbólico. Os produtos “possibilitam a criação
fogem do normativo e valorizam as diferenças24. de uma imagem apresentada socialmente, assim
Considerando o recorte utilizado, os ideais se como compõem, no imaginário do indivíduo, o
convergem em padrões a serem seguidos: papel que ele deseja representar”12. Destarte, ao
Muito. Ah eu sou... A qualquer coisinha que tentar se estabelecer e ser aceito, o adolescente as-
eu acho que tá assim errado, num tá errado, mas socia sua autoimagem ao consumo, idealizando
minha cabeça diz que tá errado, sabe? Aí, eu já fico um padrão estético.
olhando e questionando, sabe? É muito influência Observa-se, entretanto, que alguns adoles-
da internet também, saca? Porque eu, por exem- centes fogem à regra do ter para parecer ser:
plo, eu comecei a ter baixa autoestima depois que Compro quando o meu acabou, tá ruim já, aí
comecei a entrar mais em Instagram, ficar me compro outro, compro só quando acho bonito e tô
comparando muito com outras pessoas, sabe? Que precisando. - A 1 (M, 18).
é uma coisa que é muito ruim, você fala, tipo as- Precisão. Porque por mim eu nem ia comprar.
sim, “ah, eu não tenho aquilo no meu corpo” aí já Não sou de comprar. Mas assim, o que me leva a
começa se autodepreciar, ficar mal, entende? - A 6 comprar mesmo é se eu achar bunitinho, tipo “nos-
(M, 16). sa, aquilo ali é bonitinho, vou comprar”. Mas é só se
A autocobrança extrapola o conceito de exi- eu estiver precisando. Caso contrário eu não gasto
gência em atingir os próprios limites, satisfazer dinheiro com isso. - A 9 (F, 18).
seus desejos ou alcançar seus objetivos, pois tam- Em uma sociedade capitalista, a cultura do
bém envolve a necessidade de atender os anseios consumismo é disseminada e intensificada. Os
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Oliveira MR, Machado JSA

bens de consumo, adquiridos ou não, são usados Considerações finais


para definir o indivíduo, favorecendo um afasta-
mento e fortalecendo as vulnerabilidades e exclu- Ao possibilitar um espaço em que os adolescen-
sões sociais29. Assim, a subjetividade se constitui tes pudessem ter voz, compartilhar sua percepção
na lógica do consumo e na maneira como se lida sobre essa sociedade espetacularizada, os padrões
com seus imperativos. socialmente impostos e de que forma as relações
Referente ao processo de escolha, os adoles- construídas e as mídias interferem na construção
centes correlacionaram o consumo com a influ- da subjetividade, foi possível observar nos dis-
ência das mídias e pontuaram também consequ- cursos que as tecnologias, mais especificamente
ências negativas vindas dos meios virtuais: as redes sociais, fazem parte do universo dos ado-
Conforto e a moda, eu vejo muita foto no Insta- lescentes e exercem forte influência na constru-
gram dessas pessoas mais famosas, aí eu fico olhan- ção de sua identidade, uma vez que estão inten-
do as roupas. - A 8 (F, 15). samente imersos nesse ciberespaço.
Acho que as redes sociais e a mídia na nossa Os padrões estéticos apresentados no mundo
volta influenciam muito as pessoas... e eu tenho vá- virtual são condizentes com os exibidos na vivên-
rios amigos aqui que até se cortam, que ... sabe... cia real, em ambos os casos são regulamentários
que ... é um caso de depre... é que eu não sei julgar e tendem a se tornar ditatoriais, trazendo conse-
o que é uma depressão ou não mas dizem estar em quência negativas para os sujeitos que não aten-
depressão, sabe? Por causa dessa questão do corpo, dem a essas expectativas, como baixa autoestima
se comparam, na maioria, eles se comparam na e autodepreciação. Exigem ainda um esforço ex-
mídia né... influência. - A 2 (M, 17). cessivo dos que tentam se ajustar a um modelo
E tipo eu conheço pessoas que na rede social pré-estabelecido para se reapresentar socialmen-
postam uma vida perfeita e tal e na vida real, é te, com corpos-imagem ideais.
tipo, totalmente pra baixo, não tá bem, saca? É Os adolescentes que colaboraram com a pes-
muito isso, a rede social é pra colocar uma vida per- quisa, se percebem imersos em cobranças que
feita que você tem, eu mesmo me identifico muito perpassam os padrões sociais, midiáticos e a pró-
com isso, que eu coloco muita coisa boa de mim e pria autocobrança, nesse sentido estão constante-
o ruim a gente não mostra, sabe? A gente sempre mente insatisfeitos, principalmente, fisicamente.
tenta bloquear o ruim. Porque eu acho que o ser Sendo assim, este estudo possibilitou co-
humano tem disso, a gente sempre quer mostrar a nhecer a percepção dos adolescentes em meio
parte boa da gente, só que a parte boa da gente é às modificações socioculturais e as representa-
muito momentânea, a gente nunca tá bem, sabe? ções midiáticas, o que leva a uma análise crítica
- A 6 (M, 16). e reflexiva sobre o tema. A autoimagem do ado-
Na percepção do adolescente, os bens de con- lescente revela o modo de ser e viver da contem-
sumo podem dar visibilidade social, o que o tor- poraneidade, os valores vigentes, a fragilidade e
na o principal alvo do mercado, pois representa superficialidade das relações que se estabelecem
a faixa etária que mais consome mídias sociais. na sociedade do espetáculo. Espera-se que estas
Importa lembrar que a disseminação de alguns reflexões ofereçam subsídios para outras análises
produtos ou imagens ditas ideias traz sentimen- e caminhos possíveis para se pensar o cuidado
tos e/ou ações negativos e disfuncionais diante da em saúde do adolescente, na perspectiva biopsi-
impossibilidade de atingir tais padrões ilusórios, cossocial, que possa contribuir para a construção
porém necessários socialmente12. de sua identidade.
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Ciência & Saúde Coletiva, 26(7):2663-2672, 2021


Colaboradores Referências

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Artigo apresentado em 27/02/2020


Aprovado em 15/04/2021
Versão final apresentada em 17/04/2021

Editores-chefes: Romeu Gomes, Antônio Augusto Moura


da Silva

CC BY Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons

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